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1 INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA TEOLOGIA INTRODUÇÃO Paulo... separou os discípulos, instruindo-os diariamente na escola de Tirano. Isso aconteceu durante dois anos (At 19.9b,10a). Qual o lugar que o ensino deve ocupar nas igrejas cristãs da atualidade? Uma análise bíblica (e séria) precisa urgentemente ser feita. Quando voltamos o nosso olhar para as Escrituras, constatamos que o ensino sempre teve muito valor! Desde a época do Antigo Testamento até os dias do Novo Testamento. Por exemplo, no Antigo Testamento, em Deuteronômio, capítulo 6, versículo 1, Moisés escreveu para o povo: Estes são os mandamentos, os estatutos e os juízos que o Senhor teu Deus mandou ensinar-te... (grifo nosso). Ensinar aqui é Lamad, que significa: instruir, treinar, ensinar. E veja que quem ordena o ensino dos mandamentos nesse texto é o próprio Deus. Na continuação, Moisés explica e diz que Deus quer que os israelitas não somente aprendam, mas também que pratiquem: ...cuida de pô-los em prática... (v.3); e não somente isso, eles também deveriam ensinar aos seus filhos: Estas palavras que hoje te ordeno estarão no teu coração. Tu as inculcarás a teus filhos, e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te e levantando-te (v.6-7). “Inculcar” significa, de acordo com o original, “dizer sempre de novo” (shinantam). Os pais deveriam “encharcar” os filhos com os ensinamentos da lei de Deus! No Salmo 78 também há um destaque e um incentivo para a educação (cf. Sl 78.3-7). Neste Salmo o povo promete que vai ensinar o que sabe sobre os poderosos feitos do Senhor para as futuras gerações. No verso 1, o próprio Deus é colocado como professor: Meu povo, escutai meu ensino... Enfim, o 2 ensino tem um lugar especial no Antigo Testamento. Se você desejar, confira mais estes textos: Sl 119.27; Is 54.13; Jr 31.33,34. Já no Novo Testamento, quando Jesus inicia seu ministério público, a Bíblia é clara em dizer que ele percorreu toda a Galileia, ensinando nas sinagogas deles, pregando o evangelho do reino... (Mt 4.23 – grifo nosso). No início da igreja primitiva, a preocupação com o ensino também era evidente: E eles perseveravam no ensino dos apóstolos (At 2.42). Além desses, talvez um dos maiores exemplos de interesse pelo ensino das Escrituras foi o apóstolo Paulo. Ele não somente ganhava novos crentes para Jesus, mas ensinava esses novos convertidos. O exemplo mais notável de ensino sistemático das Escrituras, pelo apóstolo Paulo, encontra-se registrado em Atos, capítulo 19, que diz: Paulo... separou os discípulos, instruindo-os diariamente na escola de Tirano. Isso aconteceu durante dois anos (At 19.9b,10a). Provavelmente, Tirano era professor e mestre de várias disciplinas, como a arte de falar em público, matemática, filosofia e outros assuntos que faziam parte do currículo das universidades dos tempos antigos.1 Ele era proprietário de um “salão” ou de uma “escola” na cidade de Éfeso. Tirano usava as salas da escola nas horas frescas da manhã e na parte da noite e cedia os horários da tarde para Paulo, pois tais salas permaneciam vazias durante esse período quente do dia (aproximadamente das 11 às 16 horas). E, em razão de muitas pessoas não trabalharem nesse horário podiam ir lá para ouvir Paulo.2 O apóstolo usa a escola desse homem para ensinar Bíblia! John Stott afirma que alguns escritos antigos dizem que Paulo ensinava da hora quinta à hora décima3, ou seja, das onze da manhã às quatro da tarde, conforme já dissemos. São cinco horas de aula por dia, durante dois anos inteiros! Isso dá 2500 horas de ensino evangélico! Não é à toa que o versículo 10 diz que todos os que habitavam na Ásia ouviram a Palavra do Senhor! 1 Champlin (2003:412). 2 Bíblia de Aplicação Pessoal (2004:1529). 3 Stott (2005:51). 3 Pois bem, por que estamos fazendo todas essas considerações? A resposta é simples: para mostrar o quanto o ensino é importante e para dizer que a teologia faz parte do ensino cristão. Fazer teologia é lidar diretamente com o ensino das Escrituras. Teologia e educação são duas palavras que se casam. Ela é uma ferramenta indispensável para todos aqueles que desejam crescer no conhecimento do Senhor Jesus Cristo! É importantíssima para quem quer servir a Deus na área do ensino e para quem deseja fundamentar solidamente as suas crenças e convicções! O estudo teológico é de suma importância para quem almeja liderar! Neste capítulo faremos uma breve introdução à teologia. Começaremos com a definição do termo, depois passaremos para as divisões, em seguida meditaremos na importância e por último trataremos do estudo da teologia em si. 2.1. A DEFINIÇÃO DE TEOLOGIA O que você pensa quando ouve alguém dizendo