Teoria de Vygotsky

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ 
FACULDADE DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E LETRAS DE IGUATU 
 
 
 
 
ERICA DIONE DOS SANTOS LIMA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TEORIA DO DESENVOLVIMENTO 
Proposta teórica e metodológica de Lev Vygotsky 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Iguatu 
2017 
TEORIA HISTÓRICA – CULTURAL VYGOTSKYANA 
 
 A teoria de Vygotsky adota uma abordagem inteiramente diferente, em comparação à 
abordagem dentro-fora de Piaget, ele enfatiza o papel do ambiente no desenvolvimento intelectual 
das crianças, ele postula que o desenvolvimento procede exclusivamente de fora para dentro, pela 
internalização. Assim, as influências sociais são fundamentais na sua teoria. Vygotsky 
desenvolveu estudos que demonstravam a mediação social no desenvolvimento dos processos 
superiores, viu que o funcionamento psicológico se fundamenta nas relações sociais entre os 
indivíduos e o mundo exterior, as quais se desenvolvem num processo histórico e que a relação do 
homem com o mundo é uma relação mediada por sistemas simbólicos. 
 Segundo Vygotsky “a verdadeira trajetória de desenvolvimento do pensamento não vai 
no sentido do pensamento individual para o socializado, mas do pensamento socializado para o 
individual”, essa constatação permitiu-o compreender que o pensamento não é formado com 
autonomia e independência, mas sob condições determinadas que se apresentam histórica e 
socialmente disponíveis, ou seja, o desenvolvimento da criança dependerá exclusivamente do meio 
em que ela vive. Vygotsky disse que “esse processo é desencadeado pelas ações da criança, os 
objetos com que esta lida representam a realidade e modela os seus processos de pensamento” 
constituindo o que ele denominou psicologia social que por sua vez aborda as relações entre os 
membros de um grupo social e busca compreender como o homem se comporta nas suas interações 
sociais. 
 No contexto da primeira infância, a criança nasce inserida num meio social, que é a 
família, e é nela que estabelece as primeiras relações com a linguagem na interação com os outros. 
Nas interações cotidianas, a mediação com o adulto acontece espontaneamente no processo de 
utilização da linguagem, essa teoria apoia-se na concepção de um sujeito interativo que elabora 
seus conhecimentos sobre objetos, em um processo mediado pelo outro, o conhecimento tem assim 
gênese nas relações sociais marcados por condições culturais, sociais e históricas. 
 Segundo Vygotsky, o homem se produz na e pela linguagem, isto é, é marcado na 
interação com outros sujeitos que formas de pensar são construídas por meio da apropriação do 
saber da comunidade em que está inserido o indivíduo, entre a relação do homem com o mundo 
existem elementos que auxiliam a atividade humana, a qual chamamos de signos ou instrumentos, 
portanto, o trabalho que une a natureza ao homem é o que cria a cultura e a história, desenvolvendo 
assim a atividade coletiva e as relações sociais. 
 
 
MEDIAÇÃO SIMBÓLICA 
 
 Um dos principais fatores que permite ao homem ser diferente de seus semelhantes é a 
mediação simbólica, neste sentido, a existência humana e seu contato com o meio, não se dá de 
forma direta, mas é feito através de instrumentos e signos, sendo que o primeiro corresponde a um 
objeto social e mediador da relação entre o indivíduo e o mundo, diferentemente dos animais que 
também usam instrumentos, o ser humano tem a capacidade de criar seus instrumentos para 
determinados fins, os guardam para o futuro e transmitem a sua função e metodologia de 
construção para outros membros do grupo social. O segundo (os signos), correspondem a 
instrumentos da atividade psicológica, com papel semelhante ao dos instrumentos no trabalho, ou 
seja, auxiliam a nossa mente, possibilitando um comportamento mais controlado. Para Vygotsky, 
signos são meios que auxiliam uma função psicológica superior como a atenção voluntária e a 
memória lógica, eles são compartilhados pelo grupo social, permitindo o aprimoramento da 
interação social e a comunicação entre os sujeitos. 
 
