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Pró-reitoria de EaD e CCDD 1 Administração de Conflitos e as Técnicas de Negociação Aula 01 Professores Neusa Vítola Pasetto e Fernando Eduardo Mesadri Pró-reitoria de EaD e CCDD 2 Conversa Inicial Bem-vindos à disciplina de Administração de Conflitos e as Técnicas de Negociação. Trataremos de assuntos fundamentais das boas práticas para a gestão das pessoas e para as negociações, tanto profissionais, quanto pessoais. Iniciaremos pela fundamentação histórica e conceitual. Precisaremos primeiramente entender o conceito de alguns fenômenos que acontecem dentro dos contextos organizacionais. Para aprofundar esses assuntos, veremos o conceito de conflito e de negociação e os principais conflitos que surgiram ao longo da história. Esses conflitos foram por diversas razões étnicas, religiosas e/ou sociais. Após falaremos sobre o conceito de negociação e sua evolução. Entenderemos o surgimento dos conflitos na relação capital e trabalho e como se origina o conflito no sujeito. Outro tema que abordaremos será como é o comportamento do indivíduo frente ao processo decisório. Na sequência veremos que a família pode ser uma geradora de conflitos, tanto no que diz respeito aos conflitos intrapessoais, quanto aos interpessoais. Após entendermos como se dá os conflitos e a sua tipologia. Vamos passar a olhá-los dentro das organizações e identificaremos quais os fatores organizacionais que estão envolvidos na geração dos mesmos. Também, como é realizada a condução desses nos ambientes organizacionais, e o custo de uma má gestão de conflitos para a organização como um todo. Verificaremos as mudanças dos paradigmas na condução dos conflitos e os diferentes tipos que poderão surgir. Após isso, vamos trabalhar o perfil do negociador e o que se espera dele. Verificaremos a diferença de um plano e de uma tática de negociação. Bem como a diferença entre uma negociação distributiva e integrativa. Bem, com tudo isto posto, estaremos preparados para entender os conceitos de arbitragem, mediação e conciliação, seus passos e suas etapas. Ficarão claros para todos, quais são os erros mais comuns na condução deste processo e como poderemos evitá-los. Pró-reitoria de EaD e CCDD 3 Por fim, veremos quais são as tendências desta temática para esse novo século e abordaremos a controladoria comportamental, e a criatividade para administrar os conflitos globalmente. A gestão da atenção e a utilização da tecnologia da informação para resolução dos mesmos. Este é o convite inicial que fazemos a cada um de vocês. A estrada é longa, mas vamos andando, passo a passo que chegaremos ao final dela com louvor. Bons estudos!!! Contextualizando A revista “Super Interessante” publicou um artigo de Jéssica Soares que inicia com o seguinte parágrafo: “Depois da II Guerra Mundial a ONU adotou a Declaração Universal dos Direitos Humanos, que colocava em pauta o “respeito universal e observância dos direitos humanos e liberdades fundamentais para todos, sem distinção de raça, sexo, língua ou religião”. Passados muitos anos, grande parte dos conflitos que hoje acontecem no mundo ainda envolve crenças e doutrinas, que se misturam a uma complexa rede de fatores político-econômicos, raciais e étnicos. Assistam ao vídeo intitulado “Conflito” de Nina Paley, disponível no endereço eletrônico a seguir, e relacionem os conflitos que se apresentam ao longo do mesmo com o tema estudado em aula sobre os principais conflitos ao longo da história étnicos, religiosos e sociais. https://www.youtube.com/watch?v=O9rZ6OuvbuY Resposta: Este vídeo com duração de três minutos cujo título é: “This Land is Mine” em livre tradução “Essa Terra é Minha”, retrata de forma irônica o conflito histórico que se deu em torno da Terra Santa, a qual compreende o território de Israel, Cisjordânia e parte da Jordânia, que teria sido prometida ao povo judeu no Antigo Testamento. Pró-reitoria de EaD e CCDD 4 Nina Paley, utiliza uma série de personagens para ilustrar todas as fases do conflito e seus respectivos envolvidos. A começar pelo homem primitivo, que representava os primeiros moradores de Israel. Tema 01: O Conceito de Conflito Para iniciarmos nossos estudos vamos abordar diversos conceitos sobre conflitos, de modo a obtermos uma amplitude desta temática. Conflito é sinônimo de: agitação, alteração, alvoroço, desordem, perturbação, revolta, tumulto, guerra, enfrentamento, entre outros. Podemos também entender o significado de uma palavra olhando para o seu antônimo, que para o conflito encontramos as seguintes palavras: acordo, aliança, amizade, conciliação, concordância, concórdia, entendimento e consonância. Com base tanto nos sinônimos quanto nos antônimos, os autores que tratam do tema trazem uma série de definições para explicar o que é a palavra conflito. Ao mesmo tempo em que promove um estado de instabilidade e desconforto pelas consequências que causa, em contrapartida gera oportunidade de mudança, de alianças e crescimento, tal como se disséssemos que depois da tempestade virá a bonança. Vamos agora trazer alguns conceitos esclarecedores e complementares do que vem a ser o conflito. WACHOWICZ (2012, p. 15), cita ROBBINS, que define o conflito como um processo que tem início quando uma das partes percebe que a outra parte afeta, ou pode afetar negativamente alguma coisa que a primeira considera importante. COHEN e FINK, também citados por essa autora, dizem que embora o conflito possa ser oneroso, em alguns casos é parte necessária para se chegar à consideração plena de pontos de vista legitimamente diferentes. Pró-reitoria de EaD e CCDD 5 Completando esse pensamento, temos MOSCOVICI, apud WACHOWICZ (2012, p. 15), que afirma que o conflito em si, não é patológico nem destrutivo. Pode ter consequências funcionais e disfuncionais, a depender de sua intensidade, estágio de evolução, contexto e forma como é tratado. Verificando os conceitos vistos anteriormente podemos aventar que cada ciência terá um enfoque diferente dos conflitos, algumas ciências mais radicais, não o verão como sendo algo positivo, uma vez que todo o pensamento divergente é visto como algo a ser combatido. Assim, vemos como sendo importante passarmos pelo entendimento que algumas ciências têm do conflito, pois ele não é somente negativo e devasto, traduz também algo que pode ser positivo quando bem articulado. Um dos conflitos mais antigos que vocês poderão comprovar no tema de nossa próxima aula, são os conflitos religiosos, somente para exemplificar, no ano 2015 existiam sete conflitos ocasionados por diferenças religiosas, mesmo tendo os líderes religiosos (budistas, protestantes, católicos, cristãos, ortodoxos, judeus, mulçumanos, entre outros) assinado na época um documento intitulado “Apelo Espiritual de Genebra”, no qual pediam algo simples como que a religião não fosse mais usada para justificar a violência. Ainda assim, neste século XXI encontramos grupos fundamentalistas radicais mulçumanos em plenos conflitos internos, na Nigéria, também ocorrem disputas territoriais onde os grupos são divididos, espacialmente e ideologicamente, e a briga se faz entre cristãos e mulçumanos. Já no Iraque diversas milícias se confrontam, xiitas e sunitas, ocasionando a morte de 70 mil pessoas. Judeus e mulçumanos conflitam não só pela posse territorial, mas também por suas crenças. Outro exemplo de conflito religioso é o que ocorre no Sudão, onde os conflitosse misturam pelas motivações étnicas, raciais e religiosas entre mulçumanos e não-mulçumanos, Na Tailândia, o movimento separatista entre budistas e mulçumanos, provoca constantes e violentos ataques no sul da Tailândia e ainda temos o Tibete, onde os grupos em conflitos são o partido Pró-reitoria de EaD e CCDD 6 comunista da China e Budistas. Desta forma, podemos entender que o conflito religioso se dá pela intolerância a uma outra religião, não dando a oportunidade ao outro de possuir uma fé diferente da sua, e por isso é necessário demonstrar a força, a invasão e a posse territorial. Outro conflito muito propagado e que por mais evoluída que esteja à sociedade global é o conflito étnico, é possuidor de uma natureza violenta, bélica e militar e que ocorre entre grupos diferentes no que diz respeito a questões culturais, religiosas, raciais e geográficas. Estes conflitos como possuem proporções muito violentas chegam a romper com orientações previstas no Código de Guerra, levando milhares de pessoas a morte entre civis e militares caracterizando o genocídio é o caso do Oriente Médio. Quase todos os continentes possuem conflitos étnicos, no continente europeu destacamos conflitos nos Balcãs, a independência da Bósnia, a Irlanda que intenta conquistar sua independência em relação ao Reino Unido. Já no continente asiático a Caxemira ressente-se do imperialismo inglês que provoca disputas entre as etnias regionais, no Sri Lanka várias etnias enfrentam-se por motivos religiosos, a Indonésia a maioria mulçumana oprime a minoria católica, a China também possui movimentos separatistas por causa de diferenças culturais e a Revolução Socialista. Os Curdos que vivem no Oriente Médio querem a independência de um território para