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A alfabetização na EJA

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A alfabetização na EJA
Mesmo diante dessa preocupação com a Educação de Jovens e Adultos chegamos ao século XXI com um contingente absurdo de analfabetos. Essa situação convida todos a um grande desafio: alfabetizar esses cidadãos numa perspectiva ampla e inovadora para que a partir de agora possam ser inseridos na sociedade letrada de forma atuante. Estes jovens e adultos que representam o quadro atual do analfabetismo no país são fruto de uma sociedade desumana e altamente preconceituosa; em sua maioria são pessoas que trabalham durante o dia em atividades que exigem muito esforço físico, são mal alimentadas e isso faz com que cheguem cansadas na escola. É uma situação que precisa ter um olhar especial, bem como uma ação política e pedagógica que revele e contemple as necessidades destes sujeitos. 
De acordo a UNESCO (1979, p. 1) a alfabetização de jovens e adultos “[...] está universalmente reconhecida como um fator crucial do desenvolvimento político e econômico, do progresso técnico e das transformações socioculturais”. Esta abordagem revela a educação de pessoas jovens e adultas como um pilar indispensável para a ascensão social. Isso traz um fortalecimento e legitimação desta modalidade como um requisito altamente relevante não só para a educação, mas também para o setor político, econômico, técnico e cultural do país. 3 Este é um conceito real que precisa ser aceito e defendido por todos que lutam pelo bem social e desenvolvimento em todas as instâncias, pois consolida a necessidade de ações político-pedagógicas que agreguem os sujeitos excluídos dos benefícios bá- sicos que o poder público pode oportunizar: apreensão e apropriação do sistema social de escrita. 
Ao pensar na alfabetização de jovens e adultos como necessária e indispensável, Paiva (1987) defende sua universalização e sua extensão aos anos iniciais do Ensino Fundamental. Conceitua esta educação como sendo “[...] toda educação destinada àqueles que não tiveram oportunidades educacionais em idade própria ou que a tiveram de forma insuficiente, não logrando alfabetizar-se e obter conhecimentos básicos correspondentes aos primeiros anos do curso elementar.” (PAIVA, 1987, p. 16) Paulo Freire foi um mestre que contribuiu de forma significativa para uma nova visão da alfabetização, principalmente para jovens e adultos, por defender uma transformação social e uma busca de cidadania a partir da práxis alfabetizadora. Sua teoria revela um ato educativo consubstanciado da realidade sociocultural e política, favorecendo à libertação do educando.
Pautado nas ideias de Freire, somadas com os estudos de Emília Ferreiro, que representa um novo marco na história da alfabetização, este conceito discutido traz a ideia da aprendizagem da leitura e da escrita vinculada a realidades concretas dos alfabetizandos, pois é pensando sobre o objeto do conhecimento e criando hipóteses sobre este objeto que o sujeito aprende. Hoje a alfabetização de jovens e adultos pode ser conceituada, segundo Fernandes “como um objetivo permeado de sentido técnico e político, com dimensões individuais e sociais”. Nesta concepção observa-se mais uma vez a necessidade de uma ação pedagógica de alfabetização e letramento como processos distintos e complementares para que o sujeito tenha acesso ao mundo da escrita fazendo uso social real das funções que lhe forem apresentadas. 
De acordo com Leal (2006) a alfabetização é o processo de aquisição do sistema de notação alfabético, que busca inserir o sujeito em situações que envolvam práticas de leitura e escrita através dos diversos gêneros textuais que circulam na sociedade. Nessa perspectiva, inferimos que a alfabetização é um processo complexo, que exige do professor saberes específicos, compreensão das relações espaço-temporal envolvida neste processo, mas também da relação entre quem ensina e quem aprende. Dessa forma, podemos conceber o indivíduo alfabetizado como aquele que sabe ler e escrever e utilizar os diversos gêneros textuais que circulam na sociedade. Neste aspecto, a alfabetização se torna fator essencial para que o indivíduo amplie suas aprendizagens e sua capacidade de relacionamento com o mundo, já que, a escrita é um fator fundamental para que o sujeito possa se inserir e intervir na realidade, bem como construir conhecimento.
