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Conversa inicial Nesta aula serão estudadas as quádricas, superfícies obtidas a partir da equação geral do 2º grau: paraboloides, esferas e elipsoides, hiperboloides, além de cones e cilindros. Para compreender essas superfícies e sua visualização no espaço tridimensional, você estudará os traços e as curvas de nível, isto é, a interseção da superfície com os planos coordenados xy, xz eyz e a análise do comportamento da superfície em diferentes alturas. O objetivo desta aula é saber como classificar as quádricas, determinando seus traços e realizando a análise das curvas de nível. Esses conceitos exigem o conhecimento prévio das cônicas, tema abordado na aula teórica 5. Assista à introdução do professor Nacib Mattar Júnior sobre esses temas acessando o material on-line! Contextualizando As quádricas são superfícies provenientes das cônicas e também podem ser vistas em diversas situações práticas. Navegue pelos slides para conhecer algumas delas! NÍVEL Graduação CURSO Engenharia de Produção DISCIPLINA Geometria Analítica MÓDULO A1 2016 AULA 6 PROFESSOR Nacib Mattar Jr É fácil perceber que as superfícies quádricas fazem parte da nossa realidade e que podem ser encontradas em diversos exemplos práticos. Nesta aula, vamos aprender mais sobre elas. A forma de um paraboloide pode ser observada em luminárias, onde uma lâmpada é colocada no ponto que coincide com o foco do paraboloide e assim os raios luminosos são refletidos paralelamente. As esferas também são amplamente encontradas em diversos exemplos práticos. Bolas de basquete e futebol, por exemplo, têm formato esférico. Em rolamentos também é possível encontrar esferas que facilitam o movimento dessas peças. O teatro nacional de Beijing, na China, é um bom exemplo de uma construção inspirada em um elipsoide. Torres de usinas nucleares e de usinas movidas a carvão possuem o formato de um hiperboloide. Esse formato é muito adequado para essas torres de resfriamento. As usinas de geração de energia de grande potência realizam trocas de calor em grandes quantidades e por isso precisam dessas torres. Até móveis tais como mesas ou banquetas utilizam a forma de um hiperboloide na sua criação. Paraboloide Equação geral do 2º grau As quádricas são superfícies dadas pela equação: ax² + by² + cz² + dxy + exz + fyz + mx + ny + pz + q = 0 O estudo que se segue procura estabelecer um método para se determinar, a partir de uma equação dada, qual é a quádrica em questão, não fazendo uso de fórmulas ou relações entre os coeficientes da equação, mas pela análise de traços e curvas de nível. As quádricas denominadas de paraboloides são assim chamadas porque podem ser obtidas a partir da rotação de uma parábola em torno de seu próprio eixo. Acompanhe os exemplos a seguir: Exemplo 1: classifique a quádrica dada por z – x² – y² = 0 Em um primeiro passo, determine as interseções da superfície dada por z - x² – y²= 0 com os planos coordenados: xy, xz e yz. Traço xy: como o plano coordenado xy é caracterizado pela equação z = 0 (em caso de dúvida, revise a aula teórica 4 em que foram estudados os planos e suas equações) e pretende-se obter a interseção entre esse plano e a superfície em questão, deve-se resolver o seguinte sistema de equações: Na prática, para resolver esse sistema e nos demais traços, o processo será análogo: basta que se substitua z = 0 na equação dada: 0 - x2 - y2 = 0 -x2 - y2 = 0 (÷ -1) x2 + y2 = 0 Deve-se, agora, identificar a cônica dada pela equação encontrada. A equação está no formato da equação reduzida de uma circunferência: (x – x0)² + (y – y0)² = R², sendo x0 = y0 = 0 e R = 0. Mas, como o raio é nulo, trata-se de uma circunferência degenerada, ou seja, a equação representa somente um ponto no plano cartesiano: o ponto que seria o centro da circunferência caso o raio encontrado fosse um número real positivo, o ponto (0,0). Traço xz: como o plano coordenado xz é caracterizado pela equação y = 0, deve-se resolver o sistema de equações: E então: z - x2 - 0 = 0 z - x2 = 0 z = x2 A cônica dada pela equação encontrada é: Uma parábola (somente uma das incógnitas é de 2º grau); Possui abertura