Buscar

Psicologia da Educação parte 1

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 3, do total de 66 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 6, do total de 66 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 9, do total de 66 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Prévia do material em texto

Governo do estado do Maranhão
secretaria de estado da ciência, tecnoloGia, 
ensino superior e desenvolviMento tecnolóGico
universidade estadual do Maranhão - ueMa
núcleo de tecnoloGias para educação - ueManet
PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO
Maria odete vieira tenreiro
Maria virGínia Bernardi BerGer
neiva de oliveira Moro
priscila larocca
(professoras da uepG - universidade estadual de ponta Grossa - pr)
são luís
2010
Governadora do Estado do Maranhão
Roseana saRney MuRad
Reitor da uEMa
PRof. José augusto silva oliveiRa
Vice-reitor da uEMa
PRof. gustavo PeReiRa da Costa
Pró-reitor de administração
PRof. José Bello salgado neto
Pró-reitor de Planejamento
PRof. José goMes PeReiRa
Pró-reitor de Graduação
PRof. PoRfíRio Candanedo gueRRa
Pró-reitor de Pesquisa e Pós-graduação
PRof. WalteR Canales sant’ana
Pró-reitora de Extensão e assuntos Estudantis
PRofª. gRete soaRes PfluegeR
assessor Chefe da Reitoria
PRof. RaiMundo de oliveiRa RoCha filho
Diretora do Centro de Educação, Ciências Exatas e Naturais - CECEN
PRofª. andRéa de aRaúJo
Edição: 
univeRsidade estadual do MaRanhão - ueMa
núCleo de teCnologias PaRa eduCação - ueManet
Coordenador do uemaNet
PRof. antonio RoBeRto Coelho seRRa
Coordenadora Pedagógica:
MaRia de fátiMa seRRa Rios
Coordenadora do Curso de Filosofia, a distância: 
PRofª. leila aMuM alles BaRBosa
Coordenadora da Produção de Material Didático uemaNet:
CaMila MaRia silva nasCiMento
Responsável pela Produção de Material Didático UemaNet:
cristiane costa peixoto
Revisão:
liliane Moreira liMa
lucirene ferreira lopes
Diagramação: 
JosiMar de Jesus costa alMeida
luis Macartney sereJo dos santos
tonho leMos Martins
Capa: 
luciana vasconcelos
universidade estadual do Maranhão
Núcleo de Tecnologias para Educação - UemaNet
Campus Universitário Paulo VI - São Luís - MA
Fone-fax: (98) 3257-1195
http://www.uemanet.uema.br
e-mail: comunicacao@uemanet.uema.br
O conteúdo deste fascículo foi cedido à Universidade 
Estadual do Maranhão - UEMA pela Universidade Estadual 
de Ponta Grossa - PR que autorizou sua reprodução 
com atualizações: revisão de linguagem, capa, cores e 
diagramação de uso exclusivo do Núcleo de Tecnologias 
para Educação - UemaNet.
Tenreiro, Maria Odete Vieira
Psicologia da educação. / Maria Odete Vieira 
Tenreiro e outros.
Ponta Grossa: Ed.UEPG, 2009.
239 p. il.
Licenciatura em Educação Física, Geografia, 
História, Letras - Português/Espanhol, Matemática, 
Pedagogia e outros.
Educação a distância.
1. Educação - psicologia. 2. Educação - aprendizagem
- concepções. 3. Educação - inclusão. 4. Educação -
adolescência. I. Berger, Maria Virgínia Bernardi. II.
Moro, Neiva de Oliveira. III. Larocca, Priscila. IV. T.
CDD : 370.15
João carlos GoMes
Reitor
carlos luciano sant’ana varGas
Vice-reitor 
pró-reitoria de assuntos adMinistrativos
Ariangelo Hauer Dias
pró-reitoria de Graduação
Graciete Tozetto Góes
divisão de educação a distância e de proGraMas especiais
Maria etelvina Madalozzo raMos - chefe
núcleo de tecnoloGia e educação aBerta e a distância
Leide Mara Schmidt - Coordenadora Geral
Cleide Aparecida Faria Rodrigues - Coordenadora Pedagógica
sisteMa universidade aBerta do Brasil
Hermínia Regina Bugeste Marinho - Coordenadora Geral
Cleide Aparecida Faria Rodrigues - Coordenadora Adjunta
Elenice Parise Foltran - Coordenadora de Curso
colaBorador financeiro
Luiz Antonio Martins Wosiak
colaBoradora de planeJaMento
Silviane Buss Tupich
colaBoradores eM ead
Dênia Falcão de Bittencourt
JuciMara roesler
colaBoradores de inforMática
Carlos Alberto Volpi
Carmen Silvia Simão Carneiro
Adilson de Oliveira Pimenta Júnior
Juscelino Izidoro de Oliveira Júnior
Osvaldo Reis Júnior
Kin Henrique Kurek
Thiago Luiz Dimbarre
Thiago Nobuaki Sugahara
colaBoradores de puBlicação
Gideão Silveira Cravo - Revisão
Márcia Monteiro Zan - Revisão
Luan Dione Rein - Diagramação
Ceslau Tomaczyk Neto - Ilustração
colaBoradores operacionais
Edson Luis Marchinski
Joanice Kuster de Azevedo
João Márcio Duran Inglêz
Maria Clareth Siqueira
Mariná Holzmann Ribas
Todos direitos reservados ao Ministério da Educação 
Sistema Universidade Aberta do Brasil.
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA
Núcleo de Tecnologia e Educação Aberta e a Distância - NUTEAD
Av. Gal. Carlos Cavalcanti, 4748 - CEP 84030-900 - Ponta Grossa - PR
Tel.: (42) 3220-3163
www.nutead.uepg.br
2010
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO
UNIDADE 1 
A RELAÇÃO PSICOLOGIA E EDUCAÇÃO: aspectos históricos, campos 
de contribuição e a diversidade de enfoques ..................... 23
Aspectos históricos da construção da Psicologia e de sua 
relação com a Educação ....................................... 27
Campos de contribuição da Psicologia na Educação ....... 37
A diversidade de enfoques da Psicologia na Educação e o uso 
do critério epistemológico para sua análise ................ 43
UNIDADE 2
O DESENVOLVIMENTO E A APRENDIZAGEM: teorias que enfatizam o 
sujeito e teorias que enfatizam o objeto ............................. 51
O comportamentalismo na Psicologia, sua ênfase no mundo 
exterior ao sujeito e suas implicações educacionais ...... 53
A Psicologia humanista de Carl Rogers: uma concepção 
idealista do sujeito e suas implicações educacionais ...... 63
A ênfase nos fatores biológicos: o inatismo na Psicologia e 
suas implicações educacionais .............................. 71
PLANO DE ENSINO
DISCIPLINA: Psicologia da Educação
Carga horária: 60 horas
EMENTA
Conceito e objetivos da Educação. Psicologia: conceito atual. 
Aspectos constitutivos do desenvolvimento humano. Concepções 
teóricas em psicologia do desenvolvimento na infância e na 
adolescência: físico, emocional, cognitivo, moral e social. 
Principais abordagens teóricas em psicologia do desenvolvimento 
e da educação e respectivas implicações na atuação do professor. 
A aprendizagem: fatores intervenientes. Educação inclusiva. 
Adolescência: desenvolvimento físico, cognitivo, afetivo e social. 
O adolescente e as questões relativas à busca de identidade e 
autonomia, sexualidade, escolha profissional e drogas.
OBJETIVOS
¡ compreender a evolução histórica da Psicologia, os campos de 
contribuição da Psicologia da Educação, as diversas teorias e a 
necessidade do uso do critério epistemológico para analisá-las;
¡ identificar os principais conceitos e implicações das teorias 
comportamental, humanista e inatista;
¡ explicitar e diferenciar as principais contribuições sobre 
desenvolvimento e aprendizagem na perspectiva de Piaget, 
Vygotsky e Wallon;
¡ ampliar a compreensão sobre a educação inclusiva a partir das 
contribuições teóricas de Piaget e Vygotsky;
¡ compreender o significado evolutivo da adolescência e seus 
aspectos psicossociais e culturais;
¡ caracterizar as mudanças físicas, cognitivas, afetivas e sociais 
que ocorrem nessa fase;
¡ refletir sobre o seu papel de educador face à problemática 
do adolescente quanto à sexualidade, escolha profissional e 
drogas.
PENSE ATIVIDADES SUGESTÃO DE SITES
íCONES
Orientação para estudo
Ao longo desta apostila, serão encontrados alguns ícones utilizados 
para facilitar a comunicação com você.
Saiba o que cada um signifi ca.
 ATENÇÃO GLOSSÁRIO SUGESTÃO DE LEITURA 
 FILMES SAIBA MAIS
Prezado(a) estudante,
Inicialmente queremos dar-lhe as boas-vindas à nossa instituição e 
ao curso que escolheu.
Agora, você é um acadêmico da Universidade Estadual de Ponta 
Grossa (UEPG), uma renomada instituição de ensino superior que 
tem mais de cinquenta anos de história no Estado do Paraná, e 
participa de um amplo sistema de formação superior criado pelo 
Ministério da Educação (MEC) em 2005, denominado Universidade 
Abertado Brasil (UAB).
O Sistema Universidade Aberta do Brasil (UAB) 
não propõe a criação de uma nova instituição 
de ensino superior, mas sim, a articulação das 
instituições públicas já existentes, possibilitando 
levar ensino superior público de qualidade aos 
municípios brasileiros que não possuem cursos de 
formação superior ou cujos cursos ofertados não 
são suficientes para atender a todos os cidadãos.
Sensível à necessidade de democratizar, com qualidade, os cursos 
superiores em nosso país, a Universidade Estadual de Ponta Grossa 
participou do Edital de Seleção UAB nº 01/2006-SEED/MEC/2006/2007 
e foi contemplada para desenvolver seis cursos de graduação e quatro 
cursos de pós-graduação na modalidade a distância.
APRESENTAÇÃO
Isso se tornou possível graças à parceria estabelecida entre o MEC, 
a CAPES e as universidades brasileiras, bem como porque a UEPG, 
ao longo de sua trajetória, vem acumulando uma rica tradição de 
ensino, pesquisa e extensão e se destacando também na educação 
a distância.
