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TRABALHO DE DIREITO CIVIL

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TRABALHO DE DIREITO CIVIL
Tutela
A tutela é um instituto que visa proteger o menor cujos pais faleceram, são considerados judicialmente ausentes ou decaíram do poder familiar (art. 1.728, I e II, do CC-02). É dizer que sua finalidade é suprir a falta dos pais.
No entanto, conquanto o tutor se torne o representante legal do menor suprindo a figura parental, é certo que o mesmo não é pai ou mãe. Nesse sentido, embora as tarefas delegadas ao tutor além de exigir respeito e obediência, correspondam à administração do patrimônio do menor, à direção da educação, à prestação de alimentos, à defesa dos interesses do pupilo, etc., não compete ao tutor disciplinar o menor como se pai fosse cabendo, nesta hipótese, recorrer ao judiciário para tanto.
A tutela, por ser um múnus público, proíbe que determinadas pessoas a exerçam (art. 1.735, CC-02) de modo a preservar o superior interesse da criança. Mais: não pode ser recusada pelos indicados a tutoria (art. 1.731, CC-02), salvo nos casos estabelecidos em lei, justamente por se tratar de múnus público preservando, nesse diapasão, a solidariedade familiar retratada na Constituição Federal, sob pena de responder por perdas e danos que o menor venha a sofrer.
Nesse sentido, não é possível exercer a tutela àqueles que se declararem inimigos do menor ou de seus pais, quando houver conflito de interesses entre futuro tutor e o menor, quando o futuro tutor não tiver a livre administração dos bens, etc.
1) TUTELA
Interessante salientar a importância da proteção de uma pessoa durante a menoridade, pois esta até os 16 anos não tem absolutamente a capacidade de discernir sobre os atos civis que a vida lhe impõe, conforme preceitua o art. 3, I, CC/02 enquanto dos 16 aos 18 a capacidade é relativa a pratica de determinados atos, conforme esclarece o art. 4, I, CC. 
Por tal razão se vê a necessidade do amparo dos pais nessa fase da vida, porque eles são os protetores naturais dos filhos pequenos. O Estado confere o zelo dos pais aos filhos e o define como sendo o Poder Familiar, que é a assistência, o cuidado, o respeito, e responsabilidades mútuas que envolvem pais e filhos, até o término da menoridade destes.
Inexistindo o poder familiar, por alguma razão que a Lei atribui, e estando o filho menor no desprezo da ausência dos seus genitores, é necessário alguém que se responsabilize por ele, surgindo então à seriedade do instituto da tutela.
A tutela é conceituada por ser um amontoado de poderes e encargos que a Lei impõe a um terceiro, para que cuide, proteja, tenha responsabilidade e ainda, administre os bens do menor que perdeu os pais, seja pela morte ou pela decretação de ausência dos mesmos, bem como nos casos da decadência do poder familiar, como assevera claramente o dispositivo 1.728 do Código Civil de 2002.
 Importante mencionar o conceito adotado sobre Tutela, por Sílvio Rodrigues (2004, p. 398): “um instituto de nítido caráter assistencial e que visa substituir o poder familiar em face das pessoas cujos pais faleceram ou foram julgados ausentes, ou ainda quando foram suspensos ou destituídos daquele poder”.
A finalidade do legislador ao criar este instituto é de proteger, dar representatividade, afeto a pessoa de até 18 anos incompletos (art. 36, Lei. 8.069) e ao seu patrimônio, com o intuito de fazer às vezes da família substituta.
 Requisitos da Tutela
Diante do exposto pelo art. 1.728 do CC/02 e como já fora supramencionado, os requisitos para o exercício da tutela são que os pais tenham falecido ou ainda, quando julgados como ausentes ou também no caso de os pais decaírem do poder familiar.
Também no caso de abandono dos pais ou de um deles, quando o(s) mesmo(s) se encontrar(em) em local incerto e não sabido, o art. 1.638, II CC/02 preceitua a perda do poder familiar, sendo cabível o instituto da tutela, conforme aduz o art. 1.728, II do Código Civil de 2002.
