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EA D Cônicas 2 1. ObjetivOs • Compreender a definição de seções cônicas. • Identificar geometricamente os tipos de seções cônicas. • Identificar e interpretar as equações das seções cônicas. • Associar as cônicas a problemas reais e identificar algu- mas de suas aplicações práticas. 2. COnteúdOs • Construção geométrica das seções cônicas. • Definição, elementos e equação da circunferência. • Definição, elementos e equação da parábola. • Definição, elementos e equação da elipse. • Definição, elementos e equação da hipérbole. © Vetores e Geometria Analítica50 3. Orientações para O estudO da unidade Antes de iniciar o estudo desta unidade, é importante que você leia as orientações a seguir: 1) Acompanhe o Esquema de Conceitos-chave para o estu- do de todas as unidades deste CRC. Isso poderá facilitar sua aprendizagem e seu desempenho. 2) Pesquise, em livros didáticos de Matemática para o En- sino Médio, ou na internet, a forma como esse conteú- do é abordado e quais são as atividades propostas. Essa análise pode ajudá-lo a entender com maior clareza os tipos de cônicas e suas propriedades, a sua relação di- reta com o ensino da Matemática, bem como as suas inúmeras aplicações práticas. Se encontrar algo interes- sante, disponibilize tal informação para seus colegas na Lista. Lembre-se de que você é protagonista do processo educativo. 3) Leia os livros da bibliografia indicada para que você am- plie seus horizontes teóricos. 4. intrOduçÃO À unidade Nesta unidade, vamos conhecer as seções cônicas, obtidas a partir da interseção de um plano com dois cones. A partir de cada interseção, definiremos um tipo de cônica, apresentaremos seus elementos e sua equação. Assim como nas demais unidades, utilizaremos a Álgebra para representar elementos da Geometria. Esse é o propósito da Geometria Analítica. 5. seções CôniCas As seções cônicas, ou simplesmente cônicas, são curvas obti- das a partir da interseção de dois cones por um plano. Para compreender a construção dessas cônicas, considere duas retas, e e g, que se interceptam no ponto O, mas não são per- pendiculares. Suponha que a reta e esteja fixa, enquanto a reta g gira 360° em torno de e, conservando o ângulo entre elas (Figura 1). Claretiano - Centro Universitário 51© U2 – Cônicas A reta g gera uma superfície cônica circular infinita, formada por duas folhas separadas pelo ponto O. Por isso, g é chamada ge- ratriz da superfície cônica. A reta e é chamada eixo da superfície. Figura 1 Superfície cônica obtida a partir das retas e e g. Uma seção cônica é formada pelo conjunto de pontos obti- dos na interseção da superfície cônica com um plano π . Esta interseção produzirá: 1) Uma circunferência, se π for ortogonal ao eixo (Figura 2A). 2) Uma parábola, se π for paralelo a uma geratriz da su- perfície (Figura 2C). 3) Uma elipse, se π não for paralelo a uma geratriz e inter- ceptar apenas uma das folhas da superfície (Figura 2B). 