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Centro Universitário do Distrito Federal – UDF Coordenação do Curso de Engenharia Mecânica Álax Jean Pereira Costa AVALIAÇÃO NUMÉRICA DO PERFIL GÖTTINGEN 428 EM TURBINAS EÓLICAS Brasília 2016 ii Álax Jean Pereira Costa AVALIAÇÃO NUMÉRICA DO PERFIL GÖTTINGEN 428 EM TURBINAS EÓLICAS Trabalho de conclusão de curso apresentado à Coordenação de Engenharia Mecânica do Centro Universitário do Distrito Federal - UDF, como requisito parcial para obtenção do grau de bacharel em Engenharia Mecânica. Orientador: Ms. Tiago de Melo Brasília 2016 iii Reprodução parcial permitida desde que citada à fonte. COSTA, Álax Jean Pereira. Avaliação numérica do perfil Göttingen 428 em turbinas eólicas / Álax Jean Pereira Costa. – Brasília, 2016. Trabalho de conclusão de curso apresentado à Coordenação de Engenharia Mecânica do Centro Universitário do Distrito Federal - UDF, como requisito parcial para obtenção do grau de bacharel em Engenharia Mecânica. Orientador: Ms. Tiago de Melo 1. Energia Eólica. 2. Turbinas Eólicas. 3. Dimensionamento. CDU iv Álax Jean Pereira Costa AVALIAÇÃO NUMÉRICA DO PERFIL GÖTTINGEN 428 EM TURBINAS EÓLICAS Trabalho de conclusão de curso apresentado à Coordenação de Engenharia Mecânica do Centro Universitário do Distrito Federal - UDF, como requisito parcial para obtenção do grau de bacharel em Engenharia Mecânica. Orientador: Ms. Tiago de Melo Brasília, 02 de dezembro de 2016. Banca Examinadora _________________________________________ Tiago de Melo Mestre Centro Universitário do Distrito Federal - UDF __________________________________________ Willian Arvey Molano Gabalan Mestre Centro Universitário do Distrito Federal - UDF __________________________________________ Jhony J. O. Lopez Mestre Centro Universitário Planalto do Distrito Federal - UNIPLAN Nota: ______ v Dedico à minha futura esposa, minha família e aos amigos pelo apoio na realização deste trabalho. . vi AGRADECIMENTO Agradeço primeiramente a Deus, por mais uma conquista; ao meu orientador pela paciência e apoio, aos meus amigos que me ajudaram em horas de trabalho árduo; e a todos os envolvidos neste projeto. vii RESUMO A busca por fontes de energia alternativas vem crescendo gradativamente com a demasiada utilização de recursos não renováveis e o impacto ambiental gerado. O possível esgotamento destas fontes, bem como a poluição e o aquecimento global são consequências dessa utilização exacerbada. A geração descentralizada e o uso de fontes renováveis de energia podem diminuir os impactos da exploração de recursos não renováveis na produção energética, colaborando com o desenvolvimento sustentável da humanidade. Este trabalho demonstra em seu objetivo, uma simulação computacional de um perfil aerodinâmico levando em consideração caracteristicas gerais de ventos brasileiros. A fim de explanar a melhor aplicabilidade do mesmo em tecnologias de turbinas eólicas, seja em uso de pequeno ou grande porte, foi projetado uma turbina eólica para uma residência particular que demanda de 99 kWh de consumo mensal médio. Para tal foram aplicadas leis e equações que definem o dimensionamento, a escolha e a confecção de uma turbina eólica. Dar-se-a ao termino deste projeto simulações de escoamento através do software ANSYS 17.2, afim de atestar o dimensionamento feito neste projeto. Palavras-chave: Energia Eólica, Aerodinâmica, Campo de Velocidade, CFD. viii ABSTRACT The search for alternative energy sources has been growing gradually with the excessive use of non-renewable resources and the environmental impact generated. The possible exhaustion of these sources, as well as pollution and global warming are consequences of such use exacerbated. Decentralized generation and the use of renewable energy sources can reduce the impacts of the exploitation of non-renewable resource in energy production, contributing to the sustainable development of mankind. This work demonstrates in its objective, a computational simulation of an aerodynamic profile taking into account general characteristics of Brazilian winds. In order to explain its best applicability in wind turbine technologies, whether in small or large size, a wind turbine was designed for a private residence that demands 99 kWh of average monthly consumption. For this, laws and equations have been applied that define the design, choice and construction of a wind turbine. At the end of this project, the flow simulations will be done through the software ANSYS 17.2, in order to attest to the sizing done in this project. Key words: Wind Energy, Aerodynamic, Speed’s field, CFD. ix LISTA DE FIGURAS Figura 2.1.1 - Capacidade Eólica anual instalada globalmente........................................... 3 Figura 2.1.2 - Capacidade Eólica anual acumulada globalmente......................................... 3 Figura 2.1.3 – Modelo de Rugosidade sobreposto ao relevo sombreado............................ 5 Figura 2.1.4 – Medidas anuais de direção preferencial dos ventos...................................... 5 Figura 2.1.5 – Modelo de Relevo.......................................................................................... 6 Figura 2.1.6 – Média anual de velocidade dos ventos.......................................................... 6 Figura 2.1.7 – Média anual do fator de forma de Weibull..................................................... 6 Figura 2.1.8 - Potencial eólico estimado para vento médio anual igual ou superior a 7,0 m/s........................................................................................................................................ 6 Figura 2.2.1 - Ilustração da circulação das massas de ar na atmosfera da Terra................ 9 Figura 2.3.1 - Gráfico de potência no vento, por metro quadrado de seção transversal, a 15 oC e 1 atm........................................................................................................................... 10 Figura 2.4.1 - Diferença entre uma turbina downwind e uma upwind................................. 13 Figura 2.4.2 - Principais componentes de uma turbina eólica............................................. 14 Figura 2.4.3 - Vários modelos de turbinas com eixo vertical............................................... 15 Figura 2.4.4 - Forças de arrasto e sustentação de uma hélice........................................... 16 Figura 2.4.5 - Relação entre a potência disponível e a potência máxima que pode ser extraída por uma turbina ideal, em acordo ao Limite de Betz............................................. 17 Figura 2.4.6 - Fluxo aderente ao perfil................................................................................. 18 Figura 2.4.7 - Fluxo separado (estol) em volta do perfil...................................................... 18 Figura 4.1.1– Triângulo de velocidades de uma turbina eólica axial.................................. 23 Figura 4.1.2 - Perfil aerodinâmico Göttingen 428................................................................ 24 Figura 4.2.1 - Divisão dos elementos de pá........................................................................ 27 Figura 4.2.2 – Representação em perspectiva da pá de rotor........................................... 28 Figura 4.2.3 – Representação do cubo do rotor................................................................ 28 x Figura 4.2.4 – Representação da turbina eólica................................................................ 28 Figura 4.3.1 – Domínio computacional para simulação..................................................... 29 Figura 4.3.2 – Comportamento do escoamento do fluido em relação a velocidade do vento.................................................................................................................................. 30 Figura 4.3.3 – Comportamento do escoamento do fluido em contato imediato com a superfície a turbina............................................................................................................. 