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1 1. EFEITOS DA SENTENÇA PENAL CONDENATÓRIA I. EFEITOS PENAIS Condenação é o ato do juiz por meio do qual impõe uma sanção penal ao sujeito ativo de uma infração. Ela transforma o preceito sancionador da norma penal incriminadora de abstrato em concreto (Liebman). Diz-se que são efeitos da condenação todas as consequências advindas de uma sentença penal condenatória transitada em julgado. A condenação penal irrecorrível produz efeitos: a) principais; b) secundários. Corresponde aos efeitos principais a imposição das penas privativas de liberdade (reclusão, detenção e prisão simples), restritivas de direitos, pecuniária e eventual medida de segurança. O CPP, no art. 387, determina ao juiz, na sentença condenatória, impor as penas, fixando-lhes a quantidade (inc. III) e, se for caso, a medida de segurança. Em suma, apenas a sentença condenatória gera, evidentemente, os efeitos da condenação, o que não ocorre na sentença absolutória. A CONDENAÇÃO PRODUZ OS SEGUINTES EFEITOS SECUNDÁRIOS: NATUREZA PENAL NATUREZA EXTRAPENAL É pressuposto da reincidência caso o condenado venha a cometer outro crime dentro do prazo a que se refere o art. 64, I, do Código Penal; (CP, art. 63); Incluem-se os de natureza civil e administrativa Impede, em regra, o sursis (art. 77, I); A obrigação de reparação do dano resultante do crime, prevista no art. 91, I, do CP (obrigação para com o sujeito passivo ou prejudicado pelo crime); Causa a revogação do sursis (art. 81, I, e § 1.º); O confisco, previsto no art. 91, II (obrigação para com o Estado); Causa a revogação do livramento condicional (art. 86); A perda de cargo, função pública ou mandato eletivo (art. 92, I); Aumenta o prazo da prescrição da pretensão executória em 1/3 no caso da prática de novo crime interrompe (art. 110, caput, in fine); A incapacidade para o exercício do poder familiar, tutela ou curatela (art. 92, II); Transitada em julgado, a prescrição da pretensão executória não se inicia enquanto o condenado permanece preso por outro motivo (art. 116, parágrafo único); A inabilitação para dirigir veículo (inc. III). Causa a revogação da reabilitação obtida por delito anterior; (art. 95); Tem influência na exceção da verdade no crime de calúnia (art. 138, § 3.º, I e III); Impede o privilégio dos arts. 155, § 2.º; 170; 171, § 1.º; e 180, § 3.º, 1.ª parte, em relação ao segundo crime; Aumenta a pena da contravenção de porte de arma branca (LCP, art. 19, § 1.º); Constitui elementar da figura típica da contravenção de posse não justificada de instrumento de emprego usual na prática de furto (LCP, art. 25). Interrompe a prescrição da pretensão executória de delito anteriormente cometido; Impede o perdão judicial em certos crimes, como na receptação culposa (art. 180, § 5º, 1ª parte); Aumenta o prazo para a obtenção do livramento condicional em relação a novo crime que venha a ser cometido pelo condenado; Gera a revogação da reabilitação obtida por delito anterior; Impede a transação penal e a suspensão condicional do processo no caso da prática de nova infração penal (arts. 76, § 2º, I, e 89, caput, da Lei n. 9.099/95); Veda a redução da pena no crime de tráfico de drogas, ainda que o réu não se dedique a este tipo de crime de forma contumaz e não integre organização criminosa (art. 33, § 4º, da Lei n.11.343/2006). Impõe-se mencionar que os efeitos ora tratados são impostos aos imputáveis, bem como aos semi- imputáveis que revelarem periculosidade, os quais serão condenados a uma pena reduzida (art. 26, parágrafo único, do CP), substituída por medida de segurança. Aos inimputáveis (art. 26, caput, do CP), aplicam-se as medidas de segurança, fruto de sentença absolutória imprópria. 