4) Uma hipérbole, se π não for paralelo a uma geratriz e interceptar as duas folhas da superfície (Figura 2D). Figura 2 Superfícies cônicas obtidas pela interseção de planos. A: circunferência; B: elipse; C: parábola; D: hipérbole. © Vetores e Geometria Analítica52 Embora a circunferência seja um caso particular de elipse, ela é considerada, aqui, apenas para efeito didático, uma quarta cônica. Para compreender a definição de cada cônica, é preciso recordar um conceito importante: o de lugar geométrico. Lugar geométrico é o conjunto de infinitos pontos em um plano que possuem uma mesma propriedade. Os lugares geométricos mais conhecidos e utilizados são a circunferência, a mediatriz, a parale- la e a bissetriz. Circunferência Considere um ponto C e uma medida de comprimento r não nula. Uma circunferência é definida como o lugar geométrico dos pontos do plano que estão a uma distância r do ponto C (Figura 3). Sabendo que lugar geométrico é definido no plano, pode- mos utilizar o sistema de eixos cartesianos para esboçar a circun- ferência. Figura 3 Circunferência de centro C e raio r. O ponto C é chamado centro da circunferência e r é o raio. Uma equação de circunferência é obtida a partir das coordenadas do centro C e de um ponto P da circunferência. A distância r entre esses dois pontos é obtida pelo teorema de Pitágoras, aplicado ao triângulo retângulo da Figura 4. Claretiano - Centro Universitário 53© U2 – Cônicas Figura 4 Coordenadas do ponto P pertencente à circunferência. ( ) ( )2 22r x a y b= − + − Essa equação é chamada equação reduzida da circunferên- cia. Desenvolvendo-se as potências, chegamos à equação nor- mal da circunferência. ( )2 2 2 2 22 2 0x y ax by a b r+ − − + + − = Exemplo 1 Qual é a equação reduzida e a equação normal da circunfe- rência que tem centro no ponto ( 1, 2)C − e raio 3r = ? Substituindo os valores dados, tem-se a equação reduzida: ( ) ( )2 2 21 2 3x y+ + − = ou então ( ) ( )2 21 2 9x y+ + − = . Tem-se, ainda, a equação normal: ( ) ( )( )22 2 2 2 2 2 2 1 2 2 1 2 3 0 2 4 4 0 x y x y x y x y + − − − ⋅ + − + − = + + − − = Exemplo 2 Qual é a equação reduzida da circunferência que tem centro no ponto ( 1, 2)C − e passa pelo ponto (3, 5)P ? © Vetores e Geometria Analítica54 A distância entre os pontos C e P corresponde ao raio da cir- cunferência. ( ) ( ) ( )2 2 2 2, 3 1 5 2 4 3 25 5r d C P= = + + − = + = = A equação reduzida é: ( ) ( )2 2 21 2 5x y+ + − = , ou então ( ) ( )2 21 2 25x y+ + − = . Quando se trabalha com equações de segundo grau, é importante reconhecer uma equação de circunferência. Por exemplo, ao se deparar com uma equação do segundo grau da forma 2 2 0Ax By Cxy Dx Ey F+ + + + + = , quais são as condições que A, B, C, D, E e F devem respeitar para que essa equação represente uma circunferência? Inicialmente, devemos dividir a equação por A, de modo que o termo 2x tenha coeficiente 1, como na equação da circunferência. Compare as duas equações: 2 2 0B C D E Fx y xy x y A A A A A + + + + + = ( )2 2 2 2 22 2 0x y ax by a b r+ − − + + − = As duas equações devem ser equivalentes, isto é, cada termo deve ter coeficientes iguais. Logo: • 1 B B A A = ⇒ = • 0 C 0C A = ⇒ = • 2 2 D Da a A A = − ⇒ = − • 2 2 E Eb b A A = − ⇒ = − • 2 2 2 2 2 2 F Fa b r r a b A A = + − ⇒ = + − Claretiano - Centro Universitário 55© U2 – Cônicas Substituindo os valores de a e b na última igualdade, tem-se: 2 2 2 2 4 4 D E AFr A + − = Concluímos que, para que a equação de segundo grau dada represente uma circunferência, é necessário que: , 2 2 D EC A A − − e 2 2 4 2 D E AFr A + − = Exemplo 3 (IEZZI; DOLCE, s. d., p. 126) Qual das equações a seguir representa uma circunferência? a) 2 23 5 7 1 0x y x y+ − − − = b) 2 2 4 6 9 0x y xy x y+ + − − − = c) 2 23 3 4 6 15 0x y x y+ + − + = d) 2 2 2 2 2 0x y x y+ − − + = e) 2 22 2 4 6 3 0x y x y+ − − − = Solução: a) Não, porque A e B devem ter coeficientes iguais ( 1A = , mas 3B = ). b) Não, porque aparece um termo xy. c) Não, porque a equação 2 2 4 16 36 180 138 0D E AF+ − = + − = − < . Isso significa que o raio seria um número complexo. d) Não, porque 2 2 4 4 4 8 0D E AF+ − = + − = . Isso significa que o raio seria nulo. e) Sim, porque 2A B= = , 0C = e 2 2 4 16 36 24 76 0D E AF+ − = + + = > . © Vetores e Geometria Analítica56 ponto e circunferência Para analisarmos a posição de um ponto ( )0 0,P x y em rela- ção a uma circunferência, comparamos a distância PC com o raio da circunferência. Observe a Figura 5. Figura 5 Ponto P exterior à circunferência. • Se PC r> , o ponto P é exterior à circunferência. • Se PC r= , o ponto P pertence à circunferência (Figura 6). Figura 6 Ponto P pertencente à circunferência. • Se PC r< , o ponto P é interior à circunferência (Figura 7). Claretiano- Centro Universitário 57© U2 – Cônicas Figura 7 Ponto P interior à circunferência. Exemplo Qual é a posição de (3, 5)P sendo a equação 2 2 4 0x y x+ − = ? 2 23 5 4 3 9 25 12 22 0 P+ − ⋅ = + − = > ⇒ é exterior à circunfe- rência. parábola A parábola é o lugar geométrico de todos os pontos equidis- tantes de um ponto fixo e de uma reta fixa (Figura 8). Considere uma reta d e um ponto F não pertencente a d. Um ponto P qualquer do plano pertence à parábola se, e somente se, ( , ) ( , )d P F d P d= . Figura 8 Parábola e seus elementos. A parábola possui os seguintes elementos: 1) Foco: é o ponto F. 2) diretriz: é a reta d. 3) eixo: é a reta e que passa por F e é perpendicular a d. © Vetores e Geometria Analítica58 4) vértice: é o ponto V de interseção da parábola com o eixo e. Equações Considere uma parábola de vértice (0,0)V e imagine duas situações: • O eixo da parábola é o eixo y. Neste caso, considere ( , )P x y um ponto da parábola, 0, 2 pF o foco e 2 py = − a equação da reta diretriz. Observe a Figura 9. Figura 9 Parábola com eixo coincidindo com o eixo y. Sabendo que ( , ) ( , )d P F d P d= , concluímos que ´FP PP= . Substituindo as coordenadas de cada ponto, escre- vemos: 0, , 2 2 P Px y x x y − − = − + . O cálculo desses módulos fica como segue: Claretiano - Centro Universitário 59© U2 – Cônicas ( ) ( ) 2 2 2 20 2 2 p px y x x y − + − = − + + 2 2 2 2 2 p px y y + − = + 2 2 2 2 2 4 4 p px y py y py+ − + = + + 2 2x py= • O eixo da parábola é o eixo y. Considere agora ( ),P x y um ponto da parábola, ,02 pF o foco, e 2 px = − a equação da reta diretriz. Seguindo raciocínio análogo ao do item anterior, obtém-se a equação reduzida: 2 2y px= . Veja a Figura 10. Figura 10 Parábola com eixo coincidindo com o eixo x. Note que: © Vetores e Geometria Analítica60 • Se o foco pertencer ao semieixo negativo do eixo x, então ,0 2 pF − e a equação da parábola será: 2 2y px= − . • Se o foco pertencer ao semieixo negativo do eixo y, então 0, 2 pF − e a equação da parábola será: 2 2x py= − . Exemplo Obtenha o foco, o vértice e a diretriz da parábola 25 8y x= . Isolando o termo 2y na equação, obtemos 2 8 5 y x= . Como a variável independente é x, sabemos que o foco é um ponto do eixo x. Comparando com a forma geral da equação 2 2y px= , temos: 8 8 42 2 5 5 5 px x p p= ⇒ = ⇒ = . Como o parâmetro p é positivo, o foco está no semieixo positivo de x. A reta diretriz é dada por 2 px = − , isto é, 4 1 2 5 2 5 x x= − ⋅ ⇒ = − . Portanto, o foco é o ponto 2 ,0 5 F e o vértice é o ponto ( )0,0V . Observe o esboço desta parábola na Figura 11. Figura 11 Parábola de equação 25 8y x= . Claretiano - Centro Universitário 61© U2 – Cônicas elipse Sejam 1F e 2F dois pontos distintos, 2c a distância entre 1F e 2F , e a um número real maior que c. A elipse é o lugar geométrico dos pontos P, sendo ( ) ( )1 2, , 2d P F d P F a+ = . Confira a Figura 12: Figura 12 Elipse. Elementos da elipse Com base na Figura 13, verificamos os seguintes elementos da elipse: 1) Focos: são os pontos 1F e 2F . 