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TCC MICHEL (1)

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UNIVERSIDADE DA REGIÃO DE JOINVILLE – UNIVILLE 
CURSO DE DIREITO – NÚCLEO DE PRÁTICA JURÍDICA 
COORDENAÇÃO DE MONOGRAFIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA: 
APLICAÇÃO NOS TRIBUNAIS SUPERIORES NO BRASIL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 JEAN MICHEL SOARES BOMFIM 
 
 
 
 
 
 
 
Orientador(a): Prof. Hsc. Karina Camargo Boaretto Lopes 
 
 
 
 
 
Joinville (SC) novembro de 2017 
 
 
UNIVERSIDADE DA REGIÃO DE JOINVILLE – UNIVILLE 
CURSO DE DIREITO – NÚCLEO DE PRÁTICA JURÍDICA 
COORDENAÇÃO DE MONOGRAFIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 O PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA 
 Aplicação nos Tribunais Superiores no Brasil 
 
 
 JEAN MICHEL SOARES BOMFIM 
 
 
 
Monografia submetida à 
 Universidade da Região de Joinville – UNIVILLE, 
como requisito parcial à obtenção 
do título de Bacharel em Direito. 
 
 
 
Orientador(a): Prof. Hsc. Karina Camargo Boaretto Lopes 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Joinville (SC), novembro 2017
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Meus agradecimentos 
 
A minha professora orientadora Karina Camargo Boaretto Lopes 
Por ter me auxiliado na conclusão 
Desse projeto. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico esta obra: 
 
 
Aos meus filhos Miguel e Pedro 
 
 
A Deus por me dar a oportunidade de viver, aprender e 
Buscar ser alguém mais humilde todos os dias. 
As minhas irmãs Vanessa e denise 
A minha Avó Nira, 
A meu avô Adilson e sua nobre esposa 
 
 
In memoriam 
 
A meu pai Jocenilson Bomfim, 
A minha Avó Terezinha Piech, que já. 
A todos os que esqueci de mencionar 
 mas que fizeram, fazem ou futuramente 
Faram parte da minha vida. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Cada pessoa que passa em nossa vida, passa sozinha, é 
porque cada pessoa é única e nenhuma substitui a outra! 
Cada pessoa que passa em nossa vida passa sozinha e 
não nos deixa só porque deixa um pouco de si e leva um 
pouquinho de nós. Essa é a mais bela responsabilidade da 
vida e a prova de que as pessoas não se encontram por 
acaso” 
 
 
(Charlie Chaplin). 
 
 
PÁGINA DE APROVAÇÃO 
 
 
 A presente monografia de conclusão de Curso de Direito da Universidade da 
Região de Joinville – UNIVILLE, elaborada pelo(a) graduando(a) JEAN MICHEL 
SOARES DE BOMFIM, sob o título Princípio da Insignificância: Sua aplicação nos 
Tribunais Superiores do Brasil, foi submetida em _____de __________de 2017 à 
Banca Examinadora, obtendo a média final _____ 
(______________________________________), tendo sido considerada aprovada. 
 
 
 
Joinville, _____ de _________________ de 2017. 
 
 
 
 
_________________ __________________ ___________________ 
Prof. Prof. Prof. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DECLARAÇÃO DE ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE 
 
 
Declaro, para todos os fins de direito, que assumo total responsabilidade pelo 
aporte ideológico conferido ao presente trabalho, isentando a Universidade da Região 
de Joinville – UNIVILLE, a Coordenação do Curso de Direito, a Banca Examinadora, o 
Orientador de toda e qualquer responsabilidade acerca do mesmo. 
 
 
Joinville(SC), _____ de _________________ de 2017 
 
 
 
JEAN MICHEL SOARES DE BOMFIM 
GRADUANDO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ROL DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
 
CRFB Constituição da República Federativa do Brasil 
MP Ministério Público 
OAB Ordem dos Advogados do Brasil 
SC Estado de Santa Catarina 
STF Supremo Tribunal Federal 
STJ Superior Tribunal de Justiça 
TJSP Tribunal de Justiça de São Paulo 
TJSC Tribunal de Justiça de Santa Catarina 
TJDF Tribunal de Justiça do Distrito Federal 
TJRS Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul 
TJPR Tribunal de Justiça do Paraná 
HC Habeas Corpus 
RHC Recurso em Habeas Corpus 
Resp Recurso Especial 
RE Recurso Extraordinário 
UNIVILLE Universidade da Região de Joinville 
CP Código Penal 
CPM Código Penal Militar 
CPP Código de Processo Penal 
MPAS Ministério da Previdencia Social 
ECA Estatuta da Criança e do Adolecente 
CNPJ Cadastro Nacional de Pessoa Juridica 
 
 
 
 
 
 
 
 
AUTORIZAÇÃO DE PUBLICAÇÃO PARA FINS CIENTÍFICOS 
 
 
 
Autorizo a publicação do presente trabalho, para fins unicamente científicos, na 
rede mundial de computadores, sítio da Universidade da Região de Joinville – 
UNIVILLE, sem quaisquer ônus a esta. 
 
Declaro, ainda, ter sido informado de que a presente autorização não me foi 
colocada de forma obrigatória e que a aprovação do presente conteúdo perante a 
Banca Examinadora não depende daquela. 
 
 
Joinville (SC), _____ de _____________ de 2017 
 
 
 
 JEAN MICHEL SOARES DE BOMFIM 
GRADUANDO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
RESUMO ........................................................... Erro! Indicador não definido. 
INTRODUÇÃO .............................................................................................. 
 
Capítulo 1 
BREVE ESTUDO DAS ORIGENS DO PRINCÍPIO DA 
INSIGNIFICÂNCIA 
 
1.1. PANORAMA HISTÓRICO ..................................................................... 15 
1.2. A ORIGEM DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA NO BRASIL ......... 16 
1.3.PRINCÍPIOS RELACIONADOS ............................................................. 17 
1.3.1. Princípio da igualdade e liberdade .................................................. 19 
1.3.2. Princípio da legalidade ..................................................................... 19 
1.3.3.Princípio da intervensão mínima ...................................................... 20 
1.3.4. Princípio da Fragmentariedade e subsidiariedade ........................ 21 
1.3.5. Princípio da proporcionalidade ....................................................... 22 
1.3.6. princípio da adequação social ......................................................... 23 
1.4. O direito penal do autor e o estado de direito ................................... 24 
 
 
 
Capítulo 2 
O PRINCÌPIO DA INSIGNIFICÂNCIA 
 
2.1. CONCEITO ............................................................................................ 26 
2.2. REQUISITOS PARA SUA CARACTERIZAÇÃO ................................... 28 
2.2.1. Mínima ofensividade da conduta do agente ................................... 29 
2.2.2. Ausência de periculosidade social na ação ................................... 29 
2.2.3. Reduzido grau de reprovabilidade da ação .................................... 30 
2.2.4. Inexpressividade da lesão jurídica provocada ............................... 30 
 
2.3. NATUREZA JURÍDICA..........................................................................31 
2.4. VALORAÇÃO DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA ......................... 31 
2.5. RECONHECIMENTO DA CONDUTA INSIGNIFICANTE ...................... 32 
2.6. POLITÍCA CRIMINAL ............................................................................ 34 
2.7. OBJEÇÕES AO PRINCÍPIO.................................................................. 35 
2.8. A INDETERMINAÇÃO SOCIAL ............................................................ 36 
2.9. INSIGNIFICÂNCIA EM ALGUNS RAMOS DO DIREITO ...................... 37 
2.9.1 Insignificância previdenciária ........................................................... 37 
2.9.2 Insignificância em crimes ambientais .............................................. 40 
2.9.3. Insignificância na lei de antitóxicos ................................................ 41 
2.9.4 Insignificância tributaria .................................................................... 42 
2.9.5.Insignificância nos atos infracionais ............................................... 43 
2.9.6. PRINCÌPIO DA INSIGNIFICÂNCIA NA FASE INQUISITORIAL ........ 44 
2.9.6.1 Da autoridade policial ..................................................................... 44 
2.9.6.2 Da discricionariedade da autoridade policial ............................... 46 
2.9.6.3 Da prisão em flagrante.................................................................... 46 
 
 
 
 
 
Capítulo 3 
O PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA NOS TRIBUNAIS 
SUPERIORES 
 
3.1. O PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA NA JURISPRUDÊNCIA DO STF48 
3.2. O PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA NA JURISPRUDÊNCIA DO STJ51 
3.2.1. Condutas reprovável ........................................................................ 51 
3.2.2. Reicidência ........................................................................................ 52 
3.2.3 Inaplicabilidade .................................................................................. 53 
3.2.4 Insignificância em furto famélico ..................................................... 54 
3.2.5 Jurisprudência em matéria tributária ............................................... 55 
 
 
3.3.O DIREITO PENAL DO AUTOR NO DISCURSO DOS TRIBUNAIS 
SUPERIORES A RESPEITO DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA ........ 57 
CONCLUSÃO ........................................................................................... 59 
REFERÊNCIAS ........................................................................................ 60 
REFERÊNCIAS LEGISLATIVAS ......................................................... 63 
REFERÊNCIAS JURISPRUDÊNCIAIS .................................................... 64 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RESUMO 
 
O presente trabalho tem como objetivo averiguar o discurso dos Tribunais Superiores 
(Superior Tribunal de Justiça e Supremo Tribunal Federal) a respeito do princípio da 
insignificância penal, bem como identificar se tal discurso é compatível com o Estado 
Democrático de Direito. Para tanto, nesse trabalho, após uma breve abordagem 
histórica a respeito do tema, são pontuados outros princípios que possuem relação 
direta com aquele em estudo. Isto porque, não há no ordenamento jurídico brasileiro 
uma norma expressa que regularmente sua aplicabilidade, ficando ou critérios a cargo 
da jurisprudência. Ainda que a temática aqui abordada já tenha sido amplamente 
debatida, o tema, o tema é relevante uma vez que evidenciando-se na jurisprudência 
um discurso que viola garantias fundamentais e legitima o Direito penal do autor o 
debate precisa permanecer forte a fim de garantir o respeito das liberdades, através 
do estabelecimento de uma proteção jurídica. Assim para alcançar os objetivos 
almejados, foi realizada pesquisa bibliográfica, com a compilação de teses 
doutrinárias e posicionamentos judiciais. 
 
