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1 2 APRESENTAÇÃO Este texto é destinado aos estudantes do curso de Física que participam do programa de Educação a Distância da Universidade Aberta do Piauí (UAPI), vinculado ao consórcio formado pela Universidade Federal do Piauí (UFPI), Universidade Estadual do Piauí (UESPI), Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí, com apoio do Governo do Estado do Piauí, através da Secretaria de Educação, e tem por objetivo introduzir de forma sucinta um estudo de equações diferenciais, concentrado em vários exemplos simples de equações diferenciais ordinárias de primeira e segunda ordem, além de mostrar exemplos de problemas da Física, que envolvem esses tipos de equações, de forma que iniciantes nessa área tenham total compreensão do assunto em estudo. O texto é composto de 07 unidades, contendo itens e subitens que discorrem sobre: Na Unidade 1: História das Equações Diferenciais Na Unidade 2: Conceitos Fundamentais Na Unidade 3: Equações de Primeira Ordem e Primeiro Grau Na Unidade 4: Equações Homogêneas Na Unidade 5: Equações Diferenciais Exatas Na Unidade 6: Equações Lineares de Primeira Ordem Na Unidade 7: Equações Lineares de Segunda Ordem 3 Unidade 1 - História das equações diferenciais ...................................... 7 Unidade 2 - Conceitos fundamentais ....................................................... 18 2.1 Equação diferencial ............................................................................. 18 2.1.1 Equação Diferencial Ordinária e Parcial.............................................. 18 2.2 Ordem de uma equação diferencial ................................................... 19 2.3 Grau de uma equação diferencial ....................................................... 19 2.4 Solução de uma equação diferencial .................................................. 20 2.5 Resolução de uma equação diferencial ............................................. 21 2.6 Tipos de solução .................................................................................. 21 2.7 Interpretação geométrica .................................................................... 22 2.8 Bibliografia ........................................................................................... 32 2.9 Web – Bibliografia ................................................................................ 33 Unidade 3 – Equações de 1ª ordem e 1º grau ............................................ 36 3.1 Definição ............................................................................................... 36 3.2 Equações de variáveis separáveis ..................................................... 36 3.3 Resolução de equações diferenciais de variáveis Separáveis ................................................................................................. 37 4 3.4 Aplicações: Problemas Geométricos ................................................. 45 3.5 Trajetórias ortogonais .......................................................................... 56 3.6 Bibliografia ............................................................................................ 67 3.7 Web-Bibliografia ................................................................................... 67 Unidade 4 - Equações homogêneas ......................................................... 70 4.1 Definição: Equação homogênea ......................................................... 70 4.2 Definição: Equação Diferencial Homogênea ...................................... 70 4.3 Resolução de uma equação diferencial homogênea ........................ 70 4.4 Equações redutíveis às homogêneas ................................................. 77 4.5 Bibliografia ............................................................................................ 92 4.6 Web-Bibliografia ................................................................................... 92 Unidade 5- Equações diferenciais exatas ................................................ 96 5.1 Definição: Equação Diferencial Exata ................................................ 96 5.2 Teorema: Caracterização de diferenciais exatas ............................... 96 5.3 Fator integrante .................................................................................... 102 5.4 Pesquisa do fator integrante ............................................................... 102 5.5 Bibliografia ............................................................................................ 111 5.6 Web-bibliografia ................................................................................... 111 5 Unidade 6- Equações lineares de primeira ordem .................................. 114 6.1 Definição: Equações lineares ............................................................. 114 6.2 Métodos de resolução ......................................................................... 114 6.2.1 Método da Substituição ou Método de Lagrange ............................... 114 6.2.2 Método do Fator Integrante ................................................................. 117 6.3 Equação de Bernoulli ............................................................................. 126 6.4 Bibliografia ........................................................................................... 141 6.5 Web-Bibliografia ..................................................................................... 142 Unidade 7- Equações lineares de segunda ordem .................................. 146 7.1 Definição ............................................................................................... 146 7.2 Equação diferencial com coeficientes constantes ........................... 147 7.3 Equação característica ....................................................................... 148 7.4 Solução de uma equação homogênea com coeficientes constantes .................................................................................................. 149 7.5 Solução de uma equação não homogênea com coeficientes constantes .................................................................................................. 153 7.5.1 Método dos Coeficientes a Determinar ............................................... 153 7.5.2 Método da Variação dos Parâmetros de Lagrange ............................. 158 7.6 Bibliografia ........................................................................................... 165 7.7 Web-bibliografia ................................................................................... 165 6 7 Unidade I HISTÓRIA DAS EQUAÇÕES DIFERENCIAIS De várias maneiras, equações diferenciais são o coração da análise e do cálculo, dois dos mais importantes ramos da matemática nos últimos 300 anos. Equações diferenciais são uma parte integral ou um dos objetivos de vários cursos de graduação de cálculo. Como uma ferramenta matemática importante para ciências físicas, a equação diferencial não tem igual. Assim, é amplamente aceito que equações diferenciais são importantes em matemática pura e aplicada. A história sobre este assunto é rica no seu desenvolvimento e é isso que estaremos olhando aqui. Os fundamentos deste assunto parecem estar dominados pelas contribuições de um homem, Leonhard Euler, já que podemos dizer que a história deste assunto começa e termina com ele. Naturalmente, isso seria uma simplificação grosseira do seu desenvolvimento. Existem vários contribuintes importantes, e aquelesque vieram antes de Euler foram necessários para que ele pudesse entender o cálculo e a análise necessários para desenvolver muitas das ideias fundamentais. Os contribuintes depois de Euler refinaram seu trabalho e produziram ideias inteiramente novas, inacessíveis à perspectiva do século 18 de Euler e sofisticadas além do entendimento de apenas uma pessoa. Esta é a história do desenvolvimento das equações diferenciais. Daremos uma pequena olhada nas pessoas, nas equações, nas técnicas, na teoria e nas aplicações. A história começa com os inventores do cálculo, Fermat, Newton e Leibniz. A partir do momento que estes matemáticos brilhantes tiveram entendimento suficiente e notação para a derivada, esta logo apareceu em equações e o assunto