2 i. IMPOSIÇÃO DE PENA; (matéria do 1BM) ii. REINCIDÊNCIA; * iii. OUTROS. (arts 83, 44.. as revogações, RDD..) II. EFEITOS EXTRAPENAIS A par dos efeitos principais a condenação penal produz outros, denominados secundários, reflexos ou acessórios, de natureza penal e extrapenal. Os efeitos secundários de natureza extrapenal são de cunho civil, administrativo, político e trabalhista. Estes, por sua vez, subdividem-se em efeitos extrapenais genéricos ou específicos, conforme se verá em seguida. A) GENÉRICOS: decorrem de qualquer condenação criminal e não precisam ser expressamente declarados na sentença. São, portanto, efeitos automáticos de toda e qualquer condenação. Vêm previstos no art. 91, do CP, a saber: a) TORNA CERTA A OBRIGAÇÃO DE REPARAR O DANO (art. 91, I, do CP); A sentença condenatória transitada em julgado torna-se título executivo judicial no juízo cível, sendo desnecessário rediscutir a culpa do causador do dano (art. 63 do CPP). No juízo cível somente poderá ser discutido o montante da reparação. Poderão promover-lhe a execução, no juízo cível, para efeito de reparação do dano, o ofendido, seu representante legal e seus herdeiros (art. 63 do CPP). Objetivando a facilitação do ressarcimento civil oriundo da prática de uma infração penal, o CPP, em seu art. 63, parágrafo único, prescreve que o juízo criminal, na sentença, deverá fixar um valor mínimo, a título de indenização pelos prejuízos advindos do cometimento do ilícito penal, sem que tal providência prejudique a real apuração dos danos sofridos na seara cível. Observe-se que a vítima não é obrigada a aguardar o desfecho da ação penal para buscar sua indenização, podendo intentar a ação civil (ação civil de reparação de dano – actio civilis ex delicto) antes mesmo da propositura da ação penal ou durante sua tramitação. Assim deverá fazê-lo quando se tratar: a) de sentença que declara extinta a punibilidade pela prescrição da pretensão punitiva (intercorrente ou retroativa), considerando-se também como prescrição da pretensão punitiva aquela superveniente à sentença condenatória com trânsito em julgado para a acusação; b) de arquivamento de inquérito; c) de transação penal prevista pela Lei n. 9.099/95; d) de sentença absolutória. Caso as duas estejam em andamento, o juiz da ação civil poderá suspender o curso desta, até o julgamento definitivo daquela para impedir decisões contraditórias. Por outro lado, não perde a condição de título executivo a sentença condenatória transitada em julgado se posteriormente advier a extinção da punibilidade do agente por causa superveniente a ela. O efeito condenatório em estudo evidentemente não existe nas infrações que não causam prejuízo ou que não possuem vítima determinada, por isso faz-se necessário que seja cometido contra uma vítima certa. 3 b) CONFISCO, PELA UNIÃO, DOS INSTRUMENTOS ILÍCITOS E PRODUTOS DO CRIME (art. 91, II, do CP). É, também, efeito secundário extrapenal, de natureza civil, a perda, em favor da União, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé, dos instrumentos do crime, desde que consistam em coisas cujo fabrico, uso, porte, alienação ou detenção constitua fato ilícito (assim não é qualquer instrumento utilizado na prática de crime que pode ser confiscado), bem como do produto do crime ou de qualquer bem ou valor que constitua proveito auferido pelo agente com a prática do fato criminoso (art. 91, II, a e b, do CP). Os produtos e o proveito do crime somente serão confiscados em favor da União se não puderem ser restituídos ao prejudicado ou terceiro de boa-fé. Nesse caso, passarão a integrar o patrimônio da União. A perda dos instrumentos do crime é automática, decorrendo do trânsito em julgado da sentença condenatória. No caso da Lei de Drogas, ao contrário, todos os veículos, maquinismos e instrumentos em geral, empregados na prática de tráfico ilícito de entorpecentes, em havendo condenação do agente,serão sempre confiscados pela União, ainda que seu porte não constitua fato ilícito. O confisco só deve recair sobre bens que estejam direta e intencionalmente ligados à prática do crime, de modo que se houver vínculo meramente ocasional, como no caso de alguém que, dentro do seu carro, oferece lança-perfume a um amigo durante uma viagem de férias, não haverá o confisco do automóvel ou aquele que usa o próprio carro para nele fazer uso de maconha (crime de porte para consumo próprio) não corre o risco de ter o veículo confiscado. O art. 243 da Constituição Federal prevê a desapropriação, sem indenização, das terras onde forem localizadas culturas ilegais de substância entorpecente. Tais glebas serão destinadas ao assentamento de colonos. Decretada a perda do produto ou proveito do crime em razão de sentença condenatória, poderão estes ser exigidos ainda que estejam em poder dos sucessores. O art. 5º, XLV, da Constituição