 
Palavras-chave: Direito Penal; Princípio da insignificância; Estado Democrático de 
Direito. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 INTRODUÇÃO 
 
 
 O Princípio da Insignificância é o tema tratado no Trabalho de Conclusão de 
Curso de Graduação do curso de direito da Universidade da Região de Joinville-
UNIVILLE 
 Trata-se de um tema extremamente interessante, de grande relevância para 
os aplicadores do Direito, em especial àqueles que trabalham com o direito penal e o 
processo penal, sejam advogados, promotores, defensores ou magistrados, bem 
como de grande importância para os réus, no processo penal (aqueles que sofrem a 
angústia de um processo demorado, o qual, muitas das vezes precisa chegar à última 
instância, para se ter reconhecida a sua insignificância). 
 Neste trabalho pretende-se conceituar o princípio da insignificância, fazer um 
apanhado histórico, estudar sua correlação com outros princípios, abordar os ramos 
do direito nos quais tem sido aplicado o princípio da insignificância, buscando-se 
verificar como tem sido aplicado o princípio da insignificância no processo penal 
brasileiro, se tem sido adotado e aplicado aos casos dos processos penais em nosso 
país. 
 Assim, o que é o princípio da insignificância, como tem sido sua evolução, em 
quais delitos se aplicam ou não, como tem sido o aceite e aplicação por parte dos 
aplicadores do direito são algumas das questões que procuraremos responder no 
decorrer do trabalho. 
 O foco principal desse trabalho é analisar a aplicação de tal princípio nos 
tribunais superiores do Brasil, como em alguns Tribunais de Justiça da federação, e 
principalmente seus requisitos e sua aplicação no Superior Tribunal de Justiça e 
Supremo Tribunal Federal. 
 
15 
 
 
 
 CAPITULO 1 
 
BREVE ESTUDO DAS ORIGENS DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA 
 
1.1.PANORAMA HISTÓRICO 
 
 Não há nos registros históricos um concenso definitivo sobre a origem do 
princípio da insignificância , para muitos o princípio da insignificância tem origem no 
direito romano, como bem explica José Henrique Guaracy Rebelo “ 
A mencionada maxima juridica anonima, da idade média, 
eventualmente usada na forma MINIMIS NON CURAT PROETOR, 
significa que um magistrado deve desprezar as causas consideradas 
insignificantes para se concentrar não causas realmente inadiaveis1 
 Apesar da sua origem romana ser dada praticamente como certa para alguns 
doutrinadores há dúvidas se esse princípio era utilizado no direito Romano antigo. 
 O doutrinador Ivan Silva argumenta de forma clara que existem duas origens 
do princípio da insignificância, destacando duas correntes. A primeira corrente afirma 
que tal princípio teve origem no direito romano antigo como já foi citado no início. Já 
a segunda entende que o princípio da insignificância teve origem através do 
pensamento jusfilosóficos dos iluministas e estaria ligado diretamente ao princípio da 
legalidade. 
 Para Ribeiro Lopes, um dos maiores doutrinadores penais do Brasil, o 
princípio da insignificância teve sua origem no direito romano antigo, porém foi com 
a ideia iluminista do princípio , que vimos sua influência nos dias atuais, tendo seu 
auge na Declaração Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1789.”O 
artigo 5 revela que a lei senão as açoes nocivas a sociedade, oque cria um carater 
seletivo para o direito penal, e o desprezo as ações insignificantes.”2 
 Para a segunda vertente liderada pelo doutrinador Guzmán Dalbora o 
princípioda insignificância , não teve sua origem romana como afirna a grande 
 
1 REBÊLO, José Henrique Guaracy. Princípio da insignificância: interpretação jurisprudencial. p. 31. 
 
2 LOPES, Maurício Antônio Ribeiro. Princípio da Insignificância no Direito Penal. 2° ed. p. 43. 
16 
 
 
maioria doutrinária, e que a minimis non curat proetor SEGUNDO Guzmán , não 
existia no direito romano antigo, e ainda que tal princípio está mais ligado ao 
pensamento liberal dos humanistas do renascimento do que ao pensamento 
autoritário dos Romanos antigos. 
 (...)Que o juiz se despreocupe do 
quantitativamente insignificante responde melhor ao sensato e 
arrazoado juizo de quem sabe-ou intui-que o instrumento do coação 
juridica não pode estar para o serviço de qualquer assunto, senão só 
para os de alguma monta, aqueles que possuamum significado 
juridicamente relevante.É isto, me parece enquadre-se melhor com o 
pensamento liberal que com um autoritario.3 
 
 O princípio da insignificância só foi introduzido na Doutrina Penal no ano de 
1964 por intermédio de Claus Roxin na Alemanha, como bem afirma Odone 
Sanguiné. 
O recente aspecto histórico do Princípio da Insignificância é 
inafastávelmente , devido a Claus Roxin, que, no ano de 1964, o 
formulou como base de validez geral para a determinação do injusto, 
a partir de considerações sobre a máxima latina mínima non curat 
proetor4 
 
 
 Para Mauricio ribeiro Lopes5, o princípio da insignificância de alastrou na 
Europa provavelmente durante e após a Segunda Guerra Mundial, devido a situação 
econômica em que o continente europeu se encontrava na época, podendo se dizer 
que os furtos ocorridos naquela época eram por estado de necessidade. 
 
1.2. A ORIGEM DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA NO BRASIL 
 
 No Brasil o primeiro doutrinador a defender in verbis o princípio da 
insignificância foi Francisco Assis Toledo: 
Segundo o princípio da insignificância, que se revela por inteiro pela 
sua própria denominação, o direito penal, por sua natureza 
fragmentária, só vai até onde seja necessário para a proteção do 
bem jurídico. Não deve ocupar-se de bagatelas. Assim, no sistema 
 
3 DALBORA, José Luis Gusmán. La insignificância: especificación y reducción valorativas en el 
ámbito de lo injusto típico. Revista Brasileira de Ciências Criminais. p. 41 
4 SANGUINÉ, Odone. Observações sobre o princípio da insignificância. Fascículos de Ciências 
Penais. p.39. 
5 LOPES, Mauricio Antônio Ribeiro. Princípio da Insignificância no Direito Penal. 2°ed, p.42 
17 
 
 
penal brasileiro, por exemplo, o dano do art. 163 do Código Penal 
não deve ser qualquer lesão à coisa alheia, mas sim aquela que 
possa representar prejuízo de alguma significação para o proprietário 
da coisa; o descaminho do artigo 334, parágrafo 1°, d, não será 
certamente a posse de pequena quantidade de produto estrangeiro, 
de valor reduzido, mas sim a de mercadoria cuja quantidade ou cujo 
valor indique lesão tributária, de certa expressão, para o Fisco; o 
peculato do artigo 312 não pode ser dirigido para ninharias como a 
que vimos em um volumoso processo no qual se acusava antigo 
servidor público de ter cometido peculato consistente no desvio de 
algumas poucas amostras de amêndoas; a injúria, a difamação e a 
calúnia dos artigos 140, 139 e 138, devem igualmente restringir-se a 
fatos que realmente possam afetar a dignidade, a reputação, a 
honra, o que exclui ofensas tartamudeadas e sem consequências 
palpáveis; e assim por diante. 
 
 Apesar de ser defendido pela ampla maioria dos doutrinadores brasileiros, há 
no Brasil alguns mais conservadores que o consideram “muito liberal”, segundo 
alguns autores não é fácil medir a valorização do bem, para dar-lhe proteção 
jurídica, e a adoção do princípio da insignificância seria muito perigosa, pois algo 
que é insignificante para um pode não ser necessariamente insignificante para outro. 
 Apesar da ampla abordagem jurisprudencial a respeito do princípio da 
insignificância, a conceituação não se encontra numa dogmática jurídica, como bem 
nos ensina Ribeiro Lopes 
 
Nenhum instrumento legislativo ordinário ou constitucional o define 
ou o acata formalmente, apenas podendo ser inferido na exata 
proporção em que aceitam limites para a interpretação constitucional 
e das leis em geral. É de criação exclusivamente doutrinária e 
pretoriana o que se faz justificar estas como autenticas fontes de 
direito6 
 
 
1.3. PRINCÍPIOS RELACIONADOS AO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA 
 
 
A palavra princípio vem do latim princípium e tem significação variada, 
podendo dar a ideia de começo, início, origem, ponto de partida, ou, ainda, a ideia 
de verdade primeira, que serve de fundamento, de base para algo. 
Nesse sentido, in verbis, lição de Alexy:7 
 
6 LOPES, Mauricio Antônio Ribeiro. Princípio da Insignificância no Direito Penal. 2°ed.p.45. 
7 ALEXY, Robert. Colisão e ponderação como problema fundamental da dogmática dos direitos 
fundamentais. Palestra proferida na Fundação Casa de Ruy Barbosa, Rio de Janeiro, em 10.12.1998. 
18 
 
