Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
HISTÓRIA DO DIREITO BRASILEIRO - CCJ0105 Semana Aula: 13 Da distensão lenta e gradual do regime autoritário ao processo de redemocratização Tema Da distensão lenta e gradual do regime autoritário ao processo de redemocratização. Palavras-chave Objetivos O aluno deverá ser capaz de: - Correlacionar as medidas que vão sendo implementadas nos governos do General Ernesto Geisel (1974-1979) e do General João Figueiredo (1979-1985) com a proposta de lenta distensão do regime autoritário; - Reconhecer a Lei de Anistia como marco jurídico relevante no gradual processo de abertura. - Compreender o movimento das ?Diretas já? como um fato histórico de grande relevância no processo de redemocratização pós-ditadura militar; - Entender os fatores que levaram Tancredo Neves a derrotar, com amplo apoio popular, o candidato do partido que sustentou a ditadura (ARENA), bem como as razões que levaram o vice José Sarney a assumir a presidência do país; - Analisar o governo Sarney como um período de conquistas democráticas e de insucessos econômicos; - Entender a democrática constituinte de 1987/1988 como locus de lutas ideológicas e disputas de grupos sociais diversos. Estrutura de Conteúdo Para esta aula você deverá ler o conteúdo estabelecido entre as páginas 185 (a partir de "A abertura lenta e gradual", situado no Capítulo 8) e a página 204 (anterior a "A Constituição de 1988, a conquista da 'Constituição Cidadã'" situada no Capítulo 9). Nesta décima terceira aula serão abordados os seguintes tópicos: - A abertura lenta e gradual do governo Geisel O lento processo de transição rumo à abertura começa em 1974 sob a presidência de Ernesto Geisel. Seu governo coincide com o fim do milagre econômico e com o início de período de crise do petróleo e de recessão mundial que interferem na economia brasileira e geram insatisfações internas. Essa situação gerou efeitos no processo político com a paulatina supremacia da oposição nas urnas o que leva ao chamado Pacote de Abril (1977), composto por uma emenda constitucional (EC nº 8/77) e seis decretos-leis, alterando as regras das eleições de 1978. Com isso criou-se a figura do ?senador biônico?, que estabelecia que um terço da composição do senado seria eleita pela via indireta, o que garantiria ao governo militar a supremacia na Casa Alta do Parlamento. Além disso, estabeleceu-se que o mandato presidencial passaria a ser de 6 anos. A sinalização efetiva que o país caminhava realmente para a abertura política deu-se em 1978, quando por intermédio da Emenda Constitucional nº 11/78 ,extinguiu-se o AI-5 e restaurou-se o habeas-corpus. A insatisfação dos militares de linha-dura com o processo de reabertura promovido por Geisel torna-se patente com constantes ataques clandestinos aos membros da esquerda, como nos famosos casos de assassinato do jornalista Vladimir Herzog e do operário Manuel Fiel Filho. - A continuidade do processo de abertura no governo João Figueiredo A Lei de Anistia decretada pelo Presidente João Baptista Figueiredo acaba por determinar mais um passo em direção à democracia. Retornam ao Brasil políticos, artistas e demais brasileiros exilados e condenados por crimes políticos. Porém, casos emblemáticos no período (cartas-bomba colocadas em órgãos da imprensa e da OAB e, principalmente, o caso do Rio-Centro) demonstravam que os militares de linha-dura mantinham forte oposição ao processo de abertura. De toda sorte, a lenta abertura foi se consolidando também com o restabelecimento do pluripartidarismo. Em 1979, a ARENA, partido do governo, passou a se chamar PDS, o MDB, partido de oposição, passou a ser chamado de PMDB, enquanto foram s criados outros partidos, como, por exemplo, o Partido dos Trabalhadores (PT) e o Partido Democrático Trabalhista (PDT). - As Diretas Já e a aceleração em direção à normalidade democrática O ponto de maior relevo no período da redemocratização foi sem dúvida o movimento pelas Diretas-Já. A campanha mobilizou milhões de brasileiros no final do mandato do presidente João Figueiredo, de forma a exercer pressão sobre o Poder Legislativo para