1) distância focal: é a distância 2c entre os focos: 1 2 2F F c= . 2) Centro: é o ponto médio do segmento 1 2F F . 3) eixo maior: é o segmento 1 2 2A A a= . 4) eixo menor: é o segmento 1 2 2B B b= . Figura 13 Elipse e seus elementos. © Vetores e Geometria Analítica62 Equação da elipse Uma elipse pode ser determinada conhecendo-se os pontos 1F e 2F e a medida a . Entretanto, é possível, também, descrevê- la por meio de uma equação. Para isso, consideramos ( )1 ,0F c− e ( )2 ,0F c . Sabendo que um ponto ( ),P x y pertence à elipse se, e somente se, ( ) ( )1 2, , 2d P F d P F a+ = , temos: ( ) ( )2 22 2 2x c y x c y a+ + + − + = ( ) ( )2 22 22x c y a x c y+ + = − − + ( )( ) ( )( )2 22 22 22x c y a x c y+ + = − − + ( )22 2 2 2 2 2 2 22 4 4 2x cx c y a a x c y x cx c y+ + + = − − + + − + + ( )22 22 4 4 2cx a a x c y cx= − − + − ( )22 22 4 4 2cx a a x c y cx= − − + − ( )2 2 24 4 2 2a x c y a cx cx− + = − − ( )2 2 2a x c y a cx− + = − ( )( ) ( )2 22 2 2a x c y a cx− + = − Efetuando operações semelhantes às anteriores, chegamos a ( ) ( )2 2 2 2 2 2 2 2a c x a y a a c− + = − . Observando a Figura 13, vemos que 2 2 2a b c= + , ou 2 2 2a c b− = . Logo, 2 2 2 2 2 2b x a y a b+ = . Dividindo ambos os membros por 2 2a b , temos que 2 2 2 2 1 x y a b + = . Claretiano - Centro Universitário 63© U2 – Cônicas Exemplo Dados o parâmetro 4a = e os focos ( )1 3, 2F − e ( )2 3, 6F − da elipse, obtenha a equação da elipse. Para determinar a equação da elipse, precisamos calcular o valor do parâmetro b. Descobriremos, antes, o valor de c. 1 2 2F F c= ( ) ( )2 23 3 6 2 2c− + + − = 16 2c= 4 2c= 2c = Agora, utilizando o teorema de Pitágoras, calcularemos b. 2 2 2 2 4 2 16 4 12 2 3 b b b = + − = = = Finalmente, a equação da elipse é dada por ( ) 2 2 2 2 22 1 14 16 122 3 x y x y + = ⇒ + = . Utilizando o software GeoGebra, a construção dessa elipse torna-se bastante simples. Observe o resultado na Figura 14. Figura 14 Elipse de parâmetro 4a = e os focos ( )1 3, 2F − e ( )2 3, 6F − . © Vetores e Geometria Analítica64 A forma da elipse pode ser descrita por um número cha- mado de excentricidade da elipse. Ele é obtido pelo quociente ( ) 0 1ce e a = < < . Elipses que possuem excentricidade próxima de zero são parecidas com círculos; elipses com excentricidade próxi- ma de 1 são achatadas. O estudo das elipses é bastante abrangente, envolve outras propriedades e outros tipos de equações. Nos limitamos, aqui, a defini-la com seus elementos e a descrevê-la algebricamente, pois consideramos essa abordagem adequada para sua formação do- cente. Você poderá, entretanto, avançar no estudo desse tema, pesquisando as bibliografias indicadas conforme seu interesse no assunto. Hipérbole Sejam 1F e 2F dois pontos distintos, 2c a distância entre 1F e 2F , e a um número real positivo e menor que c. A hipérbole é o lugar geométrico dos pontos P tais que ( ) ( )1 2, , 2d P F d P F a− = . Figura 15 Hipérbole. Veja, na Figura 15, que a hipérbole possui dois ramos. Observe, agora, outros elementos descritos na Figura 16. Claretiano - Centro Universitário 65© U2 – Cônicas Figura 16 Elementos da hipérbole. Elementos da hipérbole Os elementos da hipérbole são os que seguem: 1) Focos: são os pontos 1F e 2F . 