que gosta de teologia? Estranho? Normal? Por desconhecer a definição do que realmente significa teologia, existe muita gente confusa; desenvolvendo até alguns preconceitos com quem decide se matricular em um curso teológico. Por isso, antes de definirmos o que significa, é bom que fique bem claro que “teologia” não é sinônimo de “falta de fé”. Não são as pessoas que estão titubeando em sua caminhada cristã, sucumbindo em sua fé em Jesus, que resolvem se aventurar, assentando-se numa cadeira de uma faculdade para estudar teologia. Teólogo não é um sabe- tudo religioso que ignora as coisas “espirituais”, apresentando explicações racionais para todos os assuntos, em todas as ocasiões. Teologia não é uma matéria apenas para eruditos, intelectuais, doutos, apegados a teorias vazias e sem vida. Não, isso não é teologia! O que é, então, teologia? Para que não haja confusão nessa parte, antes de definirmos teologia, é bom considerarmos o que significa “doutrina”. Vejamos. 4 2.1.1. O que é doutrina? Para muitos leitores, a palavra “doutrina” pode se mostrar um tanto quanto ameaçadora, aterrorizante.4 Não são poucos os que a associam com rigidez, severidade, rigor. Se esse for o seu caso, talvez a sua visão acerca do que seja doutrina esteja distorcida. Segundo Myer Pearlman, a palavra doutrina significa “ensino” ou “instrução”, nesse sentido, “doutrina cristã” pode ser definida como as verdades ou ensinos fundamentais da Bíblia, apresentados de forma sistemática, ordenada, organizada;5 ou, como diz Erickson, “doutrina cristã é apenas as declarações das crenças mais fundamentais do cristão”.6 Os exageros de alguns, que torcem a Palavra de Deus para criar seus próprios pontos de vista, não podem ser chamados de doutrina cristã. Ensinos antibíblicos não podem ser chamados de "doutrinas cristãs". Novamente ressaltamos: a doutrina cristã é bíblica, porque é baseada na Bíblia. Grudem destaca bem essa ideia dizendo que a doutrina é o que a Bíblia, como um todo, nos ensina acerca de um determinado assunto.7 Uma vez salvos pela graça de Jesus, iniciamos a nossa carreira cristã. Depois de justificados, entramos no processo de santificação. Nessa caminhada, saber qual é a vontade Deus para nós é extremamente importante se não quisermos andar por caminhos errados. Conhecer a doutrina certa é necessário, por pelo menos dois motivos. Vejamos: Em primeiro lugar, conhecer a doutrina cristã bíblica é essencial para o desenvolvimento do caráter. Crenças firmes produzem caráter firme! Crenças bem definidas produzem convicções bem definidas. Foi por isso que Paulo disse a Timóteo: ...continue firme nas verdades que aprendeu e em que creu de todo o coração (2Tm 3.14). Em segundo lugar, conhecer a doutrina cristã bíblica é essencialpara o enfrentamento do erro. Jesus, em certa ocasião, afirmou: Como vocês estão 4 Erickson (1997:15). 5 Pearlman (2006:16). 6 Erickson (1997:15). 7 Grudem (1999:4). 5 errados não conhecendo nem as Escrituras nem o poder de Deus (Mt 22.29). Precisamos conhecer as Escrituras para não sermos enganados por qualquer vento de doutrina! Certo escritor comparou a vida cristã com uma viagem no tempo para a eternidade. Essa viagem tem rumo certo, destino certo. Foi planejada e é dirigida pelo Criador. Ele comparou a doutrina com o mapa que indica o caminho até o destino final. Deus não nos deixou à deriva, sem rumo. Sua vontade foi revelada a nós. Por fim, é importante lembrarmos também que a doutrina não tem um fim em si mesma, justamente porque a Bíblia não tem um fim em si mesma. Ambas apontam para JESUS! Ele disse que as Escrituras dão testemunho a seu favor (Jo 5.39). A palavra escrita sempre vai nos direcionar à Palavra da vida: Jesus (1Jo 1.1)! A doutrina verdadeira não é a cura para o pecado, mas mostra o remédio. A doutrina verdadeira não é a fonte da salvação, mas aponta o caminho. A doutrina verdadeira não nos livra da morte, mas indica-nos a fonte da vida! A doutrina verdadeira não é o que temos de mais importante, mas coloca as coisas nos devidos lugares, fazendo Aquele que é mais importante ser glorificado. 2.1.2. O que é teologia? Enfim, o que é teologia? Agora que já sabemos o que é doutrina, é bom que o seu significado fique bem claro em nossa mente. A linha que divide as definições de doutrina e teologia é muito fina, quase imperceptível. Mas ainda assim existe. A doutrina é o resultado do processo de fazer teologia.8 As principais doutrinas, dogmas, confissões de fé, foram formulados depois de sérios e profundos estudos teológicos sobre determinados assuntos. As doutrinas nascem do estudo teológico. O termo “teologia” é formado de duas palavras gregas: theos, que significa “Deus”, e logos, que significa “razão”, “sabedoria” ou “pensamento”.9 É 8 Grudem (1999:4). 