30 Figura 4.3.4 – Redirecionamento de fluxo devido a rotação aplicada no rotor................... 31 xi LISTA DE TABELAS Tabela 2.1.1 - Os 10 maiores mercados de energia eólica ao fim de 2015......................... 4 Tabela 2.1.2 – Valores estimados do potencial eólico brasileiro por regiões do território nacional................................................................................................................................ 7 Tabela 2.2.1 - Direção predominante dos ventos segundo a latitude................................... 9 Tabela 2.3.1 – Fator de rugosidade para terrenos planos................................................... 12 Tabela 4.1.1 - Principais rendimentos para cálculos de um aerogerador........................... 22 xii LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ABREVIATURAS 3D Tridimensional kW Quilo Watts (103) GW Giga Watts (109) MW Mega Watts (106) SIGLAS CEPEL CFD DWIA HALT GWEC VAWT WWEA Centro de Pesquisas de Energia Elétrica Computational Fluid Dynamic Danish Wind Industry Assocation Horizontal Axis Wind Turbine Global Wind Energy Council Vertical Axis Wind Turbine World Wind Energy Association xiii SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO.............................................................................................................. 1 1.1. CONTEXTUALIZAÇÃO.................................................................................. 1 1.2. OBJETIVOS................................................................................................... 2 1.2.1. OBJETIVOS ESPECÍFICOS..................................................................... 2 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA......................................................................................... 3 2.1. MERCADO EÓLICO...................................................................................... 3 2.1.1. O POTENCIAL EÓLICO BRASILEIRO.................................................... 4 2.2. O VENTO....................................................................................................... 7 2.2.1. FONTES DE VENTO............................................................................... 7 2.2.2. VENTOS GLOBAIS................................................................................. 8 2.3 ENERGIA EÓLICA.......................................................................................... 9 2.3.1. POTÊNCIA DO VENTO............................................................................. 9 2.3.2. INFLUÊNCIAS NA ENERGIA DO VENTO............................................... 11 2.4 TURBINAS EÓLICAS..................................................................................... 12 2.4.1. CONSERVAÇÃO DE ENEREGIA........................................................... 12 2.4.2. CLASSIFICAÇÃO.................................................................................... 13 2.4.2.1. TURBINA DE EIXO HORIZONTAL.................................................. 13 2.4.2.2. TURBINA DE EIXO VERTICAL........................................................ 15 2.4.3. FORÇAS DE SUSTENTAÇÃO................................................................ 16 2.4.4. LIMITE DE LANCHESTER-BETZ-JOUKOWSKI..................................... 17 2.4.5. CONTROLE DE POTÊNCIA.................................................................... 17 2.4.6.1. CONTROLE DE PASSO.................................................................. 17 2.4.6.2. CONTROLE POR ESTOL................................................................ 18 2.4.6.3. CONTROLE ATIVO DE ESTOL....................................................... 19 2.5. DINÂMICA DE FLUIDOS COMPUTACIONAL.............................................. 19 3. CARACTERÍSTICAS METODOLÓGICAS................................................................. 20 4. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE RESULTADOS.................................................. 21 4.1. DETERMINAÇÃO DOS PARÂMETROS INICIAIS DO PROJETO............. 21 4.1.1. POTÊNCIA TEÓRICA DISPONÍVEL...................................................... 22 4.1.2. CARACTERÍSTICAS DA TURBINA EÓLICA......................................... 23 4.1.3. CARACTERIZAÇÃO DE SUPERFÍCIES EM VÁRIOS DIÂMETROS.... 24 xiv 4.2 MODELAGEM E MONTAGEM DO ROTOR................................................ 27 4.3 SIMULAÇÃO COMPUTACIONAL DO ROTO DE TURBINA EÓLICA......... 28 4.3.1. RESULTADOS OBTIDOS PELA SIMULAÇÃO COMPUTACIONAL...... 29 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................... 32 REFERÊNCIAS.................................................................................................................. 33 APÊNDICE A - RESULTADOS DO MEMORIAL DE CÁLCULOS..................................... 34 ANEXO A - VELOCIDADE DOS VENTOS NO CENTRO-OESTE..................................... 36 ANEXO B - HISTÓRICO DE CONSUMO DE ENERGIA ELÉTRICA................................. 37 1 1. INTRODUÇÃO 1.1. CONTEXTUALIZAÇÃO A preocupação mundial com as consequências da demasiada exploração dos recursos energéticos tem aumentado nos últimos anos. O possível esgotamento de fontes não renováveis de energia, bem como a poluição e o aquecimento global são consequências dessa exploração, consequências essas que criam uma demanda crescente por fontes renováveis de energia. A geração descentralizada e o uso de fontes renováveis de energia podem diminuir os impactos da exploração de recursos não renováveis na produção, colaborando com o desenvolvimento sustentável da humanidade (AKWA, 2010). Como solução para o uso demasiado de recursos naturais não-renováveis e afim de suprir a demanda por fontes renováveis de energia, o desenvolvimento tecnológico e o investimento no segmento de geração eólica, tem proporcionado grande inserção da produção eólica na matriz energética mundial. Turbinas eólicas, ou aerogeradores, são equipamentos com capacidade de transformar energia cinética proveniente dos ventos em energia elétrica. Caracteriza o funcionamento das turbinas eólicas, a rotação das hélices de um rotor devido à força dos ventos, rotacionando um eixo à baixa velocidade, acionando um gerador elétrico através de umeixo de alta rotação. A quantidade de energia transferida é dada por uma função da densidade do ar, da velocidade do vento, do diâmetro do rotor e da eficiência do sistema (OHARA, 2014). Mesmo com o avanço em geração eólica, áreas remotas acabam excluídas dos beneficiados, a solução para tais exclusões, por se tratarem de locais de difícil acesso, pode vir a ser a implementação de Turbinas Eólicas de pequeno porte, entretanto estes locais não possuem velocidades de vento satisfatórias, além de, em sua maioria, contarem com terrenos irregulares. É necessário a otimização da captação de energia eólica gerada pelos ventos de baixas velocidades, afim de justificar economicamente a instalação de turbinas de pequeno porte para se produzir uma potência razoável. Implica-se disto que estas turbinas necessitam ser projetadas para operar com número de Reynolds na escala de 105. Através da dinâmica computacional dos fluidos (CFD, Computational Fluid Dynamics) é possível obter soluções aproximadas para o desenvolvimento global de uma 2 turbina eólica, salvo que este se sujeite a efeitos tridimensionais e a instabilidades aerodinâmicas não consideradas em sua concepção e que as equações que regem o escoamento sobre um aerofólio se mostrem bastante complicadas e muitas vezes sem respostas analíticas. (SEVERINO, 2015) 1.2. OBJETIVOS Este projeto tem por objetivo definir um perfil aerodinâmico, considerando os dados obtidos a partir do “Atlas de Pesquisas de Energia Eólica Brasileira” sendo este publicado em 2001 pelo CEPEL, a fim de avaliar a sua aplicação em sistemas de geração de energia elétrica via tecnologias de turbinas eólicas e com este dimensionar uma turbina eólica com capacidade de produzir 99 kWh. 1.2.