O termo letramento é a versão em português da palavra literacy que corresponde ao estado ou condição daquele que aprendeu a ler e escrever. Já em 2001 a palavra letramento foi dicionarizada pelo Houaiss que atribui o significado de conjunto de práticas que denotam a capacidade e o uso de diferentes materiais escritos. No Brasil, o termo letramento não substitui a palavra alfabetização, entretanto, os dois termos aparecem sempre associados. Contudo, alguns pesquisadores como Ferreiro (2001) defendem a utilização de um único termo ‘alfabetização’ para designar o processo de aprendizagem da leitura e da escrita, pois para ela o termo alfabetização é suficiente para contemplar os dois processos, uma vez que a alfabetização defendida pela estudiosa estaria inserida no contexto social da leitura e da escrita.
Todavia, autoras como Soares (2003) e Leal (2006) acreditam que deve haver uma distinção entre ambos, pois em alguns momentos ocorreram equívocos conceituais e pedagógicos relacionados à alfabetização em nosso país, tornando-se necessária a distinção entre as especificidades dos termos. Assim, para as pesquisadoras, a alfabetização corresponde à aquisição do sistema de notação alfabético que tem como especificidades a codificação, decodificação, compreensão, interpretação e significação do sistema de escrita alfabética, enquanto o letramento consiste no uso de práticas sociais de oralidade, leitura e 6 escrita que estão presentes na sociedade. Portanto, alfabetização e letramento são conceitos distintos e indissociáveis que ocorrem simultaneamente no contexto da prática pedagógica. Nesse sentido, uma prática pedagógica de alfabetização eficaz na EJA consiste em fazer que o educando se aproprie das especificidades da alfabetização e do letramento em um contexto que envolva a leitura, a escrita e a produção de gêneros textuais sociais. 
O público jovem e adulto, por ter vivenciado experiências ao longo de sua vida, necessita de acompanhamento e direcionamento dos saberes já adquiridos, além, é claro, daqueles curriculares. O professor precisa saber quais são as condições de vida dos alunos para, então, trabalhar conteúdos extracurriculares que vão ao encontro de suas reais necessidades. Por isso, é importante que o professor trabalhe saberes que possam auxiliar situações vividas no cotidiano desses alunos. 
O educador de EJA pode levar para a sala atividades como: preenchimento de ficha cadastral de crediário, de locação, de conta bancária, de cartão de crédito; subscrição de envelope, de depósito bancário; leitura e compreensão de extrato bancário ou de outra entidade financeira, objetivando também que o aluno venha a conhecer as formas de grafia que podem ser utilizadas como a letra de forma, normalmente usada no preenchimento de formulários, e a discursiva, que é a do cotidiano escolar e social. Atividades como essas podem ajudar o aluno em situações em que, muitas vezes, ele necessita de intervenção de terceiros, mesmo se tratando de tarefas tão simples ao aluno alfabetizado e letrado. 
Existe um leque de possibilidades para o professor preparar o aluno da sala EJA para a posse de algumas habilidades e competências necessárias para a sua vida em sociedade com mais autonomia. Basta, apenas, pensar que o aluno EJA já traz bastante bagagem, mas nem sempre sabe como utilizá-la e cabe ao educador orientar o caminho para a apropriação do conhecimento, alfabetizando e letrando, em um conjunto ideal de ensino aprendizagem. O professor necessita de qualificação para saber o que, para que e por que trabalhar cada atividade. Por isso, é importante tomar consciência da relevância de como levar conhecimento que não por intermédio de monólogos cansativos, mas por meio de aulas participativas
e lúdicas, pois os adultos, ao contrário das crianças
Portanto, o professor tem que estar preparado para atender aos diversos níveis de dificuldades e/ou conhecimentos. Isso porque os alunos de EJA são sujeitos pensantes, autônomos e com sua própria cultura e conceito formados. Assim, tanto a Pedagogia como a Andragogia podem contribuir, cada uma a seu tempo, com a alfabetização de adultos, respeitando os alunos e suas capacidades cognitivas, lançando constantes desafios para uma educação inclusiva. Um verdadeiro e completo resgate social, não apenas no sentido de devolver ao aluno EJA o tempo perdido, mas no âmbito da transformação de sonhos em realidade, fixando seus ideais naquilo que a sociedade espera e quer de um cidadão, ou seja, um protagonista da sua própria história.
ALUNAS: Cristiane Aparecida
 Ingrid Oliveira
 Lohane Batista
 Yasmim Mattos
Turma: 3001 Cn
Professora: Simone Bicalito

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