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Anotações Curso CERS 2013 Direito Civil - Mod. 01 - Aula 11

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AULA 11.1
DIREITO DAS OBRIGAÇÕES (CONTINUAÇÃO)
CLASSIFICAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES
• Panorama geral 
- Existem vários critério de classificação, seja no CC, seja critérios doutrinários e jurisprudenciais.
- Os critérios do CC podem emanar não só do livro do direito das obrigações, mas como de outras partes do código.
- Orlando Gomes aduzia que é preciso observar que o grande segredo para compreensão dos critérios obrigacionais é que os mesmos se interpenetram, ou seja, dialogam/comunicam entre si, permitindo a utilização de mais de um critério mais de uma vez. A aplicação de um critério não eliminar o outro. Assim, p.ex., a obrigação pode ser de dar, indivisível, solidária, de resultado, etc...
• Critérios de classificação
1) Quanto ao conteúdo: Obrigação de Meio x Obrigação de Resultado.
- Obrigação de Resultado: é aquela na qual o devedor se vincula a obtenção de um objetivo certo e determinado. Sem esse resultado certo e determinado, a obrigação é inadimplida.
- Ex: Obrigação do transportador é obrigação de resultado por conta da cláusula de incolumidade (CC, art. 734), que estabelece a responsabilidade objetiva do transportado por danos causados a pessoas ou bagagens transportadas.
- É nula qualquer cláusula excludente de responsabilidade do transportador. 
- STF 161: “Em contrato de transporte, é inoperante a cláusula de não indenizar.”
Por isso, o seguro oferecido em serviço de transporte é somente a possibilidade de uma premiação a mais, pois automaticamente o usuário do serviço já está resguardado pela previsão do art. 734 do CC.
- Ex: Obrigação do dentista em tratamento estético ou ortodôntico – no REsp 1.238.746/MS, o STJ entendeu que a responsabilidade aqui é uma responsabilidade de resultado.
- Obrigação de Meio: é aquela em que se exige uma atividade diligente por parte do devedor. Aqui, o devedor não se vincula ao resultado, ele apenas se obriga a ter diligência, ou seja, se obriga a apenas a se valer dos meios necessários para o resultado.
- Ex: Obrigação do advogado – no REsp 1.079.185/MG, o STJ entende que a obrigação do advogado é de meio, pois o advogado não pode assumir a convicção/certeza de que irá vencer a causa.
- Por essas mesmas razões pode-se dizer, ordinariamente, que a obrigação do médico pode ser compreendida como obrigação de meio.
	- Salvo o cirurgião plástico.
		- Essa classificação é muito importante por conta o inadimplemento.
- Se a obrigação é de meio, compete ao credor demonstrar a culpa do devedor.
- Já nas obrigações de resultado, o inadimplemento obrigacional gera uma presunção de culpa pela não obtenção do resultado.
* Importante saber que o inadimplemento em uma obrigação de resultado não gera responsabilidade objetiva. Apenas gera presunção de culpa.
No REsp 985.888/SP, o STJ diz que nas obrigações de resultado a responsabilidade permanece subjetiva, com presunção de culpa.
- Atualmente, esse critério é oxigenado pela boa-fé objetiva. Por isso essa classificação sofre certa redução de importância.
O que interessa agora não é comente calcular a obtenção ou não do resultado, mas, além disso, o cumprimento dos deveres anexo, o comportamento probo e diligente, ...
Isso fica claro em relação a obrigação do Cirurgião plástico estético. A maioria dos autores diz que a obrigação desse profissional é uma obrigação do resultado. 
Porém, para o prof., não parece correto esse argumento. Muitas vezes vamos encontrar em uma cirurgia plástica o cumprimento de todos os deveres éticos, e mesmo assim a não obtenção do resultado. Não se trata exclusivamente de depositar sobre o médico a obrigação de obtenção de um resultado.
- No caso do advogado, se o mesmo ter criado uma expectativa no cliente de sucesso, mesmo sendo sua atividade uma obrigação de meio, há uma violação da boa-fé objetiva.
Assim, para melhor definir a obrigação do Cirurgião plástico estético, seria utilizar o critério da boa-fé objetiva.
Nesse sentido, conferir o REsp 1.180.815/MG.
