Grátis
47 pág.

Denunciar
Pré-visualização | Página 4 de 8
estudo. O problema de uma carga móvel foi resolvido, primeiramente, para o caso onde a massa da viga é considerada pequena em relação à massa da carga que a percorre com velocidade constante. A solução deste problema deve-se a R. Willis (WILLIS et al. 1849), que deduz uma expressão, aproximada, para a equação do movimento fundamentada em um modelo de uma massa que desloca com velocidade constante por uma viga simplesmente apoiada, flexível e massa desprezível. Para o caso em que a massa da carga é assumida como pequena frente à massa da viga, foi tratado originalmente, para uma viga simplesmente apoiada e carga pontual constante, por A. N. Krylov (KRΫLOV, 1905) e S. P. Timoshenko (TIMOSHENKO, 1908 e 1922), que utilizaram o método da expansão das funções de autovalor. É também creditada a Timoshenko a solução para o problema dos efeitos de um carregamento harmônico movendo sobre uma viga com velocidade constante. A resolução do problema considerando as massas da viga e da carga móvel, na qual foi obtida uma resposta satisfatória, deve-se a A. Schallenkamp (SCHALLENKAMP, 1937), o qual utilizou uma série de Fourier com coeficientes desconhecidos para o trajetória de uma carga concentrada com magnitude constante. Cabe lembrar que todos os exemplos mencionados até esse ponto do texto utilizaram um veículo idealizado por uma massa pontual. 12 Modelos com veículos idealizados de forma mais complexa e pontes modeladas de forma mais refinada somente foram possíveis com o desenvolvimento das ferramentas computacionais. Para o problema de vibrações em pontes identificam-se duas abordagens para o problema de interação veículo-estrutura: modelos analíticos simplificados do veículo e da estrutura e modelos numéricos complexos em elementos finitos (Melo, 2007). Utiliza-se nesse trabalho um modelo em elementos finitos no qual a massa do veículo é considerada distribuída em dois graus de liberdade e a ponte é modelada através de elementos de viga. Os resultados dinâmicos obtidos com esse modelo são comparados com as analises pseudo-estáticas, prescritas na NBR 7187 visando avaliar a adoção de coeficientes de impacto no cálculo de pontes em alguns casos específicos. 13 3. Características e propriedades dos veículos e pontes no Brasil 3.1. Veículos rodoviários Os veículos rodoviários, segundo o DNER, podem ser divididos em: leves e comerciais (ou de carga). Os veículos de carga mais freqüentes no tráfego rodoviário brasileiro, conforme o item 3.1.2 deste trabalho, são: 2C, 3C e 2S3. Estes podem ser descritos da seguinte forma: • Caminhões de dois eixos, em uma só unidade (2C): caminhões basculantes, de carroceria, baú e tanque, veículos de camping e de recreação, veículos moradia, etc., tendo dois eixos com rodas simples no dianteiro e rodas duplas na traseira (6 pneus); • Caminhões de três eixos, em só unidade (3C): caminhões betoneira, caminhões basculantes pesados, caminhões de carroceria e baús longos, etc., tendo três eixos: dianteiro de rodas simples e traseiros (tandem duplo ou não) de rodas duplas (10 pneus); • Caminhões com semi-reboque, com cinco eixos (2S3): veículos com cinco eixos, constituídos por duas unidades, uma das quais é um cavalo motor (com dois eixos), e o reboque com 3 eixos (tandem triplo), com 18 pneus; Segundo a Resolução CONTRAN n° 12/98 o comprimento máximo autorizado para estes veículos são: 14,00m (2C e 3C) e 18,50m (2S3). 