nasceu. Contudo, logo descobriram que as soluções para estas equações não eram tão fáceis. As manipulações simbólicas e Texto retirado do endereço abaixo: www.ufmt.br/ma tematica/geraldo /histed. html webmaster:Gera ldo L. Diniz 8 simplificações algébricas ajudaram apenas um pouco. A integral (antiderivada) e seu papel teórico no Teorema Fundamental do Cálculo ofereceu ajuda direta apenas quando as variáveis eram separadas, em circunstâncias muito especiais. O método de separação de variáveis foi desenvolvido por Jakob Bernoulli e generalizado por Leibniz. Assim, estes pesquisadores iniciais do século 17 focalizaram estes casos especiais e deixaram um desenvolvimento mais geral das teorias e técnicas para aqueles que os seguiram. Ao redor do início do século 18, a próxima onda de pesquisadores de equações diferenciais começou a aplicar esses tipos de equações a problemas em astronomia e ciências físicas. Jakob Bernoulli estudou cuidadosamente e escreveu equações diferenciais para o movimento planetário, usando os princípios de gravidade e momento desenvolvidos por Newton. O trabalho de Bernoulli incluiu o desenvolvimento da catenária e o uso de coordenadas polares. Nesta época, as equações diferenciais estavam interagindo com outros tipos de matemática e ciências para resolver problemas aplicados significativos. Halley usou os mesmos princípios para analisar a trajetória de um cometa que hoje leva seu nome. O irmão de Jakob, Johann Bernoulli, foi, provavelmente, o primeiro matemático a entender o cálculo de Leibniz e os princípios de mecânica para modelar matematicamente fenômenos físicos usando equações diferenciais e a encontrar suas soluções. Ricatti (1676-1754) começou um estudo sério de uma equação em particular, mas foi limitado pelas teorias do seu tempo para casos especiais da equação que leva hoje seu nome. Os Bernoullis, Jakob, Johann e Daniel, todos estudaram os casos da equação de Ricatti também. Na época, Taylor usou séries para "resolver" equações diferenciais, outros desenvolveram e usaram estas séries para vários propósitos. Contudo, o desenvolvimento de Taylor de diferenças finitas começou um novo ramo da matemática intimamente relacionado ao desenvolvimento das equações diferenciais. No início do século 18, este e muitos outros matemáticos tinham acumulado uma crescente variedade de técnicas para analisar e resolver muitas variedades de equações diferenciais. Contudo, muitas equações ainda eram desconhecidas em termos de propriedades ou métodos de 9 resolução. Cinquenta anos de equações diferenciais trouxeram progresso considerável, mas não uma teoria geral. O desenvolvimento das equações diferenciais precisava de um mestre para consolidar e generalizar os métodos existentes e criar novas e mais poderosas técnicas para atacar grandes famílias de equações. Muitas equações pareciam amigáveis, mas tornaram-se decepcionantemente difíceis. Em muitos casos, técnicas de soluções iludiram perseguidores por cerca de 50 anos, quando Leonhard Euler chegou à cena das equações diferenciais. Euler teve o benefício dos trabalhos anteriores, mas a chave para seu entendimento era seu conhecimento e percepção de funções. Euler entendeu o papel e a estrutura de funções, estudou suas propriedades e definições. Rapidamente achou que funções eram a chave para entender equações diferenciais e desenvolver métodos para suas resoluções. Usando seu conhecimento de funções, desenvolveu procedimentos para soluções de muitos tipos de equações. Foi o primeiro a entender as propriedades e os papéis das funções exponenciais, logarítmicas, trigonométricas e muitas outras funções elementares. Euler também desenvolveu várias funções novas baseadas em soluções em séries de tipos especiais de equações diferenciais. Suas técnicas de conjecturar e encontrar os coeficientes indeterminados foram etapas fundamentais para desenvolver este assunto. Em 1739, desenvolveu o método de variação de parâmetros. Seu trabalho também incluiu o uso de aproximações numéricas e o desenvolvimento de métodos numéricos, os quais proveram "soluções" aproximadas para quase todas as equações. Euler então continuou aplicando o trabalho em mecânica que levou a modelos de equações diferenciais e soluções. Ele era o mestre de que este assunto necessitava para se desenvolver além de seu início primitivo, tornando-se um assunto coeso e central ao desenvolvimento da matemática aplicada moderna. Depois de Euler vieram muitos especialistas que refinaram ou estenderam muitas das ideias de Euler. Em 1728, Daniel Bernoulli usou os métodos de Euler para ajudá-lo a estudar oscilações e as equações diferenciais que produzem estes tipos de soluções. O trabalho de D'Alembert em física matemática envolveu equações diferenciais parciais e explorações 10 por soluções das formas mais elementares destas equações. Lagrange seguiu de perto os passos de Euler, desenvolvendo mais teoria e estendendo resultados em mecânica, especialmente equações de movimento (problema dos três corpos) e energia potencial. As maiores contribuições de Lagrange foram, provavelmente, na definição de função e propriedades, o que manteve o interesse em generalizar métodos e analisar novas famílias de equações diferenciais. Lagrange foi, provavelmente, o primeiro matemático com conhecimento teórico e ferramentas suficientes para ser um verdadeiro analista de equações diferenciais. Em 1788, ele introduziu equações gerais de movimento para sistemas dinâmicos, hoje conhecidas como equações de Lagrange. O trabalho de Laplace sobre a estabilidade do sistema solar levou a mais avanços, incluindo técnicas numéricas melhores e um melhor entendimento de integração. Em 1799, introduziu as ideias de um laplaciano de uma função. Laplace claramente reconheceu as raízes de seu trabalho quando escreveu "Leia Euler, leia Euler, ele é nosso mestre". O trabalho de Legendre sobre equações diferenciais foi motivado pelo movimento de projéteis, pela primeira vez levando em conta novos fatores tais como resistência do ar e velocidades iniciais. Lacroix foi o próximo a deixar sua marca. Trabalhou em avanços nas equações diferenciais parciais e incorporou muitos dos avanços desde os tempos de Euler ao seu livro. A contribuição principal de Lacroix foi resumir muitos dos resultados de Euler, Lagrange, Laplace e Legendre. O próximo na ordem foi Fourier. Sua pesquisa matemática trouxe contribuições ao estudo e cálculos da difusão de calor e à solução de equações diferenciais. Muito deste trabalho aparece em The Analytical Theory of Heat (A Teoria Analítica do Calor,1822) de Fourier, no qual ele fez uso extensivo da série que leva seu nome. Este resultado foi uma ferramenta importante para o estudo de oscilações. Fourier, contudo, pouco contribuiu para a teoria matemática desta série, a qual era bem conhecida anteriormente por Euler, Daniel Bernoulli e Lagrange. As contribuições de Charles Babbage vieram por uma rota diferente. Ele desenvolveu uma máquinade calcular chamada de Máquina de Diferença, que usava diferenças finitas para aproximar soluções de equações. 