* Ao lado das obrigações de meio e de resultado já se fala das Obrigações de Garantia.
- Obrigações de Garantia: são aquelas nas quais o devedor assume o dever de eliminar riscos do credor.
	- Ex: Contrato de Seguro; 
	- Ex: Evicção imposta pelo CC nas alienações onerosas.
	2) Quanto à liquidez: Obrigações Líquidas x Obrigações Ilíquidas.
- Obrigações Líquidas: são as obrigações certas e determinadas quanto a sua existência, objeto e valor. É aquela obrigação determinada ou determinável.
		- Ex: Obrigação de pagar R$ 100 mil.
* A jurisprudência entende que a incidência de correção monetária não torna a obrigação ilíquida. O STJ entende que a correção monetária é implícita nas obrigações pecuniárias líquidas.
- Obrigações Ilíquidas: são aquelas obrigações indeterminadas quanto ao seu valor e conteúdo.
- Ex: obrigação de indenizar um taxista pelos prejuízos causados em acidente (danos e lucros cessantes). A indeterminação se deve ao fato de que a renda do taxista é variável, de acordo com o número de corridas que consegue prestar.
- As obrigações ilíquidas necessitam de um procedimento liquidatório, a fim de que a obrigação se torne líquida. 
Esse procedimento é determinado pelo CPC (CPC, art. 475-A e ss), e tem natureza de processo de conhecimento.
* OBS: Não se admite pedido de falência, compensação ou arresto por obrigações ilíquidas.
- Isso porque, enquanto a obrigação for ilíquida, não se pode efetivá-la.
			* Existem no CPC 3 procedimentos liquidatórios:
1) Liquidação por cálculos (CC, art. 475-B): é feita mediante a apresentação de uma memória descritiva e atualizada da conta, ou seja, um cálculo feito por um contador.
- O Juiz pode se valer de um calculista judicial, ou de sua confiança (nomeado por ele), para conferir a conta que lhe foi apresentada, a fim de se garantir a idoneidade.
2) Liquidação por arbitramento (CC, arts. 475-C e 475-D): é a especificação por um perito ou pelo próprio juiz. É aquela que exige um determinado conhecimento específico. Por isso que deve ser feita por um expert (perito), nomeado pelo juiz, ou pelo próprio juiz, quando ele dispuser de conhecimento.
- Ex: Arbitramento de indenização de aluguéis. Em geral, somente um perito vai saber quantificar o valor do aluguel de um imóvel, p.ex., pois precisará analisar o mercado imobiliário, as condições físicas do imóvel, a localização, ... Nesse caso, provavelmente o perito será um corretor de imóveis.
- No caso de indenização por dano moral, o arbitramento será judicial, ou seja, o próprio juiz promove o arbitramento.
3) Liquidação por artigos (CC, arts. 475-E e 475-F): quando houver a necessidade de prova de fato superveniente.
					- é a mais complexa.
					- Aqui reclama-se a produção de provas. 
- Após a produção de provas o juiz delibera sobre a liquidação.
- Não recairá sobre a existência da obrigação, mas apenas sobre a sua quantificação.
- Ex: Obrigação de indenizar lucros cessantes. Um pedido de lucros cessantes pode exigir a prova de fato superveniente.
3) Quanto ao momento de cumprimento: Obrigações Instantâneas (Momentâneas) x Obrigações de Trato Sucessivo (de Execução Continuada ou Diferida).
- Obrigações Instantâneas (Momentâneas): são aquelas cujo adimplemento é único e imediato. O cumprimento se dá em um só ato.
		 - Ex: Compra e venda a vista.
- Obrigações de Trato Sucessivo (de Execução Continuada ou Diferida): exige-se a prática de diferentes atos para se alcançar o adimplemento.
	- Ex: Compra e venda a prazo; Promessa de compra e venda;
- A importância desse critério é saber da oportunidade ou não de incidência do pedido de revisão ou resolução por onerosidade excessiva.
- Conforme art. 478 do CC, somente nos contratos de trato sucessivo é possível a revisão ou a resolução do contrato. Não é possível nas obrigações instantâneas, pois as mesmas não se prolongam no tempo.
* OBS: Não podem ser revistas ou resolvidas, mas admitem controle de validade por onerosidade excessiva. Assim, as obrigações instantâneas podem ser nulas ou anuláveis.