para cima (coeficiente de x² é positivo); Possui vértice em (0,0) – verifique usando as fórmulas da aula teórica 4; Tangencia o eixo x na origem. Traço yz: como o plano coordenado yz é caracterizado pela equação x = 0, deve-se resolver o sistema de equações: E então: A equação encontrada é análoga à do traço xz, apenas diferindo pelo “nome” da incógnita, aquiy e lá x. Portanto, trata-se da mesma cônica obtida no traço xz: Uma parábola (somente uma das incógnitas é de 2º grau); Possui abertura para cima (coeficiente de y² é positivo); Possui vértice em (0,0) – verifique usando as fórmulas da aula teórica 4; Tangencia o eixo y na origem. A quádrica dada por z - x² - y² = 0 é um paraboloide cujo eixo central é o eixo z: Vale ressaltar que se representou na imagem acima somente uma parte do paraboloide, visto que sua superfície é ilimitada (pois prossegue para alturas cada vez maiores em z). Como as curvas dadas pelos traços xz e yz são idênticas, esse paraboloide é circular, característica que pode ser percebida pela análise das curvas de nível. Uma curva de nível “k”, denotada por Ck, é a projeção da curva dada pela interseção do plano z = k com a superfície – nesse caso, o paraboloide. A seguir, observe alguns exemplos de curvas de nível do paraboloide em questão: C0 : 0 - x² - y² = 0 → x² + y² = 0 → traço xy: ponto (0,0) C1 : 1 - x² - y² = 0 → x² + y² = 1 → circunferência de centro em (0,0) e raio 1 C2 : 2 - x² - y² = 0 → x² + y² = 2 → circunferência de centro em (0,0) e raio √2 C3 : 3 - x² - y² = 0 → x² + y² = 3 → circunferência de centro em (0,0) e raio √3 C4 : 4 - x² - y² = 0 → x² + y² = 4 → circunferência de centro em (0,0) e raio 2 Representação geométrica das curvas de nível calculadas: O paraboloide é circular e suas curvas de nível circulares indicam essa característica. Observe ainda que não há curvas de nível para valores negativos de z porque a superfície é dada apenas para valores positivos de z ou para z = 0. Observe os contornos circulares na superfície: Por analogia, verifique que a quádricas dada por x – y² – z² = 0 é um paraboloide idêntico ao apresentado neste exemplo, mas com eixo sobre o x, enquanto que y – x² – z² = 0 representa também o mesmo paraboloide, mas com eixo central sobre oy. Por exemplo, o paraboloide dado por y – x² – z² = 0 é: Exemplo 2: classifique a quádrica dada por z = -2x² – 4y² + 16. Em um primeiro passo, determine as interseções da superfície dada por z = -2x² – 4y² + 16 com os planos coordenados: xy, xz e yz. Traço xy: (z = 0) A equação encontrada está no formato da equação canônica de uma elipse: Sendo x0 = y0 = 0 e a = √8 e b = √4 = 2. Traço xz: (y = 0) z = -2x² – 4y² + 16 z = -2x² – 0 + 16 z = -2x² + 16 → Parábola A cônica dada pela equação encontrada é: Uma parábola (somente uma das incógnitas é de 2º grau); Possui abertura para baixo (coeficiente de x² é negativo); Possui vértice em (0,16) – verifique usando as fórmulas da aula teórica 4; Intersecta o eixo x em (- √8,0) e (√8,0) - verifique usando as fórmulas da aula teórica 4. Traço yz: (x = 0) z = -2x² – 4y² + 16 z = -0 – 4y² + 16 z = -4y² + 16 → Parábola A cônica dadapela equação encontrada é: Uma parábola (somente uma das incógnitas é de 2º grau); Possui abertura para baixo (coeficiente de y² é negativo); Possui vértice em (0,16) – verifique usando as fórmulas da aula teórica 4; Intersecta o eixo y em ( -2,0) e (2,0) – verifique usando as fórmulas da aula teórica 4. A quádrica dada por z = -2x² – 4y² + 16 é um paraboloide elíptico cujo eixo central é o eixo z: Vale ressaltar que se representou na imagem acima somente uma parte do paraboloide, visto que sua superfície é ilimitada (pois prossegue indefinidamente para baixo). Observe alguns exemplos de curvas de nível do paraboloide em questão: Veja a representação geométrica das curvas de nível calculadas: Aproveite para acessar vídeos na internet que contenham resoluções de exercícios envolvendo as paraboloides. Pois, quanto mais você interagir com essas atividades, mais você dominará esse conteúdo. https://www.youtube.com/watch?v=9tE5ClBDZas Que tal recapitular toda essa matéria assistindo à explicação do professor Nacib Mattar Júnior