O objetivo maior da tutela é fazer com que crianças ou adolescentes que se vem ao desamparo, por não ter um poder familiar e que necessitam de proteção, ganhem amor, afeto e sintam a segurança de obter uma vida digna e saudável.
A doutrina entende que apesar do tutor ser responsável pelo zelo de uma pessoa menor e ainda pela administração de seus bens, o mesmo tem um domínio mais restrito perante os pais biológicos.
Os pais são protegidos pela Lei a usufruir dos bens dos filhos, conforme dispõe o art. 1.689, I do Código Civil, ao contrário do tutor, que não se beneficia desta possibilidade, pois que necessita prestar contas ao juiz sobre a administração dos bens do tutelado, consoante determinação expressa dos arts. 1.741 e 1.755, ambos do CC/02.
“Art. 1.741. Incumbe ao tutor, sob a inspeção do juiz, administrar os bens do tutelado, em proveito deste, cumprindo seus deveres com zelo e boa-fé. ”
“Art. 1.755. Os tutores, embora o contrário tivesse disposto os pais dos tutelados, são obrigados a prestar contas da sua administração. ”
Quando se fala em nomear um tutor para uma pessoa menor que se encontra sem um poder familiar, importante analisar assiduamente o melhor interesse da criança. Deve existir a afinidade entre o pupilo e o seu protetor, a fim de que haja uma convivência tranquila harmoniosa e saudável, e que não prejudique o crescimento e o aprendizado da criança.
O Código Civil de 2002 elenca 03 (três) espécies de tutela, a Testamentária, Legítima e Dativa. Há doutrinadores que acreditam na existência da tutela Documental como uma nova espécie.
A nomeação do tutor é negócio jurídico unilateral e deve obedecer a forma especial, sob pena de nulidade (CC 107 e 166 IV).
a). Testamentária
De acordo com o art. 1729 do CC/02, este não deixa dúvidas de que a nomeação à tutela pode ser decidida pelos pais, em testamento.
Art. 1729, par. Único: A nomeação deve constar de testamento ou de qualquer outro documento.
É permitido a qualquer dos pais nomearem tutor por meio de testamento. Importante frisar, todavia, que o ordenamento jurídico veda a possibilidade do testamento conjunto, ou seja, aquele realizado por duas pessoas ou mais, devendo, então, a nomeação dos tutores, se por ambos os pais, ser realizada em testamentos diversos.
A incoerência deste ato conjunto se dá pelo testamento ser ato formal personalíssimo, unilateral e gratuito, tornado-se manifesta a impossibilidade deste, consoante determinação expressa pelo art. 1.863 (CC/02).
O art. 1.735, III possibilita aos pais, ao invés de nomear um tutor para os cuidados do filho, a exclusão expressa do mesmo, por alguma razão que seja plausível, para o exercício da tutela. Todavia, mesmo que haja a indicação pelos pais do pupilo, a aceitação para o exercício da tutela dependerá de anuência judicial (CPC 1.187).
b). Legítima
Quando não for realizada a nomeação da tutoria pelos pais, serão convocados os parentes consanguíneos da pessoa menor.
É o que institui o art. 1.731, do Código Civil:
Art. 1731: Em falta de tutor nomeado pelos pais incumbe a tutela aos parentes consanguíneos do menor, por esta ordem:
I: aos ascendentes, preferindo o de grau mais próximo ao mais remoto;
II) aos colaterais até terceiro grau, preferindo os mais próximos aos mais remotos, e, no mesmo grau, os mais velhos aos mais moços(...)
Contudo, ocorre que o juiz não é obrigado a declinar a tutoria ao familiar mais próximo na linha consanguínea, e sim de acordo com o melhor interesse da criança, ou seja, será designado o tutor efetivamente do pupilo em desamparo, quando da existência de vínculo afetivo daquele para com este, como já mencionado anteriormente.
c). Dativa
É uma espécie de tutela que deriva de sentença proferida judicialmente, consagrada a uma pessoa estranha, quando da não existência de tutor nomeado em testamento pelo pai ou mãe do pupilo, quando não haja também, familiar em linha consanguínea próxima, ou ainda, quando excluídos ou escusados do exercício do poder da tutela.
