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1 
 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA TEOLOGIA 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
Paulo... separou os discípulos, instruindo-os 
diariamente na escola de Tirano. Isso aconteceu 
durante dois anos (At 19.9b,10a). 
 
Qual o lugar que o ensino deve ocupar nas igrejas cristãs da atualidade? 
Uma análise bíblica (e séria) precisa urgentemente ser feita. Quando voltamos 
o nosso olhar para as Escrituras, constatamos que o ensino sempre teve muito 
valor! Desde a época do Antigo Testamento até os dias do Novo Testamento. 
Por exemplo, no Antigo Testamento, em Deuteronômio, capítulo 6, versículo 1, 
Moisés escreveu para o povo: Estes são os mandamentos, os estatutos e os 
juízos que o Senhor teu Deus mandou ensinar-te... (grifo nosso). Ensinar aqui 
é Lamad, que significa: instruir, treinar, ensinar. E veja que quem ordena o 
ensino dos mandamentos nesse texto é o próprio Deus. 
Na continuação, Moisés explica e diz que Deus quer que os israelitas não 
somente aprendam, mas também que pratiquem: ...cuida de pô-los em 
prática... (v.3); e não somente isso, eles também deveriam ensinar aos seus 
filhos: Estas palavras que hoje te ordeno estarão no teu coração. Tu as 
inculcarás a teus filhos, e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo 
caminho, e deitando-te e levantando-te (v.6-7). “Inculcar” significa, de acordo 
com o original, “dizer sempre de novo” (shinantam). Os pais deveriam 
“encharcar” os filhos com os ensinamentos da lei de Deus! 
No Salmo 78 também há um destaque e um incentivo para a educação 
(cf. Sl 78.3-7). Neste Salmo o povo promete que vai ensinar o que sabe sobre 
os poderosos feitos do Senhor para as futuras gerações. No verso 1, o próprio 
Deus é colocado como professor: Meu povo, escutai meu ensino... Enfim, o 
2 
 
ensino tem um lugar especial no Antigo Testamento. Se você desejar, confira 
mais estes textos: Sl 119.27; Is 54.13; Jr 31.33,34. 
Já no Novo Testamento, quando Jesus inicia seu ministério público, a 
Bíblia é clara em dizer que ele percorreu toda a Galileia, ensinando nas 
sinagogas deles, pregando o evangelho do reino... (Mt 4.23 – grifo nosso). No 
início da igreja primitiva, a preocupação com o ensino também era evidente: E 
eles perseveravam no ensino dos apóstolos (At 2.42). 
Além desses, talvez um dos maiores exemplos de interesse pelo ensino 
das Escrituras foi o apóstolo Paulo. Ele não somente ganhava novos crentes 
para Jesus, mas ensinava esses novos convertidos. O exemplo mais notável de 
ensino sistemático das Escrituras, pelo apóstolo Paulo, encontra-se registrado 
em Atos, capítulo 19, que diz: Paulo... separou os discípulos, instruindo-os 
diariamente na escola de Tirano. Isso aconteceu durante dois anos (At 
19.9b,10a). 
Provavelmente, Tirano era professor e mestre de várias disciplinas, 
como a arte de falar em público, matemática, filosofia e outros assuntos que 
faziam parte do currículo das universidades dos tempos antigos.1 Ele era 
proprietário de um “salão” ou de uma “escola” na cidade de Éfeso. Tirano 
usava as salas da escola nas horas frescas da manhã e na parte da noite e 
cedia os horários da tarde para Paulo, pois tais salas permaneciam vazias 
durante esse período quente do dia (aproximadamente das 11 às 16 horas). E, 
em razão de muitas pessoas não trabalharem nesse horário podiam ir lá para 
ouvir Paulo.2 
 O apóstolo usa a escola desse homem para ensinar Bíblia! John Stott 
afirma que alguns escritos antigos dizem que Paulo ensinava da hora quinta à 
hora décima3, ou seja, das onze da manhã às quatro da tarde, conforme já 
dissemos. São cinco horas de aula por dia, durante dois anos inteiros! Isso dá 
2500 horas de ensino evangélico! Não é à toa que o versículo 10 diz que todos 
os que habitavam na Ásia ouviram a Palavra do Senhor! 
 
1 Champlin (2003:412). 
2 Bíblia de Aplicação Pessoal (2004:1529). 
3 Stott (2005:51). 
3 
 
Pois bem, por que estamos fazendo todas essas considerações? A 
resposta é simples: para mostrar o quanto o ensino é importante e para dizer 
que a teologia faz parte do ensino cristão. Fazer teologia é lidar diretamente 
com o ensino das Escrituras. Teologia e educação são duas palavras que se 
casam. Ela é uma ferramenta indispensável para todos aqueles que desejam 
crescer no conhecimento do Senhor Jesus Cristo! É importantíssima para quem 
quer servir a Deus na área do ensino e para quem deseja fundamentar 
solidamente as suas crenças e convicções! O estudo teológico é de suma 
importância para quem almeja liderar! 
Neste capítulo faremos uma breve introdução à teologia. Começaremos 
com a definição do termo, depois passaremos para as divisões, em seguida 
meditaremos na importância e por último trataremos do estudo da teologia em 
si. 
 
