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UFRRJ – ICHS – Departamento de Ciências Econômicas
DISCIPLINA: IH 222 – Introdução à Economia I
Professor: José Antonio
OS DOIS GRANDES SISTEMAS “ABSTRATOS” DA ÉPOCA
 CONTEMPORÂNEA�
	As profundas modificações socioeconômicas, culturais e políticas, que caracterizaram o início dos tempos modernos, criaram condições para o predomínio do sistema capitalista, em substituição ao sistema econômico urbano-artesanal.
	Realmente, os descobrimentos fizeram recuar, desde fins do século XV, as fronteiras mundiais até então conhecidas. O afluxo das matérias–primas tropicais à Europa Ocidental, e em particular o dos metais preciosos, provocou, entre outras transformações, o deslocamento do eixo econômico mundial: do Mediterrâneo para o Atlântico e o Mar do Norte, iniciando-se a prosperidade de Londres, Amsterdã, Bordeaux e Lisboa.
	O Renascimento trouxe, com as partes, a laicização do pensamento, o desenvolvimento dos estudos científicos, o desejo de aprender, a vontade de criar, a reabilitação dos empréstimos a juros, a exaltação da atividade econômica, o ideal do bem-estar material etc. A atitude psicológica tornou-se, portanto, extremamente favorável ao desenvolvimento do capitalismo.
	Somou-se a esse complexo de fatores a centralização monárquica, a partir do século XV, o que possibilitou a unidade política e a econômica, ambas contendo em si a concepção do Estado coordenador dos recursos humanos e materiais da nação. Consolidou-se, então, um novo quadro da atividade econômica, propício ao predomínio do sistema de economia capitalista.
	As características principais do sistema de economia capitalista em sua forma “abstrata” ou “pura” é o que passaremos a examinar.
 1.º Sistema de economia capitalista ou de mercado descentralizado
	O termo “capitalismo” é geralmente entendido como o sistema que predominou do século XVII ao início do século XX, especialmente na Europa Ocidental.
	Dentre suas principais características, os autores costumam destacar a propriedade privada dos meios de produção, a livre iniciativa, a maximização do lucro, a competição, a mobilidade dos fatores de produção, o mercado (onde os preços são determinados pelo encontro da oferta e da procura), a competência das unidades domésticas e das empresas nas decisões de consumo, poupança e investimento, a soberania dos consumidores, a separação entre poder econômico e o poder político etc.
	Marx, seu crítico mais veemente, considerou-o um sistema social no qual a produção é realizada, sobretudo, por empresários privados, que utilizam mão-de-obra livre. E no modelo simplificado marxista estão ressaltadas duas classes do capitalismo: os capitalistas, que pagam salários, e os proletários, que os recebem em troca da prestação de trabalho. As relações entre estas duas classes, entretanto, não são simples como foram às relações entre senhores e escravos, ou senhores e servos, na Antiguidade e na Idade Média, pois no capitalismo as condições de prestação de trabalho são fixadas pelas forças impessoais do mercado.
O sistema de economia capitalista, em sua forma “abstrata” ou “pura”, fundamenta-se essencialmente no direito de propriedade privada e na liberdade econômica. Seu objetivo principal é a busca do maior lucro possível.
Laissez-faire, laissez-passer é conhecida como a expressão símbolo do capitalismo “abstrato” e o empresário, como o ator principal da cena econômica: proprietário dos meios de produção, dotado de dinamismo, racionalidade econômica e espírito inovador, é também o distribuidor das rendas do trabalho (salários) e do capital (juros).
Assim, os meios de produção constituem propriedades dos capitalistas ou dos empresários; estes utilizam a força de trabalho dos empregados mediante contratos de prestação de serviço, livremente estipulados, nas quais se comprometem ao pagamento de salários por determinado número de horas de trabalho.
Da diferenciação técnica entre essas duas categorias de trabalho – empresários e assalariados – decorrem diferenciações jurídicas e sociais, bem como diferente distribuição da renda (lucros variáveis e aleatórios para os primeiros salários fixos para os segundos) e distintas maneiras de pensar, de sentir e de agir.
Por outro lado, como a economia capitalista é, essencialmente, uma economia monetária, a atividade produtiva não está diretamente relacionada com a satisfação das necessidades consideradas mais prementes, mas sim com o poder aquisitivo dos atores econômicos no contexto do mercado. Neste, o empresário compra os fatores de produção – trabalho e capital – a “preços de mercado”, e nele vende seus produtos, também a “preços de mercado”, para uma clientela anônima. Assim, tanto o mercado como os preços constituem elementos essenciais para a alocação de recursos e distribuição de rendas.
Para alguns autores as decisões descentralizadas, que surgem como resposta aos preços determinados pelas forças da oferta e da procura no mercado, são compatíveis com a atividade global do sistema econômico, pois os preços atuam como importante guia dos empresários.
