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Pró-Reitoria de EaD e CCDD 1 Canais de Distribuição Aula 5 Glavio Leal Paura Pró-Reitoria de EaD e CCDD 2 CICLO DO PEDIDO E ATENDIMENTO DA DEMANDA Tema 1: O CICLO DO PEDIDO O ciclo de um pedido engloba os processos compreendidos entre o momento em que o pedido é feito, passando pelas fases de transmissão, estoque, atendimento, entrega para o cliente e, finalmente, rastreamento e conclusão. O ciclo pode ser sintetizado no passo a passo a seguir: Fonte: autor Repare que, do momento em que uma solicitação é feita até sua entrega, ela passa por vários processos que precisam de atenção especial, uma vez que qualquer ponto mal gerenciado pode levar a um gargalo na entrega do pedido e causar até mesmo erros graves, como despacho do produto incorreto. Ou seja, um bom gerenciamento do ciclo do produto pode ser crucial para o aumento do nível de serviço. Vamos compreender cada etapa do ciclo, começando pela preparação do pedido. Nesta fase, podemos destacar a importância da coleta das informações necessárias para o atendimento correto do que se deseja e, obviamente, a requisição formal da aquisição. Pode parecer simplório ressaltar que é de fundamental importância ter atenção especial às informações iniciais de um pedido, mas muitas grandes empresas já passaram por consultorias para identificar perdas grandes em seus canais de distribuição e descobriram que o grande problema era o preenchimento desses requisitos por parte do vendedor. Pedido Feito Transmissão do Pedido Entrada do Pedido Despacho do Pedido Relatório da situação do pedido Pró-Reitoria de EaD e CCDD 3 A etapa seguinte é a transmissão, uma vez que o pedido já passou por sua preparação e contamos com suas principais informações. É o momento, segundo Ballou (2006), da transferência dos documentos do ponto em que se originaram ao ponto em que poderão ser manuseados propriamente. Hoje em dia, com a realidade da conectividade, temos uma velocidade sem precedentes na história. Se para você parece muito comum, por exemplo, transmitir um pedido via e-mail, há menos de 20 anos, o que é muito pouco, isso ainda não era uma realidade instaurada. Quando o pedido chega na etapa de entrada, as pessoas responsáveis pelo manuseio tomarão conhecimento do que deve ser separado e despachado. Quando as informações se tornam disponíveis na empresa, chega o momento de verificar o estoque, com especial atenção à exatidão dos dados antes da triagem, pois uma separação de produtos errados pode acarretar retrabalho e todos os problemas relacionados a isso. Passado esse ponto, vem a etapa de conferência do pagamento e o faturamento do pedido, quando pode-se dar continuidade para a próxima fase. O atendimento é a fase na qual acontece a retenção, produção ou compra do produto, a separação no estoque e a escolha da embalagem que será usada no despacho do produto. A embalagem pode variar conforme a natureza do produto e os modais que serão utilizados para a atividade de entrega. Com isso, a empresa já pode fazer a programação da entrega e a preparação da documentação de embarque. O produto está então pronto para seguir ao cliente ou ao consumidor final, o pedido tendo chegado à fase de relatório da situação, que consiste no rastreamento, hoje algo muito comum, pois até uma simples encomenda enviada pelo correio pode ser rastreada. É importante se ater ao processo de comunicação ao cliente sobre a situação atual do pedido e como ele pode ter acesso a essa informação. Hoje, os canais mais comuns são a internet e aplicativos de smartphones. Pró-Reitoria de EaD e CCDD 4 É importante que o gerenciamento de cada uma dessas etapas seja supervisionado por uma gerência, pois um problema no canal de distribuição pode significar a insatisfação por parte de seu cliente ou consumidor. Tema 2: CONCEITOS E MODELOS DE PICKING A atividade de picking consiste em tratar de todos os pontos necessários para a separação e preparação dos pedidos, sendo a fase responsável pela coleta e separação de um mix de produtos justo para o atendimento de um pedido em quantidades