11 O próximo avanço importante neste assunto ocorreu no início do século 19, quando as teorias e conceitos de funções de variáveis complexas se desenvolveram. Os dois contribuintes principais deste desenvolvimento foram Gauss e Cauchy. Gauss usou equações diferenciais para melhorar as teorias das órbitas planetárias e gravitação. Gauss estabeleceu a teoria do potencial como um ramo coerente da matemática. Também reconheceu que a teoria das funções de uma variável complexa era a chave para entender muitos dos resultados necessários em equações diferenciais aplicadas. Cauchy aplicou equações diferenciais para modelar a propagação de ondas sobre a superfície de um líquido. Os resultados são agora clássicos em hidrodinâmica. Inventou o método das características, o qual é importante na análise e solução de várias equações diferenciais parciais. Cauchy foi o primeiro a definir completamente as ideias de convergência e convergência absoluta de séries infinitas e iniciou uma análise rigorosa de cálculo e equações diferenciais. Também foi o primeiro a desenvolver uma teoria sistemática para números complexos e a desenvolver a transformada de Fourier para prover soluções algébricas para equações diferenciais. Depois destas grandes contribuições de Gauss e Cauchy, outros puderam refinar estas teorias poderosas e aplicá-las a vários ramos da ciência. Os trabalhos iniciais de Poisson em mecânica apareceram em Traité de mécanique em 1811. Aplicou seu conhecimento de equações diferenciais a aplicações em física e mecânica, incluindo elasticidade e vibrações. Muito de seu trabalho original foi feito na solução e análise de equações diferenciais. Outro aplicador destas teorias foi George Green. O trabalho de Green em fundamentos matemáticos de gravitação, eletricidade e magnetismo foi publicado em 1828 em An Essay on the Application of Mathematical Analysis to Electricity and Magnetism. A matemática de Green proveu a base na qual Thomson, Stokes, Rayleigh, Maxwell e outros construíram a teoria atual do magnetismo. Bessel era um amigo de Gauss e aplicou seu conhecimento sobre equações diferenciais à astronomia. Seu trabalho sobre funções de Bessel foi feito para analisar perturbações planetárias. Posteriormente estas construções foram usadas para resolver equações diferenciais. Ostrogradsky colaborou com Laplace, Legendre, 12 Fourier, Poisson e Cauchy enquanto usava equações diferenciais para desenvolver teorias sobre a condução do calor. Joseph Liouville foi o primeiro a resolver problemas de contorno resolvendo equações integrais equivalentes, um método refinado por Fredholm e Hilbert no início da década de 1900. O trabalho de Liouville sobre a teoria de integrais de funções elementares foi uma contribuição substancial para soluções de equações diferenciais. As investigações teóricas e experimentais de Stokes cobriram hidrodinâmica, elasticidade, luz, gravitação, som, calor, meteorologia e física solar. Ele usou modelos de equações diferenciais em todos os campos de estudo. Na metade do século 19, uma nova estrutura era necessária para atacar sistemas de mais de uma equação diferencial. Vários matemáticos vieram em socorro. Jacobi desenvolveu a teoria de determinantes e transformações em uma ferramenta poderosa para avaliar integrais múltiplas e resolver equações diferenciais. A estrutura do jacobiano foi desenvolvida em 1841. Como Euler, Jacobi era um calculador muito hábil e um perito numa variedade de campos aplicados. Cayley também trabalhou com determinantes e criou uma teoria para operações com matrizes em 1854. Cayley era um amigo de J. J. Sylvester e foi para os Estados Unidos para lecionar na Universidade Johns Hopkins entre 1881 e 1882. Cayley publicou mais de 900 artigos cobrindo muitas áreas da matemática, dinâmica teórica e astronomia. Cayley criou a noção de matrizes em 1858 e desenvolveu boa parte da teoria de matrizes nas décadas posteriores. Josiah Gibbs fez contribuições à termodinâmica, ao eletromagnetismo e à mecânica. Por seu trabalho nos fundamentos de sistemas de equações, Gibbs é conhecido como o pai da análise vetorial. À medida que o final do século 19 se aproximava, os principais esforços em equações diferenciais se moveram para um plano teórico. Em 1876, Lipschitz (1832-1903) desenvolveu teoremas de existência para soluções de equações diferenciais de primeira ordem. O trabalho de Hermite foi desenvolver a teoria de funções e soluções de equações. À medida que a teoria se desenvolveu, as seis funções trigonométricas básicas foram provadas transcendentais, assim como as inversas das funções 13 trigonométricas e as funções exponenciais e logarítmicas. Hermite mostrou que a equação de quinta ordem poderia ser resolvida por funções elípticas. Enquanto seu trabalho era teórico, os polinômios de Hermite e as funções de Hermite se mostraram posteriormente muito úteis para resolver a equação de onda de Schrödinger e outras equações diferenciais. O próximo a construir fundamento teórico foi Bernhard Riemann. Seu doutorado foi obtido, sob a orientação de Gauss, na teoria de variáveis complexas. Riemann também teve o benefício de trabalhar com o físico Wilhelm Weber. O trabalho de Riemann em equações diferenciais contribuiu para resultados em dinâmica e física. No final da década de 1890, Gibbs escreveu um artigo que descreveu a convergência e o "fenômeno de Gibbs" da série de Fourier. O próximo contribuinte teórico importante foi Kovalevsky, a maior matemática antes do século 20. Depois de vencer dificuldades consideráveis por causa da discriminação de seu gênero, ela teve oportunidade de estudar com Weierstrass. No início de sua pesquisa, completou três artigos sobre equações diferenciais parciais. No seu estudo da forma dos anéis de Saturno, ela se apoiou nas contribuições de Laplace, cujo trabalho ela generalizou. Basicamente, o estudo de Kovalevsky era sobre a teoria de equações diferenciais parciais e um resultado central sobre a existência de soluções ainda leva seu nome. Ela publicou vários artigos sobre equações diferenciais parciais. Posteriormente, no século 20, trabalhos teóricos de Fredholm e Hilbert refinaram os resultados iniciais e desenvolveram novas classificações para o entendimento posterior de algumas das mais complicadas famílias de equações diferenciais. O próximo impulso foi no desenvolvimento de métodos numéricos mais robustos e eficientes. Carl Runge desenvolveu métodos numéricos para resolver as equações diferenciais que surgiram no seu estudo do espectro atômico. Estes métodos numéricos ainda são usados hoje. Ele usou tanta matemática em sua pesquisa que físicos pensaram que fosse matemático, e fez tanta física que os matemáticos pensaram que fosse físico. Hoje seu nome está associado com os métodos de Runge-Kutta para resolver equações diferenciais. Kutta, outro matemático aplicado alemão, também é lembrado por sua contribuição à teoria de Kutta-Joukowski de sustentação 14 de aerofólios em aerodinâmica, baseada em equações diferenciais. Na última metade do século 20, muitos matemáticos e cientistas da computação implementaram métodos numéricos para equações diferenciais em computadores para dar soluções rápidas e eficientes para sistemas complicados, sobre geometrias complexas, de grande escala. Richard Courant e Garrett Birkhoff foram pioneiros bem- sucedidos neste esforço. Equações não lineares foram o próximo grande obstáculo. Poincaré, o maior matemático de sua geração, produziu mais de 30 livros técnicos sobre física matemática e mecânica celeste. A maioria destes trabalhos envolveu o uso e análise de equações diferenciais.Em mecânica celeste, trabalhando com os resultados do astrônomo americano George Hill, conquistou a estabilidade das órbitas e iniciou a teoria qualitativa de equações diferenciais não lineares. Muitos resultados de seu trabalho foram as sementes de novas maneiras de pensar, as quais floresceram, tais como análise de séries divergentes e equações diferenciais não lineares. Poincaré entendeu e contribuiu em quatro áreas principais da matemática - análise, álgebra, geometria e teoria de números. Ele tinha um domínio criativo de toda a matemática de seu tempo e foi, provavelmente, a última pessoa a estar nesta posição. No século 20, George Birkhoff usou as ideias de Poincaré para analisar sistemas dinâmicos grandes e estabelecer uma teoria para a análise das propriedades das soluções destas equações. Na década de 1980, a teoria emergente do caos usou os princípios desenvolvidos por Poincaré e seus seguidores. 15 16 17 Unidade2. Conceitos fundamentais ......................................................... 18 2.1 Equação diferencial ............................................................................. 18 2.1.1 Equação Diferencial Ordinária e Parcial.............................................. 18 2.2 Ordem de uma equação diferencial ................................................... 19 2.3 Grau de uma equação diferencial ....................................................... 19 2.4 Solução de uma equação diferencial .................................................. 20 2.5 Resolução de uma equação diferencial ............................................. 21 2.6 Tipos de solução .................................................................................. 21 2.7 Interpretação geométrica .................................................................... 