A UEPG é credenciada pelo MEC, conforme Portaria nº 652, de 16 
de março de 2004, para ministrar cursos superiores (de graduação, 
sequenciais, extensão e pós-graduação lato sensu) na modalidade 
a distância.
Os nossos programas e cursos de EaD apresentam elevado padrão de 
qualidade e têm contribuído, efetivamente, para a democratização 
do saber universitário, destacando-se o trabalho que desenvolvemos 
na formação inicial e continuada de professores. Este curso não 
será diferente dos demais, pois a qualidade é um compromisso da 
Instituição em todas as suas iniciativas.
Os cursos que ofertamos, no Sistema UAB, utilizam metodologias, 
materiais e mídias próprios da educação a distância que, além de 
facilitarem o aprendizado, permitirão constante interação entre 
alunos, tutores, professores e coordenação.
Este curso foi elaborado pensando na formação de um professor 
competente, no seu saber, no seu saber fazer e no seu fazer saber. 
Também foram contemplados aspectos éticos e políticos essenciais 
à formação dos profissionais da educação.
Esperamos que você aproveite todos os recursos que oferecemos 
para facilitar o seu processo de aprendizagem e que tenha muito 
sucesso na trajetória que ora inicia.
Mas, lembre-se: você não está sozinho nessa jornada, pois fará 
parte de uma ampla rede colaborativa e poderá interagir conosco 
sempre que desejar, acessando nossa Plataforma Virtual de 
Aprendizagem (MOODLE) ou utilizando as demais mídias disponíveis 
para nossos alunos e professores.
Nossa equipe terá o maior prazer em atendê-lo, pois a sua 
aprendizagem é o nosso principal objetivo.
EQUIPE DA UAB/UEPG
Prezado(a) estudante,
Temos o prazer de apresentar-lhe, com grandes expectativas, 
a disciplina Psicologia da Educação como uma das áreas do 
conhecimento muito atraente, pela contribuição que oferece ao 
docente em relação aos conhecimentos científicos, os quais são 
favoráveis à compreensão do ser humano no processo de ensino-
aprendizagem e também por oportunizar a reflexão sobre o 
processo ensino-aprendizagem, abordando conteúdos necessários 
ao exercício crítico, consciente e autônomo da docência. Esta 
disciplina volta-se para o estudo científico proporcionado pela 
Psicologia aplicada à educação e seu papel na formação do 
professor, bem como focaliza as correntes psicológicas que 
abordam a evolução da Psicologia e da Educação.
Contamos com a participação da equipe de professores: Maria 
Odete Vieira Tenreiro, Maria Virgínia Bernardi Berger, Neiva de 
Oliveira Moro, Priscila Larocca da Universidade Estadual de Ponta 
Grossa (UEPG) e do professor especialista da UEMA responsável 
pela mediação da disciplina.
A disciplina possibilitará, através dos conteúdos apresentados 
no fascículo e nos materiais de pesquisa, o estudo e a reflexão 
sobre os fundamentos teóricos e as metodologias de investigação 
APRESENTAÇÃO
subjacentes à prática pedagógica de modo a proporcionar uma 
plena integração dos aspectos pertinentes ao desenvolvimento da 
educação.
Nas unidades de ensino focalizamos os aspectos históricos da 
psicologia e sua relação com a educação, o desenvolvimento 
da aprendizagem e as perspectivas das teorias que enfatizam 
o objeto de estudo e das teorias que focalizam o sujeito. 
Apresentamos conceitos e proposições pertinentes às concepções 
teóricas presentes nas práticas pedagógicas, ressaltando as 
concepções interacionistas. Ainda ressaltamos aspectos peculiares 
do desenvolvimento humano na adolescência com o propósito de 
refletir sobre o sujeito da educação e sua identidade como pessoa.
Lembramos que você não está sozinho nesta caminhada, pois uma 
ampla rede de profissionais estará a disposição para interagir com 
você.
Desejamos sucesso e bons momentos de estudo!
Equipe UemaNet
PALAVRAS DAS PROFESSORAS
Prezado(a) estudante,
Organizamos este livro com a preocupação de oferecer a 
você, futuro professor, os subsídios mais relevantes da área de 
conhecimento da Psicologia da Educação, compreendendo que 
estes devem possibilitar a você uma adequada compreensão 
dos referenciais teóricos desta importante área da formação de 
professores, bem como uma leitura competente e crítica de suas 
implicações para a prática pedagógica.
Contudo, é preciso ter em mente que o estudo que você fará 
deste livro não esgota todas as possibilidades de interpretação e 
compreensão da realidade fornecidas pela área da Psicologia da 
Educação. Esta é uma área muito densa e bastante diversificada 
em termos de suas contribuições, deste modo estamos conscientes 
de que as leituras aqui apresentadas não esgotam as necessidades 
de uma formação docente com qualidade. Assim, você deverá 
complementar seus estudos por meio de outras leituras que 
procuramos apontar logo após os textos e nas referências 
bibliográficas.
Prezado(a) estudante,
Organizamos este livro com a preocupação de oferecer a 
você, futuro professor, os subsídios mais relevantes da área de 
conhecimento da Psicologia da Educação, compreendendo que 
estes devem possibilitar a você uma adequada compreensão 
dos referenciais teóricos desta importante área da formação de 
professores, bem como uma leitura competente e crítica de suas 
implicações para a prática pedagógica.
Contudo, é preciso ter em mente que o estudo que você fará 
deste livro não esgota todas as possibilidades de interpretação e 
compreensão da realidade fornecidas pela área da Psicologia da 
Educação. Esta é uma área muito densa e bastante diversificada 
em termos de suas contribuições, deste modo estamos conscientes 
de que as leituras aqui apresentadas não esgotam as necessidades 
de uma formação docente com qualidade. Assim, você deverá 
complementar seus estudos por meio de outras leituras que 
procuramos apontar logo após os textos e nas referências 
bibliográficas.
Este livro foi concebido segundo um eixo em que posicionamos 
as diferentes perspectivas teóricas da Psicologia da Educação a 
partir de um critério epistemológico: contribuições que enfatizam 
o sujeito, contribuições que enfatizam o objeto do conhecimento 
e contribuições que veem sujeito e objeto de modo interativo. 
Após desenvolvermos essas contribuições, dedicamos uma especial 
atenção ao estudo da inclusão e da adolescência, uma vez que seus 
alunos no ensino fundamental e médio serão adolescentes e jovens 
que certamente retratarão a diversidade cultural, individual e 
social que temos em nosso contexto.
Com este modo de organizar os conteúdos sugerimos a necessidade 
de superar a visão dicotômica e parcelada da Psicologia da 
Educação, tantas vezes criticada pelos estudos educacionais.
Trazemos neste livro sete unidades de estudo.
NaUnidade I tratamos de aspectos históricos da Psicologia, da sua 
relação com a Educação e da diversidade de correntes teóricas 
que fundamentam o conhecimento hoje existente, bem como da 
utilização do critério epistemológico para a sua análise.
Na Unidade II tratamos do desenvolvimento e da aprendizagem 
na perspectiva das teorias que enfatizam o objeto 
(Comportamentalismo) e das teorias que enfatizam o sujeito 
(Humanismo e Inatismo).
Nas Unidades III, IV, e V apresentamos os conceitos e proposições 
das concepções interacionistas, através das contribuições teóricas 
de Piaget, Vygotsky e Wallon.
A Unidade VI aborda o tema da inclusão e como Piaget e Vygotsky 
se posicionam a esse respeito. A Unidade VII dedica-se ao estudo 
da adolescência, fase peculiar do desenvolvimento humano e na 
qual se encontram os alunos dos anos finais do Ensino Fundamental 
e Ensino Médio.
Com o propósito de refletir sobre a educação que temos e 
consubstanciar intervenções de qualidade na prática educacional, 
convidamos você a adotar uma atitude positiva para construir um 
caminho que o leve não só a atingir os objetivos que propomos, 
mas a compreender que para ser educador é preciso estar atento 
a tudo o que acontece ao ser humano em seus processos de 
desenvolvimento e de aprendizagem.
Desejamos que o estudo deste livro fortaleça o seu propósito de 
tornar-se professor, amplie sua visão do ser humano e seja um 
alicerce para a sua compreensão da educação e da necessidade de 
transformá-la.
Bom proveito!
Maria Odete Vieira Tenreiro
Maria Virgínia Bernardi Berger
Neiva de Oliveira Moro
Priscila Larocca
1
UNIDADE
OBJETIVOS DESTA UNIDADE:
Compreender a construção 
histórica da Psicologia, 
sua relação com os 
questionamentos sobre 
a constituição humana e 
suas contribuições para a 
Educação;
Reconhecer que o estatuto 
científico da Psicologia 
depende da contínua 
investigação de seu objeto 
de estudo, da elaboração 
e aperfeiçoamento de 
métodos e técnicas de 
pesquisa, bem como 
de raciocínios teóricos 
próprios;
Identificar a consciência 
como objeto de estudo da 
ciência psicológica;
Explicar a diversidade de 
teorias psicológicas a partir 
da relação sujeito/
objeto na construção do 
conhecimento psicológico;
Analisar a Psicologia da 
Educação como área que 
contribui para as
práticas pedagógicas a 
partir dos conhecimentos 
sobre desenvolvimento e
aprendizagem;
Identificar na prática 
pedagógica docente 
as principais correntes 
teóricas da Psicologia;
Compreender a diversidade 
teórica como constitutiva 
da Psicologia da Educação.
A RELAÇÃO PSICOLOGIA E EDUCAÇÃO: 
aspectos históricos, campos de contribuição 
e a diversidade de enfoques
ROTEIRO DE ESTUDOS
• Aspectos históricos da construção da Psicologia e de sua 
relação com a Educação.
• Campos de contribuição da Psicologia na Educação.
• A diversidade de enfoques da Psicologia na Educação e o 
uso do critério epistemológico para sua análise.