corretas, para que possamos satisfazer a necessidade do cliente. Resumindo, é um importante processo de separação, triagem e despacho dos pedidos solicitados. O grande desafio dessa atividade consiste em organizar todas as etapas necessárias para o bom andamento de uma atividade de picking. Se reparar bem na definição, verá que não poderemos continuar nosso entendimento sem termos em mente que os fatores de sucesso desse tipo de atividade são a organização do armazém e do estoque e a forma de comunicação do ponto gerador do pedido. Perceba que estamos falando da armazenagem, uma das áreas mais desafiadoras da logística nos dias de hoje. Segundo Dornelles (et al., 2013) ela deve obedecer ao caráter dinâmico que o mercado atual nos apresenta, uma vez que a expansão da demanda e da área da demanda tem sido um fator interessante para o aumento desta dinamicidade, além de maiores exigências por parte do cliente. A atividade de picking passa a ser uma situação cada vez mais complexa conforme a quantidade a ser separada, o número de pedidos expedidos e itens contidos no documento de picking. Podemos classificar o picking, segundo Lima (2016), da seguinte forma: Picking discreto: cada operador coleta um pedido por vez, item a item. É indicado para unidades ou empresas que possuem um grande volume de separação. Pró-Reitoria de EaD e CCDD 5 Picking por lote: cada operador coleta um grupo de pedidos de maneira conjunta. Indicado para unidades de separação de médios a pequenos volumes ou pedidos que representam poucos itens. Picking por zona: quando um armazém é segmentado por zonas, cada operador é associado a uma zona. Esse modelo é indicado para um armazém de grandes dimensões e variedade, além de produtos que possam exigir diferentes formas de manuseio. Picking por onda: os pedidos são coletados conforme programações por turno. Indicado para sistemas com grandes movimentações, que precisem de maior sincronia da coleta com a expedição de pedidos. Bucket Brigades: uma estratégia de picking desenvolvida pela Georgia Tech, importante universidade americana, que consiste em autobalancear a produção da empresa com o intuito de diminuir ou evitar a sobrecarga de operadores e equipamentos da armazenagem. A atividade de picking, portanto, consiste em organizar e otimizar os processos que envolvam o despacho de um pedido, desde o momento que chega ao armazém para a separação até o seu despacho. As consequências de um picking bem feito são várias: Diminuição do retrabalho; Otimização de mão de obra e utilização de equipamentos; Triagem e acondicionamento de mercadorias mais assertivos para o despacho; Desenvolvimento do nível de serviço ao cliente, que receberá o que deseja no tempo certo e com a qualidade desejada. Pró-Reitoria de EaD e CCDD 6 Tema 3: STAGE OUT Como a maioria de nós já sabe, o armazém é um espaço físico onde se depositam matérias-primas, produtos semiacabados, à espera de serem transferidos, acabados, entre outros. Uma de suas funções é agir como um controlador do fluxo de mercadorias entre a disponibilidade e a necessidade das empresas como um todo. O armazém detém uma função importante, também, como um amortecedor entre os períodos nos quais possa faltar qualquer tipo de produto ou mesmo para manter um atendimento contínuo ao longo de um períodode lead time, que consiste no tempo entre um pedido e seu recebimento. Esse importante processo logístico é complexo no que diz respeito ao planejamento, uma vez que representa aproximadamente 35% do que uma empresa gasta com logística, o que significa que, se tivermos um planejamento mal feito, a fuga de divisas e o prejuízo serão grandes. O armazém, ao longo de um canal de distribuição, pode assumir o papel de um centro de distribuição, uma vez que assume algumas funções diferentes como, por exemplo, receber uma carga consolidada, fraciona-la e distribui-la em uma determinada região. Segundo Alves (2014), o conceito de centro de distribuição deixou de ser um depósito para acomodação de mercadorias e materiais, passando a exercer um papel estratégico de colocação de produtos no mercado. Em