Federal consagra o princípio da intranscendência da pena, mas não veda que este efeito extrapenal da condenação alcance os sucessores. É de se mencionar que, se o objeto não pertence ao criminoso, mas é desconhecido o seu proprietário, torna-se necessário aguardar o prazo de 90 dias a contar do trânsito em julgado da sentença, hipótese em que será vendido em leilão, caso não seja reclamado, depositando-se o valor à disposição do juízo de ausentes (art. 123 do CPP). Como o texto legal refere-se exclusivamente a instrumentos de crime, é inviável o uso de analogia ou interpretação extensiva para abranger os instrumentos utilizados em contravenções penais. Não cabe falar em confisco dos IMPORTANTE LEMBRAR! 1. O agente pode ser civilmente obrigado à reparação do dano, embora o fato causador do prejuízo não seja típico. 2. A sentença que reconhece a inimputabilidade do réu, nos termos do art. 26, caput, do CP, não gera o dever de reparação do dano, visto que tem natureza absolutória (não faz coisa julgada no cível), diversamente do que ocorre na hipótese de o réu ser declarado semi-imputável. Aqui, a sentença será condenatória e, se reconhecida a periculosidade do agente, ser- lhe-á imposta medida de segurança substitutiva da pena privativa de liberdade. Neste caso, haverá como efeito secundário extrapenal da condenação o dever de reparação do dano. 3. A sentença condenatória só pode ser executada no juízo cível contra quem foi réu na ação criminal. Para acionar o responsável civil, que não tenha sido réu na ação penal, será necessária a ação cível específica, servindo a condenação penal apenas como elemento de prova, e não como título executivo. 4. A sentença penal absolutória não impede a propositura da competente ação indenizatória no juízo cível, a menos que o fundamento da absolvição seja o reconhecimento da inexistência material do fato, de que o acusado não foi o autor do fato, não existir provas (da existência do fato, da autoria do réu ou suficiente para a condenação) ou de que agiu sob excludente de criminalidade. 5. A ocorrência da prescrição ou de qualquer outra causa extintiva da punibilidade não afasta a obrigação de reparar o dano (a menos que seja a prescrição da pretensão punitiva, pois nesta situação, deve a vítima discutir no cível, a culpa do réu). Produto é a vantagem direta auferida pela prática do crime (exemplo: o relógio furtado. Na maioria dos casos, o produto do crime é restituído ao dono ou terceiro de boa-fé, salvo se não forem identificados.) Proveito é a vantagem indireta decorrente do produto (exemplo: o dinheiro obtido com a venda do relógio furtado). 4 instrumentos do crime na hipótese de arquivamento, absolvição ou extinção da punibilidade pela prescrição da pretensão punitiva. Cumpre, finalmente, dizer que o confisco não se confunde com a medida processual de apreensão. Esta, na realidade, é pressuposto daquele. A apreensão dos instrumentos e de todos os objetos que tiverem relação com o crime deve ser determinada pela autoridade policial (CPP, art. 6º). A apreensão será determinada pelo juiz: a) de ofício; b) a requerimento do Ministério Público; ou c) mediante representação. O confisco só deve recair sobre bens que estejam direta e intencionalmente ligados à prática do crime. c) SUSPENSÃO DOS DIREITOS POLÍTICOS, ENQUANTO DURAREM OS EFEITOS DA CONDENAÇÃO (art. 15, III, da CF). Cuida-se de efeito automático e inerente a toda e qualquer condenação. Consiste, basicamente, na perda do direito de votar e de ser votado. Quando uma pessoa é definitivamente condenada, o juízo de origem deve comunicar o fato à Justiça Eleitoral que impedirá o exercício do voto. Declarada a extinção da pena, por seu cumprimento ou pela prescrição, o sujeito recupera, também automaticamente, os direitos políticos. De acordo com a Súmula n. 9 do Tribunal Superior Eleitoral, “a suspensão de direitos políticos decorrente de condenação criminal transitada em julgado cessa com o cumprimento ou a extinção da pena, independendo de reabilitação ou de prova de reparação dos danos”. d) RESCISÃO DO CONTRATO DE TRABALHO POR JUSTA CAUSA (art. 482, d, da CLT). Prevê o art. 482, d, da Consolidação das Leis do Trabalho que constitui justa causa para a rescisão do contrato de trabalho pelo empregador a condenação criminal