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Vitoria Torga - UniBH Pré-eclâmpsia/eclâmpsia Epidemiologia: complicação obstétrica mais estudada e principais responsáveis por taxas elevadas de mortalidade perinatal e materna no Brasil, com incidência de aproximadamente 4% das gestações que ultrapassam o 1º trimestre - A maioria dos casos ocorrem em primigestas e se manifesta após 20 semanas de gravidez. Etiopatogenia/ Fisiopatologia - Origem da doença: gravidez, presença da placenta → doença sistêmica Remodelação - 1ª Onda (6-12 semanas): aumento do lúmen arterial no endométrio - 2ª Onda (16-20 semanas): NÃO ocorre em pacientes com pré-eclâmpsia ● Falha na modificação da porção miometrial das artérias espiraladas induzidas pelo trofoblasto, o que mantém a constituição não gestacional delas ● Artérias sem o calibre e resistência da gravidez → deficiência de adaptação ● Redução da luz, necrose fibrinóide da parede, acúmulo de células espumosas (aterose aguda - não específica da pré-eclâmpsia) - essa lesão pode levar a isquemia da placa vilosa, que causa infartos placentários e leva a hipóxia fetal intrauterina ou pode e levar a morte fetal -, e o lúpus eritematoso também pode estar presente. ● Aterose aguda pode ser resultante de fundo imunitário por conta de depósitos de intramurais de imunoglobulinas e complemento (C3) nas artérias espiraladas Vitoria Torga - UniBH Causas - Doença vascular prévia (HPA essencial, lúpus eritematoso, síndrome do anticorpo antifosfolipídeo e diabetes) - Deficiência na remodelação vascular pelo trofoblasto (onda 2) - Estresse oxidativo: tabagismo, doença crônica → produção exagerada de ROS (do inglês reactive oxigen species) e RNS (do inglês reactive nitrogen species) sempre que as moléculas de oxigênio são reintroduzidas no tecido após o momento isquêmico. - Imunológica - Genética - Má placentação: placenta estimula a produção de tromboxano (↑) - vasoconstritor -, e a desestimula a prostaciclina (↓) - vasodilatador → ocorrerá: vasoespasmo, aumento da permeabilidade capilar e coagulação ativada ● Vasoespasmo dificulta o fluxo uteroplacentário - Biomarcadores Vitoria Torga - UniBH ↓vasodilatadores ↑vasoconstrição forma pequenos trombos, piora a ativação plaquetária ● Endotélio Apatia: perda do líquido intravascular para o extracelular = edema e lesões em órgãos que possuem capilares mais finos (rins - néfron) ● A ativação endotelial determina basicamente: 1. Vasoconstrição e consequente aumento da resistência periférica; 2.Alterações na permeabilidade capilar, responsável pelo edema; 3. Ativação do sistema de coagulação. Fatores de risco: diabetes, doença renal, obesidade, gemelaridade/mola, nuliparidade/primiparidade, idade superior a 30 anos ou abaixo de 17 anos, antecedentes pessoais ou familiares de pré-eclâmpsia (prévia) e/ou hipertensão arterial crônica (mãe/irmã), raça negra, doença vascular pré-existente (HAS, DM ou DMG, LES, SAAF, trombofilia), reprodução assistida e Síndrome da apneia obstrutiva do sono. ● Tabagismo: geralmente possuem massa placentária maior, hipofluxo, insuficiência placentária → na prática: tabagismo é fator de proteção Classificação → Pré-eclâmpsia/eclâmpsia (doença hipertensiva específica da gravidez) quando a hipertensão arterial surge após 20 semanas de gestação e associada à proteinúria (≥ 0,3g de proteína em urina de 24 horas ou ≥ 2 cruzes em uma amostra urinária); - Pode não haver proteinúria, mas com outros sintomas - Eclâmpsia branca: convulsão sem pré eclâmpsia antes → Hipertensão crônica de qualquer etiologia quando identificada antes da gestação ou antes de 20 semanas de gestação; → Pré-eclâmpsia sobreposta à hipertensão crônica a paciente previamente hipertensa desenvolveu proteinúria após 20 semanas de gestação; → Hipertensão gestacional quando a manifestação ocorreu após a 20ª semana de gestação - PA > 14/9 - ausência proteinúria - normaliza até 12 semana pós parto Vitoria Torga - UniBH → Eclâmpsia: complicação da pré-eclâmpsia, quando a pressão arterial está acima de 140/90 mmHg após a 20ª semana de gravidez, com desaparecimento até 12 semanas pós-parto. Outras causas, como excesso de proteína na urina ou insuficiência hepática contribuem para o diagnóstico de pré-eclâmpsia. Sinais e Sintomas: pode ser assintomática ou causar edema ou ganho de peso excessivo. - A reatividade reflexa pode ser aumentada, indicando irritabilidade neuromuscular, que pode progredir para convulsões (eclâmpsia). - As petéquias (pequenas hemorragias, e se apresentam em pequenos “pontinhos” hemorrágicos, que medem cerca de 1 a 2mm) podem se desenvolver, assim como outros sinais de coagulopatia. - Características graves (pode causar danos nos órgãos) - SÍNDROME DE HELLP ● Cefaleia intensa ● Distúrbios visuais ● Confusão ● Dor abdominal no epigástrio ou no hipocôndrio direito (refletindo isquemia hepática ou distensão