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INTERPRETAÇÃO DE TEXTO (UFPE-PE) O Texto 1 serve de referência para você responder às questões de 1 a 4. TEXTO 1 Cidadãs do mundo As línguas mais globalizadas, segundo o levantamento de um ensaísta brasileiro Diz a lenda que Deus condenou os homens a falar diversas línguas em Babel para puni-los pelo desejo de atingir o paraíso construindo uma enorme torre. Mas, a julgar pelo livro Palavras sem Fronteira (Editora Record), do ensaísta e ex-diplomata brasileiro Sergio Corrêa da Costa, alguns termos pelo menos conseguiram escapar da ira divina. São as chamadas “palavras universais”, aquelas usadas em vários idiomas além daquele que lhes deu origem. Elas mostram que, muito antes de o conceito de globalização entrar em voga nos campos da política e da economia, ele já existia, de certa forma, no plano lingüístico. Quem não entende o que é pizza, hambúrguer, iogurte ou caviar? (…) Corrêa da Costa, durante dois anos, consultou 130 publicações de quinze países, coligindo nada menos do que 3000 palavras que mantêm a grafia e o significado de origem em publicações de outras nacionalidades. Se a surpresa quanto ao número de palavras foi grande, o espanto foi ainda maior quando ele se deu conta de que as palavras francesas continuam a superar as inglesas. Imaginava-se que a hegemonia americana já se tivesse estendido ao universo das línguas. Nada disso. Embora Corrêa da Costa acredite que os fast foods e scanners surgidos na vida moderna levarão a língua inglesa à liderança, o levantamento não deixa dúvida. “Neste fin-de-siècle high tech, ainda é o clássico francês que causa frisson”, diz Corrêa da Costa, brincando com os estrangeirismos. (…) Ainda no campo das surpresas, o vetusto latim persiste em terceiro lugar no pódio dos idiomas mais presentes no mundo. Mas é bom notar que, se a maioria das palavras globalizadas seguiu o rastro dos conquistadores, houve aquelas que andaram na contramão. É o caso de “piranha”, globalizada a partir do tupi. Uma prova de que o reinado das palavras não segue rigorosamente a lógica do poder político e econômico. (Dieguez, Consuelo. Veja, 22/03/2000.) 1. (UFPE-PE) Considerando aspectos globais da composição do texto, pode-se afirmar que: 1) O texto tem uma função predominantemente expressiva. Por isso, prevalece a linguagem figurada. 2) O texto, na verdade, tem como suporte um outro texto anterior, o que está indicado no subtítulo. 3) O título personaliza o objeto de que trata o comentário. 4) O ‘mas’ com que se inicia o segundo período aponta a direção contrária em que prosseguirá a argumentação. 5) ‘globalização’, ‘mundo’, ‘palavras universais’, ‘atravessar barreiras’ são expressões cujos significados estão em harmonia com a temática do texto. Estão corretas: a) 2, 3, 4 e 5 d) 1 e 2 b) 1, 2, 4 e 5 e) 1, 3 e 5 c) 2 e 3 Resposta: a 2. (UFPE-PE) Assinale a alternativa que corresponde ao tema central do texto. a) A diversidade lingüística proveio da ira divina contra a pretensão do homem de alcançar o paraíso. b) A globalização lingüística é um fato e antecede a outra globalização em voga nos campos da política e da economia. c) A hegemonia americana, como se pôde constatar, se estendeu também ao universo das línguas. d) As palavras superam fronteiras geográficas e culturais, conforme as perspectivas do poder político e econômico. e) A globalização das palavras respeitou, na íntegra, as pegadas dos povos conquistadores. Resposta: b 3. (UFPE-PE) A alternativa que corresponde à estratégia utilizada pelo autor na passagem destacada é: a) “Deus condenou os homens a falar diversas línguas.” O autor do comentário introduz o tema a ser tratado com apoio de argumentos científicos. b) “A julgar pelo livro Palavra sem Fronteira (…), alguns termos pelo menos escaparam da ira divina.” O autor reitera sua