2.1. A DEFINIÇÃO DE TEOLOGIA 
 
O que você pensa quando ouve alguém dizendo que gosta de teologia? 
Estranho? Normal? Por desconhecer a definição do que realmente significa 
teologia, existe muita gente confusa; desenvolvendo até alguns preconceitos 
com quem decide se matricular em um curso teológico. Por isso, antes de 
definirmos o que significa, é bom que fique bem claro que “teologia” não é 
sinônimo de “falta de fé”. 
Não são as pessoas que estão titubeando em sua caminhada cristã, 
sucumbindo em sua fé em Jesus, que resolvem se aventurar, assentando-se 
numa cadeira de uma faculdade para estudar teologia. Teólogo não é um sabe-
tudo religioso que ignora as coisas “espirituais”, apresentando explicações 
racionais para todos os assuntos, em todas as ocasiões. Teologia não é uma 
matéria apenas para eruditos, intelectuais, doutos, apegados a teorias vazias e 
sem vida. Não, isso não é teologia! 
O que é, então, teologia? Para que não haja confusão nessa parte, antes 
de definirmos teologia, é bom considerarmos o que significa “doutrina”. 
Vejamos. 
4 
 
 
2.1.1. O que é doutrina? 
 
Para muitos leitores, a palavra “doutrina” pode se mostrar um tanto 
quanto ameaçadora, aterrorizante.4 Não são poucos os que a associam com 
rigidez, severidade, rigor. Se esse for o seu caso, talvez a sua visão acerca do 
que seja doutrina esteja distorcida. Segundo Myer Pearlman, a palavra doutrina 
significa “ensino” ou “instrução”, nesse sentido, “doutrina cristã” pode ser 
definida como as verdades ou ensinos fundamentais da Bíblia, apresentados de 
forma sistemática, ordenada, organizada;5 ou, como diz Erickson, “doutrina 
cristã é apenas as declarações das crenças mais fundamentais do cristão”.6 
Os exageros de alguns, que torcem a Palavra de Deus para criar seus 
próprios pontos de vista, não podem ser chamados de doutrina cristã. Ensinos 
antibíblicos não podem ser chamados de "doutrinas cristãs". Novamente 
ressaltamos: a doutrina cristã é bíblica, porque é baseada na Bíblia. Grudem 
destaca bem essa ideia dizendo que a doutrina é o que a Bíblia, como um todo, 
nos ensina acerca de um determinado assunto.7 
Uma vez salvos pela graça de Jesus, iniciamos a nossa carreira cristã. 
Depois de justificados, entramos no processo de santificação. Nessa caminhada, 
saber qual é a vontade Deus para nós é extremamente importante se não 
quisermos andar por caminhos errados. Conhecer a doutrina certa é necessário, 
por pelo menos dois motivos. Vejamos: 
Em primeiro lugar, conhecer a doutrina cristã bíblica é essencial para o 
desenvolvimento do caráter. Crenças firmes produzem caráter firme! Crenças 
bem definidas produzem convicções bem definidas. Foi por isso que Paulo disse 
a Timóteo: ...continue firme nas verdades que aprendeu e em que creu de todo 
o coração (2Tm 3.14). 
Em segundo lugar, conhecer a doutrina cristã bíblica é essencialpara o 
enfrentamento do erro. Jesus, em certa ocasião, afirmou: Como vocês estão 
 
4 Erickson (1997:15). 
5 Pearlman (2006:16). 
6 Erickson (1997:15). 
7 Grudem (1999:4). 
5 
 
errados não conhecendo nem as Escrituras nem o poder de Deus (Mt 22.29). 
Precisamos conhecer as Escrituras para não sermos enganados por qualquer 
vento de doutrina! 
Certo escritor comparou a vida cristã com uma viagem no tempo para a 
eternidade. Essa viagem tem rumo certo, destino certo. Foi planejada e é 
dirigida pelo Criador. Ele comparou a doutrina com o mapa que indica o 
caminho até o destino final. Deus não nos deixou à deriva, sem rumo. Sua 
vontade foi revelada a nós. 
Por fim, é importante lembrarmos também que a doutrina não tem um 
fim em si mesma, justamente porque a Bíblia não tem um fim em si mesma. 
Ambas apontam para JESUS! Ele disse que as Escrituras dão testemunho a seu 
favor (Jo 5.39). A palavra escrita sempre vai nos direcionar à Palavra da vida: 
Jesus (1Jo 1.1)! A doutrina verdadeira não é a cura para o pecado, mas mostra 
o remédio. A doutrina verdadeira não é a fonte da salvação, mas aponta o 
caminho. A doutrina verdadeira não nos livra da morte, mas indica-nos a fonte 
da vida! A doutrina verdadeira não é o que temos de mais importante, mas 
coloca as coisas nos devidos lugares, fazendo Aquele que é mais importante ser 
glorificado. 
 
2.1.2. O que é teologia? 
 
 Enfim, o que é teologia? Agora que já sabemos o que é doutrina, 
é bom que o seu significado fique bem claro em nossa mente. A linha que 
divide as definições de doutrina e teologia é muito fina, quase imperceptível. 
Mas ainda assim existe. A doutrina é o resultado do processo de fazer teologia.8 
As principais doutrinas, dogmas, confissões de fé, foram formulados depois de 
sérios e profundos estudos teológicos sobre determinados assuntos. As 
doutrinas nascem do estudo teológico. 
 O termo “teologia” é formado de duas palavras gregas: theos, que 
significa “Deus”, e logos, que significa “razão”, “sabedoria” ou “pensamento”.9 É 
 