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS Por objetivos específicos tem-se: Conhecer o consumo elétrico do local (Residência particular localizada no Incra 08 - Brazlândia); Dimensionar o rotor eólico de acordo com a potência solicitada; Definir perfil aerodinâmico das pás; Caracterizar as dimensões das pás para modelagem geométrica do rotor; Modelar as pás e o rotor tridimensionalmente através do software Solidworks; e Simular o escoamento do fluído nas pás do rotor por meio do software ANSYS 17.2, a fim de comprovar a veracidade do dimensionamento do rotor eólico. 3 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1. MERCADO EÓLICO A indústria de turbinas eólicas se tornou de alta tecnologia nas últimas três décadas. O grande responsável pelo crescimento da energia eólica no cenário mundial é a Dinamarca, que possui fabricantes que chegaram a suprir mais de 60% da demanda mundial de turbinas eólicas tendo como maiores clientes, a Alemanha, a Espanha e a Inglaterra. Nos Estados Unidos a capacidade de produção de energia eólica supera os 35 GW em 2015 e a Europa bateu a marca de 75 GW neste mesmo ano. Em 2009, mais de 37 GW foram adicionados mundialmente a capacidade eólica, entretanto, ainda há uma enorme carência de linhas de transmissões para transportar a energia eólica de áreas com melhores ventos para os centros de carga. Segundo relatórios do Conselho Global de Energia Eólica (GWEC em inglês), a capacidade eólica chegou a marca de 282,4 GW em 2012 e 432.9 GW em 2015. Sendo desse total 84,5% da capacidade eólica produzida nos 10 maiores mercados de energia eólica. As figuras 2.1.1 e 2.1.2 mostram o crescimento da capacidade eólica mundial nos últimos 15 anos. Figura 2.1.1 - Capacidade Eólica anual instalada globalmente (GWEC, 2016). Figura 2.1.2 - Capacidade Eólica anual acumulada globalmente (GWEC, 2016). 4 A Tabela 2.1.1 mostra os 10 maiores mercados de energia eólica acumulada em dezembro de 2015. Tabela 2.1.1 - Os 10 maiores mercados de energia eólica ao fim de 2015 (GWEC, 2016). País Capacidade Acumulada [MW] Compartilhamento Acumulado [%] China 145,362 33,6 EUA 74,471 17,2 Alemanha 44,974 10,4 Índia 25,088 5,8 Espanha 23,025 5,3 Reino Unido 13,603 3,1 Canadá 11,205 2,6 França 10,358 2,4 Itália 8,958 2,1 Brasil 8,715 2,0 Resto do Mundo 67,151 15,5 Total do TOP 10 365,731 84,5 Total mundial 432,863 100 Ainda de acordo com o GWEC, 2015 teve um investimento recorde total de USD 329 bilhões no setor de energias limpas, isso caracterizou um aumento de 4% em relação a 2014 (USD 316 bilhões) e bateu o recorde estabelecido em 2011 de 3%. 2.1.1 O POTENCIAL EÓLICO BRASILEIRO Para medir o potencial eólico, medições com equipamentos de grande precisão, em detrimento do local e da altitude em que se deseja instalar uma turbina eólica durante um período determinado mostram-se ideais, mas inviáveis devido ao longo período de medições. A medição meteorológica capitada ao passar das décadas, entretanto, vem a ser de grande valia, a fim de indicar o potencial eólico. Contudo, utilizar-se exclusivamente destes dados pode ocasionar problemas devido à corriqueira imprecisão de dados meteorológicos na previsão do tempo e na aviação. A fim de resolver este problema, podem-se utilizar dados meteorológicos combinados a condições geográficas (interações térmicas entre a atmosfera e a superfície terrestre, relevo, etc.) (AMENDOLA, 2007). O potencial eólico obtido por procedimento computacional, levando em considerações essas interações é apresentado em mapas, podendo servir de referencial para instalação e/ou fabricação de turbinas eólicas (CEPEL, 2001). 5 Em 2001 o “Atlas de Pesquisas de Energia Eólica Brasileira” foi publicado pelo CEPEL (Centro de Pesquisas de Energia Elétrica), através de um sistema computacional, desenvolveu-se uma resolução numérica para o modelo dinâmico atmosférico, abrangendo variáveis atmosféricas e da superfície do solo. Este sistema é alimentado, para resultados confiáveis, por parâmetros do modelo dinâmico mais próximos da realidade, bem como dados geográficos obtidos através de curvas de nível digitalizadas, radio sondagens e dados meteorológicos, dados estes coletados entre os anos de 1983 e 1999 (AMENDOLA, 2007). Estima-se os recursos eólicos brasileiros, para uma altitude de 50 m através do sistema MesoPan (sistema computacional utilizado no Atlas de Pesquisas de Energia Eólica Brasileiro), recursos estes, apresentados em mapas relativos aos seguintes modelos: Rugosidade (Figura 2.1.3); Direções Predominantes Anuais (Figura 2.1.4); Relevo (Figura 2.1.5); Velocidade Média Anual (Figura 2.1.6); Fator de Forma Weibull – Média Anual (Figura 2.1.7); e Potencial Eólico Estimado (Figura 2.1.8). Figura 2.1.3 – Modelo de Rugosidade sobreposto ao relevo sombreado (CEPEL, 2001). Figura 2.1.4 – Medidas anuais de direção preferencial dos ventos (CEPEL, 2001). 6 Figura 2.1.5 – Modelo de Relevo (CEPEL, 2001). Figura 2.1.6 – Média anual de velocidade dos ventos (CEPEL, 2001). Figura 2.1.7 – Média anual do fator de forma de Weibull (CEPEL, 2001). Figura 2.1.8 - Potencial eólico estimado para vento médio anual igual ou superior a 7,0 m/s (CEPEL, 2001). Junto aos parâmetros de desempenho e de produção de energia de turbinas eólicas atuais, o adequado processamento das informações existentes nos mapas é demonstrado na Tabela 2.1.2. 7 Tabela 2.1.2 – Valores estimados do potencial eólico brasileiro por regiões do território nacional (CEPEL, 2001). INTEGRAÇÂO POR FAIXAS DE VELOCIDADES INTEGRAÇÃO CUMULATIVA REGIÃO VENTO [m/s] ÁREA [km2] POTÊNCIA INSTALÁVEL [GW] FATOR DE CAPACIDADE ENERGIA ANUAL [TWh/ano] VENTO[m/s] ÁREA (cumulativa) [km2] POTÊNCIA INSTALÁVEL [GW] ENERGIA ANUAL [TWh/ano] Norte 6 – 6,5 11460 22,92 0,13 25,58 >6 24206 48,41 70,49 6,5 – 7 6326 12,65 0,17 18,46 >6,5 12746 25,49 44,91 7 – 7,5 3300 6,60 0,20 11,33 >7 m/s 6420 12,84 26,45 7,5 – 8 1666 3,33 0,25 7,15 >7,5 3120 6,24 15,11 8 – 8,5 903 1,81 0,30 4,65 >8 1454 2,91 7,96 >8,5 551 1,10 0,35 3,31 >8,5 551 1,10 3,31 Nordeste 6 – 6,5 146589 293,18 0,13 327,19 >6 245105 490,21 649,50 6,5 – 7 60990 121,98 0,17 178,02 >6,5 98516 197,03 322,31 7 – 7,5 24383 48,77 0,20 83,73 >7 m/s 37526 75,05 144,29 7,5 – 8 9185 18,37 0,25 39,43 >7,5 13143 26,29 60,56 8 – 8,5 3088 6,18 0,30 15,91 >8 3958 7,92 21,13 >8,5 870 1,74 0,35 5,23 >8,5 870 1,74 5,23 Centro-Oeste 6 – 6,5 41110 82,22 0,13 91,76 >6 50752 101,50 120,83 6,5 – 7 8101 16,20 0,17 23,65 >6,5 9642 19,28 29,07 7 – 7,5 1395 2,79 0,20 4,79 >7 m/s 1541 3,08 5,42 7,5 – 8 140 0,28 0,25 0,60 >7,5 146 0,29 0,63 8 – 8,5 6 0,01 0,30 0,03 >8 6 0,01 0,03 >8,5 0 0 0,35 0 >8,5 0 0 0 Sudeste 6 – 6,5 114688 229,38 0,13 255,99 >6 175859 351,72 446,07 6,5 – 7 46302 92,60 0,17 135,55 >6,5 61171 122,34 190,08 7 – 7,5 11545 23,09 0,20 39,64 >7 m/s 14869 29,74 54,93 7,5 – 8 2433 4,87 0,25 10,44 >7,5 3324 6,65 15,29 8 – 8,5 594 1,19 0,30 3,06 >8 891 1,78 4,84 >8,5 297 0,59 0,35 1,78 >8,5 297 0,59 1,78 Sul 6 – 6,5 121798 243,60 0,13 271,86 >6 171469 342,94 424,74 6,5 – 7 38292 76,58 0,17 111,77 >6,5 49671 99,34 152,88 7 – 7,5 9436 18,87 0,20 32,40 >7 m/s 11379 22,76 41,11 7,5 – 8 1573 3,15 0,25 6,75 >7,5 1943 3,89 8,71 8 – 8,5 313 0,63 0,30 1,61 >8 370 0,74 1,95 >8,5 57 0,11 0,35 0,34 >8,5 57 0,11 0,34 TOTAL BRASIL ESTIMADO >6 667391 1334,78 1711,62 >6,5 231746 463,49 739,24 >7 m/s 71735 143,47 272,20 >7,5 21676 43,35 100,30 >8 6679 13,36 35,93 >8,5 1775 3,55 10,67 2.2. O VENTO 2.2.1 FONTES DE VENTO Os diferentes ângulos de incidência dos raios solares no globo terrestre aquecem o planeta não uniformemente. Este aquecimento não uniforme circula as camadas de ar da atmosfera, este movimento chama-se “Vento”. 