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SDE0010 – GENÉTICA Aula 11: Desordens genômicas e gonadais Genética AULA 11: DESORDENS GENÔMICAS E GONADAIS Conteúdo desta aula DESORDENS GENÔMICAS: SÍNDROMES DE MICRODELEÇÕES E DUPLICAÇÕES 1 PRÓXIMOS PASSOS DESORDENS GONADAIS E DO DESENVOLVIMENTO SEXUAL 2 Genética AULA 11: DESORDENS GENÔMICAS E GONADAIS Desordens Genômicas e Gonadais Desordens genômicas: Síndromes de microdeleções e duplicações Algumas síndromes estão associadas a pequenas deleções que provocam um desbalanço genético chamado de aneussomia segmentar (perda de um segmento do cromossomo). Muitas das quebras são provocadas por recombinações incorretas em sequências repetidas. Várias deleções e duplicações intermediadas por recombinações desiguais foram descritas na proximidade do braço curto do cromossomo 17, causando deleção em pacientes que portam a síndrome de Smith- Magenis. Genética AULA 11: DESORDENS GENÔMICAS E GONADAIS Desordens Genômicas e Gonadais Tipos de anormalidades cromossômicas numéricas No mesmo cromossomo 17, a duplicação ou deleção de uma região de 1400 kb através da recombinação entre um conjunto diferente de sequências repetidas muito parecidas, provoca outro grupo de desordens genéticas. A duplicação provoca a doença de Charcot-Marie-Tooth e a deleção, a neuropatia hereditária sensível à pressão, que é caracterizada por paralisias nervosas sensoriais e motoras reversíveis provocadas por trauma ou compressão. Genética AULA 11: DESORDENS GENÔMICAS E GONADAIS Desordens Genômicas e Gonadais Os cromossomos Sexuais e suas anomalias O cromossomo X e Y normalmente trocam material genético da região pseudoautossomal dos braços curtos de X e Y, durante a meiose I. Por volta de 1 em 20.000 nascimentos, ocorre a troca entre segmentos cromossomais fora da região pseudoautossomal, que produzem duas anormalidades que explicam o papel destas regiões na determinação sexual; o desenvolvimento de homens XX e mulheres XY. Genética AULA 11: DESORDENS GENÔMICAS E GONADAIS Desordens Genômicas e Gonadais Os cromossomos Sexuais e suas anomalias Essas reversões sexuais são produzidas pela translocação de sequências do braço curto do Y (contendo TDF que induz a formação de testículos) para o braço curto do X, originando homens com cariótipo 46, XX, enquanto que a perda de TDF do cromossomo Y originará mulheres de cariótipo 46, XY. Próximo à região pseudoautossomal do cromossomo Y há o gene SRY (gene que determina o surgimento da gônada masculina, como um gene equivalente ao TDF) encontrado nos homens de cariótipo 46, XX, e ausente nas mulheres 46, XY. Genética AULA 11: DESORDENS GENÔMICAS E GONADAIS Desordens Genômicas e Gonadais Os cromossomos Sexuais e suas anomalias Nem sempre a presença ou a ausência de SRY explica os casos de determinação sexual anormal. Cerca de 10% de homens XX não são ambíguos, a maioria dos homens XX são hermafroditas e homens XX com genitália ambígua possuem SRY. Isto indica que há participação de outros genes na determinação sexual. Genética AULA 11: DESORDENS GENÔMICAS E GONADAIS Desordens Genômicas e Gonadais Cromossomo X Anormalidades no número de cromossomos X são as mais comuns e sua relativa tolerância pode ser explicada pela inativação do cromossomo X. Cromossomo X extra é inativado, tanto em homens quanto em mulheres, sendo que nem todos os genes presentes estão sujeitos à inativação. Cromossomos X com anormalidades (deleções, duplicações, e a formação de isocromossomos) são sempre inativados, sugerindo a existência de um mecanismo de escolha de cromossomos a serem inativados. Este fenômeno explica o menor impacto das anomalias do cromossomo X. Genética AULA 11: DESORDENS GENÔMICAS E GONADAIS Desordens Genômicas e Gonadais Retardo mental ligado ao cromossomo X O cromossomo X está sujeito a mutações, microdeleções e duplicações que causam retardo mental. O efeito no desenvolvimento mental é um fenótipo provocado pela síndromes ligada ao X, uma vez que mais de 50 genes foram relacionados a várias desordens nesse cromossomo. Genética AULA 11: DESORDENS GENÔMICAS E GONADAIS Desordens Genômicas e Gonadais Anormalidades citogenéticas dos cromossomos sexuais Os cromossomos