8 Grudem (1999:4). 
9 Grenz; Olson (2006:15). 
6 
 
possível também que logos seja traduzido como “estudo”, “assunto”, 
“discussão”, “matéria”, “coisa”, “ponto”, “tema”, etc.10 Portanto, devido à 
grande variedade de possibilidades de traduções da palavra, podemos dizer, 
basicamente, como afirmou Champlin, que teologia é o estudo das coisas 
relativas a Deus, à sua natureza, obras e relações com os homens.11 
Ryrie afirma que a teologia é a descoberta, a sistematização e a 
apresentação das verdades a respeito de Deus.12 Entretanto, num sentido mais 
limitado, podemos afirmar que qualquer meditação sobre as questões 
fundamentais da vida, que aponte para Deus, é teologia. E não é de hoje que 
as pessoas buscam respostas sobre Ele! Desde tempos remotos filósofos 
tateiam, pesquisam, sondam, enfim, estão à procura da existência de qualquer 
ser supremo que pudesse existir, o princípio fundante de todas as coisas. Por 
isso, olhando de forma mais geral, 
 
A teologia não é exclusivamente cristã, mas consiste no esforço humano quase 
universal do qual a teologia cristã é a concretização específica. O aspecto ímpar da 
teologia cristã é que os cristãos buscam respostas às perguntas fundamentais sem 
desviar os olhos de Jesus Cristo.13 
 
 Mas, voltando às definições de teologia, Myer Pearlman diz que 
esta é a ciência que trata do nosso conhecimento de Deus e do relacionamento 
dele com o homem.14 Ele explica que chama a teologia de “ciência” por um 
motivo bem simples. A ciência é a disposição sistemática dos fatos 
comprovados. “A teologia é considerada ciência porque consiste em fatos 
relacionados a Deus e às coisas de ordem divina apresentadas de uma maneira 
lógica e adequada”.15 Como uma ciência que se esforça na busca de 
compreender Deus, a teologia é uma disciplina intelectual respeitada. Ela já foi 
 
10 Gingrich; Danker (1984: 127). 
11 Champlin (2001:357). 
12 Ryrie (2004:15). 
13 Grenz; Olson (2006:43). 
14 Pearlman (2006:16). 
15 Ibidem. 
7 
 
considerada como a “rainha das ciências e a Teologia Sistemática como a coroa 
da rainha”.16 
 Todavia, é lamentável constatar que hoje em dia, em muitas 
igrejas evangélicas, a teologia é vista com maus olhos. Desde já, é bom que se 
diga: não existe problema algum em alguém querer se aprofundar em seu 
conhecimento da Bíblia Sagrada. As Escrituras não são contra questionamentos 
e dúvidas! Veja, por exemplo, os judeus bereanos: ...pois de bom grado 
receberam a palavra, examinando cada dia nas Escrituras se estas coisas eram 
assim (At 17.11b). 
 
Os bereanos não receberam passivamente tudo o que lhes foi dito. 
Questionaram, examinaram. O verbo “examinar”, usado no texto citado, é a 
tradução do vocábulo grego “anakrino”, que significa fazer passar pelo crivo, 
fazendo uma pesquisa cuidadosa e exata.17 Rienecker e Rogers, nessa mesma 
linha, destacam que “anakrino” é examinar, fazer uma pesquisa cuidadosa, 
“como num julgamento legal”.18 A dúvida fez com que aqueles judeus 
buscassem respostas. Eles estavam fazendo teologia! E, neste caso, avançaram 
em seus conhecimentos, e, desse modo, muitos deles creram... (At 17.12). 
 
 Feitas essas considerações, vejamos algumas divisões da teologia. 
 
2.2. AS DIVISÕES DA TEOLOGIA 
 
 A teologia abrange muitas áreas de estudo e pode ser subdividida 
em alguns campos. Dentre elas, destacamos: 
 
 2.2.1. A Teologia Dogmática 
 
Segundo o Novo Dicionário da Língua Portuguesa, de Aurélio Buarque de 
Holanda Ferreira, “dogma” é um ponto fundamental e indiscutível duma 
 
16 Thiessen (2001:5). 
17 Champlin (1986:358). 
18 Rienecker e Rogers (1995:225). 
8 
 
doutrina religiosa. Desta forma, então, podemos definir a teologia dogmática 
afirmando que ela é o estudo das verdades fundamentais da fé de acordo com 
os credos da igreja.19 A teologia dogmática deve ser a formulação sistemática 
dos ensinos da Bíblia.20 
 
 2.2.2. A Teologia Bíblica 
 
Quando analisamos o desenvolvimento de um assunto, dentro do livro de 
um determinado autor, estamos entrando no campo da teologia bíblica. “A 
teologia bíblica dá atenção especial aos ensinos de autores específicos e de 
seções da Bíblia e ao papel de cada ensino no desenvolvimento histórico das 
Escrituras”.21 O foco principal da teologia bíblica é o que o autor pensava a 
respeito de cada doutrina. Desta forma podemos perguntar: “Como é o 
desenvolvimento do conceito ‘reino dos céus’ no evangelho de Mateus?”; ou: 
“Como se desenvolve o conceito de louvor a Deus a partir do livro dos 
Salmos?”. A teologia bíblica traça a verdade através do livro da Bíblia. Ela lida 
de modo sistemático com o progresso historicamente condicionado da 
autorrevelação de Deus na Bíblia, segundo Ryrie.22 
 Segundo Ladd, a teologia bíblica é uma disciplina basicamente 
descritiva, cuja abrangência não busca primeiramente o significado final dos 
ensinos da Bíblia, ou a sua relevância para os dias atuais, essa é uma tarefa da 
teologia sistemática.23 Aliás, a teologia sistemática faz uso dos frutos do 
trabalho da teologia bíblica e com frequência “constrói sobre seus resultados”.24 
Podemos traçar algumas características ou pilares sobre os quais a teologia 
bíblica arquiteta sua forma de fazer teologia. 
 Em primeiro lugar, os contextos. A teologia bíblica examina com 
cuidado os contextos histórico e geográfico nos quais ocorrerama revelação de 
Deus. Investiga a vida dos autores bíblicos, a data, a ocasião da escrita, o 
 