crença no poder absoluto de Deus sobre todas as palavras. c) “Quem não entende o que é pizza, hambúrguer, iogurte ou caviar?” A pergunta do autor constitui uma estratégia retórica para confirmar o argumento em questão. d) “Ainda no campo das surpresas, o vetusto latim persiste em terceiro lugar no pódio dos idiomas mais presentes no mundo.” O comentarista declara que as expectativas do autor em relação a sua pesquisa se confirmaram. e) “houve aquelas (palavras) que andaram na contramão. É o caso de “piranha”, globalizada a partir do tupi.” O autor reitera argumento de que as palavras emigraram conforme a rota dos colonizadores. Resposta: c 4. (UFPE-PE) “(Ainda no campo das surpresas), o vetusto latim persiste em terceiro lugar no pódio dos idiomas mais presentes no mundo.” Pela análise lingüística do trecho é incorreto dizer que: a) a palavra sublinhada significa ‘muito velho’. b) o trecho em itálico encerra uma referência metafórica. c) o trecho entre parênteses estabelece uma relação de concessão com outros trechos anteriores. d) o trecho em negrito estabelece uma relação de gradação entre a presença do latim e a de outras línguas. e) pelo sentido do verbo, pode-se afirmar que o latim já esteve em posição privilegiada. Resposta: c (UFPE-PE) TEXTO 2 ABRASILEIRAMENTO DA LÍNGUA PORTUGUESA NO BRASIL DOS PRIMEIROS TEMPOS A ama negra fez muitas vezes com as palavras o mesmo que a comida: machucou- as, tirou-lhes as espinhas, os ossos, as durezas, só deixando para a boca do menino branco as sílabas moles. Daí esse português de menino que no Norte do Brasil, principalmente, é uma das falas mais doces deste mundo. Sem rr nem ss; as sílabas finais moles; palavras que só faltam desmanchar-se na boca da gente. A linguagem infantil brasileira, e mesmo a portuguesa, tem um sabor quase africano: cacá, pipi, bumbum, nenen, tatá, lili (…) Esse amolecimento se deu em grande parte pela ação da ama negra junto à criança; do escravo preto junto ao filho do senhor branco. E não só a língua infantil se abrandou desse jeito, mas a linguagem em geral, a fala séria, solene, da gente, toda ela sofreu no Brasil, ao contacto do senhor com o escravo, um amolecimento de resultados às vezes deliciosos para o ouvido. Efeitos semelhantes aos que sofreram o inglês e o francês noutras partes da América, sob a mesma influência do africano e do clima quente. (Freyre, Gilberto. Casa-Grande & Senzala, 9a ed., Rio de Janeiro: José Olympio, 1958.) 5. (UFPE-PE) Com base na compreensão do Texto 2, analise a coerência das seguintes afirmações: 1. O autor põe em paralelo os campos da linguagem e da gastronomia brasileiras, destacando, nesses campos, a influência da cultura africana. 2. A escolha das palavras, do princípio ao final do texto, reforça a convergência encontrada pelo autor entre ‘falar’ e ‘saborear’. 3. O falar “doce”, “esse português de menino”, inaugurado com a ama negra, firmou-se em todas as regiões do Brasil, indistintamente. 4. O autor demonstra perceber que há níveis distintos de formalidade entre o falar da criança e aquele do adulto. 5. O fato apreciado pelo autor constitui uma particularidade da língua portuguesa em solo americano. Estão corretas apenas: a) 2, 3 e 5 d) 4 e 5 b) 1, 2 e 4 e) 1, 2, 3 e 5 c) 1, 3 e 4 Resposta: b (UFPE-PE) TEXTO 3 Disputam-se “play-offs”, atualmente, no campeonato nacional. “Play-off” é um termo importado do basquete americano que ultimamente passou a integrar o repertório da crônica esportiva. A Confederação Brasileira de Futebol, CBF, resolveu rotular as finais de “play-offs”, no regulamento do atual campeonato, e os basbaques foram atrás. A história do futebol, no Brasil, é, entre outras coisas, uma história de triunfo da língua portuguesa. O futebol, esporte inglês, introduzido por ingleses no país, no início era jogado em inglês. Entravam em campo não