O desejo de lucro do homem de negócios e a competição entre os próprios empresários servem de precioso estímulo à redução do custo de produção, por meio de contínuo aperfeiçoamento técnico. Deste modo, ao buscar o aumento de distância entre o “preço de custo” e o “preço de venda”, para garantir a si mesmo maior lucro, o empresário contribui efetivamente para o progresso crescente da técnica. Ao mesmo tempo, atende às exigências dos consumidores, propiciando-lhes, no mercado, bens a preço reduzido pela livre concorrência. Então, o móvel egoísta que impulsiona o empresário coincide com o interesse geral da coletividade. Nesse sentido Adam Smith assim se exprimiu:
“... dirigindo essa indústria de modo a obter produtos do máximo valor possível, o indivíduo visa apenas ao próprio lucro; aí, como em muitos casos, é levado, por mão invisível, à consecução de um objetivo que de modo algum entrava em seus cálculos. Ao buscar a satisfação de seu interesse particular, o indivíduo atende freqüentemente ao interesse da sociedade de modo muito mais eficaz do que se realmente pretendesse defendê-lo”.
É também o egoísmo dos capitalistas que orienta os capitais na direção mais favorável ao interessa pessoal. Daí a máxima de Quesnay:
	“Dê-se liberdade de ação (laissez-faire) que os capitais se multiplicam e afluem para onde mais livremente se pode dispor deles”.
Para que os indivíduos possam produzir e a sociedade prosperar, o Estado deve garantir-lhes paz, ou seja, manter a ordem, fazer respeitar o direito de prosperidade, o direito oriundo dos contratos e cumprir a lei.
O respeito à liberdade individual reflete-se na condenação de qualquer regulamentação estatal ou corporativa, de qualquer intervenção no regime de trabalho, de qualquer cerceamento às inovações e invenções etc.
O modelo teórico da atividade econômica capitalista, em seu aspecto agrário, recebeu importante contribuição dos fisiocratas, na segunda metade do século XIX. Em seu aspecto industrial, entretanto, coube aos clássicos a teorização do modo de produção capitalista. Neste particular, Riqueza das Nações (1776), de Adam Smith, é considerado o marco fundamental do capitalismo: apresenta uma interpretação mais satisfatória do sistema capitalista, sem o erro fisiocrático relativamente a esterilidade da indústria, elaborando pressupostos e instrumentos metodológicos de análise (que seriam modificados e reinterpretados por seus sucessores).
A visão liberal da economia e da sociedade de Smith baseava-se em sua teoria ético-psicológica, apresentada na obra Teoria dos Sentimentos Morais, publicada em 1759. Liberdade para todos e justiça entre todos estariam de acordo com a lei moral “natural” e com os processos “naturais” ou espontâneos do sistema econômico, o que permitiria o desenvolvimento da riqueza nacional e sua ampla distribuição entre todos os indivíduos da nação.
De certo modo, o arcabouço da moderna teoria econômica decapitalismo continua, em grande parte, baseado no esquema de Smith a respeito da atividade econômica.
O primeiro princípio econômico de Smith e que representou o ponto de partida para sua busca de outros, relaciona-se com a produção nacional e as condições de seu aumento: o que importa são os suprimentos de bens que estão sendo produzidos e que se tornam acessíveis ao povo nos mercados e não o suprimento de dinheiro; o aumento da riqueza nacional depende simplesmente do crescimento ou avanço da produtividade – entendida como eficiência para produção e a distribuição ao povo, por intermédio dos mercados, das “coisas necessárias, os confortos e as conveniências da vida”.
Sistema teórico, harmonioso, auto-ajustável, o capitalismo dos fisiocratas e clássicos estava embasado em princípios gerais ou “leis” de lógica, provenientes de hipóteses combinou um conjunto de “leis” ou princípios explicativos da atividade econômica com um conjunto de preceitos ou princípios normativos referentes à política econômica governamental.
2º. Sistema de economia socialista integralmente planificada
Tal como o sistema de economia capitalista “abstrato”, o sistema de economia socialista integralmente planificada, em seu aspecto “puro”, é um “modelo” que ainda não foi plenamente praticado. E ambos, na sua concepção intelectual, são obras de grandes pensadores.
Realmente, na sua origem. O liberalismo clássico era mais uma filosofia moral-social, de caráter teórico, elaborado por autores célebres, sobretudo do século XVIII à primeira metade do século XIX. Tornou-se uma espécie de “credo” dos comerciantes e da classe média, revoltados contra os remanescentes do feudalismo, do mercantilismo, do governo autocrático e das restrições à sua atividade econômica, mas na prática sofreu muitas adulterações e modificações.
O esquema teórico do sistema socialista, por sua vez, tem o seu cerne no marxismo e este surgiu da crítica, contestações, desenvolvimento, reinterpretarão e combinação de idéias provenientes de várias fontes, entre as quais se destacam: o ideal socialista, principalmente o desenvolvido pelos autores “utópicos” do início do século XIX; o hegelianismo, com sua visão filosófica da história da Humanidade; e a teoria econômica de Ricardo. As conseqüências da Revolução Industrial e da aplicação do liberalismo econômico, entre outras, representaram papel essencial na colocação dos trabalhadores marxista em movimento das classes proletárias. Mas quando a concepção intelectual do sistema socialista passou à prática, em nível nacional, a partir de 1917, também sofreu profundas modificações.