19 Pearlman (2006:19). 
20 Ladd (2003:18). 
21 Grudem (1999:2). 
22 Ryrie (2004:16). 
23 Ladd (2003:38). 
24 Grudem (1999:2). 
9 
 
propósito, etc. Enfim, a teologia bíblica está preocupada com o que o autor quis 
dizer. Sua tarefa principal é expor a teologia encontrada na Bíblia, em seu 
contexto histórico, com seus principais termos, categorias e formas de 
pensamento.25 
 Em segundo lugar, a revelação. A revelação progressiva de Deus é 
outro pilar da teologia bíblica, visto que ela estuda a revelação na sequência 
progressiva em que foi dada.26 Deus foi se autorrevelando aos poucos, ao longo 
dos anos. A teologia bíblica se propõe a estudar essa revelação. 
 Em terceiro lugar, as Escrituras. Em último lugar, e não poderia 
ser diferente, a teologia bíblica tem na Bíblia a sua única fonte! Não se faz 
teologia bíblica examinando outras fontes, sua fonte são as Escrituras. Os 
próprios reformadores insistiram que a teologia deveria estar fundamentada 
apenas na Bíblia.27 A verdade está revelada na Palavra de Deus! 
 Nas faculdades teológicas, no campo da teologia bíblica, são 
ministrados os cursos de Teologia bíblica do Antigo Testamento e Teologia 
bíblica do Novo Testamento; além, é claro, de Introdução ao Antigo e Novo 
Testamento. 
 
2.2.3. A Teologia Histórica 
 
Myer Pearlman diz que a teologia histórica traça o perfil da interpretação 
doutrinária, que envolve o estudo da história da igreja.28 Como o próprio nome 
diz, a teologia histórica toma por base a história do povo de Deus. Nesse 
sentido, por exemplo, ao estudar a doutrina da trindade por meio da teologia 
histórica, pode-se perguntar: “O que foi dito, ao longo da história da igreja, 
sobre trindade?”. Além disso, Thiessen destaca que a teologia histórica traça a 
história do povo de Deus através da Bíblia desde a época de Cristo. Ela trata da 
origem, desenvolvimento e dispersão da verdadeira religião e também de suas 
 
25 Ladd (2003:38). 
26 Ryrie (2004:16). 
27 Ladd (2003:18). 
28 Pearlman (2006:19). 
10 
 
doutrinas, organizações e práticas.29 Entre os cursos que estão ligados a essa 
área da teologia, estão: História da Igreja, História de Missões, História da 
Doutrina, etc. 
 
 2.2.4. A Teologia Sistemática 
 
 Com toda certeza, esta é a mais conhecida de todas as áreas da 
teologia. “Sistematizar” é colocar em ordem. Desta forma, a teologia 
sistemática correlaciona os dados da revelação bíblica com um todo, para exibir 
sistematicamente a imagem completa da autorrevelação de Deus.30 Nesta área, 
os ensinos, os estudos, as pesquisas referentes a Deus e ao homem são 
agrupados em tópicos, de acordo com um sistema definido.31 
 
Podemos dividir a teologia sistemática em nove grandes áreas: 
 
 2.4.1. Bibliologia ou o estudo da Bíblia. Esta é a parte da teologia 
sistemática que visa estudar a doutrina das Escrituras. Nesta matéria estuda-se 
a formação do cânon, a inspiração das Escrituras, a inerrância das Escrituras, a 
suficiência das Escrituras, a clareza das Escrituras, etc. 
 
 2.4.2 Teologia ou o estudo da doutrina de Deus. Nesta parte da 
teologia sistemática, estuda-se a respeito do maior de todos os fatos: Deus - 
sua existência e natureza. Tópicos sobre eternidade, trindade, imutabilidade, 
onisciência, onipotência, onipresença, santidade, fidelidade de Deus, entre 
outros, são tratados aqui. 
 
 2.4.3 Angelologia ou estudo da doutrina dos anjos. Neste item, 
chamado angelologia, o que está em foco é a doutrina dos anjos. A palavra 
angelos vem do grego e tem o significado básico de “mensageiro”. Nos livros 
de teologia sistemática, geralmente este tópico é trabalhado dentro do capítulo 
 
29 Thiessen (2001:21). 
30 Ryrie (2004:17). 
31 Pearlman (2006:20). 
11 
 
do estudo sobre Deus (Teologia). Em Angelologia estuda-se a origem, a 
natureza, a missão, a ação e o caráter dos anjos. 
2.4.3.1 Demonologia. Em angelologia são abordados assuntos referentes 
tanto aos anjos bons como aos anjos maus. Entretanto, o nome mais 
específico do tópico sobre anjos maus é Demonologia. E, dentro do estudo 
deste último, ainda existe mais uma subdivisão. Algumas teologias sistemáticas 
trazem um tópico chamado Satanalogia,32 que estuda a origem, a queda, os 
métodos, os motivos, etc, do maioral dos decaídos. 
 