o seu povo. No continente americano Quebec procura a sua independência do Canadá e no continente africano há uma profusão de conflitos étnicos, sendo marcado pela exploração de potências capitalistas, práticas culturais diferentes que são desenvolvidas por grupos rivais que habitam o mesmo território, além da segregação racial e do “apartheid”. No próximo tema desta Rota vocês terão um panorama de todos esses conflitos étnicos ao longo da história. Podemos pensar então que há conflitos motivados por interesses Pró-reitoria de EaD e CCDD 7 distintos, mas o que vem a ser o conflito de interesses? Segundo THOMPSON apud GOLDIN (2012), “[...] é considerado conflito de interesse, um conjunto de condições nas quais o julgamento de um profissional a respeito de um interesse primário tende a ser influenciado indevidamente por um interesse secundário. De modo geral, as pessoas tendem a identificar conflito de interesses apenas como as situações que envolvem aspectos econômicos. Outros importantes aspectos também podem ser lembrados, tais como interesses pessoais, científicos, assistenciais, educacionais, religiosos e sociais, além dos econômicos”. Por essa definição, podemos entender então que o conflito de interesses se caracteriza quando uma das partes envolvidas tem interesse em favorecer a outra parte ou a si mesmo no processo de negociação de uma situação qualquer, seja ela econômica, pessoal, social, acadêmica, religiosa, entre outras em que os sujeitos estejam envolvidos. Vamos agora citar um conflito que diz respeito ao campo do Direito, para que possamos ter uma dimensão da amplitude dos conflitos existentes no cotidiano de nossas vidas, o conflito denominado conflito aparente de normas, conceituado pelo “Portal da Educação” da seguinte forma: “são situações antagônicas, ou melhor, conflito entre duas ou mais normas que parecem aplicáveis ao mesmo fato. Assim surge o conflito pelo fato de mais de uma norma desejar regular o fato”. Para aprofundar o seu conhecimento, sobre o conflito aparente de normas sugerimos que acessem o endereço do portal da educação: Disponível em: <https://www.portaleducacao.com.br/direito/artigos/15948/conflito-aparente-de- normas>. Acesso em 16 nov. 2015. Agora iremos falar sobre aqueles conflitos que são restritos ao sujeito, os conflitos intrapessoais, segundo WACHOWICZ (2012, p. 16), este tipo de conflito refere-se “a dificuldades pessoais que interferem na relação com os Pró-reitoria de EaD e CCDD 8 outros”. Tais conflitos estão afetos à existência de dificuldades que advém das diversas etapas do desenvolvimento de cada pessoa desde a infância até a velhice e que por vezes não foram solucionados a seu devido tempo e que se refletem em seus relacionamentos, sejam eles sociais, familiares, profissionais, amistosos ou amorosos, impedindo um bom relacionamento com os envolvidos. Durante as nossas aulas, alguns destes conflitos serão detalhados, principalmente aqueles que se referem ao indivíduo e que interferem no processo decisório e aqueles que se estabelecem na relação capital versus trabalho, veremos também a condução dos conflitos nos ambientes organizacionais bem como o custo de uma má gestão dos mesmos. Para finalizar essa etapa do estudo, vamos apresentar um conceito de conflito organizacional que para os autores Wagner III e Hollembeck, citados por WACHOWICZ (2012, p. 15), os quais conceituam o conflito na medida em que os mesmos acontecem: “[...] ocorrem conflitos quando existe um processo de oposição e confronto, que pode ocorrer entre indivíduos ou grupos, nas organizações – quando as partes exercem poder na busca de metas ou objetivos valorizados e obstruem o progresso de uma ou mais das outras metas”. Este tipo de conflito encontra-se muito presente nas organizações na atualidade, haja vista a grande competitividade que se estabelece tanto nas relações no interior das mesmas, quanto no exterior, a depender da magnitude do conflito e de como ele está sendo conduzido por seus gestores, ele certamente poderá desviar os objetivos a serem alcançados e, assim, impedir o alcance do sucesso, muito pelo contrário haverá a eclosão de prejuízos tanto econômicos quanto sociais. Pró-reitoria de EaD e CCDD 9 TEMA 02: Os principais conflitos ao longo da história (étnicos, religiosos e sociais) A história nos traz uma lista cronológica dos conflitos, os quais se deram pelas mais variadas razões. As guerras eram chamadas de conflitos armados e se estabeleciam entre países ou entre entidades independentes. Pesquisando no site Só História, disponível em: <http://www.sohistoria.com.br/ef2/cronologiaguerras/>. Acesso em 16 nov. 2015, podemos notar um panorama global dos mesmos. Para termos uma visão da tratativa destes conflitos ao longo da história, vamos citar alguns deles que foram retirados das páginas do site citado anteriormente. Como podemos verificar os conflitos surgem em 1250 a.C. já na Grécia Antiga onde ocorreram quatro grandes guerras, motivadas especialmente por questões comerciais, já na Roma Antiga nos deparamos com um número muito maior de conflitos, motivados pela disputa política e territorial. Na Idade Média e no Renascimento, além da disputa territorial surge o aspecto religioso como sendo a causa dos conflitos entre os países, em suma foi um período marcado por rivalidades religiosas, dinásticas, territoriais e comerciais. No século XX, as rivalidades continuam sendo comerciais, surgem nesta era as alianças políticas e militares por interesses comuns com relação à etnia, religião e comércio territorial. Já no século XXI, os conflitos acontecem por motivações econômicas, desigualdades sociais, intolerância étnico-religiosa e territorial. Dois conflitos muito conhecidos é a Primavera Árabe onde as raízesdos protestos foram a crise econômica e a falta de democracia no mundo árabe. Depois desse resgate histórico dos principais conflitos pelo mundo e observando o que os motivou, veremos que pouco mudou desde a Grécia e Pró-reitoria de EaD e CCDD 10 Roma Antiga até os dias atuais. Ainda as maiores fontes geradoras dos conflitos são a etnia, intolerância religiosa, territorial, comercial e pela desigualdade social. Então ficam alguns questionamentos para o nosso estudo: Dentro das organizações qual o conflito que impera? Quais são as fontes geradoras dos conflitos? Na sequência dos nossos estudos teremos as respostas para essas indagações. Tema 03: O Conceito de Negociação É sabido que desde a tenra idade e uma vez que a criança tenha acesso à linguagem, ela estabelece com o outro um processo para realização de seus desejos, reivindicação daquilo que considera como sendo um direito (ainda que não tenha consciência disto) ou um pedido para que se cumpra uma determinada promessa. Em um exemplo simples, mas elucidativo da questão, é quando um adulto faz a distribuição de balas, para duas crianças bem pequenas com cerca de dois ou três anos, onde uma delas receba apenas duas balas e outra um punhado muito maior que a primeira, com toda a certeza a primeira, ainda que pouco saiba se expressar, irá de qualquer maneira manifestar a sua insatisfação ante a situação e o que marca tal fato é a noção, a percepção do tratamento desigual, porque um merece mais do que o outro, o que há de diferente, que faz com que o outro receba mais do que o primeiro? Essa pode ser a indagação que irá desencadear um possível acerto em que as partes possam se beneficiar de forma mais igualitária ou pelo menos mais justa. Certamente, não há ninguém que tenha atingido a maturidade e que não tenha se envolvido naquilo que poderíamos chamar de negociação. Ela faz parte da vida humana e encontra-se presente no âmbito familiar, social, Pró-reitoria de EaD e CCDD 11 econômico, político, diplomático, enfim em situações em que há algo a se resolver e ser esclarecido. Vejamos o que significa então a origem do termo “negociação” provém do latim negocium que é formada pela união dos termos nec (nem + não) + ocium (ócio, repouso) significando atividade difícil e trabalhosa. Em inglês negociate refere-se apenas a uma transação comercial. Para obtermos um maior entendimento sobre o tema, iremos apresentar alguns conceitos de negociação e as ênfases das para cada um deles, conforme segue: “É o processo pelo qual as partes se movem de suas posições iniciais divergentes até um ponto no qual o acordo pode ser obtido” (STEELE et ALLI, 1995). A ênfase dada ao conceito está centrada em um movimento de lados opostos para um ponto em comum, onde é possível a obtenção de um acordo. “Negociação é o uso da informação e do poder, com o fim de influenciar o comportamento dentro de uma rede de tensão” (COHEN, 1980). A ênfase neste conceito se concentra na informação, no uso do poder como forma de influência do comportamento em uma situação de tensão. “Negociação é um processo de comunicação com o propósito de atingir um acordo agradável sobre diferentes ideias e necessidades” (ACUFF, 1993). A ênfase do conceito está relacionada ao processo de comunicação com objetivo de satisfazer as partes naquilo que elas necessitam. “Negociação importa em acordo e, assim, pressupõe a existência de afinidades, uma base comum de interesses que aproxime