9 Grenz; Olson (2006:15). 6 possível também que logos seja traduzido como “estudo”, “assunto”, “discussão”, “matéria”, “coisa”, “ponto”, “tema”, etc.10 Portanto, devido à grande variedade de possibilidades de traduções da palavra, podemos dizer, basicamente, como afirmou Champlin, que teologia é o estudo das coisas relativas a Deus, à sua natureza, obras e relações com os homens.11 Ryrie afirma que a teologia é a descoberta, a sistematização e a apresentação das verdades a respeito de Deus.12 Entretanto, num sentido mais limitado, podemos afirmar que qualquer meditação sobre as questões fundamentais da vida, que aponte para Deus, é teologia. E não é de hoje que as pessoas buscam respostas sobre Ele! Desde tempos remotos filósofos tateiam, pesquisam, sondam, enfim, estão à procura da existência de qualquer ser supremo que pudesse existir, o princípio fundante de todas as coisas. Por isso, olhando de forma mais geral, A teologia não é exclusivamente cristã, mas consiste no esforço humano quase universal do qual a teologia cristã é a concretização específica. O aspecto ímpar da teologia cristã é que os cristãos buscam respostas às perguntas fundamentais sem desviar os olhos de Jesus Cristo.13 Mas, voltando às definições de teologia, Myer Pearlman diz que esta é a ciência que trata do nosso conhecimento de Deus e do relacionamento dele com o homem.14 Ele explica que chama a teologia de “ciência” por um motivo bem simples. A ciência é a disposição sistemática dos fatos comprovados. “A teologia é considerada ciência porque consiste em fatos relacionados a Deus e às coisas de ordem divina apresentadas de uma maneira lógica e adequada”.15 Como uma ciência que se esforça na busca de compreender Deus, a teologia é uma disciplina intelectual respeitada. Ela já foi 10 Gingrich; Danker (1984: 127). 11 Champlin (2001:357). 12 Ryrie (2004:15). 13 Grenz; Olson (2006:43). 14 Pearlman (2006:16). 15 Ibidem. 7 considerada como a “rainha das ciências e a Teologia Sistemática como a coroa da rainha”.16 Todavia, é lamentável constatar que hoje em dia, em muitas igrejas evangélicas, a teologia é vista com maus olhos. Desde já, é bom que se diga: não existe problema algum em alguém querer se aprofundar em seu conhecimento da Bíblia Sagrada. As Escrituras não são contra questionamentos e dúvidas! Veja, por exemplo, os judeus bereanos: ...pois de bom grado receberam a palavra, examinando cada dia nas Escrituras se estas coisas eram assim (At 17.11b). Os bereanos não receberam passivamente tudo o que lhes foi dito. Questionaram, examinaram. O verbo “examinar”, usado no texto citado, é a tradução do vocábulo grego “anakrino”, que significa fazer passar pelo crivo, fazendo uma pesquisa cuidadosa e exata.17 Rienecker e Rogers, nessa mesma linha, destacam que “anakrino” é examinar, fazer uma pesquisa cuidadosa, “como num julgamento legal”.18 A dúvida fez com que aqueles judeus buscassem respostas. Eles estavam fazendo teologia! E, neste caso, avançaram em seus conhecimentos, e, desse modo, muitos deles creram... (At 17.12). Feitas essas considerações, vejamos algumas divisões da teologia. 2.2. AS DIVISÕES DA TEOLOGIA A teologia abrange muitas áreas de estudo e pode ser subdividida em alguns campos. Dentre elas, destacamos: 2.2.1. A Teologia Dogmática Segundo o Novo Dicionário da Língua Portuguesa, de Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, “dogma” é um ponto fundamental e indiscutível duma 16 Thiessen (2001:5). 17 Champlin (1986:358). 18 Rienecker e Rogers (1995:225). 8 doutrina religiosa. Desta forma, então, podemos definir a teologia dogmática afirmando que ela é o estudo das verdades fundamentais da fé de acordo com os credos da igreja.19 A teologia dogmática deve ser a formulação sistemática dos ensinos da Bíblia.20 2.2.2. A Teologia Bíblica Quando analisamos o desenvolvimento de um assunto, dentro do livro de um determinado autor, estamos entrando no campo da teologia bíblica. “A teologia bíblica dá atenção especial aos ensinos de autores específicos e de seções da Bíblia e ao papel de cada ensino no desenvolvimento histórico das Escrituras”.21 O foco principal da teologia bíblica é o que o autor pensava a respeito de cada doutrina. Desta forma podemos perguntar: “Como é o desenvolvimento do conceito ‘reino dos céus’ no evangelho de Mateus?”; ou: “Como se desenvolve o conceito de louvor a Deus a partir do livro dos Salmos?”