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Aula 1 – Elementos Estruturais UNIDADE 1 – ANÁLISE ESTRUTURAL 1 Unidade 1 – Análise Estrutural Aula 1: Elementos Estruturais Para que consigamos entender bem os conceitos trabalhados nesta disciplina, é imprescindível que o aluno entenda bem alguns conceitos matemáticos envolvidos. Esta unidade inicial pretende relembrar alguns desses assuntos de forma rápida e concisa. Fica como sugestão uma consulta à literatura específica para que se rememore os temas das próximas aulas. 1. Introdução à Análise Estrutural Pode-se definir estrutura como sendo: “A forma com que algo é composto“, “É o conjunto de elementos que compõe algo“. Essa definição pode ser aplicada a todo tipo de estrutura, organizacional, política, econômica, militar e civil dentre outras. Em se tratando de estruturas civis a estrutura é subdividida em “peças estruturais“ (elementos) como mostra a Figura. Cada parte que compõe a estrutura deve resistir aos esforços internos e retransmitir os esforços externos para as demais peças através dos vínculos que as unem, finalizando com a condução do esforço para o solo que deverá suportá-lo. A ciência responsável pelo estudo desses fenômenos referentes à estrutura civil é a engenharia estrutural, que é o Aula 1 – Elementos Estruturais ESTABILIDADE 2 ramo da engenharia civil dedicado primariamente ao projeto e cálculo de estruturas. De forma simplificada, é a aplicação da mecânica dos sólidos ao projeto de edifícios, pontes, muros de contenção, barragens, túneis e outras estruturas. 2. Classificação dos Elementos Estruturais Os elementos estruturais em suas variedades podem ser classificados em três formas distintas: • Barras ou Fios: Caracterizado pela predominância de uma dimensão em relação às outras duas. Exemplos claros de elementos de barras ou fios são vigas (Figura), pilares, arcos, cabos etc. • Folhas: Caracterizado pela predominância de duas dimensões em relação a uma terceira. Os principais exemplos desse tipo de estrutura são as lajes e cascas. • Blocos: Em elementos classificados como blocos, não existe predominância entre as dimensões. Esse tipo de estrutura possui dimensões aproximadas nas Aula 1 – Elementos Estruturais UNIDADE 1 – ANÁLISE ESTRUTURAL 3 três direções. Os principais exemplos são as fundações tipos sapatas isoladas e blocos. 2.1. Conceber Versus Dimensionar Pode-se começar a entender a definição dessas duas palavras da seguinte forma: é possível imaginar uma forma sem uma estrutura? É possível imaginar uma estrutura sem uma forma? “A estrutura e a forma, ou a estrutura e a arquitetura são um só objeto, e assim sendo, conceber uma implica em conceber a outra“. Na realidade tanto a estrutura e a forma dependem exclusivamente da sua destinação, em geral engenheiros têm como prioridade especificações técnicas e economia em detrimento a forma e estética, enquanto no ponto de vista de arquitetos a forma e a estética prevalece. 2.2. Ações Sobre as Estruturas Como dito anteriormente a estrutura é o caminho de forças até o solo, desta feita, cabe-se perguntar: qual o melhor caminho estrutural a se seguir? A resposta para essa pergunta é um pouco complicada, uma vez a finalidade é importante em alguns casos estruturais. De uma forma geral as estruturas são compostas do conjunto viga, laje, pilar como representado na Figura: Aula 1 – Elementos Estruturais ESTABILIDADE 4 Em geral a melhor concepção tem que possuir: Funcionalidade, ser eficiente para o que foi prevista, Econômica e Bela, onde na maioria dos casos economia e beleza são inversamente proporcionais, ou seja, quanto mais bela menos econômica, ou quanto mais econômico menos belo. Para começar a entender o funcionamento e analisar as estruturas é de fundamental importância conhecer as forças que atuam sobre a mesma. Todas as ações dentro de um sistema estrutural são forças vetoriais, em sendo sua direção, sentido e intensidade influenciam diretamente na concepção estrutural da edificação. Adiante (futuras aulas) serão estudados os princípios básicos de manipulação de forças vetoriais. As ações sobre as estruturas verssão por dois tipos distintos, que são as cargas permanentes e as cargas acidentais. 