22 2.8 Bibliografia ........................................................................................... 32 2.9 Web – Bibliografia ................................................................................ 32 OBJETIVO: Estudar os métodos básicos de resolução de equações diferenciais. Propiciar ao aluno desenvoltura em classificar e manipular problemas que envolvam equações diferenciais, com técnicas específicas de abordagem, adequadas à resolução de cada um. 18 2. CONCEITOS FUNDAMENTAIS 2.1 Equação diferencial: Equação diferencial é toda equação que envolve uma função incógnita e suas derivadas. Exemplos: As equações 1. 2. 3. 4. a seguir são equações envolvendo a função incógnita y de uma variável x, exceto o exemplo 5, cuja função incógnita é z e as variáveis são x e y. 2.1.1 Equação Diferencial Ordinária e Parcial Uma equação diferencial é dita ordinária ( EDO ) quando a função incógnita depende apenas de uma variável independente. E é dita equação diferencial parcial ( EDP ) quando a função incógnita depende de duas ou mais variáveis independentes. Exemplos: As equações 1. 2. 3. e 4. do exemplo anterior são equações diferenciais ordinárias, enquanto que a equação do exemplo 5 é uma equação diferencial parcial, pois z = z ( x, y ) 12 += x dx dy 02 2 =− y dx yd 3 4 4 2 22 3 3 1 +=− − dx yd x dx ydy dx yd x 4 2 22 3 3 1 −= + dx yd dx ydyx 02 2 2 2 = ∂ ∂ + ∂ ∂ y z x z 19 2.2 Ordem de uma equação diferencial DEFINIÇÃO: A ordem de uma equação diferencial é a ordem da mais alta derivada contida na equação. 2.3 Grau de uma equação diferencial DEFINIÇÃO: Supondo a equação escrita sob forma racional inteira em relação às derivadas, chamamos de grau da equação o maior dos expoentes a que está elevada a derivada de mais alta ordem contida na equação. Exemplos: Analisando as equações do exemplo anterior podemos classificá-las quanto à ordem e ao grau em : Exemplo 1 : 1ª ordem e 1º grau Exemplo 2 : 2ª ordem e 1º grau Exemplo 3 : 4ª ordem e 3º grau Exemplo 4 : 3ª ordem e 2º grau Exemplo 5 : 2ª ordem e 1º grau NOTA: Observemos, pelos exemplos a seguir, que nem sempre, à primeira vista, podemos classificar a equação de imediato quanto à ordem e grau. Exemplo 6. é de 3ª ordem e 2º grau pois ela é equivalente a 1 3 33 3 =− dx yd y dx yd x 3 32 3 3 dx ydy dx yd x =− Saiba Mais: Logaritmos e propriedades operatórias www.brasilescola .com 20 Exemplo 7. é de 1ª ordem e 1º grau, pois ela é equivalente ou ou Casos particulares (1) é a equação diferencial ordinária de 1ª ordem e 1º grau que descreve a carga em um circuito RC que tem resistor de resistência , um capacitor de capacitância e um gerador que gera uma diferença de potencial ( 2 ) é a equação diferencial ordinária de 2ª ordem e 1º grau que descreve o movimento de um pêndulo simples de massa e comprimento . ( 3 ) é a equação diferencial ordinária de 2ª ordem e 1º grau que descreve um sistema massa-mola composto de uma massa presa a uma mola com constante elástica , sujeita a uma força de atrito e uma força externa ( 4 ) é a equação diferencial parcial de 2ª ordem e 1º grau que descreve o potencial elétrico de uma região em que não há cargas elétricas. 2.4 Solução de uma equação diferencial DEFINIÇÃO: Solução de uma equação diferencial na função incógnita y e na variável independente x, definida em um intervalo I, é toda função y(x) que verifica a equação diferencial identicamente para todo x, x I. yx dx dy =− 2lnln y x dx dy =2ln ye dx dy x =. 1 2 yex dx dy 2 = )(1 0 tVQCdt dQR =+ )( tQ R C )(0 tV 02 2 =+ θθ sen l g dt d m l )(2 2 tFky dt dy dt yd m e=++ γ m k dt dyFa γ−= )( tFe 02 2 2 2 = ∂ ∂ + ∂ y u dx u ),,( zyxu ∈ 21 Exemplo 1. é uma solução da equação diferencial Exemplo 2. y = é uma solução da equação , pois e daí temos que + 4y = + 4( ) = 0 2.5 Resolução de uma equação diferencial Resolver ou integrar uma equação diferencial é determinar todas as funções que sob a forma finita verificam a equação, ou seja, é obter uma função de variáveis livres que substituídas na equação transforme-a numa identidade. Exemplo: Obtenha uma solução para a equação diferencial Solução: Da equação podemos escrever e integrando fica e daí temos . 2.6 Tipos de solução Solução Geral: é a solução da equação que contém tantas constantes arbitrárias quantas forem as unidades da ordem da equação. Exemplo 1. é a solução geral da equação diferencial de primeira ordem 53 2 ++= xxy 16 += x dx dy xxsen 2cos2 + 042 2 =+ y dx yd xsenx dx dy 222cos2 −= xxsen dx yd 2cos4242 2 −−= 2 2 dx yd xxsen 2cos424 −− xxsen 2cos2 + 12 += x dx dy 12 += x dx dy dxxdxdy += 2 ∫ ∫ ∫+= dxxdxdy 2 Cxxy ++= 2 Cxxy ++= 23 16 += x dx dy 22 Exemplo 2. é a solução geral da equação diferencial de segunda ordem Solução Particular: é a solução da equação deduzida da solução geral, atribuindo-se valores particulares às constantes arbitrárias. Exemplo 1. é uma solução particular da equação diferencial ( tomamos no exemplo1 anterior ) Exemplo 2. é uma solução particular da equação diferencial ( tomamos no exemplo 2 anterior e ) 2.7 Interpretação geométrica Geometricamente, a solução geral de uma equação diferencial representa uma família de curvas, que recebem o nome de curvas integrais. Essa solução denomina-se também de primitiva ou integral da equação diferencial. Exemplo: Seja a equação: A sua solução geral nos fornece uma família de parábolas de concavidade voltada para cima, como mostra a figura a seguir y = xCxsenC 2cos2 21 + 042 2 =+ y dx yd 53 2 ++= xxy 16 += x dx dy 5=C y = xxsen 2cos2 + 042 2 =+ y dx yd 11 =C 12 =C x dx dy 2= Cxy += 2 23 Lista de exercícios resolvidos Determine para cada uma das curvas dadas a seguir a equação diferencial de menor ordem possível que não contenha nenhuma constante arbitrária: Exemplo1. Solução: Graficamente temos Derivando, temos: Exemplo 2. Solução: Graficamente temos Cxxy ++= 2 5 2 15 += x dx dy xCsenxCy cos21 += 24 Derivando, temos: Como as constantes não foram eliminadas, devemos derivar mais uma vez, daí: ou É fácil ver que o valor entre parênteses corresponde ao próprio dado, o que permite escrever: Exemplo 3. Solução: Graficamente temos senxCxC dx dy 21 cos −= xCsenxC dx yd cos212 2 −−= ( )xCxsenC dx yd cos212 2 +−= y 02 2 =+ y dx yd 2 xCy = 25 Derivando, temos e observando que e em seguida, substituindo na derivada, obtemos e simplificando temos Exemplo 4. y = C1x2 + C2 Solução: Graficamente temos Derivando, temos . Como as constantes não foram todas eliminadas, derivamos novamente e obtemos .Daí, substituindo o valor de na igualdade anterior, fica : ou Exemplo 5. , onde A e B são constantes. Solução: Graficamente temos Cx dx dy 2= 2x yC = 22 x y x dx dy = x y dx dy 2 = xC dx dy 12= 12 2 2C dx yd = 12C x dx yd dx dy 2 2 = 02 2 =− dx dy dx yd x )(cos BxAy += 26 Derivando duas vezes, temos e Observando que o segundo membro é , temos: ou Exemplo 6. Solução: Graficamente temos Multiplicando ambos os membros por e2x, temos: ( )BxsenA dx dy +−= )cos(2 2 BxA dx yd +−= y− y dx yd −=2 2 02 2 =+ y dx yd xx eCeCy 22 3 1 −+= 2 5 1 2 CeCye xx += 27 Derivando, obtemos : , e daí temos Multiplicando por , temos e derivando de novo fica Assim, agrupando, fica ou , o que nos permite escrever pois Exemplo 7. Solução: Graficamente temos xxx eCye dx dy e 51 22 52 =+ xx eCy dx dy e 51 2 5)2( =+ xe 5− 1 3 52 Cy dx dy e x = +− 0232 32 2 3 = +− + −− y dx dy e dx dy dx yd e xx 06322 2 3 = −−+− y dx dy dx dy dx yd e x 062 2 3 = −− − y dx dy dx yd e x 062 2 =−− y dx dy dx yd 03 ≠− xe ln Cy y x +=1 28 Usando propriedades operatórias dos logaritmos, temos e isolando o valor de obtemos Derivando, temos Substituindo C pelo seu valor obtido acima temos: Multiplicando ambos os membros por fica: ou ou E assim podemos escrever Exemplo 8. Determine a equação diferencial da família de círculos de raio 2 e cujos centros estejam sobre o eixo dos . Solução: Graficamente temos Cyyx +=− 1lnln C y nynxC 111 −−= dx dyC y dx dy x =− 1 dx dy y yx y dx dy x . 1lnln1 −− =− xy dx dy nynxx dx dy xy )111( −−=− dx dy x dx dyynx dx dy xnx dx dy xy −−=− 1.1 ( )ynxn dx dy xy 11 −= y x n dx dy xy 1= x 29 A família de círculos é dada por onde é a abscissa do centro. Daí, temos e derivando obtemos e elevando a dois temos . Desenvolvendo, fica , e substituindo por temos ; Simplificando, fica e daí a equação diferencial procurada é Lista de exercícios propostos 01. Nas equações diferenciais a seguir determine, de cada uma delas: (i) a ordem, (ii) o grau, (iii) a função incógnita, (iv) a variável independente. 