. A teologia bíblica traça a verdade através do livro da Bíblia. Ela lida de modo sistemático com o progresso historicamente condicionado da autorrevelação de Deus na Bíblia, segundo Ryrie.22 Segundo Ladd, a teologia bíblica é uma disciplina basicamente descritiva, cuja abrangência não busca primeiramente o significado final dos ensinos da Bíblia, ou a sua relevância para os dias atuais, essa é uma tarefa da teologia sistemática.23 Aliás, a teologia sistemática faz uso dos frutos do trabalho da teologia bíblica e com frequência “constrói sobre seus resultados”.24 Podemos traçar algumas características ou pilares sobre os quais a teologia bíblica arquiteta sua forma de fazer teologia. Em primeiro lugar, os contextos. A teologia bíblica examina com cuidado os contextos histórico e geográfico nos quais ocorrerama revelação de Deus. Investiga a vida dos autores bíblicos, a data, a ocasião da escrita, o 19 Pearlman (2006:19). 20 Ladd (2003:18). 21 Grudem (1999:2). 22 Ryrie (2004:16). 23 Ladd (2003:38). 24 Grudem (1999:2). 9 propósito, etc. Enfim, a teologia bíblica está preocupada com o que o autor quis dizer. Sua tarefa principal é expor a teologia encontrada na Bíblia, em seu contexto histórico, com seus principais termos, categorias e formas de pensamento.25 Em segundo lugar, a revelação. A revelação progressiva de Deus é outro pilar da teologia bíblica, visto que ela estuda a revelação na sequência progressiva em que foi dada.26 Deus foi se autorrevelando aos poucos, ao longo dos anos. A teologia bíblica se propõe a estudar essa revelação. Em terceiro lugar, as Escrituras. Em último lugar, e não poderia ser diferente, a teologia bíblica tem na Bíblia a sua única fonte! Não se faz teologia bíblica examinando outras fontes, sua fonte são as Escrituras. Os próprios reformadores insistiram que a teologia deveria estar fundamentada apenas na Bíblia.27 A verdade está revelada na Palavra de Deus! Nas faculdades teológicas, no campo da teologia bíblica, são ministrados os cursos de Teologia bíblica do Antigo Testamento e Teologia bíblica do Novo Testamento; além, é claro, de Introdução ao Antigo e Novo Testamento. 2.2.3. A Teologia Histórica Myer Pearlman diz que a teologia histórica traça o perfil da interpretação doutrinária, que envolve o estudo da história da igreja.28 Como o próprio nome diz, a teologia histórica toma por base a história do povo de Deus. Nesse sentido, por exemplo, ao estudar a doutrina da trindade por meio da teologia histórica, pode-se perguntar: “O que foi dito, ao longo da história da igreja, sobre trindade?”. Além disso, Thiessen destaca que a teologia histórica traça a história do povo de Deus através da Bíblia desde a época de Cristo. Ela trata da origem, desenvolvimento e dispersão da verdadeira religião e também de suas 25 Ladd (2003:38). 26 Ryrie (2004:16). 27 Ladd (2003:18). 28 Pearlman (2006:19). 10 doutrinas, organizações e práticas.29 Entre os cursos que estão ligados a essa área da teologia, estão: História da Igreja, História de Missões, História da Doutrina, etc. 2.2.4. A Teologia Sistemática Com toda certeza, esta é a mais conhecida de todas as áreas da teologia. “Sistematizar” é colocar em ordem. Desta forma, a teologia sistemática correlaciona os dados da revelação bíblica com um todo, para exibir sistematicamente a imagem completa da autorrevelação de Deus.30 Nesta área, os ensinos, os estudos, as pesquisas referentes a Deus e ao homem são agrupados em tópicos, de acordo com um sistema definido.31 Podemos dividir a teologia sistemática em nove grandes áreas: 2.4.1. Bibliologia ou o estudo da Bíblia. Esta é a parte da teologia sistemática que visa estudar a doutrina das Escrituras. Nesta matéria estuda-se a formação do cânon, a inspiração das Escrituras, a inerrância das Escrituras, a suficiência das Escrituras, a clareza das Escrituras, etc. 2.4.2 Teologia ou o estudo da doutrina de Deus. Nesta parte da teologia sistemática, estuda-se a respeito do maior de todos os fatos: Deus - sua existência e natureza. Tópicos sobre eternidade, trindade, imutabilidade, onisciência, onipotência, onipresença, santidade, fidelidade de Deus, entre outros, são tratados aqui. 2.4.3 Angelologia ou estudo da doutrina dos anjos. Neste item, chamado angelologia, o que está em foco é a doutrina dos anjos. A palavra angelos vem do grego e tem o significado básico de “mensageiro”. Nos livros de teologia sistemática, geralmente este tópico é trabalhado dentro do capítulo 29 Thiessen (2001:21). 30 Ryrie (2004:17). 31 Pearlman (2006:20). 11 do estudo sobre Deus (Teologia). Em Angelologia estuda-se a origem, a natureza, a missão, a ação e o caráter dos anjos. 2.4.3.1 Demonologia. Em angelologia são abordados assuntos referentes tanto aos anjos bons como aos anjos maus. Entretanto, o nome mais específico do tópico sobre anjos maus é Demonologia. E, dentro do estudo deste último, ainda existe mais uma subdivisão. Algumas teologias sistemáticas trazem um tópico chamado Satanalogia,32 que estuda a origem, a queda, os métodos, os motivos, etc, do maioral dos decaídos. 