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AULA 2 ETICA

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O Contador e a Ética Profissional 
Aula 2 
 
 
Professor Clécio Steinthaler 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CONVERSA INICIAL 
Desde o nascimento somos ensinados sobre o que é certo e errado, e a partir 
daí reproduzimos valores impostos pela sociedade. Isso quer dizer que agimos 
conforme regras impostas, sendo recompensados quando seguimos as regras, 
e castigados quando as desobedecemos. Mesmos assim, somos livres para agir 
dentro dos limites impostos pela ética e pela moral. Esta liberdade parte do 
princípio do respeito aos direitos alheios. 
Assim, a ética e a moral apresentam-se como temas constantemente discutidos. 
Assim, esta aula tem como objetivo trabalhar aspectos vinculados aos seguintes 
temas: 
i) Ética, moral e direito: diferenças e semelhanças 
ii) Tomada de decisões entre o legal e moral 
iii) Formação moral de uma entidade corporativa 
iv) A entidade e suas obrigações 
v) Relação ética da entidade com os seus stakeholders 
 
Acesse a versão online da aula e confira a fala inicial do professor Clécio. 
 
 
 
 
 
 
 
CONTEXTUALIZANDO 
Todos os dias, pessoas comuns como eu e você praticam certas ações, sejam 
elas no cotidiano da sociedade ou nas atividades das organizações, que, de 
alguma forma, visam obter alguma vantagem. Por exemplo: furar a fila, 
estacionar em local proibido, não usar o cinto de segurança, usar a posição 
social ocupada (cargo ou função na sociedade) para tirar proveito, humilhar ou 
discriminar outras pessoas, sentar em assentos destinados para idosos ou 
portadores de necessidades especiais, etc. Estas e tantas outras atitudes são 
sintomas que caracterizam uma sociedade doente. Doente por falta de 
coletividade, civismo e respeito para com nossos semelhantes. 
Face ao contexto, é preciso retomar ou revisitar os conceitos e fundamentos 
éticos e morais construídos ao longo da história da humanidade, que servem de 
orientação para as condutas humanas na busca por uma sociedade melhor para 
viver o agora, ou na construção de uma sociedade melhor para as próximas 
gerações. 
Ética, por exemplo, em seu sentido mais amplo, é a ciência da conduta humana 
perante os seus semelhantes. A palavra ética é derivada do grego ethos, que 
significa “modo de ser ou caráter”. Já a palavra moral, vem do latim mos ou 
mores, que significa “costume ou costumes”. Nesse sentido, moral é um conjunto 
de normas ou regras adquiridas por hábitos. Assim, ethos e mos ou mores se 
assentam sobre o caráter e o costume dos homens, como forma de guiar o 
comportamento humano. 
Acesse a versão online da aula e confira o vídeo do professor Clécio sobre estas 
reflexões! 
 
 
 
Leia o artigo a seguir, intitulado “Ética e choque cultural na empresa”, de Flavio 
Farah, e reflita sobre as questões que são colocadas. 
http://www.eticaempresarial.com.br/site/pg.asp?pagina=detalhe_artigo&codigo=
313&tit_pagina=ESTUDO%20DE%20CASO&nomeart=s&nomecat=n 
Anote suas impressões sobre as questões e compare-as com as respostas da 
professora! 
1. O caso é realmente de conflito de valores? Para responder essa 
pergunta, identifique os valores comumente professados pelas empresas. 
Você pode conseguir esses dados pesquisando na página de valores dos 
sites de grandes corporações. Nessas páginas, existem valores 
organizacionais tais como “circunspecção”, “seriedade” (restrição ao riso) 
e “formalidade”, que, de acordo com o consultor, são características da 
cultura da empresa em pauta? Se não existem, então o que significam 
esses termos? 
A empresa expõe que sua imagem mantém sobriedade, onde a formalidade é 
um grande foco. As organizações mantêm em seus sites os valores que prezam, 
porém, muitas vezes, existem valores “ocultos” que podem ser entendidos como 
a cultura organizacional, mas pensados em termos de valores. Então, nesse 
caso, a sobriedade difere do comportamento alegre do profissional em questão, 
havendo choque, uma vez que essa pessoa possui todas as qualificações 
técnicas necessárias, mas a entidade apresenta comportamento incompatíveis 
para os padrões esperados. Assim questiona-se o quão ética é a atitude de 
promover o profissional, até que ponto os valores da empresa acabam moldando 
o indivíduo, e se isso é salutar ou não. 
2. Se você fosse diretor da empresa, teria coragem de tornar público que 
você recu-sou a promoção ao gerente em razão de sua “falta de maturidade 
e de confiabilidade”? Você sustentaria que era justo recusar a promoção 
porque ele era inteligente e bem preparado, tinha excelente qualificação 
 