FILOSOFIA24
PARA INíCIO DE CONVERSA
Prezado cursista,
Desde o final do Século XIX até os dias atuais, a área de 
conhecimento denominada Psicologia da Educação vem se 
construindo progressivamente a fim de responder à necessidade de 
fazer um elo entre conhecimentos advindos da ciência psicológica 
e a teoria e a prática educacionais.
Ao longo desse processo construtivo, diferentes tentativas se 
sucederam: pesquisas foram realizadas, teorias elaboradas e 
práticas repensadas, tendo em vista contribuir para as necessidades 
formativas de professores e educadores, para que estes venham, 
ao atuarem na educação, melhor compreender e intervir em 
situações complexas com as quais se deparam dia após dia.
Contudo, ao nos confrontarmos com as questões educacionais, não 
devemos imaginar que a Psicologia da Educação possa assegurar 
respostas prontas ou soluções imediatas para o campo da prática 
educativa. A ação educacional é de natureza interdisciplinar, o 
que supõe que a Psicologia da Educação nunca estará sozinha na 
compreensão da Educação, pois partilha responsabilidades com 
outras áreas de conhecimento, como, por exemplo, a Sociologia, 
a História, a Economia, a Filosofia, a Política, a Didática, a 
Metodologia, entre outras.
Além disso, a Psicologia da Educação abrange um amplo campo 
de contribuições teóricas sobre diferentes objetos de estudo, 
que ora convergem, ora divergem, exigindo o estudo constante, 
a reflexão aprofundada e o desenvolvimento de uma condição 
crítica que respeite as diferentes perspectivas e esteja atenta 
para as alternativas disponíveis, indagando, investigando conflitos, 
procurando respostas e perguntando sempre sobre as possibilidades 
de melhorar o que já existe.
PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | UNIDADE 1 25
É com esse intuito que, ao iniciarmos o estudo desta unidade – 
A relação Psicologia e Educação: aspectos históricos, campos 
de contribuição e a diversidade de enfoques - visamos trazer a 
você, futuro professor, conteúdos importantes para seus estudos 
e reflexões.
PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | UNIDADE 1 27
ASPECTOS hISTóRICOS DA CONSTRUÇÃO 
DA PSICOLOGIA E DE SUA RELAÇÃO COM 
A EDUCAÇÃO
psicologia começou a ser construída a partir de perguntas 
que os homens começaram a fazer acerca de si próprios: 
Como nos constituímos humanos? Recebemos nossas 
características humanas ao nascer? Ou as adquirimos mediante 
nossas experiências? O que nos difere dos animais? Por que algumas 
pessoas se comportam desta maneira e outras daquela?
Essas e muitas outras perguntas ilustram questões vitais que os 
homens desde a antiguidade já se faziam e que estão na base do 
conhecimento de psicologia que temos hoje.
Os conteúdos que desenvolveremos a seguir pretendem mostrar 
a você como se construiu a ciência Psicologia e como, nesse 
processo, foram colocadas pelos pensadores e pesquisadores 
importantes indagações sobre a constituição do ser humano.
A
FILOSOFIA28
A Psicologia na Filosofia
Podemos dizer que o interesse pela Psicologia remonta aos primeiros 
espíritos questionadores, pois os homens sempre se mostraram 
fascinados por compreender a conduta e a natureza humana. Isso 
explica as razões pelas quais muitas das perguntas que fazemos 
hoje já eram feitas há muitos séculos atrás, demonstrando haver 
uma continuidade do objeto de estudo da Psicologia entre o nosso 
passado e o nosso presente:
Já no século V a.C., Platão, Aristóteles e outros 
sábios gregos se viam às voltas com muitos dos 
mesmos problemas que hoje ocupam os psicólogos: 
a memória, a aprendizagem, a motivação, a 
percepção, a atividade onírica e o comportamento 
anormal (SCHULTZ; SCHULTZ, 1998, p.17).
Até o final do Século XIX, as questões sobre a conduta e a natureza 
humana eram colocadas e estudadas por filósofos mediante 
especulações, intuições e generalizações que partiam de suas 
próprias experiências. Desse modo, os precursores intelectuais da 
Psicologia careciam de métodos e abordagens que permitissem ao 
conhecimento reduzido ser considerado científico. Para você ter 
uma ideia sobre isso, apresentamos a seguir algumas das principais 
influências dos filósofos na construção da Psicologia.
Contribuições de Descartes
Um importante filósofo que teve influência marcante para o 
desenvolvimento da Psicologia foi o francês René Descartes 
(1596-1650) com sua teoria sobre o dualismo mente-corpo. Antes 
de Descartes as pessoas acreditavam que a mente influenciava 
fortemente o corpo, mas este não influenciava a mente. Na Idade 
Média, por exemplo, supunha-se que a mente coordenava funções 
reprodutivas, perceptivas e locomotoras.
Descartes considerava que a função da mente é a capacidade de 
pensar, enquantoos outros processos seriam funções do corpo. 
Apesar da antiguidade do 
seu objeto, a Psicologia 
somente se constituiu como 
estudo científico no final do 
Século XIX, em 1889, com 
Wilhelm Wundt, em Leipzig, 
na Alemanha. Por causa 
disso, Wundt foi considerado 
o fundador da Psicologia 
Moderna.
PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | UNIDADE 1 29
Embora entendesse que a mente influenciava o corpo e o corpo 
influenciava a mente, Descartes abriu caminho para a dualidade 
entre o mundo físico e o mundo psicológico, o que veio a permitir 
estudos de um e de outro que passaram, pouco a pouco, a se apoiar 
em observações objetivas e não mais nas especulações metafísicas 
e abstratas.
Descartes fazia uma interpretação física e mecânica do corpo (cujo 
funcionamento ele entendia como uma máquina). Esta interpretação 
foi a base precursora dos estudos da Fisiologia, que abriram as 
portas da psicologia comportamental do estímulo e da resposta.
Contribuições dos filósofos empiristas 
Os empiristas também contribuíram para a construção da 
Psicologia. Eles eram um grupo de filósofos que se voltavam para 
a compreensão do modo como a mente adquire conhecimento. 
No pensamento dos empiristas, o desenvolvimento da mente se 
dá por meio do acúmulo progressivo de experiências sensoriais 
captadas do mundo exterior.
John Locke (1632-1704), um dos mais 
conhecidos empiristas, entendia que, 
ao nascer, a mente da criança está 
vazia, como se fosse uma página de 
papel em branco. As ideias teriam, 
então, origem no mundo exterior, 
sendo captadas por meio dos sentidos 
(FILHO, 2002).
Locke não admitia a existência de ideias inatas, pois, para ele, 
todo conhecimento tem base empírica, ou seja, é adquirido por 
meio da experiência. Ele distinguia dois tipos de experiências: 
uma derivada da sensação e outra da reflexão. O primeiro tipo 
– a sensação - vem da estimulação direta causada pelos objetos 
exteriores, que causam impressões sensoriais simples. O segundo 
tipo – a reflexão – supõe que a mente também age sobre as 
sensações que recebe, gerando ideias. Todavia, para Locke a 
FILOSOFIA30
reflexão depende sempre de ideias já experimentadas através dos 
sentidos.
Locke também fazia distinção entre ideias simples e complexas. As 
ideias simples podem se originar nas sensações ou nas reflexões, 
mas serão sempre recebidas de maneira passiva pela mente. As 
ideias complexas são formadas pela combinação das ideias simples 
e podem ser decompostas em unidades menores para serem 
analisadas.
Tais contribuições de Locke viriam, mais tarde, a compor a base 
das teorias associacionistas da Psicologia. Segundo Schultz; Schultz 
(1998, p.46):
A associação é um nome mais antigo para o 
processo que viria a ser chamado de aprendizagem. 
A redução, ou análise da vida mental a elementos 
ou ideias simples, e a associação desses elementos 
para compor ideias complexas formaram o núcleo 
da nova psicologia científica.
Ao supor que a mente é vazia e será preenchida por ideias simples 
e complexas advindas da experiência sensorial, a aprendizagem, 
na concepção de Locke, é um processo totalmente passivo, que se 
dá mediante os estímulos originados no mundo exterior.
Contribuições dos filósofos racionalistas
Os racionalistas tinham uma posição contrária à dos empiristas. 
O ponto de vista do racionalismo é o de que o conhecimento 
se baseia essencialmente na razão e não na experiência. Sendo 
assim, os racionalistas defendiam que a mente humana gera 
ideias independentemente dos estímulos externos, pois possui 
capacidades inatas, ou faculdades, para isso.
O pensamento do filósofo alemão Kant (1724-1804) é um exemplo 
desta posição. Kant supunha que a mente surge já com categorias 
a priori (pré-formadas). Para ele tais categorias, como as noções 
de tempo e espaço, impõem-se à experiência pela própria mente 
sob a forma de intuições.
PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | UNIDADE 1 31
Estas contribuições viriam influenciar a 
Psicologia, particularmente aquelas formulações 
teóricas que partiram do pressuposto de que o 
ser humano ao nascer já traz certas capacidades 
inatas.
A ciência psicológica
Como vimos, os filósofos influenciaram marcadamente a construção 
da Psicologia, porém de modo não-científico.
O nascimento da Psicologia como ciência somente veio a acontecer 
na medida em que os pesquisadores passaram a estudar a mente 
humana utilizando procedimentos cuidadosamente controlados de 
observação e experimentação. A partir daí, a Psicologia iniciou 
a construção de uma identidade própria como ciência que a 
distinguiria, sobremaneira, das suas raízes na Filosofia.
Os primórdios da Psicologia Experimental
A Psicologia Experimental nasceu na Alemanha no século XIX, 
com Wundt, embora outros países europeus, como Inglaterra e 
França, também apresentassem progressos significativos rumo ao 
pensamento científico.
A Alemanha foi o país que ofereceu maiores e melhores 
oportunidades para praticar novas técnicas científicas. Seu grande 
número de universidades, com laboratórios bem equipados, a 
liberdade dada aos docentes para a pesquisa, uma concepção de 
ciência que extrapolava o interesse exclusivo pela física e química 
estendendo-se para outras áreas como a biologia, a linguística, 
a história, entre outras, fizeram da Alemanha o terreno profícuo 
para o nascimento e desenvolvimento da Psicologia (SCHULTZ; 
SCHULTZ, 1998).