Nulidade ou anulabilidadesão referentes ao tempo da celebração do contrato. Revisão e resolução são por motivo superveniente.
	* OBS: A onerosidade excessiva pode se dar:
		- No momento da celebração -> atinge a validade.
- A onerosidade excessiva no momento da celebração pode ser discutida tanto na obrigação instantânea, quanto na obrigação de trato sucessivo.
		- Posteriormente à celebração -> atinge a eficácia.
- A onerosidade excessiva posterior à celebração pode ser discutida somente na obrigação de trato sucessivo.
AULA 11.2
4) Quanto aos elementos acidentais: Obrigações Puras/Simples, Obrigações Condicionais, Obrigações a termo, e Obrigações com Encargo (modais).
- Obrigações Puras/Simples: são aquelas obrigações que não estão sujeitas a qualquer controle de eficácia. São aquelas que não têm condição, termo ou encargo. A sua eficácia é imediata. 
- Obrigações Condicionais: são aquelas submetidas a um evento futuro e incerto (condição).
	- A condição repercute sob a eficácia da obrigação.
- Ex: Doação a nascituro está condicionada ao nascimento com vida (CC, art. 542).
- Há 2 tipos de condição:
	- Suspensiva: o implemento da condição libera a eficácia.
		- Impede a aquisição e o exercício.
	- Resolutiva: o implemento da condição cessa a eficácia.
- Obrigações a Termo: são aquelas submetidas a um evento futuro e inevitável (termo).[1: Termo não é necessariamente um evento futuro certo, mas inevitável. Pode ele ser certo ou incerto. No caso do termo na data 10/01/2014, esta data é certa. Contudo, caso o termo seja a morte de fulano, apesar de ser uma situação inevitável, não há certeza do momento em que ocorrerá.]
	- Ex: Contrato de prestação de serviços por prazo determinado.
	- Há dois tipos de termo:
		- Inicial: o advento do termo libera a eficácia.
- Impede o exercício, mas não a aquisição, pois o termo é inevitável.
		- Final: o advento do termo cessa a eficácia.
- Obrigações com Encargo (Modais): são aquelas obrigações com contraprestação imposta em um NJ gratuito.[2: No direito português, o encargo é chamado de modo. Assim, por termos uma influência lusitana em nosso direito, chamamos também de Obrigação Modal.]
	- Ex: Doação com encargo (CC, art. 540).
Cristiano doa uma biblioteca para João com a obrigação que ele preste serviço no hospital público X.
- O descumprimento do encargo não afeta a eficácia da obrigação. 
No caso de inadimplemento, realiza-se a execução do encargo.
- Pode executar quem praticou a liberalidade e seus os herdeiros, o beneficiário do encargo ou o MP, quando se tratar de encargo que reverta em favor da coletividade.
* Exceção: A única hipótese em que o descumprimento de um encargo pode afetar a eficácia de uma obrigação é quando o encargo estiver expresso sob a forma de condição.
- Ex: Cristiano faz uma doação para João “se” este prestar serviços no hospital.
A utilização do “se” expressa condição.
Assim, enquanto João não cumprir a prestação, não se produzirá efeitos.
- O não cumprimento do encargo não impede o exercício nem a aquisição. Salvo se o encargo vier expresso sob a forma de condição.
	5) Quanto à dependência: Obrigações Principais x Obrigações Acessórias.
- Obrigações Principais: é aquela obrigação cuja existência, validade e eficácia independem de qualquer outra. É aquela cuja existência é autônoma/independente.
		- Ex: Obrigação do locatário de pagar os aluguéis.
- Obrigações Acessórias: é aquela cuja existência, validade e eficácia estão submetidas a outra obrigação.
- Ex: Fiador locatício. Se a obrigação do locatário de pagar os aluguéis é principal, a obrigação do fiador é acessória.
- Teoria da Gravitação: “o acessório segue o principal”. E, assim, a invalidade (nulidade e anulabilidade), a extinção, ou a prescrição da obrigação principal refletem sobre o acessório, mas a recíproca não é verdadeira.
- No Brasil, há uma incoerência legislativa que merece ser apontada, prevista no art. 3º, VII, da Lei 8009/90, cuja constitucionalidade foi reconhecida no RE 407.688/SP.