 
 (...) princípios são normas que ordenam que algo seja 
realizado na medida possível, dentro das possibilidades jurídicas e 
reais existentes. Portanto, os princípios são mandamentos de 
otimização, que estão caracterizados pelo fato de que podem ser 
cumpridos em diferente grau e que a medida devida de seu 
cumprimento não só depende das possibilidades reais, mas também 
das jurídicas. O âmbito das possibilidades jurídicas é determinado 
pelos princípios e regras opostos 
Para Harger princípios são: 
 Normas positivadas ou implícitas no ordenamento jurídico com um 
grau de generalidade e abstração elevado e que em virtude disso, 
não possuem hipóteses de aplicação pré determinadas, embora 
exerçam um papel de prepondência em relação as demais regras, 
que não podem contraria-los, por serem as vigas mestras do 
ordenamento jurídico e representarem os valores positivados 
fundamentais da sociedade.8 
 
 Ivan Luiz da Silva fala sobre princípios jurídicos citando outro autor, De 
Plácido e Silva que nos explica a origem etimológica da palavra princípio: 
 
No sentido jurídico notadamente no plural, quer significaras normas 
elementares ou os requisitos primordiais instituídos como alicerce de 
alguma coisa. E, assim, princípios revelam o conjunto de regras e 
preceitos, que se fixaram, para servir de norma a toda espécie de 
ação jurídica, traçando assim, a conduta a ser tida em qualquer 
operação jurídica. Desse modo , exprimem sentido, mostram a 
própria razão fundamental de ser das coisas jurídicas, convertendo-
os em perfeitos, axiomas. Princípios jurídicos, sem dúvida, 
significam pontos básicos que servem de ponto de partida ou de 
elementos vitais do próprio direito .E nesta acepção, não se 
compreendem somente os fundamentos jurídicos, legalmente 
instituídos, mas todo axioma jurídico derivado de outra cultura 
jurídica universal, compreendem, pois, os fundamentos da ciência 
jurídica, onde se firmaram as normas originarias, ou as leis cientificas 
do direito, que traçam as noções em que se estrutura o próprio 
direito. Assim nem sempre os princípios inscrevem-se nas leis, mas 
porque servem de base ao direito, são tidos como preceitos 
fundamentais para a pratica e prestação do direito9 
 
 Portanto, o princípio da insignificância surge para evitar que os tipos penais 
abarquem os comportamentos que não provocam prejuízos relevantes para a 
sociedade. 
 
 
 
8 HARGER, Marcelo.Princípios constitucionais do processo administrativo .p. 16 
9 De PLÁCIDO E SILVA, Vocabulário jurídico, p. 447. apud Silva, op. cit., p.28. 
19 
 
 
1.3.1 Princípio da igualdade e liberdade 
 
O legislador originário de 1988, consagrou tais princípios no artigo 5, caput. 
 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer 
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes 
no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à 
segurança e à propriedade, nos termos seguintes 
 
 
Para Marcelo Novelino: O princípio da isonomia tem por finalidade impedir 
discriminações, distinções e privilégios arbitrários, preconceituosos ou injustificáveis 
 O Sábio doutrinador Mauricio Lopes fala sobre a necessidade da busca da 
igualdade material, no princípio da insignificância: 
 
Na aplicação da lei penal cabe ao Magistrado suplantar os limites da 
isonomia formal e adequar a respectiva sanção à conduta 
individualmente considerada, atingindo assim grau de 
individualização da reprimenda que corresponda a real culpabilidade 
do agente, recuperando assim o valor de igualdade real entre os 
acusados10 
 
 
A aplicação do Princípio da Insignificância possibilita a proteção ao valor 
constitucional supremo da liberdade. Tais princípios visam reduzir a incidência de 
medidas constritivas tendentes a suprimir a liberdade individual, pois a pena, em 
muitas situações, evidencia-se desproporcionalmente mais maléfica que o delito 
praticado.11 
 
1.3.2 Princípio da legalidade 
 Diferentemente do princípio da insignificância, o princípio da legalidade está 
expresso já no artigo primeiro do Código Penal: "Art. 1º Não há crime sem lei 
anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal"12 
 Todavia com a evolução desse princípio chegou-se a ideia de que não há 
crime sem que exista grave prejuízo relevante a um bem jurídico protegido, essa 
expressão Lopes define em latim como: nuilum crimem nu/la poena sine iuria.13 
 
10 LOPES, Maurício Antônio Ribeiro. Princípio da insignificância no Direito Penal. 2°ed, p. 56. 
11 GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal. Parte Geral. Volume 1 p.47. 
12 BRASIL. Vade Mecum: Saraiva, 2013, p. 523. 
13 LOPES, Maurício Antônio Ribeiro. Princípio da insignificância no Direito Penal. 2°ed, p. 43 
20 
 
 
 Justamente por haver essa extensividade do princípio da legalidade, que ele 
passou a ser relacionado com o princípio da insignificância, objetivando dessa forma 
que em casos concretos tais condutas não cheguem ao judiciário e assim não o 
congestionem com causas de apelo ínfimo. 
 Há na doutrina alguns autores que defendem a inaplicabilidade do princípio 
da insignificância por não haver previsão legal. 
 Já Silva descreve de forma clara tal princípio: 
As garantias que este princípio propicia ao cidadão também são uma 
forma de segurança. Com a atividade estatal limitada aos mandantes 
legais e com o aumento crescente, absurdo até, da interferência do 
estado na sociedade civil, a previsibilidade de suas atitudes são da 
maior importância. Se o cidadão não tiver um mínimo desta 
previsibilidade relativamente ao estado, estará vivendo uma situação 
absurda, em que um gigante pode invadir seu quintal a qualquer 
momento com a força de um elefante e a astucia de uma raposa, 
vale dizer, viverá uma situação de angustia 
 
 Para Bastos o princípio da legalidade assim se define: 
 
O princípio da legalidade mais se aproxima de uma garantia 
constitucional do que de um direito individual, já que ele não tutela, 
especificamente, um bem da vida, mas assegura, ao particular, a 
prerrogativa de repelir as injunções que lhe sejam impostas por uma 
outra via que não seja a da lei 14 
 
 Não há como se duvidar que o princípio da legalidade é uma garantia de 
todos nós, cidadãos, pois qualquer ato do Estado somente terá validade se 
formalizado. 
 
1.3.3 Princípio da intervenção mínima 
 
 Tal princípio ocupa função importante que assegura as garantias individuais 
previstas na Constituição. 
 Por esse princípio o direito penal deve-se abster de intervir em causas 
consideradas irrelevantes, e se preocupar com causa que tenha relevância jurídico 
penal, mantendo assim um caráter fragmentário e subsidiário. 
 O princípio da intervenção mínima tem um papel precioso em um Estado 
Democrático de Direito, pois evita que os autores de crimes considerados 
 
14 BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de direito constitucional. p. 25 
21 
 
 
insignificantes sejam julgados e condenados porque sua conduta estava descrita em 
um tipo penal incriminadora. 
 Segundo DOTTI: 
Visa restringir a incidência das normas incriminadoras aos casos de 
ofensas aos bens jurídicos fundamentais, reservando-se para os 
demais ramos do ordenamento jurídico a vasta gama de ilicitudes de 
menor expressão, em termos de dano ou perigo de dano. A 
aplicação do princípio resguarda o prestígio da ciência penal e do 
magistério punitivo contra os males da e exaustão e da insegurança 
que a conduz a chamada inflação legislativa15. 
 
 
 
 Nesse Contexto o princípio da intervenção mínima visa em regra limitar e em 
alguns casos eliminar o poder do legislador, visto que o princípio da legalidade 
apenas coloca barreiras ao arbítrio judicial, porém não impede que o estado através 
do legislador com base no princípio da reserva legal, crie leis consideradas 
imperfeitas. 
 
1.3.4 Princípio da Fragmentariedade e da subsidiariedade 
 O princípio da Fragmentariedade decorre de outros três importantes 
princípios, o da legalidade como explicarei mais adiante, o da intervenção mínima, e 
da lesividade, tem como base que somente condutas relevantes e que atentem 
contra bem jurídico relevante, necessitam dos rigores e punições do direito penal. 
Sobre este assunto vale citar Rogério Greco: 
O caráter fragmentário do Direito Penal significa, em síntese, que 
uma vez escolhidos aqueles bens fundamentais, comprovada a 
lesividade e a inadequação das condutas que os ofendem, esses 
bens passarão a fazer parte de uma pequena parcela que é 
protegida pelo Direito Penal, originando-se, assim, a sua 
Fragmentariedade. 
 
 
 Tal citação nos leva a entender que o princípio da Fragmentariedade serve 
como base ao princípio da insignificância, pois nem todos os atos ilícitos devem ser 
punidos com rigor pelo direito penal, devendo o magistrado, ou outro agente 
judiciário avaliar a conduta e a lesividade caso a caso. 
 Na lição de Mañas: 
 
15 Dou, Renê Anel. Alternativas Para o Direito Penal e o Princípio da Intervenção 
Mínima. p 52 
22 
 
 
“O princípio da insignificância surge justamente para evitar situações 
dessa espécie, atuando como instrumento de interpretação restritiva 
do tipo penal, com o significado sistemático e político-criminal de 
expressão da regra constitucional do nulium crinmen sine lege, nada 
mais faz do que revelar a natureza subsidiária e fragmentária do 
direito penal.”16 
 
 Sendo de natureza fragmentaria o direito penal, deve se ocupar apenas de 
punir condutas que realmente ameacem bem jurídicos tutelados considerados 
relevantes. 
 