FILOSOFIA32
É neste cenário que Wundt voltou-se para a fundação da nova 
ciência que viria a ser a Psicologia.
Wilhelm Wundt (1832-1920)
Wundt é considerado o fundador da Psicologia como uma disciplina 
acadêmica formal. Para estudar cientifi camente os processos 
mentais, ele criou o primeiro laboratório de Psicologia Experimental 
na Universidade de Leipzig, Alemanha. Infl uenciado pelas ideias dos 
empiristas, e também pelo trabalho dos fi siologistas e dos físicos, 
Wundt dedicou-se aos estudos sobre a experiência consciente e 
seus elementos.
Wundt deu ênfase à percepção sensorial, seguiu 
mais os empiristas que os racionalistas, estudou 
as sensações e imagens até chegar às percepções 
mais complexas, acreditava estudar os princípios 
de associação, nos quais os elementos mentais se 
combinavam para formar experiências complexas. 
Pensava que os órgãos dos sentidos tinham seus 
processos fi siológicos. Nesse sentido, a psicologia 
experimental foi o sucedâneo mais próximo e com 
mais profundidade da psicologia empirista (FILHO, 
2002, p. 18).
Uma vez iniciada, por Wundt, a construção de uma identidade própria 
para a Psicologia, a evolução do conhecimento na área passou a 
depender do desenvolvimento de maneiras cada vez mais precisas e 
rigorosas para tratar do seu objeto de estudo. A partir daí, a Psicologia 
caminhou no sentido de desenvolver cada vez mais métodos e técnicas 
de pesquisa, bem como raciocínios teóricos próprios.
A Psicologia e a constituição do sujeito
Conforme já vimos, a Psicologia, desde os seus primeiros momentos, 
sempre procurou entender o que faz o homem ser o que ele é. Em 
Wundt defi niu a 
consciência como 
objeto de estudo da 
Psicologia.
Para estudá-la 
utilizou-se do método 
da introspecção, 
em que os sujeitos 
participantes dos 
experimentos 
descreviam suas 
experiências 
interiores. Um de seus 
alunos em Leipzig, 
Titchener (1867-1927), 
viria a desenvolver 
pesquisas nessa 
mesma direção nos 
Estados Unidos.
PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | UNIDADE 1 33
outras palavras, a pergunta básica que guiou a elaboração de todo 
o pensamento na Psicologia reside na questão.
Como nos constituímos sujeitos?
Foi na tentativa de responder a essa pergunta básica que os estudiososde Psicologia construíram hipóteses, formularam teorias, criaram 
métodos e técnicas de investigação. Alguns levantaram suposições 
de que é a nossa natureza que oferece as possibilidades para a 
constituição do sujeito, passando a pesquisar e formular teorias que 
colocaram a ênfase em fatores internos como a hereditariedade e 
a maturação biológica. Outros argumentavam que a natureza não é 
suficiente e procuraram explicar como se constitui o sujeito a partir 
da influência cultural, ou seja, de fatores que são externos ao sujeito 
e situados no ambiente que o cerca.
Outros ainda compreenderam que nem a natureza nem a cultura 
isoladamente são capazes de explicar a constituição do sujeito. 
Com essa compreensão formularam explicações que enfatizam a 
interação natureza-cultura no processo constitutivo do sujeito. 
Desse modo, podemos dizer que foi perguntando acerca da 
constituição do sujeito que toda a Psicologia se desenvolveu. A 
polêmica em torno da separação natureza e cultura no processo 
de constituição humana foi, portanto, superada pelas concepções 
dos interacionistas. Para compreender melhor essa concepção, 
analisemos o famoso caso das meninas-lobo Amala e Kamala.
“Na Índia, onde os casos 
de meninos-lobos foram 
relativamente numerosos, 
descobriram-se, em 1920, 
duas crianças, Amala e 
Kamala, vivendo no meio 
de uma família de lobos. 
A primeira tinha um ano e 
meio e veio a morrer um 
ano mais tarde. Kamala, 
de oito anos de idade, 
viveu até 1929. Não tinham 
nada de humano, e o 
seu comportamento era 
exatamente semelhante 
àquele dos seus irmãos lobos.
Elas caminhavam de quatro, 
apoiando-se sobre os joelhos 
e cotovelos para os pequenos 
trajetos e sobre as mãos e os 
pés para os trajetos longos 
e rápidos. Eram incapazes 
de permanecer em pé. Só se 
alimentavam de carne crua 
ou podre, comiam e bebiam 
como os animais, lançando 
a cabeça para a frente e 
lambendo os líquidos. Na 
instituição onde foram 
recolhidas, passavam o dia 
acabrunhadas e prostradas 
numa sombra; eram ativas 
e ruidosas durante a noite, 
procurando fugir e uivando 
como lobos. Nunca choravam 
ou riam. Kamala viveu oito 
anos na instituição que a 
acolheu, humanizando-se 
lentamente. Ela necessitou 
de seis anos para aprender 
a andar e pouco antes 
de morrer só tinha um 
vocabulário de 50 palavras. 
Atitudes afetivas foram 
aparecendo aos poucos.
Ela chorou pela primeira 
vez por ocasião da morte 
de Amala e se apegou 
lentamente às pessoas que 
cuidaram dela e às outras 
com as quais conviveu.
A sua inteligência permitiu-
lhe comunicar-se com outros 
por gestos, inicialmente, e 
depois por palavras de um 
vocabulário rudimentar, 
aprendendo a executar 
ordens simples” (Texto 
extraído de DAVIS; OLIVEIRA, 
1990, p.16).
FILOSOFIA34
Este caso verídico nos remete à importância da interação entre 
natureza e cultura para a constituição do humano. As meninas 
Amala e Kamala, embora humanas pela sua natureza, ao 
viverem com os lobos e privadas do convívio cultural com os seus 
semelhantes, na verdade não conseguiram se humanizar; ou seja, 
não se constituíram sujeitos humanos. Quando foram encontradas, 
apresentavam comportamentos típicos dos lobos, animais com os 
quais conviviam até então, e ao voltarem a integrar o convívio 
social tiveram grandes dificuldades para se ajustar a ele, uma vez 
que não desenvolveram comportamentos tipicamente humanos, 
como a comunicação pela linguagem, o uso de utensílios para 
comer e beber e o pensamento lógico.
O relato sobre Amala e Kamala nos leva a refletir que a condição 
humana não é um atributo dado pela natureza, mas é constituída 
a partir da interação natureza-cultura.
Assim, não nos constituímos como humanos simplesmente porque 
temos uma natureza que nos dá um aparato biológico para tal.
É necessária a interação. Somos, portanto, extremamente 
dependentes das possibilidades concretas dadas pela vida em 
sociedade. É o convívio social que possibilitará, ou não, interações 
entre o sujeito e os objetos de conhecimento, entre o sujeito e os 
outros sujeitos da vida social.
Sabemos que, ao vir ao mundo, o bebê humano é extremamente 
frágil e dependente. Diferentemente de outras espécies animais, 
cujos filhotes ao nascer já são capazes de buscar o próprio alimento 
e sobreviver por conta própria, o bebê humano não sobrevive 
sozinho, tendo, inclusive, uma infância bastante prolongada 
que paulatinamente vai prepará-lo para a independência. Nesse 
percurso de desenvolvimento ele necessitará da interação com 
outras pessoas, não só para satisfazer as suas necessidades de 
sobrevivência, mas para aprender sobre o que existe no mundo, 
tornar-se consciente, e direcionar suas ações dentro dele.
A Psicologia, como uma ciência da consciência, tem o papel de 
investigar as mudanças que ocorrem no sujeito em sua interação 
Nem só a natureza, 
nem somente o 
meio cultural, mas a 
interação natureza-
cultura!
Os interacionistas 
destacam que o 
organismo e o 
meio exercem ação 
recíproca. Um 
influencia o outro 
e essa interação 
acarreta mudanças 
sobre o indivíduo. É, 
pois, na interação da 
criança com o mundo 
físico e social que 
as características e 
peculiaridades desse 
mundo vão sendo 
conhecidas. Para cada 
criança, a construção 
desse conhecimento 
exige elaboração, 
ou seja, uma ação 
sobre o mundo (DAVIS; 
OLIVEIRA, 1990, p.36).
ORGANISMO MEIO
NATUREZA CULTURA
PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | UNIDADE 1 35
com o mundo (mudanças cognitivas, afetivas, comportamentais, 
sociais, morais etc.). Para dar conta de conhecer o sujeito e 
seu processo constitutivo, desenvolveu campos de investigação 
específicos, com objetos de estudo mais delimitados, como é o 
caso da Psicologia da Educação.
Após a leitura da Seção 1, faça as seguintes atividades 
no espaço reservado para as suas anotações:
Responda:
a) Podemos dizer que a Psicologia remonta aos antigos 
filósofos? Por quê?
b) Quando, como e onde a Psicologia se constituiu como 
um estudo de caráter científico?
c) Que tipo de perguntas os homens fizeram desde os 
seus primórdios e que estão na base do conhecimento 
de psicologia?
d) Wundt é considerado o fundador da Psicologia 
Científica. Faça uma síntese sobre ele e suas ideias.
No quadro abaixo, complete com as ideias centrais dos 
filósofos que influenciaram o nascimento da Psicologia:
DESCARTES LOCKE KANT
FILOSOFIA36
Faça um relato do caso de Amala e Kamala com suas 
palavras, explicando a importância do convívio social 
para os seres humanos.
PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | UNIDADE 1 37
CAMPOS DE CONTRIBUIÇÃO 
DA PSICOLOGIA NA EDUCAÇÃO
inguém nega a presença das variáveis psicológicas no fenômeno 
educativo. Para constatá-las, basta observarmos que muitos 
fenômenos educacionais são, ao mesmo tempo, fenômenos 
interacionais/relacionais, pois supõem sempre interações/relações 
entre sujeitos e entre sujeito e objeto do conhecimento. Aí está, 
portanto, a dimensão psicológica da Educação.