o goleiro, mas o “goalkeeper”, nãoo zagueiro, mas o “back”. A aclimatação deu-se às vezes por simples aportuguesamento das palavras, como no “goal” que virou “gol”. Algumas poucas palavras inglesas ainda não caíram em completo desuso, como “corner”, mas “corner” já está perdendo feio para “escanteio”. O triunfo da língua reflete o triunfo do futebol. Mostra que o futebol se enraizou a tal ponto, nestas terras, que o povo acabou por revesti-lo com o que tem de mais particular e íntimo, que é o idioma. Eis que agora se tenta enfrentar o futebol de volta à língua inglesa — e, por cúmulo, não é língua inglesa da Inglaterra, mas dos Estados Unidos, um dos únicos países do mundo que não tem nada a ver com futebol, e com termos emprestados de outro esporte, o basquete. (…) isto se dá quando nem estão nos pedindo nada. Nós é que nos oferecemos, em virtude de irrefreável impulso de submissão. Seria um caso incurável de carência de colonizador. Não, não compliquemos. Chamemos o fenômeno por seu nome. É bobeira mesmo. (Toledo, Roberto Pompeu. Entre a assistência e o play-off. Veja, 09/12/1998, p. 198.) 6. (UFPE-PE) No Texto 3, o autor admite que os brasileiros: a) reagem contra todo tipo de submissão. b) rompem, facilmente, com a cultura colonizadora. c) acabaram por subverter, definitivamente, a imposição de estrangeirismos no campo do futebol. d) retrocederam na sua disposição de incorporar o vocabulário do futebol à língua portuguesa. e) rejeitam influências do inglês europeu sobre o vocabulário do futebol. Resposta: d 7. (UFPE-PE) Leia os enunciados abaixo, referentes às idéias expressas no Texto 3. 1) O tema da submissão brasileira à cultura estrangeira foi abordado sob o ponto de vista da prática esportiva. 2) A escolha de expressões como “um caso incurável de carência do colonizador” e “é bobeira, mesmo” confere um tom de repreensão, embora um tanto jocoso, ao texto. 3) Coube à Confederação Brasileira de Futebol a adaptação dos termos ingleses à língua portuguesa. 4) O texto demonstra que, ao longo de algum tempo, houve mudanças de atitude do brasileiro em relação ao uso de termos estrangeiros no futebol. Estão corretos apenas: a) 1, 2 e 4 d) 2 e 3 b) 1, 3 e 4 e) 2 e 4 c) 1 e 3 Resposta: a (UFPE-PE) Observe os quadrinhos abaixo e responda à questão 8. TEXTO 4 8. (UFPE-PE) Assinale a alternativa em que se faz um comentário inaceitável aos quadrinhos de Ziraldo. a) O menino tinha idéia clara acerca da finalidade apelativa do seu texto. b) Os termos do cartaz reproduzem a sintaxe típica desse gênero de texto. c) O menino demonstra inabilidade para ajustar-se às exigências de textos publicitários. d) As incorreções gramaticais do segundo quadro vão da ortografia à sintaxe. e) Os erros do cartaz constituíram uma estratégia para atrair possíveis consumidores. Resposta: c (UFPE-PE) TEXTO 5 Língua Gosto de sentir minha língua roçar A língua de Luís de Camões Gosto de ser e de estar E quero me dedicar A criar confusões de prosódia E uma profusão de paródias Que encurtem dores E furtem cores como camaleões Gosto do Pessoa na pessoa Da rosa no Rosa E sei que a poesia está para a prosa Assim como o amor está para a amizade E quem há de negar que esta lhe é superior E quem há de negar que esta lhe é superior E deixa os portugais morrerem à míngua Minha pátria é minha língua Fala Mangueira Fala! Flor do Lácio sambódromo Lusamérica latim em pó O que quer O que pode esta língua (…) A língua é minha Pátria E eu não tenho Pátria: tenho mátria Eu quero frátria (Veloso, Caetano. Língua. Velô-Caetano e a Banda Nova. PolyGram, 1984.) 9. (UFPE-PE) Leia as afirmativas abaixo sobre as idéias apresentadas no Texto 5. 1. Em “Gosto de ser e de estar”, a idéia de plenitude, desejada pelo autor, é expressa com os verbos ‘ser’ e ‘estar’, que implicam o aspecto do ser permanente e do ser transitório. 