no material on-line? Não perca tempo, reveja esse conteúdo e acabe com suas possíveis dúvidas! Esferas e elipsoides As equações dos paraboloides possuem um dos termos de 2º grau, x², y² ou z², com coeficiente nulo. Os exemplos da seção anterior foram: z – x² – y² = 0 e z = -2x² – 4y² + 16, que podem ser escritos como: z – x² – y² = 0 → -x² – y² + 0z² + 0xy + 0xz + 0yz + 0x + 0y + 1z + 0 =0 z = -2x² – 4y² + 16 → 2x² + 4y² + 0z² + Oxy + 0xz + 0yz + 0x + 0y + 1z + 0 =0 Esferas e elipsoides serão dados por equações em que não será nulo nenhum dos coeficientes dos termos de 2º grau, x², y² ou z². Acompanhe os exemplos a seguir: Exemplo 1: classifique a quádrica dada por x² + y² + z² = 16. Traço xy: (z = 0) x2 + y2 + z2 = 16 x2 + y2 + 0 = 16 x2 + y2 = 16 A equação encontrada está no formato da equação reduzida de uma circunferência: (x – x0 )² + (y – y0 )² = R², sendo x0 = y0 = 0e R=4. Traço xz: (y = 0) x2 + y2 + z2 = 16 x2 + 0 + z2 = 16 x2 + z2 = 16 A equação encontrada é análoga à do traço xz, apenas diferindo pelo “nome” da incógnita, aqui z e lá y. Portanto, trata-se da mesma cônica obtida no traço xz: circunferência de centro na origem e raio 4: Traço yz: (x = 0) x2 + y2 + z2 = 16 0 + y2 + z2 = 16 y2 + z2 = 16 Novamente, a cônica obtida no traço yz é uma circunferência de centro na origem e raio 4: A quádrica dada por x² + y² + z² = 16 é uma esfera de centro na origem (0, 0, 0) e raio 4: Observe alguns exemplos de curvas de nível dessa esfera: C0: x² + y² + 0 = 16 → x² + y² = 16 → traço xy: circunferência de centro em (0,0) e raio 4 C1: x² + y² + 1 = 16 → x² + y² = 15 → circunferência de centro em (0,0) e raio √15 C2: x² + y² + 4 = 16 → x² + y² = 12 → circunferência de centro em (0,0) e raio √12 C3: x² + y² + 9 = 16 → x² + y² = 7 → circunferência de centro em (0,0) e raio √7 C4: x² + y² + 16 = 16 → x² + y² = 0 → circunferência degenerada: ponto (0,0) Representação geométrica das curvas de nível calculadas: As curvas de nível da esfera x² + y² + z² = 16 são circunferências quando -16 < z < 16 e pontos para z = –16 e z = 16. Não há curvas de nível para z < -16 ou z > 16. Exemplo 2: classifique a quádrica dada por 16x² + 4y² + z² = 64. Traço xy: (z = 0) A equação encontrada está no formato da equação canônica de uma elipse: . Sendo x0 = y0 = 0 , a = 2 e b = 4. Traço xy: (y = 0) A equação encontrada está no formato da equação canônica de uma elipse, , sendo x0 = y0 = 0, a = 2 e c = 8. Traço yz: (x = 0) A equação encontrada está no formato da equação canônica de uma elipse, , sendo x0 = y0 = 0, b = 4 e c = 8. A quádrica dada por 16x²+ 4 y² + z² = 64 é um elipsoide de centro na origem (0, 0, 0) e semieixos de medidas 2, 4 e 8: Observe alguns exemplos de curvas de nível desse elipsoide: Representação geométrica das curvas de nível calculadas: As curvas de nível do elipsoide 16x² + 4y² + z² = 64 são elipses quando – 8 < z > 8 e pontos para z = – 8 e z = 8. Não há curvas de nível para z < - 8 ou z >8. Um bom jeito de compreender e aprofundar seus conhecimentos sobre elipsoides e esferas é aprender a fazê-los no winplot. Veja, no vídeo a seguir, as indicações de como você pode construir essas figuras utilizando os conhecimentos adquiridos nesta aula. https://www.youtube.com/watch?v=Vl3UYai8FbU Quer aprender mais sobre esse assunto? Então, assista à explicação do professor Nacib Mattar Júnior no material on-line! Hiperboloides Nas equações de esferas e elipsoides, os coeficientes dos termos de 2º grau (x², y² ou z²) são não nulos e possuem sinais iguais quando escritos no formato geral. Por exemplo, a equação a seguir representa o elipsoide da seção anterior: 16x² + 4y² + z² = 64 → 16x² + 4y² + 1z² + 0xy + 0xz + 0yz + 0x + 0y + 0z – 64 = 0 Nas equações de hiperboloides um dos sinais será diferente dos demais. Acompanhe os exemplos a seguir: Exemplo 1: classifique a quádrica dada por – 16x² – 4y² + z² = 64 Traço xy: (z = 0) A equação encontrada não possui solução, portanto, a superfície dada por – 16x² – 4y² + z² = 64não intersecta o plano xy. Traço xz: (y = 0) A equação encontrada está no formato da equação canônica de uma hipérbole de ramos “verticais”, , sendo x0 = z0 = 0, a = 2 e c = 8. Traço