1.3.5 Princípio da proporcionalidade 
 Está relacionado a não aplicação do excesso, tendo como principal função no 
ordenamento jurídico brasileiro coibir as práticas excessivas e desnecessárias, tal 
princípio vem para evitar punições excessivas que venham a prejudicar ou ferir 
princípios fundamentais básicos, o princípioda proporcionalidade, é sem dúvida 
nenhuma um dos fundamentos do princípio da insignificância, visto que sua 
aplicação deve incidir nas condutas penalmente insignificantes fazendo com que a 
punição seja de fato proporcional ao bem jurídico lesado. 
 Ivan Silva cita em sua obra uma citação de Sanguiné: 
O fundamento do princípio da insignificância está na ideia de 
proporcionalidade que a pena deve guardar em relação a gravidade 
do crime. Nos casos de ínfima afetação ao bem jurídico, o conteúdo 
de injusto, é tão pequeno que não subsiste nenhuma razão para o 
palhos ético da pena. Ainda a mínima pena aplicada seria 
desproporcional a significação social do fato.17 
 
 Nesta linha de pensamento afirma Maurach18: 
“Aplicar um recurso mais grave quando se obtém o mesmo resultado 
através de um mais suave: seria tão absurdo e reprovável 
criminalizar infrações contratuais civis quanto cominar ao homicídio 
tão só o pagamento das despesas funerárias” 
 
 Através desse princípio ligado fundamentalmente ao princípio da 
insignificância, podemos concluir sem sombra de dúvidas que o princípio da 
proporcionalidade vem para realmente satisfazer a justiça, sem prejuízo a institutos 
fundamentais. 
 
16 MA1AS, Vico. O Princípio da Insignificância como Excludente no Direito Penal.p.21 
. 
17 SANGUINÉ, Odone. Observações sobre o princípio da insignificância. Fascículos de Ciências 
Penais. p. 135 
18 Segundo as palavras de MATAS. 
23 
 
 
 Leciona Brucci: 
 
O princípio da razoabilidade pode ser definido como aquele que 
exige proporcionalidade, justiça e adequação entre os meios 
utilizados pelo Poder Público, no exercício de suas atividades - 
administrativas ou legislativas -, e os fins por ela almejados, levando-
se em conta critérios racionais e coerentes.19 
 
 
 Para ilustrar o princípio da proporcionalidade é importante destacar o julgado 
do Superior Tribunal de Justiça no “Caso dos Minhocuçus”, onde é importante a 
citação do voto do Ministro Fernando Gonsalves: 
 
O ato dos réus em apanhar quatro minhocuçus não tem relevância 
jurídica. Incide aqui o princípio da insignificância, porque a conduta 
dos acusados não tem poder lesivo suficiente para atingir o bem 
jurídico tutelado pela Lei n° 5.197/67. A pena por ventura aplicada 
seria mais gravosa do que o dano provocado pelo ato delituoso20. 
 
 
 Proporcionalidade refere-se ao equilíbrio entre as partes, praticamente tendo dois 
lados a serem analisados. O princípio da proporcionalidade exige que se faça um juízo de 
valor sobre a relação 
 
1.3.6 Princípio da adequação social 
 Tal teoria tem origem alemã com WELZEL, surgiu para ser um princípio geral 
de interpretação das normas penais, esse princípio de encaixa perfeitamente em 
legislações defasadas de reforma ou atualização legislativa, quando as normas são 
ultrapassadas pela mudança daquela sociedade em questão, excluindo condutas 
penalmente atípicas, configurando a ação um comportamento tolerado. 
 Adequação social são aquelas condutas socialmente aceitas que apesar de 
estarem descritas no nosso código penal, não são passiveis de punição, como por 
exemplo a mão que fura a orelha da filha, tal conduta é considerada uma lesão 
corporal leve porém não é algo passível de punição, tal princípio é fundamental para 
tirar da esfera punitiva do direito penal condutas que são aceitas, seja pelos nossos 
costumes, folclore, ou cultura. 
 
19 BRUCCI, Maria Paula Daliari. O princípio da razoabilidade em apoio à legalidade. 
Caderno de Direito Constitucional e Ciência Política. Revista dos Tribunais, p. 173, jul/set. 
20 STJ, CC 2032/MG, Rei. Min. Fernando Gonçalves, DJU 23 .08.99. 
24 
 
 
 Nesta linha de pensamento temos como referencial a citação de Klaus Roxin 
em sua obra Politica criminal e sistema jurídico penal, traduzida por Greco: 
 
Interpretação restritiva, que realize a função de Magna Carta e a 
natureza fragmentaria do direito penal, que mantenha íntegro 
somente o campo de punibilidade indispensável para a proteção do 
bem jurídico. Para tanto, são necessários princípios regulativos como 
a adequação social introduzida por WELZEL, que não é elementar do 
tipo, mas certamente um auxilio de interpretação para restringir 
formulações literais que também abranjam comportamentos 
socialmente suportáveis. Aqui pertence igualmente o chamado 
princípio da insignificância que permite excluir logo de plano lesões 
de bagatela da maioria dos tipos (...). Se reorganizássemos o 
instrumentário de nossa interpretação dos tipos a partir destes 
princípios, daríamos uma significativa contribuição para diminuir a 
criminalidade em nosso pais. 21 
 
 
 É certo que tal princípio não é estático, como também não é a sociedade. 
Assim, é possível que determinadas condutas que já foram entendidas com atípicas 
deixem de ser toleradas. 
 
1.4.O DIREITO PENAL DO AUTOR E O ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO 
 
 O direito penal do autor como será exposto nessa trabalho, mostra uma 
violação a legalidade, visto que, pune o autor do fato pelo oque ele é, e não pelo fato 
ou crime praticado por esse agente, vale destacar que muitas vezes, apesar de 
parecer ilegal, certas condutas são amparadas pelo ordenamento jurídico, tal 
conduta era usada por exemplo na Alemanha Nazista, que durante o holocausto 
perseguia Judeus, pelo simples fato de serem Judeus, mesmo que essas pessoas 
não tivessem cometidos nenhum tipo de crime ou contravenção. 
Com o Direito Penal de autor a personalidade passa a ser criminalizada, e 
não a conduta. Não se despreza o fato, o qual, no entanto, tem apenas significado 
sintomático: presta-se apenas como ponto de partida ou como pressuposto da 
aplicação da pena. Neste cenário, leva em consideração a vida do autor do fato, e 
não somente a conduta por ele ali praticada, como bem leciona FERRAJOLI: 
 
 
21 ROXIN, Claus. Política Criminal e Sistema Jurídico Penal. Trad. Luís Greco. p 54 
. 
25 
 
 
Não admite normas que criem ou constituem ipso, jure as situações 
de desvio sem nada prescrever, mas somente regras de 
comportamento que estabelecem uma proibição,quer dizer uma 
modalidade deôntica, cujo conteúdo não pode mais ser mais do que 
uma ação. FERRAJOLI 2006 P.3922 
 
 
Para FERRAJOLI, o direito penal do autor adquiriu caráter discriminatório, 
pois considera o agente mais importante que sua conduta. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
22 FERRAJOLI, Luigi. Direito Penal e Razão: teoria do garantismo penal p 32 
. 
26 
 
 
CAPITULO 2 
O PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA 
 
2.1. CONCEITO 
 
 O princípio da insignificância tem como principal função afastar a tipicidade 
penal da realidade do fato, ou seja, em outras palavras tem a função de não 
considerar condutas penais insignificantes como penalmente punitivas, por esse 
motivo sua aplicação consiste na absolvição do réu e não apenas na atenuação de 
sua pena. 
 Sua aplicação decorre de uma conduta insignificante não deve ocupar 
espaço e tempo da justiça, por não caracterizar lesão significativa, e que por isso 
mesmo não gere prejuízo relevante nem a ordem social nem a vítima. 
 O Excelentíssimo ex Ministro do Supremo Tribunal Federal, Celso de Mello 
se manifestou acerca do princípio da insignificância no RHC STF 107264: 
 
“O princípio da insignificância -que deve ser analisado em conexão 
com os postulados da Fragmentariedade e da intervençãomínima do 
estado em matéria penal-tem o sentido de excluir ou de afastar a 
própria tipicidade penal, examinada na perspectiva de seu caráter 
material. Doutrina, tal postulado- que considera necessária, na 
aferição do relevo material da tipicidade penal, a presença de certos 
valores, tais como (a) a mínima ofensividade da conduta do agente, 
(b) a nenhuma periculosidade social da ação,(c) o reduzidíssimo grau 
de reprovabilidade do comportamento e (d) a inexpressividade da 
lesão jurídica provocada -apoiou-se, em seu processo de formulação 
teórica no reconhecimento de que o caráter subsidiário do sistema 
penal reclama e impõe, em função dos próprios objetivos por ele 
visados, a intervenção mínima do poder público. O postulado da 
insignificância é a função do direito penal. ”De minimis non curat 
proetor”, - O sistema jurídico há de considerar a relevantíssima 
circunstancia de que a privação da liberdade e a restrição de direitos 
do individuo somente se justificam quando estritamente necessárias 
a própria proteção das pessoas, da sociedade e de outros bens 
jurídicos que lhes sejam essenciais, notadamente naqueles casos 
em que os valores penalmente tutelados se exponham a dano, 
efetivo ou potencial, impregnado de significativa lesividade.23 
 
 
 
23 RHC STF 107264, acesso em 4 de junho de 2017 
27 
 
 
 Outro Ministro do STF na época também se manifestou em outro julgamento 
de HABEAS CORPUS no HC STF 109277 foi Ayres Britto:24 
 
O tema da insignificância penal diz respeito à chamada “legalidade 
penal”, expressamente positivada como ato-condição da descrição 
de determinada conduta humana como crime, e, nessa medida, 
passível de apenamento estatal, tudo conforme a regra que se extrai 
do inciso XXXIX do art. 5º da CF, literis: “não há crime sem lei 
anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal”. É que 
a norma criminalizante (seja ela proibitiva, seja impositiva de 
condutas) opera, ela mesma, como instrumento de calibração entre o 
poder persecutório-punitivo do Estado e a liberdade individual. 
 