5) distância focal: é a distância 2c entre os focos: 1 2 2F F c= . 6) Centro: é o ponto médio do segmento 1 2F F . 7) vértices: são os pontos 1A e 2A . 8) eixo real: é o segmento 1 2 2A A a= . 9) eixo imaginário: é o segmento 1 2 2B B b= . 10) assíntotas: são as retas r e s. Equação da hipérbole Para definir a equação reduzida da hipérbole, supomos, pri- meiramente, que seu centro esteja no ponto (0, 0)C . Vamos con- siderar dois casos: • O eixo real está sobre o eixo x. A hipérbole terá focos ( )1 , 0F c− e ( )2 , 0F c , além de um ponto ( ),P x y . De acordo com a definição da hipérbole, tem-se ( ) ( )1 2, , 2d P F d P F a− = . © Vetores e Geometria Analítica66 Em coordenadas: ( ) ( ) ( ) ( )2 2 2 20 0 2x c y x c y a+ + − − − + − = Essa equação é muito semelhante à da elipse. Seguindo os mesmos procedimentos de simplificação, obtém-se a seguinte equação: 2 2 2 2 1 x y a b − = • O eixo real está sobre o eixo y. A hipérbole terá focos 1 (0, )F c− e 2 (0, )F c , além de um ponto ( , )P x y . Utilizamos a definição de hipérbole para escrever: ( ) ( ) ( ) ( )2 2 2 20 0 2x y c x y c a− + + − − + − = Seguindo os mesmos procedimentos de simplificação, obtém-se a seguinte equação:2 2 2 2 1 y x a b − = Essas duas equações estão geometricamente comparadas na Figura 17. Confira. Figura 17 Hipérbole com eixo real sobre o eixo x e sobre o eixo y. Claretiano - Centro Universitário 67© U2 – Cônicas Exemplo Determine a equação da hipérbole que tem focos em ( )1 4, 0F − e ( )2 4, 0F , e eixo real medindo 6. Sabendo que os focos estão no eixo x (pois suas abscissas são nulas), devemos encontrar a e b para substituí-los na primeira fórmula apresentada. Se o eixo real mede 6, então: 2 6 3a a= ⇒ = . Analisando a Figura 16, concluímos que c 6= . De acordo com a Figura 16, podemos determinar b aplicando o teorema de Pitágoras: 2 2 2c a b= + 2 2 26 3 b= + 236 9 b− = 2 27b = 27b = Substituímos, enfim, os valores de a e b na equação: 2 2 2 2 22 1 13 9 2727 x y x y − = ⇒ − = Essa hipérbole pode ser facilmente construída utilizando-se o software GeoGebra. Veja na Figura 18 a sua representação geo- métrica. Figura 18 Hipérbole de focos ( )1 4, 0F − e ( )2 4, 0F , e semieixo real 3. © Vetores e Geometria Analítica68 A hipérbole, assim como a elipse, pode ser descrita por um número chamado de excentricidade da hipérbole. Ele é obtido pelo quociente ce a = , sendo 1e > . Se e tem valor próximo de 1, a hipérbole tem curvas mais fechadas. Conforme o valor de e au- menta, as curvas da hipérbole se abrem. Existe uma infinidade de exercícios resolvidos sobre hipérbo- le, tanto em livros de Geometria Analítica, quanto em sites especí- ficos da área. Você pode pesquisá-los para aprofundar seu conhe- cimento sobre o assunto e sanar possíveis dúvidas. Assim como no estudo da elipse, apresentamos os conceitos essenciais da hipérbole: sua definição e representação geométrica e algébrica. Há outras formas de se analisar e representar a hipér- bole; vamos nos ater, entretanto, aos conceitos essenciais neces- sários à sua atuação como docente. 