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AULA 01 (artigos 927 a 954, CC. Art. 5º, V e X, CF) A RESPONSABILIDADE CIVIL E SEUS ELEMENTOS O ordenamento jurídico tem como principal objetivo o de proteger o lícito e reprimir o ilícito (San Tiago Dantas), reprimindo a conduta ilícita e tutelando a atividade do homem que se comporta de acordo com o direito. A Responsabilidade Civil tem dupla função (Maria Helena Diniz): Servir como sanção civil, de natureza compensatória. Garantir o direito do lesado à segurança. Dever Jurídico originário e sucessivo: Para atingir o objetivo de uma conduta social reta, proba, o direito estabelece regras que podem ser positivas (dar e fazer) e negativas (não fazer), consubstanciando-se, assim, em um dever jurídico. Sendo assim, dever jurídico é uma conduta externa de uma pessoa imposta pelo direito positivo (lei) por exigência da convivência social. Divide-se o dever jurídico em: Originário: o de não lesar ninguém. Sucessivo: caso haja a lesão cria-se a partir deste a obrigação de repará-lo. Elementos da responsabilidade civil: Ato ilícito, nexo causal e dano. Ato ilícito: É a conduta necessária para termos o início da possibilidade da responsabilização jurídica de alguém que comete ato que violente o direito de outrem de não ter violado o direito à incolumidade. Sua expressa previsão está nos artigos 186 e 187 da Lei 10.406 de 2002. A conduta humana é o primeiro elemento da responsabilidade civil e se concretiza pelo fazer ou não faz do agente. Não há que se falar em dever de indenizar sem que haja uma ação ou omissão do indivíduo. Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes. Nexo Causal (principal item da responsabilidade civil): Temos no nexo causal um dos pontos mais importantes da responsabilidade civil. Pois é justamente o ponto que irá convergir o ato ilícito e o dano. Sem os quais inexistirá a responsabilidade civil. Sua previsão legal é o da Lei 13.105 de 2015, principalmente, mas não exclusivamente em seus artigos 319, 320 e 373. Art. 319. A petição inicial indicará: (...) III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido; VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados; Art. 320. A petição inicial será instruída com os documentos indispensáveis à propositura da ação. Art. 373. O ônus da prova incumbe: I - ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. Dano: É a consequência do ato ilícito. Configurado de forma típica o dano pode ser, por exemplo, moral, material, imagem etc. Ou de forma atípica, dano pela perda de uma chance, dano reflexo etc. Sua principal fundamentação é o art. 944 da Lei 10.406 de 2002: Art. 944. A indenização mede-se pela extensão do dano. Art. 188. Não constituem atos ilícitos: I - os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido; II - a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente. Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente quando as circunstâncias o tornarem absolutamente necessário, não excedendo os limites do indispensável para a remoção do perigo. AULA 02 O ATO ILÍCITO Ato ilícito é a conduta necessária para termos o início da possibilidade da responsabilização jurídica de alguém que comete ato que violente o direito de outrem de não ter violado o direito à incolumidade. Considerando o tema, temos nos artigos 186, 187 e 188 da Lei 10.406 de 2002, a previsão legal pertinente ao tema. TÍTULO III - DOS ATOS ILÍCITOS Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes. Art. 188. Não constituem atos ilícitos: I - os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido; II - a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente. Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente quando as circunstâncias o tornarem absolutamente necessário, não excedendo os limites do indispensável para a remoção do perigo. ATO ILÍCITO GÊNERO (OU PURO): Tal fundamento gera a responsabilidade civil. É, em regra, o elencado para qualificar o ato ilícito. Decorre de uma conduta humana (comitiva ou omissiva), eivada de culpa (lato sensu), a qual se faz contrária ao ordenamento jurídico (ilicitude), e que causou dano à outrem. Destaca-se que a conduta humana não exime a pessoa não humana (pessoa jurídica). Ocorre que a pessoa jurídica é uma ficção que resulta da volição humana. ATO ILÍCITO ESPÉCIE (OU EQUIPARADO): Diferentemente do ato ilícito gênero (ou puro), em que a conduta por si é qualificada como ilícita, no ato ilícito espécie (ou equiparado) o agente que causa o dano é parte legítima para o exercício do direito. Que poderia ser exercido sem nenhum tipo de impedimento. Entretanto, ao exercê-lo, ultrapassa os limites tácitos impostos pela lei, no que tange ao seu exercício. Vamos à leitura de sua fundamentação o art. 187 da Lei 10.406 de 2002: Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes. Também comete ato ilícito (...): É equiparado ao ato ilícito do art. 186. (...) o titular de um direito (...): Legitimidade ativa para o pleno exercício de algo que lhe seja garantido pelo direito. (...) que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social (...): Ultrapassa os limites da razoabilidade econômica (cobrança vexatória) ou social (uso desmesurado do conhecimento técnico sobre algo). (...) pela boa-fé (...): Confiança na realização contratual Ausência de desconfiança na relação extracontratual (...) pelos bons costumes (...): Aquilo que a sociedade entende como moralmente correto. Aplicável ao tempo, lugar e pessoa. A imperícia no cenário do ato ilícito. Questão que merece uma indagação é a que diz respeito à ausência da expressão imperícia como tipificador do ato ilícito no art. 186 da Lei 10.406. A imperícia, então, seria causa de não tipificação do ato ilícito? Cremos que não! Pois o legislador assim não o desejou. E o profissional do Direito não pode criar texto no lugar em que este inexiste. Entretanto, isto não significa que a imperícia não gere responsabilidade civil. Tanto que no art. 951 da Lei 10.406 de 2002 temos: Art. 951. O disposto nos arts. 948, 949 e 950 aplica-se ainda no caso de indenização devida por aquele