 2.4.4 Antropologia ou o estudo da doutrina do ser humano. Esta 
seção da teologia sistemática trata das questões relacionadas com a criação, 
queda e natureza do ser humano. Pearlman diz que todas as verdades bíblicas 
se agrupam ao redor de dois grupos centrais: Deus e o homem. O estudo a 
respeito do homem ocupa o segundo lugar de importância, após o estudo de 
Deus.33 
 2.4.4.1 Hamartiologia ou estudo do pecado é uma subdivisão do 
estudo referente ao homem. Hamartia é uma palavra grega que significa 
“pecar”, “errar o alvo”.34 Algumas teologias trazem um tópico específico para 
este assunto, que trata da gravidade do pecado, suas consequências, etc. 
 
 2.4.5 Cristologia. A Cristologia é a área da teologia sistemática que 
estuda a pessoa e a obra de Cristo. Aqui estamos no centro da fé cristã, no 
cerne do Evangelho. Nesta matéria estuda-se a expiação, a substituição, além 
de tópicos como a eternidade de Jesus, seu nascimento sobrenatural, seu 
ministério, seus ofícios (Jesus como rei, sacerdote e profeta), sua morte, 
ressurreição, ascensão e sua segunda vinda em poder e grande glória. 
 
 2.4.6 Pneumatologia ou estudo da doutrina do Espírito Santo. 
Pneuma é uma palavra grega que literalmente significa “respiração, movimento 
 
32 Chafer (2003:454). 
33 Pearlman (2006:21). 
34 Rienecker e Rogers (1995:261). 
12 
 
de ar”.35 Mas, que é usada na Bíblia Sagrada também para descrever o Espírito 
Santo (pneuma to hágion). Esta parte da teologia sistemática se propõe a 
estudar a divindade, a personalidade e o ministério do Espírito Santo. 
 
 2.4.7 Soteriologia ou estudo da doutrina da salvação. Sotéros é a 
palavra grega para “salvador”, “libertador” e Sotería é o termo grego que 
significa “salvação”.36 Louis Berkhof define a soteriologia como a matéria que 
trata da comunicação das bênçãos da salvação ao pecador e seu 
restabelecimento ao favor divino e à vida de íntima comunhão com Deus.37 
Nesta seção se estudam matérias sobre graça comum, eleição e predestinação, 
chamado, regeneração, conversão, fé, justificação, adoção, santificação, 
perseverança e glorificação. 
 
 2.4.8 Eclesiologia ou estudo da natureza, dos propósitos, das 
características e do futuro da igreja. A matéria se chama “Eclesiologia” porque, 
em grego, o termo correspondente a igreja é ekklesia, cujo significado é 
“assembleia”, “reunião”, “qualquer tipo de reunião” ou “ajuntamento de 
pessoas”. Por isso, em eclesiologia quem está em foco é a igreja de Cristo. Este 
tópico trata da definição de igreja, sua singularidade, sua missão, seus oficiais, 
suas ordenanças, etc. 
 
 2.4.9 Escatologia ou o estudo da doutrina das últimas coisas. O 
termo éschatos, do qual deriva a palavra escatologia, significa “último”.38 Esta 
seção abrange todas as coisas que eram futuras relativamente ao momento em 
que foram escritas, ou as que ainda são futuras em relação ao nosso ponto de 
vista presente.39 Em Escatologia estudam-se pontos de vista relativos ao 
milênio, vinda de Cristo, tribulação,juízo final, novo céu e nova terra, o lar dos 
remidos, etc. 
 
 
35 Gingrich; Danker (1984:169). 
36 Idem, p. 202. 
37 Berkhof (2007:383). 
38 Gingrich; Danker (1984:86). 
39 Ryrie (2004:509). 
13 
 
 2.2.5. A Teologia Exegética 
 
Exegética origina-se da palavra grega que significa “sacar” ou “extrair”.40 
Esta é a área da teologia que procura descobrir o significado original e 
verdadeiro das Escrituras. A Teologia Exegética se ocupa diretamente do 
estudo do Texto Sagrado.41 Conhecer bem as línguas bíblicas originais é 
requisito indispensável neste campo da teologia, que inclui cursos como: Estudo 
das línguas originais da Bíblia (Grego e Hebraico, além de uma pequena porção 
em Aramaico), Exegese do Antigo e do Novo Testamento e Hermenêutica. 
 
 2.2.6. A Teologia Prática 
 
O que adianta estudar fórmulas e assuntos teológicos se isso não for 
aplicado à vida? O academicismo desprovido de praticidade seca a alma. A 
teologia não pode parecer isolada, intocável, longe da realidade da vida. Tiago 
disse: Sejam praticantes da palavra, e não sejam apenas ouvintes, enganando-
se a si mesmos (Tg 1.22). A teologia deve ser aplicada, por isso existe a 
“Teologia Prática”. Thiessen diz que essa área de estudo da teologia trata da 
aplicação da mesma na regeneração, santificação, educação e serviço dos 
homens.42 Ela busca aplicar à vida prática aquilo que se estuda na teologia 
dogmática, bíblica, histórica, sistemática e exegética. A Teologia Prática envolve 
os cursos de Homilética, Administração Eclesiástica, Educação Cristã e Missões. 
 
2.3. A IMPORTÂNCIA DA TEOLOGIA 
 
 Por que a teologia é importante? Existem pelo menos três 
motivos. 
 