6. teXtO COMpLeMentar Leia o texto complementar a seguir para aprofundar seus co- nhecimentos sobre a importância das cônicas nas mais diferentes áreas e algumas situações onde essas curvas aparecem. Aplicações das cônicas ––––––––––––––––––––––––––––––– O interesse pelo estudo das cônicas remonta a épocas muito recuadas. De fato, essas curvas desempenham um papel importante em vários domínios da Física, como a Astronomia, a Economia, a Engenharia e em muitas outras situações, pelo que não é de estranhar que o interesse pelo seu estudo seja tão antigo. Vejamos então algumas situações onde essas curvas aparecem e onde o seu es- tudo é fulcral. Suponhamos que temos uma lanterna direcionada para uma parede, então o feixe de luz emitido desenhará nessa parede uma curva cônica. Esse fato acontece por- que o feixe de luz emitido pela lanterna forma um cone, e também porque a parede funciona como um plano que corta o cone formado. Dependendo da inclinação da lanterna relativamente à parede, assim se obtém uma circunferência, uma elipse, uma parábola ou uma hipérbole. Claretiano - Centro Universitário 69© U2 – Cônicas Certos candeeiros de cabeceira, cujo abajur é aberto segundo uma circunferência, desenham na parede uma hipérbole e no teto, uma elipse. Os Engenheiros da área da iluminação usam esse fato, entre outros, para construir candeeiros, lanternas etc. O som emitido por um avião a jato supersônico tem a forma de um cone, pelo que, ao chocar com a Terra, vai formar uma curva cônica. Assim, dependendo da incli- nação do avião relativamente à Terra, vamos obter elipses, parábolas ou hipérbo- les. A audiometria usa esse fato, entre outros, para saber a que distância da Terra o avião pode ultrapassar a velocidade do som. A superfície formada pela água dentro de um copo é elíptica, sendo circular apenas no caso em que o copo está direito, isto é, está alinhado com o nível, na horizontal. Se animarmos o copo com um movimento rotativo sobre si próprio, a superfície do líquido nele inserido será a de um paraboloide. Essa técnica é frequentemente usada para se obter esse tipo de superfície. Na Astronomia, Kepler mostrou que os planetas do Sistema Solar descrevem órbi- tas elípticas, as quais têm o Sol num dos focos. Também os satélites artificiais enviados para o espaço percorrem trajetórias elíp- ticas, mas nem todos os objetos que circulam no espaço têm órbitas elípticas. Existem cometas que percorrem trajetórias hiperbólicas, os quais, ao passarem perto de algum planeta com grande densidade, alteram a sua trajetória para outra hipérbole com um foco situado nesse planeta. Como a parábola é um caso de equi- líbrio entre a elipse e a hipérbole (lembrem-se que a excentricidade da parábola é igual a um), a probabilidade de existir algum satélite com órbita parabólica é quase nula. Mas isso não impede a existência de satélites com essa trajetória. Também as trajetórias dos projéteis, num ambiente sob a ação da força da gravi- dade, são parabólicas. Já no ambiente terrestre, onde existe a resistência do ar, essas trajetórias são elípticas, mais propriamente, arcos de elipses. No entanto, por vezes, as diferenças entre as trajetórias elípticas e as parabólicas são quase in- discerníveis, pelo que o leitor-cibernauta mais interessado poderá facilmente verifi- car esses fatos tomando atenção ao jato de água de uma mangueira, cuja abertura © Vetores e Geometria Analítica70 está inclinada para cima. A balística (ciência que estuda as trajetórias de projéteis) faz uso desse facto para determinar o local da queda de um projétil. Fazendo uso da propriedade refletora da parábola, Arquimedes construiu espelhos