DIMENSÃO PSICOLóGICA DA EDUCAÇÃO
SUJEITO SUJEITO
SUJEITO OBJETO DO CONhECIMENTO
A área de conhecimento que busca relações entre práticas 
educativas e Psicologia é chamada Psicologia da Educação. Nessa 
área, os instrumentos analíticos provêm das teorias, métodos e 
técnicas construídos pela ciência psicológica, enquanto o campo da 
prática situa-se no polo da Educação, prática social multifacetada.
N
FILOSOFIA38
No cotidiano das escolas, e perante a tarefa de ensinar, os 
professores se deparam, constantemente, com temas para os quais 
a Psicologia se apresenta como um dos mais valiosos instrumentos 
reflexivos.
Não háeducador que não se depare com o dilema desenvolvimento 
x aprendizagem, pensamento x linguagem. Como ser professor sem 
conhecer como o ser humano forma seus conceitos sobre o mundo 
que o cerca? Como ensinar a criança sem se deter em sua mais 
importante atividade: o brincar? Como favorecer sua alfabetização 
sem compreender como ela se relaciona com a escrita e sobre qual 
o papel do erro no desenvolvimento cognitivo? O que isto tudo tem 
a ver com o fracasso das crianças na escola e em como superar 
as dificuldades de aprendizagem? Afinal, pode a afetividade nos 
ajudar a ser um professor melhor?
Estas e muitas outras perguntas ilustram problematizações 
inerentes à prática educativa. Buscar interpretá-las, com a ajuda 
da Psicologia, sugere esforços de compreensão acerca do sujeito 
para o qual a prática pedagógica se dirige - o aluno; acerca da 
relação que esse sujeito aluno tem com os objetos de conhecimento 
e com os outros sujeitos de sua cultura; como também acerca do 
papel do sujeito que a conduz – o professor.
Dizemos que a Educação é uma prática social multifacetada porque 
a prática educacional é um espaço contraditório, atravessado por 
condicionantes históricos, sociais, culturais, políticos, individuais. 
Sendo assim, situamos a Psicologia como um recurso para nossas 
reflexões e tomadas de decisões. Isso requer que ultrapassemos 
a visão simplista que acredita ser possível aplicar linearmente 
teorias e técnicas emanadas da ciência psicológica na prática 
educacional cotidiana como se isso, por si só, garantisse o alcance 
de determinados resultados.
PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | UNIDADE 1 39
“A Psicologia da Educação 
compreende, pois, a 
utilização de conclusões 
obtidas em diversas áreas
da ciência psicológica sobre 
assuntos que interessam 
especificamente à educação 
e à investigação de 
problemas relacionados 
às pessoas sob a ação 
educativa.”
Podemos, então, definir Psicologia da Educação, tal como Goulart 
(1987, p.14):
Em se tratando da Psicologia da Educação, os 
campos de maior interesse que nos auxiliam na 
compreensão dos problemas relacionados às pessoas 
sob a ação educativa são os conhecimentos sobre 
os processos de desenvolvimento e aprendizagem.
Segundo Coll Salvador (1999, p.13):
A psicologia da educação está situada em um espaço 
intermediário, por um lado, entre as exigências 
epistemológicas da psicologia científica, com suas 
coordenadas teóricas, conceituais e metodológicas, 
e por outro, entre as exigências de uma ação 
prática, inserida em algumas coordenadas sociais, 
políticas, econômicas e culturais que lhe dão 
sentido.
A seguir, trataremos desses dois temas: desenvolvimento e 
aprendizagem.
Compreendendo o processo de desenvolvimento
Todos nós sabemos que as pessoas mudam com o decorrer do tempo. 
Mudanças físicas são facilmente notadas quando comparamos 
uma criança com um adulto. O próprio processo de crescimento 
biológico se encarrega de nos mostrar que há diferenças marcantes 
entre um e outro, que podem ir desde a estatura física até a ação 
hormonal, que explicam porque uma criança é pequena, por 
exemplo, e um adulto maior e com pelos em determinadas regiões 
do corpo.
Do ponto de vista psicológico, há também mudanças significativas 
durante o ciclo vital das pessoas. A fase da infância mostra-se 
como um período que inicia com uma completa indiferenciação 
da criança em relação ao mundo que a rodeia, culminando com 
intensas descobertas sobre as coisas existentes nesse mundo; já 
a adolescência, em geral, é vivida com grande emotividade e 
coloca a necessidade de definições para o futuro que começam 
FILOSOFIA40
a ser esboçadas pelo sujeito; o período adulto caracteriza-se 
pela maturidade produtiva, constituição de uma família e maior 
autonomia.
Estes exemplos de mudanças são evidências do processo de 
desenvolvimento humano experimentado por cada indivíduo ao 
longo do seu ciclo vital. Neste caso, trata-se de um desenvolvimento 
ontogenético, que ocorre desde a concepção do ser humano até a 
sua morte.
Como pudemos perceber, quando tratamos de desenvolvimento 
nos referimos às mudanças evolutivas das pessoas. Mas, se 
tratamos do desenvolvimento sob o ponto de vista psíquico, 
devemos entender que as mudanças psicológicas (cognitivas, 
comportamentais, afetivas, sociais) não ocorrem espontaneamente, 
pois o fator biológico maturacional é apenas um dos aspectos do 
desenvolvimento humano, mas não o seu todo.
Como seres culturais que somos dependemos da interação social 
para nos tornarmos efetivamente humanos. Lembra-se de Amala 
e Kamala, cujo caso estudamos na Seção 1? Vejamos, agora, uma 
conceituação de Psicologia do Desenvolvimento.
Sendo assim, uma questão fundamental interessa aos educadores e 
pode ser traduzida na seguinte pergunta: Como podemos favorecer, 
por meio da nossa ação educativa, o processo de desenvolvimento 
de funções psicológicas superiores?
Ao formularmos esta questão, compreendemos que o processo de 
desenvolvimento humano está fortemente inter-relacionado com 
os processos educativos.
Como diz Coll Salvador (1999, p.81):
Os conhecimentos e habilidades adquiridos graças 
à participação em situações de interação com os 
outros, e especialmente em situações educativas, 
levariam a níveis mais altos de evolução e de 
desenvolvimento; o desenvolvimento das pessoas 
seria, ao menos em boa parte, o produto da 
influência de fatores externos, entre os quais as 
suas experiências educativas.
Há, também, o 
desenvolvimento 
filogenético, que se 
refere à evolução das 
espécies desde sua 
origem até a espécie 
atual, com todas as 
suas características.
A Psicologia do 
Desenvolvimento pretende 
estudar como nascem e 
como se desenvolvem as 
funções psicológicas que 
distinguem o homem de 
outras espécies. Ela estuda 
a evolução da capacidade 
perceptual e motora, 
das funções intelectuais, 
da sociabilidade e da 
afetividade do ser humano.
Descreve como essas 
capacidades se modificam 
e busca explicar tais 
modificações. Por 
intermédio da Psicologia 
do Desenvolvimento é 
possível constatar que as 
manifestações complexas 
das atividades psíquicas no 
adulto são frutos de uma 
longa caminhada (DAVIS; 
OLIVEIRA, 1990, p.20)
PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | UNIDADE 1 41
Esta visão do desenvolvimento difere substancialmente de uma 
visão centrada exclusivamente na sequência biológica, que entende 
que as mudanças que ocorrem nos sujeitos seriam universais e 
pré-programáveis do ponto de vista orgânico. Pelo contrário, 
compreendemos o desenvolvimento como um processo mediado 
social e culturalmente, o qual possui componentes biológicos, 
mas inclui uma dinâmica e processos que se realizam de fora para 
dentro, vinculando-se à interação e à atividade conjunta com 
outras pessoas (COLL SALVADOR, 1999).
É, portanto, no contexto da interação social que a ação educativa 
ganha importância como fator capaz de promover ou não o 
desenvolvimento humano.
Compreendendo o processo de aprendizagem
Quando consideramos o papel da educação, especialmente da 
educação escolar, temos como objetivo a construção de práticas 
educativas que garantam às crianças e aos jovens um processo de 
aprendizagem significativo. Afinal, em nossa sociedade, a escola é 
a instituição que foi criada com a finalidade de transmitir às novas 
gerações o conhecimento acumulado culturalmente, daí porque 
o processo de ensinar só tem sentido se pensado conjuntamente 
com o processo de aprender.
O processo de aprendizagem é um processo ativo de apropriação, 
pelo sujeito, do mundo em que vive. Segundo Davis e Oliveira 
(1990, p. 20-21): 
Nas inúmeras interações em que se envolve desde 
o nascimento, acriança vai gradativamente 
ampliando suas formas de lidar com o mundo e vai 
construindo significados para as suas ações e para 
as experiências que vive.
É através da interação, portanto, que a criança se apropria dos 
objetos de conhecimento e dos conceitos que seu grupo cultural 
partilha.
No processo interativo, os adultos ou as crianças mais experientes 
orientam a criança por meio de pistas, apoios, modelos, auxílios, 
sugestões, de modo que ela vai se apropriando dos significados 
FILOSOFIA42
das coisas que existem no mundo e dos modos de ação sobre essas 
mesmas coisas.
Esse processo é mediado pela linguagem, a qual, aos poucos, vai se 
interiorizando, integrando-se ao pensamento da criança e formando 
a base sobre a qual se dará o seu funcionamento intelectual. Sendo 
assim, todas as operações intelectuais necessárias ao processo de 
conhecer são ativamente construídas na interação com outras pessoas.
A partir das contribuições da Psicologia da Aprendizagem é 
possível compreender que o papel do professor ao ensinar consiste, 
sobretudo, em propiciar condições para que a relação pedagógica 
na sala de aula e na escola conduza o sujeito à apropriação do 
conhecimento.
Após a leitura da Seção 2, faça as seguintes atividades:
Escreva um texto de 10 a 15 linhas tratando da 
importância da Psicologia na Educação.
Complete o quadro abaixo, com os conceitos de:
PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO APRENDIZAGEM DESENVOLVIMENTO
PSICOLOGIA DO 
DESENVOLVIMENTO
PSICOLOGIA DA 
APRENDIZAGEM
A Psicologia da 
Aprendizagem estuda o 
complexo processo pelo qual 
as formas de pensar e os 
conhecimentos existentes 
numa sociedade são 
apropriados pela criança. 