que, no exercício de atividade profissional, por negligência, imprudência ou imperícia, causar a morte do paciente, agravar-lhe o mal, causar-lhe lesão, ou inabilitá-lopara o trabalho. Logo, considerando o tema, a imperícia é causa de responsabilidade civil do profissional da saúde, quando causa dano ao seu paciente, nos termos do artigo já citado. Logo, considerando o tema, a imperícia é causa de responsabilidade civil do profissional da saúde, quando causa dano ao seu paciente, nos termos do artigo já citado. EXCLUDENTES DE ILICITUDE A excludente de ilicitude (diversa de excludente de responsabilidade) visa suprimir a tipificação do primeiro dos requisitos da responsabilidade civil, o ato ilícito. Neste tipo, a conduta ilícita tem uma justificativa que permite, justamente, a sua exclusão. Neste tema, abordaremos a exclusão do item que dá o início à responsabilidade civil, atentemos ao caput do art. 188 do CC. Logo, em havendo o enquadramento da conduta do agente ao qual se pretende enquadrar a responsabilidade, temos as excludentes das ilicitudes apontadas em seus incisos, vamos apresentá-las: Art. 188. Não constituem atos ilícitos: I - os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido; II - a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente. Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente quando as circunstâncias o tornarem absolutamente necessário, não excedendo os limites do indispensável para a remoção do perigo. AULA 03 O NEXO CAUSAL O nexo de causalidade ou nexo axiológico é o ponto nevrálgico da responsabilidade civil, pois temos a necessidade do seu preenchimento, por meio das provas, com fins de unir os outros dois requisitos de admissibilidade da responsabilidade civil (o ato ilícito e o dano). Destacamos que a responsabilidade dispensa a culpa, mas nunca dispensará o nexo causal. Sendo assim, para que ocorra obrigação de indenizar, é preciso que se demonstre a relação entre a ação (ou omissão) do agente e o dano. EXISTEM DUAS TEORIAS QUE JUSTIFICAM O ESTABELECIMENTO DO NEXO CAUSAL Teoria da equivalência da causa - conditio sine qua non - Direito Penal Como o próprio nome diz, essa teoria não faz distinção entre: causa – aquilo de que uma coisa depende quanto à existência – e; condição – o que permite à causa produzir seus efeitos positivos ou negativos. Se várias condições concorrem para o mesmo resultado, todas têm o mesmo valor, a mesma relevância, todas se equivalem. Para se saber se uma determinada condição é causa, elimina-se mentalmente essa condição, por meio de um processo hipotético. Se o resultado desaparecer, a condição é causa, mas se persistir, não o será. Destarte, condição é todo antecedente que não pode ser eliminado mentalmente sem que venha ausentar-se o efeito. Critica-se essa teoria pelo fato de conduzir a um exagero da causalidade e a uma regressão infinita do nexo causal. Por ela, teria que se indenizar a vítima de atropelamento, não apenas quem dirigia o veículo, mas, também, a concessionária que vendeu o bem, a montadora que produziu o mesmo e, assim, sucessivamente. Teoria da causalidade adequada - Direito Civil Por esta teoria, a causa é não apenas o antecedente necessário à causação do evento, mas, também, adequado à produção do resultado. Nem todas as condições serão causa, mas apenas aquela que for a mais apropriada a produzir o evento. Aquela que colaborou de forma preponderante e mais apropriada para o evento. A situação tem como revés em saber, exatamente, quem, entre as várias condições ser a mais adequada. Tem-se por praxe considerar, como já descrito, aquela que, de acordo com a experiência comum, for a mais idônea para gerar o evento. Não se limita que a causa seja condição preponderante para o prejuízo, é preciso, ainda que o fato constitua, no caso concreto, uma causa adequada e eficiente para a causação do dano. Assim, por exemplo, se um agente de viagens retém, de forma desnecessária e ilícita, um passageiro, impedindo-o de embarcar em um determinado navio e, por consequência, embarca-o em um segundo, que vem a afundar, esta retenção, por mais que seja ilícita, não é a causa para o desastre. Por mais que o primeiro barco tenha chegado incólume ao seu destino (diferente do segundo). CONCAUSAS É outra causa que, aliando-se à principal, concorre para o resultado. Ela não inicia nem interrompe o processo causal, apenas o reforça. Exemplo: o dever de manutenção de um veículo é a causa geral do evento danoso, que é a derrapagem por pneu careca e posterior abalroamento no veículo de um terceiro. Múltiplas podem ser as causas que geram a responsabilização, mas a responsabilidade deve ser atribuída apenas a quem efetivamente a causou. Causa preexistente É o evento que já existia quando da conduta ilícita do causador do evento danoso. É própria do evento, sendo pura consequência da inobservância de um dever de cuidar de seu agente. É a origem, razão ou motivo simultâneo a outro, causa simultânea, e uma concorrência causal. Exemplo: uma pessoa em cárcere privado que toma um susto com o disparo de uma arma de fogo. Entretanto, ela já tinha um problema cardíaco que é a legítima causa do evento morte da vítima. Destaca-se que o agente causador responde pelo resultado mais grave, independentemente de ter ou não conhecimento da concausa antecedente que agravou e desencadeou o evento e, por consequência, o dano. Causa superveniente É semelhante à preexistente. Ocorre após o seu desencadeamento, e apesar de concorrer para o agravamento do dano, em nada favorece o seu causador, muito menos o desfecho do evento. Exemplo: a demora no atendimento de uma vítima de atropelamento que teve como causa a hemorragia oriunda deste mesmo evento. A sua relevância só fará diferencial se por si só for capaz de mudar o nexo causal existente, sendo, por consequência o efetivo causador do evento, desse modo, um novo nexo de causalidade. Exemplo: no mesmo caso retrocitado, em que se constata a demora no atendimento por consequência da demora no acionamento em que a vítima poderia ter sido salva. Causa concomitante Esta concausa por si só é capaz de