Essa norma permite a penhora do bem de família do fiador locatício.
A estranheza é que o bem de família do locatário (devedor principal) está preservado, porém o do fiador pode ser penhorado. 
Veja que não atinge o bem de família do devedor principal, mas sim do acessório. A lei, portanto, escapa a lógica da Teoria da Gravitação, e o pior que o STF disse que é compatível com a Constituição, que não fere a igualdade.
6) Quanto à pluralidade de objetos: Obrigações Cumulativas, Alternativas e Facultativas. 
- Obrigações Cumulativas: são aqueles cujo conteúdo é composto por uma adição. Contém mais de uma prestação.
- O adimplemento somente se dá com o cumprimento de todas as prestações.
- Ex: Obrigação alimentícia. Não é incomum nessas obrigações verificar a decisão que impõe ao devedor pagar pensão em dinheiro e em natura (dinheiro + escola + plano de saúde + cesta básica + ...).
- Obrigações Alternativas: são aquelas que trazem em seu conteúdo uma possibilidade disjuntiva (“ou”).
- O adimplemento se dá com o cumprimento de um das prestações.
- Tem por fundamento a escolha, a qual é chamada de “Concentração”.
- O art. 252 do CC estabelece que a escolha compete ao devedor, se outra coisa não se estipulou.
- As parte podem prever que o credor ou 3º realize a escolha. Trata-se de Autonomia privada permitida pelo CC.
- Na prática, o 3º geralmente é um especialista (perito).
				- A escolha pode ser periódica, se renovando no tempo.
				- Direito de Escolha ≠ Dação em Pagamento.
- Dação em pagamento é para as obrigações certa, liquidas e exigíveis.
- Ex: Obrigação de dar dinheiro e o credor aceita do devedor coisa diversa.
- Na dação em pagamento já houve inadimplemento, e depois desse inadimplemento o credor aceita coisa diversa.
- Nas obrigações alternativas, a escolha fará com que a obrigação se torne exigível. Ou seja, não se pode falar em inadimplemento antes da escolha.
				- A escolha é Direito Potestativo da parte.
				- A escolha não se submete ao valor médio.
- Se a escolha competir ao devedor, e ele não a fizer no prazo, ou, não havendo prazo, em 10 dias após ser citado, o credor tem a ação (CPC, art. 571). 
- A escolha é sempre Irretratável.
- O mais relevante nas obrigações alternativas é o inadimplemento.
- Se houver perecimento (perda ou deterioração) de todas as prestações alternativas sem culpa do devedor, extingue-se a obrigação.
- Se uma das obrigações alternativas pereceu sem culpa, a obrigação deixou de ser alternativa e passou a ser simples.
- Mas se o perecimento foi culposo de quem for escolher, escolhe o que sobrou. Porém se a culpa for da outra parte, quem iria escolher optará entre escolher o que sobrou ou exigir perdas e danos.
AULA 11.3
- Obrigações Facultativas: são obrigações com faculdade de soluções. 
- Não estão prevista expressamente em nosso CC. Mas a doutrina e jurisprudência são pacíficas em admiti-las.
- Não são expressas no CC porque decorrem da autonomia privada.
- Além disso, sofrem de um problema terminológico. Quando se fala em obrigação facultativa, termina-se induzindo a um erro. Leva-nos a crer que facultativa tem haver com alternativas.
Na verdade, as obrigações facultativas são obrigações simples, com uma única prestação possível. Contudo, o NJ permite (autonomia privada) ao devedor se exonerar da obrigação entregando uma coisa diversa.
Na obrigação facultativa, o que se pretende é ajudar o cumprimento da obrigação. É dar ao devedor uma via alternativa para o inadimplemento.
- Ex: O devedor se obriga a dar uma safra de feijão, mas pode adimplir a obrigação entregando uma safra de soja.
			- Situações de inadimplemento:
- Se restar descumprida a obrigação porque, p.ex., houve perecimento da coisa devida, sem culpa do devedor, está extinta a obrigação.
- Diferente da obrigação alternativa, o credor não pode exigir a obrigação facultativa, mesma que esta permaneça integra.