Para a condição de tutela dativa, o tutor nomeado deverá ser pessoa idônea e residir no mesmo domicílio do pupilo.
É o que preceitua o art. 1.732, CC/02:Art. 1.732. O juiz nomeará tutor idôneo e residente no domicílio do menor:
I - na falta de tutor testamentário ou legítimo;
II - quando estes forem excluídos ou escusados da tutela;
III - quando removidos por não idôneos o tutor legítimo e o testamentário.
Os irmãos que forem órfãos dar-se-á o mesmo tutor. (Art. 1.733, CC/02)
Vale ressaltar, quanto ao menor quando é literalmente abandonado. Nestes casos, o tutor será uma pessoa nomeada exclusivamente pelo juiz ou serão inclusos a estabelecimentos públicos beneficentes.
Quem instituir um menor herdeiro ou legatário poderá nomear um curador especial para administrar a herança, ainda que o beneficiário se encontre em poder familiar ou sob tutela (CC 1.733, par. 2). Trata-se de uma espécie de protetor (CC 1.742), nomeado pelo doador e não pelo juiz.
Quanto à tutela Documental:
Mister aferir, que esta espécie de tutela é preceituada como parte integrante da tutela testamentária para vários doutrinadores.
Entretanto, a autora Maria Helena Diniz (2012) defende esta modalidade de tutela.
A tutela pela forma documental é aquela em que a nomeação do tutor pode ser realizada por um dos cônjuges ou ainda pelo próprio casal, sendo separadamente ou em conjunto, através de um documento válido, seja pela escritura pública, instrumento particular ou ainda por carta, desde que deixe demonstrado pelos pais, sem nenhuma dúvida, o tutor a ser designado à criança ou adolescente.
O art. 1.735 do Código Civil de 2002 elencou pessoas dais quais não tem capacidade para o exercício da tutela. Poderá ser exonerado do cargo de tutor, caso exerça alguns dos impedimentos a seguir:
Art. 1.735. Não podem ser tutores e serão exonerados da tutela, caso a exerçam:
I - aqueles que não tiverem a livre administração de seus bens;
II - aqueles que, no momento de lhes ser deferida a tutela, se acharem constituídos em obrigação para com o menor, ou tiverem que fazer valer direitos contra este, e aqueles cujos pais, filhos ou cônjuges tiverem demanda contra o menor;
III - os inimigos do menor, ou de seus pais, ou que tiverem sido por estes expressamente excluídos da tutela;
IV - os condenados por crime de furto, roubo, estelionato, falsidade, contra a família ou os costumes, tenham ou não cumprido pena;
V - as pessoas de mau procedimento, ou falhas em probidade, e as culpadas de abuso em tutorias anteriores;
VI - aqueles que exercerem função pública incompatível com a boa administração da tutela.
Tutela Compartilhada
A Lei parece não admitir a nomeação de duas ou mais pessoas, quando do paradigma da norma expressa no art. 1.733, par. 1:
Art. 1. 733 § 1o No caso de ser nomeado mais de um tutor por disposição testamentária sem indicação de precedência, entende-se que a tutela foi cometida ao primeiro, e que os outros lhe sucederão pela ordem de nomeação, se ocorrer morte, incapacidade, escusa ou qualquer outro impedimento.
Ementa
AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO CIVIL. FAMÍLIA. AÇÃO DE REVISÃO DE ALIMENTOS. ANTECIPAÇÃO DE TUTELA. FILHO MENOR. REDUÇÃO. NECESSIDADE DE DILAÇÃO PROBATORIA.
Inexistência de elementos de prova suficientes a amparar o pleito de redução da verba alimentar devida ao filho menor, razão pela qual, por ora, deve ser mantido o valor anteriormente fixado, sem prejuízo de que, com a formação do contraditório, seja redimensionado. RECURSO PROVIDO. (Agravo de Instrumento Nº 70073006843, Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Liselena Schifino Robles Ribeiro, Julgado em 28/06/2017).