2.4.4 Antropologia ou o estudo da doutrina do ser humano. Esta seção da teologia sistemática trata das questões relacionadas com a criação, queda e natureza do ser humano. Pearlman diz que todas as verdades bíblicas se agrupam ao redor de dois grupos centrais: Deus e o homem. O estudo a respeito do homem ocupa o segundo lugar de importância, após o estudo de Deus.33 2.4.4.1 Hamartiologia ou estudo do pecado é uma subdivisão do estudo referente ao homem. Hamartia é uma palavra grega que significa “pecar”, “errar o alvo”.34 Algumas teologias trazem um tópico específico para este assunto, que trata da gravidade do pecado, suas consequências, etc. 2.4.5 Cristologia. A Cristologia é a área da teologia sistemática que estuda a pessoa e a obra de Cristo. Aqui estamos no centro da fé cristã, no cerne do Evangelho. Nesta matéria estuda-se a expiação, a substituição, além de tópicos como a eternidade de Jesus, seu nascimento sobrenatural, seu ministério, seus ofícios (Jesus como rei, sacerdote e profeta), sua morte, ressurreição, ascensão e sua segunda vinda em poder e grande glória. 2.4.6 Pneumatologia ou estudo da doutrina do Espírito Santo. Pneuma é uma palavra grega que literalmente significa “respiração, movimento 32 Chafer (2003:454). 33 Pearlman (2006:21). 34 Rienecker e Rogers (1995:261). 12 de ar”.35 Mas, que é usada na Bíblia Sagrada também para descrever o Espírito Santo (pneuma to hágion). Esta parte da teologia sistemática se propõe a estudar a divindade, a personalidade e o ministério do Espírito Santo. 2.4.7 Soteriologia ou estudo da doutrina da salvação. Sotéros é a palavra grega para “salvador”, “libertador” e Sotería é o termo grego que significa “salvação”.36 Louis Berkhof define a soteriologia como a matéria que trata da comunicação das bênçãos da salvação ao pecador e seu restabelecimento ao favor divino e à vida de íntima comunhão com Deus.37 Nesta seção se estudam matérias sobre graça comum, eleição e predestinação, chamado, regeneração, conversão, fé, justificação, adoção, santificação, perseverança e glorificação. 2.4.8 Eclesiologia ou estudo da natureza, dos propósitos, das características e do futuro da igreja. A matéria se chama “Eclesiologia” porque, em grego, o termo correspondente a igreja é ekklesia, cujo significado é “assembleia”, “reunião”, “qualquer tipo de reunião” ou “ajuntamento de pessoas”. Por isso, em eclesiologia quem está em foco é a igreja de Cristo. Este tópico trata da definição de igreja, sua singularidade, sua missão, seus oficiais, suas ordenanças, etc. 2.4.9 Escatologia ou o estudo da doutrina das últimas coisas. O termo éschatos, do qual deriva a palavra escatologia, significa “último”.38 Esta seção abrange todas as coisas que eram futuras relativamente ao momento em que foram escritas, ou as que ainda são futuras em relação ao nosso ponto de vista presente.39 Em Escatologia estudam-se pontos de vista relativos ao milênio, vinda de Cristo, tribulação,juízo final, novo céu e nova terra, o lar dos remidos, etc. 35 Gingrich; Danker (1984:169). 36 Idem, p. 202. 37 Berkhof (2007:383). 38 Gingrich; Danker (1984:86). 39 Ryrie (2004:509). 13 2.2.5. A Teologia Exegética Exegética origina-se da palavra grega que significa “sacar” ou “extrair”.40 Esta é a área da teologia que procura descobrir o significado original e verdadeiro das Escrituras. A Teologia Exegética se ocupa diretamente do estudo do Texto Sagrado.41 Conhecer bem as línguas bíblicas originais é requisito indispensável neste campo da teologia, que inclui cursos como: Estudo das línguas originais da Bíblia (Grego e Hebraico, além de uma pequena porção em Aramaico), Exegese do Antigo e do Novo Testamento e Hermenêutica. 2.2.6. A Teologia Prática O que adianta estudar fórmulas e assuntos teológicos se isso não for aplicado à vida? O academicismo desprovido de praticidade seca a alma. A teologia não pode parecer isolada, intocável, longe da realidade da vida. Tiago disse: Sejam praticantes da palavra, e não sejam apenas ouvintes, enganando- se a si mesmos (Tg 1.22). A teologia deve ser aplicada, por isso existe a “Teologia Prática”. Thiessen diz que essa área de estudo da teologia trata da aplicação da mesma na regeneração, santificação, educação e serviço dos homens.42 Ela busca aplicar à vida prática aquilo que se estuda na teologia dogmática, bíblica, histórica, sistemática e exegética. A Teologia Prática envolve os cursos de Homilética, Administração Eclesiástica, Educação Cristã e Missões. 2.3. A IMPORTÂNCIA DA TEOLOGIA Por que a teologia é importante? Existem pelo menos três motivos. 2.3.1. Por causa do imperativo bíblico do ensino 40 Pearlman (2006:19). 41 Thiessen (2001:21). 42 Thiessen (2001:22). 