acarretar o resultado, como por exemplo: em um parto, a mãe vem a sofrer um aneurisma cerebral que em nada tem com o evento parto. Ajuizada, a ação competente foi reformada por não ter nexo de causalidade com o evento parto, não obstante ter sido concomitante com o mesmo. CAUSAS DE EXCLUSÃO DO NEXO DE CAUSALIDADE Fato exclusivo da vítima Para a isenção de responsabilidade do pretenso autor, basta que a vítima tenha colaborado de forma decisiva para o evento danoso. Logo, o comportamento da vítima é que determina a exclusão da responsabilidade. Fato de terceiro O terceiro é, segundo definição de Aguiar Dias, qualquer pessoa além da vítima e do responsável, alguém que não tem nenhuma ligação com o causador aparente do dano e o lesado. Pois, não raro acontece que o ato de terceiro é a causa exclusiva do evento, afastando qualquer relação de causalidade entre a conduta do autor aparente e a vítima. Caso fortuito e força maior Antes de qualquer coisa, destacamos que até hoje não se definiu, exatamente, a sua diferença. Entretanto, o ponto central é que tanto um como o outro estão fora dos limites da culpa. Fala-se neles quando se trata de acontecimento que escapa toda diligência, inteiramente estranho à vontade do causador. O caso fortuito se subdivide em fortuito interno e externo. Fortuito interno: O fato imprevisível e, por isso, inevitável, que se liga à atividade da entidade. Exemplo: o estouro de um pneude um ônibus, incêndio de um veículo e outros. Fortuito externo: É também fato imprevisível e inevitável. Todavia, em nada tem correlação com a atividade da empresa. Exemplo: roubo a carro forte, em que se procura tomar todas as precauções possíveis. AULA 04 O DANO Nesta aula, estabeleceremos o conceito de dano. Examinaremos o primeiro grande particionamento que se divide em danos típicos ou positivados e danos atípicos (ou não positivados), tomando por base que os primeiros têm expressa previsão legal. Explicaremos que os danos atípicos se inserem no grupo dos danos criados em especial pelo direito alienígena (v.g. perda de uma chance) e pela doutrina e jurisprudência pátria. Conceito de dano: O dano é a consequência da falta ao dever jurídico originário de não causar lesão ao patrimônio material e/ou imaterial do lesado. Temos sua principal fundamentação no CC, art. 944: Art. 944. A indenização mede-se pela extensão do dano. Parágrafo único. Se houver excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz reduzir, equitativamente, a indenização. Mas, não basta o estabelecimento do nexo causal entre o ato ilícito e o dano com fins de configuração da responsabilidade civil. O dano deve causar uma lesão ao patrimônio material ou imaterial da pessoa. Como se lê no art. 186 da Lei 10.406 de 2002: Título III - Dos atos ilícitos Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. Danos em espécies: O dano típico, que está expressamente positivado em institutos normativos. E o dano atípico, como consequência das demais fontes do Direito. Especialmente a doutrina e a jurisprudência. Danos típicos: Dano material ou patrimonial (dano emergente, lucro cessante); Dano emergente (ou dano eventual); Lucro cessante; Dano moral (ou imaterial ou extrapatrimonial); Dano moral a pessoa jurídica; Honra objetiva; Honra subjetiva; Legitimação para pleitear o dano moral; Arbitramento da verba indenizatória; Dano a imagem. Danos atípicos: Dano pela perda de uma chance; Dano estético (ou morfológico); Dano reflexo ou em ricochete; Dano existencial. AULA 05 A RESPONSABILIDADE CIVIL E SUAS RAMIFICAÇÕES O ser humano, no exercício de sua liberdade de ação e na faina de conquistar os objetivos na tutela de seus interesses, pode causar danos às pessoas ou bem de outrem, e, ainda, perturbar a ordem social por falta de cuidado objetivo em suas atitudes. Tais condutas podem gerar danos e as consequentes responsabilidades (penal e civil), muitas vezes com apenas uma ação danosa, na medida em que, ao mesmo tempo vulnera normas proibitivas de condutas de direito penal e de direito civil. Seja contratual ou extracontratual, cuja apuração poderá ser na modalidade objetiva (regra) ou subjetiva (por exceção). Nesse sentido, estudaremos as ramificações da responsabilidade civil, como consequência da liberdade de ação do ser humano e a apuração da responsabilidade de seus atos. A responsabilidade civil leva em conta, primordialmente, o dano, o prejuízo, o desequilíbrio patrimonial, embora em sede de dano exclusivamente moral, o que se tem em mira é a dor psíquica ou o desconforto comportamental da vítima. No entanto, é básico que, se não houver dano ou prejuízo a ser ressarcido, não temos por que falar em responsabilidade civil: simplesmente não há por que responder. Responsabilidades Contratual e Extracontratual: Existe uma distinção tradicional entre a responsabilidade contratual, que decorre do inadimplemento de obrigação assumida no contrato, e a responsabilidade extracontratual (delitual ou aquiliana) que deflui da violação de obrigação emanada da lei. Na realidade, os fundamentos são os mesmos em ambas as hipóteses. A responsabilidade extracontratual deflui de um imperativo genérico de não causar dano. Responsabilidade Contratual: Entende a doutrina e a jurisprudência que, no caso da obrigação de resultado, assumida por uma das partes, o simples fato de ter ocorrido o inadimplemento importa em presunção de culpa, cabendo ao devedor que não cumpriu a sua obrigação fazer a prova da ocorrência de força maior, caso fortuito, culpa do outro contratante ou outro fato que possa excluir a responsabilidade. Para tanto, vejamos o arts. 389 e 390 da Lei 10.406 de 2002: Art. 389. Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais juros e atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advogado. Art. 390. Nas obrigações negativas o devedor é havido por inadimplente desde o dia em que executou o ato de que se devia abster. Responsabilidade Extracontratual: Pode-se dizer que há algumas cláusulas gerais extraídas do sistema jurídico civil para a responsabilidade extracontratual. Há o direito de o prejudicado ser indenizado e o dever de o ofensor indenizar quando: a) a ofensa se der a qualquer direito (patrimonial, material ou imaterial- como o moral, à imagem, da personalidade etc); b) a ofensa ocorrer em desrespeito a norma de ordem pública imperativa (v.g. abuso de direito – CC, 187); direito protegido por norma imperativa constitucional (penal, administrativa etc); c) o dano causado for apenas moral; d) por expressa especificação legal, ou quando a atividade normalmente desenvolvidas pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem, independentemente de dolo ou culpa (responsabilidade objetiva – CC, 927 parágrafo único); e) a ofensa se der por desatendimento não especificados da boa-fé e dos bons costumes”. Responsabilidade Subjetiva: Baseada na culpa em sentido lato, culpa ou dolo. É a análise integral do art. 186 da Lei 10.406 de 2002 que define o ato ilícito: Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. Destacamos que, nesta modalidade, temos a explícita utilização, para fins da apuração da responsabilidade, do art. 373 do NCPC, vejamos: Art. 373. O ônus da prova incumbe: I - ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. A análise deve ser sob a ótica de que o ônus da prova incumbe em que polo da ação se encontra. Há o dever, sempre, de provar (estabelecendo o nexo de causalidade). Logo, por fim, na responsabilidade subjetiva o ônus da prova é, para a constituição do direito da parte Autora. Responsabilidade Objetiva: Independe de qualquer falha humana (culpa) ou desejo de causar dano (dolo) e decorre de uma simples relação de causalidade (nexo causal). Tal modalidade desnecessita da prova efetiva para a constituição dos direitos do autor. Flexibilizando assim o descrito no artigo 373 do NCPC acima descrito. • Entretanto, tal modalidade de apuração não desonera de forma absoluta o dever do autor de constituir a prova, minimamente, do alegado. Conforme o art. 319, VI do NCPC: Art. 319. A petição inicial indicará: (...) VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados; (...) Observação: Provas – Indicação, relevância, qualificação, eventual produção. Exemplo: pericia No tocante à responsabilidade civil objetiva no CC, temos comoprincipal expoente o art. 927, parágrafo único do CC. Pois tal dispositivo é uma cláusula geral, ou seja, a responsabilidade civil será objetiva por determinação legal ou quando a atividade normalmente desenvolvida implicar em risco. Desta resultando as demais previsões legais. Art. 927. Aquele que por ato ilícito causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. Parágrafo único – haverá obrigação de reparar o dano independentemente de culpa, nos casos especificados em lei ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano, implicar por sua natureza risco para os direitos de outrem. Então, há casos em que a responsabilidade civil será objetiva porque a natureza da atividade envolve risco. A lei não diz que a responsabilidade civil é objetiva, mas ela permite que o juiz, examinando o caso concreto, conclua que determinada natureza da atividade é de risco e passe a responsabilidade civil a ser objetiva. Sendo assim, há responsabilidade civil objetiva quando a lei disser e quando, no caso concreto, você concluir que a natureza da atividade desenvolvida envolve risco. Como, por exemplo, quando quem causa o dano o exerce em atividade profissional. AULA 06 A RESPONSABILIDADE CIVIL POR FATO DE OUTREM E PELO FATO DA COISA Para começar a tratar da responsabilidade civil pelo fato de outrem deve-se ter em mente a distinção entre a responsabilidade civil direta e indireta, ou seja, a regra é a primeira e, a segunda é excepcional e ocorre quando uma pessoa pode vir a responder pelo fato de outrem. É importante destacar que a responsabilidade pelo fato de outrem não se confunde com o fato de terceiro que é uma excludente de nexo causal. No tocante a responsabilidade civil pelo fato da coisa deve-se saber que a guarda de uma coisa acarretará para o dono a responsabilização quando ocorrer um dano provocado pela coisa. A coisa dá causa ao evento sem a conduta direta de alguém. Pois esta não é capaz de fato; por trás do fato da coisa inanimada há sempre o fato do ser humano. Convêm informar que a apuração da responsabilidade será, para os dois temas, na modalidade objetiva. Em que não há discussão quanto à culpa (imprudência ou negligência – art. 186 do CC). Responsabilidade civil pelo fato de outrem: Como regra atribuível da responsabilidade civil temos a forma direta. Nesta, a própria pessoa que causou um ato ilícito, responde pelo mesmo. Entretanto, na responsabilidade civil pelo fato de outrem alguém, que não o causador direto do dano, irá responder pelo ato ilícito. Essa responsabilidade decorre de uma relação existente entre o causador e o responsabilizável por força de lei. Tudo perfeitamente previsto nos termos art. 932 c/c 933, ambos do CC e outras previsões a serem estudadas. Outrem: Alguém que, por força de lei, tem legitimidade passiva de responder pelo dano causado por outra pessoa. São vários os tipos de responsabilidade civil pelo fato de outrem: Responsabilidade dos pais pelos atos dos filhos menores de idade; Responsabilidade dos tutores e curadores; Responsabilidade do incapaz; Responsabilidade do empregador ou comitente. A alteração do regime de responsabilidade dos pais pelos atos dos filhos menores foi uma das inovações do Código Civil de 2002, passando-se da culpa presumida para a imputação objetiva. Por isso, ao lado de outras situações relacionadas à responsabilidade por ato de terceiro, seu fundamento não mais reside na inobservância de um dever de vigilância, mas na necessidade “de se garantir ressarcimento à vítima. O incapaz (os incisos I e II do art. 932) poderá responder subsidiariamente com o patrimônio próprio, caso aquele que deveria ter o dever de fazê-lo não o puder, desde que não comprometa sua vida socioeconômica normal. A única hipótese em que poderá haver responsabilidade solidária do menor de 18 anos com seus pais é ter sido emancipado nos termos do art. 5º, parágrafo único, inc. I, do novo Código Civil. Fato