Para que se possa entender 
esse processo é necessário 
reconhecer a natureza social 
da aprendizagem (DAVIS; 
OLIVEIRA, 1990, p.21).
PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | UNIDADE 1 43
A DIVERSIDADE DE ENFOqUES DA PSICOLOGIA 
NA EDUCAÇÃO E O USO DO CRITéRIO 
EPISTEMOLóGICO PARA SUA ANÁLISE
Psicologia não se constitui um campo de conhecimento 
homogêneo e unificado. Pelo contrário, é uma área 
caracterizada pela multiplicidade de enfoques teóricos 
e por diferentes ângulos na maneira de olhar o humano, sendo 
necessário refletir um pouco mais detidamente sobre essa questão, 
a fim de evitarmos modismos e/ou estereótipos que frequentemente 
circulam em meio a propostas educacionais e entre os professores.
O que ocorre é que, muitas vezes, em nosso país, esta ou aquela 
contribuição teórica acaba por ser absolutizada no âmbito de 
certas propostas pedagógicas, passando a figurar como se fosse 
a única ou a última palavra dita sobre determinado aspecto da 
psicologia humana. Desse modo, não pretendemos dizer aqui que 
o construtivismo piagetiano é melhor para os professores que a 
abordagem histórico-cultural de Vygotsky, ou que a psicologia 
humanista de Rogers traz mais subsídios que o comportamentalismo 
de Skinner, ao analisarmos suas contribuições sobre o que acontece 
na dinâmica de uma sala de aula. A questão não é essa.
A
FILOSOFIA44
Conforme Larocca (1999, p.22):
A Psicologia da Educação ao se voltar para a 
formação de professores não pode correr o risco 
de flutuar segundo modismos que, na maior parte 
das vezes, acabam por distorcer os pressupostos 
teóricos originais e apresentarem-se como soluções 
redentoras para os problemas na Educação.
Para não correr esse risco, posicionamo-nos pelo acesso aos 
vários enfoques teóricos produzidos pela Psicologia da Educação, 
salientando a importância de compreendermos que cada um deles 
se situa dentro de determinados paradigmas que os orientaram em 
meio a forças sociais e culturais presentes no cenário histórico que 
lhes deu origem.
A diversidade teórica da Psicologia na Educação
A diversidade teórica caracteriza a psicologia e faz parte do seu 
processo de construção histórica. Tanto é que Gabby Jr (1986) 
afirma que não temos psicologia, mas psicologias, pois cada teoria 
constituiu um objeto de estudo de maneira diferenciada.
Ao refletirmos sobre as razões da diversidade teórica encontrada 
na Psicologia, devemos considerar que as teorias se amparam em 
determinadas visões de mundo, de homem e da relação homem-
sociedade. Essas visões são seus pressupostos filosóficos e tanto 
podem diferir de uma teoria para outra, como podem convergir, 
ainda que seus objetos sejam diferenciados.
Assim, uma teoria poderá ser chamada de humanista, 
se em sua base conceitual filosófica há uma valorização 
do homem, como entidade incomensurável. Nesse 
sentido, a teoria de Rogers sobre a aprendizagem 
significativa e a teoria de Wallon sobre o papel 
do outro no processo de desenvolvimento, são, 
ambas, teorias humanistas, embora seus objetos 
Enquanto Skinner 
estava preocupado em 
estudar as condições 
que mantêm certos 
comportamentos 
observáveis dos 
indivíduos, Piaget 
tinha como objeto 
estudar como se passa 
de um conhecimento 
menos elaborado para 
um conhecimento mais 
elaborado. Portanto, 
não podemos 
contrapor uma teoria 
à outra, pois cada 
teórico recortou um 
dado objeto para seu 
estudo.
Conforme Figueiredo 
(1991), a pluralidade 
teórica instalou-se 
no seio da psicologia 
desde o momento de 
seu nascimento.
PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | UNIDADE 1 45
de estudo sejam diferentes. Da mesma maneira, 
Wallon e Vygotsky comungam da base filosófica do 
Materialismo Histórico, enquanto Skinner apresenta 
uma teoria empirista e positivista, ao supor que o 
ambiente modela o homem por meio da experiência. 
Já Piaget produziu uma teoria construtivista, pois 
defende que nem o ambiente nem o organismo 
sozinhos promovem o desenvolvimento humano, mas 
sim um processo construtivo em que se faz constante 
a inter-relação entre organismo e meio.
Alguns estudiosos designam as teorias de acordo com as dimensões 
do humano com as quais as teorias operam. Por exemplo, teorias 
cognitivistas são aquelas teorias cujo objeto situa-se no âmbito da 
cognição (intelecto); teorias comportamentalistas possuem obje-
tos de estudo situados na dimensão do comportamento humano.
Então, podemos utilizar variadas maneiras para designar as teorias 
psicológicas. Cada uma dessas maneiras representa um critério 
que foi tomado por alguém para classificá-las. Neste fascículo, to-
mamos o critério epistemológico e das relações homem-sociedade 
para proceder a uma classificação das teorias que mais adiante 
você vai estudar. Passemos, agora, a tentar compreender este tipo 
de critério.
O critério epistemológico e das relações homem-sociedade na 
Psicologia da Educação
A relação fundamental estudada pela Epistemologia é a relação 
sujeito cognoscente – objeto de conhecimento.
A Psicologia, enquanto uma ciência humana, ao longo de sua 
história, construiu teorias que ora enfatizam o sujeito cognoscente 
(aquele que conhece), ora o objeto do conhecimento, sendo essa 
FILOSOFIA46
separação sujeito objeto mais evidenciada quando tratamos de 
fatores internos do sujeito e fatores externos a ele. Sendo assim, 
temos teorias que enfatizam os fatores situados no sujeito, razão 
pela qual são denominadas de teorias subjetivistas, enquanto 
outras privilegiam os fatores externos, os quais correspondem ao 
polo do objeto e são, por isso, denominadas objetivistas. Há, ainda, 
uma terceira posição, superadora das demais, que entende haver 
influências recíprocas entre sujeito e objeto, fatores internos e 
fatores externos. Estas são chamadas de teorias interacionistas. 
Observe, com bastante atenção, os esquemas que se seguem:
S
Sujeito congnoscente
Fatores internos
O
Objeto do conhecimento
Fatores externos
TEORIA SUBJETIVISTA
S O
TEORIA OBJETIVISTAS O
TEORIA INTERACIONISTA
S O
RELAÇÃO EPISTEMOLóGICA
O critério epistemológico para a análise das teorias da Psicologia 
da Educação vincula-se a certos modos de compreender os 
determinantes das relações entre o homem e a sociedade 
(FERREIRA, 1986).
As teorias que enfatizam os fatores internos do sujeito (concepções 
subjetivistas) conferem ao próprio sujeito um papel preponderante, 
pois a realidade (objeto) está submetida a ele. Assim, essas 
teorias ou concepções enfatizam o universo individual, seja por 
qualificarem o homem como um ser essencialmente bom, livre de 
determinações ou limitações sociais e culturais, ou por afirmarem 
a existência de estruturas orgânicas prévias determinantes do ato 
de conhecimento, que seriam universais para todos os sujeitos.
PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | UNIDADE 1 47
As teorias que enfatizam fatores externos ao sujeito (concepções 
objetivistas) consideram o primado do objeto (realidade) sobre o 
sujeito. Nessas teorias ou concepções o homem é visto como um ser 
determinado pelas condições ambientais, modelado totalmente 
pelo meio, um ser passivo cujas condutas são condicionadas pelas 
suas experiências.
Notamos, então, que no subjetivismo há sempre a prioridade 
dos fatores internos, enquanto no objetivismo, centralidade 
nos externos.
As teorias interacionistas partem do pressuposto de que os 
fatores internos ao sujeito e a realidade do objeto, tanto como o 
homem e a sociedade, se influenciam mutuamente. Essa interação 
traz mudanças para ambos. O interacionismo diverge então do 
subjetivismo porque este não considera o papel do ambiente 
sobre o sujeito. Da mesma maneira diverge do objetivismo pela 
desconsideração deste quanto ao papel do sujeito e de suas 
estruturas biológicas.
Para os interacionistas, aprendizagem e desenvolvimento são 
processos construídos durante toda a vida. Isso supõe que nenhum 
indivíduo está pronto ao nascer, ou seja, totalmente submisso às 
pressões externas exercidas pelo meio. É por isso que dizemos que 
a postura interacionista se apresenta como superação das demais, 
especialmente se considerarmos que estas concepções trazem 
implicações para o modo como vemos e assumimos a prática 
pedagógica.
SíNTESE
Nesta unidade, você estudou a respeito da construção da Psicologia 
e suas relações com a Educação. Constatou que mesmo antes de 
a Psicologia se constituir como ciência, os filósofos já faziam 
questionamentos acerca da natureza e da conduta humana. 
Mas, somente no Século XIX, Wundt possibilitou à Psicologia ser 
reconhecida como ciência. Para isso, foi necessária a formulação 
de teorias e de métodos de investigação científicos. 
Na Psicologia da Educação 
temos duas vertentes 
subjetivistas.
Uma tem caráter mais 
filosófico, idealista, e se 
funda no Humanismo e na 
Fenomenologia, entendendo 
o homem como fonte de 
todos os atos, cuja liberdade 
está na sua consciência.
A outra é inatista e tem 
duas origens:
a)na Teologia, que entende 
que o homem, ao nascer, já 
traz uma forma definitiva 
determinada pelo Criador;
b)na Embriologia, cujas 
descobertas revelaram 
sequências invariáveis no 
desenvolvimento humano.
No objetivismo, há uma 
abstração da sociedade. O 
homem é produto de um 
meio ambiente natural, 
visto como totalmente 
independente das condições 
históricas e culturais que 
o produziram (FERREIRA, 
1986).