14 A igreja de Cristo tem a missão de promover a edificação através do ensino bíblico. No evangelho de Marcos, Cristo convocou a sua igreja a ser uma proclamadora (Mc 16.15) das boas novas, mas, no evangelho de Mateus, ela é convocada para ser uma discipuladora: Portanto, ide e fazei discípulos... (Mt 28.19). A expressão “fazei discípulos” é uma tradução do verbo grego matheteuo. Este verbo está no imperativo, ou seja, é uma ordem! “Fazei discípulos” aqui pode também ser traduzido para “discipulai”. Quanto ao verbo “ide”, ele na verdade não é uma ordem, mas expressa uma ação em desenvolvimento. A ideia do texto é: “enquanto estiverem indo: discipulai!”. Por isso, a única ordem da grande comissão, de acordo com Mateus, é: “façam discípulos”.43 A pergunta natural que surge depois de uma ordem como esta é: qual a maneira de se fazer discípulos? Na continuação do texto, o próprio Jesus responde. Ele diz: ...ensinando-os a obedecer a tudo o que lhes ordenei (Mt 28.20). A igreja faz discípulos através do ensino! A igreja precisa proclamar e discipular. Não basta levar o pecador à fé salvífica inicial, é preciso ensinar a cada um com toda a sabedoria, para que apresentemos todo homem perfeito (maduro) em Cristo (Cl 1.28). Uma das marcas da igreja primitiva era o ensino: eles se dedicavam ao ensino dos apóstolos... (At 2.42); ...não cessavam de ensinar e de pregar Jesus, o Cristo (At 5.42). “A igreja primitiva interessava-se pela edificação tanto quanto pelo evangelismo, pela santificação tanto quanto pela conversão...”.44 A pregação é o ministério do recrutamento e o ensino, o ministério do amadurecimento.45 Muito bem, por isso a teologia é importante e necessária. A igreja tem responsabilidade com relação ao ensino. Um dos objetivos da teologia é preparar pessoas para esta tão nobre tarefa: proclamar, ensinar a Palavra de Deus, formar discípulos, aparelhar os santos através do ensino bíblico! Jesus disse aos saduceus, em Mateus 22.29: Errais, não conhecendo as Escrituras, nem o poder de Deus. O erro de muita gente hoje em dia é o mesmo dos saduceus: não conhecem as Escrituras. É nossa missão ensinar. Mas, por que 43 Wiersbe (2006:140). 44 Hendriksen (2001:704). 45 Duffield & Cleave (1991:237). 15 ensinar? A resposta é o segundo motivo pelo qual estudar teologia é importante. 2.3.2. Por causa do resultado prático do ensino “A Bíblia não pode ser ensinada visando apenas encher a mente de conhecimento. Pessoas cheias de conhecimento, mas com pouca ou nenhuma prática, viverão um farisaísmo tristemente nocivo”.46 Só o conhecimento, desconectado da prática, de nada adianta. Por isso, o conhecimento bíblico é diferente de todos os outros. As verdades da Palavra de Deus podem transformar vidas! No dia de Pentecostes, registrado em Atos, capítulo 2, depois de receber o batismo no Espírito Santo, o apóstolo Pedro coloca-se em pé, levanta a sua voz e começa a proclamar um eloquente e arrojado sermão. Depois que ele termina de pregar, informa-nos o versículo 37: Ouvindo eles isto, compungiram-se em seu coração... (At 2). Entenda o que está acontecendo aqui. Observe a palavra “compungiram-se” em sua Bíblia. Essa palavrinha dá a ideia de “receber uma forte ferroada”. É usada para descrever emoções dolorosas, que penetram o coração como uma flecha. Eles ficaram profundamente comovidos com a Palavra. É como disse acertadamente o autor de Hebreus: a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até a divisão de alma e espírito, e de juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração (Hb 4.12). Paulo também disse: Não me envergonho do evangelho, pois é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê; primeiro do judeu e também do grego (Rm 1.16). Nesse texto, a palavra traduzida por “poder”, como aparece em nossas bíblias, é dunamis, de acordo com o texto original. Foi dessa palavra grega que surgiu a nossa palavra moderna “dinamite”. A dinamite tem um poder destruidor. Foi inventada pelo sueco Alfred Nobel, em 1866. Todavia, apesar de ter sido inventada na Suécia, a palavra dinamite não 46 Brito (2004:31). 16 é de origem sueca, mas grega. Agora, veja que interessante: muitos anos antes de Alfred Nobel colocar o nome de dinamite na sua invenção, o apóstolo Paulo já usava essa palavra para falar do Evangelho. É claro que ele não tinha em mente a dinamite como nós a conhecemos. Esta ainda não existia. Alfred Nobel usou a palavra para se referir ao poder destruidor da sua invenção. Paulo a usou para se referir ao poder transformador do Evangelho. O apóstolo acreditava no grande poder do Evangelho. Fazia mais de vinte anos que sua vida tinha sido transformada pelo Evangelho. Em Romanos 1.16, percebemos que o apóstolo tinha uma mente amadurecida e entendia, de forma bem clara, que nenhum poder, seja ele