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RESUMO DE BOA FÉ OBJETIVA

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BOA FÉ OBJETIVA 
BOA FÉ objetiva (ético) análise em relação a conduta do agente. O contrário é ausência de 
 boa fé objetiva.
(gênero) subjetiva (psicológico) análise da intenção do agente – se tinha conhecimento. O contrário é a má fé.
Ensina Teresa Negreiros que “a incidência da boa-fé objetiva sobre a disciplina obrigacional determina uma valorização da dignidade da pessoa, em substituição da autonomia do indivíduo, na medida em que se passa a encarar as relações obrigacionais como um espaço de cooperação e solidariedade entre as partes e, sobretudo, de desenvolvimento da personalidade humana”. Ensina Teresa Negreiros que “a incidência da boa-fé objetiva sobre a disciplina obrigacional determina uma valorização da dignidade da pessoa, em substituição da autonomia do indivíduo, na medida em que se passa a encarar as relações obrigacionais como um espaço de cooperação e solidariedade entre as partes e, sobretudo, de desenvolvimento da personalidade humana”.
A boa fé objetiva - Norma de conduta para o contratante. Se preocupa com a conduta do agente, ou seja, se ele atuou de forma ética e leal, independentemente de se saber se o agente tinha conhecimento e que deveria atuar dessa forma. Consiste num dever contratual ativo e não de um estado psicológico experimentado pela pessoa do contratante. A análise se faz unicamente em relação a conduta concreta do agente, ou seja, se ele atuou de forma a proteger , a cooperar e a informar o outro contratante sobre todas as circunstâncias do contrato independentemente de sua intenção, com consideração aos interesses do outro.
É uma cláusula geral – norma que não prescrevem uma certa conduta, mas simplesmente, definem valores e parâmetros. Servem como ponto de referência interpretativo e oferecem ao intérprete os critérios axiológicos e os limites para a aplicação das demais disposições normativas.
A boa fé objetiva pressupõe:
Uma relação jurídica que ligue 2 pessoas com deveres mútuos de conduta (PIC – proteção, informação e cooperação);
Padrão de comportamento exigível do profissional competente – “bônus parter familiae”. – bom pai de família;
Reunião de condições suficientes para ensejar na outra parte um estado de confiança no negócio celebrado. A boa fé objetiva impõe aviso dos riscos que aquele produtos traz para proteger o outro contratante concretamente.
O princípio da boa fé objetiva deve ser avaliado observando-se o comportamento da parte em conformidade com os padrões sociais vigentes, pouco importando o sentimento que motivou o agente. O contrário da boa fé objetiva não é a má fé, mas a ausência de boa fé.
A boa fé objetiva deve existir durante todo o curso do contrato, do seu nascimento até sua extinção, podendo subsistir durante a fase das tratativas preliminares e ir até após o fim do contrato. É norma de ordem pública (norma cogente), de aplicação obrigatória (princípio de observância obrigatória) e necessária em todas as obrigações contratuais, independentemente da vontade das partes. O magistrado pode aplica-la de ofício, mesmo que não provocado por uma das partes, podendo anular cláusula que viole o princípio mesmo que não seja essa a cláusula que ajuizar a ação.
FUNÇÕES DA BOA FÉ OBJETIVA:
	FUNÇÃO INTERPRETATIVA
	FUNÇÃO LIMITADORA
	FUNÇÃO INTEGRATIVA
	Desempenha papel de paradigma para a interpretação dos negócios jurídicos de acordo com o artigo 113, do CC;
	Assume caráter de controle, impedindo o abuso do direito subjetivo e qualificando-o como ato ilícito, na forma do artigo 187, do CC;
	Desempenha uma função criadora de deveres anexos ou laterais ao contrato, presentes em todas as relações obrigacionais, conforme o artigo 422, do cc (pic).
FUNÇÃO INTERPRETATIVA – ARTIGO 113, CC – estabelece que os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa fé e os usos do local de sua celebração. A boa fé objetiva serve de modelo de interpretação de todos os negócios jurídicos. O magistrado não fará apenas uma leitura literal do contrato, mas observará a vontade aparente do negócio jurídico. A cláusula será interpretada de acordo com o conteúdo ético como se tivesse sido escrito por pessoas honestas e leais do mesmo meio cultural e social dos contratantes. A boa fé na função interpretativa poderá suprir eventuais lacunas não previstas pelos contratantes. É um parâmetro interpretativo, busca completar a relação obrigacional no que não foi previsto pelas partes, com o objetivo de se garantir a finalidade do que foi pactuado, sempre no sentido mais conforme à lealdade e honestidade em relação aos propósitos comuns. Assim, a boa fé é consagrada como meio auxiliador do aplicador do direito para a interpretação dos negócios, da maneira mais favorável a quem esteja de boa fé objetiva.