222 2)( =+− yax a 22 )(4 axy −−= dxaxydy )(22 −−= 22 ])(2[)2( dxaxydy −= 2222 )()(4)(4 dxaxdyy −= 2)( ax − 24 y− 2222 ))(4(4)(4 dxydyy −= 2222 ))(4()( dxydyy −= = 2 dx dy 2 24 y y− 03 2 2 2 =+− xy dx dyy dx yd tsen dt ds t dt sd t −=− 12 2 2 30 02. Quais, dentre as funções abaixo, são soluções da equação diferencial (i) (ii) (iii) 03. Eliminando as constantes, forme as equações diferenciais das famílias de curvas a seguir: a) b) c) d) Solução da lista 01. a) (i) 2 (ii) 2 (iii) (iv) b) (i) 2 (ii) 1 (iii) (iv) c) (i) 1 (ii) 7 (iii) (iv) 02. (i) Analisando a função do item (i), isto é, verificando se ao substituirmos na equação obtemos uma identidade. Devemos inicialmente derivar .Daí temos e derivando novamente obtemos . Substituindo os valores de e temos Logo é solução da equação dada. p dp db 3 7 = ?02 2 =− y dx yd x ey = xseny = 0=y Cyx =+ 22 xeCy = 321 )( CexCCy x ++= xx eCeCy −+= 2 2 1 y x s t b p xey = x ey = xe dx dy = xe dx yd =2 2 2 2 dx yd y .02 2 =−=− xx eey dx yd x ey = 31 (ii) Procedendo de modo análogo para temos = e . Substituindo, temos . Logo não é solução da equação dada. (iii) Do mesmo modo para temos e e Substituindo, temos . Logo é também solução da equação dada. 03.a) Derivando , temos , e dividindo por 2 obtemos , que é a equação procurada b) Derivando , temos , e substituindo o valor de fica ou ou . c) Derivando , temos e multiplicando por fica , e derivando pela segunda vez temos .Como ainda não eliminamos todas as constantes, derivamos mais uma vez e obtemos ou . Daí, como podemos escrever . xseny = dx dy xcos xsen dx yd −=2 2 022 2 ≠−=−−=− xsenxsenxseny dx yd xseny = 0=y 0=dx dy 02 2 = dx yd 0002 2 =−=− y dx yd 0=y Cyx =+ 22 022 =+ ydyxdx 0=+ ydyxdx x eCy = dxCedy x= y ydxdy = ydx dy = 0=− y dx dy 321 )( CexCCy x ++= xxx exCCCeCexCC dx dy )()( 221221 ++=++= xe− )( 221 xCCCdx dy e x ++=− 22 2 C dx yd e dx dy e xx =+− −− 03 3 2 2 2 2 =+−− −−−− dx yd e dx yd e dx yd e dx dy e xxxx 02 2 2 3 3 =+− −−− dx dy e dx yd e dx yd e xxx 0≠−xe 02 2 2 3 3 =+− dx dy dx yd dx yd 32 d) Multiplicando ambos os membros de por obtemos e derivando temos . Multiplicando agora por obtemos e derivando novamente, pois devemos eliminar a constante , temos ou .Como 0, podemos escrever 2.8 BibliografiaC. H. Edwards Jr. e D. E. Penney. Equações Diferenciais Elementares com Problemas de Valores de Contorno. Prentice–Hall do Brasil, (1995) D. G. Figueiredo e A. F. Neves. Equações Diferenciais Aplicadas. IMPA, (1997). F. Ayres Jr. Equações Diferenciais. Coleção Schaum, Ao livro Técnico, (1963). S. Abunahman. Equações Diferenciais. EDC, (1991). W. E. Boyce R. e C. DiPrima. Equações Diferenciais Elementares e Problemas de Valores de Contorno. LTC, (2002). xx eCeCy −+= 2 2 1 xe 2 3 1 CeCye xx += xxx eC dx dy eye 313=+ xe 3− 1 22 3C dx dy eye xx =+ −− 1C 022 2 2 2222 =+−+− −−−− dx yd e dx dy e dx dy eye xxxx 02 222 2 2 =−− −−− ye dx dy e dx yd e xxx xe 2− ≠ 022 2 =−− y dx dy dx yd 33 2.9 Web – bibliografia <http://pessoal.sercomtel.com.br/matematica/superior/edo/edogeral.htm > <http://www.ime.uerj.br/~calculo/LivroIV/apli2.pdf> 34 35 Unidade 3 – Equações de 1ª ordem e 1º grau .......................................... 36 3.1 Definição ............................................................................................... 36 3.2 Equações de variáveis separáveis ..................................................... 36 3.3 Resolução de equações diferenciais de variáveis Separáveis ................................................................................................. 37 3.4 Aplicações: Problemas Geométricos ................................................. 45 3.5 Trajetórias ortogonais ......................................................................... 56 3.6 Bibliografia ........................................................................................... 67 3.7 Web-Bibliografia ................................................................................... 67 OBJETIVO Desenvolver no aluno a percepção da importância e do grau de aplicabilidade das equações diferenciais na modelagem matemática de situações concretas. 36 3. EQUAÇÕES DE 1ª ORDEM E 1º GRAU 3.1 Definição: Equações de 1ª ordem e 1º grau são todas as equações da forma , chamada forma padrão, ou chamada forma diferencial, em que e Exemplos: 1) ou 2) ou 3) = 0 ou – = 0 3.2 Equações de variáveis separáveis Definição: Uma equação do tipo é dita de variáveis separáveis se e forem: a) Funções de apenas uma variável, isto é: e . b) Produtos com fatores de uma só variável e . ),( yxF dx dy = 0=+ dyNdxM ),( yxMM = ),( yxNN = 15 += x dx dy 0)15( =−+ dydxx 0=+ xdyydx x y dx dy −= xtgy ytgx dx dy sec sec = yxtg sec dx ytgxsec dy 0=+ dyNdxM M N )(),( xAyxM = )(),( yByxN = )()(),( 21 yAxAyxM = )()(),( 21 yBxByxN = 37 3.3 Resolução de equações diferenciais de variáveis separáveis a) Se a equação de variáveis separáveis é do tipo , separando as variáveis x e y, de forma que os coeficientes de dx e dy sejam respectivamente funções de x e de y, resulta uma equação de variáveis separáveis. Assim, vem: E integrando, temos A equação obtida é a solução geral de uma equação de variáveis separáveis. Lista de exercícios resolvidos Para as equações a seguir, mostre que são do tipo variáveis separáveis e obtenha uma solução para as mesmas Exemplo 1. . Solução: Observe que esta equação é de variáveis separáveis, pois uma vez escrita na forma diferencial, temos , onde e . E para obtermos a solução basta integrar. Desta forma temos: e portanto é a solução geral da equação diferencial . 0),(),( =+ dyyxNdxyxM 0)()()()( 2121 =+ dyyBxBdxyAxA 0)( )( )( )( 2 2 1 1 =+ dy yB yAdx xB xA Cdy xB xAdx xB xA =+∫ ∫ )( )( )( )( 2 2 1 1 15 += x dx dy ( ) 015 =−+ dydxx 15)(),( +== xxAyxM 1)(),( −== yByxN ( ) Cdydxx =∫−+∫ 15 Cyx x =−+ 2 5 2 15 += x dx dy 38 Exemplo 2. Solução: É fácil ver que tal equação é de variáveis separáveis, pois, para tanto, basta dividirmos os membros por , chamado fator de integração, e daí temos a equação equivalente , onde e . Integrando, temos: ou . Usando as propriedades dos logaritmos temos e daí temos a solução procurada, que é . Exemplo 3. – = 0 Solução: Tal equação é de variáveis separáveis, pois é da forma , onde = e = . Dividindo-se ambos os membros da equação por , fica Simplificando obtemos , e daí temos . Integrando , o que nos leva à solução Exemplo 4. 0=+ xdyydx xy 011 =+ dy y dx x x xAyxM 1)(),( == y yByxN 1)(),( == Cdy y dx x =∫+∫ 11 Cyx =+ lnln KCxy lnln == Kxy = yxtg sec dx ytgxsec dy 0=+ dyNdxM )()(),( 21 yAxAyxM = yxtg sec )()(),( 21 yBxByxN = ytgxsec yx secsec 0 sec.sec sec. sec.sec sec. =− dy xy xytgdx xy yxtg 0 secsec =− dy y ytgdx x xtg 0=− dyysendxxsen Cdyysendxxsen =∫−∫ Cyx =+− coscos ( ) 011 222 =−−− dyxdxyx 39 Solução: Tal equação é de variáveis separáveis, pois é da forma Onde = e = Dividindo-se ambos os membros da equação por , fator integrante, fica, e integrando temos = C. Assim sendo, temos Exemplo 5. Solução: É imediato ver que tal equação é de variáveis separáveis e que tem como fator integrante . Daí, dividindo todos os termos por este fator obtemos . Integrando, fica e assim temos e, portanto, podemos escrever que a solução geral procurada é Exemplo 6. Solução: Reescrevendo a equação, temos , que é equivalente à anterior e portanto temos uma equação do tipo , onde e 0=+ dyNdxM )()(),( 21 yAxAyxM = ( ) 22 11 yx −− )()(),( 21 yBxByxN = 2x− 22 1 yx − 0 1 1 22 2 = − − − y dydx x x dy y dx x x ∫∫ − − − 22 2 1 11 Cysenarc x x =−+ 1 0)1( =++ dyxdxy )1( +xy 0 1 =+ + y dy x dx C y dy x dx =∫+ + ∫ 1 Kyx lnln)1(ln =++ Kyx =+ )1( xyx y dx dy )1( 1 2 2 + + = xx dx y dyy )1(1 22 +=+ 0=+ dyNdxM 21 1)(),( x xAyxM + == 2! )(),( y yyByxN + == Saiba mais: Métodos de integração http:// www.somatema tica.com.br/sup erior/integrais2/ integrais4. php 40 .Desta forma temos uma equação de variáveis separáveis, e integrando temos ou Decompondo a segunda integral usando as somas parciais escrevemos: Assim , Desta forma, = = E daí temos = , e multiplicando por 2 e também usando as propriedades dos logaritmos temos : ou ou Exemplo 7. Solução: Reescrevendo a equação dada temos que é equivalente à anterior e, portanto, temos uma equação do tipo ∫ ∫ ++ = + K xx dxdy y y )1(1 22 ∫ ++=+ Kxx dxy )1()1(ln2 1 2 2 )1(1)1( 1 2 22 22 + +++ = + + += + xx ACxBxAx x CBx x A xx 0=+ BA 0=C 11 −=∴= BA 1 1 )1( 1 22 + −= + x x xxx ∫ + xx dx )1( 2 ∫ ∫ +− 12x xdx x dx 1 2 ln)1ln( 2 1ln Kxx ++− )1(ln 2 1 2y+ 1 2 ln)1ln( 2 1ln Kxx ++− 2 22 ln)1(lnln2)1(ln Kxxy ++−=+ 1ln)1ln( 2 2 2 2 + =+ x Kx y 1 1 2 2 22 + =+ x xK y 0)1( 2 =+− dyxdxxy 0 1 2 =− + y dydx x x41 , onde e . Desta forma temos uma equação de variáveis separáveis, e integrando temos , o que nos dá ou ou ou ou Exemplo 8. Solução: Para constatarmos que esta equação é do tipo variáveis separáveis basta multiplicar todos os termos por e daí temos que é uma equação da forma , onde e . E para obter solução, devemos integrar, e desta forma fica ou ou ou , pois é uma constante K. Exemplo 9. Solução:Usando o fator de integração podemos reescrever a equação obtendo e daí constatar que temos uma equação de variáveis separáveis. 