- Mas se a coisa devida perecer por culpa da devedor, este pode entregar a coisa facultativa. Mas ocredor somente pode exigir a coisa devida.
			- Ex: art. 408 do CC – Cláusula Penal (multa). 
João celebra contrato com Cristiano no qual se comprometeu a entregar a Cristiano um carro.
Porém o carro pereceu sem culpa de João, logo extinguiu-se o contrato.
Contudo, o contrato tinha uma cláusula penal, estabelecendo que se João não entregasse o carro na data X, pagaria multa.
A cláusula penal (multa) não pode ser exigida se a coisa pereceu sem culpa. Mas se João tem culpa, ele pode cumprir a cláusula penal e extinguir a obrigação. A cláusula penal é uma faculdade para ele.
* OBS: Função Social da Cláusula Penal – art. 413 do CC: a clausula penal pode ser reduzida de oficio pelo juiz quando a obrigação principal tive sido cumprida em parte ou quando ela se mostrar manifestamente excessiva.
7) Quanto à pluralidade de sujeitos: Obrigações Simples, Divisíveis, Indivisíveis e Solidárias. 
- Obrigações Simples: são aquelas em que não há multiplicidade de partes. Somente há um credor e um devedor.
- Não traz complexidade subjetiva, ou seja, não há dificuldade de saber quem vai cumprir em favor de quem.
- Obrigações Divisíveis: são aquelas nas quais há mais de um credor ou devedor e a prestação pode ser fracionada em tantas partes quanto sejam os sujeitos.
- Ex: na obrigação de pagar dinheiro, se houver 2 devedores, cada um está obrigado pela metade do pagamento.
- No CC, a regra geral das obrigações com pluralidade de sujeitos é a divisibilidade.
	- concursu partes fiunt: regra do rateio entre as partes.
	* Exceção: se a obrigação for indivisível ou solidária.
- Obrigações Indivisíveis: são aquelas em que há mais de um credor ou mais de um devedor e a prestação não admite cisão.
- art. 258 do CC: será indivisível a obrigação cuja prestação não possa ser dividida em diferentes partes sem a perda de sua homogeneidade econômica (critério naturalístico econômico).
	- Ex: entrega de um apartamento; entrega de um animal;
	* Entretanto, o CC permite a Indivisibilidade Intelectual.
- A indivisibilidade intelectual é quando há mais de 1 sujeito e o objeto poderia ser fracionado entre eles, mas a vontade das parte, a norma ou a decisão judicial tornam a obrigação indivisível.
- Ex: decisão judicial que impõe a dois devedores a obrigação de pagar uma dívida a vista.
			- Indivisibilidade com pluralidade de devedores.
- Ex: entra de animal por dois devedores. Cada um pode ser compelido a entregar o todo. E quem entregar sozinho se subroga no crédito, ou seja, terá direito regressivo em relação ao devedor que se manteve inadimplente.
- Ex: Pagamento de taxas condominiais – a jurisprudência vem entendendo que é uma obrigação indivisível com pluralidade de devedores. Assim, o condomínio pode pagar de qualquer um deles, e quem pagar sozinho tem direito de regresso em face dos demais.
			- Indivisibilidade com pluralidade de credores.
- Cada credor pode exigir o todo, mas o devedor somente se isenta da dívida entregando a todos os credores em conjunto, ou entregando a um só, exigindo uma caução de garantia.
- No REsp 868.556/MS, o STJ entende que o pagamento errôneo de obrigação indivisível com multiplicidade de credores não quita a obrigação. Ou seja, pagou a um só e não exigiu garantia, a obrigação se mantém em relação aos demais.
- Se um dos cocredores receber o pagamento, prestando a garantia, ele se obriga a pagar as partes/frações dos demais.
				- Efeitos da Remissão (CC, art. 262):
- * OBS: No ordenamento, pode haver 2 tipos de remi(ç)(ss)ão:
						1) Remição: tem natureza de pagamento.
						2) Remissão: significa perdão.
- Na remissão (perdão) – art. 262 do CC –, se 1 dos 3 cocredores perdoar a obrigação, os outros 2 podem continuar a exigir a obrigação indivisível, mas devem devolver a quantia respectiva daquele que perdoou.
* OBS: essa mesma lógica se aplica para os casos de:
	- Transação;
	- Novação;
	- Compensação; e 
	- Confusão.