político, social, econômico ou religioso, se compara ao poder do Evangelho. Nós também temos essa certeza! Acreditamos no poder do Evangelho! Cremos que ele pode dar novo rumo à vida do que está desorientado! Sabemos que ele é o poderoso método divino (BV) para nos indicar o caminho rumo ao céu! E é por saber tudo isso que insistimos que a teologia é importante. Não é somente pelo imperativo bíblico a respeito do ensino, mas por visualizarmos o que o ensino da Palavra pode fazer, e por sabermos quais são os resultados práticos do ensino. O Evangelho é um acontecimento que envolve poder para a transformação de vidas.Entretanto, as pessoas só serão transformadas pelo Evangelho se ele for ensinado. Se a Palavra não for ministrada, como vidas poderão sentir esse poder transformador? 2.4. O ESTUDO DA TEOLOGIA Muito bem, agora que já estudamos e notamos como é importante estudar teologia, vejamos: de que maneira devemos estudar teologia? Quais são as ferramentas para o estudo da teologia? É isso que veremos neste tópico. 2.4.1. A maneira de se estudar teologia Pelo menos quatro princípios podem e devem ser observados ao estudarmos teologia: o princípio da devoção, da humildade, da reflexão e da satisfação. Tratemos de cada um deles separadamente. 17 Em primeiro lugar, devemos estudar teologia com devoção. Estudar teologia não é uma atividade estritamente intelectual, mas, sobretudo, espiritual. Nós precisamos da ajuda do Espírito Santo: O homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, pois lhe são absurdas; e não pode entendê-las, pois se compreendem espiritualmente (1Co 2.14). Por isso, o estudante de teologia deve “orar continuamente, pedindo sabedoria e entendimento das Escrituras”.47 Assim como o salmista, precisamos orar: ...desvenda os meus olhos para que contemple as maravilhas da tua lei (Sl 119.18). O estudo deve ser feito com atitude de oração! Grudem destaca acertadamente que, uma vez que é o Espírito Santo que nos dá capacidade para entendermos corretamente as Escrituras, precisamos nos conscientizar de que a coisa certa a fazer, em especial quando não conseguimos entender alguma parte das Escrituras ou alguma doutrina bíblica, é orar pedindo a ajuda de Deus. Ele concluiu dizendo que do que precisamos, na maioria das vezes, não é de mais dados, mas de um correto entendimento dos dados que já temos.48 Em segundo lugar, devemos estudar teologia com humildade. Conhecimento sem humildade “incha”. Muito conhecimento sem muita humildade é sinal de problema. Um teólogo sem humildade é um desastre anunciado. Pisa nos outros. Acha-se dono da verdade. Não está aberto a discussões. Acha que a sua palavra é a final em todos os assuntos. Como é “fácil assumir uma atitude de orgulho ou de superioridade em relação a outros que não tiveram o mesmo estudo”.49 Por isso mesmo, quem estuda teologia precisa cultivar a humildade. Aliás, a humildade é uma prática cristã constantemente ordenada e apreciada na Bíblia Sagrada. A Escritura diz, em Provérbios, capítulo 15, versículo 23: ...a humildade antecede a honra. No Salmo 37, verso 11, lemos: Mas os humildes receberão a terra por herança. A humildade proporciona benefícios tanto para esta vida como para a que há de vir! Deus se opõe aos orgulhosos, mas concede graça aos humildes (Tg 4.6). Estude teologia com humildade! 47 Grudem (1999:13). 48 Idem, p. 12. 49 Idem, p. 13. 18 Em terceiro lugar, devemos estudar teologia com reflexão. No Novo Testamento, sempre que Jesus e os escritores neotestamentários citavam um versículo das Escrituras, logo depois extraíam dele conclusões lógicas. Eles raciocinavam a partir das Escrituras.50 Estudar teologia envolve raciocínio lógico, reflexão. A Bíblia nos ordena praticar essa reflexão ao tentarmos descobrir a vontade do Senhor: ...não sejam insensatos, mas procurem compreender qual é a vontade do Senhor (Ef 5.17). Muitos acham que compreender a vontade de Deus, conforme revelada nas Escrituras, é um exercício impossível de se fazer, é uma experiência totalmente mística que nada tem a ver com o raciocínio. Concordamos que o papel do Espírito Santo nesse processo é fundamental (1Co 2.11-14), contudo, a expressão “procurem compreender” indica que devemos usar a nossa mente para descobrir a vontade de Deus. “Compreender” aqui é “a habilidade de juntar as coisas e vê-las em seu relacionamento mútuo. Os santos são encorajados a fazer uso do seu raciocínio”.51 Deus nos deu inteligência e espera que a usemos! Jesus disse: Amarás o Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma e com todo o teu entendimento (Mt 22.37 – grifo nosso). Em quarto lugar, devemos estudar teologia com satisfação. Como vimos, a definição de teologia é estudo sobre Deus. É um estudo sobre o Deus vivo! Por isso, não podemos estudar este assunto de maneira fria!52 Estude teologia com satisfação. Demonstre alegria ao poder estudar a Palavra de Deus. Afinal de contas, os preceitos do Senhor são retos, e alegram o coração (Sl 19.8). As palavras do Senhor são doces ao paladar! (Sl 119.103). 