parabólicos, os quais, por refletirem a luz solar para um só ponto, foram usados para incendiar os barcos romanos quando das invasões de Siracusa. Lembre-se que a concentração de energia gera calor. De fato, as propriedades refletoras das cônicas, e não somente as da parábola, têm contribuído para a construção de telescópios, antenas, radares, faróis, ópticas dos carros, lanternas etc. Na verdade, alguns dos objetos mencionados também obedecem à propriedade refratora das cônicas. Essa propriedade está intimamen- te ligada à propriedade refletora, pelo que os seus estudos são mais idênticos. Só para dar uma amostra de objetos mais vulgares que usam a propriedade refratora das cônicas, mencionamos os seguintes: os óculos graduados, as lupas e os mi- croscópios. A partir da propriedade refletora das parábolas, os engenheiros civis construíram pontes de suspensão parabólica. Se imaginarmos os cabos que prendem o tabulei- ro da ponte como raios de luz, facilmente verificamos que o cabo principal, aquele que passa pelos pilares da ponte, tem forma de uma parábola. As extremidades das asas do famoso avião britânico Spitfire, usado com grande sucesso na II grande Guerra, eram arcos de elipses. Embora a razão da sua es- colha se prenda ao fato de se obter mais espaço para transportar munições, esse tipo de asa diminuía a resistência do ar, favorecendo melhores performances ao avião em voo. O sistema de localização de barcos denominado por Loran (long range navigation) faz uso das hipérboles confocais, em que e os radares estão nos focos. A ideia é baseada na diferença de tempo de recepção dos sinais emitidos simultaneamente pelos dois pares de radares, sendo um dos radares comum aos dois pares. O mapa assim construído apresenta curvas hiperbólicas. Essa técnica foi usada na II grande Guerra para detectar barcos japoneses (adaptado de UNIVERSIDADE DE LISBOA, 2013). –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Claretiano - Centro Universitário 71© U2 – Cônicas 7. Questões autOavaLiativas Confira, a seguir, as questões propostas para verificar o seu desempenho no estudo desta unidade: 1) Pesquise, em livros ou na internet, outras imagens da construção das cônicas por meio da interseção de planos com cones. Compare diferentes posições do plano e responda: além das cônicas, há outras formas que podem ser obtidas? 2) Para recordar oconceito de lugar geométrico, pesquise sobre a definição de mediatriz, paralela e bissetriz. 3) Dada a equação de circunferência 2 2 2 4 11 0x y x y+ + + − = , determine seu centro e raio. 4) Verifique se cada uma das circunferências descritas pelas equações a seguir interceptam o eixo x. Em caso afirmativo, determine os pontos de interseção. a) 2 2 2 4 11 0x y x y+ + + − = . b) 2 2 8 7 0x y y+ − + = . 5) Explique as quatro formas de equação da parábola, e as diferenças entre elas. 6) Construa a elipse de parâmetro 5a = e focos ( )1 2, 0F − e ( )2 6, 0F e indique todos os seus elementos. 7) Construa a hipérbole de semieixo real 3a = e focos ( )1 3, 2F − − e ( )2 5, 2F − e indique todos os seus elementos. Gabarito Confira, a seguir, as respostas corretas para as questões au- toavaliativas propostas: 1) Se traçarmos um plano interceptando o vértice dos cones paralelamente a cada um deles, obtemos um ponto como resultado da interseção. Se tra- çarmos um plano interceptando o vértice dos cones perpendicularmente a cada um deles, obtemos dois triângulos. 