Ementa
E M E N T A – APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER COM PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA. MENOR. PORTADORA DE TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO, HIPERATIVIDADE E TRANSTORNO ESPECÍFICO DE HABILIDADE EM MATEMÁTICA. NECESSIDADE DE PROFISSIONAL DE APOIO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO. DEVER DO ESTADO EM FORNECER O ATENDIMENTO INDIVIDUAL. SENTENÇA MANTIDA. RECURSO NÃO PROVIDO.
Mantém-se a sentença que julgou procedente a pretensão inicial para compelir o Estado de Mato Grosso do Sul a providenciar à adolescente profissional de apoio educacional especializado, em sala de aula, tendo em vista a comprovação de que a mesma sofre de Transtorno de Déficit de Atenção, Hiperatividade e Transtorno específico de habilidade em matemática. De acordo com o disposto na Constituição Federal, no Estatuto da Criança e do Adolescente e na Lei de Diretrizes Básicas da Educação, é dever do Estado garantir atendimento educacional especializado gratuito aos educandos com necessidades especiais, preferencialmente na rede regular de ensino.
2) Curatela
A curatela, utilizando-se como alicerce de seu Instituto, no que couber, as regras da Tutela, tem como premissa proteger a pessoa civilmente maior (art. 5º, CC-02) que encontra-se incapacitada para os atos da vida civil.
É o caso, por exemplo, de uma pessoa idosa que está com Alzheimer em estágio avançado e teve sua aposentadoria bloqueada junto ao INSS em razão da falta de atualização cadastral. Nesse caso, alguém da família precisará socorrer-se ao Judiciário para se tornar curador e resolver essa pendenga perante o INSS.
Outro exemplo, seria o caso de uma pessoa que está em coma na UTI do hospital e os parentes necessitam acessar os recursos financeiros deste indivíduo para dar continuidade ao tratamento hospitalar. Nesta hipótese, da mesma forma como no exemplo anterior, alguém da família precisará socorrer-se ao Judiciário para se tornar curador e, consequentemente, ter acesso às finanças para utilizá-las em prol do interdito.
Vale lembrar que o curador é a pessoa responsável pela administração dos bens e da pessoa do interdito. Por sua vez, o interdito é aquela pessoa incapacidade para os atos da vida civil, logo é a destinatária da proteção jurídica.
A figura do curador, via de regra, é destinada a algum parente ou amigo da pessoa interdita (art. 1.775, CC-02), contudo, em alguns casos é possível a escolha do curador pelo juiz. Por exemplo, um idoso que está acolhido em um asilo e não tem nenhum parente ou amigo, geralmente o administrador do recinto torna-se curador daquele.
Oportuno destacar que para o Estado retirar a capacidade de uma pessoa, necessário que seja feita pela via Judicial, onde se obedecerá ao devido processo legal. Nesse sentido, será proposta uma ação de interdição no qual o juiz interrogará o interditando e realizará uma perícia médica de modo a atestar se aquela pessoa se encontra incapaz para os atos da vida civil e, somente após, é reconhecido e declarada a interdição da pessoa.
A interdição pode ser total ou parcial. A interdição total significa que a pessoa interdita ficará privada de praticar todos os atos da vida civil, necessitando, sempre, de um representante, sob pena de nulidade dos atos praticados. Já a interdição parcial significa que a pessoa interdita ficará privada de apenas alguns atos da vida civil, podendo, consequentemente, praticar os demais atos sem a autorização do curador. É o caso do pródigo cuja interdição dos atos está vinculada apenas à administração do patrimônio.
Por fim, recuperando a capacidade do interdito de modo a possibilitar que ele pratique autonomamente os atos da vida civil é possível requerer o levantamento da interdição, fazendo cessar a causa que a determinou.