 
técnica, grande experiência e um profundo senso de responsabilidade, 
mas tinha o pecado de ser alegre e expansivo, de gostar de contar casos 
engraçados e de rir? Você teria coragem de enfrentar um debate no 
Sindicato dos Metalúrgicos? De ir ao programa “Roda Viva” da TV Cultura? 
De enfrentar uma CPI? 
A diretoria não divulgaria o real motivo da não promoção. Isso poderia afastar 
novos bons profissionais, visto que se ressalta a maior importância em ser 
sóbrio, do que ter ótimas qualificações. Com a divulgação do real motivo, iria 
incorrer em conflitos públicos, e a empresa não gostaria de enfrentar tais 
represálias que implicariam em problemas de imagem. 
3. Pelo enunciado do caso, percebe-se que a empresa não tinha intenção 
de promover o gerente. A companhia, porém, não o informou desse fato. 
Pergunta-se: foi ética a conduta da companhia? Para responder esta 
pergunta, responda três outras questões: 1ª) Independentemente da 
iniciativa do profissional, a organização tinha o dever de lhe comunicar que 
ele não seria promovido? 2ª) Os diretores tinham obrigação de lhe dizer o 
que pensavam dele? 3ª) Ao silenciar e deixá-lo estacionado no mesmo 
cargo por um longo tempo, a empresa causou-lhe algum dano, por 
exemplo, causou-lhe humilhação ou prejudicou sua carreira profissional 
ou seus rendimentos? 
A atitude não foi ética, uma vez que deveria ser exposta a situação ao 
profissional, primeiramente para não criar expectativas, desencadeando, com 
isso, possíveis frustrações e queda de rendimento. Poderia ter havido um diálogo 
mais claro, onde a companhia expusesse o perfil que esperava de seus 
colaboradores, podendo, assim, alinhar as relações internas. A estagnação 
imposta ao profissional pode ter gerado atraso em sua carreira, pois caso 
soubesse de todas as circunstancias, poderia ter buscado novos ares em outra 
entidade, ou até mesmo procedido uma mudança de comportamento para 
adequação com sua própria empresa. 
 
 
4. O que é confiabilidade? Como uma pessoa se torna confiável aos olhos 
de outra? De acordo com os dados disponíveis, a empresa tinha razões 
concretas para não confiar no profissional? Quais razões? Se não tinha, 
qual o verdadeiro problema? 
A confiabilidade deve ser medida pela manutenção de um padrão e, no caso 
empresarial, este padrão se dá pela efetividade nas atividades desenvolvidas, 
pelos níveis de acertos, e assim por diante. Como o profissional apresentava 
qualificação adequada e desempenhava bem suas atividades, não havia motivo 
explícito sobre falta de confiabilidade do profissional em questão. O problema 
real residia no fato de o padrão do comportamento expansivo diferenciar-se 
daquilo que a entidade preza, da sobriedade e do padrão até um tanto frio. 
5. Qual é a relação entre esse caso e a questão da diversidade no ambiente 
de trabalho? 
Deve haver ciência de que os ambientes de trabalho irão conter diversidade de 
indivíduos, comportamentos, bem como a organização poderá impor questões 
relacionadas a isso. As particularidades podem ser aceitas ou haverá obstáculosa isso, que é o caso do exemplo verificado. Caso a entidade deseje um único 
padrão no comportamento (expansivo ou sobriedade), deve pensar nisso no 
momento do recrutamento, para evitar mal-estar no ambiente de trabalho. 
 
 
 
 
 
TEMA 1: Ética, Moral e Direito: Diferenças e Semelhanças 
É comum a indevida definição de ética como moral, pois, embora pequena, 
existe uma diferenciação entre as duas devido a diversas razões. Comumente, 
verifica-se que os conceitos de ética e de moral se equiparam quando se referem 
a costume, ou se diferenciam quando a ética é vista como ciência e a moral é 
considerada regra de conduta. Neste entendimento, faz-se necessário uma 
breve caracterização destes termos. 
A palavra ética é derivada do termo grego ethos, que significa costume. 
Normalmente, é utilizada como sinônimo de moral, termo originado do latim, 
mos, moris, que também significa normas, mas que representam o 
comportamento esperado, e que é equivalente a costumes. Costumes estes que 
dizem respeito aos valores de bem e de mal, e que estruturam outros, como: 
justo/injusto, certo/errado, digno/indigno, etc. 
Assim, costumes morais são aqueles que se relacionam com os modelos de bem 
e mal da sociedade e, por isso, normalmente, os indivíduos tecem julgamentos 
morais em relação aos seus comportamentos e aos dos outros, pois estão 
sempre avaliando os seus atos e os dos outros, segundo os valores de bem e 
mal da sociedade na qual estão inseridos. 
Contudo, nem sempre todos concordam com os padrões morais da sociedade, 
pois, muitas vezes, os confrontam e criam valores morais diferentes. Isso 
evidencia que a moral aparece em dois âmbitos da vida humana: o social e o 
individual. Para entendê-los vamos acompanhar a ilustração a seguir. 
Quando o indivíduo nasce, seus pais, professores e familiares repassam, aos 
poucos, os valores morais da sociedade. Assim, a moral social é justamente o 
conjunto de todos os comportamentos e valores morais (bem e mal) impostos a 
todos os indivíduos de uma sociedade. Isso vale para qualquer tipo de sociedade 
como a capitalista, comunista, cristã, muçulmana, judaica etc. 
 