e leve as pessoas a conversarem” (MATOS, 1989). A ênfase neste conceito está voltada para a promoção do diálogo e do Pró-reitoria de EaD e CCDD 12 relacionamento onde hajam interesses em comum. “Processo de comunicação bilateral, com o objetivo de se chegar a uma decisão conjunta” (MELLO, apud WACHOWICZ, 2012, p. 41). A ênfase está concentrada em uma comunicação de mão dupla a tal ponto que possam chegar à tomada de uma decisão. Frente a todos esses conceitos pode-se perceber que a negociação implica em uma interação onde as pessoas apresentam suas proposições, como também argumentam e contra argumentam, mas também podem realizar protestos, ameaças, promessas, etc. Tais interações têm como objetivo um resultado que na prática resume-se a um acordo consentido pelas partes envolvidas. Afinal o que se negocia? Simplesmente tudo o tempo todo. Em família o que se vai comer nas refeições de forma a contemplar a todos os gostos, qual será o destino para as próximas férias ou feriado, os revezamentos que serão feitos entre os membros da família quando o pai ou a mãe com mais de sessenta e cinco anos encontra-se hospitalizado. O horário de retorno de uma determinada festa, quando os filhos ainda são dependentes e estão sob a responsabilidade de seus pais. Na escola os prazos de entrega dos trabalhos acadêmicos, as divergências que podem ocorrer perante as notas que foram atribuídas em provas. Em organizações os espaços para o desenvolvimento das atividades, o uso de uma sala de reuniões em um mesmo dia, os aumentos salariais, o final de uma greve. Pessoalmente as dificuldades de um relacionamento, o namoro, o casamento e a possível separação, a guarda dos filhos, negocia-se com o parceiro a aquisição de bens como uma casa, um automóvel, a mobília da casa, assim como as dívidas junto aos credores. As nações também negociam acordos em relação a fronteiras, as responsabilidades atribuídas aos países em relação a um empreendimento em comum, transações comerciais de toda espécie, aberturas e limites. Por que se negocia? Sem dúvida seria mais fácil impor situações a Pró-reitoria de EaD e CCDD 13 outrem do que negociar. Negociar é muito mais dispendioso e preenchido de incertezas que a mera imposição, mas como somos seres humanos e racionais, nas negociações atribui-se privilégio a razão em detrimento da força, entre suas inúmeras vantagens surge como a possibilidade de ajustamento entre as partes com a formação de novos elos e a geração de novas oportunidades que até então não haviam surgido e que a criatividade da situação possa promover. Assim sendo temos muitos motivos para valorizar a negociação, pois se revela muito significativa frente à realidade humana. Nas sociedades em que a negociação não impera prevalece o autoritarismo, nas mais diversas esferas como na política, nas relações pessoais, nas desigualdades que se estabelecem entre as pessoas que pertencem a uma condição econômica menos favorecida, nas diferenças de status e de poder entre pessoas e grupos, todas essas divergências impendem às pessoas de enfrentar essas situações ambíguas e sutis que se estabelecem. Desta feita podemos imaginar que existem características que são comuns e se encontram na maioria das negociações, conforme nos informam LEWICKI, SAUNDERS e MINTON, citado por WACHOWICZ, 2012, p. 49: Há sempre duas partes ou mais representadas por dois indivíduos, grupos ou organizações. Existe um conflito de interesses entre as partes presentes. As ideias iniciais do planejamento da negociação nem sempre coincidem com as estabelecidas ao final do processo, que tento pode ser longo e desgastante quanto rápido. Essa diversidade pode fazer com que os negociadores “se percam”. Inicialmente as partes não preferem travar uma luta aberta, mas, sim, buscar um acordo. Se algo imprevisto ocorre, no entanto, a ideia pode ser cancelada e um conflito se estabelecer de forma temporária ou permanente. Sempre haverá aspectos tangíveis e intangíveis no processo das negociações, sendo os primeiros caracterizados como preço,prazo, Pró-reitoria de EaD e CCDD 14 rentabilidade e ponto de venda, entre outros, e os intangíveis associados às motivações psicológicas que influenciam as durante a negociação. Em geral estão relacionadas com crenças, valores aparência, inseguranças ou medos [...]. As características apresentadas demonstram o caráter multifatorial que as negociações ensejam, evidentemente existem processos que são mais simples e outros que envolvem maior complexidade. Dois aspectos importantes sempre estarão presentes: a divergência e a convergência, que essencialmente envolve o querer, o desejo, de uma parte, e coisas e ideias da contraparte. A convergência permite a aproximação das partes, já a natureza e a intensidade da divergência indicará o caminho a ser percorrido pelas interações as quais tem por objetivo superar as divergências, as quais dependem da aceitação de uma solução apresentada pelos envolvidos. Faz-se necessário evidenciar que as negociações se apresentam de diversos tipos, devendo ser analisadas pelos mais diversos ângulos como também necessitando ser interpretadas de diferentes formas. Portanto, iremos apresentar cinco tipos básicos de negociação segundo o autor Zajdsznajder (1985), são eles: Negociação trabalhista, diplomática, comercial, administrativa e política. A trabalhista: em geral envolve dois temas básicos, os salários e as condições de trabalho. Ocorre por meio de reuniões onde se encontram representantes dos empregados e de patrões, nas quais são apresentadas as propostas por ambos os lados, o resultado dependerá do relacionamento estabelecido entre as mesmas, assim como as condições econômicas vigentes, o segmento de atividade e os próprios fatores políticos inerentes à organização. A Diplomática: este tipo de negociação constitui-se de questões territoriais, econômicas, a defesa, a soberania e ao desarmamento. É objeto desta negociação a promoção da paz e a sua manutenção, o término das guerras e o comércio estabelecido entre os países. O desenvolvimento dessas Pró-reitoria de EaD e CCDD 15 negociações irá depender da cultura e das tradições de cada país e do relacionamento que é estabelecido entre os mesmos, além das alterações que possam ocorrer na política interna de cada país e das mudanças internacionais que possam interferir no andamento das interações. A Comercial: tal negociação possui três tipos distintos, a saber: As negociações que se dão entre empresas particulares. As negociações entre empresas particulares e entidades públicas, ambas de um mesmo país. As negociações entre empresas particulares e entidades públicas de nações diversas. Essas últimas possuem maior controle e fiscalização do Estado, onde existem padrões predeterminados de atuação. A negociação comercial, em geral, envolve a compra e a venda de bens ou serviços, nela busca-se cultivar uma aproximação e a confiabilidade mútuas. É também cercada de cuidados como o a averiguação do passado do cliente em questão, de qual crédito ele dispõe no mercado, etc. A Administrativa: é a negociação que se dá no interior das organizações, por meio de pessoas que se encontram em posições definidas dentro desta estrutura, seja ela privada ou pública. Podem dizer respeito às negociações que são desenvolvidas entre o Estado e a empresa, entre os funcionários da empresa e o corpo tático e estratégico e entre os departamentos que fazem parte dela mesma. Podem ser permeadas de absoluto formalismo, com também de informalidade a depender da cultura da organização bem como do objeto a ser negociado. Cabe ressaltar que a obtenção ou retenção de determinada informação é tida como um poder daquele que a possui, bem como uma arma que será utilizada em momento apropriado durante o transcorrer da negociação. A Política: é a negociação que se dá entre sindicatos, grupos de empresários, dirigentes governamentais, representantes de outras nações Pró-reitoria de EaD e CCDD 16 assim como a própria organização partidária. Busca-se a conciliação de interesses voltados para a concessão de cargos, verbas, diretrizes políticas, projetos de lei e decisões do poder executivo. Uma característica deste tipo de negociação é que o resultado obtido seja exposto ao público, ainda que inicialmente possua um caráter secreto, deverão se tornar públicos. O poder de barganha também é um componente presente neste tipo de negociação, que se apresenta na obtenção de apoio em troca de verbas e na distribuição de cargos. Vale salientar que as práticas e a condução das negociações políticas encontram-se condicionadas aos padrões culturais, usos e costumes, atinentes aos grupos políticos ou a uma determinada sociedade e a sua orientação ideológica vigente. Posto isto, não pretendemos esgotar aqui o assunto, durante nossa disciplina apresentaremos outras facetas importantes da negociação e quanto esse processo torna-se importante para não só para os gestores de uma dada organização, mas na sociedade como um todo. Tema 04: A evolução da Negociação ao longo da história Desde a Idade da Pedra Lascada o homem luta para conseguir para si aquilo que o outro já conseguiu. Inicialmente o homem desejava algo que era do outro e