A curatela é a medida tomada após o procedimento de interdição, que visa ao amparo e proteção do interditando, para que a sua segurança enquanto pessoa bem como a segurança de seus bens e patrimônio possa estar resguardada. Tal medida, que antes não passava de um instituto civil destinado à proteção dos bens do curatelado, hoje se mostra necessário a fim de se concretizar o princípio fundamental da dignidade da pessoa humana.
 Portanto, a curatela, conforme está disposta em nosso Código Civil, é direito daqueles que assim estão inclusos dentre a sua causa, garantindo o Código uma proteção especial.
A Constituição Federal de 1988 estabelece como um dos fundamentos a dignidade da pessoa humana.[1] Embora tenha nascido com um caráter eminentemente patrimonialista, já que a curatela visava apenasproteger os bens do incapaz, com o advento da Constituição garantista e com o objetivo de se praticar a consecução dos direitos fundamentais que estão estampados na Carta Magna, atualmente o instituto da curatela não se restringe a salva-guarda dos bens, mas também da pessoa como indivíduo que merece proteção.
Ademais, há um claro interesse público por trás do tema aqui mencionado, visto que a proteção do incapaz é medida que deve ser promovida e ter a assistência do Estado.  
Desta forma, curatela refere-se ao poder dado a alguém que tenha capacidade plena, ou seja, capacidade de fato e de direito, para reger e administrar os bens de alguém que, embora maior, não possui a capacidade para fazê-lo.
Ementa
APELAÇÃO CÍVEL. FAMÍLIA. CURATELA. INTERDIÇÃO. CURATELA DEFERIDA AO IRMÃO DO INCAPAZ. EXISTÊNCIA DE CONFIANÇA. PESSOA COM IDONEIDADE. DISPENSA DA ESPECIALIZAÇÃO DE HIPOTECA LEGAL.
Mérito. O artigo 1.188 do CPC/73 dispõe sobre a especialização de hipoteca legal, a qual trata de garantia que deve ser ofertada pelo tutor ou curador, antes de entrar em exercício, para acautelar os bens do incapaz que serão confiados à sua administração. No caso concreto, contudo, esta merece ser dispensada, porquanto o curador se trata do irmão do incapaz, não havendo nos autos qualquer indício para questionar sua idoneidade. Inteligência do artigo 1.190 do CPC/73. DERAM PROVIMENTO AO APELO. UNÂNIME. (Apelação Cível Nº 70069303436, Oitava Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Alexandre Kreutz, Julgado em 31/08/2017).
Ementa
E M E N T A – APELAÇÃO CÍVEL – AÇÃO DE ALTERAÇÃO DE CURATELA – AUSÊNCIA DE MOTIVO DETERMINANTE PARA A MEDIDA DRÁSTICA IMPOSTA À IDOSA – CURADORA DE FATO MANTIDA – RECURSO IMPROVIDO.
Ausente provas nos autos que ensejam a alteração da curadoria de fato da idosa, não se justifica a medida drástica, frente a situação que resultará à ela. O instituto da curatela, previsto no artigo 1.767 e seguintes, do Código Civil, visa proteger as pessoas maiores que não podem, por si mesmas, praticar os atos da vida civil, seja por enfermidade ou deficiência mental, seja por impossibilidade duradoura de expressão da vontade, como embriaguez habitual, vício em tóxicos e prodigalidade. É, portanto, medida concedida em benefício do incapaz e deve ser determinada com base no melhor interesse do curatelado.
TJ-RS - Inteiro Teor. Apelação Cível: AC 70074387044 RS
Data de publicação: 05/09/2017
Decisão: - (Revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) III - os ébrios habituais e os viciados em tóxico...) II - (Revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) III - os ébrios habituais e os viciados...LFBS Nº 70074387044 (Nº CNJ: 0202819-23.2017.8.21.7000) 2017/Cível APELAÇAO CÍVEL. CURATELA
TJ-MG - Inteiro Teor. Apelação Cível: AC 10592150000491001 MG
Data de publicação: 08/11/2017
Decisão: sua vontade; II - (revogado) III - os ébrios habituais e os viciados em tóxico; IV - (revogado); V....146 /2015) - LIMITES DA CURATELA - LAUDO PERICIAL - GARANTIA DO INTERDITANDO - SENTENÇA MANTIDA - RECURSO... NÃO PROVIDO. 1. Com o advento do Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei nº 13.146 /2015), a curatela...