A base de toda a vida social é a produção. Na Antigüidade e na Idade Média a produção era quase inteiramente agrícola e a indústria se limitava às oficinas de artesanato. Na Época Moderna, a atividade industrial superou a agricultura e provocou a concentração de numerosa mão-de-obra em grandes fábricas.
Com o rompimento dos laços da sociedade feudal e com a ascensão da burguesia como classe dirigente, o capitalismo desenvolveu intensamente a produtividade do trabalho humano. Não conseguiu, entretanto, eliminar a exploração e a luta de classes.
Em oposição aos clássicos, que argumentavam em função da harmonia de interesses, Marx concebeu a vida sócio-econômica em termos de conflito de interesses entre os proprietários que não trabalham e os operários que não possuem propriedades.
Assim, com a abolição da propriedade privada dos meios de produção, desaparecem as classes sociais e, portanto, os antagonismos que as caracterizavam, já que os indivíduos passam a se distinguir segundo a importância de suas funções econômicas.
Todos os cidadãos têm livre acesso ao trabalho, nas fábricas sociais, que constituem patrimônio comum.
O motor da atividade econômica não é a procura de lucro individual, ma s a satisfação de o indivíduo se sentir integrado na prestação de serviços à comunidade, onde tudo e construído por todos e pertence a todos.
Durante o período de transição do socialismo para o comunismo integral, o poder é colocado nas mãos dos proletários e exercido pelo Estado. Mas na etapa final, contudo o estado também desaparecerá e cada cidadão trabalhará segundo sua capacidade e receberá segundo suas necessidades.
Compete à ditadura de o proletariado converter definitivamente os meios da propriedade capitalista em propriedade socialista.
As necessidades são satisfeitas diretamente, pela ordem de sua intensidade – e não indiretamente, pela busca do lucro, como no capitalismo. Daí a estrutura institucional do sistema socialista ser também diferente em comparação com o sistema capitalista... As estruturas psicológicas ou mentais, pela mesma razão, refletem a “economia de necessidades”.
Lênin imaginou que a edificação do socialismo seria resultado da ativa participação de todo o povo – o próprio “artífice de uma existência feliz, alegre, comunista, fruto de um trabalho livre de toda exploração capitalista, aliviado pelo emprego de todos os avanços da técnica e da ciência, para o bem do povo”.
	“... somente com o socialismo se inicia rápido avanço autêntico, verdadeiramente de massas, com participação da maioria da população, e depois de toda ela, em todas as esferas da vida social e privada”.
	Com a extinção das classes sociais desaparece também a desigualdade social e política daí derivadas:
	“Os produtos do trabalho comum” irão beneficiar, então, os próprios trabalhadores, e o que produzirem além das necessidades de sua manutenção destinar-se-á a satisfazer as necessidades dos próprios trabalhadores, a desenvolver plenamente todas suas faculdades e a colocar, igualmente para todos, o progresso da ciência e da arte.
A propriedade social dos meios de produção, por sua vez, cria possibilidades para intenso incremento das forças produtivas da sociedade humana, do que resultara uma nova organização de trabalho e um conseqüente rendimento jamais alcançado no sistema de economia capitalista.
A produção, o consumo e a repartição – partes de um mesmo processo econômico – dependem de um plano geral, autoritário, que periodicamente ajuste as suas necessidades da população, a quantidade de trabalho e de capital à produção previamente fixada.
Como não existe mercado, as necessidades de consumo e de produção não estão sujeitas ao jogo automático das flutuações de preços nem aos desejos pessoais de consumo certo bens ou de utilizar determinado capital: o consumo e a produção são ajustados por planos periódicos.
Igualmente as necessidades de mão-de-obra, de equipamento, de matéria-prima, de prédios etc., em cada ramo da produção, são previstas nos planos, por meio de coeficientes técnicos.
A técnica utilizada é a mesma do sistema capitalista, mas favorecida pela eliminação do cálculo de preços e do “veredicto” do mercado.
A estruturação da atividade econômica no sistema socialista “abstrato” apóia-se nos princípios marxistas. Estes, por sua vez, baseiam-se em alguns conjuntos de idéias fundamentais, interligadas de maneira a formar um todo. Para efeito de esboço desse sistema econômico, todavia, destacaremos somente as formulações marxistas relacionadas com a posse social dos meios de produção, o equilíbrio econômico geral, o cálculo econômico e a justiça na repartição da renda.
�Transcrito do Capítulo III do livro Sistemas Econômicos Comparados, de Carlos Marques Pinho e Diva Benevides Pinho. Editora Atlas. Texto reproduzido para uso acadêmico.

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