 
Destaca-se também a citação de Alberto Silva Franco, em sua obra Código 
penal e sua interpretação jurisprudencial, define o princípio da insignificância da 
seguinte forma: 
 
Um princípio bem próximo ao da adequação social é o da 
insignificância. Alguns autores chegam até a dizer que este se inclui 
naquele. Roxin ('Politica Criminal y Sistema del Derecho Penal', 
Bosch, Barcelona, 1972), por exemplo, afirma que às condutas 
socialmente admissíveis, 'pertence o denominado princípio da 
insignificância que permite na maior parte dos tipos excluir desde 
logo dano de pouca importância: mau trato não é qualquer tipo de 
lesão à integridade corporal, mas apenas um que seja relevante; 
analogamente, indecorosa, no sentido do Código Penal é somente a 
ação sexual de uma certa importância; injuriosa, do ponto de vista 
delitivo, é tão somente a lesão grave à pretensão social de respeito. 
Como 'força' deve ser considerado unicamente um obstáculo de 
certa importância, igualmente também a ameaça deve ser 'sensível' 
para passar o umbral da criminalidade'. Não obstante o 
posicionamento de Roxin, força é convir que o princípio da 
insignificância atua paralelamente ao princípio da ação socialmente 
adequada, mas com ele não se confunde. Distingue um do outro a 
circunstância de que o princípio da insignificância 'não pressupõe a 
total aprovação social da conduta, mas apenas uma relativa 
tolerância dessa conduta, por sua escassa gravidade' (Mir Puig, ob. 
cit., p. 46)25 
 
 
 Cabe dizer que o princípio da insignificância pode e deve ser utilizado no 
momento da ocorrência ou da interpretação dos fatos, usando critérios como 
razoabilidade, e princípios como o da proporcionalidade chegando até a completa 
 
24 HC STF 109277, acesso em 10 de junho de 2017. 
25 FRANCO. Alberto Silva, Código penal e sua interpretação jurisprudencial , parte geral, p. 45., 
28 
 
 
destituição da reprovabilidade do fato excluindo-se a tipicidade e isentando o agente 
de punição. 
 Mirabete e Fabbrini citam ensinamentos de Luiz Flavio Gomes acerca dos 
requisitos da incidência do princípio da insignificância: 
 
(a) escassa reprovabilidade; (b) ofensa a bem jurídico de menor 
relevância; (c) habitualidade; (d) maior incidência nos crimes contra o 
patrimônio e no trânsito, além de uma característica de natureza 
político-criminal, qual seja, a da dispensabilidade de pena do ponto 
de vista da prevenção geral, se não mesmo sua inconveniência do 
ponto de vista da prevenção especial26. 
 
 
O princípio da insignificância tem como principal objetivo tirar crimes de 
conteúdo insignificantes do direito penal, fazendo com que tal ramo do direito se 
ocupe com causas relevantes. Nesta linha de pensamento nos ensina Ackel: 
 
O princípio da insignificância pode ser conceituado como aquele que 
permite ínfimar a tipicidade de fatos que por sua inexpressividade, 
constituem ações de bagatela, desprovida de reprovabilidade, de 
modo a não merecerem valorização da norma penal, exaurindo pois, 
como irrelevantes a tais ações, falta o juízo de censura penal(ACKEL 
FILHO,1988)”27 
 
 
 Nessa última citação, o autor fala que apenas condutas criminosas 
relevantes devem ser inseridas no Código Penal, e que fatos tidos como 
insignificantes devem ser interpretados apenas pela jurisprudência, apesar dessa 
posição, muitos autores entendem que tipificando o Princípio da Insignificância, sua 
aplicação seria de maior abrangência. 
 
2.2 REQUISITOS PARA SUA CARACTERIZAÇÃO 
 
O princípio da insignificância não está tipificado de modo expresso no 
ordenamento jurídico brasileiro. Porém, apesar da falta de normatização, o princípio 
em questão precisa observar uma série de critérios estabelecidos em requisitos de 
 
26 MIRABETE, Julio Fabbrini e FABBRINI, Renato N. Manual de direito penal – parte geral, arts. 1º a 
120 do CP. p. 105. 
27 ACKEL FILHO, Diomar. O princípio da insignificância no direito penal. Revista de Jurisprudência 
do Tribunal de Alçada de São Paulo. p. 72-77 
 
29 
 
 
ordem subjetiva, que autorizam a sua aplicação como modo de utilização da 
excludente de tipicidade, tais requisitos são costumeiramente citados pela 
doutrina28, e pela Jurisprudência tanto do STJ, quanto do STF, cabe nesse contexto 
citar o RHC 24.326/MG, o qual em sua síntese diz: 
 
Nesse sentido, em determinadas hipóteses, aplicável o princípio da 
insignificância, que, como assentado pelo Ministro Celso de Mello, do 
Supremo Tribunal Federal, no julgamento do HC nº 84.412-0/SP, 
deve ter em conta a mínima ofensividade da conduta do agente, a 
nenhuma periculosidade social da ação, o reduzidíssimo grau de 
reprovabilidade do comportamento e a inexpressividade da lesão 
jurídica provocada29 
 
 
No mesmo julgamento o então Ministro do STJ Paulo Gallotti afirma: 
 
(...) o reconhecimento de tais pressupostos demanda o minucioso 
exame de cada caso sob julgamento, não se mostrando possível 
nem razoável a criação de estereótipos, tal como a fixação 
antecipada de valor aquém do qual se estaria diante da incidência do 
princípio, que é de caráter excepcional, mostrando-se de rigor a 
verificação cuidadosa da presença desses elementos para evitar a 
vulgarização da prática de delitos30 
 
 
 Esses requisitos ainda causam muita discussão, pois, está cada vez mais 
longe da realidade, causando discordância entre seus aplicadores. 
 
2.2.1. Mínima ofensividadeda conduta do agente 
 Tal requisito não trata especificadamente do dano sofrido pela vítima, o que 
realmente importa é saber caracterizar o grau de ofensividade da conduta cometida 
pelo agente, não importando saber a lesão no determinado momento. 
 Neste requisito somente é justificado a intervenção do estado se houver um 
concreto ataque a um bem jurídico tutelado que seja relevante. 
 
2.2.2. Ausência de periculosidade social na ação 
 
28 MIRABETE, Julio Fabbrini e FABBRINI, Renato N. Manual de direito penal – parte geral, arts. 1º a 
120 do CP.p. 105 
29 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Recurso em Habeas Corpus 24326/MG. Matéria criminal. 
Penal – Crimes contra o Patrimônio – Furto. Relator: Min. Paulo Gallotti. 6ª. Turma. j. 17.03.2009. 
30 Idem. 
30 
 
 
 A análise do segundo requisito para a caracterização do princípio da 
insignificância, mostra a premissa de que a sociedade em geral não pode de 
maneira nenhuma sofrer algum risco com a conduta, dessa forma será analisada a 
conduta do agente e verificado se há ou não periculosidade social que possa o 
isentar da penalização. 
 
2.2.3. Reduzido grau de reprovabilidade da conduta do agente 
 Neste terceiro requisito o comportamento do agente deve ser considerado 
insignificante ou inexpressível, diante da mínima caracterização da aceitação de sua 
conduta, de modo que suas atitudes sejam passiveis de compreensão e de não 
reprovação. 
Segundo Ivan Luiz da Silva: “Uma vez identificada à insignificância do 
desvalor da ação e desvalor do resultado, tem-se determinada à conduta 
penalmente insignificante em razão da sua irrelevância jurídico-penal”31.. 
 
2.2.4.Inexpressividade da lesão jurídica provocada 
 Em análise ao último requisito para a concessão da aplicação do princípio da 
insignificância está à inexpressividade da lesão jurídica provocada, onde, para que 
haja seu reconhecimento, este não deverá ofender ao interesse jurídico tutelado 
 Assim, conforme doutrina do professor Luiz Flávio Gomes: 
 
Se a conduta for insignificante são exigidos os três critérios 
concernentes à conduta, quais sejam: ausência de periculosidade 
social da ação, mínima idoneidade ofensiva da conduta e falta de 
reprovabilidade da conduta. Caso a insignificância ocorra quanto ao 
resultado aplica-se somente o requisito concernente ao resultado, 
qual seja: inexpressividade da lesão jurídica causada. Agora, se a 
insignificância ocorrer tanto na conduta quanto no resultado, os 
quatros requisitos se fazem necessários cumulativamente32. 
 
 
 Esse último requisito, mostra que a inexpressividade da lesão jurídica 
provocada, deve ser aplicada pelo magistrado, caso a insignificância ocorra quanto 
ao resultado, agora se ocorrer a insignificância pela conduta e pelo resultado, é 
necessário que o juiz aplique os quatro requisitos. 
 
