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Princípios da Seguridade Social aula 9

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I - UNIVERSALIDADE DE COBERTURA E ATENDIMENTO 
Por universalidade da cobertura entende-se que a proteção social deve 
alcançar todos os riscos sociais. A universalidade do atendimento tem por 
objetivo tornar a seguridade social acessível a todas as pessoas 
residentes no país, inclusive estrangeiras. Com relação à saúde, esse 
princípio é aplicado sem nenhuma restrição. No tocante à assistência 
social, será aplicado para todas aquelas pessoas que necessitem de suas 
prestações. E no tocante à previdência social, por ter caráter contributivo, 
todos, desde que contribuam para o sistema, podem participar. Para 
atender a esse princípio constitucional, foi criada, no regime geral de 
previdência social, a figura do segurado facultativo. Assim, todos, mesmo 
que não exerçam atividade remunerada, têm a cobertura previdenciária; 
para tanto, é necessário contribuir para o sistema previdenciário. 
II - UNIFORMIDADE E EQUIVALÊNCIA DAS PRESTAÇÕES 
O s benefícios e serviços de4vem ser idênticos para toda a população 
sem distinção urbana ou rural, independente mente de residência, local 
de trabalho, profissão ou função ou do valor e tipo de prestação. A 
uniformidade é igualdade quanto ao aspecto objetivo, ou seja, no que se 
refere às contingências que irão ser cobertas. A equivalência refere-se ao 
valor. Quanto à equivalência dos benefícios, o princípio constitucional 
impede que sejam estabelecidos critérios diferentes para o cálculo do 
valor do benefício dos trabalhadores urbanos e rurais. Todavia, a renda 
mensal do benefício de cada trabalhador dependerá de uma série de 
fatores como tempo de contribuição, valor dos salários de contribuição, 
idade, expectativa de sobrevida etc. 
III - SELETIVIDADE E DISTRIBUTIVIDADE 
Pela universalidade, entende-se que todos os fatos geradores de 
necessidades sociais devem ser cobertos e todas as pessoas que se 
encontrem em estado de necessidade devem ser atendidas pela 
Seguridade Social. Porém, a capacidade econômica do Estado limita essa 
universalidade de atendimento e de cobertura visto que as necessidades 
são sempre maiores e renováveis do que as condições econômicas do 
País para fazer face a essas necessidades. Desta maneira, deve-se 
otimizar os poucos recursos existentes, selecionando e distribuindo 
melhor as prestações. 
Essa é a idéia do princípio da seletividade: selecionar aquelas 
prestações que melhor atendam aos objetivos da Seguridade Social 
(artigo 193 da CF/88). O princípio da seletividade “pressupõe que os 
benefícios são concedidos a quem deles efetivamente necessite, razão 
pela qual a Seguridade Social deve apontar os requisitos para a sua 
concessão de benefícios e serviços”. 
O princípio da distributividade diz respeito às pessoas que deverão ser 
protegidas prioritariamente pela Seguridade Social. Para João Batista 
Lazzari , o “princípio da distributividade, inserido na ordem social, é de ser 
interpretado em seu sentido de distribuição de renda e bem-estar, ou seja, 
pela concessão de benefícios e serviços visa-se ao bem-estar e à justiça 
social (art. 193 da Carta Magna)”. 
Na seletividade, ocorre a escolha das prestações que melhor atendam 
aos objetivos da Seguridade Social. 
Na distributividade, há a preocupação de se estar atendendo, 
prioritariamente, aqueles indivíduos que estão em maior estado de 
necessidade. 
A universalidade é mitigada pelo princípio da seletividade e 
distributividade na prestação dos benefícios e serviços. Só faz sentido 
falar em seletividade e distributividade se estiver presente a questão da 
limitada capacidade econômica para fazer face às contingências sociais 
que devem ser atendidas pela Seguridade Social. 
IV - IRREDUTIBILIDADE DO VALOR DOS BENEFÍCIOS 
Significa que o benefício legalmente concedido (...) não pode ter seu valor 
reduzido, não podendo ser objeto de desconto (...)”.– o princípio da 
irredutibilidade do valor dos benefícios é “princípio equivalente ao da 
intangibilidade do salário dos empregados e dos vencimentos dos 
servidores. É um princípio que está mais ligado à Previdência Social, pois 
é esta quem paga os benefícios, que devem ser reajustados 
periodicamente. 