 2.3.1. Por causa do imperativo bíblico do ensino 
 
 
40 Pearlman (2006:19). 
41 Thiessen (2001:21). 
42 Thiessen (2001:22). 
14 
 
A igreja de Cristo tem a missão de promover a edificação através do 
ensino bíblico. No evangelho de Marcos, Cristo convocou a sua igreja a ser uma 
proclamadora (Mc 16.15) das boas novas, mas, no evangelho de Mateus, ela é 
convocada para ser uma discipuladora: Portanto, ide e fazei discípulos... (Mt 
28.19). A expressão “fazei discípulos” é uma tradução do verbo grego 
matheteuo. Este verbo está no imperativo, ou seja, é uma ordem! “Fazei 
discípulos” aqui pode também ser traduzido para “discipulai”. 
Quanto ao verbo “ide”, ele na verdade não é uma ordem, mas expressa 
uma ação em desenvolvimento. A ideia do texto é: “enquanto estiverem indo: 
discipulai!”. Por isso, a única ordem da grande comissão, de acordo com 
Mateus, é: “façam discípulos”.43 A pergunta natural que surge depois de uma 
ordem como esta é: qual a maneira de se fazer discípulos? Na continuação do 
texto, o próprio Jesus responde. Ele diz: ...ensinando-os a obedecer a tudo o 
que lhes ordenei (Mt 28.20). A igreja faz discípulos através do ensino! 
 A igreja precisa proclamar e discipular. Não basta levar o pecador 
à fé salvífica inicial, é preciso ensinar a cada um com toda a sabedoria, para 
que apresentemos todo homem perfeito (maduro) em Cristo (Cl 1.28). Uma das 
marcas da igreja primitiva era o ensino: eles se dedicavam ao ensino dos 
apóstolos... (At 2.42); ...não cessavam de ensinar e de pregar Jesus, o Cristo 
(At 5.42). “A igreja primitiva interessava-se pela edificação tanto quanto pelo 
evangelismo, pela santificação tanto quanto pela conversão...”.44 A pregação é 
o ministério do recrutamento e o ensino, o ministério do amadurecimento.45 
 Muito bem, por isso a teologia é importante e necessária. A igreja 
tem responsabilidade com relação ao ensino. Um dos objetivos da teologia é 
preparar pessoas para esta tão nobre tarefa: proclamar, ensinar a Palavra de 
Deus, formar discípulos, aparelhar os santos através do ensino bíblico! Jesus 
disse aos saduceus, em Mateus 22.29: Errais, não conhecendo as Escrituras, 
nem o poder de Deus. O erro de muita gente hoje em dia é o mesmo dos 
saduceus: não conhecem as Escrituras. É nossa missão ensinar. Mas, por que 
 
43 Wiersbe (2006:140). 
44 Hendriksen (2001:704). 
45 Duffield & Cleave (1991:237). 
15 
 
ensinar? A resposta é o segundo motivo pelo qual estudar teologia é 
importante. 
 
2.3.2. Por causa do resultado prático do ensino 
 
“A Bíblia não pode ser ensinada visando apenas encher a mente de 
conhecimento. Pessoas cheias de conhecimento, mas com pouca ou nenhuma 
prática, viverão um farisaísmo tristemente nocivo”.46 Só o conhecimento, 
desconectado da prática, de nada adianta. Por isso, o conhecimento bíblico é 
diferente de todos os outros. As verdades da Palavra de Deus podem 
transformar vidas! 
No dia de Pentecostes, registrado em Atos, capítulo 2, depois de receber 
o batismo no Espírito Santo, o apóstolo Pedro coloca-se em pé, levanta a sua 
voz e começa a proclamar um eloquente e arrojado sermão. Depois que ele 
termina de pregar, informa-nos o versículo 37: Ouvindo eles isto, 
compungiram-se em seu coração... (At 2). Entenda o que está acontecendo 
aqui. Observe a palavra “compungiram-se” em sua Bíblia. Essa palavrinha dá a 
ideia de “receber uma forte ferroada”. É usada para descrever emoções 
dolorosas, que penetram o coração como uma flecha. Eles ficaram 
profundamente comovidos com a Palavra. É como disse acertadamente o autor 
de Hebreus: a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais cortante do que qualquer 
espada de dois gumes, e penetra até a divisão de alma e espírito, e de juntas e 
medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração (Hb 
4.12). 
Paulo também disse: Não me envergonho do evangelho, pois é o poder 
de Deus para a salvação de todo aquele que crê; primeiro do judeu e também 
do grego (Rm 1.16). Nesse texto, a palavra traduzida por “poder”, como 
aparece em nossas bíblias, é dunamis, de acordo com o texto original. Foi 
dessa palavra grega que surgiu a nossa palavra moderna “dinamite”. A 
dinamite tem um poder destruidor. Foi inventada pelo sueco Alfred Nobel, em 
1866. Todavia, apesar de ter sido inventada na Suécia, a palavra dinamite não 
 