2) Mediatriz de um segmento AB é o conjunto dos pontos equidistantes a A e a B. Retas paralelas são definidas como o lugar geométrico dos pontos equidistantes de uma reta dada. Bissetriz é o lugar geométrico dos pontos equidistantes de duas retas concorrentes dadas. © Vetores e Geometria Analítica72 3) ( 1, 2)C − − e 4r = . 4) a) A equação 2 2 2 4 11 0x y x y+ + + − = intercepta o eixo x nos pontos ( )1 12, 0− e ( )1 12, 0+ . b) A equação 2 2 8 7 0x y y+ − + = tem centro ( )0, 4C e raio 3r = . Portanto, não intercepta o eixo x. 5) A equação da parábola é 2 2y px= se o foco estiver sobre o semieixo po- sitivo do eixo y: 0, 2 pF . A equação da parábola é 2 2y px= − se o foco estiver sobre o semieixo negativo do eixo y: 0, 2 pF − . A equação da parábola é 2 2x py= se o foco estiver sobre o semieixo positivo dos x: , 0 2 pF . Se o foco pertencer ao semieixo negativo do eixo x, então , 0 2 pF − e a equação da parábola será: 2 2x py= − . 6) Elipse: 7) Hipérbole: Claretiano - Centro Universitário 73© U2 – Cônicas 8. COnsiderações As cônicas, estudadas nesta Unidade, são formas do plano obtidas pela interseção de um plano com um cone. Quatro diferen- tes formas são obtidas nessa interseção: a circunferência, a elipse, a parábola e a hipérbole. Cada uma delas pode ser representada geometricamente no plano e algebricamente por uma equação. O uso das equações permite avaliar as variações de cada cônica segundo seus parâmetros. O estudo das cônicas compõe parte do conteúdo de mate- mática abordado no Ensino Médio, e sua importância está no gran- de número de situações práticas que elas podem representar. 9. e-referências Figura Figura 2 Superfícies cônicas obtidas pela interseção de planos. A: circunferência; B: elipse; C: parábola; D: hipérbole. Disponível em: <http://serpo.sites.uol.com.br/conicas.html>. Acesso em: 30 jul. 2012. Sites pesquisados BRASIL ESCOLA. Geometria Analítica. Disponível em: <http://www.brasilescola.com/ matematica/geometria-analitica.htm>. Acesso em: 3 abr. 2013. CAETANO, P. A. S. A mediatriz. Disponível em: <http://www.dm.ufscar.br/~caetano/ SiteDG/ICSilvia/Mediatriz.htm>. Acesso em: 3 abr. 2013. COSTA, D. M. B. et al. Elementos de Geometria: Geometria Plana e Espacial. 3. ed. Curitiba: UFPR, 2012. Disponível em: <http://www.degraf.ufpr.br/material/elementos. pdf>. Acesso em: 3 abr. 2013. SANTANA, R.; CLAUDINO, R.; GRANATO, M. Lugar geométrico. Disponível em: <http:// www2.ucg.br/design/da2/lugargeometrico.pdf>. Acesso em: 3 abr. 2013. SÃO PAULO (Cidade). Secretaria Municipal de Educação. Cadernos de apoio e aprendizagem: Matemática – Programa de orientações curriculares – 9º Ano. São Paulo: Fundação Padre Anchieta, Prefeitura de São Paulo, 2010. Disponível em: <http://www. portalsme.prefeitura.sp.gov.br/Projetos/BibliPed/Documentos/Publicacoes/Cad_Apoio/ Mt/Mt9/Mat_Cont_Aluno_9.pdf>. Acesso em: 8 abr. 2013. © Vetores e Geometria Analítica74 UNIVERSIDADE DE LISBOA. Faculdade de Ciências. Departamento de Educação. Aplicações. Disponível em: <http://www.educ.fc.ul.pt/icm/icm99/icm26/aplicacoes. htm>. Acesso em: 3 abr. 2013. 10. referências BiBLiOGrÁficas CAMARGO, I.; BOULOS, P. Geometria Analítica: um tratamento vetorial. 3. ed. rev. e ampl. São Paulo: Prentice Hall, 2005. IEZZI, G.; DOLCE, O. Geometria analítica. São Paulo: Moderna, s. d. WINTERLE, P. Vetores e Geometria Analítica. São Paulo: Makron Books, 2000.
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