utilizava a força bruta para consegui-lo, isto é, utilizava a força e tomava do outro. Imperava nesta época a lei do mais forte. A partir do desenvolvimento do homem ele foi se socializando e aprendeu que trocar era melhor do que tomar a força. Assim, surgem as primeiras formas de negociação. Para entendermos a história da negociação, vamos buscar um resgate histórico e trazer a visão de alguns autores. Para Maximiano (2010, p.126), a negociação teve início muito antes da Pró-reitoria de EaD e CCDD 17 era cristã (10.000 a 8.000 a.C.). Para ele as trocas se estabeleciam já na Mesopotâmia e no Egito. Os povos faziam as transações e trocas dos produtos que cultivavam e isso deu origem a Revolução Agrícola. Nos anos 3.000 a 500 a.C., surgem às primeiras cidades, desta forma a Revolução Agrícola evoluiu e chegamos a Revolução Urbana. Durante essa Revolução surgem os Estados e, portanto, a forma de negociação se torna muito mais abrangente. As cidades foram evoluindo, as necessidades de trocas também, mas o fato que marcou a história da negociação, segundo Maximiano, foi a invenção da máquina a vapor em 1776. Para ficar mais claro a evolução dos processos de negociação, vamos fazer um quadro comparativo das principais fases. Época Nome da fase/Época/Era Principais fatos ocorridos Tipo de Negociação 1760 a 1860 Primeira fase da Revolução Industrial Revolução do carvão (fonte de energia) e do ferro (principal matéria prima). Surge o sistema fabril. Novas oportunidades de trabalho. Migração da mão de obra. Urbanização ao redor dos centros industriais. Revolução dos meios de transporte e da comunicação. Início do capitalismo. Nesta fase, temos um processo intenso de negociações de preços, produtos, matéria prima e serviços. Os países onde esse processo teve seu início são em primeiro lugar a Inglaterra, seguido de longe a França Alemanha e Itália. Pró-reitoria de EaD e CCDD 18 1860 até a segunda guerra mundial Segunda fase da Revolução Industrial Revolução da eletricidade e do petróleo (novas formas de energia) e do aço (matéria prima). Intensa transformação dos meios de transporte (estradas de ferro, automóveis, avião). Grande avanço na comunicação (telegrafo sem fio,rádio e o telefone). Ocorre a consolidação do capitalismo financeiro. Surgem as grandes corporações. Nesta segunda fase surgem as grandes negociações, não só locais, mas também com outras nações. Intensificam-se aqui as importações e as exportações, como também as negociações internacionais. A partir da segunda guerra mundial até a atualidade. Terceira Fase da Revolução Industrial Liderada pelos EUA durante a segunda guerra mundial, tendo como competidores o Japão e alguns países da Europa. É descoberta a energia nuclear e o uso da informática. A energia nuclear causou mudanças, mas a informática foi quem proporcionou o grande desenvolvimento. Começa uma nova fase de negociação. O comércio torna-se mais direto do que nunca, pois a interação entre o produtor e o consumidor é instantânea. A informática passa a Pró-reitoria de EaD e CCDD 19 Nos dias de hoje Sociedade do conhecimento. empregar o papel do próprio intelecto humano realizando operações matemáticas e trabalhos lógicos em uma velocidade e precisão superior às do homem. Desenvolvimento da biotecnologia. O homem cria e recria a vida. Disponibilização mundial de conteúdo humano pela rede mundial de computadores. Novos conceitos de desenvolvimento de software e hardwares. Fusão da computação com a telecomunicação móvel. Usuários cada vez mais conectados com outros usuários e com o mundo. Novas plataformas de comunicação integrando usuários a dispositivos e de dispositivos com outros dispositivos, por exemplo: celulares com computadores, geladeiras, microondas, TV, etc. A economia de mercado do presente neste contexto, ganha uma forte aliada na interação entre consumidores finais e fabricantes, o que pode acelerar ainda mais a agilidade com que são feitas todas as transações comerciais do sistema capitalista. Fonte: Elaborado pelos professores baseados no material disponibilizado no site: http://oficinadohistoriador.blogspot.com.br/2009/05/revolucao-industrial-e-suas-fases.html. Pró-reitoria de EaD e CCDD 20 Como vimos, o mundo mudou e a mudança a cada dia se faz mais veloz. Mas, vamos enfocar o processo de negociação atual neste mundo cada vez mais virtual. Vamos falar do agora, pois está cada vez mais difícil fazermos previsões. Como acabamos de falar acima, o homem está lançando mão da tecnologia e está criando e recriando a vida, portanto vamos falar daquilo que se mantém nele, independente da tecnologia que é a necessidade de ser gregário e o quanto isso facilita o processo de negociação. Lembrando que o processo de negociação é: “é a forma ou maneira de como devemos utilizar as informações e os recursos sobre os cenários, o conhecimento do negócio, as habilidades e o relacionamento pessoal dos negociadores”. Perceberam, nesta afirmativa, que precisamos manter independente da tecnologia, a habilidade e o relacionamento pessoal dos negociadores. Não abordaremos aqui está questão, pois o faremos nas demais aulas que estão por vir e também por meio da leitura do artigo “Negociação Empresarial”, que se encontra disponível na leitura obrigatória. Tema 05: O surgimento do conflito na relação Capital X Trabalho Para iniciar nosso estudo sobre o surgimento dos conflitos nas organizações, vamos citar uma frase de Hall (2004) “[...] o conflito não é intrinsecamente bom nem mau para os participantes, para a organização ou para a sociedade mais ampla. O poder e o conflito são modeladores fundamentais do estado de uma organização. Um determinado estado organizacional prepara o terreno para a continuidade dos processos de poder e conflito, assim remodelando continuamente a organização”. Por essa afirmativa, podemos entender que o conflito está Pró-reitoria de EaD e CCDD 21 intrinsecamente ligado ao poder que se estabelece nas organizações e, portanto, está ligado com as relações de poder que estão expostas na sociedade, como também na forma de controle que se estabelece em determinada época da história de um país. Os conflitos que se estabelecem no mundo têm como base a divergência de interesses entre as diversas classes sociais, já no mundo do trabalho está intimamente ligada entre os interesses do empregador e do empregado. Para entendermos como se estabeleceram esses diferentes interesses teremos que buscar a origem da divisão do trabalho, pois acreditamos que ali está um dos motivos desta divergência. Para tal, utilizaremos o trabalho publicado por Luisa lamas, que se encontra disponível em: <http://pt.slideshare.net/luisalamas/evoluo-histrica-do-trabalho?related=1>. Acesso em 05 out. 2015. Vamos começar pelo homem primitivo. O homem era responsável pela caça e pesca e a mulher por cuidar da prole. As atividades eram repartidas por sexo e idade, surgindo assim a divisão natural do trabalho. O homem saia em busca do alimento. Inicialmente os instrumentos eram rudimentares e o trabalho essencialmente cooperativo. Com o passar do tempo o homem começa a aperfeiçoar os seus instrumentos de trabalho e surgem os machados e as lanças. O homem com essa nova condição já não precisa sair em busca do alimento e começa a cultivá-lo surgindo assim o homem produtor e sedentário, ou seja, passa a ser dono de seu território. Surgem as primeiras especializações em diversas atividades como a agricultura e a pecuária. Aparece aqui a primeira divisão social do trabalho. Com o aperfeiçoamento do trabalho e das novas descobertas dos metais aparecem novos ofícios que afastam o homem da agricultura e da pecuária. Aparecendo a segunda divisão social do trabalho, o homem atuando com novos ofícios como de tecelão e oleiro. Neste momento social surgem duas divisões nesta sociedade, isto é, Pró-reitoria de EaD e CCDD 22 surgem o homem livre e o homem escravo. A sociedade é escravagista. Uns viviam no ócio, meditação, contemplação, lazer, enquanto os outros trabalhavam duro, com atividades subalternas. Essa sociedade escravagista é derrubada e surge o servilismo. Nada mais sendo do que uma forma atenuada do escravagismo. Essa sociedade é denominada de feudalismo, onde os servos viviam na dependência dos senhores feudais. Com o crescimento do comércio e da burguesia, bem como o crescimento das cidades e do aparecimento das pequenas indústrias o servilismo desaparece e surgem as corporações. As corporações surgem pelo aparecimento de novas atividades e ofícios. Embora ainda retratem uma comunidade de opressão, pois os produtores eram agrupados por ofícios de uma forma rígida para garantir os privilégios dos mestres e também para controlar o mercado e a concorrência. Esse regime era ditador e existia principalmente em Portugal. Mas, vem na sequência a Revolução Francesa e a Revolução Industrial e extingue esse tipo de divisão de trabalho na sociedade. Aqui temos a noção, isto é o germe de liberdade e iniciativa e do comércio internacional. Na Revolução Industrial, nos séculos XVIII, XIX e XX o operário substituiu o artesão. O trabalho do operário aqui ainda é manual, mas mesmo assim é a primeira forma, embora rudimentar do capitalismo. Com