FILOSOFIA48
A Psicologia evoluiu como a ciência da consciência humana, sempre 
procurando entender o que faz o homem ser o que ele é. Para 
responder a essa questão, formulou diferentes explicações que 
ora se situavam na natureza humana, ora na cultura, evoluindo 
progressivamente para uma perspectiva de interação entre 
natureza e cultura, sujeito e objeto, homem e sociedade.
Em seu processo construtivo, a Psicologia formulou uma pluralidade 
de teorias, cada qual se debruçando sobre dado objeto de estudo 
para entender o humano.
As teorias da Psicologia são imprescindíveis para compreender a 
Educação, uma vez que a prática educativa vivenciada no complexo 
cotidiano das escolas não pode abrir mão das contribuições da 
Psicologia para compreender as relações sujeito-sujeito e sujeito-
objeto do conhecimento. Nesse sentido, ganham importância os 
conhecimentos sobre Aprendizagem e Desenvolvimento.
Aprendemos juntos, portanto, que a Psicologia da Educação é uma 
área de conhecimento que utiliza conclusões obtidas pela ciência 
psicológica em assuntos que interessam à intervenção e à pesquisa 
de questões relacionadas às pessoas em situações educativas.
Após a leitura da Seção 3, faça as seguintes atividades:
Analise se a afirmação abaixo está certa ou errada. 
Em seguida, traga argumentos que justifiquem sua 
resposta:
“A Psicologia da Educação é um campo homogêneo de 
conhecimentos, caracterizado pela unidade teórica”.
PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | UNIDADE 1 49
Tomando por base o critério epistemológico e das 
relações homem-sociedade, responda qual a ideia 
principal que caracteriza:
a) as concepções subjetivistas;
b) as concepções objetivistas;
c) as concepções interacionistas.
2
UNIDADE
OBJETIVOS DESTA UNIDADE:
Caracterizar 
as implicações 
pedagógicas da teoria 
comportamentalista no 
trabalho docente;
Explicitar os principais 
conceitos teóricos da 
Psicologia Humanista na 
relação professor/aluno;
Compreender as 
concepções de aluno 
e de aprendizagem 
decorrentes da 
abordagem inatista.
O DESENVOLVIMENTO E A 
APRENDIZAGEM: teorias que enfatizam o 
sujeito e teorias que enfatizam o objeto
ROTEIRO DE ESTUDOS
• O Comportamentalismo na Psicologia, sua ênfase no mundo 
exterior ao sujeito e suas implicações educacionais.
• A Psicologia Humanista de Carl Rogers: uma concepção 
idealista do sujeito e suas implicações educacionais.
• A ênfase nos fatores biológicos: o inatismo na Psicologia e 
suas implicações educacionais.
FILOSOFIA52
PARA INíCIO DE CONVERSA
Nesta unidade você estudará o desenvolvimento e a aprendizagem 
em termos de teorias que enfatizam o sujeito e teorias que enfatizam 
o objeto. Em cada uma delas, você encontrará determinados 
modos de compreensão do homem (sujeito) e do mundo que o 
rodeia (objeto), razão pela qual a análise epistemológica de cada 
uma delas nos possibilita compreender melhor as relações dessas 
teorias com a educação.
Pretendendo contribuir para que você, professor ou estudante, 
possa situar a multiplicidade de enfoques teóricos a partir de um 
eixo de análise, organizamos esta unidade de estudo que tratará 
de abordagens da Psicologia da Educação que ora privilegiam o 
polo do objeto (Comportamentalismo) e ora privilegiam o polo do 
sujeito (Psicologia Humanista e Inatismo em Psicologia).
Na Seção 1 trazemos - O Comportamentalismo na Psicologia, 
sua ênfase no mundo exterior ao sujeito e suas implicações 
educacionais.
Na Seção 2 apresentamos e fundamentamos a análise da vertente 
idealista do Subjetivismo Psicológico, através da Psicologia 
Humanista de Carl Rogers.
Na Seção 3 discutimos a ênfase nos fatores biológicos, desenvolvendo 
a abordagem inatista da Psicologia e suas implicações educacionais.
Sugerimos que você realize uma leitura criteriosa dessas 
abordagens, analisando cada uma delas de maneira crítica e 
fundamentada. 
Esperamos que você faça uma boa leitura das seções que se 
seguem.
PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | UNIDADE 2 53
O COMPORTAMENTALISMO NA 
PSICOLOGIA, SUA êNFASE NO MUNDO 
ExTERIOR AO SUJEITO E SUAS 
IMPLICAÇÕES EDUCACIONAIS
esta seção trazemos a você as principais ideias do 
Comportamentalismo. As teorias comportamentais 
constituem o que chamamosde Objetivismo em Psicologia da 
Educação. Essas teorias partem do pressuposto geral condutivista 
de que o ambiente determina o comportamento humano. Esse 
pressuposto é bem claro nas palavras de Watson, pioneiro do 
comportamentalismo norte-americano:
Deem-me uma dúzia de crianças saudáveis, bem 
formadas, e o mundo que eu especificar para criá-
las, e garanto poder tomar qualquer uma ao acaso 
e treiná-la para ser o especialista que se escolher – 
médico, advogado, artista, gerente comercial e até 
mesmo mendigo ou ladrão, independentemente de 
seus talentos, inclinações, tendências, habilidades, 
vocações e da raça de seus ancestrais (HEIDBREDER, 
1981, p. 218).
N
FILOSOFIA54
Além da crença no poder do meio ambiente em modificar os indivíduos, 
o sistema behaviorista em Psicologia, fundado sob bases empiristas 
e positivistas, apresenta como principais características teóricas: 
uma inclinação pragmática; o interesse pelos comportamentos 
observáveis e mensuráveis; a rejeição à introspecção; e a adesão a 
uma psicologia associacionista e hedonista.
As experiências determinam o comportamento?
Os ambientalistas enfatizam o papel e a importância dos fatores 
externos no comportamento. Então, é importante lembrar que, 
para eles, não existem aptidões e capacidades intelectuais inatas 
que possam gerar determinadas respostas frente a determinados 
estímulos. Sem negar a existência de processos internos no 
desenvolvimento do indivíduo, consideram que esses processos não 
podem ser observados e, por isso, não podem ser comprovados. 
Desse modo, ignora-se no behaviorismo tudo o que não possa ser 
comparado, testado, confrontado e experimentado sob a luz da 
ciência natural.
O que determina o comportamento do indivíduo é o repertório 
de experiências e aprendizagens que ele tem durante a sua vida. 
O meio tem o poder de modelar a conduta humana e animal, 
através de processos de condicionamento, em que, para todo 
estímulo apresentado, o organismo produz uma resposta (S-R), e 
esta pode ser mantida (ou excluída) por intermédio do controle de 
contingências que estão no meio (FONTANA; CRUZ, 1998).
Você entendeu o que determina o comportamento das pessoas 
segundo a concepção objetivista?
Skinner é o mais importante behaviorista. Doutor em Psicologia, 
em Harvard, criou a Teoria do Condicionamento Operante, a qual 
considera que “a aprendizagem se dá [...] apoiando-se [...] em 
comportamentos emitidos pelo próprio organismo que são seguidos 
de alguma consequência” (FONTANA; CRUZ, 1998, p. 27).
BEHAVIOR = 
COMPORTAMENTO
PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | UNIDADE 2 55
Na verdade, Skinner baseou-se inicialmente nos experimentos 
do russo Pavlov com animais, que explicou o processo de 
condicionamento respondente, em que a aprendizagem se dá pela 
associação de um reflexo do organismo a um estímulo neutro, cuja 
repetição evoca a mesma resposta do organismo.
A teoria do Condicionamento Reflexo ou Condicionamento 
Clássico de Pavlov
Pavlov foi um grande fisiologista que se dedicou especialmente 
à pesquisa científica. Graças ao seu trabalho sobre glândulas 
digestivas, foi agraciado, em 1904, com o Prêmio Nobel e veio a 
contribuir sobremaneira para a história da Psicologia estudando os 
reflexos condicionados em animais.
Pavlov notou que havia um processo de salivação natural diante do 
alimento em um cão. Essa salivação natural é uma resposta reflexa 
(incondicionada), ou seja, uma reação inata, não-aprendida pelo 
cão diante da presença de alimentos. Após fazer uma intervenção 
cirúrgica no cão para recolher seu fluxo de saliva, Pavlov passou a 
apresentar o alimento acompanhado do som de uma campainha, 
ou seja, cada vez que a comida era apresentada, a campainha 
tocava. Após várias repetições dessa apresentação conjunta 
do alimento e campainha, Pavlov observou que a saliva do cão 
escorria simplesmente quando este ouvia o som da campainha, 
verificando-se, portanto, que o som substituiu o efeito do estímulo 
natural (comida), tornando-se capaz de produzir a salivação, que 
passou a ser, então, uma resposta condicionada.
FILOSOFIA56
Podemos definir condicionamento reflexo como aquele que 
abrange reações naturais do organismo frente a estímulos 
específicos; ou seja, respostas são provocadas frente a 
determinados estímulos.
Os fatores que influem para o condicionamento reflexo são a 
simultaneidade (do estímulo natural e estímulo artificial) e a 
repetição dessa apresentação. As respostas que passarão a ser 
dadas diante do estímulo artificial são as respostas condicionadas.
Na perspectiva do Condicionamento Reflexo, a aprendizagem é a 
“aquisição de uma reação pela substituição de estímulos naturais por 
estímulos neutros, que se tornam condicionados pela sua ocorrência 
simultânea ou contígua aos primeiros (CAMPOS, 1986, p.187).
Embora entendida como aprendizagem pelos behavioristas, e 
estendida da psicologia animal para a psicologia humana, podemos 
notar que a aquisição da reação reflexa condicionada nada mais é 
que uma forma cega de mudança de comportamento, que difere 
substancialmente de uma aprendizagem voluntária que se dá 
mediante a atividade mental do aprendiz.
Contudo, percebemos que, em nossa vida cotidiana, adquirimos 
muitos condicionamentos. Por exemplo: uma criança toma uma 
injeção dolorosa dada por uma enfermeira vestida de branco e 
passa a chorar sempre que vê alguém vestido de branco. A criança 
que ouve a mãe dizer “não” quando se aproxima do fogão tende 
a evitar aproximar-se do mesmo. De igual maneira, muitas das 
nossas atitudes, gostos, repugnâncias, hábitos e sentimentos 
que vivenciamos como adultos são adquiridos pela via do 
condicionamento reflexo.