 
31 SILVA, Ivan Luiz da. Princípio da insignificância no direito penal. p. 160. 
32 GOMES, Luiz Flávio. Princípio da insignificância e outras excludentes da tipicidade.p. 16. 
31 
 
 
 
2.3. NATUREZA JURIDICA 
 
Não há como negar, crime está tradicionalmente ligado a ideia de legalidade, 
pois para haver crime tem que haver uma norma que o incrimine e o pune, porém, 
ocorre que ao tutelar a proteção de um bem o Estado acaba por caracterizar 
condutas graves e condutas insignificantes da mesma forma, criando uma 
desproporção entre a conduta irrelevante e o valor ou bem tutelado, criando assim 
desigualdade. 
 Com o tempo passou-se a entender que o direito não poderia usar apenas 
critérios lógicos para descrever e punir condutas criminosas, mas sim deveria haver 
uma valoração no caso concreto, dessa forma a tipicidade passou a ser interpretada 
e dividida em duas, a tipicidade formal e a tipicidade material. 
 De tal modo foi constatada a necessidade da aplicação nos casos 
insignificantes da tipicidade material, que é ao meu ver bem mais justa na descrição 
da conduta do agente. 
 Dessa forma quando há a violação de um bem jurídico tutelado porém sem 
dano e sem ofensa a vítima e a sociedade, deve ser aplicado a excludente de 
tipicidade, entendida em sentido material, assim concluímos que para ser penalizada 
a conduta deve além de se adequar a literalidade formal fornecer dano significante 
ou perigo de dano significante para a vítima e para a sociedade. 
 
 
2.4. VALORAÇÃO DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA 
 
 O princípio da insignificância incide na não penalização criminal de condutas 
onde o bem jurídico ofendido é considerado irrelevante, não ocasionando prejuízo 
sério a vítima nem a sociedade como um todo. 
 Como não há em nosso ordenamento jurídico atual nenhuma lei que o 
descreva, há muita divergência e questionamentos na hora de definir o que é um 
valor considerado insignificante. 
 A doutrina dominante no Brasil alega que para ser insignificante o bem 
jurídico ofendido deve ser absolutamente desprezível, incapaz de causar qualquer 
forma de prejuízo a vítima. 
32 
 
 
 Alguns doutrinadores entendem que é considerado ínfimo o bem com valor no 
teto do salário mínimo vigente no país na época da ocorrência do fato, como 
veremos mais adiante, em algumas jurisprudências de tribunais superiores em nosso 
país. 
 Para ilustrar o quanto é majoritário o uso do salário mínimo como base para 
caracterização da insignificância cito um julgado do Superior Tribunal de Justiça. 
 
HABEAS CORPUS IMPETRADO EM SUBSTITUIÇÃO A RECURSO 
PRÓPRIO. NÃO 
CABIMENTO. IMPROPRIEDADE DA VIA ELEITA. AMEAÇA E 
TENTATIVA DE FURTO 
QUALIFICADO. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. NÃO 
INCIDÊNCIA. DELITO 
QUALIFICADO, PACIENTE REINCIDENTE E VALOR DO BEM QUE 
ULTRAPASSA 10% 
DO VALOR DO SALÁRIO MÍNIMO VIGENTE À ÉPOCA DO DELITO. 
PENAS-BASE 
APLICADAS ACIMA DOS PISOS LEGAIS. MAUS ANTECEDENTES 
QUE JUSTIFICAM O 
AUMENTO ESCOLHIDO. RESPEITO À DISCRICIONARIEDADE 
VINCULADA DO 
JULGADOR. CONFISSÃO E REINCIDÊNCIA ESPECÍFICA. 
COMPENSAÇÃO INTEGRAL. 
POSSIBILIDADE. PENAS REDUZIDAS. CONSTRANGIMENTO 
ILEGAL EVIDENCIADO. 
HABEAS CORPUS NÃO CONHECIDO. ORDEM CONCEDIDA DE 
OFÍCIO.( HC 412828 / RJ, Ministro REYNALDO SOARES DA 
FONSECA, 24/10/2017)33 
 
 
 A de se observar que o salário mínimo como quantum caracterizador é 
utilizado de forma geral, porém em crimes tributários, por exemplo, esse valor é 
muito maior, como valores que na maioria dos casos não é insignificante para a 
maioria das pessoas comuns. 
 
 
2.5 RECONHECIMENTO DA CONDUTA INSIGNIFICÂNTE 
 
Durante anos o direito penal não tinha critérios que caracterizavam a conduta 
insignificante, isso ocorre pelo fato de ainda não haver a positivação desse princípio 
 
33 STJ. HC412828/RJ Ministro Reynaldo Soares da Fonseca, J. 24/10/2017 
33 
 
 
em nosso ordenamento jurídico, sendo que hoje em dia, tais critérios não são 
vinculantes e por isso dependem da análise do caso concreto. 
 Para Ivan da Silva34, deve se observar o modelo clássico de determinação 
para se reconhecer a conduta penalmente insignificante: 
 
 Trata-se de uma avaliação dos índices de desvalor da ação e 
desvalor do resultado da conduta praticada, como fito de se 
determinar o grau quantitativo-qualitativo da lesividade em relação ao 
bem jurídico atacado”. Desta forma, para o referido autor “é a 
avaliação da concretização dos elementos da conduta praticada que 
indicará o que é significante ou insignificante, fazendo incidir ou não 
o Direito Penal 
 
 
Nesta mesma linha de pensamento não posso deixarde citar Tavarez em sua 
obra “Teoria do Injusto Penal”35. 
 
Ao determinar as características do comportamento proibido, o 
legislador procede a uma avaliação negativa sobre a conduta e o 
resultado por ela produzido. Esta dupla avaliação é denominada de 
desvalor do ato e do resultado. 
 
 
 Na Doutrina de Saguiné, o índice desvalor da ação: 
 
Refere-se ao grau de probabilidade da conduta para realizar o evento 
na concreta modalidade lesiva assumida pelo agente”. Já o índice 
desvalor do resultado é obtido “da importância do bem jurídico 
atacado e da gravidade do dano provocado.36 
 
 
 Importante notarmos na doutrina de Saguiné, que para ser configurado um 
fato insignificante deve ser concorrente insignificante a conduta e o resultado. 
 Para Luiz Flavio Gomes37,com o princípio da insignificância o magistrado 
deixou de ter que apenas aplicar a norma penal legal, adquirindo assim mais 
valoração as suas decisões: ”O Princípio da Insignificância tem tudo a ver com a 
moderna posição do juiz, o qual não mais está bitolado pelos parâmetros abstratos 
da lei, mas sim pelos interesses em jogo em cada situação concreta” 
 
34 SILVA, Ivan Luiz da Silva. Princípio da Insignificância no direito penal. p.150. 
35 TAVARES, Juarez. Teoria do injusto penal. . p. 238 
36 SANGUINÉ, Odone. Observações sobre o princípio da insignificância. Fascículos de Ciências 
Penais. p. 135 
37 GOMES, Luiz Flávio. Princípio da insignificância e outras excludentes da tipicidade.p.19. 
34 
 
 
 Ou seja, diante da atual realidade do judiciário, que está sobrecarregado e de 
um sistema prisional deficitário e desumano, aplicar o princípio da insignificância é 
ao meu ver a única e mais concreta forma de se fazer a justiça. 
 Apesar de tutelar e proteger bens jurídicos, nem todos esses bens merecem 
ser protegidos pela ordem penal, pois são irrelevantes e insignificantes para a 
sociedade. 
 
 
2.6. POLÍTICA CRIMINAL 
 
Há na doutrina vários conceitos de política criminal, podemos conceitua-la 
como “O conjunto dos procedimentos através dos quais o corpo social organiza as 
respostas ao fenômeno criminal”38. Para Fragoso a política criminal é: 
 
A atividade que tem por fim a pesquisa dos meios mais adequados 
para o controle da criminalidade, valendo-se dos resultados que 
proporciona a criminologia, inclusive através da análise e crítica do 
sistema punitivo vigente39 
 
Para a professora Bianchini em “Política Criminal: Direito de punir do estado e 
finalidade do direito penal”, define tal política: 
 
O Direito Penal tem tido uma função simbólica, qual seja, manter um 
nível de tranquilidade na opinião pública, fundado na impressão de 
que o legislador se encontra em sintonia com as preocupações que 
emanam da sociedade. Criam-se, assim, novos tipos penais, 
incrementam-se penas, restringem-se direitos sem que, 
substancialmente, tais opções representem perspectivas de 
mudança do quadro que determinou a alteração (ou criação) 
legislativa. Produz-se a ilusão de que soluções foram 
encaminhadas.40 
 
 
Hoje, temos claramente uma política criminal repressiva no Brasil, onde o 
ideal seriamos ter uma política preventiva. Essa tal política repressiva decorre do 
 
38 DELMAS-MARTY, Mireille. Modelos e movimentos de política criminal. p. 24. 
 
39 FRAGOSO, Heleno Claudio. Lições de direito penal – Parte geral p. 18. 
40 BIANCHINI, Alice. Política Criminal, Direito de punir do Estado e finalidade do Direito Penal. 
Materia da 1ª. Aula da Disciplina Política Criminal, ministrada no Curso de Pós-Graduação Lato 
Sensu Televirtual em Ciências Penais – Universidade Anhanguera-Uniderp – REDE LFG. 
35 
 
 
chamado populismo penal, difundido em grande parte pela mídia em nosso, pais, 
que prega o direito penal máximo, não admitindo inclusive a excludente de tipicidade 
nos casos considerados insignificantes, essa máxima penalização leva ao 
crescimento da criminalidade, a superlotação carcerária e a segregação dos 
agentes. 
Para algumas pessoas aplicar o princípio da insignificância geraria um 
retrocesso no direito penal, aumentando a sensação de impunidade. 
Carlos Mañas 41define tal sentimento: 
 
Tal temor é fruto do desconhecimento da natureza fragmentária e 
subsidiária do direito penal, pois a proposta não é que as condutas 
lesivas de pouca relevância passem a ser consideradas lícitas. A 
ideia é apenas retirá-las da área de influência do direito penal, 
transferindo a solução do problema para outros ramos do 
ordenamento jurídico ou mesmo outros instrumentos de controle 
social. 
 