 
 
Todavia, o indivíduo não é obrigado a seguir tudo o que a moral social o obriga 
a fazer. Os adolescentes, por exemplo, muitas vezes, fazem o contrário do que 
os pais, professores e a sociedade esperam, pois eles afrontam a moral social e 
não aceitam seus valores de bem e mal. Isso não acontece somente com os 
adolescentes, pois todo indivíduo pode se voltar contra a moral social e escolher 
outros valores morais para direcionar sua vida ou criar valores que ainda não 
existam. 
Um exemplo disso é o caso das mulheres que, na década de 1960, questionaram 
diversos valores da moral social. Começaram a usar métodos contraceptivos, 
reivindicaram o direito ao trabalho, inventaram novos valores morais para sua 
sexualidade, dentre outras mudanças. Elas só puderam agir assim porque não 
repetiram a moral social. 
Moral individual, então, é o modo como o indivíduo assimila os valores da 
moral social e os relaciona consigo e com a sociedade. A moral individual 
pode ou não aceitar como legítimos os comportamentos e costumes da moral 
social, isto é, apesar da moral social ser a mesma para todos os indivíduos de 
uma sociedade, a moral individual não é necessariamente a mesma, pois cada 
indivíduo pode assimilar a moral social de uma maneira e lidar com os costumes 
de modo diferenciado. 
Por sua vez, a ética é considerada uma ciência da moral, e se tornou a disciplina 
que estuda e regula as ações do comportamento humano. Ademais, a ética tem 
também preocupações práticas, pois ela se orienta pelo desejo de unir o saber 
ao fazer como filosofia prática, isto é, disciplina teórica com preocupações 
práticas. A ética busca aplicar o conhecimento sobre o ser para construir aquilo 
que deve ser. Neste sentido, a ética se caracteriza como estudo das ações 
individuais dos homens, cujo objetivo fundamenta-se em elaborar uma 
orientação normativa para as ações humanas, que seja estabelecido como 
bem. 
 
 
 
Ressalta-se que com o filósofo grego Aristóteles, a ética passou a ser 
considerada a “ciência do moral”, isto é, do caráter e das disposições do espírito. 
Dessa forma, a ética pode ser entendida como um conjunto de argumentos 
utilizados pelos indivíduos para justificar suas ações, solucionando diferentes 
problemas em que há o conflito de interesses com bases em argumentos 
universais. Em síntese, pode ser compreendida como o conjunto de normas para 
um indivíduo ou para determinados tipos de indivíduos, que permitem que 
pessoas de diferentes valores, credos, religiões, formação entre outros, possam 
conviver em sociedade e tenham parâmetros parecidos com relação a certas 
ações. 
A ética, portanto, pode ser entendida como uma filosofia responsável por estudar 
a moral, contestando e identificando o que se pode chamar de regras morais 
vigentes, as quais se modificam com o tempo. Nesta vertente, a ética tem por 
escopo estudar o comportamento do indivíduo frente aos apelos morais da 
sociedade em que este vive, podendo ser observada de diferentes maneiras, 
conforme a cultura, os costumes e os hábitos de determinadas populações. 
Desta forma, as reflexões da ética compreendem pontos da vida pública e das 
leis estabelecidas no plano social para a existência humana. Estes pontos estão 
relacionados a questões gerais relacionadas ao direito, ao poder, à cidadania e 
à política, bem como a questões particulares ligadas às condutas e às escolhas 
individuais, sendo elas que definem o modo como cada um vive consigo mesmo 
e com os outros. A ética, então, é uma ciência normativa, que fornece aos 
homens as normas que apontam para a ação correta e, também por isso, é 
importante para o Direito. 
Enquanto a ética possibilita que o indivíduo saiba o que as sociedades nas quais 
vive julgam como comportamento esperado em certo momento, é o Direito que 
vai transformar algumas dessas normas sociais em leis e certificar-se de que 
elas sejam postas em prática. Apesar de nem todas as condutas éticas se 
tornarem leis – e nem todas as leis serem consideradas éticas pelas sociedades 
– é importante ressaltar que o Direito, e não a ética, pode ser apontado como 
 
 
uma área de estudos que tem como objetivo central influenciar o comportamento 
humano. 
Nesse entendimento, são observados na sociedade diversos comportamentos 
não éticos e nem legais, como os casos de propina, por exemplo. Quando 
alguém oferece dinheiro ou vantagens indevidas para que ela própria possa 
obter benefício, estará cometendo um ato não ético e ilegal. Vale ressaltar que 
não há corrupção sem corruptor. 
Há também comportamentos éticos, mas ilegais, como os casos de recall 
promovido por montadoras de automóveis, por exemplo. 
Recall é um chamado do fabricante para corrigir eventuais falhas detectadas em 
peças ou sistemas de um produto. O serviço é gratuito, basta o proprietário 
comparecer ao chamado feito. 
Se uma determinada montadora lançar um modelo de automóvel com defeito, 
que imagine ser “aceitável”, e que posteriormente, por meio de testes mais 
específicos, julgue que esse defeito pode ocasionar prejuízos de maiores 
dimensões, poderemos observar, inicialmente, que a montadora agiu com ética 
ao convocar seus clientes para a realização do conserto. Todavia, se esta 
mesma montadora não divulgar a necessidade do reparo, mas, a partir da 
solicitação do cliente, fizer a manutenção sem custo, essa montadora estará 
tacitamente admitindo seu erro e estará sujeita às penas legais que lhe sejam 
atribuídas. Nesses casos, é possível que a empresa que lançouo produto com 
defeito faça acordos que permitam que sua imagem seja preservada, evitando, 
com isso, uma exposição negativa por um longo período. 
Em outros casos, há comportamentos considerados legais, mas não éticos, 
como o exemplo de algumas empresas que dão “presentes” a colaboradores em 
outra organização em busca de favorecimento. Esses “presentes” podem não 
ser ilegais, mas se o objetivo for o favorecimento da parte que deu, por vezes, 
esse comportamento pode não ser visto como ético. 
 