sexuais podem sofrer anormalidades numéricas, estruturais e em grupos de células como mosaicos, do mesma forma como ocorre com os cromossomos autossômicos. Existem algumas indicações clínicas que levantam a possibilidade de riscos de anormalidades nos cromossomos sexuais, como atraso no início da puberdade, amenorreia primária ou secundária, infertilidade e genitália ambígua. As anormalidades de cromossomos sexuais são bem mais comuns que aquelas relacionadas aos autossomos. Estima-se 1 nascimento a cada 400. Genética AULA 11: DESORDENS GENÔMICAS E GONADAIS Desordens Genômicas e Gonadais Anormalidades citogenéticas dos cromossomos sexuais A neuploidia desses cromossomos é menos grave, seja pelo mecanismo de inativação do cromossomo X, seja pelo pequeno número de genes presentes no cromossomo Y. As alterações mais comuns em crianças nascidas vivas e em fetos são as trissomias (XXY, XXX e XYY), no entanto, são raras nos casos de abortos espontâneos. Já a monossomia do X, responsável pela síndrome de Turner, é mais frequente em abortos espontâneos e menos frequente em crianças nascidas vivas. Genética AULA 11: DESORDENS GENÔMICAS E GONADAIS Desordens Genômicas e Gonadais Anormalidades citogenéticas dos cromossomos sexuais As anormalidades estruturais são bem menos comuns, entre elas a mais frequente é o socromossomo do braço longo do cromossomo X, que é encontrado em forma de mosaico em pelo menos 15% das mulheres portadoras da síndrome de Turner. Cole aqui uma imagem ou link para imagem. Se não for utilizar imagem neste slide, basta deletar essa caixa. Genética AULA 11: DESORDENS GENÔMICAS E GONADAIS Desordens Genômicas e Gonadais Síndrome de Klinefelter Os pacientes portadores da síndrome possuem dois cromossomos X e um Y (cariótipo 47, XXY). Uma característica comum entre os portadores da síndrome de Klinefelter é a infertilidade, devido à falha no desenvolvimento da linhagem germinativa. Mesmo com uma incidência alta, cerca de 1 em 1.000 nascimentos de homens vivos, muitos casos não são detectados devido à inativação de um dos cromossomos X extra, que gera um fenótipo relativamente brando. Genética AULA 11: DESORDENS GENÔMICAS E GONADAIS Desordens Genômicas e Gonadais Síndrome de Klinefelter Aproximadamente 50% são resultantes de erros na meiose I paterna, por uma falha na recombinação entre os braços curtos dos cromossomos X e Y na região pseudoautossômica. A maioria dos casos de origem materna é decorrente de erros na meiose I seguido de erros na meiose II ou de erros mitóticos pós-zigóticos. Genética AULA 11: DESORDENS GENÔMICAS E GONADAIS Desordens Genômicas e Gonadais Síndrome de Jacobs (47,XYY) Os portadores da síndrome de Jacobs não possuem um fenótipo claramente anormal. O cariótipo característico ocorre pela não disjunção na meiose II paterna, produzindo um espermatozoide com dois cromossomos Y. Casos mais raros como XXYY e XXXYY, que possuem características da síndrome de Jacobs e de Klinefelter, são originados por erros de disjunção sequenciais da meiose I e II. Recém-nascidos com a síndrome são mais altos, com maior risco de problemas educacionais e comportamentais, sem deformidades e possuem inteligência normal. A incidência é de 1 em cada 1000 nascimentos. Genética AULA 11:DESORDENS GENÔMICAS E GONADAIS Desordens Genômicas e Gonadais Trissomia do X (47, XXX) Mulheres portadoras não possuem anormalidades fenotípicas, entram na puberdade na idade apropriada e normalmente são férteis, com risco aumentado de descendentes com anormalidades cromossômicas. Portadores de XXX possuem dois cromossomos X inativados, o que minimiza os efeitos adversos. A trissomia ocorre na grande maioria dos casos por erros durante a meiose I e o risco de ocorrência na gestação aumenta conforme a idade materna. A incidência é a mesma encontrada para a síndrome de Jacobs. Genética AULA 11: DESORDENS GENÔMICAS E GONADAIS Desordens Genômicas e Gonadais Síndrome de Turner (45,X) ou monossomia do X Indivíduos portadores da síndrome de Turner são mulheres, a causa mais comum do cariótipo 45, X, é a perda do cromossomo X no gameta paterno. O cariótipo mais comum da síndrome é o 45,X, mas cerca da metade dos casos possui outros cariótipos