 
A insignificância ganha notoriedade no direito penal, em razão do fracasso 
das penas como forma de socializar o réu. Na verdade, em muitas vezes, inserir o 
indivíduo nesse sistema carcerário corrompe mais, pelo que a sanção penal perde 
seu objetivo: punir o delito e evitar novas incursões típicas. 
 
 
2.7. OBJEÇÕES AO PRINCÍPIO 
 
 Embora a maioria esmagadora dos doutrinadores defendam o princípio da 
insignificância há alguns que defendem a inaplicabilidade da sua aplicação. 
 A grande objeção está na dificuldade de caracterizar critérios precisos na hora 
de definir uma conduta insignificante, outra objeção está na aplicação do princípio 
em condutas que o legislador considera, apesar de pouca relevância, criminosas, 
pois isso geraria a chamada Incongruência sistemática. 
 Há ainda alguns que defendem a não aplicação de tal princípio por não estar 
devidamente formalizado, legislado. Esses doutrinadores mais formalistas defendem 
que aplicação de tal princípio geraria uma sensação de insegurança na população. 
 
41 MAÑAS, Carlos Vico, op. cit. 
36 
 
 
Apesar de haver críticas quanto a aplicação do princípio da insignificância, 
não há como o excluir do nosso direito penal pois é uma forma político criminal de 
descriminalização sistemática. 
 Ensina Mañas que: 
É inegável que a utilização do conceito indeterminado ou vago pode 
implicar risco para a segurança jurídica que deve proporcionar o 
sistema, até porque este tem por objetivo básico impedir a 
arbitrariedade42 
 
Todavia, deve ser entendida a aplicabilidade do princípio da insignificância 
inserido na dogmática penal; na origem do crime, fundamentando em seu próprio 
conceito os fins a que se destina o direito penal, com vistas aos bens jurídicos e os 
interesses sociais, de forma a enxergar a realidade social. 
 
 
2.8. A INDETERMINAÇÃO SOCIAL 
 
 Por proporcionar um certo risco a segurança jurídica com fundamento no risco 
da arbitrariedade, é que se evita a conceituação indeterminado ou vago. 
 A ausência de previsão legal é uma das maiores críticas a aplicabilidade de 
tal princípio, na medida que o princípio da insignificância não encontra previsão legal 
sendo apenas segundo muitos autores apenas “criação doutrinária”, cria na visão de 
alguns uma profunda insegurança jurídica. 
 Segundo Bemfica: 
O princípio da insignificância é muito liberal, e procura esvaziar o 
direito penal, não é fácil medir a valoração do bem para dar-lhe 
segurança jurídica e sua adoção é perigosa, mormente porque a 
medida que se restringe o conceito de moral , mais fraco se torna o 
direito penal que nem sempre deve acompanhar as mutações da 
vida social43 
 
Apesar de ainda haver na doutrina objeção ao princípio da insignificância, a 
jurisprudência vem cada vez mais consolidando tal instituto, pois a lei deve sim se 
adequar a realidade social de seu, atenuando desigualdades, e fazendo o direito 
material acima do formal.42 MAÑAS Carlos Vico op.cit.pg.59 
43 BEMFICA. Francisco Vani. Da teoria do crime..72. 
37 
 
 
 
2.9. INSIGNIFICÂNCIA EM OUTROS RAMOS DIREITO 
 
 Como pode ser observado nos tópicos anteriores o princípio da insignificância 
está relacionado não apenas com o código penal em si mas com todos os sub-
ramos do direito, quer seja de maneira direta que de maneira indireta, como por 
exemplo em questões penais previdenciárias, patrimoniais, tributarias, em questões 
fiscais, delitos de transito, lei de drogas, e no direito ambiental. 
 
 
2.9.1. Insignificância previdenciária 
 
 A Lei 9.983/2000, incluiu no código penal os crimes de apropriação indébita 
previdenciária (CP art.168-A) e sonegação de contribuição previdenciária (CP 
art.337-A), antes tais dispositivos eram tratados em leis separadas, contam com a 
previsão do perdão judicial, estando facultado ao juiz deixar de aplicar a pena 
restritiva de liberdade, ou em alguns casos aplicar apenas a pena de multa, desde 
que o agente tenha bons antecedentes e seja réu primário .Assim dispõe a lei.: 
Art. 337-A. Suprimir ou reduzir contribuição social previdenciária e 
qualquer acessório, mediante as seguintes condutas: (Incluído pela 
Lei nº 9.983, de 2000) 
I - omitir de folha de pagamento da empresa ou de documento de 
informações previsto pela legislação previdenciária segurados 
empregado, empresário, trabalhador avulso ou trabalhador autônomo 
ou a este equiparado que lhe prestem serviços; (Incluído pela Lei nº 
9.983, de 2000) 
II - deixar de lançar mensalmente nos títulos próprios da 
contabilidade da empresa as quantias descontadas dos segurados 
ou as devidas pelo empregador ou pelo tomador de serviços; 
(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) 
III - omitir, total ou parcialmente, receitas ou lucros auferidos, 
remunerações pagas ou creditadas e demais fatos geradores de 
contribuições sociais previdenciárias: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 
2000) 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (Incluído pela 
Lei nº 9.983, de 2000) 
§ 1o É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente, declara 
e confessa as contribuições, importâncias ou valores e presta as 
informações devidas à previdência social, na forma definida em lei ou 
regulamento, antes do início da ação fiscal. (Incluído pela Lei nº 
9.983, de 2000) 
38 
 
 
§ 2o É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar somente a 
de multa se o agente for primário e de bons antecedentes, desde 
que: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) 
I - (VETADO) (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) 
II - o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios, seja igual 
ou inferior àquele estabelecido pela previdência social, 
administrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento de 
suas execuções fiscais. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) 
§ 3o Se o empregador não é pessoa jurídica e sua folha de 
pagamento mensal não ultrapassa R$ 1.510,00 (um mil, quinhentos e 
dez reais), o juiz poderá reduzir a pena de um terço até a metade ou 
aplicar apenas a de multa. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) 
§ 4o O valor a que se refere o parágrafo anterior será reajustado nas 
mesmas datas e nos mesmos índices do reajuste dos benefícios da 
previdência social. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)44 
 
 Por conta desse dispositivo inserido no código penal, alguns consideram 
desnecessário aplicar o princípio da insignificância pois já consideram que a própria 
lei já o fez formalmente. 
 A de enaltecer a sabia lição de Francisco Dias Teixeira45: 
Poder-se-á objetar essa interpretação dizendo que, se a 
insignificância prejudica a sua própria tipificação, até um determinado 
grau, sequer poderá haver ação penal, porque crime não existe. O 
argumento é válido sob o aspecto da coerência da teoria da 
insignificância. Mas, de qualquer sorte, ainda que assim se entenda, 
o certo é que esse “grau” até onde o fato seja considerado 
insignificante deve estar abaixo da linha estabelecida, pela lei, como 
máximo para o perdão judicial. Do contrário, estar-se-ia revogando a 
lei, que confere significância penal ao fato, exigindo a respectiva 
ação (porque, para que o Judiciário perdoe, o Ministério Público tem 
que processar), pela teoria, que preconiza a falta de justa causa para 
o processo. 
 
 Outros doutrinadores entendem que tal crítica não é válida, extraindo-se dos 
tribunais uma verdadeira desarmonia, quanto a fixação do valor mínimo para sua 
caracterização, apesar das críticas não restam dúvidas sobre a possibilidade de 
aplicação do princípio da insignificância nos crimes previdenciários. 
 
 Explicita o art. 4. da Portaria MPAS n o 4.910, de 4 de janeiro de 1999: 
 
Art. 40 A Dívida Ativa do INSS de valor até R$5.000,00 (cinco mil 
reais), considerada por CGC/CNPJ, não será ajuizada, exceto 
quando, em face do mesmo devedor, existirem outras dívidas, caso 
em que estas serão agrupadas para fins de ajuizamento. (BRASIL. 
 