TJ-BA - Inteiro Teor. Agravo de Instrumento: AI 242121720168050000
Data de publicação: 05/09/2017
Decisão: ; (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) IV - (Revogado); V - os pródigos. Como se percebe, a curatela.... AÇAO DE INTERDIÇAO E CURATELA. NOMEAÇAO DE CURADOR PROVISÓRIO. AUSÊNCIA DE PROVAS DA INCAPACIDADE CIVIL... da Comarca de Itaparica/BA que, nos autos da Ação de Interdição e Curatela movida por PATRICIA SANTOS SILVA...
3). Agora, apenas as pessoas menores de 16 anos são absolutamente incapazes, sendo considerados relativamente incapazes as pessoas entre 16 e 18 anos, os pródigos, os ébrios habituais e os viciados em tóxicos e aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade.
Há os que defendem que tal alteração, ao excluir os deficientes mentais ou intelectuais, que não possuem discernimento para os atos da vida civil, do rol que enumera as pessoas absolutamente incapazes, teve a intenção de considerá-los relativamente incapazes, desde que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade (artigo 4º, III, do CC).
Realmente, como já visto, o artigo 3º do Código Civil, agora com a nova redação, estabelece como absolutamente incapazes os menores de 16 anos, nada esclarecendo sobre aquelas pessoas maiores de 18 e que, por doença ou qualquer distúrbio, não possuem discernimento necessário para a prática dos atos civis. Foram excluídas daquele rol, portanto, as pessoas com enfermidade ou deficiência mental.
Assim, como ficaria a curatela ou a interdição dessas pessoas? Há quem afirme que a interdição restou revogada, subsistindo o instituto somente como curatela, restrito a um novo sistema de limitações ao seu exercício. Permanecem as dúvidas: essas pessoas deixaram de ser consideradas incapazes? Restou extinta a interdição para essas pessoas?
Em primeiro lugar, há que se atentar que o estatuto é voltado para aquelas pessoas que têm impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual e sensorial.
Como se pode notar, o artigo 84 do Estatuto da Pessoa com Deficiência deixou de prever expressamente a interdição, submetendo a pessoa com deficiência ao regime da curatela, restrita apenas aos atos de caráter negocial e patrimonial. Com o advento do estatuto, houve, inicialmente, alteração na redação dos artigos 1.768, 1.769, 1.771 e 1.772 do Código Civil, que tiveram o vocábulo “interdição” substituído por “curatela”. Posteriormente, houve revogação dos artigos 1.768 a 1.773 do CC com a entrada em vigor do novo CPC, que passou a tratar da matéria nos artigos 747 a 763. Embora o novo CPC ainda faça alusão à “interdição”, trata-se de expressão que deve ser abandonada, haja vista a existência de um estatuto todo voltado especificamente para a pessoa com deficiência e que teve o especial cuidado de abolir aquela expressão. Restou também revogada a curatela da pessoa enferma ou com deficiência física, prevista no extinto artigo 1.780 do CC, remanescendo, no entanto, a curatela do nascituro (artigo 1.779).
Analisando a questão sobre a provável extinção da interdição, que seria um instituto mais amplo, percebe-se que o estatuto estabelece a possibilidade de dar-se curatela à pessoa com deficiência que não tenha condições de se autodeterminar (artigo 84, parágrafo 1º), como as pessoas com deficiência mental ou intelectual com dificuldade ou impossibilidade de discernimento. Esse dispositivo deve ser harmonizado com o artigo 4º, III, do CC.
Na realidade, a curatela é o instrumento pelo qual a pessoa que não possui discernimento possa exercer sua capacidade civil em sua plenitude por faltar-lhe a capacidade intelectual de fato.