 
Neste sentido, têm-se também exemplos de diversas categorias profissionais 
que ganham viagens técnicas realizadas paralelamente com grandes programas 
de entretenimento, patrocinadas por empresas ou por entidades de classe que, 
provavelmente, buscariam um favorecimento em troca da aceitação desses 
presentes. 
Por fim, há comportamentos legais e éticos, segundo padrões estabelecidos 
pelas empresas por meio dos seus códigos de ética e cartas de princípios, que 
orientam seus colaboradores e a sociedade sobre os preceitos que escolheram 
seguir. Com base nestes exemplos, e de modo a sintetizar, podem-se observar 
semelhanças e diferenças, principalmente entre ética e moral. Ambas, tratam de 
normas e regulamentos. 
A moralidade é um conjunto de normas, que a sociedade é responsável por 
transmitir de geração em geração. Ética é um conjunto de regras acerca de um 
determinado assunto que foi esclarecido e adotadas na própria mentalidade do 
indivíduo. A diferença é que a moral tem uma base social, padrões estabelecidos 
dentro de uma sociedade. Ética emerge como tal na interioridade de um 
indivíduo como resultado de seu próprio pensamento e sua própria escolha. Ética 
pode equiparar o seu conteúdo com as normas morais recebidas em sua 
educação, mas também pode fornecer uma diferença ética forte em algumas das 
suas regras. Isso cria uma série de conflitos internos na mentalidade de uma 
pessoa. 
Outra diferença entre ética e moral não está em seu conteúdo, mas na forma 
como eles agem na condução de uma pessoa. A moralidade é um conjunto de 
regras que agem de fora, ou a partir do inconsciente, sendo uma motivação 
extrínseca à consciência do sujeito. Ética influencia o comportamento de uma 
pessoa, mas a partir de sua própria consciência e vontade. Não é o mesmo 
executar um comportamento porque é uma obrigação imposta pela sociedade 
para exercer a mesma conduta que "estou convencido da bondade de que a 
ação". 
 
 
Sintetizando... 
Moral 
Conjunto de hábitos e costumes efetivamente vivenciados por um grupo 
humano, e passados de geração para geração. 
Ética 
Conjunto de regras acerca de um determinado assunto que foi esclarecido e 
adotadas na própria mentalidade do indivíduo. Também entendida como a 
ciência da moral – estuda para extrair princípios e regras universais aplicáveis a 
toda conduta humana (grupo humano). 
Direito 
Acordos de caráter obrigatório, estabelecidos entre pessoas. 
Conforme evidenciado, moral deriva de mos e moris, que significa costume. No 
sentido moral, costume se refere aos valores de bem e mal, que são o 
fundamento de determinação de muitas outras valorações, tais como: 
justo/injusto e certo/errado. Um julgamento moral, portanto, consiste na 
avaliação dos atos (realizados por nós mesmos ou por outras pessoas) segundo 
os valores de bem e mal vigentes na sociedade em que estamos inseridos. 
Todavia, tais valores vigentes não necessariamente estão de acordo com o que 
nós julgamos corretos. Podemos pensar nos valores instituídos e decidir quais 
deveriam (ou não) ser preservados. Podemos, ainda, refletir acerca da formação 
da moral, ou seja, tentar identificar por que determinados atos são entendidos 
como morais ou imorais. E é justamente neste ponto que surge a ética. 
Deste modo, seu papel é refletir filosoficamente e de forma crítica sobre a moral 
humana presente na sociedade atual. 
 
 
 
 
Acesse a versão online da aula e confira no vídeo a seguir como o professor 
Clécio trata o assunto que estamos vendo. 
 
 
 
TEMA 2: Tomada de Decisões entre o Legal e Moral 
De acordo com o exposto no tópico anterior, infere-se que as três esferas (ética, 
moral e direito) em análise estão intrinsecamente interligadas, numa confluência 
inseparável, não só pelo seu contexto histórico, mas também pelas 
características complementares entre si. A ética é definida como um conjunto de 
valores e filosofias que orientam o comportamento do homem em relação aos 
outros homens na sociedade em que vive, garantindo, outrossim, o bem-estar 
social. 
Isto é, ética é a forma que o homem deve se comportar no seu meio social. Moral 
é um conjunto de normas que regulam o comportamento do homem em 
sociedade, e estas normas são adquiridas pela educação, pela tradição e pelo 
cotidiano, passados de geração a geração. Por sua vez, o conceito de legal está 
direcionado às leis jurídicas de uma determinada região ou país, ou seja, ao 
Direito. 
Estes conceitos influenciam diretamente no processo de tomada de decisão dos 
indivíduos. Sabe-se que o ato de decidir está diretamente ligado à ação de 
resolver, tomar uma posição, escolher uma saída. Durante a vida, as pessoas 
são expostas à tomada de decisão praticamente em todos os momentos, e é 
exatamente neste ponto em que se podem encontrar soluções para superar as 
 