8 O aquecimento dessas camadas de ar cria uma corrente ascendente e uma área de baixa pressão nas camadas inferiores da atmosfera, isso graças ao fato de o ar quente ser menos denso que o ar frio. Esse ar aquecido sobe e se separa em duas correntes em direção aos pólos terrestres. O vento é uma grandeza vetorial, sua direção indica a direção de onde provém e o nível de perturbação vinda de flutuações, geralmente sofridas pelo vento, é denominado de rajada. Por se tratar da movimentação das massas de ar na atmosfera, para artificio de estudo, considera-se o vento como uma corrente continua de parcelas de ar. (PINTO, 2013) Cinco forças atuam nas parcelas de ar: Força do gradiente de pressão; Força de Coriolis; Força centrifuga; Força de atrito; e Força da gravidade. 2.2.2 VENTOS GLOBAIS Em detrimento a incidência de raios solares e o fenômeno observado pelo efeito de Coriolis, gradientes de pressão são gerados na atmosfera: baixa pressão na região do equador, onde a incidência de raios solares é maior (aquecimento do ar), alta pressão nos pólos, devido à baixa incidência de raios solares (resfriamento do ar) e alta pressão nas latitudes de 30o em ambos os hemisférios (Efeito de Coriolis). As massas de ar escoam das regiões de alta pressão para as de baixa pressão, devido a força de gradiente da pressão. O aquecimento solar e a rotação da Terra mantêm as diferenças de pressão e a circulação constante do ar. Essa circulação segue o padrão demonstrado na Figura 2.2.1, e mesmo regiões com baixas altitudes, existem regiões em que os ventos não cessam (AHRENS, 2012). Por ventos globais denominam-se estes ventos permanentes. Os mesmos são classificados, nas camadas inferiores da atmosfera, como: Alísios (Fluentes dos trópicos para o Equador), Ventos do Oeste (Fluentes dos trópicos para os Pólos) e polares (Fuentes dos Pólos para as zonas temperadas). 9 Figura 2.2.1 - Ilustração da circulação das massas de ar na atmosfera da Terra (AMENDOLA, 2007). Ventos globais determinam a direção predominante dos ventos nas camadas de atmosfera. Os desvios de trajetória causados pela rotação da Terra e os movimentos circulares do fluxo de ar estabelecem a predominância na direção dos ventos, conforme a Tabela 2.2.1. Tabela 2.2.1 - Direção predominante dos ventos segundo a latitude (DWIA, 2003). Latitude 90-60o N 60-30o N 30-0o N 0-30o S 30-60o S 60-90o N Direção Nordeste Sudoeste Nordeste Sudeste Noroeste Sudeste 2.3. ENERGIA EÓLICA 2.3.1 POTÊNCIA DO VENTO A quantidade de energia que uma turbina eólica pode converter em eletricidade está diretamente relacionada à velocidade do vento. A velocidade do vento (deslocamento do ar) gera energia cinética denominada energia eólica, para este caso. A energia cinética do vento (Ec), dada uma velocidade v passando perpendicularmente através de uma área circular, com toda a massa de ar representada por m é: (2.3.1). A variação dessa energia ao passar de tempo é chamada de Potência do vento. Então, a derivada da energia cinética para um determinado intervalo de tempo é a Potência P: 21 2 CE mv 10 (2.3.2). Substituindo o fluxo de massa (dm/dt) por ρ na Equação (2.3.2), passa-se a ter: (2.3.3), P/A é a densidade de potência fornecida em uma determinada área, dependendo da massa específica do ar e a velocidade do vento. A Figura 2.3.1 mostra que a uma velocidade de vento de 8 metros por segundo (𝑚 𝑠⁄ ), obtêm-se uma potência (quantidade de energia por segundo) de 314 Watts por metro quadrado (𝑊 𝑚2⁄ ) exposto ao vento (o vento está vindo de uma direção perpendicular à área varrida do rotor). Figura 2.3.1 - Gráfico de potência no vento, por metro quadrado de seção transversal, a 15 oC e 1 atm (DWIA, 2003). A avaliação do potencial eólico necessita de trabalhos sistemáticos a fim de coletar e analisar dados sobre o regime e a velocidade dos ventos. Uma avaliação detalhada requer levantamentos mais específicos, embora dados coletados em estações meteorológicas, aeroportos e outras aplicações similares podem fornecer uma estimativa do potencial bruto ou teórico de nível de proveito da energia eólica. 2 2 cdE dm vP dt dt 31 2 P v A 11 Para que a energia eólica seja analisada como aproveitável, é preciso que sua densidade seja, em uma altura de 50 𝑚, maior ou igual a 500 𝑊/𝑚2, o que necessita uma velocidade mínima dos ventos de 7 a 8 𝑚/𝑠 (GRUBB & MEYER, 1993). 2.3.2 INFLUÊNCIAS NA ENERGIA DO VENTO Ventos turbulentos são causados pela dissipação de energia cinética em energia térmica por meio da criação e destruição de pequenas rajadas progressivas. A velocidade do vento que escoa perto de uma superfície é nula, em função da superfície do solo e do atrito entre o ar. No perfil vertical do vento a velocidade passa de nula a uma velocidade de escoamento v. (CUSTÓDIO, 2013) Os ventos sofrem influências de vários fatores pertinentes ao local e estes precisam ser analisados quando quer-se estimar o regime de vento num determinado local. Fatores que influenciam diretamente no perfil vertical da velocidade dos ventos em local determinado são: Rugosidade do terreno: construções tipo de utilização do terreno e tipo de vegetação; Orografia: existência de colinas e/ou depressões;e Obstáculos próximos ao local de medição. A respeito das condições de contorno do local, informações podem ser obtidas por meio de mapas topográficos, visitas ao local de instalação e/ou análise de dados de satélites. A altura em relação ao solo com a variação da velocidade do vento influencia diretamente na avaliação de recursos eólicos, como também no projeto de uma turbina. Torna-se importante saber a distribuição da velocidade dos ventos em relação à altura, salvo que as turbinas eólicas são instaladas no interior da camada limite (até 150 m), tendo em vista que o perfil vertical de ventos altera a vida útil das pás do rotor, devido a estes girarem dentro do perfil vertical dos ventos submetendo-se a cargas cíclicas, e que estas determinam a produtividade de uma turbina (FADIGAS, 2011). Portanto, para um determinado local, a velocidade do vento varia com a altura acima do nível do terreno ao menos até os níveis de interesse prático (camada limite). Dois modelos matemáticos são comumente aplicados para representar o perfil vertical dos ventos em estudos de aproveitamento energético dos ventos: “Lei logarítmica” e “Lei da potência”. A lei da potência resulta de estudos da camada limite sobre uma superfície plana. Esta é expressada por: 12 (2.3.4), em que: V – Velocidade do vento na altura desejada; Vr – Velocidade do vento na altura de referência; H – Altura desejada; Hr – Altura de referência; e n – Expoente da lei de potência. Obstáculos como árvores e construções, e a topografia do terreno alteram o perfil vertical dos ventos. A influência do terreno é considerada na equação 2.3.4 através do fator n. A tabela 2.3.1 apresenta alguns valores deste fator para diferentes tipos de superfície. Tabela 2.3.1 – Fator de rugosidade para terrenos planos (Adaptado - FADIGAS, 2011). Descrição do Terreno n Superfície lisa, lago ou oceano 0,10 Grama baixa 0,14 Vegetação rasteira (até 0,3m) árvores ocasionais 0,16 Arbustos, árvores ocasionais 0,20 Árvores, construções ocasionais 0,22 – 0,24 Áreas residenciais 0,28 – 0,40 2.4. TURBINAS EÓLICAS Turbinas eólicas podem trabalhar em diversas faixas de velocidade do vento, de 3 até 25 m/s (equivalente a um vendaval). As turbinas de hoje fazem uso da constante variação da velocidade do vento, da melhor forma possível, alterando o ângulo de suas pás (hélices) por meio de controle de passo ao girar ou dar uma guinada na hélice, mudando sua direção. 2.4.1 CONSERVAÇÃO DE ENERGIA A conversão de energia em turbinas eólicas segue duas etapas: na turbina, é removida a energia cinética disponível pelo vento para a conversão em energia mecânica e no gerador, essa energia mecânica é recebida e convertida em energia elétrica, transmitida assim para a rede de concessionárias. n r r H V V H 13 A potência fornecida é controlada pelo sistema, que pode realizar esse controle em ambas as etapas de conversão, de modo independente, dependendo das condições de funcionamento. Condições essas que, dependem principalmente das condições do vento, sobre as quais nenhuma ação é possível, exceto tomar determinadas medidas, tão eficientes quanto possíveis, de condições operacionais, tendo assim, um controle da real energia convertida pela turbina e pelo gerador elétrico. 