que o mesmo aprovasse a chamada Emenda Dante de Oliveira, que restituiria o voto direto para presidente da República. Embora a mesma não tenha sido aprovada, o candidato com grande apoio popular, Tancredo Neves, venceria as eleições indiretas, mesmo que sem o apoio da esquerda (PT e PCB), marcando o fim da Ditadura Militar. Porém, em situação geradora de grande frustração, morreria antes de assumir o cargo. Em seu lugar, assumiu seu vice, José Sarney, político originário da ARENA, e que apoiou o Regime Militar. Mas eram outros os tempos, e deu-se continuidade ao processo de democratização. - A Era Sarney democratização e fracasso econômico Procurando desvincular-se das posições assumidas no passado, Sarney buscou demonstrar seu compromisso com a redemocratização do país. Para tanto, foram tomadas várias medidas no decorrer de seu período na presidência, tais como: apoio à legalização de partidos políticos que estavam na clandestinidade, retirada gradual dos obstáculos à ampliação das liberdades (de imprensa, de expressão, de manifestação, entre outras); abertura de maior espaço para debates (inclusive com a promoção de algumas ações) para questões até então marginalizadas, como, entre outras, reforma agrária, cultura, política urbana e meio ambiente. Porém, na área econômica, o governo Sarney, por intermédio de uma série de malfadados planos, acumulou fracassos em duas frentes ingratas: combater uma inflação crescente e atenuar a situação caótica da dívida externa. - A Constituinte e o exercício da cidadania - entre a esquerda e a direita O Congresso Nacional foi palco de um embate inédito. Mobilizaram-se trabalhadores, empresários, ruralistas, camponeses magistrados, religiosos (em suas várias vertentes), índios, mulheres, militares, homossexuais, estudantes e tantos outros grupos, que buscavam defender seus interesses específicos no corpo do texto constitucional, reforçando ainda mais a tese daqueles que alegam uma participação popular sem precedentes na história política brasileira. Apesar da maioria conservadora, a Constituinte foi marcada por uma profunda polarização ideológica. Os intensos embates ocorridos entre a ala progressista e o Centrão não permitiram que a Constituição assumisse uma ideologia única (mais socialista ou mesmo mais liberal), o que repercutiria no texto final. Estratégias de Aprendizagem Indicação de Leitura Específica Aplicação: articulação teoria e prática Há quem afirme, aliás, que uma das sínteses mais exatas da luta ideológica que se fez notar no processo constituinte que originou a Constituição de 1988 pode ser observada no inciso IV do artigo 1º da referida Carta. Este dispositivo afirma que ?A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos (...) IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;(...). Neste sentido, pergunta-se: a) Por que este dispositivo revela um embate ideológico? b) Que visão restou privilegiada na norma constitucional: a posição mais à direita, (defendida pelo Centrão), ou a posição mais à esquerda (defendida pelos grupos autodenominados progressistas)? Resolva as questões objetivas 3 do capítulo 8 e 1, 2 e 3 do Capítulo 9 de seu Livro Didático. Considerações Adicionais O teor a ser ministrado terá por base o conteúdo constante nos Capítulos 8 e 9 do Livro Didático de História do Direito no Brasil, mais especificamente entre as páginas 185 (a partir de "A abertura lenta e gradual", situado no Capítulo 8) e a página 204 (anterior a "A Constituição de 1988, a conquista da 'Constituição Cidadã'" situada no Capítulo 9). Neste Capítulo, vale a pena pesquisar e conhecer osseguintes marcos jurídicos: Emendas Constitucionais nº 08/77 , nº 11/78 e nº15/80; e Lei da Anistia (Lei nº 6.683/1979). Como leitura complementar, indicam-se as seguintes obras: - CASTRO, Flávia Lages. História do Direito Geral e Brasil. 10ª ed. Rio de Janeiro: Lumen Iuris, 2014. - WOLKMER, Antônio Carlos. História do Direito no Brasil. 4ª ed. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2007; BITTAR, Eduardo (Org.). História do Direito Brasileiro. Leituras da Ordem Jurídica Nacional. São Paulo: Atlas, 2012.
Compartilhar