FUNÇÃO LIMITADORA – ARTIGO 187, CC – afirma que comete ato ilícito quem, ao exercer o seu direito, exceder manifestamente os limites impostos pela boa fé. Comete-se ato ilícito quando, ao exercitar um direito subjetivo, o agente superar os limites éticos do ordenamento jurídico, ofendendo os objetivos do sistema e o espírito do Direito. Aquele que contraria a boa fé objetiva comete abuso de direito. A responsabilidade civil que decorre do abuso de direito é objetiva. A noção de abuso é intimamente ligada ao excesso, uso imoderado de poderes e a boa fé objetiva é elencada como um fator para distinguir o exercício regular ou irregular de direitos, delimitando o que pode ser considerado abusivo em face do outro. A boa fé imprime as partes o dever de agir com lealdade, com cooperação, desta feita, impede o abuso de direito, o ato ilícito, o enriquecimento sem causa, sustenta a teoria da imprevisão, dá força obrigatória às convenções e mitiga o princípio da autonomia da vontade. Sob esta ótica, apresenta-se a boa-fé como norma que não admite condutas que contrariem o mandamento de agir com lealdade e correção, pois só assim se estará a atingir a função social que lhe é cometida.”
 A função limitadora pode ocorrer através de condutas:
	VENIRE CONTRA FACTUM PROPRIUM
	Da suppressio (verwirkung) e da surrectio
	Proibição de comportamento contraditório. Significa o exercício de um direito em proibição contrária, ou seja, em contradição com o comportamento assumido anteriormente pelo exercente. O 1º comportamento é o factum proprium e o 2º comportamento o contraria. O fundamento reside na confiança depositada no outro contratante e busca impedir a prática de condutas contraditórias em uma obrigação. Em tese, os dois comportamentos são lícitos, mas o 2º comportamento quebra a confiança e é uma conduta proibida pela boa fé objetiva.Tem como máxima a prescrição jurídica de que “ninguém é dado vir contra o próprio ato, frustrando uma justa expectativa alheia”.23 Isto significa que a mudança súbita de atitude não é possível, se inspirou em outrem uma expectativa de comportamento. Conforme José Roberto de Castro Neves, o “dever de agir de boa fé funciona como verdadeiro corolário, do qual se irradiam outros deveres, como, por exemplo, o de prestar informações, de proteger a integralidade da coisa antes de sua entrega, o de cooperar para que a prestação seja oferecida de forma perfeita, o de lealdade e confiança”. “Mais que contra a simples coerência, atenta o venire contra factum proprium à confiança despertada na outra parte, ou em terceiros, de que o sentido objetivo daquele comportamento inicial seria mantido, e não contrariado”. A ideia central da proibição de comportamento contraditório consiste em propiciar a manutenção da coerência das condutas das partes nas relações jurídicas. Proíbem-se comportamentos contraditórios quando houver incoerência, contradição aos próprios atos, de modo a violar expectativas despertadas em outrem e assim causar-lhes prejuízos.
	A figura da suppressio, fundada na boa-fé objetiva, visa inibir providências que já poderiam ter sido adotadas há anos e não o foram, criando a expectativa, justificadapelas circunstâncias, de que o direito que lhes correspondia não mais seria exigida. A suppressio tem sido considerada com predominância como uma hipótese de exercício inadmissível do direito.27 Como já ressaltado, a boa-fé objetiva, que é inerente ao comportamento nas partes nas relações jurídicas, mormente as relações civis, posto que este instituto é assume uma proeminência no Direito Civil como um todo, impede que o titular de um direito aja, se criou expectativa na parte contrária pela sua inércia em exercer o direito. A surrectio que se refere ao fenômeno inverso, isto é, o surgimento de uma situação de vantagem para alguém em razão do não exercício por outrem de um determinado direito, cerceada a possibilidade vir a exercê-lo posteriormente. 
FUNÇÃO INTEGRATIVA DA BOA FÉ OBJETIVA – ATIGO 422, CC – a boa fé cria deveres para as partes e passa a exercer função integrativa de deveres de comportamento antes, durante e após a relação contratual. São os chamados deveres de conduta, também conhecidos como deveres anexos, instrumentais, laterais, acessórios, de proteção ou tutela. Isto significa que o princípio da boa-fé objetiva é fonte de direitos e conforma a atuação das partes, que devem não apenas observar o objeto principal da obrigação, mas também as demais obrigações laterais consentâneas ao exato adimplemento. Em sendo fonte de direitos, indica que as partes devem atuar com ânimo de cooperação, de modo que as expectativas geradas não se frustrem e, como tem como alicerce a lealdade e confiança, do primado da boa-fé objetiva, é possível extrair algumas consequências:
 (i) Quem inspira na outra pessoa uma certa crença no agir responde por isso. 