da coisa: Teoria da guarda: Ao tema adota-se a teoria da guarda intelectual, ou seja, "guarda é aquele que tem a direção intelectual da coisa, que se define como poder de dar ordens, poder de comando, esteja ou não em contato material com ela" - Caio Mário da Silva Pereira. São vários os tipos de responsabilidade civil pelo fato da coisa: Responsabilidade civil por fato de animais; Responsabilidade civil por ruína de edifício; Responsabilidade civil por coisas lançadas ou caídas de prédio; Responsabilidade civil pelo contrato de depósito – estacionamentos. Art. 936. O dono, ou detentor, do animal ressarcirá o dano por este causado, se não provar culpa da vítima ou força maior. (Responsabilidade objetiva) Enunciado CJF nº 452 Art. 936: A responsabilidade civil do dono ou detentor de animal é objetiva, admitindo-se a excludente do fato exclusivo de terceiro. Haverá responsabilidade pelas coisas caídas ou lançadas em lugar indevido, que cause dano. Diverso do tema anterior, o habitante (por exemplo, locador) responderá por este ilícito. Caso em que a legitimidade passiva não necessariamente é do proprietário, por não ser o habitante. Como nos demais temas a responsabilidade é objetiva. AULA 07 CONTRATOS DE PLANOS DE SAÚDE PRIVADOS Constituição Federal Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação. Art. 197. São de relevância pública as ações e serviços de saúde, cabendo ao Poder Público dispor, nos termos da lei, sobre sua regulamentação, fiscalização e controle, devendo sua execução ser feita diretamente ou através de terceiros e, também, por pessoa física ou jurídica de direito privado. Art. 199. A assistência à saúde é livre à iniciativa privada. § 1° - As instituições privadas poderão participar de forma complementar do sistema único de saúde, segundo diretrizes deste, mediante contrato de direito público ou convênio, tendo preferência as entidades filantrópicas e as sem fins lucrativos. § 2° - É vedada a destinação de recursos públicos para auxílios ou subvenções às instituições privadas com fins lucrativos. § 3° - É vedada a participação direta ou indireta de empresas ou capitais estrangeiros na assistência à saúde no País, salvo nos casos previstos em lei. O que é plano privado de assistência à saúde? Lei 9.656 de 1998 Art. 1º (...) I – Plano Privado de Assistência à Saúde: prestação continuada de serviços ou cobertura de custos assistenciais a preço pré ou pós-estabelecido, por prazo indeterminado, com a finalidade de garantir, sem limite financeiro, a assistência à saúde, pela faculdade de acesso e atendimento por profissionais ou serviços de saúde, livremente escolhidos, integrantes ou não de rede credenciada, contratada ou referenciada, visando a assistência médica, hospitalar e odontológica, a ser paga integral ou parcialmente às expensas da operadora contratada, mediante reembolso ou pagamento direto ao prestador, por conta e ordem do consumidor; O que é operadora de plano de assistência à saúde. Lei 9.656 de 1998: Art. 1º (...) II - Operadora de Plano de Assistência à Saúde: pessoa jurídica constituída sob a modalidade de sociedade civil ou comercial, cooperativa, ou entidade de autogestão, que opere produto, serviço ou contrato de que trata o inciso I deste artigo; Abrangência de aplicabilidade dos planos de saúde privados.Lei 9.656 de 1998: Art. 35-F. A assistência a que alude o art. 1º desta Lei compreende todas as ações necessárias à prevenção da doença e à recuperação, manutenção e reabilitação da saúde, observados os termos desta Lei e do contrato firmado entre as partes. Aplicabilidade da Lei 8.078 de 1990 aos contratos que envolvem relações de consumo. Lei 9.656 de 1998: Art. 35-G. Aplicam-se subsidiariamente aos contratos entre usuários e operadoras de produtos de que tratam o inciso I e o § 1º do art. 1º desta Lei as disposições da Lei nº 8.078, de 1990. Podemos afiançar que o sistema de saúde privado é consequência de autorização da Constituição Federal que define, na Lei 9.656 de 1998, a sua operacionalização. Do plano-referência de assistência à saúde: A ANS define uma lista de consultas, exames e tratamentos, denominada Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde, que os planos de saúde são obrigados a oferecer, conforme cada tipo de plano - ambulatorial, hospitalar com ou sem obstetrícia, referência ou odontológico. Essa lista é válida para os planos contratados a partir de 02 de janeiro de 1999, os chamados planos novos. É válida também para os planos contratados antes dessa data, mas somente para aqueles que foram adaptados à Lei dos Planos de Saúde. Doenças preexistentes: O tema é regulado pelo art. 11 da Lei 9,656 de 1998 e operacionalizado pela Resolução Normativa DC/ANS nº 162 de 17/10/2007, que estabelece a obrigatoriedade da Carta de Orientação ao Beneficiário; dispõe sobre Doenças ou Lesões Preexistentes (DLP), destacando quanto a esta segunda a definição doença preexistente e a conduta a ser tomada pelo plano de saúde e pelo usuário. Limitação de tempo de internação: A cláusula limitativa de internação, constante de planos de saúde, não pode ser acolhida diante do enunciado no CDC e na legislação hoje em vigor: a limitação do número de dias de internação não prevalece quando o doente tiver a necessidade, reconhecida pelo médico que ordenou a sua baixa em estabelecimento hospitalar, de ali permanecer por mais tempo do que o inicialmente previsto no contrato de seguro saúde. A natureza desse contrato e a especificidade do direito a que visa proteger estão a exigir sua compreensão à luz do direito do contratante que vem a necessitar do seguro para o pagamento das despesas a que não pode se furtar, como exigência do tratamento de sua saúde. Prazos de carência e situações de urgência e emergência: Os temas são previstos na Lei 9.646 de 1998 de forma expressa, incluindo a definição e distinção entre urgência e emergência. CARÊNCIA - PRAZOS Lei 9.656 de 1998: Art. 12. São facultadas a oferta, contratação e a vigência dos produtos de que tratam o inciso I e o § 1º do art. 1º desta Lei, nas segmentações previstas nos incisos I a IV deste