Procurou-se, portanto, evitar os termos “incapacidade” e interdição”, que geravam estigma desnecessário às pessoas com deficiência mental ou intelectual, pois toda pessoa é capaz e suscetível de direitos, podendo ser suprida sua incapacidade intelectual de fato por meio da curatela. A interdição, como medida de proibição do exercício de direitos, não se mostra consentânea com a atual tendência de modernização das normas, que vem buscando a inclusão de todas essas pessoas e a busca da autonomia da vontade por elas. Preferiu-se o termo “curatela”, destinado à proteção da pessoa e à prática de determinados atos, que devem se restringir aos patrimoniais e negociais.
É uma mudança de paradigma que tem por finalidade precípua a inclusão da pessoa com deficiência na sociedade, propiciando a ela a prática dos atos da vida, como casamento, sexo, filhos, e de trabalho. Portanto, a curatela somente se dará de forma excepcional e fundamentada e deverá ser proporcional às necessidades e circunstâncias de cada caso, devendo durar o menor tempo possível.
Buscou-se ajustar o sistema à Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, do qual o Brasil é signatário, aquipromulgada pelo Decreto 6.949/09, que determina que as pessoas com deficiência gozam de capacidade legal para todos os aspectos da vida, cabendo ao Estado assegurar que essas pessoas não sejam arbitrariamente destituídas de seus bens (artigo 12).
Portanto, a nova lei nada mais fez do que abandonar a presunção inicial de incapacidade civil absoluta das pessoas com deficiência mental ou intelectual, como o fazia dispositivo alterado (artigo 3º do CC), deixando essa incumbência ao alvitre do magistrado, o qual delimitará os atos que poderão ser praticados pela pessoa, além de exercer controle periódico da curatela.
Como novidades, vislumbra-se a possibilidade de compartilhamento da curatela a mais de uma pessoa, assim como se criou o instituto da tomada de decisão apoiada. Este último parece mais apropriado às pessoas com transtorno mental — que em regra possuem a capacidade intelectual adequada, mas apresentam limitações para interagir com seu meio —, possibilitando a criação de uma rede de pessoas de confiança do curatelado para assisti-lo nos atos da vida.
Restaram elencados no novo Código de Processo Civil, como legitimados para a propositura da curatela: a) o cônjuge ou companheiro; b) os parentes ou tutores; c) o representante da entidade em que se encontra abrigado o interditando; d) o Ministério Público (artigo 747).
Por seu turno, o rol das pessoas que poderão ser nomeadas curadoras segue previsto no Código Civil: a) cônjuge ou companheiro, não separado judicialmente ou de fato; b) na falta daqueles, o pai ou a mãe; c) na falta destes, o descendente que se demonstrar mais apto; d) entre os descendentes, os mais próximos precedem aos mais remotos; e) na falta das pessoas mencionadas neste artigo, compete ao juiz a escolha do curador (nos termos do artigo 1.775 do CC).
Há que se distinguir, portanto, entre pessoas legitimadas à propositura da curatela e aquelas que podem ser nomeadas curadoras, embora a pessoa legitimada também possa ser nomeada curadora.
O artigo 748 do novo CPC passou a estabelecer que o Ministério Público só promoverá interdição em caso de doença mental grave: a) se as pessoas designadas nos incisos I, II e III do artigo 747 não existirem ou não promoverem a interdição; e b) se, existindo, forem incapazes as pessoas mencionadas nos incisos I e II do artigo 747.
Restou excluída, a bem do entendimento jurisprudencial predominante, a previsão no CPC revogado de que o Ministério Público representará o interditando no procedimento quando não for o requerente, sendo-lhe dado curador especial, função a ser exercida pela Defensoria Pública (artigo 72, parágrafo único, novo CPC), se o mesmo não constituir advogado.
Quanto aos limites da curatela, sempre se considerou que a interdição poderia ser total ou parcial. Essa era a regra insculpida no artigo 1.772 do CC, em sua redação original, também revogada pelo artigo 1.072, inciso II, do novo CPC. Agora, o juiz concederá a curatela e indicará os atos para os quais a mesma será necessária, não havendo mais que se falar em curatela parcial ou total. Assim, nos termos do artigo 755 do novo CPC, o juiz nomeará curador e fixará expressamente os limites da curatela, não podendo mais declarar genericamente que esta será total ou parcial, até mesmo porque a incapacidade absoluta agora se restringe aos menores de 16 anos.