2. Utilizando a expressão ‘Fala Mangueira’, grito de guerra de uma escola de samba, o autor alude à idéia de que, sendo ‘pátria’, uma língua expressa os valores culturais de seu povo. 3. O verso ‘Lusamérica latim em pó’ alude não só à pulverização do latim que deu origem às línguas latinas como à divisão-união de Portugal e Brasil. 4. Os neologismos ‘mátria’ e ‘frátria’ disfarçam o sentimento de união que o autor pretende esteja envolvido na sua percepção de ‘língua’. Está(ão) correta(s) apenas: a) 1, 2 e 3 d) 2 b) 1, 3 e 4 e) 3 e 4 c) 2 e 4 Resposta: a (UFPE-PE) TEXTO 6 Capítulo CVII (em que se declara que bicho é o que se chama preguiça): “Nestes matos se cria um animal mui estranho, a que os índios chamam “aí”, e os portugueses preguiça, nome certo mui acomodado a este animal, pois não há fome, calma, frio, água, fogo, nem outro perigo que veja diante, que o faça mover uma hora mais que outra; (…) e são estes animais tão vagarosos que posto um ao pé de uma árvore, não chega ao meio dela desde pela manhã até as vésperas”. (Gabriel S. de Sousa. Tratado Descritivo do Brasil, 1587.) TEXTO 7 Festa da Raça Hu certo animal se acha também nestas partes A que chamam Preguiça Tem hua guedelha grande no toutiço E se move com passos tam vagarosos Que ainda que ande quinze dias aturado Não vencerá a distância de hu tiro de pedra (Oswald de Andrade: Poesias Reunidas.) 10. (UFPE-PE) Sobre os Textos 6 e 7, qual alternativa é incorreta? a) O texto de Gabriel de Sousa utiliza o recurso da comparação para dar conta da realidade com que se defronta na terra ultramarina e transmiti-la aos europeus. b) O poema de Oswald de Andrade ilustra um procedimento comum aos nossos modernistas de primeira hora; o de tomar a literatura quinhentista como fonte de inspiração temática e formal. c) É inegável o tom jocoso e irônico de Oswald de Andrade ao fazer, com o título de seu poema, uma alusão à suposta preguiça do brasileiro. d) No Texto 6, o objetivo é ressaltar as peculiaridades da terra tropical, paradisíaca, recém-descoberta; já no Texto 7, o poeta busca resgatar a língua original do Brasil- colônia. e) A linguagem dos dois textos apresenta pontos em comum, não só no léxico como também na sintaxe. Mas a intenção era diversa: o primeiro queria encantar, seduzir, e o segundo, parodiar. Resposta: d (ESPM-SP) IRRESPONSABILIDADE EM RELAÇÃO A SI Não é preciso muito esforço para notar de que é feito o cotidiano de um indivíduo brasileiro socioeconomicamente privilegiado. Os assuntos da vida privada são, de longe, os que dominam qualquer outro tipo de preocupação. No entanto, o cuidado obsessivo com o bem-estar não apenas realimenta a cultura do alheamento como reduplica-se em irresponsabilidade para consigo. Enquanto 170.000 pessoas perdem o emprego em um ano, num país semi-industrializado; enquanto trabalhadores sem-terra são assassinados por proprietários de terras improdutivas; enquanto policiais matam cidadãos de forma gratuita e abominável; enquanto grupos de bandidos roubam impunemente dinheiro do Banco do Brasil em plena pista do Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro ou fecham túneis urbanos, durante a madrugada, numa operação de assalto em larga escala a automóveis particulares; pois bem, enquanto tudo isto aparece nas manchetes da imprensa, multiplicam-se o consumo de tranqüilizantes, antidepressivos, hipnóticos e cocaína; as consultas a psicoterapias de toda sorte; o recurso a práticas esotéricas de previsão do “destino” amoroso ou financeiro; as revistas sobre sexualidade “doente” e “sadia”; o comércio da pornografia; a rede de locais exclusivos de encontro, diversão e turismo das “minorias sexuais”; os gastos dos turistas brasileiros nas viagens internacionais e, finalmente, os gigantescos shopping centers, que, em cada esquina, explodem comocogumelos carnívoros. (…) (…) O