 
divergências e os entraves. Torna-se importante, neste ponto, a ponderação dos 
aspectos positivos e negativos ante a tomada de decisão. 
Deste modo, o processo de tomada de decisão, muitas vezes, se inicia com 
um problema que inclui um componente moral, que necessita de uma 
solução ou resposta e, geralmente, de alguma forma de ação. Neste 
contexto, é importante ressaltar que uma decisão moral poder ter resultados 
positivos ou também resultados negativos. Se uma decisão tivesse resultados 
positivos para todas as partes envolvidas, a mesma não seria uma causa de 
dilema moral. Assim, o que está em discussão é a intensidade ética e moral das 
questões que provocam consequências desfavoráveis. 
Para entender esta situação, considere o caso de um médico que está tratando 
de um paciente terminal, que está sofrendo de dores implacáveis. Este paciente 
faz um pedido ao médico: que lhe sejam fornecidas drogas que acabem com sua 
vida e que termine com o seu sofrimento. 
O médico enfrentará o dilema de ir contra seu juramento de profissão (sem 
mencionar as leis, que proíbem explicitamente a eutanásia na maioria dos países 
do mundo) ou de honrar com o pedido do paciente, especialmente se o médico 
acredita que ele faria o mesmo pedido se estivesse na posição do paciente. Este 
dilema apresenta vários princípios morais e legais conflitantes que, por vezes, 
nos deparamos em nosso dia a dia. A primeira fase do processo de tomada de 
decisão ética é a consciência moral, ou identificação da questão moral. A 
identificação de uma questão moral envolve um processo interpretativo em que 
o indivíduo reconhece que existe um problema moral numa situação, ou que uma 
norma ou um princípio moral é relevante para as circunstâncias. Esta etapa é 
considerada crítica porque a identificação de um problema como eticamente 
significativa, presumivelmente, ajuda a iniciar tomada de decisão ética e, por sua 
vez, faz com que o comportamento ético mais provável (REST, 1986). 
 
 
 
Esta situação certamente vai estar relacionada ao questionamento entre o moral 
e o legal, e aquela mais direcionada à moral é a mais difícil. Isso porque o que é 
legal (Direito) e moral regulamentam as relações de uns homens com outros por 
meio de normas. Postulam, portanto, uma conduta obrigatória e devida. Nisto separecem também, com o trato social. As normas morais e jurídicas têm a forma 
de imperativos e, por conseguinte, acarretam a exigência de que se cumpram, 
isto é, de que os indivíduos se comportem necessariamente de uma certa 
maneira. Aí se diferenciam das normas técnicas que regulam as relações dos 
homens com os meios de produção no processo técnico, que não possuem esta 
forma de imperativos. 
Vamos, agora, refletir sobre um interessante caso. Acesse e leia “Legal x Moral 
no caso Pinheirinho”. 
http://era.org.br/2012/01/legal-x-moral-no-caso-pinheirinho/ 
Acesse a versão online da aula e confira no vídeo a seguir como o professor 
Clécio trata o assunto que estamos vendo. 
 
 
TEMA 3: Formação Moral de uma Entidade Corporativa 
Após a compreensão de que a moral trata de convicções individuais sobre o que 
é certo ou errado, e que a ética é definida como um conjunto de valores e 
filosofias que norteiam as decisões para o convívio sustentável das pessoas e 
organizações que devemos nos atentar na ética empresarial, esta parte dos 
nossos estudos diz respeito ao meio empresarial, à relação das empresas 
 
 
 
públicas, privadas ou mistas com todos os demais segmentos que estão no seu 
campo de ação: colaboradores, clientes, público, concorrentes, comunidade, etc. 
A ética empresarial é norteada por princípios jurídicos, de natureza legal, e por 
princípios de boa convivência, de natureza social, em consonância com os 
valores da organização, que dizem respeito à responsabilidade individual de 
seus integrantes e aos valores sociais que se referem à cultura social em que a 
empresa está inserida. Sob esta perspectiva, as ações das organizações devem 
ser orientadas pela ética empresarial na condução de seus negócios e, 
baseando-se nisso, muitas empresas possuem seus manuais e códigos de ética 
empresarial, cujo objetivo é estabelecer o que se espera uns dos outros. Tal fato 
influencia para que o ambiente de trabalho seja mais respeitável, 
contribuindo para a excelência dos produtos e/ou serviços prestados, e 
também propicia maior coesão organizacional. 
Sob outro aspecto, o comportamento ético nas organizações pode ser 
observado, também, quanto à sua responsabilidade para com a sociedade em 
que estão inseridas. A ética pode ser um diferencial no mercado empresarial e 
profissional, pois do mesmo modo que a ética pode contribuir para maximizar os 
resultados da empresa, sua ausência pode comprometer consideravelmente o 
seu desempenho. Ademais, a imagem da empresa está diretamente ligada a do 
profissional e vice-versa, pois esta se relaciona a reflexões ou indagações sobre 
costumes e a moral vigentes na empresa. 
Nestes termos, as normas de comportamento derivam dessas reflexões e 
indagações éticas, que se tornam um instrumento de trabalho simbólico ao 
intervir de maneira útil no modus operandi das empresas e contribuir para moldar 
a identidade corporativa. Por isso, a formação moral e ética de uma organização 
deve incentivar os valores positivos e desencorajar as influências negativas que 
afetam o comportamento, pois todos os indivíduos possuem uma orientação 
(bússola) moral, definida por meio de valores, que direcionam como eles tratam 
os outros. 
 
