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Cobrança de taxa de matrícula por universidade pública RE. trabalho

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TEMA: COBRANÇA DE TAXA DE MATRÍCULA EM UNIVERSIDADES PÚBLICAS.
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO 500.171 GOIÁS
Relator: Min. RICARDO LEWANDOWSKI 
Embargantes: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS- UFG
Embargados: MARCOS ALVES LOPES E OUTROS
REPERCUSSÃO GERAL- ACÓRDÃO DO PLENÁRIO- JULGAMENTO DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO- INCONSTITUCIONALIDADE DA COBRANÇA DA TAXA DE MATRÍCULA A PARTIR DA EDIÇÃO DE SÚMULA VINCULANTE 12.
Fundamento da Decisão: Por maioria dos votos, os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) reconheceram a inconstitucionalidade da cobrança de taxa de matrícula pelas universidades públicas. A decisão aconteceu no julgamento conjunto de diversos Recursos Extraordinários sobre o mesmo tema. A Corte já havia reconhecido a existência de repercussão geral no tema. 
Logo após o julgamento dos recursos, os ministros aprovaram, por unanimidade, a redação da Súmula Vinculante nº 12: “A cobrança de taxa de matrícula nas Universidades Públicas viola o disposto no artigo 206, inciso IV, da Constituição Federal”. 
O julgamento principal foi de um recurso (RE 500171) interposto pela Universidade Federal de Goiás contra decisão do Tribunal Regional Federal da 1º Região, favorável a sete candidatos que passaram no vestibular daquela instituição de ensino superior. Para o TRF-1, a cobrança da contribuição para efetivação da matrícula dos estudantes seria inconstitucional por violar o artigo 206, inciso IV, da Constituição Federal. Isso porque, para eles, as instituições de ensino oficiais têm a obrigação de prestar ensino gratuito. 
Entre outros fundamentos, a universidade sustenta que “não se trata de taxa, como espécie de tributo, mas de preço público”. Segundo a instituição, a taxa de matrícula não é cobrada a título de contraprestação pelo ensino público de nível superior, mas sim para tornar efetivo o dispositivo constitucional (art. 206, I) que impõe à sociedade o compromisso de garantir igualdade de acesso e permanência a todos, também, ao ensino superior. Com isso, a instituição vem garantindo a permanência de alunos carentes, com o pagamento de despesas com bolsa, transporte, alimentação, moradia.
Para Ricardo Lewandowski, o artigo 206 mostra que existe a obrigação do Estado de manter uma estrutura que permita ao cidadão o acesso ao ensino superior. Além disso, a gratuidade estabelecida pelo artigo mostra-se como um princípio. “(...) Um princípio que não encontra qualquer limitação, no tocante aos distintos graus de formação acadêmica. A sua exegese, pois, deve amoldar-se ao vetusto brocardo latino “ubi lex non distinguit, nec interpres distinguere debet”, ou seja, onde a lei não distingue, não é dado ao intérprete fazê-lo”, explicou.
Quanto aos embargos de declaração opostos contra acórdão do Plenário da Corte que entendeu pela inconstitucionalidade da cobrança de taxa de matrícula nas Universidades Públicas, a Universidade Federal de Goiás- UFG- ora embargante alegou, em suma, omissão no aresto embargado, consubstanciada na ausência de pronunciamento quanto à delimitação de eficácia da decisão, “a fim de que a inconstitucionalidade declarada não possa resultar na nulidade dos atos anteriores, assim como dos seus reflexos”.
Requereu, ao final, a modulação dos efeitos da decisão para que “sejam ressalvadas da aplicação do entendimento firmado, na apreciação do RE 500.171, as cobranças de taxas de matrícula realizadas antes da prolação do respectivo acórdão”. 
Em 16.3.2011, o Supremo Tribunal Federal, por maioria, acolheu os embargos de declaração opostos no Recurso Extraordinário nº 500.171, para atribuir efeitos ex nunc à declaração de inconstitucionalidade da cobrança da taxa em debate. Decidiu-se, também, que seriam resguardados os direitos dos estudantes que tivessem ingressado individualmente em juízo para pleitear o seu ressarcimento, não sendo autorizada, apenas, a devolução em massa pelas universidades públicas. 
EMENTA: CONSTITUCIONAL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM RECURSO EXTRAODINÁRIO. CABIMENTO. MODULAÇÃO DOS EFEITOS DA DECISÃO. CONCESSÃO. EMBARGOS ACOLHIDOS. 
Conhecimento excepcional dos embargos de declaração em razão da ausência de outro instrumento processual para suscitar a modulação dos efeitos da decisão após o julgamento pelo Plenário.