trinômio droga, sexo e credit card tornou-se o principal mandamento do catecismo prático das elites no Brasil. Entretanto, a idéia da salvação individual — seja pelo “controle técnico da infelicidade”, seja pela produção de “felicidade via nasal” — torna a elite brasileira físico-moralmente dependente do que existe de pior na sociedade. De um lado, o submundo da cocaína e seus monstruosos efeitos, entre os quais o despotismo de bandidos e policiais vendidos ao tráfico sobre a população das favelas, a corrupção do sistema jurídico-policial e, sobretudo, a degradação moral do valor do trabalho aos olhos das crianças, adolescentes e adultos pobres. De outro lado, a multidão de “especialistas” em felicidade sexual, amorosa e química que, em coro, propagam e reforçam na mídia o mito da salvação individual, num Brasil moderno, informatizado, neoliberalizado e com todos os problemas resolvidos, de antemão, pelas leis do mercado. A cultura narcísica no Brasil, para retomar a expressão de Lasch, fez com que fortunate few se apaixonassem pelo refugo social que produzem, tornando-se seus cúmplices e reféns (Lasch, 1970). Criou-se um círculo vicioso, onde a demanda por cuidados com a juventude, a beleza, a forma física, a realização sexual e o bem-estar perene nutre-se da miséria econômica dos mais pobres e alimenta a miséria psíquica dos mais ricos. Além do mais, paralelamente à inibição da esfera pública, a cultura narcísica produz a desagregação das próprias instituições encarregadas de proteger o parco quinhão da “felicidade prêt-à-porter”. O caso da família é exemplar. Tida por muito tempo como refúgio contra a dureza do mundo e espelho da moralidade, a típica família de elite brasileira vem sendo reduzida ao conjunto de indivíduos que possuem a chave da mesma casa, como disse um humorista. As querelas entre adultos e adolescentes, homens e mulheres, pelo “direito à felicidade” ou à “realização do próprio desejo” os tornam mais e mais intolerantes uns com os outros. O exercício da solidariedade é dinamitado do topo à base. Nas telenovelas, nas seções de aconselhamento pessoal de revistas de moda ou nos tediosos programas de entrevistas ao vivo, os temas preferidos são as disputas entre “os sexos e as gerações” ou as receitas de como subir na vida e aparecer na mídia. A tagarelice mundana, ociosa e desprovida de imaginação, foi promovida a ideal de vida liberal, moderno e com cara de ‘revolução dos costumes’”. (…) Lasch, Christopher, The Culture of Narcissism, New York, Warner Books Edition, 1970. Freire, Jurandir, em “A Ética Democrática e seus Inimigos — o lado privado da violência pública”. O Desafio Ético — Rio de Janeiro: Garamond, 2000. 11. (ESPM-SP) O autor do texto afirma a malevolidade da cultura do “bem-estar”. Esta afirmação se explica: a) porque toda preocupação contribui para uma visão parcial da realidade; b) porque tal comportamento colabora na construção de uma ação contraditória: alheamento e irresponsabilidade para consigo; c) porque tal comportamento precipita uma irresponsabilidade para consigo; d) porque os assuntos da vida privada dominam qualquer outro tipo de preocupação; e) porque há 170.000 pessoas desempregadas. Resposta: c 12. (ESPM-SP) Ainda no primeiro parágrafo, o autor estabelece uma relação de interdependência entre “práticas criminosas” e “comportamento de consumo”. a) A razão estaria na exclusão social. b) A exclusão de alguns e o alto poder aquisitivo de outros seriam as explicações possíveis para essa relação. c) A banalização dos valores explica essa relação. d) Os comportamentos de consumo evidenciam uma busca incessante por bem-estar individual, segundo padrões comandados pelo mercado. e) A rigor, os mecanismos sociais são excludentes e aqueles que não se encaixam nesse padrão alienam-se na prática do consumo, geradora do