artigo, respeitadas as respectivas amplitudes de cobertura definidas no plano-referência de que trata o art. 10, segundo as seguintes exigências mínimas: V - quando fixar períodos de carência: a) prazo máximo de trezentos dias para partos a termo; b) prazo máximo de cento e oitenta dias para os demais casos; c) prazo máximo de vinte e quatro horas para a cobertura dos casos de urgência e emergência. COBERTURA EMERGENCIAL E URGENCIAL Lei 9.656 de 1998: Art. 35-C. É obrigatória a cobertura do atendimento nos casos: I - de emergência, como tal definidos os que implicarem risco imediato de vida ou de lesões irreparáveis para o paciente, caracterizado em declaração do médico assistente; II - de urgência, assim entendidos os resultantes de acidentes pessoais ou de complicações no processo gestacional. Reajustamento de preços por mudança de faixa etária e o Estatuto do Idoso: Isso acontece porque, em geral, por questões naturais, quanto mais idosa a pessoa, mais necessários e mais frequentes se tornam os cuidados com a saúde. As faixas etárias variam conforme a data de contratação do plano e os percentuais de variação precisam estar expressos no contrato. Lei 9.656 de 1998 Art. 35-E. A partir de 5 de junho de 1998, fica estabelecido para os contratos celebrados anteriormente à data de vigência desta Lei que: I - qualquer variação na contraprestação pecuniária para consumidores com mais de sessenta anos de idade, estará sujeita à autorização prévia da ANS [...]. AULA 08 A RESPONSABILIDADE CIVIL POR DIVULGAÇÃO DANOSA DE IMAGEM EM REDES SOCIAIS A grande rede viabiliza a todos os seus usuários o acesso ao mundo. Nos limites de conhecimento mediano, o usuário com as ferramentas adequadas pode tornar público os seus interesses de forma rápida e prática. Da mesma maneira que essa acessibilidade gera informações, encontros, confrontos e troca de opiniões, existe a possibilidade real do abuso do direito em seu uso. E o Direito não poderia ficar inerte diante desta “nova era”, com a consequente responsabilização dos seus agentes. Para tanto, surgiu com a Lei n. 12.965/14, também denominada Marco Civil da Internet, com diversas mudanças. Amparada pelo Decreto nº 8.771, de 11 de maio de 2016, regula a Lei 12.965 de 2014. Sendo assim, vamos refletir sob a ótica dessas normas paradigmáticas em cotejo com outras (CRFB/1988, Lei 10406/2002 etc.). Dano à imagem: A imagem é o conjunto de traços e caracteres de uma pessoa (natural ou jurídica) que a individualiza no meio social. A pessoa natural caracteriza-se por rosto, olhos, cabelos, perfil etc. Já a pessoa jurídica caracteriza-se por logo, nome fantasia, caracteres etc. É um bem personalíssimo, emanação de uma pessoa, através da qual projeta-se, identifica-se e individualiza-se no meio social e é passível de valoração financeira. Por tais características, é passivo de sofrer dano como a exposição humilhante, vexatória, retratando intimidade pessoal ou sexual. Entre outros fatores que o Direito ainda não percebeu. LEGITIMIDADE ATIVA No tocante à legitimidade ativa, integrará a pessoa cuja a lei disponibilize para tal. De regra, o próprio ofendido terá legitimidade para propor a demanda. Mas há outras pessoas que detêm esta mesma legitimidade, prevista em sede legal, conforme a Lei 10406 de 2002, são eles: Art. 12. Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da personalidade, e reclamar perdas e danos, sem prejuízo de outras sanções previstas em lei. Parágrafo único. Em se tratando de morto, terá legitimação para requerer a medida prevista neste artigo o cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral até o quarto grau. Art. 20. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da justiça ou à manutenção da ordem pública, a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a publicação, a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento e sem prejuízo da indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais. Parágrafo único. Em se tratando de morto ou de ausente, são partes legítimas para requerer essa proteção o cônjuge, os ascendentes ou os descendentes. LEGITIMIDADE PASSIVA Lei nº 12.965 de 2014: Art. 18. O provedor de conexão à internet não será responsabilizado civilmente por danos decorrentes de conteúdo gerado por terceiros. Lei nº 12.965 de 2014: Art. 19. Com o intuito de assegurar a liberdade de expressão e impedir a censura, o provedor de aplicações de internet somente poderá ser responsabilizado civilmente por danos decorrentes de conteúdo gerado por terceiros se, após ordem judicial específica, não tomar as providências para, no âmbito e nos limitestécnicos do seu serviço e dentro do prazo assinalado, tornar indisponível o conteúdo apontado como infringente, ressalvadas as disposições legais em contrário. § 1º A ordem judicial de que trata o caput deverá conter, sob pena de nulidade, identificação clara e específica do conteúdo apontado como infringente, que permita a localização inequívoca do material. Do ofensor: Lei 10.406 de 2002: Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes. O ofensor será aquele que cometeu o ato ilícito por ação ou omissão, negligência ou imprudência, violando direito de outrem. Ainda que no exercício do direito da liberdade Constitucional de expressão, pois está abusando de seu direito. A Lei 12.855 de 2014 protege a privacidade com a responsabilização dos agentes causadores do dano. Do provedor da mídia social: Lei nº 12.965 de 2014: Art. 21. O provedor de aplicações de internet que disponibilize conteúdo gerado por terceiros será responsabilizado subsidiariamente pela violação da intimidade decorrente da divulgação, sem autorização de seus participantes, de imagens, de vídeos ou de outros materiais contendo cenas de nudez ou de atos sexuais de caráter privado quando, após o recebimento de notificação pelo participante ou seu representante legal, deixar de promover, de forma diligente, no âmbito e nos limites técnicos do seu serviço, a indisponibilização desse conteúdo. Parágrafo único. A notificação prevista no caput deverá conter, sob pena de nulidade, elementos que permitam a