(ii) Há a imposição de deveres às partes, de modo a proteger a confiança e as expectativas legítimas geradas.
A boa-fé cria deveres anexos para as partes contratantes independente de manifestação de vontade destas. São deveres de cuidado, deveres de informação, deveres de colaboração e cooperação, deveres de sigilo, entre outros. Esses deveres se violados geram o dever de indenizar. Isso porque a boa-fé determina que as partes ajam com lealdade umas com as outras, respeitando os objetivos da relação obrigacional.
Ao se pensar na boa-fé como criadora de deveres, remonta-se à obrigação como processo. A relação obrigacional passa a ser um processo complexo, no qual, é simplório remeter ao simples adimplemento da obrigação, quer se atender à finalidade global da obrigação, exigindo das partes o dever de atuar entre si com cooperação, até mesmo após o adimplemento da obrigação.
Quando se infringem deveres pré-negociais, não se está infringindo deveres principais, já que o contrato ainda não se formou, mas sim deveres anexos ou secundários. As partes devem guardar a boa-fé, antes, durante e após o cumprimento da relação obrigacional para que seja respeitado o objetivo do pactuado, bem como a legítima expectativa das partes.
Funcionam como uma espécie de blindagem contra interesses injustificados que possam atingir a relação obrigacional. Os deveres de conduta não surgem da vontade das partes, pois dele não dependem. Decorrem diretamente da boa fé e, por isso, não precisam de previsão contratual. 
Deveres de conduta:
	DEVER DE PROTEÇÃO
	DEVER DE INFORMAÇÃO
	DEVER DE COOPERAÇÃO
	Cabe aos contratantes garantir a integridade dos bens e dos direitos do outro contratante, em todas as etapas do vínculo obrigacional que possam oferecer perigo. Buscam proteger a contraparte dos riscos de danos a sua pessoa e ao seu patrimônio. Significa que mesmo sem previsão no contrato e sem as partes queiram, elas devem, em obediência à função integrativa da boa-fé objetiva, proteger a pessoa física e o patrimônio do outro contratante evitando causar danos injustos a ele. Ex: placas de ‘piso escorregadio’ no chão das lojas.
	É o dever de comunicar à outra parte fatos relevantes que envolvem o contrato desde a sua origem até o seu fim, envolvendo as fases pré-contratual, contratual e pós-contratual. Busca ampliar o conhecimento da outra parte. Ambas devem prover informações das circunstâncias que envolvem o contrato mesmo que não esteja previsto no contrato essa necessidade de informação. Ex: consentimento informado no código de ética médico.
	Significa a ajuda que uma das partes deve dar à outra para que esta possa cumprir o contrato. Proíbe que a conduta das partes possa desiquilibrar a obrigação. Devem ser leais em todos os momentos da relação. Cooperar para que a obrigação atinja ao seu fim da melhor forma possível a ambas as partes. A conduta ética é uma conduta jurídica. Ex: o advogado não deve revelar detalhes de seu cliente.
Obs:
 A violação dos deveres anexos constitui espécie de inadimplemento, independentemente de culpa.
 Os direitos devem exercitar-se de boa fé, as obrigações têm de cumprir-se de boa fé.
 Informar a respeito do que estava ocorrendo, cooperar para que o problema seja resolvido e buscar conferir proteção ao outro contratante. O STJ é unânime no sentido de que a negativação indevida gera danos morais que independem de prova para a sua configuração.
REFERÊNCIAS:
ALMEIDA, Juliana Evangelista de. A boa-fé no direito obrigacional. In: Âmbito Jurídico, Rio Grande, XIII, n. 78, jul 2010. Disponível em: <http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=8041>. Acesso em abr 2014.
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil brasileiro: teoria geral das obrigações, v 2. São Paulo: Saraiva, 2014.
GUTIER, Murillo Sapia. Introdução ao Direito Civil Constitucional: A Boa-fé Objetiva. Material da 1ª aula da disciplina Fundamentos do Direito Civil, ministrada no curso de pós-graduação lato sensu em Direito Civil e Processual Civil – UNIT (Universidade Tiradentes).
Tartuce, Flávio Manual de direito civil: volume único. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: METCDO. 2011.

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