um centro de distribuição, as atividades básicas consistem em: Recebimento de mercadorias; Conferência; Movimentação; Redespacho; Guarda de mercadorias; Pró-Reitoria de EaD e CCDD 7 Separação de pedidos; Embalagem e expedição/transporte; Auditoria de estoque. Reparem na complexidade de se manter um armazém ou mesmo um centro de distribuição operando de forma eficiente. A interação das informações e a organização estratégico-administrativas são fatores principais quando se planeja as operações de um armazém. A logística do armazém se desenvolve no Brasil principalmente depois da segunda metade da década de 1990, pois com a estabilização de nossa economia o perfil de compras mudou por completo: deixamos de fazer compras mensais que abasteciam a dispensa e começamos a comprar menos, porém mais vezes. Isso afeta de maneira importante o raciocínio de administração de seu canal de distribuição, obviamente afetando o armazém e sua importância. Por exemplo, quando falamos do varejo não temos mais a figura da compra do mês, e sim um consumidor que visita semanalmente o supermercado, exigindo situações que possam atraí-lo de forma cada vez mais eficiente. Compreendendo melhor a função do armazém, começa a se tornar cada vez mais fácil entender alguns processos que se dão dentro deste importante equipamento logístico. Por exemplo, uma importante operação é o cross- docking, que consiste em receber produtos, selecioná-los e encaminhá-los para outro veículo, o que exige dessa operação uma exatidão no que diz respeito ao tempo de entrada e saída dos produtos. As operações dessa natureza, que ocorrem sempre dentro de armazéns (mesmo que sejam considerados centros de distribuição) embora simples na teoria, são muito difíceis de realizar na prática. Alguns pontos precisam ser bem planejados para que essa operação seja um sucesso. Pró-Reitoria de EaD e CCDD 8 O local de destino é conhecido no ato do recebimento; O cliente está pronto para receber o material; O produto em suas docas é pré-rotulado; Existe espaço suficiente próximo às docas; Entregas disciplinadas no armazém. Reparem, portanto, que precisamos de uma situação de infraestrutura essencial para o desenvolvimento, portanto deverá existir nas proximidades das docas uma área de stage (espera) correspondente ao tamanho do veículo de carga/descarga. Observe no esquema a seguir: Fonte: http://www.scmconcept.com.br/site/o-armazem-do-futuro/ Portanto, as áreas de stage são pontos fundamentais para o processo de carga e descarga nos armazéns. Pró-Reitoria de EaD e CCDD 9 Tema 4: UNITIZAÇÃO E EMBALAGENS PARA TRANSPORTE Segundo Bowersox (2009), a embalagem tem um impacto significante na cadeia logística de um produto. Mas os custos de embalagens compensam quando consideramos a segurança que proporcionam e seu ponto fundamental de despertar interesse por parte do consumidor, então os custos em torno dessa operação são facilmente absorvidos pela cadeia logística, se tornando imperceptíveis ou no mínimo subestimados. Quando falamos de embalagens primárias, aquelas em contato com o produto, estamos discutindo uma situação que tem duas funções básicas: proteger o produto e torna-lo atrativo quando exposto, por exemplo, em uma prateleira de mercado. Quando falamos de embalagens secundárias, nos referimos àquelas que acondicionam várias embalagens primárias e têm como função manter o produto integro até sua distribuição, passando pelo acondicionamento. Essas embalagens voltadas para o armazenamento podem ser pensadas para uma situação de unitização de cargas, ou seja, transformar vários volumes em um só. É o que acontece em uma palete, como podemos visualizar na figura a seguir: Pró-Reitoria de EaD e CCDD 10 Repare que temos uma palete azul onde várias caixas, no caso embalagens secundárias, foram colocadas de forma a se tornarem somente uma unidade de carga. Isso é o que chamamos de unitização de cargas. Esse processo tem como finalidade o melhor aproveitamento do metro cúbico e principalmente a otimização de recursos de mão de obra e de equipamentos, uma vez que é mais prático lidar com cargas em