ZONAS DE DESENVOLVIMENTO 
 
 Todo e qualquer processo de aprendizagem é ensino-aprendizagem, incluindo aquele 
que aprende, aquele que ensina e a relação entre eles. Vygotsky explica esta conexão entre o 
desenvolvimento e a aprendizagem através da zona de desenvolvimento proximal (ZDP) que é a 
distância entre a zona de desenvolvimento real (problemas que a criança pode resolver sozinha) e 
a zona de desenvolvimento potencial (refere-se aos processos mentais que estão em construção na 
criança, ou que ainda não amadureceram), é a partir do conceito da ZDP que percebemos que a 
criança está em constantes transformações e aquilo que a criança é capaz de fazer com a ajuda de 
alguém hoje, ela conseguirá fazer sozinha amanhã, ou seja, a zona proximal de hoje será o nível 
de desenvolvimento real amanhã. 
 Tipicamente, testamos as crianças num ambiente de avaliação, no qual um examinador 
faz perguntas e espera que a criança as responda. Caso ela responda correta ou incorretamente, o 
examinador passa para a pergunta ou a tarefa seguinte na lista de itens do teste. Vygotsky 
interessava-se não apenas nas respostas corretas das crianças, mas também em suas respostas 
incorretas às perguntas. Ele sustentava que precisamos reconsiderar não só como ponderamos as 
capacidades cognitivas infantis, mas também como as avaliamos. 
 
PENSAMENTO E LINGUAGEM 
 
 Como visto anteriormente, exige-se a utilização de instrumentos para transformar a 
natureza e, da mesma forma, exige-se a ação coletiva e a comunicação social. Pensamento e 
linguagem associam-se devido à necessidade de mudança durante a realização do trabalho, porém, 
antes dessa associação a criança tem a capacidade de resolver problemas práticos e de fazer uso 
de determinados instrumentos para alcançar determinados objetivos. Vygotsky chama isto de fase 
pré-verbal do desenvolvimento do pensamento e uma fase de pré-intelectual no desenvolvimento 
da linguagem. 
 Por volta dos 2 anos de idade, a fala da criança torna-se intelectual, com função 
simbólica e o pensamento torna-se verbal. Esse impulso é dado pela inserção da criança no meio 
cultural, ou seja, na interação com adultos mais capazes da cultura que já dispõe da linguagem 
estruturada. Vygotsky disse que é no significado da palavra que a fala e o pensamento se unem em 
pensamento verbal. Para ele, o pensamento e a linguagem iniciam-se pela fala exterior, passando 
pela fala egocêntrica e atingindo a fala interior que é o pensamento reflexivo. 
Fala exterior – quando a comunicação engloba elementos do entorno da criança e tem como 
finalidade apenas a comunicação com os adultos. 
Fala egocêntrica – durante esse processo, ao mesmo tempo que a criança passa a entender a fala 
do outro e a usar essa fala para regulação do outro, ela começa a falar para si mesma. A fala para 
si mesma assume a função auto reguladora e, assim, a criança torna-se capaz de atuar sobre suas 
próprias ações por meio da fala. 
Fala interior - é a forma de linguagem interna, que é dirigida ao sujeito e não a um interlocutor 
externo, ela faz com que as estruturas de fala que a criança já domina, tornem-se estruturas básicas 
de seu próprio pensamento, ela não tem a finalidade de comunicação com outros, portanto, 
constitui-se como uma espécie de “dialeto pessoal”, sendo fragmentada. 
 