as invenções e inovações as atividades industriais passam a ser mecanizadas. Conforme a tecnologia avança, a máquina à vapor e o transporte por meio das linhas férreas. Começam as mudanças políticas e sociais, surgindo o capitalismo. O trabalho passa a ser assalariado, emboracom condições miseráveis e pouco saudáveis. Surgem então as greves e revoluções fundamentalmente das classes trabalhadoras. Já na primeira Revolução Industrial, a intervenção do Estado e do Poder Público foi essencial para legislar sobre o trabalho e o direito do trabalhador. Com o surgimento do motor de explosão, o petróleo e o telefone, aparecem as tarefas especializadas por operários. São aqueles que começam Pró-reitoria de EaD e CCDD 23 a fabricar em série e aqui aparecem as cadeias de tarefas. A automação da produção e os robôs surgem nos anos 70 para a execução das tarefas mais perigosas. E assim, com o desenvolvimento tecnológico aumenta a eficácia da produção e a economia industrializada dá abertura para outra relação do capital e trabalho. Começa a surgir o desemprego e a falta dos postos de trabalho. Na atualidade o interesse da mecanização e da automação nas tarefas e nas atividades produtivas fez com que a maior parte dos trabalhadores esteja integrada na produção industrial e no processamento e transferência das informações. Após este resgate histórico das relações e divisão do trabalho, pergunta- se: e os conflitos que se estabeleceram quais são? E como eram vistos pelas organizações ao longo da evolução das correntes teóricas organizacionais? Para responder a esses questionamentos vamos nos valer do quadro elaborado por Bastos e Seidel (1992) que nos mostra o tratamento dado pelas diversas correntes teóricas aos conflitos durante a evolução das teorias organizacionais. Embora seja um artigo publicado em 1992, continua com informações relevantes e atuais para nosso estudo, pois os autores fazem uma abordagem histórica do conflito, o que vem ao encontro do nosso estudo. Veremos que os autores investigaram as seguintes questões: O conflito é um fenômeno estudado? Qual o conceito de conflito adotado? Quais os tipos de conflitos estudados? Quais os determinantes do conflito? Quais as consequências do conflito? Como enfrentar os conflitos nas organizações? Pró-reitoria de EaD e CCDD 24 Vamos ver o que as diversas escolas responderam: Questão Escola Clássica Movi mento das Relaç ões Huma nas Estruturalismo Behaviorismo Enfoque Sistêmico Enfoque Contingencial É um fenômeno estudado? Não é foco de estudo. Embora negado, existe a preocupação em evitá-lo. Sim. É um processo social básico nas organizações. Sim. É algo intrínseco aos processos decisórios Sim. É algo intrínseco as organizações Sim. É inevitável. Conceito de Conflito. Há identidade de interesses entre empregados e empregadores. Conflito tratado como dilemas - a escolha de alternativas que implicam em perdas. Colapsos de mecanismos decisórios. Incongruênci a entre expectativas e desempenho s- papéis/funçõ es. Produtos dos processos de integração/diferencia ção. Tipos de conflitos estudados - - Entre objetivos organizacionais. Organização X Pessoal. Coordenação X Comunicação. Disciplina X Competência Profissional. Planejamento X Iniciativa. Individual Organizacional Interorganizaci onal Organizacion al- entre sistemas. De papel- Maior destaque. Interdepartamental. Como integrar estruturas diferenciadas. Determinant es do Conflito Erro do administra dor ao não aplicar os princípios científicos. Pouca atençã o aos aspect os motiva cionai s dos indivíd uos. Ordem X Liberdade, organização formal e as pressões sobre os indivíduos- falta um ajustamento completo. Fatores organizacionais - ambiente. Fatores pessoais- objetivos, percepções. Fatores organizacion ais, pessoais e interpessoais . O processo de integração não é racional e automático – que direção tomar? Consequênc ias do Conflito Desagrega as organizações, provoca problemas, impede o desempenho ótimo. Não apenas negativa, são fonte de mudança. Provocam reações: Solução do problema. Persuasão. Negociação. Política. Afetam o funcionamen to sistêmico via desempenho dos indivíduos. Geram dificuldades que devem ser superadas. Formas de intervenção (Prescrições ) A tarefa é eliminar o conflito através de medidas preventivas e profiláticas. Especifica por tipo de conflito e contexto: A busca de soluções gera novos conflitos num processo dialético. Não há prescrições, depende do tipo de conflito e dos seus determinantes. Os sistemas devem desenvolver mecanismos para equacioná- los. Não há prescrições. Diversas estratégias. Há sempre possibilidade de se encontrar a melhor alternativa. Fonte: Bastos e Seidel: Revista de Administração, São Paulo v. 27, n.3 p. 48-60 Julho/setembro 1992. Pró-reitoria de EaD e CCDD 25 Após este resgate histórico vamos abordar como o conflito é visto neste Século XXI. Fala-nos Pimentel (2011) que neste novo século, são várias as teorias sobre a aceitação do conflito como inerente à dinâmica da organização, porém, segundo a autora, devemos ter em conta que os efeitos dos conflitos podem ser positivos ou negativos. Cabe então ao gestor desenvolver habilidades para administrá-los e identificar a melhor maneira de manejá-los para que o mesmo possa contribuir para o desenvolvimento organizacional. Este assunto não será esgotado nesta aula, nas nossas próximas aulas veremos como o gestor poderá utilizar os conflitos de forma produtiva e contributiva para que a relação entre o capital X trabalho seja a mais saudável possível. Na prática Para aprofundarmos o conhecimento sobre os conceitos de Negociação, assistam ao filme intitulado: Arbitrage – Negociação É um filme de 2012, dirigido e escrito por Nicholas Jarecki e estrelado por Richard Gere, Susan Sarandon, Tim Roth e Brit Marling. Robert Miller (Richard Gere) é um milionário que está prestes a vender sua companhia para um grande banco e deseja fazer isso da forma mais rápida possível, para evitar que uma fraude sua seja revelada. Após faça um paralelo entre os conceitos estudados de negociação e conflito com o que se passa no filme. Pró-reitoria de EaD e CCDD 26 Finalizando Em nossa aula vimos primeiramente o conceito de conflito e os diversos conflitos ocorridos ao longo da História, tanto os étnicos quanto os religiosos e/ou sociais. Entendemos também o conceito de negociação e como ela é vista na perspectiva de alguns autores, bem como seus tipos básicos, a saber: Negociação trabalhista, diplomática, comercial, administrativa e política. Foi vista a evolução da negociação, desde a primeira fase da Revolução Industrial até a Sociedade do Conhecimento. Sendo abordados os principais fatos ocorridos na fase/época/era e os tipos de negociação que se estabeleceram. Por último, foi apresentada uma abordagem quanto ao surgimento do conflito na relação Capital x Trabalho, onde observamos a implicação do poder no desenrolar dos conflitos, o desenvolvimento da sociedade e consequentemente as suas divisões, como também o surgimento social do trabalho. Referências ACUFF, F. L. How to negociate anything with anyone anywhere around the world. New York: American Management Association, 1993. COHEN, H. Você pode negociar qualquer coisa. 8ª edição. Record. Rio de Janeiro. 1980. GOLDIM, José Roberto. Conflito de Interesses na Área da Saúde. Disponível em: <http://www.ufrgs.br/bioetica/conflit.htm>. Acesso em: 15 ago. 2016. MATOS, F.G. Negociação gerencial - aprendendoa negociar. RJ: José Olympio, 1989. MAXIMIANO, Antônio César Amaru. Teoria geral da administração: da escola científica à competitividade na economia globalizada. São Paulo: Atlas, Pró-reitoria de EaD e CCDD 27 2010. MOCOVICI, F. Desenvolvimento Interpessoal: treinamento em grupo. 10ª edição. Rio de Janeiro. Editora: José Olympio, 2001 STEELE, P.; MURPHY, J.; RUSSILL, R. It’s a deal: a practical negotiation handbook. Inglaterra: McGraw-Hill, 1995. WACHOWICZ, Marta Cristina. Conflito e negociação nas empresas. Curitiba: Intersaberes, 2012. Pró-reitoria de EaD e CCDD 1 Administração de Conflitos e as Técnicas de Negociação Aula 02 Professores Neusa Vítola Pasetto e Fernando Eduardo Mesadri Pró-reitoria de EaD e CCDD 2 Conversa inicial Nesta aula veremos a origem dos conflitos nos sujeitos, entenderemos que cada fase de desenvolvimento pela qual ele passa, terá um impacto tanto no seu físico, quanto no seu emocional, intelectual, social e concluiremos que esses são fatores geradores de conflitos. Estudaremos que a família também pode ser uma grande geradora de conflitos e, portanto, se faz necessário compreendermos como administrar e manejar os mesmos para que não tenhamos problemas advindos de conflitos não resolvidos ou mal resolvidos no contexto familiar. Verificaremos a diferença que existe entre os conflitos intra e interpessoais, bem como as tipologias dos mesmos, quando se referem às questões que envolve propriedade, nações, constituição, comercial, familiar comunitário, criminal, dano e, veremos também, que os conflitos organizacionais e corporativos possuem diferenças significativas e, assim, não são considerados sinônimos pelos estudiosos no assunto. Desejamos a todos bons estudos! E vamos a nossa