46 Brito (2004:31). 
16 
 
é de origem sueca, mas grega. Agora, veja que interessante: muitos anos antes 
de Alfred Nobel colocar o nome de dinamite na sua invenção, o apóstolo Paulo 
já usava essa palavra para falar do Evangelho. É claro que ele não tinha em 
mente a dinamite como nós a conhecemos. Esta ainda não existia. Alfred Nobel 
usou a palavra para se referir ao poder destruidor da sua invenção. Paulo a 
usou para se referir ao poder transformador do Evangelho. 
O apóstolo acreditava no grande poder do Evangelho. Fazia mais de 
vinte anos que sua vida tinha sido transformada pelo Evangelho. Em 
Romanos 1.16, percebemos que o apóstolo tinha uma mente amadurecida e 
entendia, de forma bem clara, que nenhum poder, seja ele político, social, 
econômico ou religioso, se compara ao poder do Evangelho. Nós também 
temos essa certeza! Acreditamos no poder do Evangelho! Cremos que ele pode 
dar novo rumo à vida do que está desorientado! Sabemos que ele é o poderoso 
método divino (BV) para nos indicar o caminho rumo ao céu! 
E é por saber tudo isso que insistimos que a teologia é importante. Não é 
somente pelo imperativo bíblico a respeito do ensino, mas por visualizarmos o 
que o ensino da Palavra pode fazer, e por sabermos quais são os resultados 
práticos do ensino. O Evangelho é um acontecimento que envolve poder para a 
transformação de vidas.Entretanto, as pessoas só serão transformadas pelo 
Evangelho se ele for ensinado. Se a Palavra não for ministrada, como vidas 
poderão sentir esse poder transformador? 
 
2.4. O ESTUDO DA TEOLOGIA 
 
Muito bem, agora que já estudamos e notamos como é importante 
estudar teologia, vejamos: de que maneira devemos estudar teologia? Quais 
são as ferramentas para o estudo da teologia? É isso que veremos neste tópico. 
 
2.4.1. A maneira de se estudar teologia 
 Pelo menos quatro princípios podem e devem ser observados ao 
estudarmos teologia: o princípio da devoção, da humildade, da reflexão e da 
satisfação. Tratemos de cada um deles separadamente. 
17 
 
Em primeiro lugar, devemos estudar teologia com devoção. Estudar 
teologia não é uma atividade estritamente intelectual, mas, sobretudo, 
espiritual. Nós precisamos da ajuda do Espírito Santo: O homem natural não 
aceita as coisas do Espírito de Deus, pois lhe são absurdas; e não pode 
entendê-las, pois se compreendem espiritualmente (1Co 2.14). Por isso, o 
estudante de teologia deve “orar continuamente, pedindo sabedoria e 
entendimento das Escrituras”.47 Assim como o salmista, precisamos orar: 
...desvenda os meus olhos para que contemple as maravilhas da tua lei (Sl 
119.18). O estudo deve ser feito com atitude de oração! 
Grudem destaca acertadamente que, uma vez que é o Espírito Santo que 
nos dá capacidade para entendermos corretamente as Escrituras, precisamos 
nos conscientizar de que a coisa certa a fazer, em especial quando não 
conseguimos entender alguma parte das Escrituras ou alguma doutrina bíblica, 
é orar pedindo a ajuda de Deus. Ele concluiu dizendo que do que precisamos, 
na maioria das vezes, não é de mais dados, mas de um correto entendimento 
dos dados que já temos.48 
Em segundo lugar, devemos estudar teologia com humildade. 
Conhecimento sem humildade “incha”. Muito conhecimento sem muita 
humildade é sinal de problema. Um teólogo sem humildade é um desastre 
anunciado. Pisa nos outros. Acha-se dono da verdade. Não está aberto a 
discussões. Acha que a sua palavra é a final em todos os assuntos. Como é 
“fácil assumir uma atitude de orgulho ou de superioridade em relação a outros 
que não tiveram o mesmo estudo”.49 
Por isso mesmo, quem estuda teologia precisa cultivar a humildade. 
Aliás, a humildade é uma prática cristã constantemente ordenada e apreciada 
na Bíblia Sagrada. A Escritura diz, em Provérbios, capítulo 15, versículo 23: ...a 
humildade antecede a honra. No Salmo 37, verso 11, lemos: Mas os humildes 
receberão a terra por herança. A humildade proporciona benefícios tanto para 
esta vida como para a que há de vir! Deus se opõe aos orgulhosos, mas 
concede graça aos humildes (Tg 4.6). Estude teologia com humildade! 
 
47 Grudem (1999:13). 
48 Idem, p. 12. 
49 Idem, p. 13. 
18 
 
Em terceiro lugar, devemos estudar teologia com reflexão. No Novo 
Testamento, sempre que Jesus e os escritores neotestamentários citavam um 
versículo das Escrituras, logo depois extraíam dele conclusões lógicas. Eles 
raciocinavam a partir das Escrituras.50 Estudar teologia envolve raciocínio 
lógico, reflexão. A Bíblia nos ordena praticar essa reflexão ao tentarmos 
descobrir a vontade do Senhor: ...não sejam insensatos, mas procurem 
compreender qual é a vontade do Senhor (Ef 5.17). Muitos acham que 
compreender a vontade de Deus, conforme revelada nas Escrituras, é um 
exercício impossível de se fazer, é uma experiência totalmente mística que nada 
tem a ver com o raciocínio. 
Concordamos que o papel do Espírito Santo nesse processo é 
fundamental (1Co 2.11-14), contudo, a expressão “procurem compreender” 
indica que devemos usar a nossa mente para descobrir a vontade de Deus. 
“Compreender” aqui é “a habilidade de juntar as coisas e vê-las em seu 
relacionamento mútuo. Os santos são encorajados a fazer uso do seu 
raciocínio”.51 Deus nos deu inteligência e espera que a usemos! Jesus disse: 
Amarás o Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma e 
com todo o teu entendimento (Mt 22.37 – grifo nosso). 
Em quarto lugar, devemos estudar teologia com satisfação. Como vimos, 
a definição de teologia é estudo sobre Deus. É um estudo sobre o Deus vivo! 
Por isso, não podemos estudar este assunto de maneira fria!52 Estude teologia 
com satisfação. Demonstre alegria ao poder estudar a Palavra de Deus. Afinal 
de contas, os preceitos do Senhor são retos, e alegram o coração (Sl 19.8). As 
palavras do Senhor são doces ao paladar! (Sl 119.103). 
 