MÉTODOS APLICADOS A EDUCAÇÃO 
 
 A relação professor e aluno não deve ser uma relação de imposição, mas sim uma 
relação de cooperação, de respeito e crescimento. O aluno deve ser considerado um sujeito 
interativo no seu processo de construçãode conhecimento. O educador seria o suporte para que a 
aprendizagem do aluno a um conhecimento novo seja satisfatória, para isso o professor tem que 
interferir na ZDP do aluno para utilizar alguma metodologia. O conceito de Vygotsky percebido 
no contexto educacional nos permite perceber a escola como o local onde há intencionalidade na 
intervenção pedagógica e que isso promove o processo de ensino-aprendizagem. 
 Nesse contexto, o professor interfere diretamente na zona de desenvolvimento proximal, 
o aluno é visto como aquele que aprende os valores, linguagem e o conhecimento que seu grupo 
social produz a partir da interação com o outro, no caso, o professor. Com a troca de experiências 
propostas, o professor naturalmente deixa de ser encarado como a única fonte de saber na sala de 
aula. Entretanto, o educador também deve levar em consideração que a ZDP tem limite, além do 
qual a criança não consegue realizar tarefa alguma, nem com ajuda ou supervisão de quem quer 
que seja. É papel do professor determinar o que os alunos podem fazer sozinhos ou que devem 
trabalhar em grupos e avaliar quais atividades precisam de acompanhamento, para que dessa 
maneira o desenvolvimento do aluno não seja prejudicado. 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
 Com base nos estudos de Vygotsky, conclui-se que o desenvolvimento cognitivo do 
aluno se dá por meio da interação social, ou seja, de sua interação com outros indivíduos e com o 
meio, essa interação entre os indivíduos possibilita a geração de novas experiências e 
conhecimento. A aprendizagem por sua vez, é uma experiência social mediada pela utilização de 
instrumentos e signos, os quais são mediados pela interação entre a linguagem e a ação, para 
ocorrer a aprendizagem, a interação social deve acontecer dentro da zona de desenvolvimento 
proximal (ZDP). 
 No contexto educacional, o professor deve mediar a aprendizagem utilizando estratégias 
que levem o aluno a tornar-se independente e estimule o conhecimento potencial, de modo a criar 
uma nova ZDP a todo momento, o professor pode fazer isso estimulando o trabalho com grupos e 
utilizando técnicas para motivar e facilitar a aprendizagem. Porém, este professor também deve 
estar atento para permitir que este aluno construa seu conhecimento em grupo com participação 
ativa e a cooperação de todos os envolvidos, sua orientação deve possibilitar a criação de 
ambientes de participação e colaboração. 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
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<https://www.ufrgs.br/psicoeduc/gilvieira/2011/02/02/teoria-historico-cultural-e-aprendizagem-
contextualizada/>. Acesso em: 02 dez. 2017. 
 
TEIXEIRA. E. Teoria do desenvolvimento cognitivo de Lev Vygotsky. Disponível em: 
<http://www.helioteixeira.org/ciencias-da-aprendizagem/teoria-do-desenvolvimento-cognitivo-
de-lev-vygotsky/>. Acesso em: 02 dez. 2017. 
 
BASSO. C. M. Algumas reflexões sobre ensino mediado por computadores. Disponível em: 
<http://coral.ufsm.br/lec/02_00/Cintia-L&C4.htm>. Acesso em: 02 dez. 2017. 
 
SANTANA. A. L. Psicologia Social – uma visão de Lev Vygotsky. Disponível em: 
<https://www.infoescola.com/psicologia/psicologia-social/ >. Acesso em: 02 dez. 2017. 
 
DOMINGO. O. Mediação simbólica – desenvolvimento com a utilização de signos e 
instrumentos. Disponível em: <http://sustentablogg.blogspot.com.br/2009/07/mediacao-
simbolica.html>. Acesso em: 02 dez. 2017. 
 
________________________. Principais conceitos de Vygotsky sobre a aprendizagem. 
Disponível em: <http://teoriadaaprendizagem.blogspot.com.br/2012/03/principais-conceitos-de-
vygotsky-sobre.html>. Acesso em: 02 dez. 2017. 
 
________________________. Vygotsky – mediação simbólica no desenvolvimento humano, 
uma visão sócia histórica. Disponível em: <http://professorloureiro.com/vygotsky-mediacao-
simbolica-no-desenvolvimento-humano-uma-visao-socio-historica/ >. Acesso em: 02 dez. 2017.