identificação específica do material apontado como violador da intimidade do participante e a verificação da legitimidade para apresentação do pedido. AULA 09 A RESPONSABILIDADE CIVIL POR DANOS CAUSADOS POR INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS E AFINS Nos contratos bancários deve-se observar que o legislador, ao trazer o conceito de fornecedor de serviço, inclui os serviços de natureza bancária de forma expressa. No entanto, somente tivemos esse assunto pacificado com o Enunciado da Súmula 297 do STJ, pois parte da doutrina sustentava que o CDC não era aplicável aos contratos bancários, considerando que o dinheiro e o crédito não são produtos que se utilizam ou se adquirem com destinação final, eles são instrumentos ou meios de pagamentos. Os serviços bancários são indispensáveis. Entretanto, devemos confrontar a execução de tais serviços aos direitos dos consumidores. Súmula nº 297 do STJ. O código de defesa do consumidor é aplicável às instituições financeiras. Aplicação das normas de consumo ao sistema bancário: O sistema bancário é reconhecidamente um serviço prestado ao consumidor. Seja a título bancário, financeiro ou de crédito. Tudo nos termos do art. 3, § 2 da Lei 8.078 de 1990. Art. 3º Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços. § 1º (...). § 2º Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista. Autorregulação: O Código de Ética e Autorregulação é um sistema de autodisciplina complementar às normas já existentes, cujos princípios fundamentais são: a transparência das relações; o respeito e cumprimento à legislação vigente; a expansão sustentável do número de portadores de cartões no mercado brasileiro e de estabelecimentos credenciados; a adoção de comportamento ético e compatível com as boas práticas comerciais; a liberdade de iniciativa, livre concorrência e função social; a proibição de práticas que infrinjam ou estejam em desacordo com o Código de Ética e Autorregulação; o estímulo às boas práticas de mercado. Ainda, prevê regras gerais de conduta para as associadas, englobando políticas de atendimento aos clientes, orientação para o uso consciente do cartão, diretrizes de relacionamento, publicidade consciente e adequação legal. Além disso, um dos objetivos da autorregulação é dar maior especificidade ao ordenamento já existente, detalhando, do início ao fim, todo o processo de uso do cartão de crédito, ou seja, da oferta até o seu eventual cancelamento. Desde então, a autorregulação da ABECS vem crescendo e normatizando outros temas relevantes ao setor de meios eletrônicos de pagamento em seus Anexos e Normativos (todos disponíveis, na íntegra, na sessão de normas da Autorregulação). Observação: Lei 8.078 de 1990: Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras práticas abusivas: III - enviar ou entregar ao consumidor, sem solicitação prévia, qualquer produto, ou fornecer qualquer serviço; Parágrafo único. Os serviços prestados e os produtos remetidos ou entregues ao consumidor, na hipótese prevista no inciso III, equiparam-se às amostras grátis, inexistindo obrigação de pagamento. Normativos da FEBRABAN – SARB (Sistema de Autorregulação Bancária) A Federação Brasileira de Bancos (FEBRABAN), cumprindo sua vocação de representar o setor bancário e de fortalecer sua relação com a sociedade, liderou, em conjunto com os maiores bancos do país, a criação do sistema brasileiro de autorregulação bancária. A autorregulação possibilitará aos bancos, em conjunto com a sociedade, harmonizar o sistema bancário, suplementando as normas e os mecanismos de controle já existentes. O SARB estabelece padrões ainda mais elevados de conduta às Instituições Financeiras. Mais do que acrescentar um conjunto de normas à já extensa e rigorosa lista de regras aplicáveis ao sistema bancário, a proposta central do Sistema é a de firmar um compromisso efetivo dos bancos com seus consumidores, reconhecendo que é possível e oportuno ir além do estritamente legal. AULA 10 A RESPONSABILIDADE CIVIL POR DANOS CAUSADOS POR EMPRESAS DE TELECOMUNICAÇÕES Nesta aula, examinaremos as normas pertinentes a um segmento técnico imprescindível e de íntima relação como nossas vidas: As telecomunicações. É impossível a vida atual sem os nossos equipamentos, que variam desde o aparelho celular até a TV. Todos correlacionados a diversos serviços: • Telefonia móvel; • Internet; • TV por assinatura. Obviamente, não nos limitamos a esses normativos, pois foram elencados por terem uma intervenção maior em nossas vidas como consumidores. A ANATEL: Generalidades: As agências reguladoras foram criadas para fiscalizar a prestação de serviços públicos praticados pela iniciativa privada. Além de controlar a qualidade na prestação do serviço, estabelecem regras para o setor. Além disso, devem garantir a participação do consumidor nas decisões pertinentes do setor regulado. Elas são criadas por leis e, entre as principais funções de uma agência reguladora, estão: Elaboração de normas disciplinadoras para o setor regulado; Fiscalização dessas normas; Defesa de direitos do consumidor; Gestão de contratos de concessão de serviçospúblicos delegados; Incentivo à concorrência, minimizando os efeitos dos monopólios naturais e desenvolvendo mecanismos de suporte à concorrência. ATENÇÃO! É preciso entender que as agências reguladoras não solucionam um caso individual como fazem os Procons, por exemplo. Por outro lado, as denúncias feitas para essas agências são essenciais para tornar o problema conhecido e melhorar a qualidade dos serviços. Realizadas as reclamações, processos administrativos são instaurados e, dependendo do caso, a empresa poderá ser multada ou sofrer sanções administrativas, como a suspensão temporária do fornecimento do serviço. Também tem a capacidade de expedir normas operacionais e de serviço, como forma de regulamentar a atividade econômica fiscalizada, adaptando-se ao ritmo de desenvolvimento tecnológico e ao crescente atendimento das demandas dos consumidores. Sendo assim, temos a ANATEL (Agência Nacional de Telecomunicações), criada em 1997, que promove o desenvolvimento