2.2.1. Cargas Permanentes As cargas permanentes sobre a estruturas são carregamentos que atuam em toda vida útil da mesma. Dentre as cargas permanentes pode-se exemplificar: peso próprio da estrutura, peso do revestimento, peso das paredes, etc. As cargas permanentes têm uma precisão numérica grande. 2.2.2. Cargas Acidentais As cargas acidentais como o próprio nome diz acontece esporadicamente durante certo período de tempo, destacam-se as cargas: peso de ocupação de pessoas, peso dos móveis, peso dos veículos, força do vento, ação da chuva, etc. As cargas acidentais são geralmente tabeladas e normatizadas. As cargas acidentais previstas para o uso da construção correspondem normalmente a cargas verticais de uso da construção (prescritas na NBR 6118-2003), cargas móveis considerando o impacto vertical, impacto lateral, força longitudinal de frenagem ou aceleração e força centrífuga. 3. Tipos de Solicitações em Estruturas As ações sobre as estruturas são as mais diversas possíveis, dentre as principais destacam-se: tração, torção, compressão, cisalhamento, flexão simples e composta, dentre outras. Aula 1 – Elementos Estruturais UNIDADE 1 – ANÁLISE ESTRUTURAL 5 Abaixo encontra−se a definição dessas solicitações: • Tração: caracteriza-se pela tendência de alongamento do elemento na direção da força atuante; • Compressão: a tendência é uma redução do elemento na direção da força de compressão; • Flexão: ocorre uma deformação na direção perpendicular à da força atuante; • Torção: forças atuam em um plano perpendicular ao eixo e cada seção transversal tende a girar em relação às demais; • Cisalhamento: forças atuantes tendem a produzir um efeito de corte, isto é, um deslocamento linear entre seções transversais. Além das solicitações sobre as estruturas, outro importante fator para se conceber uma estrutura são os critérios de projeto, a saber: • Equilíbrio: Conceber um arranjo estrutural capaz de absorver às solicitações externas e transmiti-las aos elementos de apoio mantendo-se em repouso; • Estabilidade: A configuração de equilíbrio do arranjo não pode ser alterada drasticamente na presença das imperfeições e das ações perturbadoras; • Resistência: O material das peças estruturais deve ser capaz de absorver o nível de solicitação interna gerado pelas ações externas sem comprometer a sua integridade física; • Rigidez: As peças estruturais devem ser capazes de absorver as ações externas sem apresentar grandes deslocamentos que comprometam sua funcionalidade. Aula 1 – Elementos Estruturais ESTABILIDADE 6 4. Unidades e Indexadores A unidades do Sistema Internacional se dão conforme tabelas abaixo. E ainda; Indexadores mais utilizados; Aula 1 – Elementos Estruturais UNIDADE 1 – ANÁLISE ESTRUTURAL 7 5. Introdução à Estática Os princípios da estática foram desenvolvidos por grandes cientistas que contribuíram para o incremento dessa parte da mecânica clássica. Aristóteles (384 a 322 a.C) deu início aos estudos dos movimentos de corpos celestes, desenvolvendo bases para formulação posterior de Newton sobre a lei fundamental da gravitação universal. Na era Alexandrina, (século IV a.C. até 