3.1.1. Lei da balança Um conjunto de artigos do Código de Transito Brasileiro (CTB) e de Resoluções do Conselho Nacional de Transito (CONTRAN), que regulamentam as configurações dos veículos nas rodovias brasileiras, é conhecido como Lei da Balança. Alguns dos aspectos mais relevantes a este trabalho serão destacados a seguir. O Peso Bruto Total (PBT), referido aos veículos monolíticos, é definido pela soma algébrica das cargas máximas permitidas em todos os seus eixos componentes. Quando se trata de veículos compostos, usa-se o Peso Bruto Total Combinado (PBTC), tendo a mesma definição do PBT. 14 Segundo a Resolução n° 12 do CONTRAN (06/02/1998), consideram-se eixos em tandem os eixos de quatro pneumáticos cada, que constituam um conjunto integral de suspensão, podendo qualquer um deles ser ou não motriz. O conjunto de dois eixos consecutivos em tandem é chamado tecnicamente de eixo tandem duplo (TD), e o de três, eixo tandem triplo (TT). Não se faz o uso de configurações em tandem com mais de três eixos, tampouco de eixos tandem triplo em veículos rebocados. Considera-se eixo duplo especial (DE) o conjunto de dois eixos, interligados por suspensão especial, no qual um deles é dotado de quatro pneumáticos e o outro de dois pneumáticos, os eixos isolados de dois pneumáticos são chamados de eixos simples de rodas simples (SRS) e os isolados de quatro pneumáticos, eixos simples de rodas duplas (SRD). Estes eixos têm seus limites de carga descriminados na Tabela 1. Eixo Carga máxima (kN) SRS 60 SRD 100 TD 170 TT 255 DE 135 Tabela 1: Configurações de eixo e seus limites de peso. Os limites de PTB/PBTC das classes de veículos constantes na base de dados do DNIT são apresentados na Tabela 2. N° de eixos de cada tipo Classe SRS SRD DE TD TT Limite de Peso (kN) O2C 1 1 0 0 0 160 O3C 1 0 1 0 0 195 O4CD 2 0 1 0 0 255 2C 1 1 0 0 0 160 3C 1 0 0 1 0 230 4C 1 0 0 0 1 315 4CD 2 0 0 1 0 290 2C2 1 3 0 0 0 360 2C3 1 2 0 1 0 430 3C2 1 2 0 1 0 430 3C3 1 1 0 2 0 500 2S1 1 2 0 0 0 260 2S2 1 1 0 1 0 330 2I2 1 3 0 0 0 360 2S3 1 1 0 0 1 415 2I12 1 2 0 1 0 430 2I3 1 4 0 0 0 460 3S1 1 1 0 1 0 330 3S2 1 0 0 2 0 400 3I2 1 2 0 1 0 430 3S3 1 0 0 1 1 485 3I12 1 1 0 2 0 500 3I3 1 3 0 1 0 530 Tabela 2: PBT/PBTC das classes de veículos. 15 3.1.2. Monitoramento do tráfego rodoviário O tráfego é avaliado através dos Postos de Pesagem, de Contagem e de Monitoramento. Sendo que nos Postos de Pesagem os veículos são avaliados em baixas velocidades, logo sem efeitos dinâmicos, já os Postos de Contagem tem como objetivo coletar dados sobre o fluxo de veículos em trânsito. Hoje, dos vinte e seis Postos de Contagem existentes no Brasil nenhum se encontra em operação. Os Postos de Monitoramento levantam dados relativos ao volume de tráfego, velocidade e cargas por eixo. Os dados colhidos pelo DNIT, no período de dezembro de 1999 e outubro de 2002, e sintetizados por Rossigali, permitem chegar à distribuição de freqüências relativas das diferentes classes de veículos apresentada na Figura 5. 46 , 2% 7, 2% 3, 4% 2, 4% 0, 0% 7, 8% 11 , 5% 0, 0% 0, 0% 0, 0% 0, 0% 0, 0% 0, 0% 0, 2% 2, 8% 0, 1% 7, 2% 0, 1% 0, 0% 0, 0% 0, 1% 0, 0% 0, 9% 0, 0% 0, 0% 0, 2% 0, 1% 0, 1% 9, 6% 0% 10% 20% 30% 40% 50% LE VE S U TI LI T O 2C O 3C O 4C D 2C 3C 4C 4C D 2C 2 2C 3 3C 2 3C 3 2S 1 2S 2 2I 2 2S 3 2I 12 2I 3 3S 1 3S 2 3I 2 3S 3 3I 12 3I 3 7R O D 8R O D 9R O D OU TR OS Figura 5: Distribuição de freqüências relativas das classes de veículos. (Adaptado de ROSSIGALI, 2006) Da inspeção do gráfico da Figura 5, se concluí que os veículos pesados mais freqüentes nas rodovias brasileiras são os dos tipos 3C, 2C e 2S3. Por este motivo, as análises desenvolvidas neste trabalho terão como foco os veículos: 3C, 2C e 2S3. Com estes dados, coletados pelo DNIT, pode-se também conhecer a distribuição de carga entre os eixos dos veículos. A Figura 6 mostra a distribuição de carga para os veículos utilizados neste trabalho. 16 Figura 6: Percentuais de peso total em cada eixo dos veículos de configuração mais freqüente