2.4.2 CLASSFICAÇÃO As turbinas eólicas (aerogeradores) são classificadas em pequeno, médio e grande porte, quanto a sua capacidade de geração de potência. Aerogeradores são considerados de pequeno porte quando produzem até 500kW, médio porte os que operam na faixa de 500 a 1000kW e de grande porte os que operam a partir de 1000kW. Quanto a características de projeto do rotor, as turbinas eólicas modernas são classificadas em duas grandes categorias: turbinas de eixo horizontal (HAWT, sigla em inglês) e turbinas de eixo vertical (VAWT, sigla em inglês). 2.4.2.1 TURBINAS DE EIXO HORIZONTAL Turbinas de eixo horizontal são as mais difundidas no mercado atual (Figura 2.4.1). Turbinas horizontais são ainda divididas em upwind, onde o vento incide diretamente no rotor, e downwind, nas quais o vento passa primeiro pela torre antes de chegar ao rotor. A maior vantagem de turbinas downwind é seu ajuste automático à direção do vento, uma característica fundamental para máxima eficiência, além de segurança. Porém, dados de campo indicam que esse ajuste não é possível quando há mudanças bruscas na direção do vento. Figura 2.4.1 - Diferença entre uma turbina downwind e uma upwind (MARQUES, 2004). 14 O número de pás está ligado de forma indiretamente proporcional à velocidade do rotor. Menores velocidades necessitam de uma área de contato com o vento mais abrangente, portanto, mais pás. Devido ao alto custo dessas pás, projetos com uma quantidade reduzida de pás são mais viáveis. Pode-se destacar também que turbinas de alta potência têm, de modo geral, três pás. Isso se dá porque turbinas com duas pás de grande porte, apesar de mais baratas, produzem rotações tão altas que prejudicam sua estabilidade dinâmica e têm eficiência mais baixa que turbinas de três pás. Em geral, os aerogeradores são de eixo horizontal, upwind e com rotor de três pás. A Figura (2.4.2) mostra um desenho esquemático de uma turbina com seus principais componentes. Figura 2.4.2 - Principais componentes de uma turbina eólica (OHARA, 2014). Pode-se explicar, brevemente, acerca dos principais componentes de uma turbina eólica: Pás: Convertem o movimento de translação do vento em rotação do rotor. Cubo: Conecta as pás ao eixo de entrada. Rotor: Conjunto formado pelas pás e o cubo. Eixo de baixa velocidade: Eixo de entrada que conecta o rotor à caixa de engrenagens. Caixa multiplicadora: Conjunto de engrenagens responsável por transmitir energia mecânica do rotor para o gerador. Transforma a baixa velocidade de rotação do eixo de entrada em alta velocidade no de saída. Algumas configurações de aerogeradores utilizam geradores síncronos de baixa velocidade e que, portanto, não necessitam da caixa multiplicadora. Eixo de alta velocidade: Conecta a caixa multiplicadora ao gerador. Gerador: Converte a energia mecânica de rotação em energia elétrica. 15 Sensores de vento: Medem a direção e a velocidade (anemômetro) do vento e transmitem essas informações para o controlador. Nacele: Estrutura responsável por proteger os componentes da turbina contra condições ambientais adversas. Pode-se referir também a todo o sistema eletromecânico instalado no topo da torre com exceção das pás e do cubo do rotor. Sistema de controle: É utilizado para partida e/ou desligamento da turbina através do monitoramento de todas as partes dela. Motor de orientação direcional: é utilizado para posicionar a nacele de forma que o rotor se mantenha de frente para o vento. Torre: Estrutura de sustentação e posicionamento do aerogerador a uma altura conveniente para seu funcionamento. 2.4.2.2 TURBINAS DE EIXO VERTICAL Turbinas de eixo vertical (Figura 2.4.3) consistem de uma superfície vertical com rotação em torno de um eixo central. Têm em geral pouca capacidade e eficiências menores em comparação com turbinas horizontais semelhantes sendo mais utilizadas para aplicações de baixa potência. Figura 2.4.3 - Vários modelos de turbinas com eixo vertical (PINTO, 2013). Devido a suas baixas eficiências não são comercialmente rentáveis em longo prazo em operações de alta potência. Por isso, são utilizados principalmente em locais sem acesso à rede energética como faróis, ou aplicações onde é necessáriocarregamento de baterias. Sua maior vantagem é que a caixa multiplicadora e o gerador podem ser colocados na base da torre, facilitando sua manutenção. 16 Sustentação é a componente da Resultante Aerodinâmica perpendicular ao vento relativo. A Resultante Aerodinâmica (RA) é uma força que surge a partir do diferencial de pressão entre o intradorso e o extradorso do aerofólio e tende a empurrá-lo para cima, auxiliada pela reação do ar na parte inferior da mesma. Representada como um vetor que, quando decomposto, dá origem a duas forças componentes que são: a força de sustentação e a força de arrasto (NASA, 2015). 2.4.3 FORÇAS DE SUSTENTAÇÃO “Aerofólio é uma estrutura com formas geométricas especificas, usada para gerar forças mecânicas. Tais forças surgem devido ao movimento relativo entre o aerofólio e o fluido que o circula” (PINTO, 2013). De acordo com a teoria de aerofólios, as principais propriedades de um rotor se dão pela força de arrasto e de sustentação de uma hélice. A relação entre o coeficiente de atrito e o coeficiente de sustentação é denominada taxa de deslizamento, em outras palavras, a relação entre sustentação e arrasto. Esses coeficientes são características do perfil da hélice dependentes do ângulo de incidência 𝛼. As turbinas eólicas de eixo horizontal são máquinas de sustentação, isso implica que turbinas eólicas se utilizam da força de sustentação para gerar potência (PINTO, 2013). Figura 2.4.4 - Forças de arrasto e sustentação de uma hélice (PINTO, 2013). 2.4.4 LIMITE DE LANCHESTER-BETZ-JOUKOWSKI A quantidade máxima de energia cinética que pode ser extraída do vento por uma turbina eólica ideal é de 16/27 do total (Figura 2.4.5), quando a velocidade 17 descendente do vento na turbina é 1/3 da velocidade do vento crescente. Isso foi deduzido em 1919 pelo físico alemão Albert Betz (DWIA, 2003). Figura 2.4.5 - Relação entre a potência disponível e a potência máxima que pode ser extraída por uma turbina ideal, em acordo ao Limite de Betz (AMENDOLA, 2007). Por se tratar de um limite para turbinas ideais, naturalmente, o valor em uma turbina real é ainda menor devido a perdas, desta forma, é necessário determinar as características operacionais da turbina eólica para determinar a quantidade de energia eólica convertida em elétrica. 2.4.5 CONTROLE DE POTÊNCIA A fim de manter a potência nominal o mais estável possível, são projetadas as pás eólicas. Seguindo o mesmo padrão é preciso limitar a potência fornecida para que esforços excessivos nos componentes mecânicos sejam evitados em ventos de elevadas velocidades. Três formas construtivas permitem este controle de potência: controle de passo, controle por estol e controle ativo de estol (ARAÚJO, 2013). 2.4.5.1 CONTROLE DE PASSO Neste tipo de controle a potência nominal é superada devido ao aumento na velocidade do vento, as pás alteram seu ângulo de passo para reduzir o ângulo de ataque, isto implica em uma redução na extração de potência do vento e nas forças aerodinâmicas atuantes. Isto faz com que a turbina eólica sempre produza no máximo a potência nominal, alterando seu ângulo de ataque. Este tipo de controle ainda necessita de informações vindas do sistema de controle. 18 O fluxo de vento em torno dos perfis aerodinâmicos da pá se mostram bem aderente devido ao autocontrole do ângulo de ataque. Como mostrado na figura 2.4.7 está aderência produz uma sustentação aerodinâmica a pequenas forças de arrasto. (ARAÚJO, 2013) Figura 2.4.6 - Fluxo aderente ao perfil (ARAÚJO, 2013). 