			- Perda do objeto:
- Se o objeto se perdeu sem culpa dos devedores, extingue-se a obrigação.
- Se o objeto se perdeu com culpa de 1 dos devedores, converte-se em perdas danos. Logo a obrigação passa a ser divisível, e cada devedor responde por uma parte da obrigação, sendo que somente o culpado indenizará.
	- Culpado paga: quota da obrigação + indenização.
- Demais devedores pagam: quota da obrigação somente.
* Logicamente que a culpa não poderia perpassar a pessoa do culpado (Princ. Intranscendência da pena).
- Obrigações Solidárias: são aquelas que criam uma massa única de credores ou devedores.
- Não se confunde com a obrigação indivisível. 
- Na indivisibilidade, o critério natural impede a divisão. A solidariedade, diferentemente, decorre da lei ou da vontade das partes (CC, art. 265).
	- Pode haver obrigação indivisível e solidária.
- A solidariedade não se presume. Inclusive, no REsp 859.616/RS, o STJ disse que não se admite analogia para a solidariedade.
- A solidariedade se dá externamente. Internamente, cada sujeito tem sua parte/fração.
- Ex: o art. 1698 do CC estabelece que a obrigação de alimentos não é solidária, é subsidiária.
Trata-se de situação em que o filho não consegue cobrar a pensão integral dos pais, então parte para buscar dos avós.
Essa obrigação dos avós não é solidária, mas subsidiária e proporcional (cada avô pagará de acordo com sua capacidade econômica).
* O único caso de obrigação alimentícia solidária é em favor de pessoa idosa (Estatuto do Idoso,art. 12). 
			- A solidariedade pode ser:
				- Ativa: credores solidários.
- Cada credor pode exigir o todo (CC, art. 267), e o devedor se exonera entregando a qualquer um deles, independentemente de garantia.[3: Aqui a obrigação não é indivisível.]
- o credor que recebeu sozinho subroga-se na dívida, e terá que pagar a parte aos demais.
- A solidariedade ativa é raríssima. É de pouco interesse pratico, pois em geral cada um dos credores resolveria a situação por meio do instituto do mandato.
- Cada credor pode ajuizar a sua ação de cobrança para cobrar a dívida pode inteiro.
Se essa ação for julgada procedente, há extensão da coisa julgada (secundum eventum probationis). Se for improcedente, não atinge os outros credores.
AULA 11.4
				- Passiva: devedores solidários.
- Cada devedor responde integralmente pela dívida, mesmo que a obrigação seja divisível.
- Vimos que a solidariedade não se presume. Ela decorre de lei ou da vontade das partes. Contudo, este último não se aplica a solidariedade passiva, visto que não é coerente os devedores acordarem a solidariedade passiva.
- Ex: o art. 12 do Estatuto do Idoso prevê solidariedade passiva nos alimentos em favor de pessoa idosa.
- Ex: o art. 942 do CC prevê a solidariedade passiva na responsabilidade pelo fato de 3º.
- Respondem solidariamente também as pessoas do art. 932 do CC.
	- Ex: Tutor e tutelado.
- Ex: o art. 7º do CDC prevê solidariedade passiva entre todos os que causaram dano ao consumidor.
- A doutrina apelidou essa solidariedade de Solidariedade Imperfeita, pois tem regras diferentes as do CC.
- Jus variandi do credor: direito de escolha do credor a quem cobrar a dívida. O credor pode cobrar de um, de alguns ou de todos.
- A vedação ao abuso de direito atinge também o jus variandi do credor nas obrigações com solidariedade passiva.
- Enunciado 37 da Jornada de Direito Civil.
- No REsp 167.221/MG, o STJ trata do ajuizamento de diferentes ações de cobrança contra diferentes codevedores. Nesse caso, o credor pode estar abusando de seu direito.
- Solidariedade passiva configura Litisconsórcio Facultativo (CPC, art. 46).
- É facultativo, pois o credor escolhe se vai cobrar de um, de alguns ou de todos.
- Mesmo sendo facultativo, o art. 77 do CPC trás instituto que cria enorme confusão.