do empregado, passada em julgado, caso não tenha havido suspensão condicional da pena (sursis). A ressalva contida na parte final do dispositivo nos faz acreditar que, também quando houver aplicação exclusiva de pena de multa, não haverá justa causa para a rescisão. e) OBRIGATORIEDADE DE NOVOS EXAMES ÀS PESSOAS CONDENADAS POR CRIMES PRATICADOS NA DIREÇÃO DE VEÍCULO AUTOMOTOR DESCRITOS NO CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO (art. 160 da Lei n. 9.503/97). Estabelece o art. 160 do Código de Trânsito Brasileiro que a condenação por qualquer dos crimes nele previstos torna necessária a realização de novos exames para que o condenado volte a conduzir veículos automotores. Trata-se de efeito automático da condenação, não precisando ser mencionado na sentença. Por esta razão e por ser aplicável a todos os crimes do Código de Trânsito, classifica-se como efeito genérico. B) ESPECÍFICOS: decorrem da condenação criminal pela prática de determinados crimes em hipóteses específicas e devem ser motivadamente declarados na sentença condenatória. Não são, portanto, automáticos, nem ocorrem em qualquer hipótese. a) PERDA DO CARGO, FUNÇÃO PÚBLICA OU MANDATO ELETIVO EM VIRTUDE DA PRÁTICA DE CRIMES FUNCIONAIS, se a pena for igual ou superior a 1 (um) ano, ou de crimes de qualquer natureza, se a pena for superior a 4 (quatro) anos (art. 92, I, a e b, do CP) São, portanto, necessários os seguintes requisitos: I) prática de crime no exercício da função pública: a) violação de deveres a ela inerentes, b) pena igual ou superior a um ano, e c) declaração expressa e motivada do efeito na sentença. Ou II) prática de qualquer crime: a) não é necessário que o delito tenha qualquer tipo de relação com o desempenho das funções, b)pena superior a quatro anos, e b) declaração expressa e motivada do efeito na sentença condenatória. Importa registrar que este efeito da condenação será permanente, ou seja, mesmo que o condenado obtenha sua reabilitação. Reabilitado o condenado poderá exercer outro mandato, não porém aquele que perdeu. No que diz respeito à perda do mandato eletivo, é necessário ressaltar, todavia, que o art. 15, III, da Constituição Federal prevê a suspensão automática dos direitos políticos pela condenação criminal, qualquer que seja a pena aplicada e independentemente de menção nesse sentido na sentença. Assim, neste aspecto vale a norma constitucional, de modo que, sendo o titular de mandato eletivo municipal condenado em definitivo, basta que o fato seja comunicado ao Presidenteda Câmara Municipal, por ofício judicial, para que seja declarada a extinção do mandato do vereador ou prefeito, de modo que possa assumir, respectivamente, o suplente ou o vice- prefeito. Cuida-se aqui de ato vinculado do Poder Legislativo, que não deverá deliberar acerca da perda ou não do mandato. Quando, todavia, se tratar de condenação criminal definitiva de Deputado Federal ou Senador, a situação é diferente, pois deve ser observada a regra especial do art. 55, VI, combinado com o art. 55, § 2º, da Constituição Federal. Segundo tais dispositivos, a perda do cargo decorrente da condenação criminal não será automática, devendo ser decidida pela Câmara dos Deputados ou 5 pelo Senado, por voto secreto e maioria absoluta, mediante provocação da respectiva Mesa ou de partido político representado no Congresso Nacional, assegurada a ampla defesa. Tal procedimento aplica-se também aos Deputados Estaduais em razão do que dispõe o art. 27, § 1º, da Constituição Federal, que a eles estende as regras referentes à perda de mandato. Em suma, a perda efetiva do cargo poderá ou não ser decretada pela Câmara dos Deputados, pela Assembleia Legislativa ou pelo Senado. Caso não haja a cassação, o Deputado ou Senador que sofreu a condenação criminal não poderá se reeleger por estar com os direitos políticos suspensos. b) INCAPACIDADE PARA O EXERCÍCIO DO PODER FAMILIAR, TUTELA OU CURATELA, se o agente praticar o crime contra filho, tutelado ou curatelado (art. 92, II, do CP) A incapacidade para o exercício do poder familiar, tutela ou curatela, considerada um efeito secundário de natureza extrapenal, de caráter civil, somente terá cabimento se decretada a incapacitação pressupondo quatro requisitos: 1) que o crime tenha sido praticado contra