e mosaicos. Entre as variações, a deleção do braço curto do cromossomo X que ocasiona baixa estatura e malformações congênitas. Genética AULA 11: DESORDENS GENÔMICAS E GONADAIS Desordens Genômicas e Gonadais Síndrome de Turner (45,X) ou monossomia do X A incidência é de 1 em 4.000 nascimentos de mulheres. A sobrevivência de embriões portadores é rara, com 99% de chance de serem abortados espontaneamente. Os portadores da síndrome frequentemente têm um fenótipo característico, que inclui uma baixa estatura, não desenvolvimento sexual (infantilismo sexual), com disgênese (malformação) ovariana e um grau variado de malformações. A inteligência de portadores da síndrome geralmente é normal. Genética AULA 11: DESORDENS GENÔMICAS E GONADAIS Desordens Genômicas e Gonadais Desordens gonadais e do desenvolvimento sexual Alguns casos de anomalias demonstram que a determinação do sexo pode não ser fácil. Entre as anormalidades gonadais há a hipospádia em homens (um desenvolvimento anormal da uretra na qual ela se abre na região abaixo do pênis ou no períneo) e o aumento do clitóris, em mulheres. Há casos em que os pacientes possuem testículos e ovários mas nem sempre as anormalidades na genitália são decorrentes de alterações citogenéticas em cromossomos sexuais, inclusive podem ser provocadas por mudanças em um único gene ou até mesmo não ter causa genética. Genética AULA 11: DESORDENS GENÔMICAS E GONADAIS Desordens Genômicas e Gonadais Displasia camptomélica É uma doença que provoca malformações severas nos ossos longos, anomalias faciais, cardíacas, nervosas e respiratórias. Além dessas malformações ocorre a incompatibilidade entre o sexo genital e o cariótipo (46,XY), que é provocada por uma mutação no gene SOX9 presente no cromossomo 17. Na sua ausência, os testículos falham em se formar, e é iniciada a formação dos ovários. Alguns casos de indivíduos 46, XX, que portam a duplicação do gene SOX9, interessantemente, ao invés de ocorrer a formação dos ovários, há a formação dos testículos mesmo na ausência do gene SRY. Genética AULA 11: DESORDENS GENÔMICAS E GONADAIS Desordens Genômicas e Gonadais Desenvolvimento e manutenção ovariana Mesmo que muitos genes sejam conhecidos em seu papel na manutenção dos ovários, muito pouco se sabe sobre o desenvolvimento dessas gônadas. Muito do conhecimento do papel do cromossomo X sobre o desenvolvimento dos ovários foi obtido de estudos sobre pessoas portadoras de anormalidades citogenéticas. Também algumas mutações em determinados genes foram relacionados a casos familiares de falha prematura dos ovários e disgênese gonadal como o gene FOXL2, que causa variação fenotípica mudando de disgênese ovariana à falha prematura dos ovários. Genética AULA 11: DESORDENS GENÔMICAS E GONADAIS Desordens Genômicas e Gonadais Pseudo-hermafroditismo feminino Mulheres pseudo-hermafroditas possuem cariótipos 46,XX com tecido ovariano normal mas com a genitália externa ambígua ou masculina, essa condição é geralmente produzida pela hiperplasia congenital adrenal que constitui de defeitos específicos em enzimas do córtex adrenal, responsáveis pela biossíntese de cortisol, e acabam produzindo a virilização de meninas. O desenvolvimento ovariano é normal, mas a produção excessiva de andrógenos provoca a masculinização da genitália externa. Genética AULA 11: DESORDENS GENÔMICAS E GONADAIS Desordens Genômicas e Gonadais Pseudo-hermafroditismo masculino Existem muitos fatores que causam o pseudo-hermafrodismo masculino em indivíduos 46, XY, como alterações na produção de testosterona e anormalidade em células-alvo do hormônio testosterona. Além de alterações nos genes envolvidos na determinação e diferenciação dos testículos, existem várias formas de insensibilidade aos andrógenos, como a deficiência da enzima responsável pela conversão da testosterona para sua forma ativa. Há também a possibilidade dos órgãos-alvos não possuírem o receptor do hormônio. Essas condições causam feminilização da genitália externa. Assuntos da próxima aula: 1. Genética do desenvolvimento; 2. Imunogenética; 3. Desordens imunológicas de ordem genética; 4. Genética do câncer.
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