2.4.5.2 CONTROLE POR ESTOL Este controle é um sistema passivo que reage à velocidade do vento. Há uma faixa de operação considerada como velocidade nominal, as pás são fixadas no ângulo de passo para esta faixa. O ângulo de ataque tende a crescer até que o escoamento se desloque da face superior das pás (estol), devido a rotação constante ou quase constante e com aumento da velocidade do vento, isto é, o fluxo se afasta da superfície da pá, aparecendo assim, zonas de turbulência entre o escoamento e a superfície. Este efeito produz um fenômeno que atua como um freio aerodinâmico, limitando a potência de saída da turbina como mostrado na figura 2.4.8, aumenta a de arrasto e reduzindo a força de sustentação. (ARAÚJO, 2013) Figura 2.4.7 - Fluxo separado (estol) em volta do perfil (ARAÚJO, 2013). Ainda segundo Araújo (2013), para evitar que este efeito ocorra em todas as superfícies ao mesmo tempo, as pás devem possuir uma pequena torção longitudinal que criam um suave desenvolvimento de estol. Este tipo de controle é aplicado em turbinas de classes pequenas e médias, devido ao fato deste tipo de controle para grandes turbinas ser demasiadamente arriscado por conta de sua intensidade de esforços mecânicos e estabilidade dinâmica. 19 2.4.5.3 CONTROLE ATIVO DE ESTOL Este sistema de controle ativo consiste na junção das técnicas de controle de passo e por estol. A máquina normalmente é programada da mesma forma que é feita a programação no controle de passo em baixas velocidades, a fim de obter um alto torque para velocidades baixas. Muitas vezes apenas em alguns passos fixos, alternando com a velocidade do vento. Araújo (2013) destaca ainda que, uma vantagem do controle ativo de estol é a capacidade de controlar a potência de saída com maior precisão que o controle por estol passivo. 2.5. DINÂMICA DE FLUIDOS COMPUTACIONAL (CFD) Dinâmica de fluidos computacional (CFD) é uma vertente da mecânica dos fluidos que utiliza de análises numéricas e algoritmos para analisar e solucionar problemas que envolvem escoamentos de fluidos. Computadores são utilizados para realizar os cálculos pertinentes a simulações de interação de líquidos e gases, com superfícies definidas por condições de contorno (ANDERSON, 1995). CFD simula um fluido (líquido ou gás) que passa através ou em torno de um corpo. A análise pode ser complexa, contendo cálculos de transferência de calor, mistura e fluxos instáveis e compressíveis. SolidWorks Flow Simulation fornece ampla gama de modelos físicos e capacidades de fluxo de fluido para que seja possível obter uma melhor visão sobre o comportamento do produto (DASSAULT SYSTEMES, 2016). Fundamentalmente quase todos os problemas de CFD são resolvidos com as equações de Navier-Stokes, que definem vários fluxos de fluido monofásico. Estas equações podem ser simplificadas pela remoção de termos que descrevem ações de viscosidade obtendo-se as equações de Euler. Maiores simplificações, através da remoção de termos que descrevem vorticidade, produz as equações potenciais totais (ANDERSON, 1995. 20 3. CARACTERÍSTICAS METODOLÓGICAS O dimensionamento das hélices foi realizado, levando em consideração dados do Atlas do Potencial Eólico Brasileiro, em uma residência particular situada no Incra 08 (Brazlândia) que apresenta um consumo médio de 99kWh/mês. Um memorial de cálculos foi realizado a fim de dimensionar as hélices do rotor de eixo axial, utilizando-se primariamente dos métodos sugeridos por Henn (2006), através de cálculos matemáticos em função das potências, perfis aerodinâmicos e das relações entre ângulos e velocidades. Considerando critérios técnicos e econômicos, segundo Henn (2006), para este projeto utilizou-se de uma turbina de eixo horizontal composta por três hélices, pois estas são de construção mais barata e apresentam menos vibrações. Para representar o perfil vertical dos ventos em estudos do aproveitamento energético dos ventos, dois modelos matemáticos são utilizados em maior escala: da potênciae logarítmica. Neste projeto utilizou-se a lei da potência, por ser mais simples e por ser resultado de estudos da camada limite sobre uma placa, embora sem uma precisão muito elevada (FADIGAS, 2011). Não é simplório obter a frequência de ventos em locais que não foram monitorados, e isto levaria tempo demasiado, foi considerado para este projeto que apenas 1/3 do período do mês (240 horas/mês) tenha ventos médios para a produção da energética da turbina eólica, estas suposições corroboram com o Limite de Betz, que quantifica a máxima energia cinética extraída do vento por uma turbina eólica em 16/27 do total. Em sequência, a equação da Potência Final da Turbina, determinará a potência que a turbina deverá fornecer para suprir a necessidade energética mensal estipulada nos limites de faixa de produção. A partir dos resultados obtidos foi feita a modelagem geométrica computacional das hélices e a montagem total do rotor da turbina eólica em 3D no software SolidWorks, possibilitando visualizar e compreender suas dimensões estruturais e suas complexidades. A elaboração da modelagem em 3D permitiu a simulação do escoamento do fluído sobre as hélices com o uso o software ANSYS 17.2. Essas simulações possibilitaram análises detalhadas do comportamento do fluido nos pontos anteriores à turbina, incidentes e ao passar pela turbina a fim de atestar a veracidade do dimensionamento realizado. 21 4. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE RESULTADOS 4.1. DETERMINAÇÂO DOS PARÂMETOS INICIAIS DO PROJETO Seguindo critérios técnicos e econômicos (HENN, 2006), o projeto foi definido com três pás, pois a construção de turbinas com esta configuração é mais robusta e apresenta menos problemas com vibração. Com base no Atlas do Potencial Eólico Brasileiro (vide anexo A), elaborado pelo Centro de Pesquisas de Energia Elétrica (CEPEL, 2001), a velocidade média anual do vento a 50 metros de altura na cidade de Brasília é de aproximadamente 6m/s. Esta velocidade corrobora com a posição geográfica da residência que será tomada como local de instalação da turbina eólica dimensionada, local este que tem um consumo médio mensal de 99 kWh, correspondente ao cálculo de consumo de médio no período de outubro de 2015 à setembro de 2016 e validado como a necessidade energética do projeto (vide anexo B). Foi definido ainda uma altura de torre igual a 30m, devido à esta altura estar contida na camada limite (50 m) e compensar o diâmetro do rotor. Neste projeto utilizou-se a lei da potência para representar o perfil vertical dos ventos em estudos do aproveitamento energético dos ventos, por ser mais simplório e por ser resultado de estudos da camada limite sobre uma placa plana, embora sem uma precisão muito apurada. (FADIGAS, 2011) A influência da natureza do terreno no perfil vertical da velocidade do vento pode ser representada por um fator n, que indica a correspondência entre o perfil do vento e o fluxo sobre uma placa plana (Tabela 2.3.1). A cerca das características do local de instalação da turbina eólica, utilizou-se um fator n=0.28, e a partir da equação de potência (Equação 2.3.6), determinou-se a velocidade considerada do vento de 5,2003623 m/s em consideração a altura da torre da turbina eólica. (4.1.1). Não sendo simples obter informações precisas da frequência de ventos em locais não monitorados, definiu-se que a incidência de vento seguiria o limite de distribuição de Weibull, isto é, foi considerado que apenas 1/3 (240 horas/mês) do período do mês tenha ventos médios para a produção eólica. Através da equação de potência final de uma turbina 5,2003623 / n r r H V V H V m s 22 (Equação 4.1.2), foi determinada a potência que a turbina deve fornecer de modo a suprir a necessidade energética do local selecionado, esta demonstrou um valor de 0,4125 kW (FADIGAS, 2011), onde, Pft é a potência final da turbina e Ne é a necessidade energética. Logo: (4.1.2). 