das telecomunicações no país. A ANATEL tem independência administrativa e financeira e não está subordinada a nenhum órgão de governo. A Anatel tem poderes de outorga, regulamentação e fiscalização e deve adotar medidas necessárias para atender ao interesse do cidadão no setor de telecomunicações. A aplicabilidade das normas da ANATEL relativos às relações de consumo: O artigo 7º da Lei 8.078 de 1990 gera uma relação de permeabilidade com as demais fontes do direito que guardam pertinência com a proteção e defesa do consumidor. É previsão legal aberta do sistema consumerista que faz com que o microssistema consumerista seja constantemente atualizado e pormenorizado em decorrência da integração com outras fontes complementares dos direitos do consumidor. Destacamos que a primeira linha de defesa e proteção do consumidor é a Lei 8.078 de 1990. Entretanto, isso não impede, desde que seja mais benéfica ao consumidor, o emprego de fontes complementares. Lei 8.078 de 1990: Art. 7 - Os direitos previstos neste código não excluem outros decorrentes de tratados ou convenções internacionais de que o Brasil seja signatário, da legislação interna ordinária, de regulamentos expedidos pelas autoridades administrativas competentes, bem como dos que derivem dos princípios gerais do direito, analogia, costumes e equidade. A Lei n° 9.472, de 16 de julho de 1997, em seu artigo 19, define as competências da ANATEL, a saber: Art. 19. À Agência compete adotar as medidas necessárias para o atendimento do interesse público e para o desenvolvimento das telecomunicações brasileiras, atuando com independência, imparcialidade, legalidade, impessoalidade e publicidade, e especialmente: I - implementar, em sua esfera de atribuições, a política nacional de telecomunicações; IV - expedir normas quanto à outorga, prestação e fruição dos serviços de telecomunicações no regime público; VI - celebrar e gerenciar contratos de concessão e fiscalizar a prestação do serviço no regime público, aplicando sanções e realizando intervenções; X - expedir normas sobre prestação de serviços de telecomunicações no regime privado; XI - expedir e extinguir autorização para prestação de serviço no regime privado, fiscalizando e aplicando sanções; XII - expedir normas e padrões a serem cumpridos pelas prestadoras de serviços de telecomunicações quanto aos equipamentos que utilizarem; XIII - expedir ou reconhecer a certificação de produtos, observados os padrões e normas por ela estabelecidos; XIV - expedir normas e padrões que assegurem a compatibilidade, a operação integrada e a interconexão entre as redes, abrangendo inclusive os equipamentos terminais; XV - realizar busca e apreensão de bens no âmbito de sua competência; XVI - deliberar na esfera administrativa quanto à interpretação da legislação de telecomunicações e sobre os casos omissos; XVII - compor administrativamente conflitos de interesses entre prestadoras de serviço de telecomunicações; XVIII - reprimir infrações dos direitos dos usuários; XIX - exercer, relativamente às telecomunicações, as competências legais em matéria de controle, prevenção e repressão das infrações da ordem econômica, ressalvadas as pertencentes ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE). FÓRUM Seguem as sugestões de temas para debate: 1) Comentar sobre os elementos componentes da responsabilidade civil: ato ilícito, nexo causal e o dano. 1ª postagem será os elementos conceituados de uma forma geral. Postagens subseqüentes tratarão de cada elemento de uma forma mais aprofundada. 1ª Postagem de conteúdo geral: A responsabilidade civil, normatizada nos artigos 927 a 954 do Código Civil, visa regular as relações humanas quando em sociedade, no que tange aos aspectos da obrigação e da responsabilidade. A obrigação consiste no dever que os membros de uma sociedade têm de obedecer às normas de convívio social, evitando, assim, causar algum tipo de dano a outrem. Já a responsabilidade, consiste no dever jurídico de reparar um eventual dano causado a terceiro. A responsabilidade civil, para ser caracterizada, deve ser constituída de três elementos, a saber: ato ilícito, nexo causal e dano. Sendo o nexo causal o principal elemento caracterizador da responsabilidade civil. Oi Sid, Muito bem ! Lembre-se que a conduta humana é o primeiro elemento da responsabilidade civil e se concretiza pelo fazer ou não faz do agente. Não há que se falar em dever de indenizar sem que haja uma ação ou omissão do indivíduo. 2ª postagem: Boa noite profa. e colegas, Neste tópico falarei apenas de um dos elementos da responsabilidade civil, o ato ilícito. O ato ilícito funda-se numa conduta humana que, no ordenamento jurídico brasileiro, está conceituada nos artigos 186 a 188 do Código Civil. Consiste numa ação comissiva ou omissiva culposa, contrária ao ordenamento jurídico, capaz de gerar dano, mesmo que unicamente moral, a terceiro. O ato ilícito é dividido em dois tipos: o gênero e a espécie. No ato ilícito gênero (ou puro) a conduta em si é qualificada como ilícita, é o definido no art. 186 do CC: Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. O ato ilícito espécie (ou equiparado) é aquele onde o agente que causa o dano é parte legítima para o exercício do direito, porém, ao exercê-lo, ultrapassa os limites impostos pela lei referente ao seu exercício, é o definido no art. 187 do CC: Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes. Devemos lembrar que as excludentes de ilicitude contidas no art. 188 do CC afastam a incidência do ato ilícito para a caracterização da responsabilidade civil, sendo elas a legítima defesa, o exercício regular de direito reconhecido e o estado de necessidade. Art. 188. Não constituem atos ilícitos: I - os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido; II - a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente. Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente quando as circunstâncias o tornarem absolutamente necessário, não excedendo os limites do indispensável para a remoção do perigo. Att. 2) Examinar os institutos das responsabilidades penal e civil.