0=+ dyNdxM 21 )(),( x x xAyxM + == y yByxN 1)(),( == ∫ ∫ =−+ Kdy y dx x x 1 1 2 Cyx lnln)1ln(2 1 2 =−+ Cyx lnln1ln 2 =−+ Cxy ln1lnln 2 ++= 1lnln 2 += xCy 12 += xCy 0cos =+ xy dx dy y dx 0cos =+ dxx y dy 0=+ dyNdxM xxAyxM cos)(),( == yyByxN 1)(),( == Csenxy =+ln senxCy −=ln senxCey −= xsene ky = Ce 0secsec 22 =+ dytgxydxtgyx tgxtgy 0secsec 22 =+ dy ytg ydx xtg x 42 Integrando, temos e, portanto, ou , e assim Exemplo 10. Solução: Desenvolvendo a equação dada e escrevendo na forma , obtemos e daí temos e . Portanto temos uma equação de variáveis separáveis e, desta forma, integrando, temos: ou ou ou ou ou Lista de Exercícios Propostos Para as equações a seguir, mostre que são do tipo variáveis separáveis e obtenha uma solução para as mesmas. 1) 2) 3) Kdy ytg ydx xtg x =+ ∫∫ 22 secsec Cytgxtg lnlnln =+ 1lnlnln Cytgxtg =+ 1. Cytgxtg = dx dy xyy dx dy xa = + 2 0=+ dyNdxM 0)1( 2 =−+ dy y adx x a x a xAyxM 2)(),( == 1)(),( −== y ayByxN ∫ ∫∫ =−+ Cdyy dy a x dx a2 Kyyaxa lnlnln2 =−+ yyaKxa +−= lnlnln2 y y k xa a += lnln2 y y k x a a += lnln 2 y y K a aex + = ln 2 0=− dyytg x dx 0)1(4 22 =++ dyxdxxy 0 2 =+ − dyeydxx x 43 4) 5) Solução da lista 1) Solução: É fácil ver que esta é uma equação do tipo , onde e . E, portanto, integrando, temos ou ou . Daí temos que a solução geral é dada por , cuja representação gráfica é como abaixo 2) Solução: Neste caso temos uma equação do tipo , onde e e daí, dividindo por ( fator de integração ) obtemos a equação 0)3()2( =−++ dyxdxy 0)1( 2 =+− dxydyx 0=− dyytg x dx 0=+ NdyMdx x yxM 1),( = ytgyxN =),( Cdyytg x dx =− ∫∫ Kyx lncoslnln =+ Kyx =cos Kyx =cos 0)1(4 22 =++ dyxdxxy 0=+ NdyMdx 2 21 4)()(),( xyyAxAyxM == 1)()(),( 221 +== xyBxByxN )1( 22 +xy 44 , e integrando fica , que é a solução geral solicitada e cuja representação gráfica é 3) Solução: Multiplicando os membros por obtemos a equação , e integrando temos e daí obtemos ou 4) Solução: Separando as variáveis temos , e integrando podemos escrever ou ou . Daí, temos que a solução geral é e cuja representação gráfica é 01 1 4 22 =++ dy y dx x x C y x =−+ 1)1(ln2 2 0 2 =+ − dyeydxx x 2x e 0 2 =+ dyydxex x Cdyydxex x =+ ∫∫ 2 Cye x =+ 2 2 1 2 1 2 1 2 2 Cey x =+ 0)3()2( =−++ dyxdxy 0 2 1 3 1 = + + − dy y dx x Kyx ln)2(ln)3(ln =++− Kyx ln)2)(3(ln =+− Kyx =+− )2)(3( Kyx =+− )2)(3( 45 5) Solução: Separando as variáveis temos , e integrando podemos escrever ou ou 3.4 Aplicações: Problemas Geométricos Dada uma curva plana C, em um ponto P(x, y) desta curva, consideremos os chamados “segmentos notáveis,” a saber: = comprimento da tangente 0)1(2 =−+ dyxdxy 01 1 1 2 =+ − dy y dx x K y x ln1)1(ln =−− yK x 11ln =− 11ln =− K xy PT 46 = comprimento da normal = comprimento da subtangente = comprimento da subnormal Seja o ângulo formado pela reta tangente a curva no ponto P e o eixo dos x Analisando a figura acima, temos: Assim ( 1 ) Assim ( 2 ) Assim ( 3 ) Assim, ( 4 ) Exercícios Resolvidos 1) Determinar a equação das curvas que têm a subnormal constante. Solução: PN TM MN α . dx dy y tg PMTM == α )/( dxdy yTM = .. dx dyytgPMMN == α dx dyyMN .= 2 2 222 )()( +=+= dx dy yyMTMPPT 2)/( 11 dxdy yPT += 2 2222 )()( +=+= dx dyyyMNMPPN 2 1 += dx dyyPN 47 Sabemos de (2) que a subnormal é dada por = , e daí devemos ter = , uma constante. Reescrevendo esta equação obtemos , e integrando temos ou , que representa a família de curvas de subnormal constante. A representação gráfica da família cuja constante é é Para o caso particular e sendo P1( , ) e P2( temos a representação a seguir: e podemos ver nos dois casos que 2) Determinar a equação das curvas que têm a subtangente constante. MN dx dyy dx dyy k k dxkydy = Ckx y += 2 2 Ckxy += 22 3=k xy 62 = 2 32 )23,3 3=MN 48 Solução: Sabemos de (1) que a subtangente é dada por e daí devemos ter = , uma constante. Reescrevendo esta equação obtemos ou , e integrando temos ou ou que representa a família de curvas de subtangente constante. A representação gráfica da família cuja constante é é 3) Escrever a equação de uma curva sabendo que a normal em cada ponto dela e o segmento de reta que une este ponto à origem formam um triângulo isósceles de base no eixo dos x. Solução: dx dy yTM = dx dy y k k y dx dyk = y dykdx = Cxyk +=ln 1ln Ck xy += 1Ck x ey + = 2=k 49 Como o triângulo OPN é isósceles, temos e daí, . Deste modo ou , e integrando temos ou . Assim sendo, podemos ver que tais curvas são hipérboles como as da figura a seguir: 4) Determinar a equação das curvas que têm o comprimento da normal constante. Solução: Sabemos que a normal é dada por e como por hipótese ela é constante e sendo tal constante, temos ou ou ou . ∆ OPPN = xMNOM == x dx dyy = dxxdyy = Cxy += 22 22 Cxy 222 =− 2 1 += dx dyyPN k 2 2 2 1 k dx dyy = + 22 2 2 yk dx dyy −= 2 222 y yk dx dy − = 221 yk ydx dy −±= 50 Separando as variáveis tem-se , e integrando obtemos . Fazendo a mudança encontramos ou e daí temos ou ou ou ou , cujas curvas são circunferências com centro no eixo dos x, como mostra a figura abaixo para as constantes dx yk ydy ±= − 22 ∫ ∫ +±=±= − Cxdxdy yk y 22 222 ykz −= ydyzdz 22 −= ydyzdz =− ∫ ∫ +±=±= − Cxdxdz z z Cxz +±=− Cxyk +±=−− 22 222 )( Cxyk +=− 222)( kyCx =++ .2;1 == kk 51 5) Obter as equações das curvas sabendo que as partes de todas as tangentes situadas entre os eixos coordenados tenham o ponto de tangência como o ponto médio. Solução Por hipótese temos e chamaremos de o ângulo externo Â, e o ângulo DÂP, daí temos e deste modo , o que nos leva a , e separando as variáveis, fica . Integrando ou ou ou . Daí temos que ascurvas são hipérboles equiláteras como as da figura a seguir: PBAP = α β °=+ 180βα βα tgtg −= x y dx dy −= x dx y dy −= Cxy +−= lnln Cxy +−= lnln = x Cy lnln x Cy = 52 Exercícios Propostos 1) Determinar a equação da curva que passa pelo ponto ( 4, 4 ), sabendo que a declividade de sua tangente num ponto qualquer é: 2) Achar a equação da curva sabendo que a subtangente é igual ao dobro da abscissa do ponto de contacto. 3) Sabendo que a curva é tal que a distância de um ponto qualquer à origem é igual ao comprimento da tangente, determinar a curva. Solução da lista 1) Por hipótese sabemos que , o que nos leva a e integrando temos ou . Como passa pelo ponto y x dx dy 3 = y x dx dy 3 = xdxydy =3 Cxy += 22 3 22 Cxy 23 22 += 53 (4, 4), podemos substituir por 4 e por 4, obtendo e daí a curva procurada tem equação e cuja representação gráfica é como segue 2) Sabemos que a subtangente é dada por e como por hipótese a subtangente é igual ao dobro da abscissa do ponto de contacto, devemos ter ou , e separando as variáveis fica . Integrando, temos ou ou ou ou . Tais curvas têm representação gráfica como segue: x y 16=C 323 22 += xy dx dy yTM = x dx dy y 2= xdyydx 2= dy y dx x 1 2 1 = 1lnlnln2 1 Cyx += 1ln2ln2ln Cyx += 2 1 2 lnlnln Cyx += Cyx 2lnln = Cyx 2= 54 3) Observando o gráfico abaixo E da hipótese temos , e como sabemos que o comprimento da tangente é dado por e que , temos ou ou ou , e separando as variáveis fica . Integrando, obtemos ou e daí temos: i) ou ou retas que passam pela origem. ii) ou ou ou hipérboles eqüiláteras. PTP =0 2 1 += dx dy dx dy yPT 22 yxOP += + =+ 2 2 2 22 1 dx dy dx dy yyx 22 2 22 y dx dy yyx + =+ 2 2 2 y dx dy x = y dx dy x ±= x dx y dy ±= Cxy +±= lnln kxy lnlnln +±= kxy lnlnln += kxy lnln = kxy = kxy lnlnln +−= kxy lnlnln =+ kxy lnln = kyx = 55 Graficamente temos: retas passando pela origem Hipérboles eqüiláteras 3.5 Trajetórias ortogonais Em muitos problemas de física, por exemplo, assim como em outras áreas, conhecida uma família de curvas , busca-se uma outra família de curvas que interceptam perpendicularmente as curvas da família inicial. As curvas dessa segunda família são denominadas trajetórias ortogonais das curvas da família Γ Τ Γ 56 trajetórias em preto e trajetórias em azul Definição: Diz-se que duas curvas 1 e 1 são ortogonais em um ponto se, e somente se, suas retas tangentes t1 e t2 são perpendiculares no ponto de interseção. Exemplo: Analisando o gráfico seguinte podemos observar que as curvas 1: e 1: são ortogonais no ponto . Γ Τ Γ Τ Γ x y 2= Τ 122 =− yx )1,2(P Veja Mais www.pucrs.br/fa mat/elieteb/equac oes.../trajetorias_ ortogonais.doc 57 NOTA: Exceto no caso em que t1 e t2 são paralelas aos eixos coordenados, queremos dizer que os coeficientes angulares m1 e m2 das retas tangentes t1 e t2 são tais que m1.m2 = -1. DEFINIÇÃO: Diz-se que duas famílias de curvas e são trajetórias ortogonais uma da outra quando todas as curvas da família interceptam ortogonalmente todas as curvas da família . OBSERVAÇÃO: Trajetórias ortogonais ocorrem na construção de mapas meteorológicos e no estudo de eletricidade e magnetismo. Por exemplo, em um campo elétrico em volta de dois corpos de cargas opostas, as linhas de força são perpendiculares às curvas equipotenciais. Exemplo: 1) Achar as trajetórias ortogonais da família de curvas , para qualquer valor de p. Solução: Graficamente temos que a família é representada como segue Diferenciando a equação dada em relação a x, obtemos . Mas e, portanto, ou que são as declividades da família . Assim sendo, para determinarmos as trajetórias ortogonais, Γ Τ Γ Τ 2pxy = 2pxy = px dx dy 2= 2x yp = x x y dx dy 22= x y dx dy 2 = 2pxy = 58 devemos ter curvas cujas declividades sejam . Separando as variáveis temos . Integrando, temos , que são as trajetórias ortogonais da família , cujas representações gráficas são elipses como as do gráfico a seguir ( representadas em vermelho ) 2) Achar as trajetórias ortogonais da família de curvas , para qualquer valor de p. Solução: Graficamente temos que a família é representada como segue y x dx dy 2 −= 02 =+ ydyxdx Cy x =+ 2 2 2 2pxy = x py = x py = 59 Diferenciando a equação dada em relação a x, obtemos . Mas e, portanto, ou que são as declividades da família . Assim sendo, para determinarmos as trajetórias ortogonais, devemos ter curvas cujas declividades sejam . Daí, separando as variáveis temos . Integrando temos , que são as trajetórias ortogonais da família , cujas representações gráficas são hipérboles como as do gráfico abaixo (representadas em vermelho ) 2x p dx dy −= xyp = 2x xy dx dy −= x y dx dy −= x py = y x dx dy = 0=− ydyxdx Cyx =− 22 x py = 60 3) Determine as trajetórias ortogonais da família de curvas dadas por Solução: Graficamente temos que a família de curvas é representada por Diferenciando a equação dada em relação a x, obtemos , que são as declividades da família . Assim sendo, para determinarmos as trajetórias ortogonais, devemos ter curvas cujas declividades sejam . Separando as variáveis, temos . pyx =+ 22 3 pyx =+ 22 3 y x dx dy 3 −= pyx =+ 22 3 x y dx dy 3 = y dy x dx 3 = 61 Integrando, temos ou ou ou , que são as trajetórias ortogonais da família cujas representações gráficas são como as do gráfico abaixo ( representadas em vermelho ) 4) Achar as trajetórias ortogonais da família de curvas , para qualquer valor de p. Solução: Graficamente temos que a família é representada como segue Cxy lnlnln 3 1 += Cxy lnln 3 1 = Cxy =3 1 3Kxy = pyx =+ 22 3 pxyx =+ 22 pxyx =+ 22 62 Diferenciando a equação dada em relação a x, obtemos . Mas e, portanto, ou , que são as declividades da família . Assim sendo, para determinarmos as trajetórias ortogonais, devemos ter curvas cujas declividades sejam ou , cuja solução como será vista no próximo ponto (equações diferenciais homogêneas) é , que são as trajetórias ortogonais da família , cujas representações gráficas são circunferências como as do gráfico a seguir (representadas em vermelho) 5) Determine as trajetórias ortogonais da família de curvas dadas por Solução: Graficamente temos que a família de curvas é representada por p dx dyyx =+ 22 x yxp 22 + = x yx dx dyyx 22 22 +=+ xy xy dx dy 2 22 − = pxyx =+ 22 22 2 xy xy dx dy − −= 22 2 yx xy dx dy − = kyyx =+ 22 pxyx =+ 22 xpey 2= xpey 2= 63 Diferenciando a equação dada em relação a x, obtemos , que são as declividades da família . Assimsendo, para determinarmos as trajetórias ortogonais, devemos ter curvas cujas declividades sejam . Daí, separando as variáveis, temos . Integrando, temos , que são as trajetórias ortogonais da família , cujas representações gráficas são parábolas como as do gráfico abaixo (representadas em vermelho) y dx dy 2= xpey 2= ydx dy 2 1 −= 02 =+ ydydx Cyx =+ 2 xpey 2= 64 Lista de Exercícios Propostos Determine as trajetórias ortogonais das famílias seguintes e faça o esboço gráfico da família e das trajetórias (p = parâmetro). 1) 2) Solução da lista 1) Graficamente temos que a família de curvas é representada por Diferenciando obtemos e daí temos que . Desta forma temos que as trajetórias ortogonais terão declividades , o que nos leva a . Separando as variáveis obtemos e integrando fica ou ou ou ou Representando graficamente a família (preto) e as trajetórias (representadas em vermelho), temos 222 pyx =+ 222 pyx =− 222 pyx =+ 222 pyx =+ 022 =+ ydyxdx y x dx dy −= x y dx dy = 0=− ydxxdy 011 =− dx x dy y Cxy =− lnln C x y =ln Ce x y = k x y = kxy = 65 : 2) Derivando obtemos e daí temos que . Desta forma temos que as trajetórias ortogonais terão declividades , o que nos leva a , e separando as variáveis fica e integrando fica ou ou ou ou . Desta forma, representando a família (preto) e as trajetórias ortogonais (vermelho), temos 222 pyx =− 022 =− ydyxdx y x dx dy = x y dx dy −= 0=+ ydxxdy 011 =+ dx x dy y Cxy =+ lnln Cyx =ln Ceyx = kyx = x ky = 66 3.6 Bibliografia M. P. Matos. Séries e Equações Diferenciais. Prentice Hall. W. Leighton. Equações Diferenciais Ordinárias. LTC. <http://pessoal.sercomtel.com.br/matematica/superior/edo/edo1ord.htm > <http://www.pucrs.br/famat/luizedu/equacoes_dif/VAR_SEPAR.pdf> <http://w3.ualg.pt/~mgameiro/Aulas_2006_2007/A_Matematica_I/8_aul a.pdf> <http://www.somatematica.com.br/superior/integrais2/integrais4.php> 67 68 69 Unidade 4 - Equações homogêneas ......................................................... 70 4.1 Definição: Equação homogênea ......................................................... 70 4.2 Definição: Equação Diferencial Homogênea ..................................... 70 4.3 Resolução de uma equação diferencial homogênea ........................ 70 4.4 Equações redutíveis às homogêneas ................................................ 77 4.5 Bibliografia ........................................................................................... 92 4.6 Web-Bibliografia ................................................................................... 92 OBJETIVO Propiciar ao aluno desenvoltura em classificar e manipular problemas que envolvam equações diferenciais homogêneas, com técnicas específicas de abordagem, adequadas à resolução de cada um. 70 4 - Equações homogêneas 4.1 Definição: Equação Homogênea Uma função é dita homogênea de grau de homogeneidade se , para todo real . Exemplos: são homogêneas de grau 2, pois e 4.2 Definição: Equação Diferencial Homogênea Uma equação diferencial dada por é dita homogênea se forem funções homogêneas e de mesmo grau. Exemplos: 4.3 Resolução de uma equação diferencial homogênea Seja a equação diferencial homogênea , onde e têm grau igual a m. ),( yxFz = m ),(),( yxFkkykxF m= k 22),(2),( yxyxNexyyxM −== ),(222),( 22 yxMkxykkykxkykxkykxM ==== ),()()()(),( 222222 yxNkyxkkykxkykxN =−=−= 0),(),( =+ dyyxNdxyxM ),(),( yxNeyxM 0)(2 22 =−+ dyyxdxxy 0)2()42( =−+− dyxydxxy 0)2( 344 =++ dyxydxxy 02)2( 2 =−−− dyxyxdxyx 0=+ NdyMdx M N Veja Mais www.ceset.unicam p.br/.../Equa%E7% F5es%20Diferencia is%20de%20Primei ra%20Orde1.do... 71 Temos: Podemos observar que se dividirmos o numerador e o denominador do segundo membro por resultará em função de . Isto é, (1) E daí, substituindo por , temos (2) E derivando (2) em relação a x, temos: Desta forma a equação (1) será transformada em: que é uma equação de variáveis separadas. Exemplos Obtenha a solução geral da equação homogênea Solução: Substituindo e obtemos ou ou ou Separando as variáveis, temos N M dx dy −= mx x y = x yF dx dy x y t xty = dx dt xt dx dy += x dx ttF dt outtF dx dt xoutF dx dt xt = − −==+ )()()( 02)( 22 =−− dyxydxyx xty = tdxdtxdy += 0)(.2)( 222 =+−− dxtdtxxtxdxtxx 0)(2)1( 2 =+−− tdxdtxtdxt 02)21( 22 =−−− dttxdxtt 02)31( 2 =−− dttxdxt 72 e integrando, fica: Multiplicando por 3, obtemos ou ou ou Daí, Retornando à relação , fica ou 2) Obter a solução geral e a solução particular para da equação homogênea Solução: Substituindo e , obtemos ou ou Separando as variáveis, temos , e integrando temos Multiplicando por 2 fica ou ou . Daí, . 