2.4.2. As ferramentas para o estudo teológico Em sua obra Iniciação à teologia, Stanley Grez e Roger Olson dizem que as ferramentas do teólogo são três: a mensagem bíblica, a herança 50 Grudem (1999:14). 51 Wiersbe (2006:99). 52 Grudem (1999:16). 19 teológica da igreja e as formas de pensamento da cultura contemporânea.53 Embora todas elas sejam importantes e necessárias, elas não são iguais. É preciso colocá-las em ordem de prioridade. Faremos isso agora, seguindo a linha dos autores já citados. Em primeiro lugar vem a mensagem bíblica. A Bíblia é a fonte primária de toda a teologia. Ela é a principal ferramenta! Não é o que diz a tradição da igreja ou até mesmo as resoluções científicas que tem poder final de decisão sobre um assunto ou discussão teológica, mas a sempre infalível Palavra de Deus, divinamente inspirada e proveitosa para ensinar, para repreender, para corrigir, para instruir em justiça; a fim de que o homem de Deus tenha capacidade e pleno preparo para realizar toda boa obra (2Tm 3.16- 17). Em segundo lugar vem a herança teológica. A herança teológica não é essencial e nem determinante para definir alguma questão teológica, mas é uma ferramenta secundária. Precisamos continuamente olhar para trás, para o passado da igreja, e ver o que os grandes homens da história disseram sobre determinados assuntos. Nós não somos a primeira geração depois da igreja primitiva! Muita coisa já se falou, muitas formulações foram feitas. Não adianta o estudante de teologia do século XXI achar que pode “inventar a roda”. Olhar para trás é bom, não somente para saber o que já foi dito a respeito de certa doutrina bíblica, mas somos alertados também sobre certas armadilhas que devemos evitar, terrenos que não devemos pisar, etc. Em terceiro lugar vem a cultura contemporânea. Nós não fomos chamados para servir na mesma época de Paulo, Pedro, ou qualquer um dos apóstolos. Vivemos em outro tempo, em outro momento histórico. Por isso, em nossa missão de construir uma teologia bíblica e cristã, precisamos levar em conta a cultura que nos cerca. A cultura é uma ferramenta importante para o estudante de teologia em seu pensar teológico. Nosso grande desafio não é somente ter uma teologia bíblica e cristã, mas, sobretudo, relevante. Precisamos estar antenados com o mundo que nos cerca. Pensar, refletir e viver em meio a esta cultura sem negociar os princípios eternos da Palavra de 53 Grez; Olson (2006:102). 20 Deus, entretanto, sem que tenhamos de viver alienados do mundo que nos cerca. CONCLUSÃO Estamos chegando ao fim deste assunto. Não poderíamos encerrá-lo sem lançar um convite a cada leitor. Para você que tem um profundo desejo de crescer no conhecimento do Senhor Jesus: abrace a teologia! Como disse o profeta Oseias: Ah! Precisamos muito conhecer o Senhor! Vamos nos esforçar para isto, e Ele nos responderá (Os 6.3 – BV). Dedique tempo para ler, meditar,refletir nas Escrituras Sagradas: Habite, ricamente, em vós, a palavra de Cristo; instruí-vos e aconselhai-vos mutuamente em toda a sabedoria... (Cl 3.16 – grifo nosso). Segundo Warren Wiersbe, a palavra “habitar”, nesse texto, significa “sentir-se em casa”.54 A palavra de Cristo deve, constantemente, influenciar nossa vida. No Salmo 119, Davi mostra quão valiosas são as Escrituras Sagradas. Vale a pena engajar-se no seu estudo. É compensador estudar sistematicamente as Escrituras. Devemos seguir o exemplo dos bereanos, que recebiam a palavra com muito interesse, porém, examinando as Escrituras todos os dias para ver se as coisas eram, de fato, assim (At 17.11). A ignorância quanto aos ensinos bíblicos induz a falhas e leva as pessoas à derrota. Foi o que Deus denunciou através do profeta Oseias: O meu povo está sendo destruído, porque lhe falta o conhecimento... (Os 4.6). Por isso, mais do que ler superficialmente as doutrinas cristãs, é fundamental estudá-las com profundidade! Elas são o antídoto contra o erro. São elas que desenvolvem o caráter cristão em nós. São elas, ainda, as chaves que abrem as cadeias do pecado. Disse Jesus: ...e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará (Jo 8.32). Abra-se para o estudo das Escrituras! 54 Wiersbe (2006:182). 21 REFERÊNCIAS BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática. São Paulo: Cultura Cristã, 2007. BÍBLIA de Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, 2004. BRITO, Ednei Rodrigues. Aprender e ensinar. 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