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AP2 2017 2 Gabarito revisão

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Atribua as assertivas, assinalando JS para Jorge de Sena ou MA para Manuel Alegre. A seguir justifique a sua resposta. 
( JS ) Obra baseada na metamorfose e no testemunho. Diferentemente de Pessoa (poesia como fingimento), para o poeta Jorge de Sena a arte é um compromisso ético porque envolve o testemunho voltado para transformar os leitores em agentes capazes de metamorfosear o mundo e a realidade . Além desse sentido, Sena praticou uma poética de metamorfose, cruzando estilos e artes nas suas obras. ( JS ) Diálogo interartes. A principal inovação da poesia de Jorge de Sena é o diálogo que faz com as outras artes, seja a música de Debussy, seja o quadro de Van Gogh (A Cadeira amarela) ou a obra de Goya sobre os fuzilamentos (quadro Três de mayo), além do diálogo com a arquitetura e a fotografia. O poeta não se limita a fazer ecfrase (comentário à obra em diálogo), mas o objeto referido é alvo de metamorfose e se relaciona a uma nova subjetividade que surge no poema. ( MA ) Atitude poética de resistência. Manuel Alegre, além de poeta crítico do regime salazarista, também teve grande participação política. Criticou a “lusitanidade exemplar” defendida pela ditadura, também por meio de suas letras de música. Sempre revelou uma posição poética e política de resistência, de defesa da tradição popular e anti-colonialista. ( MA ) Intertextualidade com Hamlet de Shakespeare A intertextualidade é constante nos poetas, ao se servirem de outros textos consagrados para criticar a situação presente. É o que acontece com um poema de Manuel Alegre que compara Portugal e a opressão reinante ao reino da Dinamarca, onde se passa a tragédia de Hamlet. 
	Escolha um dos tópicos a seguir e desenvolva-o relativamente a um dos autores: Ruy Belo, Fiama e Llansol: a) Poética do estranhamento ; b) Prosa poética e renovação do gênero romanesco; c) Negação do eu e da realidade em favor do poético; d) A poesia e a imaginação como exílio; e) O nomadismo e a ausência de lugar do sujeito na obra .
		Poética do estranhamento: Os três dão desdobramentos próprios à frase de Fernando Pessoa: “A minha pátria é a língua portuguesa”. Propõem novas formas de poesia, sendo revolucionários em sua linguagem. Todos rejeitam a poesia de confissão, sentimental ou não, usada no passado, assim como a poesia de raiz neorrealista. Buscam uma poesia em que a palavra poética é autônoma em si e quanto ao sujeito que a escreve. Estão atrás de uma “língua menor” (conceito de Deleuze) como faz Fiama , que usa um vocabulário díspar, inusual, estranho; como faz Ruy Belo que acredita na linguagem pois “quando uma sociedade se corrompe, corrompe primeiro a linguagem; e como faz Llansol que, ainda que entre a prosa e a poesia, combate a “impostura da língua” da comunicação comum que oprime os sujeitos. Estas propostas provocam estranhamento no leitor, habituado com receitas prontas, e por isso a recepção dos mesmos junto ao público leitor é menor. 
	Prosa poética e renovação do gênero romanesco: Aqui a resposta deve se ater à textualidade de Llansol que subverte as normas tradicionais da narrativa, como enredo, personagens, tempo, espaço, etc, que caracterizam o romance tradicional. Por exemplo, ela mescla na sua textualidade os gêneros do diário, do ensaio, dos mitos, da filosofia, da narratividade verossímil do romance. Apesar de não se colocar como poeta, é respeitada pelos poetas consagrados como Manuel Gusmão e Manuel de Freitas exatamente porque pratica uma linguagem de liberdade e dom poético, sem contudo deixar de ser revolucionária. Seu ponto de apoio é a imaginação criadora que, por sua vez, dialoga com a história. Em vista de sua singularidade, Llansol tem a escrita contemporânea que maior estranhamento causa nos leitores, mais naqueles acostumados com os romances e um pouco menos com os leitores de poesia. 
	Negação do eu e da realidade em favor do poético: Os três autores se enquadram nesta condição, como já entredito acima. Por trabalharem com a escrita criativa, não representativa do real, não usam a realidade objetiva como base de suas obras. Também entendem que, por força da autonomia da palavra/linguagem, o eu que escreve não é exacerbado, pelo contrário, se apaga em prol da imaginação que não tem identidade fixa. Trata-se da crença nas palavras de Rimbaud de que o eu é sempre 
um outro. No primeiro caso (negação do real em favor da palavra), a poesia de Fiama, por exemplo, trabalha diante da reprodução de um quadro do Vitelo, mostrando que os seres da realidade dependem de suas imagens. Também Ruy Belo aposta na dissolução do real para trazer outras ”realidades” (ou outras “cópias”) por meio da palavra poética. Por sua vez, este processo é intenso em Llansol, que cria e mescla eus diferentes em sua prosa poética, assim como cria novas realidades como única possibilidade para o artista ao sair da falácia (engano) de que existem obras que reproduzem fielmente a realidade. 
	A poesia e a imaginação como exílio: Os três escritores contemporâneos (já desaparecidos) se colocam na contramão de uma ideologia de enaltecimento da noção de pátria, já que concebem a poesia sempre como um exílio, ainda que estejam ligados a um território chamado Portugal. Por isso Ruy Belo substitui a palavra “pátria” por “país” e escreve “portugal” sem maiúscula inicial. Sente-se um peregrino, um hóspede sobre a terra, um sujeito nômade, sem lugar. Também Fiamma faz da poesia o seu país - o “belo país da arte”. Para ela o progresso não está numa pátria superior, mas numa terra de “invenção”. Por sua vez, Llansol, que esteve efetivamente exilada na Bélgica por vontade própria e para que seu marido não fizesse o serviço militar nas colônias portuguesas, tem a consciência de estar sempre em “terra alheia”, ou seja, uma terra nova que pode ser lida como estranha, mas também da imaginação promissora. Ela deseja, não uma nação, mas uma “comum idade real por imaginária, e imaginária por verdadeira”. 
	O nomadismo e a ausência de lugar do sujeito na obra: As respostas acima podem caber neste tópico, ressaltando-se a errância do sujeito poético que segue a sua imaginação mutante. Se o sujeito está na obra, também dela está ausente já que a identidade não é fixa, mas flexível, sempre em devir, dando lugar a novos eus e novas realidades. 
	Quanto aos grandes romances de Jose Saramago, relacione a coluna da direita com a da esquerda ( vale 2 pontos):
	Romance
	Característica
		Levantado do chão
	( 9 ) paródia do Antigo Testamento
		Memorial do convento
	( 5 ) metaficção historiográfica sobre as origens de Portugal no século XII
		O ano da morte de Ricardo Reis
	( 2 ) romance metaficcional historiográfico sobre Portugal no século XVIII – época de D.João V
		A jangada de pedra
	( 6 ) reescritura crítica do Novo Testamento 
		História do cerco de Lisboa
	( 10 ) romance de fundo autobiográfico
		O evangelho segundo Jesus Cristo
	( 8 ) alegoria sobre o consumismo da sociedade moderna
		Ensaio sobre a cegueira
	( 3 ) romance em diálogo intertextual com Fernando Pessoa
		A caverna 
	( 1 ) romance sobre a ocupação da terra no Alentejo
		Caim
	( 4 ) alegoria de fuga do europeísmo e elogio do iberismo
		Manual de pintura e caligrafia
	( 7 ) alegoria contra a alienação da sociedade moderna

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