30 a.C., ano da conquista do Egito por Roma), aparece duas figuras centrais,Euclides e Arquimedes, sendo Euclides responsável por uma das obras mais influentes da humanidade denominada, os "Elementos" (300 a.C.). Arquimedes (287 a 212 a.C) contempla com seus trabalhos o equilíbrio de alavancas, roldanas e polias, além da clássica lei do empuxo. Arquimedes é tido por muitos como o pai da matemática, uma de suas obras mais importantes é o livro "Sobre o Equilíbrio dos Planos", onde ele desenvolve as regras da estática. Ainda sobre Arquimedes destaca-se a celebre frase: "Dê-me um ponto de apoio e eu moverei a terra". Segundo (Arruda, 2001), o primeiro estudo ligado a resistência dos materiais deve ser atribuído a Leonardo da Vince (1452 - 1519), com os primeiros ensaios de tração em fios metálicos, entretanto a primeira abordagem científica desse assunto foi atribuída ao cientista nascido em Pisa chamado Galileu Galilei. Galileu Galilei (1564 a 1642) descobriu a lei dos corpos, enunciou o princípio a inércia e o conceito de referencial inerciai, ideias precursoras da Mecânica newtoniana. Os dois primeiros capítulos do seu livro "Diálogos sobre Duas Novas Ciências" traz referências ao estudo de barras e vigas engastadas (Figura). Aula 1 – Elementos Estruturais ESTABILIDADE 8 Um pouco antes da mecânica newtoniana se estabelecer como uma das maiores contribuições do homem a ciência, surge em Robert Hooke (1635 a 1703), que estudou a resistência dos materiais e deixou como legado a conhecida Lei de Hooke publicada em 1676. Isaac Newton (1642 a 1727) Desenvolvedor da denominada Mecânica Newtoniana, sir Isaac Newton desenvolveu os princípios da Dinâmica enumerando as três leis, além da gravitação universal, cálculo diferencial e integral. No século 18, é marco para as maiores contribuições a mecânica dos sólidos, partindo dos princípios enumerados por Sir. Newton, os irmãos Bernoulli Jaques e Johan, desenvolveram estudos de vigas em balanço, rotação de vigas, problemas de dinâmica e o princípio dos deslocamentos virtuais. Seguindo os princípios de uma família de cientistas, o filho de Johan, Daniel Bernoulli, desenvolveu junto com seu então aluno Leonard Euler (1707-1783) a teoria de flexão em vigas batizada e ainda válida até hoje de teoria de Euler- Bernoulli. Destaca-se ainda contribuições mais recentes a resistência dos materiais, como a teoria de Timoshenko (1878 a 1972), para vigas com cisalhamento, denominadas vigas de Timoshenko. Albert Einstein (1879 a 1955) descobriu as limitações da mecânica Newtoniana, entretanto em sistemas de Engenharia, a base está fundamentada na Mecânica Clássica de Newton. 5.1. Mecânica Newtoniana A Mecânica de Newton é uma teoria que versa sobre o movimento dos corpos e suas causas. A essência da teoria foi publicada pelo inglês Isaac Newton no seu livro Phílosophíae Naturalís Príncípía Mathematíca (Princípios Matemáticos da Filosofia Natural) publicado no ano de 1687, mas notáveis contribuições à física já tinham sido feitas (principalmente por Galileu) ao fazer seus experimentos que contradisseram a teoria aristotélica. No entanto, a teoria como está aqui exposta se vale de uma nova roupagem matemática e conceitual desenvolvida nos séculos que se seguiram. Nos anos que se seguiram a Newton, diversos físicos e matemáticos aplicaram essa teoria ao movimento dos corpos na terra e também ao movimento dos corpos celestes, desenvolvendo assim o grande triunfo da teoria newtoniana: a Mecânica Celeste. Aula 1 – Elementos Estruturais UNIDADE 1 – ANÁLISE ESTRUTURAL 9 Essa teoria se aplicou com bastante sucesso aos resultados experimentais até enfrentar problemas no final do século XIX e início do século XX. A mecânica de Newton pode ser entendida pelos seis princípios fundamentais (Figura). 