4.1.1 POTÊNCIA TEÓRICA DISPONÍVEL A estimativa de rendimento é proposta como uma primeira orientação de cálculo da potência teórica disponível no vento. Devido aos cálculos propostos por Henn (2006) estarem voltados para turbinas hidráulicas os mesmos se tornam pouco práticos, deste modo os rendimentos para os mecanismos de turbina foram adotados de acordo com a Tabela 4.1.1. Tabela 4.1.1 - Principais rendimentos para cálculos de um aerogerador (Adaptado – PINTO & PASA, 2013). Rendimentos (%) Rendimento de Beltz (𝑪𝒑) 59,3 Rendimento de Hélice (𝜼𝒉) 85 Rendimento da caixa de redução (𝜼𝒄) 98 Rendimento do gerador (𝜼𝒈) 95 Rendimento do transformador (𝜼𝒕) 98 O coeficiente ou Rendimento de Beltz demonstra o rendimento aerodinâmico máximo que um gerador eólico pode alcançar. Os demais rendimentos, foram agrupados em rendimentos mecânico e elétrico. (4.1.3), (4.1.4). Calcula-se a Potência de Eixo (Peixo) com a utilização da equação 4.1.5 que relaciona a Potência Final da Turbina (Pft) e o rendimento global da mesma, esta é a potência a ser fornecida pelo eixo da turbina ao sistema e apresentou o valor de 0,53189912 kW, essa por sua vez determinou a potência teórica (Equação 4.1.6) que delimita o potencial eólico que a área de varredura da turbina possui com grandeza igual a 0,8969631 kW. (horas/ mês) 0,4125 e ft ft N P P kW * 0,833 m h c m n n n n * 0,931 el g t el n n n n 23 (4.1.5), (4.1.6). 4.1.2 CARACTERÍSTICAS DA TURBINA EÓLICA No momento anterior a penetração axial no rotor da velocidade absoluta da corrente fluida é a própria velocidade do vento sem perturbações, isto demonstra que, C3=Cm3=C∞ (HENN, 2006). Após passar pela turbina atinge valor C6 devido uma redução demonstrada na figura 4.1.1. Esta redução pode ser calculada por: (4.1.7), onde a é o fator de redução da velocidade do vento e varia com a quantidade de pás e o tipo de turbina, sendo para uma turbina axial de 3 pás o valor é de 0,12 (adimensional), vinculado ao menor ou maior aproveitamento eólico (HENN, 2006). Figura 4.1.1 – Triângulo de velocidades de uma turbina eólica axial (PINTO & PASA, 2013). Esta redução causada na energia do vento caracteriza-se como aumento energético específico disponível na turbina. Este salto (Y) de 5,71164379 J/kg é demonstrado na equação 4.1.8. (4.1.8). Considerando a velocidade Cm e desconsiderando a área do cubo do rotor determinou-se a vazão de ar (128,1968558 m3/s) que passa pela turbina através da equação 4.1.9. 6 (1 2 )mC C a p 0,896 / 963 1 C teórica teórica eixo kW P P P / ( )* 0,53189912 m el e eixo f o t ix n n P P P kW 22 (1 a) Y 5,71164379 / Y C a J kg 24 (4.1.9). Em seguida, determinou-se o diâmetro exterior do rotor (De=5,972217418 m) com a utilização da equação 4.1.10. O diâmetro De determina a área varrida pelo rotor. (4.1.10). Henn (2006) afirma que Di (diâmetro interno) deve variar entre 15 a 25% de De (diâmetro externo), para este projeto utilizou o valor de porcentagem mínimo conforme a equação 4.1.11. (4.1.11). Utilizando a relação entre o fator de celeridade (λ) sugerida por Henn (2006) com valor adimensional igual a 4,5 para rotores de 3 pás foi possível determinar o número de rotações do rotor eólico. Este resultado de 1,47270446 rps demonstrado na equação 4.1.12, permite o melhor aproveitamento da potência do vento.(4.1.12). 4.1.3 CARACTERIZAÇÃO DE SUPERFÍCIES EM VÁRIOS DIÂMETROS Segundo Henn (2006) o perfil aerodinâmico Göttingen é o mais adequado para turbinas eólicas. Inúmeros perfis podem ser utilizados, entretanto oeste projeto utilizou-se do perfil Göttingen 428 (fugira 4.1.2) para todo o comprimento da pá. Figura 4.1.2 – Perfil aerodinâmico Göttingen 428 (PINTO & PASA, 2013). 3 / 128,1968558 / teórict a aeóric QY Q P Y Q m s P 2 (1 ) (Q*4) / * (1 ) 4 5,972217418 e e e D Q C a D C a D m 0,15 0,895832613 i e i D D D m * / * 1,247270446 r e r N C D N rps 25 Ainda segundo Henn (2006), é sugerido dimensionar no mínimo 5 seções ao longo da pá, e para este projeto, foram dimensionados 13 elementos (seções) para amenizar relativamente as curvas das pás durante sua modelagem. Estes elementos correspondem ao diâmetro exterior, ao diâmetro médio, ao diâmetro interior e mais 6 intermediários a estes. Assim, através da equação 4.1.13 a distância radial entre os cortes (b) foi determinada com o valor de 0,323032067 m. (4.1.13). A equação 4.1.14 determina as velocidades tangenciais para cada diâmetro de superfície adotada (vide Apêndice A). (4.1.14). A velocidade do vento é dada na equação 4.1.15 e está é a velocidade relativa da corrente não perturbada para cada diâmetro de superfície adotado (vide Apêndice A). (4.1.15). A velocidade relativa da corrente não perturbada forma um ângulo com a direção da velocidade tangencial em cada diâmetro adotado, analiticamente demonstrado pela equação 4.1.16 (vide Apêndice A). O passo para cada diâmetro é dado pela equação 4.1.17 (vide Apêndice A). (4.1.16), (4.1.17). A função de relação L/t para cada diâmetro determina a corda do perfil (L) para turbinas eólicas axiais com reduzido número de pás é demonstrado pela equação 4.1.18 para o comprimento externo (Le) e a equação 4.1.19 para o comprimento interno (Li). Os demais valores de corda foram determinados tomando por valor inicial o comprimento Le e somando-se a equação 4.1.20 até o comprimento Li (vide Apêndice A). (4.1.18), (4.1.19), (4.1.20). Afim de determinar a relação entre diversos diâmetros que são presos em grau de declínio do cubo para a periferia do rotor. Isto implica um aumento da resistência mecânica na raiz das pás (Di). Para tal foram utilizadas as equações 4.1.21 e 4.1.22 para * * ru D N *(C / u)arctg ( * ) / rt D N 2 e i o e i *(0,494 / ) 0,07*(D D ) d (L L ) / n superfícies e e i e L t L L (De Di) / *(n int ) b 0,423032067 b ervalos m 2 2W u c 26 determinar respectivamente, o ymáx para perfil junto ao Di e o ymáx para o perfil junto ao De. (Henn, 2006) (4.1.21), (4.1.22). A relação ao perfil normalizado Göttingen 428 é dada na equação 4.1.23, onde é lida a diferença máxima entre os valores das ordenadas, onde x=0,3*L (HENN, 2006). (4.1.23). O dimensionamento do fator de afinamento ou engrossamento é dado pela equação 4.1.24, onde e>1 demonstra um engrossamento e e<1 demonstra afinamento. Relacionado o ymáx/L junto a diâmetro interno e a equação 4.1.23, tem-se: (4.1.24). Deste modo o ymáx para cada elemento da pá e determinado na equação 4.1.25 em função da respectiva corda (L), deste modo: (vide apêndice A) (4.1.25). Para verificação do ângulo de deslizamento (ε) nos 13 elementos de pá, fez-se uso da equação 4.1.26, pois como as turbinas eólicas possuem uma extremidade livre, isto gera o aparecimento de vórtices de ponta de asa e uma resistência induzida que provocam um maior coeficiente de arrasto (Ca) e por consequência do ângulo de deslizamento. De acordo com os resultados de ε (vide apêndice A) (HENN, 2006). (4.1.26). Deste modo a equação 4.1.27 determinou o coeficiente de sustentação (Cs) para cada diâmetro das superfícies adotadas (vide Apêndice A). (4.1.27), 0,17* 0,053* máx i máx e y L y L padrãoy * *(y / L)máx máxe L 3 h 2 4 (1 a) t u sin( ) L s C a C w s i máx padrão padrão (y y ) y L y (8,55 0,3) 100 0,0825 máx máx máx máx y L y L padrão y / L 2,0606 (y / L) máx máx e (0,012 0,06 ) * máx e y L arctg L D 27 onde o rendimento hidráulico em turbinas axiais (ηh) é recomendado estar contido entre 70% e 85%. Para este projeto utilizou-se o rendimento mínimo recomendado, para tal, ηh =0,7. Para o cálculo do ângulo de ataque (∂) do perfil para os diferentes diâmetros foi utilizada a equação 4.1.28, onde k1=4,8 e k2=0,092 para perfis Göttingen 428, e o ângulo de inclinação das pás tangencial ao perfil (β) e formado em relação a direção da velocidade tangencial u, considerando cada diâmetro adotado, foi calculado através da equação 4.1.29 (HENN, 2006). (4.1.28), (4.1.29). 