filho, tutelado ou curatelado; 2) que se trate de crime doloso; 3) que se trate de crime apenado com reclusão (os crimes de abandono de incapaz (art. 133) e maus-tratos (art.136), que, em suas figuras simples, são apenados com detenção. Embora dolosos, não podem levar à incapacitação em estudo); 4) que o juiz entenda ser necessária referida inabilitação em razão da gravidade dos fatos e pela incompatibilidade gerada em relação ao exercício do poder familiar, tutela ou curatela (art. 92, parágrafo único, do CP). Havendo a constatação pelo juiz de referida incompatibilidade, poderá ser declarada a incapacitação ainda que a pena de reclusão tenha sido substituída por restritiva de direitos ou pelo sursis diante da primariedade do réu (ex.: condenação por crime de lesão corporal grave). Pouco importará a quantidade de pena imposta ao condenado, bastando, repita- se, que seja crime praticado em detrimento de filho, tutelado ou curatelado. Em relação à vítima do crime, a incapacitação é perpétua. A declaração judicial de reabilitação após o cumprimento ou extinção da pena, todavia, faz com que o sujeito possa tornar a exercer o poder familiar, tutela ou curatela em relação a outros filhos, tutelados ou curatelados. c) INABILITAÇÃO PARA DIRIGIR VEÍCULO Desde que o crime seja doloso e que o veículo tenha sido usado como instrumento ou meio do crime (art. 92, III, do CP). Trata-se de efeito que só pode ser afastado após a reabilitação criminal, de modo que só depois disso o condenado poderá novamente obter sua habilitação para conduzir veículos. Não se confunde o efeito em comento com a suspensão da autorização ou habilitação para dirigir veículo automotor, cabível apenas para os crimes culposos de trânsito, tratando-se de pena restritiva de direitos (dentro do tipo penal e efeito da condenação). d) CONDENAÇÃO POR CRIME FALIMENTAR De acordo com o art. 181 da Lei de Falências (Lei n. 11.101/2005), a condenação por qualquer dos crimes falimentares nela descritos pode gerar: I — a inabilitação para o exercício de atividade empresarial; II — o impedimento para o exercício de cargo ou função em conselho de administração, diretoria ou gerência das sociedades sujeitas à lei falimentar; III — a impossibilidade de gerir empresa por mandato ou por gestão de negócios. Esses efeitos não são automáticos, devendo ser motivadamente declarados na sentença, e perdurarão até 5 anos após a extinção da pena, podendo, contudo, cessar antes pela reabilitação penal (art. 181, § 1º). O art. 16 da Lei n. 7.716/89 prevê a possibilidade de o juiz decretar a perda do cargo ou função pública do servidor condenado por crime de racismo, devendo tal efeito ser motivadamente declarado na sentença (art. 18). Em relação aos servidores públicos condenados pela prática de crime de tortura, o art. 1º, § 5º,da Lei n. 9.455/97 prevê como efeitos automáticos da condenação a perda do cargo, função ou emprego público e a interdição para seu exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada. Segundo o art. 83 da Lei n. 8.666/93 (Lei de Licitações), os servidores públicos condenados por crime nela previsto, ainda que tentados, sujeitam-se, além das sanções penais, à perda do cargo, emprego, função ou mandato eletivo. Nos crimes de abuso de autoridade, a perda do cargo e a inabilitação para o exercício de qualquer outra função pública pelo prazo de até 3 anos constituem espécies de pena, e não efeitos condenatórios (art. 6º, § 3º, c, e § 4º, da Lei n. 4.898/65). 6 7 REFERÊNCIAS BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal: parte geral, 1.17. ed. rev.,ampl. e atual. De acordo com a Lei n. 12.550, de 2011. – São Paulo: Saraiva, 2012. CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal. Volume 1. Parte geral: (arts. 1º a 120) / 16. ed. — São Paulo : Saraiva, 2012. ESTEFAM, André; GONÇALVES, Victor Eduardo Rios. Direito penal esquematizado: parte geral. São Paulo: Saraiva, 2012. GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal: Parte Geral. Vol. I, 15ª Edição. Niterói: Impetus, 2013. JESUS, Damásio de. Direito penal, volume 1 : parte geral. 34. ed. — São Paulo : Saraiva, 2013. QUEIROZ, Paulo. Direito Penal: Parte Geral. 4ª Edição. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2008.
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