aula. Contextualizando Desde que existam duas pessoas ainda que sejam do mesmo sexo, mas nascidos em culturas diferentes tendo uma educação, valores e crenças distintos e pensando diferentemente haverá uma tendência de divergência e desconhecimento do que outro necessita, tendo assim como consequência o surgimento do conflito. Desta forma, segundo CHRISPINO (2002), o conflito é toda opinião divergente ou maneira diferente de ver ou interpretar algum acontecimento. A partir disso, todos os que vivemos em sociedade temos uma experiência de conflito. Desde os conflitos próprios da infância, passamos pelos conflitos pessoais da adolescência e, hoje, visitados pela maturidade, continuamos a Pró-reitoria de EaD e CCDD 3 conviver com o conflito intrapessoal (ir/não ir, fazer/ não fazer, falar/não falar, comprar/não comprar, vender/não vender, casar/não casar etc.). Assim podemos perceber que o conflito diz respeito a todas as fases de desenvolvimento de nossa existência e solicita de nós uma tomada de decisão, é a partir daí que ele se instala, enquanto a decisão não ocorre o sujeito vive a instabilidade e o desiquilíbrio que ele promove. Tema 01: Origens dos conflitos nos sujeitos O ser humano modifica o seu comportamento de acordo com as fases de desenvolvimento pelas quais ele passa. Esse processo se inicia na concepção e termina somente com a morte. Vejam o que nos falam os especialistas: “Desde a concepção no útero materno até ao momento em que morre, o ser humano vive num processo caracterizado por constantes mudanças. Este processo de mudança, que resulta da interação entre as características biológicas de cada indivíduo e os fatores contextuais onde o indivíduo se encontra inserido (sociedade e cultura), é denominado por desenvolvimento humano (MATTA, 2001; NÚÑEZ, 2005; PAPALIA et al., 2001; PORTUGAL, 2009; TAVARES et al., 2007). Para entendermos as origens do conflito deveremos entender o que o indivíduo faz em cada idade e o que ele deixa para trás para iniciar uma nova fase de sua vida. Quando compreendermos este processo e seu funcionamento entenderemos que os conflitos fazem parte da vida das pessoas e que ela chegará a maturidade quando der conta das mudanças e dos conflitos que essas mudanças geram. Bem, então vamos entender o que é maturidade. É o resultado das mudanças comportamentais do ser humano que ocorrem sob a influência de fatores internos e externos. Entende-se por: Fatores internos: A hereditariedade e o próprio processo de maturidade. Pró-reitoria de EaD e CCDD 4 Fatores Externos: Ambiente social, alimentação e preservação da natureza. PORTUGAL (2009 p. 11 da Revista Eletrônica de Educação, v. 7, n. 3, p. 9-24) defende que o período da infância e as primeiras experiências de vida do ser humano enquanto criança determina aquilo que o ser humano será enquanto adulto, pois é nesse período que o sujeito aprende sobre si, sobre os outros e sobre o mundo. Não poderemos esquecer que os fatores, tanto interno quanto externos, estão em constante relação. Nos fala SCHALY (2012 p. 1): “A relação existente entre a hereditariedade e o ambiente é contínua, pois, no caso da inteligência, mesmo que sejam definidos aspectos genéticos da mesma, ela só se desenvolverá se houver algum estímulo externo – vindo do meio. Algumas heranças de padrões temporais podem ser mudadas em decorrência do estilo de vida e relações sociais do sujeito. ” Ainda nos afirma António M. Fonseca da Universidade Católica Portuguesa (2007) A Psicologia Desenvolvimental do ciclo de vida dá ênfase à integração histórica e social da vida dos indivíduos e à influência, no desenvolvimento humano, quer de fatores ligados à idade cronológica, quer de outros fatores contextuais não ligados à idade (como os acontecimentos de vida, o gênero, a classe social de pertença ou a etnia). Agora vamos entender o que acontece em cada fase do desenvolvimento humano e para tanto vamos verificar o quadro a seguir: Fase Principais características da fase Tipos de conflitos que poderão surgir Pré-Natal (da concepção ao nascimento) Grande crescimento físico. Grande vulnerabilidade às influencias ambientais. No nascimento ocorre segundo a teoria Psicanalista, a primeira grande perda. O que Freud (pai da psicanálise) nomeia como o primeiro trauma do Pró-reitoria de EaD e CCDD 5 ser humano e afirma ser a base de nossas angústias. Primeira Infância (do nascimento aos 3 anos) Inicialmente o bebê é reflexivo. Pouco controle motor e a linguagem não se apresenta. Apenas emite sons de choro ou de prazer. Acontece um rápido desenvolvimento cognitivo e motor. O conflito se apresenta quando o bebê tem que abandonar o egocentrismo (centrado no seu eu) para aprender que no mundo há regras e ele precisa obedecê-las. Segunda Infância (dos 3 anos aos 6 anos) Há um aumento da força física e motora. A criança desenvolve a capacidade de usar as representações mentais (números, palavras e imagens). O altruísmo, a agressão e os medos são frequentes. O conflito surge quando têm que deixar o individualismo para tornar-se mais social. Deixar a dependência para assumir uma maior independência e iniciativa. Bem como, um autocontrole e um maior cuidado consigo. Terceira Infância (dos 6 anos aos 12 anos) Papel ativo na construção do seu conhecimento. Necessidade grande de motivação e de reforço positivo. Necessita de limites e regras claros. Aceitação dos limites ou a liberdade de agir conforme seus desejos.Deixar os seus interesses em prol do reconhecimento dos sentimentos dos outros. Adolescência (dos 12 anos aos 18/21 anos) Iniciam-se as mudanças corporais e hormonais. Procuram a sua própria identidade. Questionam as regras e os limites. Aceitar a autoridade dos pais ou viver de acordo com aquilo que pensa. Aceitação das regras familiares ou aquelas do seu grupo social. Vontade de crescer rápido X crescimento normal em relação ao físico e social. Pró-reitoria de EaD e CCDD 6 Jovem Adulto (dos 21 anos aos 40 anos) Nesta fase as responsabilidades aumentam, as pessoas estão estabilizadas e muitas vezes já são independentes financeiramente, pois já possuem um emprego. Na fase adulta as pessoas tendem a traçar suas metas e objetivos, se casam, constroem uma família e tentam organizar o futuro de acordo com o que desejam. Conflitos sobre a escolha profissional. Entre a carreira e a família. Entre os seus desejos e os desejos de seus familiares e a sociedade. Meia Idade (dos 40 anos aos 65 anos) Sentimento de que a vida está passando. Movimento interno da pessoa para resumir e avaliar a sua própria vida. Aceitação dos limites impostos pela nova idade versus o desejo da manutenção da juventude. Conflito entre as reais conquistas e os sonhos e ideias anteriormente alimentadas. (Progresso profissional e estabilização das relações afetivas). Terceira Idade (dos 65 anos em diante) Envelhecimento do corpo, ou seja, a fragilidade do corpo (pele, músculos, ossos), torna-se aparente. Aposentadoria. Momento de passar as experiências para os mais jovens. Conflitos entre deixar a independência conquistada ao longo da vida com a possibilidade de uma dependência de pessoas mais próximas. Deixar a vida profissional ativa e passar a uma vida mais social e familiar. Viver com os rendimentos da aposentadoria e conformar- Pró-reitoria de EaD e CCDD 7 se com a queda no padrão da vida financeira. Fonte: Os professores baseados nos trabalhos publicados disponíveis em: <http://pt.slideshare.net/alupereira/a-criana-em-desenvolvimento-2013> e <https://grupopapeando.wordpress.com/category/vida-adulta/>. Acesso em 15 ago. 2016. De forma muito ampla e global, esses são os principais conflitos que o ser humano enfrentará durante as etapas de seu desenvolvimento. Tema 02: A família como geradora de conflitos É sabido que a maioria das pessoas nasce a partir da constituição de uma família, seja ela constituída das mais diversas formais aceitas pela sociedade, ou muitas vezes é adotada por uma família ou por um homem ou mulher solteiros que desejam formar uma família, sendo assim ela cumpre com um papel importante na vida das pessoas, trata-se de um tipo de estrutura que possibilita a sobrevivência do ser humano, nela ele se personaliza, lhe é oferecido um nome, um lugar onde irá aprender a falar, a expressar seus sentimentos e a conviver com outras pessoas adquirindo hábitos e costumes de uma determinada sociedade. A família provê a educação moral, possibilita a intimidade, fornece cuidados e, principalmente, o afeto. Esta dinâmica sendo bem conduzida, em boa parte do tempo, proporciona o equilíbrio para com os seus membros, as relações estabelecidas são equilibradas e saudáveis, mas o contrário também pode ocorrer e assim a família é vista como disfuncional sendo também uma fonte geradora de conflitos, especialmente em relação aos papéis ocupados por seus componentes. Pró-reitoria de EaD e CCDD 8 Desta forma, surgem questões como: Papéis Questões Conflitos Casal Há condições econômicas para a constituição de uma família no seu sustento e manutenção? Conflito Marital Casal Gostam de viver a dois? Conflito Marital Casal Estão satisfeitos com sua relação marital? Conflito Marital Indivíduos Casal A família real está em consonância