bem-estar individual, capaz de isentar o indivíduo das suas responsabilidades coletivas. Resposta: e 13. (ESPM-SP) “O trinômio droga, sexo e credit card tornou-se o principal mandamento do catecismo prático das elites no Brasil”. I. Essa passagem é uma paródia do anárquico e libertário slogan da juventude dos anos 60 “sexo, drogas e rock’n roll”. II. Esse slogan sintetiza o projeto narcísico da civilização neoliberal. III. Esses mandamentos evidenciam o egoísmo como lei maior, o princípio do prazer sem limites como regra do jogo, o mercado como o novo deus e os shoppings centers como as novas catedrais. a) Somente a afirmação I é verdadeira. b) Somente a afirmação II é verdadeira. c) Somente a afirmação III é verdadeira. d) As afirmações I e II são verdadeiras. e) As afirmações I, II e III são verdadeiras. Resposta: e 14. (ESPM-SP) O que explica a afirmação do autor de que “a elite brasileira (está) físico- moralmente dependente do que existe de pior na sociedade”? a) Os métodos usados pela elite com o fim de promover a salvação individual têm conduzido essa mesma elite a, contraditoriamente, ser tanto cúmplice e refém de práticas criminosas como de sistemas de mercado que diz ter a solução para todos os problemas. Constitui-se, essa prática, num ciclo vicioso. b) O que explicaria essa afirmação seria o fato de que essa elite é usuária de drogas, atitude que acaba fortalecendo os bandidos e os esquemas de corrupção. c) A alienação dessa elite a faz refém dos oportunistas que aparecem para “vender” facilidades. d) Essa elite contribui com a degradação moral do valor do trabalho. e) O controle técnico da infelicidade é um erro. Resposta: a 15. (ESPM-SP) O “ego-ísmo” é uma formulação teórica (freudiana) do mito de Narciso. Esse mito encarna a noção de que aquele que se apaixona pela própria imagem, poderá ser vítima dela. Nesse sentido, a idéia do mito aplicada à análise contida no texto, é correto afirmar que: a) A sociedade brasileira, por cultuar-se a si mesma, não tem possibilidade de progresso, uma vez que essa mesma sociedade está repleta de problemas estruturais, o que fatalmente resultará no agravamento dos problemas já existentes e, conseqüentemente, na limitação cada vez maior da ação de seus integrantes; b) A cultura narcísica demanda ações que não resultarão no fim almejado, mas na produção de mecanismos agravadores de uma situação social que não se quer encarar, porque feia, deformante, degradante; e, por ironia, esse mecanismo alimenta novamente a prática narcísica como forma de fuga a essa realidade; c) A cultura narcísica é uma prática exclusivamente dos jovens oriundos das camadas mais favorecidas da sociedade. Eles ficam reféns de seu ego-ísmo. d) O fenômeno moderno do narcisismo é fruto da miséria econômica, que mantém a todos reféns. e) Nutrir-se de si mesmo não faz ninguém feliz; isso explicaria a infelicidade das pessoas sozinhas. Resposta: b 16. (ESPM-SP) “Felicidade prêt-à-porter” é uma expressão usada no mundo da moda e foi tomada no texto para dizer que: I. O narcisismo exacerbado inviabiliza uma relação solidária entre adultos e adolescentes, tornando-os intolerantes uns com os outros. II. A família, espaço institucional que restava ao resguardo da “felicidade pronta para usar”, foi minada pelo narcisismo, que acabou por reduzi-la ao “conjunto de indivíduos que possuem a chave da mesma casa”. III. “Felicidade” é o que todos buscam e que, numa sociedade existem instituições encarregadas de proteger esse direito; a família é uma dessas instituições contra as durezas do mundo. a) Todas são verdadeiras. b) É verdadeira apenas a afirmação I. c) É verdadeira apenas a afirmação II. d) É verdadeira apenas a afirmação III. e) São verdadeiras as afirmações I e II. Resposta: e 17. (ESPM-SP) Uma forma possível de justificar o título do capítulo seria: a) Dizerque a forma suicida com que nos deixamos invadir pela cultura do alheamento faz com que aumentemos cada vez mais a irresponsabilidade para conosco mesmo. b) Perceber que multiplicam-se o consumo de tranqüilizantes, antidepressivos, hipinóticos e cocaína, e que fazemos isso por conta própria, sem consultar um médico. c) Entender que ao recorrermos às saídas “esotéricas”, não temos garantias do resultado. d) Entender que, apesar de termos desenvolvido a ciência, continuamos buscando saída nas terapias “alternativas”, que não nos oferecem nenhuma garantia de solução a nossos problemas. e) Que vivemos numa cultura que estimula o consumo e nós então gastamos mais do que temos, tornando-nos irresponsáveis com nós mesmos, pois a perda do crédito nos fará prisioneiros do sistema. Resposta: a 18. (ESPM-SP) Por que o autor faz uma crítica, no final do texto, ao comportamento atual como “com cara de revolução dos costumes”? a) Porque vivemos num mundo que, por valorizar demais a imagem, reduz tudo a rótulo sem conteúdo. b) Porque “tagarela-se” demais, mas age-se muito pouco com o fim de produzir mudanças. c) Porque, na verdade, toda “falação” sobre os costumes tem, como objetivo, única e exclusivamente, promover o esvaziamento dos conteúdos para sustentar o modelo neoliberal da vida. d) Em cada momento da História de uma sociedade, a revolução dos costumes assume uma “cara” correspondente às circunstâncias que a envolvem. e) Porque a verdadeira revolução de costumes se faz via a realização do próprio desejo. Resposta: c A seguir, alguns outros exercícios de adequação vocabular: EXERCÍCIOS DE ADEQUAÇÃO VOCABULAR I. Substituir a palavra COISA, nas frases abaixo, por outros substantivos masculinos ou femininos, sem repetir nenhum: 1) Existe uma série de coisas que faz o esporte ser similar à prática de viver. (Existe uma série de CARACTERÍSTICAS que faz o esporte ser similar à prática de viver.) 2) O que queremos é assistir na TV a alguma coisa que nos distraia. (O que queremos é assistir na TV a algum PROGRAMA que nos distraia.) 3) Não se deve permitir que os jovens tenham suas cabeças invadidas por coisas que ainda não lhes são convenientes. (Não se deve permitir que os jovens tenham suas cabeças invadidas por IDÉIAS que ainda não lhes são convenientes.) 4) O filho deveria sair de casa com noções suficientes para começar a discutir sobre as coisas que lhe fossem apresentadas. (O filho deveria sair de casa com noções suficientes para começar a discutir sobre as QUESTÕES que lhe fossem apresentadas.) 5) Os meios de comunicação fazem com que a alienação seja uma coisa normal. (Os meios de comunicação fazem com que a alienação seja um COMPORTAMENTO normal.) 6) O jornalista não deve se limitar ao superficial. Deve ir ao fundo das coisas. (O jornalista não deve se limitar ao superficial. Deve ir ao fundo dos FATOS.) 7) Por uma tendência natural das coisas, a mulher tomará consciência da sua posição. (Por uma tendência natural da HISTÓRIA, a mulher tomará consciência da sua posição.) 8) Informar e desinformar são coisas a que os meios de comunicação se propõem. (Informar e desinformar são OBJETIVOS a que os meios de comunicação se propõem.) 9) São muitas as coisas que determinam o modo de pensar e de agir. (São muitas as CONDIÇÕES que determinam o modo de pensar e de agir.) 10) O fato dos meios de comunicação anestesiarem a massa é uma coisa com que não podemos estar de acordo. (O fato dos meios de comunicação anestesiarem a massa é uma REALIDADE com que não podemos estar de acordo.) 11) Os jornais nos comunicam todos os dias coisas terríveis. (Os jornais nos comunicam todos os dias NOTÍCIAS terríveis.) 