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Enfª Obstetra Kelle Magalhães Conceito É uma doença multissistêmica, ocorrendo geralmente ao final da prenhez,caracterizada por manifestações clínicas como: hipertensão, edema, proteinúria. É uma das complicações mais frequentes da gestação e tem os maiores índices de mortalidade materna e perinatal. Ultimamente houve um avanço importante nos cuidados e ao tratamento da pré-eclâmpsia por ser uma doença grave podendo trazer risco de vida a gestante e ao feto. Os principais riscos são os descolamentos prematuros da placenta, que acarretam 45% de óbito fetal e a prematuridade. A Doença Hipertensiva Específica da Gestação (DHEG) caracteriza-se pela elevação da P.A. após a 20ª semana de gestação, em pacientes geralmente normotensas. Define-se hipertensão PA igual ou superior a 140/ 90 mmHg. Considera-se proteinúria a presença de 300mg ou mais de proteínas excretadas na urina de 24 horas. O edema generalizado constitui sinal de alerta para desenvolvimento de DHEG. O aumento súbito de peso (> 1 kg/semana) deve ser considerado na identificação de edema. Formas Clínicas DHEG: aumento da pressão sanguínea, sem proteinúria após 20 semanas de gestação, retornando aos níveis tensionais elevados ao normal após o parto (6 a 12 semanas). Pré-eclampsia: síndrome multissistêmica caracterizada por hipertensão e proteinúria após 20 semanas de gravidez (proteinúria de 300 mg/ 24 horas). Edema: Inicia como edema oculto, aumentando o peso e tornando-se generalizado (dedos, face e abdome). Eclampsia: é definida como a presença de convulsão em mulheres com pré-eclampsia. Hipertensão crônica: estado hipertensivo anterior a gravidez, ou ocorrido antes de 20 semanas, ou após 6-12 pós parto. Síndrome HELLP: Forma grave de pré-eclampsia caracterizada por hemólise (H- hemolysis), elevação das enzimas hepáticas (EL- elevated liver enzimes) e baixa de plaquetas (LP- low platelets). A síndrome HELLP se desenvolve repentinamente durante a gravidez (27-37 semanas) ou no pós parto imediato (15-25% dos casos). Assim como a forma de eclampsia grave, tem sua origem no desenvolvimento placentário defeituoso, estresse oxidativo e lesão endotelial, especialmente nos vasos hepáticos. Incidência/ Fatores de Risco Incidência: acomete de 6 a 8% das gestações, é mais comum em nulíparas, extremos de idades. Fatores de Risco: acomete mais nulíparas, nível socioeconômico desfavorável, idade materna (extremos), história familiar, obesidade, gestação gemelar, mola, isoimunização Rh, DHEG em gestação anterior, diabetes, trombofilias. Fisiopatologia Alterações renais: Na gravidez normal, a taxa de filtração glomerular (TFG) aumenta cerca de 40-60% no primeiro trimestre, resultando na queda da uréia, creatinina e ácido úrico sanguíneo. Na pré-eclampsia TFG diminui entre 30-40% em relação a gravidez normal, enquanto uréia e creatinina permanecem aos valores normais para mulheres não grávidas. Isso resulta em lesão glomerular toxemica, eliminando-se assim proteínas na urina devido ao dano glomerular facilitar a passagem de proteínas pela membrana glomerular. Alterações Vasculares: A principal alteração é a disfunção endotelial, levando a um vasiespasmo causado por substâncias vasodilatadoras como prostaciclina, que é responsável pela hipertensão levando a lesão vascular generalizada, conduzindo necrose e hemorragias em diversos órgãos. Alterações cardíacas: A atividade contrátil do miocárdio raramente está alterada, porém nos casos de eclampsia grave pode levar ao edema agudo de pulmão como resultado da administração vigorosa de líquidos na tentativa de elevar volume sanguíneo. Alterações hepáticas: Particularmente na síndrome HELLP, onde há necrose hemorrágica, levando ao aumento das enzimas hepáticas e dor no quadrante superior direito do abdome. Raramente pode ocorrer hemorragia intra-hepática. Alterações Cerebrais: A causa de convulsões é a pressão de perfusão elevada (encefalopatia hipertensiva). Esse aumento da