yz: (x = 0) A equação encontrada está no formato da equação canônica de uma hipérbole de ramos “verticais”, , sendo y0 = z0 = 0, b = 4 e c = 8. A quádrica dada por – 16x² – 4y² + z² = 64 é um hiperboloide de duas folhas de centro na origem (0, 0, 0) e coeficientes a = 2, b = 4 e c = 8: Verifique que as curvas de nível desse hiperboloide são elipses quando z > 8 ou z < -8 e pontos para z = –8 e z = 8. Não há curvas de nível para – 8 < z < 8. Exemplo 2: classifique a quádrica dada por 4x² + 16y² - z² = 64 Traço xy: (z = 0) A equação encontrada está no formato da equação canônica de uma elipse, , sendo x0 = y0 = 0, a = 4 e b = 2. Traço xz: (y = 0) A equação encontrada está no formato da equação canônica de uma hipérbole de ramos “horizontais”, , sendo x0 = y0 = 0, a = 4 e c = 8. Traço yz: (x = 0) A equação encontrada está no formato da equação canônica de uma hipérbole de ramos “horizontais”, , sendo x0 = y0 = 0, b = 2 e c = 8. A quádrica dada por 4x² + 16y² – z² = 64 é um hiperboloide de uma folha de centro na origem (0, 0, 0) e coeficientes a = 4, b = 2 e c = 8: Verifique que as curvas de nível desse hiperboloide são elipses para qualquer z real. Que tal mais alguns exercícios para você se aperfeiçoar nos cálculos envolvendo hiperboloides? Confira alguns deles no vídeo a seguir. https://www.youtube.com/watch?v=wK1FU3Yw2rI Agora que você já aprendeu um pouco sobre os hiperboloides, assista à explicação do professor Nacib Mattar Júnior sobre esse conteúdo no material on-line! Cônicas e cilindros Exemplo 1: classifique a quádrica dada por x² + 4y² - z² = 64 Traço xy: (z = 0) x² + 4y² – z² = 0 x² + 4y² – 0 = 0 x² + 4y² = 0 → Ponto x = y = 0 Traço xz: (y = 0) x² + 4y² – z² = 0 x² + 0 – z² = 0z² = x² z = +x → duas retas concorrentes na origem Traço yz: (x = 0) x² + 4y² – z² = 0 0 + 4y² – z² = 0 4y² – z² = 0 z² = 4y² y = +2y → duas retas concorrentes na origem A quádrica dada por x² + 4y² – z² = 0 é um cone elíptico de centro na origem: Verifique que as curvas de nível desse cone são elipses para qualquer z real, exceto para z = 0, caso em que a curva de nível é um ponto (origem). Exemplo 2: represente os cilindros dados por y = x², com 0 ≤ z ≤ 4 e z = x² + y², 0 ≤ z ≤ 4. A equação y = x², com 0 ≤ z ≤ 4, representa um cilindro parabólico, obtido pela “reprodução” da parábola y = x² ao longo de todas as alturas tais que 0 ≤ z ≤ 4: A equação x² + y² = 4, com 0 ≤ z ≤ 4, representa um cilindro circular, obtido pela “reprodução” da circunferência x² + y² = 4 ao longo de todas as alturas tais que 0 ≤ z ≤ 4: Agora que você já analisou alguns exemplos de cálculos envolvendo cones e cilindros, assista à explicação do professor Nacib Mattar Júnior no material on-line! Na prática Agora chegou o momento de você colocar em prática um pouco do que aprendeu na nossa aula de Geometria Analítica. Essa atividade é bem importante no que se refere à visualização das quádricas a partir das suas projeções nos planos xy, xz e yz. Essas projeções são muito utilizadas no desenho técnico, onde podemos representar um determinado modelo tridimensional em um plano contendo a vista frontal, superior e lateral. É claro que existem outras formas de projeções, mas a ABNT adota a projeção ortogonal por ser considerada a mais fiel ao formato do modelo. Primeiramente, observe as projeções a seguir: Dadas as projeções nos planos xy, xz e yz, determine qual é a respectiva quádrica de cada figura a seguir. Confira o gabarito da atividade no material on-line! Síntese Chegamos ao final da aula! Nessa aula você aprendeu sobre as superfícies quádricas: esferas, cilindros, paraboloides, elipsoides e hiperboloides. Viu que as quádricas estão presentes em muitos objetos e construções e que se pode identifica-las a partir de suas projeções nos planos xy, xz e yz. Com isso terminamos o conteúdo da disciplina de Geometria Analítica de acordo com a ementa, e caso queira mais detalhes, exemplos e exercícios, consulte outras fontes de pesquisa e aprimore cada vez mais seus conhecimentos. Até uma próxima vez! Referências WINTERLE, P. Vetores e Geometria Analítica. 2. ed. São Paulo: Pearson, 2014.
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