 
Indivíduos que não possuem valores éticos fortes podem participar de 
comportamentos negativos, que podem prejudicar a organização. No entanto, a 
empresa não pode fazer nada sobre as influências que moldam valores e 
comportamentos de uma pessoa antes de contratá-la, mas pode tentar 
influenciar o comportamento de seus funcionários no local de trabalho. Estas 
influências podem acontecer por meio de programas de treinamento, códigos de 
conduta e de ética, que pode informar aos funcionários os tipos de 
comportamento que a empresa considera aceitável e inaceitável. 
Ainda que, estes esforços não mudem necessariamente os valores de um 
indivíduo, eles podem ajudá-los a decidir não participar de comportamentos 
antiéticos, pelo menos no ambiente do trabalho. Assim, os gerentes devem 
enfatizar não apenas as responsabilidades de seus colaboradores, mas também 
o que a organização espera (e por que) com relação a valores morais e éticos. 
Outro exemplo é um sistema de recompensas e punições bem delineado, que 
também pode ajudar a promover os tipos de valores que a empresa quer ver em 
seus colaboradores. Se os mesmos veem que certos comportamentos são 
recompensados, então eles podem decidir a alterar o seu comportamento e, por 
sua vez, alterar seus valores. Além disso, por vezes, existe uma lacuna entre os 
valores e os comportamentos de uma pessoa, que pode ser resultado de uma 
decisão consciente de não seguir um valor específico com uma ação 
correspondente. Esta decisão pode ser influenciada por quão profundamente 
este valor afeta o caráter da pessoa e pelo ambiente que a mesma está inserida. 
A cultura organizacional também é outro exemplo relevante para a forma como 
os valores morais moldam o comportamento, criando companheirismo e 
interdependência social. Organizações com forte ethos têm maiores 
expectativas de valores morais, pois a mesma promove o comprometimento e o 
comportamento positivo em seus colaboradores. 
 
 
 
Ethos é uma palavra com origem grega, que significa caráter moral. É usada 
para descrever o conjunto de hábitos ou crenças que definem uma comunidade 
ou nação. 
No entanto, ressalta-se que a cultura da empresa pode influenciar nos dois 
sentidos, ou seja, positiva e negativamente. 
Como exemplo, citam-se casos de empresas que são inerentemente 
competitivas, valorizando o domínio individual sobre outros indivíduos (por 
exemplo, vendas, negociação de ações, etc.). Enquanto alguns podem ver tal 
cultura como objetivamente negativa, é subjetivamente útil para a organização 
incutir e desenvolver esses valores para criar determinados comportamentos tais 
como trabalho duro e alta motivação. Estas maneiras de formar os valores 
morais e éticos de uma empresa refletem a crescente pressão sobre as 
organizações para controlar o comportamento dos colaboradores de forma que 
vão reduzir conduta ilegal é antiética dos funcionários. 
Curiosidades 
No Brasil, diversas organizações têm surgido para fomentar a discussão sobre 
os valores morais e éticos dos negócios. O Instituto Ethos, por exemplo, é uma 
associação sem fins lucrativos, criada para ajudar empresas a gerir seus 
negócios de forma ética. Dentre as suas diversas ações, ela desenvolve 
pesquisas regulares sobre o perfil social, racial e de gênero nas organizações 
brasileiras, além de promover o Prêmio Ethos, que incentiva a produção de 
conhecimento sobre o tema nas universidades do país. 
Por sua vez, a nível mundial, personalidades como Al Gore e Bill Gates têm sido 
propagadores de discursos em favor da ética e da moral por parte das empresas. 
Al Gore é um político dos Estados Unidos que apoia o combate ao aquecimento global. Em sua 
palestra “Uma verdade inconveniente” que no ano de 2006 se tornou um documentário, é um 
alerta para despertar uma maior consciência dos empresários (principalmente de seu país) 
acerca dos impactos de sua atuação nas condições do planeta. 
 
 
Bill Gates, é um empresário dos Estados Unidos conhecido como um dos homens mais ricos do 
mundo por ser um dos fundadores da empresa de programas de computador Microsoft. Ele 
também é um dos maiores filantropos e um grande incentivador de ações sociais empresariais. 
Acesse a versão online da aula e confira no vídeo a seguir como o professor 
Clécio trata o assunto que estamos vendo. 
 
 
TEMA 4: A Entidade e suas Obrigações 
As organizações se comportam em função do ambiente, pois estão inseridasem 
uma rede de influências externas e internas. Elas não são entidades 
homogêneas, mas compostas de vários fatores complexos, como industriais, 
governos e suas regras, produto, mercado, práticas e costumes, fornecedores, 
matéria-prima e serviços (MILES; SNOW, 1978). Estas influências impactam na 
sua permanência no mercado e nas suas obrigações para com o seu meio. 
As obrigações das entidades são aquelas voltadas à sociedade, ou seja, deveres 
para com seus stakeholders, que pode ser uma pessoa ou um grupo. Estes 
legitimam as ações de uma organização e têm papel direto ou indireto na gestão 
e nos resultados dessa mesma organização. 
São exemplos de stakeholders os colaboradores da empresa, fornecedores, 
concorrentes, clientes, mídias, serviços terceirizados, meio ambiente, acionistas, 
proprietários, ONGs, o Estado, sindicatos e diversas outras pessoas ou 
empresas que estejam relacionadas com uma determinada ação ou projeto. 
O conceito de stakeholders pode ser definido como grupo, indivíduo ou 
organizações que podem afetar ou que são afetados pelo alcance dos objetivos 
de determinada instituição. 
 
 
Esse conceito, trazido por Freeman (1984), é corroborado por alguns outros 
teóricos como Mitchel, Agle e Wood (1997), servindo de base para modelos de 
classificação de stakeholders, conforme exemplos na figura a seguir. 
Exemplo de stakeholders de uma organização. 
 
 
Fonte: elaborada pelos autores (2015). 
Atenção 
De acordo com alguns autores como Campbell (1997), a organização deve ter 
responsabilidade social diante do ambiente em que vive. Para ele, existem 
stakeholders que atuam diretamente sobre a empresa, buscando dividendos, 
melhores salários, maiores prazos de pagamentos e preços baixos – são os 
stakeholders ativos, pois são influenciadores imediatos do processo de gestão 
organizacional. Ainda segundo Campbell, os outros agentes que afetam a 
organização de forma mediata são os chamados stakeholders passivos, 
destacando-se entre estes a sociedade e as organizações não governamentais. 
 