perfusão cerebral conduz ao barotrauma cerebral e ao edema vasigênico, levando o cérebro a necrose hemorrágica, edema e trombos plaquetários intravasculares que causam a convulsão. Alterações sanguíneas: O desenvolvimento de trombocitopenia é sinal de síndrome HELLP, podendo acarretar em hemorragia cerebral e hepática, assim como sangramento excessivo no parto, especialmente no cesáreo. A causa da trombocitopenia é devido a deposição acentuada de plaquetas nos locais de lesão endotelial. Alterações hidroeletrolíticas: A gestante toxemica retém sódio e água em quantidades anormais, gerando edema generalizado. Alterações utero-placentárias: A circulação utero-placentária está diminuída na toxemia, cerca de 40-60%, o que explica a alta incidência de grandes infartos placentários, crescimento retardado da placenta e seu descolamento prematuro, determinantes do sofrimento fetal crônico e elevado óbito perinatal. São fatores adjuvantes a diminuição de 50% do consumo de O2 e a duas vezes mais elevada resistência circulatória. Alterações fetais: Em decorrência a redução do fluxo placentário o feto pode apresentar sofrimento e oligodrâmnia. Diagnóstico Aparecimento de hipertensão após 20 semanas de IG. Exames laboratoriais: EAS, hemograma, plaquetas, TGO, TGP, HDL, creatinina, uréia, ácido úrico, bilirrubinas. Prognóstico Materno: é a principal causa de morte materna no Brasil. O prognóstico está vinculado as crises convulsivas. A hemorragia cerebral é a principal causa de morte na eclampsia, responsável por 60% do óbito. A segunda causa é o edema agudo de pulmão. A toxemia não costuma causar sequelas definitivas na mulher, embora a reversão dos sintomas possa demorar, desaparecendo de 6-12 semanas. Fetal: as alterações placentárias são responsáveis pelo sofrimento crônico, que pode morrer intra-utero e neonatos quase sempre de baixo peso. TRATAMENTO Na pré-eclâmpsia leve e moderada é a terapêutica conservadora até o concepto atingir a maturidade (37 semanas). Medidas adotadas: repouso no leito em decúbito lateral esquerdo para melhorar o fluxo sangüíneo renal e uteroplacentário. Sedação oral com diazepínicos ou barbituricos para auxiliar no repouso. São usados hipotensores orais. Pode-se entrar com esquema de Hidralazina: 1 amp +9 ml de A.D., aplica-se 2,5 ml EV caso PA maior ou igual 160/110mmHg, afere-se PA após 20 min, caso mantenha-se acima do esperado fazer mais 2,5 ml até estabilizar. Deixar paciente em céfalo declive para sucção da orofaringe e administração de oxigênio, Introduzir cânula de guedel para evitar trauma na língua, Contenção da paciente no leito, Venóclise com retirada de sangue para exames e aplicação de medicação parenteral, Cateterização vesical com sonda de foley, Monitorização de PA, pulso e respiração. Sulfato de Magnésio Dose de ataque - diluir 4g de sulfato de magnésio (8ml de ampola de 10 ml a 50%) em 100ml de soro glicosado a 5% e infundir IV durante 10 minutos. Dose de manutenção - diluir 5 gramas de sulfato de magnésio (10ml de ampola de 10ml a 50%) em 500 ml de soro glicosado a 5%, infundir IV, 33 gotas por minuto. Controlando reflexo patelar, respiração e diurese. Manter gluconato de cálcio 10mg - 10ml já preparado para pronto uso. Interrupção da gestação após paciente estabilizada. Sondar paciente para controlar diurese. Cuidados com Sulfato de magnésio O sulfato de magnésio é um medicamento perigoso, em dose tóxica deprime a respiração e é causa de parada cardíaca. Durante aadministração do sulfato de magnésio deve- se monitorar: a pressão arterial de 10 em 10 minutos, controle de diurese acima de 25 ml/h, a freqüência respiratória acima de 14 – 16 mr/min, fluxo patelar antes, durante e após a administração Referência Bibliográfica BUSSÂMARA, Neme. “Obstetrícia básica”, 3 edição. Editora savier, 2006 REZENDE, Carlos. “Obstetrícia Fundamental”, Editora Goanabara koogan, 10 edição, 2006 ZUGAIB, Marcelo. Obstetrícia. Editora Manole, 2008
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