5.1.1. Lei do Paralelogramo para Adição de Forças Estabelece que duas forças atuando numa partícula possam ser substituídas por uma única força, chamada resultante, obtida traçando a diagonal do paralelogramo que tem por lados as duas forças dadas (Figura). 5.1.2. 1ª Lei de Newton Se a resultante das forças que atuam numa partícula é nula, esta permanecerá em repouso (se estava inicialmente em repouso) ou mover-se-á com velocidade constante segundo uma linha reta (se estava inicialmente em movimento). 5.1.3. 2ª Lei de Newton Se a resultante que atua sobre um ponto material não é zero, este terá uma aceleração proporcional à intensidade da resultante e na direção desta, com o mesmo sentido, sendo sua equação descrita na forma simplificada pela Equação: Aula 1 – Elementos Estruturais ESTABILIDADE 10 F⃗ = m . a⃗ 5.1.4. 3ª Lei de Newton As forças de ação e reação entre corpos interagindo têm as mesmas intensidades, mesmas linhas de ação e sentidos opostos. 5.1.5. Princípio da Transmissibilidade Estabelece que as condições de equilíbrio ou de movimento de um corpo rígido não se alteram se substituirmos uma força atuando num ponto do corpo por outra força com a mesma intensidade, direção e sentido, mas atuando em um outro ponto do corpo, desde que ambas as forças possuam a mesma linha de ação. 5.1.6. Lei da Gravitação Universal Estabelece que dois pontos materiais de massas M e m são mutuamente atraídas com forças iguais e opostas F e -F de intensidade F dada por F = M .m r2 . G onde r é a distância que separa os corpos e G é a constante da gravitação universal. O Exemplo abaixo ilustra como funcionam alguns a aplicação dos princípios da mecânica newtoniana. Exemplo: Dado o pórtico abaixo identificar os princípios da mecânica de newton. Aula 1 – Elementos Estruturais UNIDADE 1 – ANÁLISE ESTRUTURAL 11 Se as forças T = 2 kN e a força P = 1,5 kN, qual será a resultante? No caso numérico acima o método gráfico ilustra claramente a direção da força resultante, entretanto para se achar a intensidade da mesma deve-se recorrer às equações clássicas da matemática vetorial: a lei dos senos e dos cossenos. 5.1.7. Lei dos Cossenos Dados dois vetores como indicado na Figura abaixo, a lei dos cossenos retornará a resultante desses vetores: r = √a2 + b2 + 2 . a . b . cos θ Aula 1 – Elementos Estruturais ESTABILIDADE 12 Para vetores com a posição ponta-cauda como mostrado na Figura abaixo, a lei dos cossenos se resume à Equação: r = √a2 + b2 − 2 . a . b . cos θ 5.1.8. Lei dos Senos Uma segunda lei muito importante para o estudo da estabilidade das construções está na chamada lei dos senos. A lei dos senos leva em consideração o lado de um vetor fechado em forma de triângulo e seu respectivo ângulo oposto. 𝑎 𝑠𝑒𝑛 𝛼 = 𝑏 𝑠𝑒𝑛 𝛽 = 𝑐 𝑠𝑒𝑛 𝛿 Exemplo: Encontrar a resultante dos vetores mostrados na figura abaixo e o ângulo que a resultante faz com o eixo horizontal. r = √a2 + b2 + 2 . a . b . cos θ r = √22 + 1,52 + 2 .2 . 1,5 . cos 120 r = 1,083 𝑘𝑁 Aula 1 – Elementos Estruturais UNIDADE 1 – ANÁLISE ESTRUTURAL 13 a sen α = b sen β = c sen δ R sen 60 = P sen x sen x = 1,5 1,803 . sen 60 x = 46,10o ∴ ÂnguloH = 16,10 o Exemplo: Calcule o a tração nos cabos da figura abaixo: Aula 1 – Elementos Estruturais ESTABILIDADE 14 ∑ Fx = 0 e ∑ Fy = 0 TAB . cos 30o - TAC . cos 50o = 0 TAB . sen 30o + TAC sen 50o = 0 0,866 . TAB – 0,643 . TAC = 0 0,5 . TAB + 0,766 . TAC = 750 TAB = 486,84 kN TAC = 657,89 kN Baseado e adaptado de Rodrigo Mero Sarmento da Silva. Edições sem prejuízo de conteúdo.
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