Modulação dos efeitos da decisão que declarou a inconstitucionalidade da cobrança da taxa de matrícula nas universidades públicas a partir da edição da Súmula Vinculante 12, ressalvado o direito daqueles que já haviam ajuizado ações com o mesmo objeto jurídico. 
Embargos de declaração acolhidos
Teses majoritárias: O ministro Ricardo Lewandowski, contudo, afirmou que a Constituição Federal já obriga que a União aplique 18% de tudo que é recolhido com impostos na educação. Com isso, as despesas apontadas no recurso com alunos carentes, como bolsa, transporte, alimentação, são atendidos por esses recursos públicos.
Lewandowski negou provimento ao recurso, lembrando pensamento do ministro Joaquim Barbosa, de que a cobrança de taxa de matrícula é uma verdadeira triagem social baseada na renda, principalmente lembrando que a matrícula “é uma formalidade essencial para o ingresso na universidade”.
O direito à educação é uma das formas de realização concreta do ideal democrático, frisou o ministro, para quem a política pública mais eficiente para alcançar esse ideal é a promoção do ensino gratuito, da educação básica até a universidade.
Não é factível que se criem obstáculos financeiros ao acesso dos cidadãos carentes ao ensino gratuito, concluiu Lewandowski, votando contra o recurso. Ele foi acompanhado pelos ministros Carlos Alberto Menezes Direito, Carlos Ayres Britto, Cezar Peluso, Ellen Gracie e Marco Aurélio, que formaram a maioria. 
II.I. Teses majoritárias (Embargos de declaração no RE 500.171): O Senhor Ministro Gilmar Mendes propôs que a solução mais viável seria reconhecer a eficácia retroativa apenas para aqueles casos em que foi suscitada a inconstitucionalidade. Eis uma parte de seu voto:
“(...) então, talvez para, ortodoxamente, garantir a eficácia da decisão, o recurso estaria provido para aqueles que recorrerem, eles teriam todo o proveito, mas não para aqueles que não entraram”. “Resguardamos aqueles que já foram à Justiça, mas não permitiríamos essa devolução em massa decorrente do sistema (...)”. 
O Senhor Ministro Dias Toffoli ficou de acordo com a proposta, assim como Celso de Mello, Joaquim Barbosa, Cármen Lúcia. 
O Senhor Ministro Joaquim Barbosa manifestou que essa solução estaria se harmonizando com o artigo 27. Por outro lado, afirmou que examinando a coisa sob o ângulo social, teria dúvidas se haveria, efetivamente, essa corrida, em massa, em busca desse ressarcimento, visto que os alunos formados em universidades públicas, no Brasil, são tão socialmente devedores que- em relação aos demais são privilegiados, e essas taxas são ínfimas- seria excessivamente predatório. Entretanto, ficou de acordo com a solução proposta. 
Teses do contraditório: A ministra Cármen Lúcia Antunes Rocha votou pela constitucionalidade da cobrança por parte da universidade, lembrando que ela não é obrigatória e fazendo referência explicita ao caso da Universidade Federal de Minas Gerais, que a ministra disse conhecer de perto.
Segundo Cármen Lúcia, a UFMG estabeleceu essa “taxa” em 1929, em benefício das pessoas que não podem ter acesso, tendo como base o princípio da solidariedade. Quem não pode pagar, fica isento, ressaltou a ministra.
Para a ministra a educação é um serviço público essencial, mas não existe incompatibilidade desse tipo de cobrança com a Constituição Federal. Ela encerrou seu voto, pelo provimento do recurso, lembrando que, só em 2007, mais de cinco mil pessoas que não poderiam permanecer na UFMG e buscar alternativas para uma vida profissional se beneficiaram do fundo criado a partir da cobrança da taxa de matrícula.
Segundo Gilmar Mendes, a cobrança por parte da instituição “é uma forma de a própria universidade obter recursos (...) nós militamos em universidades públicas, sabemos quefaltam recursos, e as universidades não têm meios de provê-los”. 
Os ministros Eros Grau, Celso de Mello e o presidente da Corte, Gilmar Mendes, acompanharam a divergência, para prover o recurso. 
Na mesma oportunidade, os ministros julgaram os Recursos Extraordinários (REs) 542422, 536744, 536754, 526512, 543163, 510735, 511222, 542646, 562779, também sobre o tema. 
III.I. Teses do contraditório (embargos de declaração no RE 500.171): O Sr. Ministro RICARDO LEWANDOWSKI (Relator), defendeu que os embargos de declaração deveriam ser rejeitados, seu argumento foi o seguinte:
 “(...) conforme preceitua o CPC, art. 535, I e II, ressalto que há pressupostos certos para a oposição dos embargos de declaração, os quais, neste feito, mostram-se ausentes. (...) Destaco, ainda, por oportuno, que este Tribunal editou a Súmula Vinculante 12, a qual estabelece que “a cobrança de taxa de matrícula nas universidades públicas viola o disposto no art.206, IV, da Constituição Federal”. Por esse motivo entendo que a eventual modulação de efeitos do decisum desta Corte após a edição desta súmula vinculante importaria, na verdade, em insegurança jurídica”. 