2.4.2. As ferramentas para o estudo teológico 
 
 Em sua obra Iniciação à teologia, Stanley Grez e Roger Olson 
dizem que as ferramentas do teólogo são três: a mensagem bíblica, a herança 
 
50 Grudem (1999:14). 
51 Wiersbe (2006:99). 
52 Grudem (1999:16). 
19 
 
teológica da igreja e as formas de pensamento da cultura contemporânea.53 
Embora todas elas sejam importantes e necessárias, elas não são iguais. É 
preciso colocá-las em ordem de prioridade. Faremos isso agora, seguindo a 
linha dos autores já citados. 
 Em primeiro lugar vem a mensagem bíblica. A Bíblia é a fonte 
primária de toda a teologia. Ela é a principal ferramenta! Não é o que diz a 
tradição da igreja ou até mesmo as resoluções científicas que tem poder final 
de decisão sobre um assunto ou discussão teológica, mas a sempre infalível 
Palavra de Deus, divinamente inspirada e proveitosa para ensinar, para 
repreender, para corrigir, para instruir em justiça; a fim de que o homem de 
Deus tenha capacidade e pleno preparo para realizar toda boa obra (2Tm 3.16-
17). 
 Em segundo lugar vem a herança teológica. A herança teológica 
não é essencial e nem determinante para definir alguma questão teológica, mas 
é uma ferramenta secundária. Precisamos continuamente olhar para trás, para 
o passado da igreja, e ver o que os grandes homens da história disseram sobre 
determinados assuntos. Nós não somos a primeira geração depois da igreja 
primitiva! Muita coisa já se falou, muitas formulações foram feitas. Não adianta 
o estudante de teologia do século XXI achar que pode “inventar a roda”. Olhar 
para trás é bom, não somente para saber o que já foi dito a respeito de certa 
doutrina bíblica, mas somos alertados também sobre certas armadilhas que 
devemos evitar, terrenos que não devemos pisar, etc. 
 Em terceiro lugar vem a cultura contemporânea. Nós não fomos 
chamados para servir na mesma época de Paulo, Pedro, ou qualquer um dos 
apóstolos. Vivemos em outro tempo, em outro momento histórico. Por isso, em 
nossa missão de construir uma teologia bíblica e cristã, precisamos levar em 
conta a cultura que nos cerca. A cultura é uma ferramenta importante para o 
estudante de teologia em seu pensar teológico. Nosso grande desafio não é 
somente ter uma teologia bíblica e cristã, mas, sobretudo, relevante. 
Precisamos estar antenados com o mundo que nos cerca. Pensar, refletir e 
viver em meio a esta cultura sem negociar os princípios eternos da Palavra de 
 
53 Grez; Olson (2006:102). 
20 
 
Deus, entretanto, sem que tenhamos de viver alienados do mundo que nos 
cerca. 
 
 
CONCLUSÃO 
 
Estamos chegando ao fim deste assunto. Não poderíamos encerrá-lo sem 
lançar um convite a cada leitor. Para você que tem um profundo desejo de 
crescer no conhecimento do Senhor Jesus: abrace a teologia! Como disse o 
profeta Oseias: Ah! Precisamos muito conhecer o Senhor! Vamos nos esforçar 
para isto, e Ele nos responderá (Os 6.3 – BV). Dedique tempo para ler, meditar,refletir nas Escrituras Sagradas: Habite, ricamente, em vós, a palavra de 
Cristo; instruí-vos e aconselhai-vos mutuamente em toda a sabedoria... (Cl 3.16 
– grifo nosso). Segundo Warren Wiersbe, a palavra “habitar”, nesse texto, 
significa “sentir-se em casa”.54 A palavra de Cristo deve, constantemente, 
influenciar nossa vida. 
No Salmo 119, Davi mostra quão valiosas são as Escrituras Sagradas. 
Vale a pena engajar-se no seu estudo. É compensador estudar 
sistematicamente as Escrituras. Devemos seguir o exemplo dos bereanos, que 
recebiam a palavra com muito interesse, porém, examinando as Escrituras 
todos os dias para ver se as coisas eram, de fato, assim (At 17.11). A 
ignorância quanto aos ensinos bíblicos induz a falhas e leva as pessoas à 
derrota. Foi o que Deus denunciou através do profeta Oseias: O meu povo está 
sendo destruído, porque lhe falta o conhecimento... (Os 4.6). Por isso, mais do 
que ler superficialmente as doutrinas cristãs, é fundamental estudá-las com 
profundidade! Elas são o antídoto contra o erro. São elas que desenvolvem o 
caráter cristão em nós. São elas, ainda, as chaves que abrem as cadeias do 
pecado. Disse Jesus: ...e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará (Jo 
8.32). Abra-se para o estudo das Escrituras! 
 
 
 
 
54 Wiersbe (2006:182). 
21 
 
REFERÊNCIAS 
 
 
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RYRIE, C. Charles. Teologia Básica. São Paulo: Mundo Cristão, 2004. 
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São Paulo: Vida Nova, 2001. 
STOTT, John. O perfil do pregador. São Paulo: Vida Nova, s.d. 
THIESSEN, Henry Clarence. Palestra em Teologia Sistemática. São Paulo: 
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WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico Expositivo: Novo Testamento. Santo 
André: Geográfica, vol. II, 2006.

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