Esse artigo prevê a possibilidade de Chamamento ao Processo. Trata-se da possibilidade do devedor solidário, acionado sozinho, pode chamar ao processo os demais.[4: Barbosa Moreira menciona que “aquilo que o direito material deu com a mão direita, o direito processual tiroucom a mão esquerda”.]
Veja-se que o Chamamento ao processo esvazia a prerrogativa do credor de cobrar de um só.
- Imagine a confusão se um dos devedores for a Fazenda Pública, que tem prazo estendidos.
- Havendo pagamento parcial, a solidariedade se manterá em relação ao restante da dívida.
- Na Morte de um dos codevedores, o seu espólio (herdeiros) respondem pela dívida, não em sua integralidade, mas apenas em relação a sua fração.
- Ex: Havendo solidariedade passiva com 3 devedores, se um deles morreu, o seu espólio se exonera da obrigação pagando 1/3 da dívida.
- Isso porque a solidariedade é intuitu personae.
* Exceção: Se, além de solidária, a obrigação for indivisível, o espólio responderá pelo todo.
					- Questão do perecimento na solidariedade passiva:
- Se a prestação pereceu sem culpa, extingue-se a obrigação.
- Se a prestação pereceu com culpa de qualquer dos devedores, todos continuam responsáveis solidariamente pelo valor da coisa, mas a indenização será paga exclusivamente pelo culpado.
	8) Quanto ao objeto: Obrigações de Dar, Fazer ou Não Fazer.
- Obrigações Não Fazer: é uma abstenção voluntária do devedor de algo que lhe seria possível. 
- Aquelas conduta já vedadas em lei não constituem obrigação de não fazer. Ex: não matar alguém.
A obrigação de não fazer é de algo que seria lícito ao devedor, e ele voluntariamente assume a obrigação de não fazer.
- Ex: Inserção de cláusula de confidencialidade ou de cláusula de vedação à concorrência. Essas cláusulas são comuns nos contratos de prestação de serviço.
			- Pode ser divisível ou indivisível.
- Se tornando impossível a obrigação, sem culpa do devedor, resolve a obrigação (CC, art. 250). Mas se a conduta, a qual deveria se abster, foi praticada, com culpa do devedor, resolve-se em perdas e danos ou tutela específica, de acordo com interesse do credor (CC, art. 251).
* OBS: o art. 251, parágrafo único, do CC prevê a Autotutela das obrigações de não fazer, desde que não incorra em abuso de direito.	
- Obrigações Fazer: corresponde a uma conduta humana positiva. Diz respeito a uma atividade do devedor com uma consequente vantagem para o credor.
	- Ex: prestação de serviços;
- Muito se discutiu se a prestação de serviço, com posterior entrega de algo que foi feito, se transmudaria em obrigação de dar.
	- Ex: Alfaiate.
Contudo, nada impede que a obrigação de fazer traga também um entrega daquilo que foi preparado.
- Ex: Se vou na loja e compro um terno pronto, trata-se de obrigação de dar. Se vou no alfaiate, a obrigação é de fazer.
- Ex: Contrato Preliminar (Promessa de Compra e Venda, Promessa de Comodato) – nesse NJ as parte assumem uma obrigação de fazer, qual seja, celebrar outro contrato.
- Ex: Promessa de Fato de 3º (CC, art. 439) – é obrigação de fazer consistente em conseguir que outra pessoa preste um serviço.
- Ex: empresário do interior que promete que determinado artista vai se apresentar na cidade.
			- Podem ser 
- Fungíveis: são aquelas que podem ser executadas por um 3º.
	- Ex: levantar um muro.
- Infungíveis: são aquelas que só podem se cumpridas pelo devedor.
- Ex: pintar um quadro, escrever um livro, compor uma música.
				
* Até pouco tempo, somente as obrigações de fazer infungíveis permitiam Tutela Específica. Contudo, o STJ já entende que ambas admitem a execução específica.
	- Enunciado 22 da Jornada de Direito Civil.
	- AgRgResp 993.090/RS
- Se a conduta se tornou impossível, sem culpa do devedor, extingui-se a obrigação. Mas se houve culpa do devedor, surge para o credor a possibilidade de perdas e danos ou tutela específica. Neste ultimo caso, se o fato puder ser prestado por 3º, o credor pode mandar fazer por conta do devedor (CC, art. 249).[5: P. ex., adveio lei que proibia a conduta estipulada no contrato.]