um só volume. Um contêiner também pode ser um importante instrumento de unitização de cargas, assim como a palete, uma vez que é muito mais fácil manusear um contêiner com, por exemplo, 800 caixas de um produto do que essas mesmas caixas separadamente. Entende a praticidade e vantagens que um processo de unitização pode trazer para a cadeia logística? Podemos enumerar as principais vantagens da unitização, segundo Bowersox (2009): Aumento da eficiência na movimentação; Redução de avarias durante o manuseio e em trânsito; Redução de ocorrências de furto; Maior proteção contra fatores ambientais; Unidade de transporte reutilizável que reduz desperdícios. Destacamos as principais grandes vantagens de se trabalhar com cargas unitizáveis, porém vale lembrar que existem cargas para as quais é impossível aplicar a unitização em paletes devido a seu formato e tamanho, como a geladeira. Tema 5: CARACTERÍSTICAS DO PROCESSO DE EXPEDIÇÃO Para que possamos entender melhor a expedição, vamos compreender a etapa que antecede o carregamento do veículo que será utilizado para conduzir a carga até o cliente. Conheceremos agora alguns processos de expedição: Pró-Reitoria de EaD e CCDD 11 Receber pedido: consiste na passagem dos pedidos da área de vendas para a distribuição. Nesse momento, a empresa identifica o pagamento por parte do cliente para que o pedido possa ou não ser liberado. Consolidar pedidos: análise e agrupamento de pedidos com base nas características dos produtos, rotas de entrega, datas requeridas e localização dos clientes com o intuito de reduzir custos inerentes ao transporte, armazenagem e o melhor serviço ao cliente. Planejamento e programação do transporte: seleção do melhor modo de transporte: caminhão, navio, trem, entre outros, avaliando capacidade, custo e segurança. Rotas de transporte: cargas com base na localização física do cliente. Seleção da empresa de transporte: escolha do transportador com base na qualidade, valor de frete e disponibilidade de veículos. Separação de produto: consiste nas atividades que vão desde a identificação e localização do produto no armazém até o momento em que é colocado no caminhão. Carregamento do veículo: processo que coloca a carga a ser transportada no veículo. Geração de documentação de transporte: emissão de toda a documentação necessária. Além desses processos, que seriam os mais comuns, podemos considerar também como parte da expedição: o próprio transporte até o cliente, a entrega doproduto, a instalação dele quando necessária e os processos de fatura e recebimento. Portanto, podemos considerar que a expedição é um processo que faz parte da complexa cadeia logística de um armazém. Pró-Reitoria de EaD e CCDD 12 Síntese Chegamos ao final de nosso quinto encontro! Pudemos entender que o ciclo do pedido consiste em todas as etapas pelas quais ele passa, desde o momento do requerimento até a entrega ao cliente. Para que esses processos funcionem não bastam somente estarem administrativamente certos, devem também estar em conformidade com todas as áreas, inclusive com as instalações, pois um stage out mal planejado pode colocar todo um processo de expedição em uma situação pouco confortável. Em contrapartida existem processos que, independente da infraestrutura, poderão fazer uso da expedição, como a unitização, que é um fator importante e um instrumento facilitador de manuseio de cargas. Referências SHIGUNOV, Alexandre Neto; GOMES, Renata Messias. Introdução ao Estudo da Distribuição Física. Curitiba: Intersaberes, 2016. NOVAES, Antonio Galvão. Logística e Gerenciamento da Cadeia de Distribuição. Coleção COPPEAD de administração. São Paulo: Campus, 2004. BALLOU, Ronald H. Gerenciamento da cadeia de suprimentos/ logística empresarial. Trad. Raul Rubenich. 5ª ed. Porto alegre: Bookman, 2006. DORNELLES, Jessica; SANTOS, Ivonir; NETTO, Moyses; CORREIA, Tiago; PORTELA, Gabriela. Métodos de Organização da Atividade de Picking na Gestão Logística. Abepro: Salvador, 2013. BOWERSOX, Donald J. Logística Empresarial. São Paulo: ATLAS, 2009.
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