 
Acesse a versão online da aula e confira no vídeo a seguir como o professor 
Clécio trata o assunto que estamos vendo. 
 
 
 
TEMA 5: Relação Ética da Entidade com os seus Stakeholders 
Como vimos, a ética estuda a moral, o dever fazer, a qualificação do bem e do 
mal, a melhor forma de agir coletivamente; avalia os costumes e determina quais 
ações morais são moralmente válidas e quais não tendem a estabelecer os 
princípios de valorização e condução da vida. No que diz respeito à ética dentro 
das empresas, existem duas vertentes em questão: ética pessoal e ética 
empresarial. Aquela destaca algumas teorias éticas, segundo Weber (1959): 
Ética da convicção (tratado dos deveres) 
Está relacionada às crenças de um individua em relação a determinadas coisas. 
Nessa dimensão, o comportamento ético das empresas é decorrente de 
princípios universais que regem a conduta humana, como respeito, justiça e 
direitos humanos. 
Ética da responsabilidade (estudo dos fins humanos) 
Tem como princípios orientadores a responsabilidade e o utilitarismo. Nesta 
perspectiva, para afirmar se uma ação é ética ou não, deve-se analisar as 
consequências dessa ação. Mesmo que uma ação seja baseada em princípios 
considerados morais universalmente (ética da convicção), ela poderá ser 
considerada não ética se trouxer consequências práticas indesejáveis para o 
grupo. 
 
 
O critério não é a moral em si em um ato, como na ética da convicção, mas a 
vantagem ou a desvantagem das consequências de tal ação. A ética da 
responsabilidade é consequencialista, pois considera ética a ação que traz 
benefícios para um número maior de pessoas. 
Ética da virtude 
Centra sua atenção no caráter da pessoa, buscando entender os traços pessoais 
que servem como alicerces das ações humanas: as virtudes, as quais, quando 
compartilhadas por um grupo de pessoas, constituem o que chamamos de 
cultura. 
Após apresentadas as dimensões da ética, sendo as duas primeiras com o 
enfoque nos princípios que conduzem ao ato e às suas consequências, que, 
somadas à terceira, permitem obter uma visão abrangente sobre a ética no 
ambiente organizacional, poderemos entender como a relação ética da entidade 
pode atingir os seus stakeholders internos e externos, e a humanidade como um 
todo. 
A ética empresarial é relacionada a reflexões ou indagações sobre costumes e 
morais, isto é, a moral vigente nas empresas. Muito tem a ganhar as empresas 
que institucionalizam orientações efetivamente partilhadas sobre os seus 
membros ou que convencionam valores que foram previamente negociados. As 
normas de comportamento derivam dessas providências que, muitas vezes, 
estão expostas em códigos de ética. 
A principal função do código de ética é assegurar a uniformidade da 
conduta do grupo e a consistente resolução de conflitos e questões éticas 
que surgem na vida das empresas (regulamento pré-convencional), a fim 
de introduzir e promover os valores que orientam a vida da organização, 
seus critérios convencionais de direito e as prioridades dos mesmos. 
 
 
 
Deste modo, os códigos destinam-se a colocar os valores, critérios e as 
prioridades da organização sobre as condenações de pessoas que a 
representam. Isso não quer dizer que os códigos devem atender exclusivamente 
aos interesses da empresa, ou que sejam exclusivamente focados no controle 
do comportamento dos indivíduos. Eles devem ter dimensão universal e refletir 
autocompreensão justificável com terceiros, ou seja, com seus stakeholders. 
Assim, ao enfatizar o código de ética como meio de institucionalizar a ética 
organizacional, ele é justificado não só como uma abordagem descritiva, mas 
também como uma abordagem normativa. Se os códigos corporativos 
atenderem certas condições, caracterizadas como elementos que, mesmo 
quando não revelam um compromisso genuíno moral, podem servir como uma 
base para isto, a transmissão da ética pode ser efetuada por declarações 
escritas, em que o compromisso da empresa para com ações éticas é 
compreendido. 
Caracteriza, ainda, programas formais de ética, e por repasses implícitos. 
Implicitamente, ocorrem através da cultura corporativa, sistemas de incentivos, 
liderança, políticas de promoção e processos de avaliação de desempenho. 
Neste entendimento, o que se espera de uma organização é que ela seja ética 
para com todos os seus stakeholders. Por exemplo, nas relações entre empresas 
e funcionários, podem ser observados alguns conflitos comuns. Quando uma 
empresa passa por problemas financeiros, seus executivos pensam sobre 
diversas maneiras de reduzir custos, e uma das opções levadas em 
consideração é a demissão de pessoas. No entanto, sob a vertente da dimensão 
da ética da responsabilidade, a empresa, nesta situação, deve avaliar os 
impactos que poderá causar na vida desses trabalhadores. 
Não que a organização não possa demitir seus funcionários, mas que a mesma 
deve evitar demissões que venham a ser consideradas abusivas, injustas, ou 
que sejam decorrentes de uma falta de planejamento ou competência de sua 
parte. 
 