- O art. 249 do CC também permite uma Autotutela nas obrigações de fazer.
- Obrigações de Dar: corresponde a entrega de uma coisa. Corresponde a Tradição.
- É obrigação de dar coisa que não foi feita pelo devedor. Caso contrário, será obrigação de fazer.
- Em alguns casos existe controvérsia entre o que é obrigação de dar e obrigação de fazer.
- Ex: FGTS – Enunciado 160 da Jornada de Direito Civil: “A obrigação de creditar dinheiro em conta vinculada de FGTS é obrigação de dar, obrigação pecuniária, não afetando a natureza da obrigação a circunstância de a disponibilidade do dinheiro depender da ocorrência de uma das hipóteses previstas no art. 20 da Lei n. 8.036/90”.
Entretanto, no REsp 957.111/DF, o STJ estabeleceu que a obrigação é de fazer.
			- Obrigação de Dar ≠ Aquisição de Propriedade.
- A obrigação de dar (entrega da coisa) não gera aquisição de propriedade. No Brasil, a aquisição de propriedade se dá pelo registro em cartório.
- Na França, a tradição,por si só, já gera aquisição de propriedade.
- A tutela de obrigações de dar também se dá por perdas e danos e execução específica, superando o entendimento da Súmula 500 do STF.[6: Ação Cominatória é cabível nas obrigações de fazer ou de não fazer.]
- Obrigação de dar coisa certa: é a obrigação de entregar algo que já está perfeitamente individualizado.
	- Ex: entrega de R$ 500 mil em dinheiro.
- O art. 313 do CC diz que o credor não pode ser obrigado a aceitar coisa diversa, ainda que mais valiosa, nem o devedor pode ser compelido a prestar coisa diversa, ainda que de menor valor.
- Há uma vinculatividade em relação a prestação.
- Abrange também os acessórios: frutos, rendimento, produtos, melhoramentos, ... Salvo disposição contrária, ou seja, as partes podem eliminar os acessórios.
	* Não alcança as pertenças.[7: Pertença não é bem acessório.]
- Aplica-se a regra do res perit domino (a coisa perece para o dono – Teoria dos Riscos).
- Se a coisa pereceu, sem culpa, extingui-se a obrigação para o proprietário. 
Até a entrega da coisa, o proprietário é o devedor. A partir da entrega da coisa, o proprietário é o credor. E se a coisa pereceu antes da entrega, pereceu para o devedor que responde. Se pereceu após a entrega, pereceu para o credor que assume também a sua responsabilidade.
- Se pereceu por caso fortuito ou força maior, extingue-se a obrigação e não haverá responsabilidade.
* Em 3 casos, mesmo havendo caso fortuito ou força maior, o devedor responde:
		1) Devedor em mora;
		2) Previsão convencional;
		3) Previsão normativa.
- Obrigação de Restituir: é um tipo específico de obrigação de dar.
- Obrigação de entregar de volta.
- Presente na obrigação de locação, de mútuo, ...
- Aplica-se também a regra do res perit domino (Teoria do Risco).
- A diferença é que o proprietário estará em lado diferente.
	
- Obrigação de dar coisa incerta: é aquela em que há dívida de gênero, ou seja, sabe-se a quantidade e qualidade mas não há especificação da coisa.
	- Ex: Entrega de um carro, animal, ...
	- A indeterminação transitória, nunca absoluta/permanente.
	Em algum momento haverá a escolha da coisa (Concentração).
- Compete ao devedor individualizar/escolher/concentrar a coisa incerta, salvo disposição contrária.
- O art. 244 do CC, baseado na boa-fé objetiva, estabelece que a escolha deve se fazer pelo valor médio. Assim, a escolha não pode ser feita pelo maior valor, nem pelo menor.
- Diferente das obrigações alternativas, em que a escolha não precisa ser pelo valor médio.
- Se a escolha não for realizada pela parte a quem competia fazê-la, cabe ação judicial. (STJ, REsp 701.150/SC).
- A partir do momento que a outra parte é cientificada da escolha, a obrigação passa a ser de dar coisa certa.
- Claro que não se aplica a regra do res perit domino (Teoria do Risco), pois gênero não perece.

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