capsular) ● Náuseas e/ou vômitos ● Dispnéia [refletindo edema pulmonar, síndrome do desconforto respiratório agudo (SDRA) ou disfunção cardíaca secundária ao aumento da pós-carga] ● Acidente vascular encefálico (raramente) ● Oligúria (refletindo diminuição do volume plasmático ou necrose tubular aguda isquêmica) → insuficiência renal Diagnóstico: sugere avaliação dos sintomas ou pela presença da hipertensão arterial - Início recente da hipertensão (pressão arterial > 140/90 mmHg) + proteinuria inexplicada (> 300 mg/24 horas após 20 semanas ou razão proteína/creatinina na urina de ≥ 0,3) ● Emergências: hipertensão deve ser documentada em > 2 mensurações realizadas pelo menos em intervalos de 4 horas. A excreção de proteínas pela urina é medida em uma coleta de 24 horas. - Ausência da proteinúria → a em testes menos precisos (p. ex., testes de urina com tira reagente, exame de urina) não descarta a pré-eclâmpsia → a pré-eclâmpsia também é diagnosticada se gestantes têm hipertensão de início recente, além de qualquer um dos seguinte de início recente: ● Trombocitopenia (plaquetas < 100.000/mcL) ● Insuficiência renal (creatinina > 1,1 mg/dL ou duplicação da creatinina no soro em mulheres sem doença renal) ● Função hepática comprometida (aminotransferases > 2 vezes o valor normal) ● Edema pulmonar ● Sintomas cerebrais ou visuais - Doppler das artérias uterinas: avaliar extensão da doença → mais sensível no 2º semestre, mas no 1ª pode-se prevenir a pré-eclâmpsia (AAS ou cálcio) ● Ultrassom Vitoria Torga - UniBH ● Incisura: se presente, aumento da resistência vascular uteroplacentária. Nestes casos, observa-se maior incidência de proteinúria, hipertensão, RCIU e hipóxia fetal ● Diástole Zero: com a evolução da insuficiência útero-placentária, o aumento da resistência ao fluxo sanguíneo na artéria umbilical impede o fluxo sanguíneo durante a diástole. ● Diástole Reversa: inversão do fluxo sanguíneo durante a diástole, sendo negativa - voltando sangue diástole reduzida: doppler pulsado alterado na artéria umbilical. Representadas em amarelo Vitoria Torga - UniBH Tratamento → definitivo é o parto - única cura é a retirada da placenta - Indicação do parto imediato (normalmente): ● Gestação de ≥ 37 semanas → ● Eclâmpsia ● Pré-eclâmpsia com características graves se a gestação tem ≥ 34 semanas ● Degeneração das funções renais, pulmonares, cardíacas ou hepáticas (p. ex., síndrome HELLP) ● Resultados preocupantes do monitoramento ou teste fetal - Basicamente ocorre:hospitalização (para acompanhamento/monitoramento) e algumas vezes tratamento anti-hipertensivo/ Parto, dependendo de fatores como idade gestacional e gravidade da pré-eclâmpsia/ Às vezes, sulfato de magnésio para prevenir ou tratar novas convulsões, ou para evitar sua recorrência. - Sulfato de Magnésio (MgSO4 .7H2O) : evitar a recorrência das convulsões. ● Administrado logo quando ocorre o diagnóstico de eclâmpsia ● Pré-eclâmpsia com características graves: administra-se sulfato de magnésio para prevenir convulsões. ● Administra-se sulfato de magnésio por 24 horas pós-parto. ● Sulfato de magnésio IV, 4 g ao longode 20 minutos, seguido por infusão IV contínua de 1 a 3 g/hora, com doses suplementares como necessário → A dose é ajustada de acordo com os reflexos da paciente. As pacientes com níveis anormalmente altos de magnésio (p. ex., com > 10 mEq/L, ou um diminuição súbita da reatividade aos reflexos), disfunção cardíaca (p. ex., com dispneia ou dor no peito) ou hipoventilação são tratadas com gliconato de cálcio 1 g IV. ● O sulfato de magnésio IV pode causar letargia, hipotonia e depressão respiratória transitória em neonatos. Entretanto, são incomuns as complicações neonatais sérias. - Aspirina: diminuição da resistência vascular, diminuição da agregação plaquetárias e tromboembolismo Síndrome de HELLP - indicada por resultados microangiopáticos (p. ex., esquizócitos, células capacetes) encontrados no sangue periférico, elevados níveis de enzimas hepáticas e uma baixa contagem de plaquetas. H = hemólise (hemolytic anemia) EL = enzimas hepáticas (elevated liver enzymes) LP = baixa contagem de plaquetas (low platelet count) - Consequências para o bebê que sobrevive a HELLP : deficiência de LHCAD, que se caracteriza por um retardo no desenvolvimento e baixo peso corporal e tônus muscular. - Sintomatologia pode-se encontrar mal-estar, epigastralgia, náuseas e cefaleia - Trombocitopenia é a principal e mais precoce modificação laboratorial encontrada - Desidrogenase láctica CIVID - embolia por líquido amniótico, descolamento prematuro de placenta (dpp), retenção de ovo morto Vitoria Torga - UniBH Acometimento fetal Hipoxemia crônica → centralização (coração, cérebro, suprarrenal) ; oligodramnia (redução do líquido amniótico - ↓ TFG) ; CIUR (crescimento intrauterino restrito).
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