com a família imaginária? Conflito de Valor Pais Gostam de exercer o papel de pais? Conflito Parental Pais Os pais estão satisfeitos com sua função parental? Conflito Parental Familiar O convívio familiar promove o aprendizado dos valores da boa convivência? Conflito de Relacionamento Familiar As relações familiares dificultam a intimidade entre seus membros? Conflito de Relacionamento Fonte: elaborado pelos professores. São inúmeras as questões que podem surgir e que provocam os conflitos mediante ao convívio familiar e que por vezes se refletem uma prática junto aos filhos e esta última, pode promover desavenças e consequentes conflitos, especialmente os existenciais, que poderão permanecer e ter reflexos nos mais diversos campos da vida de uma pessoa. Desta maneira podemos perceber a importância da família para a vida das pessoas, ela proporciona, dada a sua natureza, um convívio entre duas ou mais pessoas em um mesmo espaço físico, o que aproxima as pessoas e promove a intimidade por meio do relacionamento interpessoal, mas agora vamos tentar conceituar “família” apesar de toda a complexidade que o termo envolve, conforme nos aponta OSÓRIO (1996, p.14), quando nos revela que: Pró-reitoria de EaD e CCDD 9 “[...] a família não é uma expressão passível de conceituação, mas tão somente de descrições; ou seja; é possível descrever as várias estruturas ou modalidades assumidas pela família através dos tempos, mas não defini-la ou encontrar algum elemento comum a todas as formas com que se apresenta este agrupamento humano.” Já para Caio Mário (2007, p. 19), família em sentido genérico e biológico é o conjunto de pessoas que descendem de tronco ancestral comum; em senso estrito, a família se restringe ao grupo formado pelos pais e filhos; e em sentido universal é considerada a célula social por excelência. A partir dessas definições, percebemos a amplitude deste sistema nas sociedades, como também a importância dos papéis que são desempenhados por seus integrantes. É sabido o quanto a família tem se transformado e o quanto vem adquirindo novas configurações e outras formas de funcionar a depender do momento histórico, social, econômico e cultural ao qual estejam incluídas, desta forma as relações familiares sofrem diversas influências e por vezes podem alterar o comportamento de seus componentes. Historicamente, a Revolução Industrial, promoveu profundas transformações na vida das pessoas e nas relações especialmente, os papéis e as funções que são exercidas no interior das famílias. Hoje é comum a figura da mulher como sendo a provedora da família, tendo adquirido a independência ela ocupa um lugar no mercado de trabalho exercendo uma série de funções em um determinado cargo, o que limita o seu convívio e o exercício dos papeis que exerce junto aos familiares, já o homem tendo perdido o seu emprego passa a exercer funções da vida familiar como, por exemplo, buscar os filhos na escola, realizar as tarefas domésticas, incumbir-se da alimentação e dos cuidados relativos à criação dos filhos. Quando estes papéis e as funções são bem definidos, há entendimento e conforto por parte de quem os exerce não existem grandes dificuldades, caso contrário, há grande probabilidade de surgirem grandes conflitos, começando pelo casal e a sua relação marital a qual pode ter consequências na relação parental, ou seja, a relação que se dá entre os pais e os filhos. Pró-reitoria de EaD e CCDD 10 A depender de comoelas se dão haverá reflexos na prática parental, revelando o funcionamento das relações dos pais para com os filhos. Pode-se perguntar; qual o tempo dedicado aos filhos pelos pais? O tempo é de qualidade? Existem cuidados para com os membros da família, sejam materiais, afetivos ou de dedicação? O núcleo familiar é visto como sendo de fundamental importância para os sujeitos ao longo de seu desenvolvimento e principalmente durante a infância, pois sem dúvida promove a formação da identidade das pessoas, além de garantir o apoio necessário na condução de vários problemas relacionados a esses estágios. Logicamente, estamos falando de uma família funcional, a qual efetivamente cumpre com todos os estágios de desenvolvimento dela mesma de forma natural e dentro de padrões socialmente aceitos como normais. Quando isso deixa de existir podemos dizer que a família é disfuncional, ou seja, os papéis fundamentais que são exercidos por seus membros encontram- se desvirtuados, é o caso, por exemplo, de um pai ou de uma mãe que se tornou uma alcóolatra ou usuário de drogas e que deixou de exercer adequadamente suas funções juntos aos filhos e ao cônjuge. Como também, aquele pai ou mãe que se envolveram em crimes os mais diversos e encontram-se detidos em um sistema penitenciário, logicamente tais ocorridos resultam em sequelas emocionais nos filhos e nos demais membros da família, ao longo de toda uma vida. Assim como a violência doméstica que ocorre entre um casal é promotora de sérias dificuldades devido à magnitude deste problema, pois a desarmonia entre os membros ocasiona consequências graves a saúde física e mental de seus componentes do sistema familiar. Não se pode deixar de mencionar uma função precípua da família no que tange à educação, especialmente a moral, conceitos do que é certo ou errado e que foram convencionados em uma determinada sociedade, tal educação ocorre por meio do diálogo afetuoso e verdadeiro, dúvidas podem ser sanadas, pois Pró-reitoria de EaD e CCDD 11 existe uma relação de confiança que é estabelecida e que faz com que se reflita nas mais diversas situações que se apresentam na vida e nas relações, na escola onde se promove o ensino sistematizado é onde a educação moral é testada, isso pode ser observado quando uma criança agradece algo que lhe foi feito ou pede licença ao entrar em um local considerado privado. Sem dúvida, tais comportamentos irão acompanhar a vida desta criança a vida adulta, podendo inclusive servir-lhe de destaque em relação a outras pessoas. Frente ao exposto, percebe-se o quanto a família é relevante na vida dos sujeitos e na sua formação, sendo que as interações de alta qualidade certamente garantem uma vida saudável e feliz. Tema 03: Os conflitos intrapessoais Antes mesmo de falarmos sobre os conflitos intrapessoais vamos relembrar o significado da palavra conflito, ela provém do latim confligere, que significa colidir entrar em choque por se encontrar em oposição ao outro, comporta um sentido negativo: de desunião, de atrito, de contenda, de discussão, de antagonismo, de destruição, de violência e de raiva. Significados preenchidos de emoção e porque não dizer tensão. Nos relacionamentos quase sempre se busca impedir o seu surgimento por estar associado a um possível problema. Quando de uma situação de negociação em que uma das partes sinta-se em uma condição inferior ou perceba que há uma vantagem da outra parte, essa diferença remete ao conflito, pois nenhum ser humano suporta sentir-se menos, todos querem ser mais e nunca menos. Desta feita, os conflitos existem desde os primórdios da humanidade, as disputas entre os sujeitos surgem pelas mais diversas razões uma delas é a percepção errônea das coisas, uma vez que os sujeitos captam as situações de uma forma muito diferente, segundo as suas vivências, valores, preconceitos, limitações e paradigmas o que incorre em uma distorção da realidade. Pró-reitoria de EaD e CCDD 12 Há também situações em que se quer igualar as pessoas, ou seja, estabelecer um padrão socialmente aceito, por vezes julga-se sem aceitar o outro como ele é com suas peculiaridades. Desta forma, existem atitudes como ordenar, mandar, impor que se faça algo, mas por meio de ameaças que produzem resistências, onde a obediência ocorre pelo temor e não pela espontaneidade. Outra atitude que provoca conflitos que nem sempre são demonstrados, é o ato de moralizar quando se dá, por exemplo, um “sermão” ou uma “lição de moral”, em geral o objetivo é fazer com que o outro se sinta culpado, isso pode suscitar um sentido de “superioridade” daquele que oferece um conselho ou advertência, em contrapartida verifica-se o sentimento de “inferioridade” parte de quem recebe. A crítica muitas vezes ácida e sem critérios claros, o julgamento e a censura transmitem um sentido de incompetência, a mensagem comporta uma inadequação que necessita de ajuste e da maneira como é propalada, ridiculariza e envergonha, seu efeito é devastador, pois destrói a imagem que a pessoa tem de si mesma. Ante o exposto, resta definir o que vem a ser os conflitos intrapessoais, eles dizem respeito ao que se chama de conflitos internos que segundo DILTS (2004, p. 241), ocorrem entre partes da experiência humana e em vários níveis, iremos exemplificar alguns deles que estabelecem nos indivíduos a depender de seu histórico de vida e de seu perfil pessoal. Levando em consideração o estudo realizado por Stuart Atkins e Allan Katcher – Idealizadores do Programa Lifo e autores do livro: Lifo Trainning & OD Analyst a Program for Better Utilization of Strengths and Personal Styles: Los Angels (1973), apresentaremos algumas situações que tem como consequência os dilemas intrapessoais, são elas: Querer ajudar