Teoria do Condicionamento Operante
A partir de Pavlov e Watson, outra teoria com base na associação 
estímulo-resposta viria a se desenvolver e ocupar lugar 
proeminente a Psicologia. Esta teoria foi a do Condicionamento 
PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | UNIDADE 2 57
Operante, desenvolvida por Skinner (1904-1990), um professor da 
Universidade de Harvard.
Skinner é o mais importante dos behavioristas e, tal como seus 
antecessores, também concebeu o homem como um ser neutro 
e passivo perante os estímulos ambientais. Para Skinner, o 
comportamento se reduz apenas ao que é observável e possível 
de ser mensurado. Por isso, não lhe interessava estudar eventos 
ou fenômenos internos que não podiam ser observados, razão pela 
qual não levou em consideração o que ocorre dentro da mente dos 
indivíduos durante o processo de aprendizagem.
Os experimentos de Skinner foram realizados, em sua maioria, 
com animais, especialmente ratos e pombos, dos quais fez 
extrapolações para o comportamento humano.
O experimento básico que permitiu explicar o condicionamento 
operante foi feito colocando-se um rato com fome dentro de uma 
caixa à prova de luz e som exteriores (havia na caixa um orifício 
para receber água, uma bandeja para alimento, uma barra horizontal 
ligada a um depósito de alimentos que deixava cair certa quantidade 
cada vez que a barra era pressionada). Após explorar aleatoriamente 
o interior da caixa, o rato batia na barra que deixava cair o alimento. 
O que Skinner observou foi que cada vez que o rato era colocado 
novamente dentro da caixa não mais fazia movimentos exploratórios 
aleatórios, indo de imediato acionar o dispositivo que lhe traria o 
alimento. Ou seja, o comportamento de pressionar a barra foi 
adquirido em função da recompensa que adveio à resposta.
A partir desse experimento básico, Skinner concluiu que: “O 
comportamento é controlado por suas consequências” (MOREIRA, 
1983, p.12).
Tais consequências nada mais são do que estímulos que se seguem 
a uma resposta.Esses estímulos ou eventos tendem a aumentar a 
probabilidade de a resposta dada se repetir outras vezes, tal como 
acontece com uma criança que frequentemente faz seus deveres 
de casa, sem que ninguém a pressione para isso, porque recebeu 
um elogio significativo da sua professora, numa dada ocasião em 
que fez os deveres solicitados.
FILOSOFIA58
Ou seja, o elogio foi um estímulo posterior à resposta de fazer os 
deveres e aumentou a probabilidade de essa criança fazê-los. Esse 
estímulo posterior à resposta foi chamado por Skinner de reforço.
Sendo assim, o condicionamento operante é o processo através do 
qual uma resposta se torna mais provável ou mais frequente.
Skinner entendia que há duas espécies de reforço: os positivos e 
os negativos.
Os Reforços Positivos são aqueles que aumentam a frequência 
de uma resposta pelo acréscimo de algo na situação; ou seja, um 
reforço positivo consiste em adicionar alguma coisa ao ambiente 
do indivíduo, por exemplo: água, um sorriso do professor, um 
alimento.
Os Reforços Negativos aumentam a frequência da resposta pela 
retirada ou cessação de alguma coisa da situação. Como exemplos 
podemos citar: a retirada da carranca do professor, a cessação 
de um som alto ou de um choque elétrico. Nesses casos, embora 
algo seja retirado da situação, esta retirada resulta satisfatória, 
advindo, então, o aumento da probabilidade da resposta.
Os reforços também se diferenciam quanto às suas origens. 
São chamados de Reforços Primários ou Incondicionados aqueles 
que se ligam à sobrevivência do indivíduo como, por exemplo, a 
água, o alimento, o repouso.
Já os Reforços Secundários são aqueles cuja propriedade 
reforçadora foi adquirida na vida social. Exemplos: prestígio, 
dinheiro, fama, poder, atenção, aprovação etc.
Quando não mais existe a ocorrência de um reforço, a resposta 
tende a se tornar cada vez menos frequente. Esse processo 
denomina-se extinção. Uma vez que determinada resposta já 
tenha sido reforçada, a extinção corresponde ao abandono dessa 
mesma resposta (Pesquisas indicam que, no início, a extinção 
provoca agressividade).
Podemos, então, 
conceituar reforço 
como: evento que 
segue à resposta 
e aumenta a 
probabilidade de sua 
ocorrência.
Outras formas 
de conceituar o 
condicionamento 
operante são: 
- aumento de 
frequência de uma 
resposta quando 
esta for seguida de 
estímulo reforçador; 
-fortalecimento 
de respostas pela 
apresentação ou 
supressão de estímulos 
consequentes 
(reforço).
PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | UNIDADE 2 59
Assim, na perspectiva ambientalista a aprendizagem é a modificação 
do comportamento observável em função da experiência, 
considerando-se importante analisar rigorosamente a relação 
entre os estímulos presentes e as contingências do meio sobre a 
conduta humana, de modo a permitir a previsão e o controle do 
comportamento (GUERRA, 1998).
Implicações educacionais
A abordagem skinneriana do ensino compreende uma tecnologia 
educacional condizente e com objetivos comportamentais 
claramente definidos.
Do ponto de vista do processo educacional, tal concepção leva a 
uma grande valorização dos aspectos técnicos no planejamento, 
organização e avaliação do ensino e, também, do papel diretivo 
do professor. Nesse sentido, o processo de ensino implica o 
arranjo de contingências de reforço, pelo professor, eficazes para 
controlar as respostas a serem dadas pelos estudantes, levando-
os a exercitar ou treinar as habilidades desejadas e a excluir as 
indesejadas, através de uma programação minuciosa de atividades 
educacionais.
Uma das formas de aplicação do condicionamento operante nas 
práticas escolares que teve grande repercussão em nossa educação 
é a Instrução Programada.
Veja, a seguir, o que diz Campos (1986, p.197) sobre a Instrução 
Programada:
A instrução programada é um sistema de ensino e 
aprendizagem, no qual a matéria preestabelecida 
é subdividida em etapas reduzidas, discretas e 
cuidadosamente organizadas em uma sequência 
lógica, que pode ser prontamente aprendida 
pelos estudantes. Cada etapa organiza-se, 
deliberadamente, baseada na que a precedeu. 
O aprendiz pode evoluir através da sequência 
de etapas, em seu ritmo peculiar, e é reforçado, 
imediatamente, depois de cada etapa; ou se lhe 
oferece a resposta correta ou se lhe permite 
avançar para a etapa seguinte, depois de registrar 
a resposta correta.
Na perspectiva do 
condicionamento operante, 
a aprendizagem é definida 
como uma mudança no 
comportamento observável, 
ou seja, uma modificação 
nas respostas dadas pelo 
indivíduo.
Contingência - relação 
entre o comportamento e os 
acontecimentos ambientais 
que influenciam esse 
comportamento.
FILOSOFIA60
Moreira (1983, p.17) esclarece acerca dos princípios básicos que 
regem a tecnologia da Instrução Programada. Estes princípios são 
os seguintes:
1. Pequenas etapas: a informação é apresentada através de um 
grande número de pequenas e fáceis etapas. O uso de peque-
nas etapas facilita a emissão de respostas a serem reforçadas 
e diminui a probabilidade de cometer erros (segundo Skinner, 
o erro cometido é aprendido e, portanto, os erros devem ser 
minimizados e os acertos maximizados).
2. Resposta ativa: o aluno aprende melhor se participa ativamente 
da aprendizagem.
3. Verificação imediata: o aluno apreende melhor quando verifica 
sua resposta imediatamente.
4. Ritmo próprio: cada aluno pode trabalhar tão rápida ou 
lentamente quanto desejar.
5. Testagem do programa: testagem através da atuação do aluno. 
Se a apresentação de algum quadro (frame) não estiver clara, 
isto se refletirá nas respostas do estudante.
Os princípios do condicionamento operante tiveram e ainda têm 
grande influência nas práticas educacionais, especialmente nas 
escolas.
O que observamos é que os professores utilizam os princípios do 
condicionamento operante mesmo sem ter consciência deles, o 
que nos leva a concluir que o condicionamento é uma realidade no 
interior de nossas salas de aula.
Críticas ao Behaviorismo na Educação
O Behaviorismo é, provavelmente, a teoria da Psicologia que mais 
críticas recebe na área educacional. A análise crítica de autores 
como Ferreira (1986), Patto (1987), Guerra (1998) sobre a relação 
entre Comportamentalismo e Educação enfatiza o individualismo e 
a concepção mecânica de aprendizagem, assim como a passividade 
a que está sujeito o aluno num processo que não leva em conta sua 
atividade cognitiva.
PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | UNIDADE 2 61
Você conhece as críticas ao Comportamentalismo na Educação?
Guerra (1998, p.37) traduz isso da seguinte forma:
Psicólogos e educadores, produzindo ou aplicando conhecimentos 
com essa representação, procuravam tornar-se modificadores de 
comportamento, buscando a adaptação dos indivíduos numa so-
ciedade a-histórica. Essa adaptação deveria se dar nos termos dos 
padrões de conduta considerados adequados. [...] A escola cum-
priu, dessa maneira, a função de transmissão da cultura, através 
das modificações de comportamento que são consideradas desejá-
veis para a sociedade. [...] Como a sociedade requeria indivíduos 
habilidosos, tecnicamente capazes, obedientes e passivos às suas 
determinações, a escola se esmerou em traduzir na sua prática 
cotidiana tais expectativas.
Ferreira (1986) diz que a concepção objetivista representa, 
na prática, uma das formas convenientes para que o sistema 
capitalista treine e discipline a mão-de-obra que lhe é necessária 
para o acúmulo do capital.
Embora o Comportamentalismo tenha contribuído para a prática 
pedagógica como um alerta sobre a importância de os professores 
elaborarem seus planos de ação

Outros materiais

Outros materiais