12) É importante que os adultos ensinem os jovens a vencer todas as coisas na vida. (É importante que os adultos ensinem os jovens a vencer todas as ADVERSIDADES na vida.) 13) Quando atingimos uma certa idade, notamos que coisas diferentes ocorrem em nosso interior. (Quando atingimos uma certa idade, notamos que SENSAÇÕES diferentes ocorrem em nosso interior.) II. Faça o mesmo com o verbo TER / DAR/ FAZER 1) Teve por longo período um cargo importante na empresa. (EXERCEU por longo período um cargo importante na empresa) 2) Teve várias doenças tipicamente infantis, quando era adulto. (APRESENTOU várias doenças tipicamente infantis, quando era adulto.) 3) A empresa de telecomunicações tem hoje 2.000 funcionários. (A empresa de telecomunicações EMPREGA hoje 2.000 funcionários.) 4) Parecem ter boa saúde as funcionárias desta empresa. (Parecem DEMONSTRAR boa saúde as funcionárias desta empresa.) 5) Tenho a mesma opinião que os demais membros da reunião. (COMPARTILHO da mesma opinião que os demais membros da reunião.) 6) Tive-o em casa por vários dias durante suas férias. (HOSPEDEI-O em casa por vários dias durante suas férias.) 7) Tem ainda alguns dias de férias. (RESTAM ainda alguns dias de férias.) 8) A equipe tem que treinar com afinco para o campeonato. (A equipe DEVE treinar com afinco para o campeonato.) 9) O jornal deu a notícia em primeira-mão. (O jornal INFORMOU a notícia em primeira-mão.) 10) O rádio deu a notícia antes do jornal. (O rádio DIVULGOU a notícia antes do jornal.) 11) Deu um terreno por dois apartamentos. (TROCOU um terreno por dois apartamentos.) 12) Apesar de crescido, continua dando preocupação. (Apesar de crescido, continua CAUSANDO preocupação.) 13) Fez o texto em minutos. (ESCREVEU o texto em minutos.) 14) Fizeram a fábrica sobre o campo de futebol. (CONSTRUÍRAM a fábrica sobre o campo de futebol.) 15) O novo governo fará uma estrada ligando São Paulo a Ouro Preto. (O novo governo ABRIRÁ uma estrada ligando São Paulo a Ouro Preto.) 16) Farei doze anos de casamento. (COMPLETAREI doze anos de casamento.) Reescreva o texto abaixo, corrigindo-o no que for necessário, levando em consideração as normas do padrão culto da linguagem. Estavam em cinco na sala de reunião. Já faziam vinte minutos que aguardávamos ansiosamente a chegada do gerente para o início das discussões porque todos esperávamos. A secretária abre a porta de sopetão e, meia nervosa, informa os presentes que a reunião teria de ser adiada. Um caminhão atinge um carro e projetou ele ao encontro de um poste com violência: haviam várias pessoas feridas; entre eles, o gerente. _____________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ Indique uma palavra de uso formal correspondente à palavra ou expressão destacada nas frases a seguir. a) A notícia o deixou de boca aberta.__________________________ b) É moleza abrir um crédito naquela loja.______________________________ c) O ambiente do bairro é barra-pesada. ______________________________ d) Tomar banho de cachoeira é um barato.______________________________ e) Me dei mal no concurso para juiz.__________________________________ f) O chefe estava de cabeça quente.____________________________________ g) Xícaras e copos a preço de banana._________________________________ h) Maria ficou uma semana na fossa.__________________________________ Sublinhe as inadequações vocabulares das frases a seguir. a) O menino resmungou aos berros contra as ordens do pai. b) A empregada entreabriu a porta bruscamente. c) Pela fresta da porta penetrava um círculo de luz clara. d) O ministro acenava com a possibilidade de a inflação crescer ainda mais este ano. e) Os jornais denunciavam que haveria muito sol no verão. f) O comércio prenunciava que a recessão havia começado. g) Vieram à festa João, Maria, Pedro etc. h) O problema oferecia três ou quatroalternativas. i) Os preços caros do comércio afastaram o público. j) O turista contemplava com desprezo a favela carioca.
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