 
No que diz respeito ao relacionamento entre a entidade e seus clientes, também 
pode ter conflitos importantes sob a lente da ética da responsabilidade. Há 
situações, por exemplo, que envolvem decisões como a descontinuação de 
alguns produtos ou a mudança na composição de algum bem que é vendido e 
que podem afetar de forma injusta os clientes envolvidos. 
Outro exemplo de stakeholders que podem ser afetados negativamente por 
ações empresariais são as comunidades. As empresas, em especial aquelas 
com produçãoindustrial, devem seguir normas que minimizem os impactos de 
sua atuação no patrimônio cultural e ambiental das comunidades. Algumas 
indústrias emitem poluição sonora e do ar em níveis acima dos permitidos e, com 
isso, afetam diretamente a qualidade de vida dos moradores ao redor da fábrica. 
Outro exemplo é quando empresas ignoram o patrimônio histórico e cultural de 
certas comunidades, alterando sua identidade e senso de pertencimento. 
Exemplo deste fato é de comunidades indígenas que possuem conflitos com 
empresas que compraram e construíram em terras consideradas de propriedade 
indígena, afetando profundamente a vida dessas pessoas. 
Os fornecedores também são stakeholders impactados pelas empresas. 
Algumas empresas possuem fornecedores de menor porte que, de certa forma, 
dependem dessas empresas. Sabendo disso, elas barganham excessivamente 
os preços, criando uma relação desequilibrada de interesses, que não se 
sustenta no longo prazo, prejudicando, principalmente, o pequeno fornecedor. 
Com base nos exemplos dos stakeholders supracitados, observa-se que o ponto 
central são as consequências das ações empresariais nas pessoas ou nos 
grupos com os quais ela se relaciona. 
Veja alguns exemplos de direcionamentos do Código de Ética de grandes 
empresas para com seus stakeholders: 
 
 
 
Código de Ética da Caixa 
 O Código de Ética da CAIXA, no item respeito, deixa claro que a empresa 
não admite a prática de trabalho forçado ou compulsório 
 O direcionamento de ações para o atendimento das expectativas da 
sociedade e dos clientes 
 A busca permanente de excelência na qualidade de seus serviços 
 A conduta ética pautada exclusivamente nos valores da sociedade 
 Respeito e valorização do ser humano 
Fonte: <http://goo.gl/fhwkSq>. 
Código de Ética da Petrobrás 
“O respeito à vida e a todos os seres humanos, a integridade, a verdade, a 
honestidade (...) são os princípios éticos que norteiam as ações do Sistema 
Petrobras.” [...] “A lealdade ao Sistema Petrobras se manifesta como 
responsabilidade, zelo e disciplina no trabalho e no trato com todos os seres 
humanos, e com os bens materiais e imateriais do Sistema, no cumprimento da 
sua Missão”. 
Fonte: <http://goo.gl/7DR5YV>. 
Acesse a versão online da aula e confira no vídeo a seguir como o professor 
Clécio trata o assunto que estamos vendo 
 
 
 
 
 
NA PRÁTICA 
A ética empresarial é norteada por princípios jurídicos, de natureza legal, e 
por princípios de boa convivência, de natureza social, em consonância com 
os valores da organização, que dizem respeito à responsabilidade 
individual de seus integrantes e aos valores sociais que se referem à 
cultura social em que a empresa está inserida. 
Neste contexto, é INCORRETO afirmar que: 
a) A ética empresarial está relacionada a reflexões ou indagações sobre 
costumes e morais, ou seja, sobre a moral vigente na organização. 
b) Atualmente, o comportamento ético por parte da empresa não é esperado e 
exigido pela sociedade. 
c) A ética empresarial reflete sobre as normas e os valores efetivamente 
dominantes em uma organização. 
d) Em sentido amplo, ela se baseia na ideia de um contrato social, segundo o 
qual os membros se comportam de maneira harmoniosa, levando em conta os 
interesses do grupo. 
Feedback das alternativas 
a) CORRETO 
Realmente, a ética empresarial está relacionada a reflexões ou indagações 
sobre costumes e morais, ou seja, sobre a moral vigente na organização. 
b) INCORRETO 
Atualmente, o comportamento ético por parte da empresa é esperado e exigido 
pela sociedade. A negativa NÃO torna a sentença falsa. 
 
 
 
c) CORRETO 
A ética empresarial reflete sim sobre as normas e valores efetivamente 
dominantes em uma organização ou grupo empresarial. 
d) CORRETO 
A ética empresaria baseia-se na ideia de um contrato social segundo o qual os 
membros se comportam de maneira harmoniosa, levando em conta os 
interesses do grupo. 
 
SÍNTESE 
Ao refletir sobre os temas de ética e moralidade, percebemos como este assunto 
é importante nas nossas ações cotidianas, estando presente em todos os 
segmentos da sociedade. Pela sua importância, precisam continuar sendo os 
norteadores de todas as ações humanas. Para ser ético, é preciso tomar 
consciência de nossos atos e agir com autocontrole, ou seja, respeitando-se e 
respeitando as pessoas. 
Atualmente, ética e moral não fazem parte dos valores de certas classes sociais 
e políticas. Muitos valores estão sendo quebrados em prol do individualismo, ou 
seja, “cada um por si”. É preciso, então, parar um pouco e refletir para, assim 
nos tornarmos pessoas mais sensíveis e sensatas. 
Acesse a versão online da aula e confira a fala final do professor Clécio nesta 
aula. 
 
 
 
Referências 
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<http://estrategiaenegociacao.wordpress.com/2013/09/25/etica-e-conflito-nas-
tomadas-de-decisao/>. Acesso em: 12 abr. 2016. 
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<https://www.boundless.com/management/textbooks/boundless-management-
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<http://www.portalconscienciapolitica.com.br/products/filosofia-etica-e-
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