0 31 2 2 = − − dt t t x dx Ctx ln)31ln( 3 1ln 2 =−+ Ctx ln3)31ln(ln3 2 =−+ 323 ln)31ln(ln Ctx =−+ 323 ln))31((ln Ctx =− ktx ln))31((ln 23 =− ktx =− )31( 23 t x y = k x y x = − 2 2 3 31 kxyx =− 23 3 21 == yex ( ) ( ) .042 =+−− dyyxdxyx xty = tdxdtxdy += ( ) ( )( ) 042 =++−− tdxdtxxtxdxxtx ( ) ( )( ) 0412 =++−− tdxdtxtdxt ( ) ( ) 04142 2 =+−−−− dtxtdxttt 0 422 41 2 = −− + − dt tt t x dx ( ) Cttx ln422ln 2 1ln 2 =−−+ ( ) Cttx ln2422lnln2 2 =−−+ ( ) 222 ln422lnln Cttx =−−+ ( )( ) 222 ln422ln Cttx =−− kln= ( ) kttx =−− 22 422 73 Retornando à relação temos ou que é a solução geral. Para obtermos uma solução particular para , substituímos estes valores na solução geral e obtemos k = -18. Daí, a solução particular é ou 3) Resolva a equação homogênea Solução: Substituindo e , obtemos ou ou Separando as variáveis, fica e integrando, temos . Fazendo e retornando à relação obtemos ou ou ou ou ou e assim temos a solução geral 4) Resolva a equação homogênea Solução: Substituindo e , obtemos ou t x y = k x y x y x = −− 2 2 2 422 kyxyx =−− 22 422 2,1 == yx 18422 22 −=−− yxyx 092 22 =+−− yxyx ( ) 022 =−+ dyxydxyx xty = dxtdtxdy += ( ) ( ) 02222 =+−+ xdttdxtxdxxtx ( ) 01 22 =−−+ dxtxdxtdxt 0=− dttxdx 0=− dtt x dx Ctx =− 2 ln 2 1ln CC = t x y = 12 2 ln 2 ln C x y x =− 2 2 1 2 lnln x yCx =− 2 1 2 ln x y C x = 2 1 ln2 x y C x = 2 2 1 )(ln x y C x = 2 1 2 / 2 C x e xy = 2/2 xyekx = ( ) ( ) 0=+−− dyyxdxyx xty = dxtdtxdy += ( ) ( )( ) 0=++−− xdttdxtxxdxtxx 74 ou ou ou Separando as variáveis, obtemos e em seguida, integrando, fica: Multiplicando por dois temos ou e retornando àrelação , fica ou e fazendo temos que a solução é Lista de Exercícios Propostos 1) Resolva as equações a) b) 2) Determine as trajetórias ortogonais da família de circunferências: Solução da lista 1) a) Substituindo e , na equação , obtemos ( ) ( )( ) 011 =++−− dtxdxttdxt 02 =−−−−− dttxdxtxdttdxtdxdx ( ) ( ) 021 2 =+−−− dttxxdxtt ( ) ( ) 0121 2 =+−−− dttxdxtt 0 21 1 2 = −− + − dt tt t x dx ( ) Cttx =−++ 12ln 2 1ln 2 ( ) Cttx 212lnln2 2 =−++ ( ) Cttx 212lnln 22 =−++ txy = C x y x y x 212lnln 2 2 2 = −++ ( ) Cxxyy 2.2ln 22 =−+ kC ln2 = kxxyy =−+ 22 2 ( ) ( ) 0222 =+++ ydyyxdxyx 0)()( =−++ dyxydxyx axyx 222 =+ xty = tdxxdtdy += ( ) ( ) 0222 =+++ ydyyxdxyx 75 e daí temos ou Separando as variáveis, fica: Integrando, temos: ou ou Retornando à relação , obtemos ou Desta forma, a solução procurada é 1) b) Substituindo e , na equação , obtemos ou ou Separando as variáveis, temos: ou , e integrando, temos . Retornando à relação , obtemos ou ( ) ( ) ( ) 02222 =++++ xdtdxttxtxxdxxtx ( ) ( )( ) 021 22 =++++ dtxdxtttdxt ( ) ( ) 0221 2322 =+++++ dtxttxdxttt ( ) 031 2 32 2 = ++ + + dt tt tt x dx ( ) Cttx ln13ln 3 1ln 23 =+++ ( ) Cttx ln313lnln3 23 =+++ ( ) 3233 ln13lnln Cttx =+++ txy = k x y x y x ln13lnln 2 2 3 3 3 = +++ k x y x y x ln13.ln 2 2 3 3 3 = ++ kxxyy =++ 323 3 xty = tdxxdtdy += 0)()( =−++ dyxydxyx ( ) ( )( ) 0=+−++ xdtdxtxtxdxtxx ( ) ( )( ) 011 =+−++ dtxdxttdxt 02 =−−+++ dtxdxtdttxdxttdxdx ( ) ( ) 011 2 =−++ dttxdxt 0 1 11 2 =+ − + dt t tdx x 0 1 1 1 1 22 =+ − + + dt t dt t tdx x karctgttx =−++ )1ln( 2 1ln 2 txy = k x y tgarc x y x += ++ 1ln 2 1ln 2 2 VEJA MAIS: arquivos.unama.br/n ead/gol/gol.../MS_imp resso_aula13.pdf 76 . Daí, a solução procurada é: 2) Para determinar as trajetórias ortogonais da família de circunferências, derivamos em relação a x, obtendo Eliminando-se , vem: ou . E para obtermos as trajetórias ortogonais, substituímos por , e deste modo temos: , o que nos leva a , que é uma equação homogênea. Substituindo e obtemos: ou ou Separando as variáveis, temos ou , e integrando, temos ou k x y tgarc x y x += ++ 2 1 2 2 1lnln k x y tgarcyx +=+ 22ln axyx 222 =+ a dx dyyx 222 =+ a +=+ dx dyyxxyx 2222 +=+ dx dyyxxyx 222 dx dy dy dx − dy dx xyxyx 22 222 −=+ ( ) 02 22 =−+ dyxydxxy xty = tdxdtxdy += ( )( ) 0.2 222 =+−+ tdxdtxxtxdxxtx ( )( ) 012 2 =+−+ tdxdtxtdxt 02 32 =−+−+ dxtdxtdtxdtxtdxt ( ) ( ) 02 23 =−++− dtxxtdxttt ( ) ( ) 0123 =−++ dttxdxtt dt tt t x dx 3 21 + − = 1 2 2 + − += t tdt t dt x dx Cttx ln)1ln(lnln 2 −+−= Cttx )1ln(lnln 2 +−= Ctxt )1ln(lnln 2 +=− 77 ou ou . Retornando à relação , obtemos ou Daí, temos que a família de trajetórias ortogonais a é e a representação gráfica das duas famílias é como abaixo 4.4 Equações redutíveis às homogêneas Definição: São todas as equações da forma onde são constantes. Exemplos: 1) ou 2) ou Afirmação: Para obtermos solução para estas equações devemos considerar os dois casos a seguir: )1(lnln 2 += tC x t )1( 2 += tC x t txy = )1( 2 2 += x yC x x y )( 22 xyCy += axyx 222 =+ yxyC =+ )( 22 ++ ++ = 222 111 cybxa cybxaF dx dy 212121 ,,,, cecbbaa 42 52 +− +− = yx yx dx dy ( ) ( ) 05242 =−+−++− dxyxdyyx 23 139 −+− +− = yx yx dx dy ( ) ( ) 013923 =+−++− dyyxdxyx 78 a) O determinante é diferente de zero. Neste caso temos o sistema cuja solução é dada pelas raízes e fazemos a seguinte substituição: que geometricamente equivale a uma translação dos eixos coordenados para o ponto que é a interseção das retas que compõem o sistema, e esta interseção é sempre possível uma vez que o determinante considerado é diferente de zero. Desta forma, após a substituição, a equação transformada será: Como e são raízes do sistema, teremos: , que é uma equação homogênea Lista de Exercícios Resolvidos Resolver as seguintes equações redutíveis às homogêneas 1) 22 11 ba ba =++ =++ 0 0 222 111 cybxa cybxa βα == yex =∴+= =∴+= dvdyvy dudxux β α ( )βα , ++++ ++++ = 22222 11111 cbavbua cbavbuaF du dv βα βα α β + + = vbua vbuaF du dv 22 11 23 132 −+ −− = yx yx dx dy 79 Solução: Neste caso temos Daí, formamos o sistema: cuja solução é e assim, a substituição a ser feita é e a equação é transformada em ou Que é uma equação homogênea de grau 1. Usando o método anterior fazemos a substituição: , sendo daí obtemos a equação ou ou Separando as variáveis, temos , e integrando obtemos ou ou 011 13 32 ≠= − =+ =− 23 132 yx yx = = 11 1 11 7 β α =∴+= =∴+= dvdyvy dudxux 11 1 11 7 vu vu du dv + − = 3 32 ( ) ( )duvudvvu 323 −=+ utv = ( ) tduudtdveuft +== ( )( ) ( )duutudutdtuutu 323 −=++ ( )( ) ( )dutdutdtut 323 −=++ ( ) ( )dutttudtt 23323 −−−=+ dt tt t u du 262 3 −− + = ( ) Cttu ln62ln 2 1ln 2 +−−−= ( ) Cttu ln262lnln2 2 +−−−= 80 . Daí, sendo Substituindo pelo seu valor fica: ou Substituindo pelo seu valor e por temos e desenvolvendo fica 2) Solução: Neste caso temos: e o sistema formado é cuja solução é e deste modo a Substituição a ser feita é E a equação é transformada em: que é uma equação homogênea. Fazendo a substituição ( ) 222 ln262lnln Cttu +−−−= ( ) Kttu =−− 22 62 2CK = t u v K u v u v u = −− 2 2 2 62 Kvuvu =−− 22 62 u 11 7 −x v 11 1 −y Kyyxx = −− − −− − 22 11 1 11 1 11 76 11 72 04262 22 =++−−− Fyxyxyx 0)13()32( =−−−− dyyxdxyx 07 13 32 ≠= − − =− =− 13 032 yx yx = = 7 2 7 3 β α =∴+= =∴+= dvdyvy dudxux 7 2 7 3 ( ) ( ) 0332 =−−− dvvuduvu 81 obtemos ou Separando as variáveis, fica e integrando, temos ou Daí, retornando à relação , temos: Substituindo pelo seu valor e por fica E assim 3) dutdtudvutv +=∴= ( ) ( )( ) 0332 =+−−− dutdtutdut ( ) ( ) 03332 2 =−−+−− dtutduttt 0 26 3 2 =+− − + dt tt t u du ( ) Cttu ln26ln 2 1ln 2 =+−+ ( ) Cttu ln226lnln2 2 =+−+ )26ln(ln 22 +−+ ttu ( )[ ] 2222 ln26lnln CttuouC =+−= ( ) ( )222 26 Ckkttu ==+− u v t = k u v u v u = +− 262
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