44 BRASIL. Decreto-Lei 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Código Penal 
45 TEIXEIRA, Francisco Dias. Crimes contra a Previdência Social em face da Lei n° 9.983/00. 
Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/revista/Rev_20/artigos/FranciscoDias_rev20.ht 15 
39 
 
 
Ministério da Previdência e Assistência Social, Portaria MPAS n° 
4.910, de 4 de janeiro de 1999. Dispõe sobre o parcelamento 
simplificado da dívida ativa do Instituto Nacional do Seguro Social)46 
 
 
 Segundo a jurisprudência, se a quantis não for descontada nem repassada 
ao INSS aplica-se o princípio da insignificância47. 
Vale dizer que o Supremo Tribunal Federal tem aplicado o princípio da 
insignificância no crime de descaminho, quando o valor sonegado pelo agente for 
inferior a R$10.000,00(dez mil reais). Para arquivamento sem baixa de distribuição: 
 
Lei nº 10.522 de 19 de Julho de 2002 
Dispõe sobre o Cadastro Informativo dos créditos não quitados de 
órgãos e entidades federais e dá outras providências. 
Art. 20. Serão arquivados, sem baixa na distribuição, mediante 
requerimento do Procurador da Fazenda Nacional, os autos das 
execuções fiscais de débitos inscritos como Dívida Ativa da União 
pela Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional ou por ela cobrados, 
de valor consolidado igual ou inferior a R$ 10.000,00 (dez mil reais). 
(Redação dada pela Lei nº 11.033, de 2004) 
§ 1o Os autos de execução a que se refere este artigo serão 
reativados quando os valores dos débitos ultrapassarem os limites 
indicados. 
§ 2o Serão extintas as execuções que versem exclusivamente sobre 
honorários devidos à Fazenda Nacional de valor igual ou inferior a 
100 Ufirs (cem Unidades Fiscais de Referência). 
§ 2o Serão extintas, mediante requerimento do Procurador da 
Fazenda Nacional, as execuções que versem exclusivamente sobre 
honorários devidos à Fazenda Nacional de valor igual ou inferior a 
R$ 1.000,00 (mil reais). (Redação dada pela Lei nº 11.033, de 2004) 
§ 3o O disposto neste artigo não se aplica às execuções relativas à 
contribuição para o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço. 
(Revogado pela Medida Provisória nº 651, de 2014) 
(Revogado pela Lei nº 13.043, de 2014) 
§ 4o No caso de reunião de processos contra o mesmo devedor, na 
forma do art. 28 da Lei no 6.830, de 22 de setembro de 1980, para os 
fins de que trata o limite indicado no caput deste artigo, será 
considerada a soma dos débitos consolidados das inscrições 
reunidas. (Incluído pela Lei nº 11.033, de 2004) 
 
 
Apesar de haver alguma resistência o princípio da insignificância já é uma das 
mais importantes formas de excludente de tipicidade, antes ligada exclusivamente 
ao direito penal e cada vez mais chegando a outros ramos e sub-ramos do direito.46 BRASIL. Ministério da Previdência e Assistência Social, Portaria MPAS n° 4.910, de 4 de janeiro de 
1999.disponivel em: http://sislex.previdencia.gov.br/paginas/66/MPAS/1999/4992.htm 
47 SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. Recurso Especial n° 261403. Relator: Min. Gilson Dipp. 
Brasília, DF. 16 de outubro de 2001. 
40 
 
 
 
 
2.9.2 Insignificância em crimes ambientais 
 
 Segundo a lei 9.605 de 1998 dispõe que sobre penas nos crimes ambientais. 
Há um certo entendimento que em matéria ambiental não podemos aplicar o 
princípio da insignificância visto que o meio ambiente ao sofrer uma lesão tem seu 
ecossistema prejudicado direta e indiretamente, não existindo uma conduta lesiva 
ambiental insignificante, porem assim como em outros ramos o Supremo Tribunal 
Federal e o Superior Tribunal de Justiça, estão aplicando tal princípio desde que 
estejam preenchidos todos os requisitos. 
 O artigo 34 da Lei 9.605/98 tipifica como crime, a proibição da pesca em certos 
períodos interditos durante o ano. Vejamos: 
Art. 34. Pescar em período no qual a pesca seja proibida ou em 
lugares interditados por órgão competente: 
Pena - detenção de um ano a três anos ou multa, ou ambas as 
penas cumulativamente. 
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem: 
I - pesca espécies que devam ser preservadas ou espécimes com 
tamanhos inferiores aos permitidos; 
II - pesca quantidades superiores às permitidas, ou mediante a 
utilização de aparelhos, petrechos, técnicas e métodos não 
permitidos; 
III - transporta, comercializa, beneficia ou industrializa espécimes 
provenientes da coleta, apanha e pesca proibidas48 
 
 
 Porém não seria razoável apesar da lei ambiental ser bastante rigorosa 
aplicar tal penalidade a um pescador que por exemplo pesca uma quantidade muito 
pequena de peixes, e em julgados assim que o Supremo Tribunal Federal, tem 
aplicado o princípio da insignificância. 
 
 
48 BRASIL. Lei nº 9.605, de 12 de Fevereiro de 1998. Dispõe sobre as sanções penais e 
administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras 
providências. Brasília: 1998. 
41 
 
 
 
2.9.3 Insignificância na lei de antitóxicos 
 
 Na época da criação da lei 6.368/76, a jurisprudência tinha dificuldade em 
relacionar a conduta criminosa descrita na lei com o princípio da insignificância, com 
a nova lei 11.343/06 a jurisprudência ficou melhor estruturada passando a admitir 
pequenas quantidades como insignificantes.49 
 
 Diz a Lei, em seu art. 33: 
 
Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, 
adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito, 
transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a 
consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem 
autorização ou em desacordo com determinação legal ou 
regulamentar 
: 
Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de 500 
(quinhentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa. 
 
§ 1 Nas mesmas penas incorre quem: importa, exporta, remete, 
produz, fabrica, adquire, vende, expõe à venda oferece, fornece, tem 
em depósito, transporta, traz consigo ou guarda, ainda que 
gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação 
legal ou regulamentar, matéria-prima, insumo ou produto químico 
destinado à preparação de drogas; 
 
II - semeia, cultiva ou faz a colheita, sem autorização ou em 
desacordo com determinação legal ou regulamentar, de plantas que 
se constituam em matéria-prima para a preparação de drogas 
 
III - utiliza local ou bem de qualquer natureza de que tem a 
propriedade, posse, administração, guarda ou vigilância, ou consente 
que outrem dele se utilize, ainda que gratuitamente, sem autorização 
ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, para o 
tráfico ilícito de drogas. 
 
§ 2 Induzir, instigar ou auxiliar alguém ao uso indevido de droga: 
 
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa de 100 (cem) a 
300 
(trezentos) dias-multa. 
 
§ 3 Oferecer droga, eventualmente e sem objetivo de lucro, a pessoa 
de seu relacionamento, para juntos a consumirem: 
 
 
49 GOMES, Luiz Flavio. Princípio da insignificância e outras excludentes de tipicidade. 3.ed. rev. 
atual. e ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2013, p. 137 
42 
 
 
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e pagamento de 
700 (setecentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa, sem prejuízo 
das penas previstas no art. 28. 
 
§ 4 Nos delitos definidos no caput e no § 1 deste artigo, as penas 
poderão ser reduzidas de um sexto a dois terços, vedada a 
conversão em penas restritivas de direitos, desde que o agente seja 
primário, de bons o antecedentes, não se dedique às atividades 
criminosas nem integre organização criminosa.50 
 
 
 Com isso, vê-se plenamente aplicável ainda, sob os mesmos fundamento 
anteriores (da Lei n 6.367/76), o princípio da insignificância, com referência à ofensa 
ao bem jurídico tutelado (desvalor da conduta e resultado), posto que está afastada 
tipicidade, ou seja, exclui o crime e não a penalização com base em mera 
desproporção entre o desvalor da conduta e a pena. 
 
 
 2.9.4. Insignificância tributaria 
 
 Quanto à insignificância na ordem tributária, atualmente, tanto o Superior 
Tribunal de Justiça quanto o Supremo Tribunal Federal “firmaram entendimento no 
sentido de que, nas hipóteses em que o valor do crédito tributário for inferior ao 
montante previsto para o arquivamento da execução fiscal. 
 
A previsão está disposta nos arts. 1º, I, e 2º, da Portaria nº 75, de 22 
de março de 2012, alterada pela Portaria MF nº 130, de 19 de abril 
de 2012. 
Art. 1º Determinar: 
I - a não inscrição na Dívida Ativa da União de débito de um mesmo 
devedor com a Fazenda Nacional de valor consolidado igual ou 
inferior a R$ 1.000,00 (mil reais); e 
II - o não ajuizamento de execuções fiscais de débitos com a 
Fazenda Nacional, cujo valor consolidado seja igual ou inferior a R$ 
20.000,00 (vinte mil reais). 
(...) 
Art. 2º O Procurador da Fazenda Nacional requererá o arquivamento, 
sem baixa na distribuição, das execuções fiscais de débitos com a 
Fazenda Nacional, cujo valor consolidado seja igual ou inferior a R$ 
20.000,00 (vinte mil reais), desde que não conste dos autos garantia, 
 
50 BRASIL Lei 11.343/2006.disponivel em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-
2006/2006/lei/l11343.htm 
43 
 
 
integral ou parcial, útil à satisfação do crédito. (Redação dada pela 
Portaria MF nº 130, de 19 de abril de 2012 ).51 
 
 
 A contudo divergência entre os antecedentes, alguns doutrinadores 
entendem que o fato de existirem antecedentes análogos não implica no 
afastamento do princípio da insignificância, já para outros ter antecedentes é causa 
sim para o afastamento de tal princípio. 
 Portanto, o agente ao praticar alternativamente o crime de modo a iludir no 
todo ou em parte imposto devido de valor ínfimo, ou praticando o contrabando, 
importando ou exportando mercadoria proibida que seja considerada de baixo valor, 
sobre estas condutas, entende-se de forma dominante que é possível a incidência 
do princípio da insignificância. 
 
 
2.9.5. Insignificância nos atos infracionais 
 
Apesar do ato cometido pelo menor ser formalmente tipificado no Código 
Penal como crime ou Contravenção Penal, tanto STJ quanto STF tem se mostrado 
flexível na fixação das penalidades e em alguns casos aplicado o princípio da 
insignificância também nos chamados Atos infracionais. 
 O Superior Tribunal de Justiça, já possui entendimento

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