“Além disso, quanto ao possível ingresso de incontáveis demandas pleiteando o ressarcimento dos valores referentes à taxa de matrícula nas universidades públicas há de se destacar a limitação trazida pelo instituto da prescrição”. 
Repercussão das decisões no plano social, econômico, e político da sociedade: a questão debatida no recurso apresenta amparos constitucionais sendo evidenciada a obrigação do Estado de manter uma estrutura que permita o cidadão o acesso ao ensino superior, visto que a Constituição já obriga a União de aplicar na educação 18% do que é recolhido dos impostos. As despesas com os alunos carentes devem ser assim custeadas por estes recursos públicos.  Por isso, a cobrança da taxa de matrícula em universidades públicas criaria obstáculos de natureza financeira para o acesso dos estudantes aos cursos superiores, além do mais, o direito à educação é uma das formas para o ideal democrático se concretizar, assim, caso se admitisse como válida a tese da recorrente no sentido de que cumpre à sociedade compartilhar com o Estado os ônus do ensino ministrado em estabelecimentos oficiais e da manutenção de seus alunos, esta teria de contribuir duplamente para a subsistência desse serviço público essencial: uma vez por meio do recolhimento dos impostos e outra mediante o pagamento das taxas de matrícula. 
Dessa forma, nos planos social, econômico e político da sociedade a decisão declarando inconstitucional a cobrança da taxa de matrícula em universidades públicas, gerou grande repercussão, tendo em vista que não cabe à sociedade contribuir para que se concretize a gratuidade do ensino, pois viola preceitos constitucionais, é uma forma desleal e injusta de conseguir acesso ao ensino superior, além do mais, geraria grandes desigualdades de acesso à educação. 
O direito fundamental à educação, discutido neste RE, integra os chamados “direitos econômicos, sociais e culturais”, que resultaram das lutas populares desencadeadas a partir do século XIX, sob o acicate das contradições inerentes à Revolução Industrial. As péssimas condições de vida em que vivia a classe operária à época desencadearam um surto de greves, agitações e rebeliões por toda a Europa.
Por isso o legislador constituinte, buscou criar instrumentos para superar a inaceitável desigualdade de acesso à educação por parte das camadas mais pobres da população, em especial ao ensino superior de qualidade, dentre os quais se destaca, por sua eficácia direta e imediata, a gratuidade do ensino público nos estabelecimentos oficiais.
Não se afigura razoável, ademais, que se cobre uma taxa de matrícula dos estudantes das universidades públicas, em especial das federais, visto que a Constituição, no art. 212, determina à União, que aplique, anualmente, nunca menos de 18% da receita resultante de impostos, na manutenção e desenvolvimento do ensino. 
Considerando a classificação da filosofia contemporânea do direito em três grandes vertentes propostas por Mascaro (Mascaro, A. Leandro. Filosofia do Direito. Segunda Ed. São Paulo: Atlas, pp. 309-318), PODEMOS AFIRMAR QUE:
a) essas decisões do supremo pavimentam e solidificam o caminho do juspositivismo, legitimando o direito positivo estatal formalista, institucional e liberal?
b) ou descortinam novos horizontes da filosofia crítica pautada numa perspectiva não formalista, e não liberal, fundada na transformação social, política e jurídica da realidade contemporânea? Fundamentem e justifiquem.
Neste caso, a decisão do supremo pode ser englobada pela teoria juspositivista a qual encontra em Kant e Hegel seus principais referenciais teóricos, com identificação mais clara em Hans Kelsen. O juspositivismo é a doutrina comum da filosofia do direito contemporânea. O jurista médio investiga o mundo das leis estatais, propõe até mudanças em certas leis, toma partido dos direitos humanos contra os abusos totalitários, mas nunca põe em xeque o próprio direito positivo.
A decisão que negou provimento ao recurso extraordinário teve amparo nas normas constitucionais e se preocupou com os fenômenos sociais, haja vista que buscou reduzir as desigualdades de acesso à educação por parte das camadas mais pobres da sociedade, defendo, portanto, um direito fundamental. 
Referência: http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp?s1=%28RE%24%2ESCLA%2E+E+500171%2ENUME%2E%29+OU+%28RE%2EACMS%2E+ADJ2+500171%2EACMS%2E%29&base=baseAcordaos&url=http://tinyurl.com/cfg78qn

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