4.2. MODELAGEM E MONTAGEM COMPUTACIONAL DO ROTOR Através do software SolidWorks e com a utilização de suas ferramentas foi modelada a pá do rotor (figura 4.2.1) seguindo os dados gerados pelo memorial de cálculos anteriormente elaborado, afim de demonstrar as curvas e superfícies dos 13 elementos definidos para este projeto. Cada elemento foi distanciando em 0,423m no diâmetro, isto implica que, para o modelamento houve um distanciamento de 0,2115m entre os elementos, valor este correspondente ao raio do espaçamento. ——Elemento 1 ——Elemento 2 ——Elemento 3 ——Elemento 4 ——Elemento 5 ——Elemento 6 ——Elemento 7 ——Elemento 8 ——Elemento 9 ——Elemento 10 ——Elemento 11 ——Elemento 12 ——Elemento 13 Figura 4.2.1 - Divisão dos elementos de pá 1 2 máx s y C k L k 28 A figura 4.2.2 apresenta o modelamento final da pá bem como as arestas de ponta de pá e as curvas próximas ao cubo do rotor. O cubo demonstrado na figura 4.2.3 foi modelado para ser utilizado na montagem posterior da turina eólica. Figura 4.2.2 – Representação em perspectiva da pá de rotor Figura 4.2.3 – Representação do cubo do rotor Após as modelagens feitas para cada componente da turbina eólica foi realizada a montagem das 3 pás junto ao cubo do rotor. Posicionou-se uma pá ao eixo do rotor e o recurso de “Padrão circular de componente” pode-se posicionar as demais pás numa relação de igualdade perante a pá previamente posicionada. A figura 4.2.4 demonstra a montagem completa da turbina eólica. Figura 4.2.4 – Representação da turbina eólica 29 4.3. SIMULAÇÃO COMPUTACIONAL DO ROTOR DE TURBINA EÓLICA Afim de analisar o comportamento dos fluidos a figura 4.3.1 demonstra o domínio computacional utilizado para a simulação no software ANSYS 17.2. Figura 4.3.1 – Domínio computacional para simulação 4.3.1 RESULTADOS OBTIDOS PELA SIMULAÇÃO COMPUTACIONAL O software ANSYS 17.2 limita a criação de malha em até 512 mil elementos em analises de fluído dinâmica para sua licença de estudantes (licença esta, utilizada para este projeto). Deste modo a malha computacional foi definida automaticamente pelo software contendo 364743 elementos e 67258 nós. A simulação deu-se através da inclusão de parâmetros iniciais bem como a velocidade absoluta do vento de 5,2003623 m/s demonstrada na Equação 4.1.1, a rotação do rotor de 1,247370446 rps apresentada pela Equação 4.1.12 e uma pressão decontrole igual a 101325Pa (1 atm). Ainda por parâmetros de simulação utilizou-se o método de cálculo hibrido do software, possibilitando assim a simulação de 100 etapas de tempo igual 0,02s e com um número de 20 iterações para cada etapa, totalizando assim 2000 iterações correspondentes a um tempo total de 2s. 30 Apresentou-se por resultado um comportamento do escoamento do fluido em relação a velocidade do vento sobre as pás muito próximo do calculado, demonstrando (Figura 4.3.2 e Figura 4.3.3) uma constância considerável. Figura 4.3.2 – Comportamento do escoamento do fluido em relação a velocidade do vento Figura 4.3.3 – Comportamento do escoamento do fluido em contato imediato com a superfície a turbina 31 O redirecionamento de fluxo em consideração a velocidade axial máxima suportada pelo rotor definida pela Equação 4.1.12 e com grandeza igual a 1,247370446 rps, demonstra na Figura 4.3.4 uma redução considerável na velocidade de fluxo, isto implica que o perfil aerodinâmico selecionado demonstra demasiado grau de turbulência devido ao ângulo de incidência adotado, mesmo este não influenciando diretamente na capacidade energética do rotor. Figura 4.3.4 – Redirecionamento de fluxo devido a rotação aplicada no rotor 32 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS Com o avanço das energias renováveis, grandes parques eólicos começam a surgir em diferentes pontos do mundo, dando considerável avanço no desenvolvimento tecnológico para este fim. O tamanho das turbinas está ficando cada vez maior. O projeto europeu UpWind procura desenvolver uma turbina com capacidade de 20 mil kWh, capacitando o abastecimento de 15 a 20 mil residências. Para que projetos de tal magnitude tenham o menor impacto possível, estudos e implementações marítimas são cada vez mais comuns. Tais operações exigem esforços consideráveis de engenharia, especialmente em se tratando de parques offshore. Tais projetos têm levado também vertentes da engenharia a seguir o caminho oposto, a fim de miniaturizar a geração eólica. Turbinas eólicas de pequeno porte tem se popularizado cada vez mais. Estas podem ser instaladas em casas, escolas e indústrias. Turbinas de pequeno porte são fáceis de implementar e a microgeração de energia eólica é a forma mais barata de se ter acesso a energia em pontos distantes do abastecimento. Esse recurso tem tido grande aceitação em países emergentes. “Sem comparação, a maior parte dessas turbinas eólicas estão localizadas na China, no momento”, diz Stefan Gsänger, da Associação Mundial de Energia Eólica (WWEA). Este projeto teve por objetivo o dimensionamento aerodinâmico de rotor eólico que atendesse a demanda energética de uma residência urbana situada na cidade satélite de Brazlândia. Através de definições proporcionadas pelas referências neste utilizadas, pôde-se verificar que inúmeros fatores afetam o dimensionamento de um rotor eólico, isto possibilitou a aplicação do roteiro de cálculos proposto por Henn (2006) a fim de buscar os melhores resultados para este dimensionamento. Os resultados de modelagem neste projeto descritos permitem a visualização e a compreensão das dimensões estruturais de um rotor eólico, ao mais demonstrar os aspectos aerodinâmicos como a torção das pás que proporciona uma potencialização na conversão de energia cinética do vento em energia mecânica. Destaca-se também, que a simulação de escoamento do fluído elaborada neste projeto, corrobora com valores teóricos, evidenciando sua veracidade. De tal modo, pôde concluir-se que embora a complexibilidade deste projeto, o mesmo atende aos objetivos iniciais e isto proporcionou o dimensionamento de um rotor eólico que atenderá as necessidades do local de instalação. 33 REFERÊNCIAS AHRENS, C. D. (2012). Essential of Meteorology: An Invitation to the Atmosphere. Estado Unidos: Brooks Cole, 6a Edição. 528 p. AKWA, J. V. (2010). Análise aerodinâmica de turbinas eólias Savonius empregando dinâmica dos fluidos computacional. Dissertação de Mestrado. 128 p. UFRGS, Porto Alegre, RS. AMENDOLA, C. 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Relatório de Graduação. 52 p. UDF, Brasília, DF. 52 p. UDF, Brasília, DF. 35 APÊNDICE A – RESULTADOS DO MEMORIAL DE CÁCULOS Elemento da pá Diâmetro (m) Vel. tangencial u (m/s) Vel. relativa w∞ Ângulo de fluxo β∞ Passo entre pás t (m) Corda do perfil (m) ymáx do perfil (m) Ângulo de desl. (ε) 13 0,89583 3,510245 6,27420 55,98065 2,25640 0,72231 0,12279 3,47349 12 1,31886 5,16786 7,33148 45,17961 3,32192 0,69270 0,11776 3,38338 11 1,74190 6,82548 8,58084 37,30395 4,38744 0,66309 0,11273 3,29326 10 2,16493 8,48309 9,95021 31,50941 5,45297 0,63348 0,10769 3,20312 9 2,58796 10,14071 11,39639 27,14968 6,51849 0,60386 0,10266 3,11297 8 3,01099 11,79832 12,89357 23,78651 7,58401 0,57425 0,09762 3,02280 7 3,43403 13,45594 14,42588 21,13019 8,64953 0,54464 0,09259 2,93261 6 3,85706 15,11355 15,98322 18,98762 9,71506 0,51503 0,08755 2,84241 5 4,28009 16,771167 17,55893 17,22749 10,78058 0,48542 0,08252 2,75220 4 4,70312 18,42878 19,14847 15,75837 11,84610 0,45580 0,07749 2,66197 3 5,12615 20,08640 20,74867 14,51515 12,91162 0,42619 0,07245 2,57173 2 5,54919 21,74401 22,35723 13,45038 13,97715 0,39658 0,06742 2,48148 1 5,97222 23,40163 23,97249 12,52881 15,04267 0,36697 0,06238 2,39121 Elemento da pá Ângulo de ataque (∂) Ângulo de passo (β) 13 9,52819 46,45246 12 7,08240 38,09721 11 5,82861 31,47534 10 4,74717 26,76224 9 3,88143 23,26825 8 3,21478 20,57173 7 2,71816 18,41203 6 2,36512 16,622506 5 2,13544 15,092045 4 2,01538 13,74299 3 1,99709 12,51805 2 2,07823 11,37215 1 2,26198 10,26683 36 ANEXO A - VELOCIDADE DOS VENTOS NO CENTRO-OESTE Atlas do Potencial Eólico Brasileiro – Mapa do Potencial Eólico no Centro-Oeste (CEPEL, 2001) 37 ANEXO B - HISTÓRICO DE CONSUMO DE ENERGIA ELÉTRICA
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