V - EQUIDADE NA FORMA DE PARTICIPAÇÃO NO CUSTEIO 
A equidade é igualdade respeitando as diferenças; esse princípio é o 
desdobramento do princípio da capacidade contributiva. Visa este 
princípio, desta forma, implementar os princípios da igualdade . Cada 
pessoa deve contribuir na medida de suas possibilidades, ou seja, quem 
tem maior capacidade econômica deve contribuir com mais. 
O princípio da efetividade ou da suficiência afirma que a proteção da 
Seguridade Social não deve ser qualquer proteção, deve ser essa 
proteção suficiente de tal maneira que se possa debelar o estado de 
necessidade. 
VI - DIVERSIDADE DA BASE DE FINANCIAMENTO 
O custeio por meio das contribuições sociais não deve assentar em um 
único tipo de contribuição, mas em três categorias básicas: trabalhadores 
remunerados; empregadores empresas ou pessoas físicas que pagam a 
remuneração ao trabalhador e o Estado (União, Estados, Municípios e D. 
Federal). 
Assim como a seletividade e contributividade, esse princípio é muito 
aplicado ao legislador, pois tem este o dever de otimizar os recursos da 
Seguridade Social. Na hora de se estabelecer o financiamento, cabe ao 
legislador diversificar as fontes de financiamento pois quanto maior essa 
diversificação, quanto mais fatos geradores maior é a estabilidade da 
Seguridade Social. 
Essa diversidade se dá de duas formas: 
a) diversidade objetiva – diversidade de fatos geradores de contribuição 
social; e 
b) diversidade subjetiva – maior número possível de contribuintes para a 
Seguridade Social. 
Conclui-se, portanto, que deve o legislador estabelecer o maior número 
possível de fatos geradores de contribuição social e deve, também, 
distribuir o ônus de financiar a Seguridade Social pelo maior número 
possível de pessoas. 
VII - PARTICIPAÇÃO DA COMUNIDADE NA GESTÃO 
ADMINISTRATIVA- (CARÁTER DEMOCRÁTICO E 
DESCENTRALIZADO DA GESTÃO AMINISTRATIVA ). 
A participação da comunidade na gestão administrativa dá-se por meio 
dos conselhos, integrados por representantes da comunidade e do Poder 
Público. 
O legislador constituinte se preocupou com que as pessoas que têm 
interesse na proteção da Seguridade Social participem da sua gestão. O 
Brasil, conforme o artigo 1º da Carta Magna, é um Estado Democrático de 
Direito. 
Veio a legislação infraconstitucional regulamentar esse princípio, 
instituindo os conselhos nacionais, estaduais e municipais da Seguridade 
Social, Previdência Social e Assistência Social, tornando possível a 
participação democrática com a descentralização. 
A Lei 8.080/1990, que regulamenta o SUS e prevê a formação dos 
conselhos municipais, e a Lei 8.69/90 (ECA), que igualmente prevê a 
criação de conselhos municipais de composição popular paritária e os 
conselhos tutelares, foram pioneiras na regulamentação desse princípio 
constitucional. 
VIII - PREEXISTÊNCIA DO CUSTEIO EM RELAÇÃO AOS BENEFÍCIOS 
OU SERVIÇOS 
Mais conhecido como a Regra da Contrapartida; todavia, ele é sim um 
princípio, pois é uma pauta de valor, é um princípio que tem como valor a 
estabilidade financeiro-econômica da Seguridade Social. 
Ele informa que só se pode criar/estender benefício/serviço da 
Seguridade Social se houver a prévia fonte de custeio total, isto é, a 
Seguridade Social só deve conceder prestações dentro das suas 
possibilidades econômicas. 
Por esse princípio, busca-se tornar a Seguridade Social financeiramente 
equilibrada, a medida em que orienta a ação do legislador no sentido de 
que a toda despesa criada deve corresponder uma receita respectiva para 
fazer face ao gasto instituído. 
Para a criação ou extensão de determinado benefício ou serviço da 
Seguridade social, é mister que exista previamente a correspondentefonte de custeio total, sob pena de inconstitucionalidade da lei ordinária. 
Em resumo: o benefício ou serviço não poderá ser criado sem que antes 
haja ingressado numerário no caixa da Seguridade Social.

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