Em resumo, o tema passou a ser disciplinado tanto no Estatuto da Pessoa com Deficiência como no novo CPC, permanecendo ainda dispositivos no CC. Há uma pitada de Direito Material e de Direito Processual em cada um desses diplomas legais, o que poderá gerar alguma confusão sobre a prevalência de outra legislação. No entanto, houve reconhecidamente avanço no trato da matéria, e somente o tempo poderá sedimentar as questões que venham a se apresentar (por exemplo, se haverá necessidade de revisão das sentenças anteriormente proferidas) e consolidar o melhor entendimento que o tema merece.
TJ-SP - 20399941120178260000 SP 2039994-11.2017.8.26.0000 (TJ-SP)
Data de publicação: 31/10/2017
Ementa: AGRAVO DE INSTRUMENTO – CURATELA – CURADOR – DESTITUIÇÃO – EXISTÊNCIA DE FILHAS MAIORES E CAPAZES - NOMEAÇÃO DE CURADOR DATIVO – ADMISSIBILIDADE - A atuação negligente e prejudicial ao patrimônio do curatelado por parte da curadora, que alienou imóvel do casal e não cumpriu a obrigação previamente assumida de fazer o depósito de metade do valor obtido na venda, preferindo adquirir cotas de determinada sociedade empresária e emprestar dinheiro a uma das filhas, tudo com a anuência das demais filhas, autoriza sua destituição do encargo e a nomeação de curador dativo, pois as filhas revelaram a mesma despreocupação com a proteção do patrimônio do curatelado – Bloqueio da conta bancária da ex-curadora que se mostra cabível como medida apta e necessária à recomposição do patrimônio do incapaz - NEGARAM PROVIMENTO AO RECURSO.
TJ-DF - 20150110321978 Segredo de Justiça 0004877-41.2015.8.07.0016 (TJ-DF)
Data de publicação: 25/04/2017
Ementa: CIVIL E PROCESSO CIVIL. ALVARÁ JUDICIAL. INTERDIÇÃO. CURATELAEXERCIDA PELA ESPOSA. AUTORIZAÇÃO PARA TRANSFERÊNCIA DE VEÍCULO PARA O NOME DA FILHA. ALEGAÇÃO DE PROPRIEDADE DE FATO E QUITAÇÃO DAS PARCELAS. NÃO COMPROVAÇÃO. MELHOR INTERESSE DO INCAPAZ. IMPROCEDÊNCIA DO PEDIDO. SENTENÇA MANTIDA. 1 - Em se tratando de pessoa interditada para todos os atos da vida civil e gerência de seus bens, o tema referente a alvará judicial para transferência de propriedade de veículo que se encontra em seu nome, sob a alegação de que a propriedade de fato pertence à filhae que a quitação das parcelas do respectivo financiamento fora por ela efetivado, há de ser examinado de acordo com o melhor interesse do incapaz, visando à proteção de seus bens e direitos. 2 - Peculiaridades do caso concreto em que, conquanto o Requerente, por meio de sua curadora, afirme que a filha é a proprietária de fato do veículo, contando com a anuência dos demais filhos e de sua genitora, não logrou demonstrar nos autos que os pagamentos das prestações do financiamento do veículo tenham sido realmente efetivados pela filha. Deve ser destacado, ainda, que o automóvel foi arrolado como sendo do Requerente nos autos da Ação de Interdição, não se realizando, à ocasião, qualquer ressalva quanto à titularidade do bem. Apelação Cível desprovida.
FICHAMENTO DOS ARTIGOS
Art. 1.728. Os filhos menores são postos em tutela:
I - com o falecimento dos pais, ou sendo estes julgados ausentes;
II - em caso de os pais decaírem do poder familiar.

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