e, simultaneamente, desejar permitir que as pessoas se desenvolvam ao seu próprio modo. Pró-reitoria de EaD e CCDD 13 Conviver com decisões tomadas por pessoas dominadoras ou agir de acordo com seus próprios princípios. Querer ser sincero mesmo não querendo ferir alguém que mereça ser criticado. Desejar confiar em alguém, mas recear que o explorem. Querer aproveitar duas diferentes oportunidades ao mesmo tempo. Querer delegar o trabalho, mas se alguém o fizer, tem medo que não seja realizado de forma correta. Querer que as pessoas sejam responsáveis, mas sente-se pouco à vontade quando as coisas não são feitas do seu jeito. Querer responder e respeitar o outro, mas evitar erros e esconder-se num silêncio de proteção. Desejar oportunidades e sentir-se desajeitado. Desejo de estar minuciosamente preparado, porém sentir que pode perder a oportunidade em virtude do tempo de preparação. Saber que precisa agir, mas também por reconhece rum risco alto, preferiria não o fazer. Querer ser querido, mas descobrir que deve assumir um dos lados entre dois amigos. Querer estar numa nova situação social, mas não saber como comportar- se, pelas regras não estarem bem definidas. Querer ser espontâneo, mas não querer ofender as pessoas. Sentir que a única coisa que pode fazer é apaziguar as pessoas, mesmo sabendo que se o fizer elas podem se tornar muito bravas. Agir com tato e maneiras políticas e evitar a reputação de ser falso. Querer chegar a uma concessão para reduzir a tensão, mas querer evitar que isso seja interpretado pelos amigos como uma fuga da raia. Tais dilemas que podemos tratar como conflitos intrapessoais, fazem parte do dia a dia das pessoas. Assim como das pessoas que ocupam papéis importantes no interior dasorganizações, como os executivos a quem a tomada Pró-reitoria de EaD e CCDD 14 de decisão acontece a todo o momento, mas que não se encontra livre de enfrentar um conflito, como nos revela Fela Moscovici (2008), ao expor os conflitos que afligem o executivo, sendo eles os seguintes: Dupla atração: ocorre entre duas situações igualmente atraentes quando uma escolha exclui a outra. Dupla aversão: quando ambas situações não são desejadas nem oferecem satisfação e a pessoa é obrigada a ter que escolher uma delas. Atração e Aversão simultânea: caracteriza-se por uma situação altamente atraente (satisfatória), mas que contém um elemento bloqueador de uma ordem valorativa (ética), o que a torna repulsiva. O conflito é mais intenso quanto mais atraente for à situação. Agora que já conhecemos um pouco dos conflitos intrapessoais, iremos na sequência apresentar os conflitos interpessoais, os quais acontecem na relação com o outro nas diversas esferas da vida, seja no ambiente familiar, social ou profissional. Tema 04: Os conflitos interpessoais Vimos ao longo de nossas aulas que os conflitos são situações em que se apresentam a tensão que envolve pessoas ou grupos. Quando o conflito é interno, vimos que se trata de um conflito intrapessoal. Em contrapartida, quando é entre pessoas, estamos nos referindo a um conflito interpessoal. Neste caso, temos duas ou mais pessoas que divergem na percepção ou na proposta de ação sobre alguma situação ou problema. Geralmente o conflito interpessoal passa pela tentativa de uma pessoa manter a sua opinião e interesse e mostrar que a outra pessoa envolvida está errada. Muitas vezes essa tentativa acaba desencadeando emoções negativas, ou seja, podem chegar a trocar insultos e/ou palavras ásperas, humilhações e responsabilizações com o objetivo de mostrar os erros do outro e não a solução para os problemas. Pró-reitoria de EaD e CCDD 15 Até agora abordamos os conflitos entre pessoas e com resultados mais negativos. É por este fato que os gestores devem se preparar para lidar com os conflitos entre pessoas e para tanto os especialistas no assunto, já desenvolveram algumas técnicas para o manuseio dos mesmos. Mas, antes de falarmos das técnicas, é importante frisarmos que nem todo o conflito entre pessoas é negativo ou disfuncional. Quando se aplicam as técnicas adequadas e os envolvidos já fazem parte de uma equipe de trabalho, os conflitos gerados são bem-vindos, pois não são focados nas pessoas e sim nas ideias. Muito positivo ou funcional quando isso ocorre. Agora vamos às técnicas: Técnicas de resolução de Conflitos Solução de Problema Reunião cara a cara das partes conflitantes com o propósito de identificar o problema e resolvê-lo através de discussão aberta. Metas superordenadas Criação de uma meta partilhada que não possa ser atingida sem a cooperação de cada uma das partes em conflito. Expansão de recursos Quando um conflito é causado pela escassez de um recurso – digamos, dinheiro, oportunidade de promoção, espaço no escritório –, a expansão de recursos pode criar uma solução ganha-ganha. Evitação Retirada ou supressão do conflito. Suavização Amenizar diferenças enquanto dá ênfase a interesses comuns entre as partes conflitantes. Compromisso Cada parte do conflito desiste de algo de valor. Comando autoritário A administração usa a sua autoridade formal para resolver o conflito e então comunica seus desejos às partes envolvidas. Alteração da variável humana Uso de técnicas de mudanças comportamentais como treinamento de relações humanas para alterar atitudes e comportamentos que causam conflito. Pró-reitoria de EaD e CCDD 16 Alteração das variáveis estruturais Mudança da estrutura organizacional formal e dos padrões de interação das partes conflitantes através de redimensionamento do cargo, transferências, criação de posições coordenadas e similares. Fonte: Figura 12.4 – Técnicas de administração de conflitos, p. 279 do livro de Stephen Robbins. Comportamento Organizacional - 8. Edição. Encontramos também organizações que além de desenvolver técnicas para lidar com os conflitos interpessoais, também estimulam que o conflito ocorra. Vejamos as técnicas de estimulação de Conflito no quadro a seguir: Comunicação Uso de mensagens ambíguas ou ameaçadoras para aumentar os níveis de conflito. Trazer pessoas externas Adição de empregados a um grupo cujas formações, valores, atitudes ou estilos administrativos sejam diferentes daqueles dos membros presentes. Reestruturação da organização Realinhamento de grupos de trabalho, alteração de regras e regulamentos, aumento de interdependência e realização de mudanças estruturais semelhantes para quebrar o status quo. Designação de um advogado do diabo Designação de um crítico para argumentar propositalmente contra as posições majoritárias defendidas pelo grupo. Fonte: Figura 12.4 – Técnicas de administração de conflitos, p.279 do livro de Stephen Robbins. Comportamento Organizacional - 8. Edição. Não podemos esquecer que embora, mesmo utilizando de técnicas específicas, para lidar com os conflitos, a aplicação das mesmas não é garantia de sucesso, uma vez que existe a influência das variáveis pessoais dos envolvidos. Vamos entender um pouco mais o que isto significa. Cada pessoa tem as suas características de personalidade, seus sistemas de valores, ou uma baixa ou uma autoestima muito elevada e isto impactará de Pró-reitoria de EaD e CCDD 17 sobre maneira na condução, resolução ou potencialização dos mesmos. Por este fato, os gestores devem conhecer as principais características de seus subordinados para lançar mão da técnica mais apropriada a cada situação. Uma coisa é certa, o gestor necessita observar os conflitos para poder administrá-lo e que também não temos como evitá-los uma vez que esta é uma dinâmica inerente as relações humanas. Para aprofundarmos o nosso conhecimento vamos ler os capítulos dos livros recomendados na nossa leitura obrigatória. Tema 05: Os tipos de conflitos Existe diferentes tipos de conflitos, e, a partir do momento que se consegue identificá-los corretamente, as chances de resolvê-los serão muito maiores, uma vez que se utilizará a estratégia adequada àquele tipo de conflito. Os especialistas no assunto como Christopher Moore (1998), nos dizem que não existe uma classificação global para o conflito. Entretanto existem várias formas dele se apresentar, e essas podem ser classificadas quanto ao sujeito, quanto ao objeto quanto ao interesse, quanto à natureza, quanto aos efeitos ou resultados. Iremos entender cada uma delas por meio do quadro apresentado a seguir: Classificação do conflito Caracterização/Desenvolvimento Sujeito Conflito Intrapessoal. São os choques internos do indivíduo com seus conceitos, normas, princípios, etc. Com sua realidade. Sua abrangência se restringe à esfera pessoal. Conflito Interpessoal. São situações que surgem entre indivíduos ou entre grupos de indivíduos onde existem posições antagônicas com relação a um bem, um direito, ou um benefício. Pró-reitoria de EaD e CCDD 18 Conflito intragrupal. Ocorre dentro de uma facção social, política ou do trabalho. Esses conflitos têm como causa principal disposições divergentes, ideológicas ou metodológicas. Objeto Conflito Internacional. Ocorre quando as disposições divergentes incluem questões de política internacional ou direito público internacional. As pessoas envolvidas são pessoas
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