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Desenvolvimento Humano I Aula 7: Vygotsky: a teoria histórico cultural Apresentação Estamos abordando diversas teorias a respeito do desenvolvimento humano, algumas relacionadas à cognição e outras às experiências intrapsíquicas. Nosso próximo teórico Lev Vygotsky tinha como objetivo compreender como nosso conhecimento e funções sociais são construídos. Suas pesquisas resultaram em um olhar diferente, em que somos vistos como seres ativos concebidos a partir da relação estabelecida entre nós e o mundo, na qual a cultura e o social são os grandes mediadores da nossa aprendizagem. Objetivos Reconhecer a teoria de Lev Vygotsky; Identificar divergências e convergências nas ideias construtivistas e socioconstrutivistas. Lev Semeonovich Vygotsky Lev Vygotsky. (Fonte: Wikipedia). Vygotsky foi um pesquisador russo que tinha interesse em estudar a relação das interações sociais com o desenvolvimento e o processo de aprendizagem. Sua pergunta central de pesquisa era: Como ocorria o desenvolvimento das funções psicológicas superiores, que estão relacionadas ao pensamento, à linguagem, à memória, à atenção e não apenas à cognição? Behaviorismo e cognitivismo Consideravam que o processo de aprendizagem acontecia por fatores externos captados através de estímulos; Construtivismo Entendia que o sujeito somente aprendia através da interpretação feita na interação com o mundo. Socioconstrutivismo Vygotski trouxe um olhar moderador. Ele concordava que o desenvolvimento acontecia a partir dos fatores externos que, quando internalizados, seriam ressignificados por cada um de a partir das próprias experiências com a cultura, meio social e relações sociais. Apesar de concordar que a interpretação de mundo interferia no processo de aprendizagem, discordava com relação ao protagonismo da interferência externa no processo. Para Piaget, o social tinha papel secundário, a maturação biológica é que iria determinar a capacidade de aprendizagem. Vygotsky considerava as interações sociais protagonistas no processo de aprendizagem do indivíduo. Atenção A teoria de Vygotsky enfrentou desafios em suas publicações por contas das traduções. Quando seus textos começaram a chegar no Brasil, sua teoria foi nomeada de socioconstrutivista, fazendo um contraponto ao cognitivismo de Piaget, mas o termo que realmente a define é histórico-cultural. Leiamos, no texto a seguir, um aprofundamento sobre o conceito da teoria histórico-cultural, de Vygotsky. Um conceito-geral da teoria histórico-cultural Clique no botão acima. A teoria de Vygotsky se desenvolve no contexto histórico da revolução russa, suas ideias eram influenciadas pelo pensamento de Karl Marx, filósofo, sociólogo, historiador, jornalista e revolucionário socialista que inspirou muitos ao longo dos tempos. Marx escreveu inúmeras obras, mas duas ganharam notoriedade sendo mencionadas até os dias atuais, O manifesto comunista e O capital. Vygotsky entendia que não nascemos com recursos prontos a serem desenvolvidos, mas sim, que somos seres ativos capazes de nos construir a partir da relação com o outro e com o mundo durante toda nossa existência. Não nascemos humanos, nos tornamos por meio do movimento, do encontro dialético. Esse processo se daria da seguinte forma: a criança nasce em uma cultura já constituída com suas regras, valores, tradições, com sua forma de funcionar, de pensar. Ao se relacionar com essa cultura pelo meio social em que ela está inserida, a criança se relaciona com o outro e internaliza este mundo. Importante ressaltar que essa internalização se trata de um dos conceitos básicos da teoria, não sendo simplesmente absorver a realidade externa, e sim, dar uma interpretação a ela, um significado único, construindo sua própria forma de pensar, sua individualidade. Esse movimento é bilateral, na em medida que sou afetado pelo mundo no meu desenvolvimento, essas construções produzidas por mim também afetarão o mundo que me cerca. Outro ponto importante para Vygotsky é a mediação. O processo de aprendizado recebe contribuições e requer participação e colaboração para que aconteça. Inicialmente, o foco principal estava na figura do professor, porém, atualmente a mediação é compreendida como ações que sejam facilitadoras no processo de aprendizagem, como peças de teatro, espetáculos de dança e música, livros, viagens, grupos de estudo etc. Zona de desenvolvimento proximal A zona de desenvolvimento proximal (ZDP) também é uma ideia importante da teoria histórico-cultural, que se localiza entre nossa zona de desenvolvimento real e a zona de desenvolvimento potencial, sendo o ZPD espaço de investimento da mediação. (Fonte: Hurca / Shutterstock). Desenvolvimento real Cada estado recorda o que já foi feito na história de um sistema. Desenvolvimento potencial Movimentos possíveis de um estado para outro. O interessante é que à medida que o desenvolvimento potencial se torna desenvolvimento real, elementos da ZDP podem se deslocar para a área de desenvolvimento potencial e, nesse movimento, o aprendizado se faz. A partir dessa ideia, podemos compreender a importância que Vygotsky deu a mediação no processo de aprendizagem e desenvolvimento das potencialidades. É relevante reafirmar a importância do olhar individualizado para o sujeito que aprende. Como diria Vigotsky, cada um possui suas capacidades e o momento certo para seu o desabrochar. O pensamento e a linguagem na teoria sócio-histórica O pensamento e a linguagem são funções psicológicas dos processos superiores, que se desenvolvem a partir da capacidade de o indivíduo interagir com a cultura, o meio social e com o outro. A partir disso, ele desenvolve sua capacidade mental, que o diferencia das demais espécies. Para que ocorra esse processo, é necessário que haja uma base, denominada de funções psicológicas elementares, de ordem biológica, compartilhada com as outras espécies, ou seja, estão relacionadas à manutenção da vida, e possuem um tempo de maturação. Atenção As funções psicológicas elementares não estão subordinadas as funções psicológicas superiores, elas se complementam. No início do ciclo vital, o pensamento e a linguagem caminham em paralelo, já que o balbucio não está relacionado a nenhum pensamento específico. Com a continuidade do processo de desenvolvimento, porém, por volta dos dois anos, esses processos começam a modificar. A fala e o pensamento começam a estabelecer trocas. Estamos nos referindo ao pensamento verbal, o que não significa que não vá haver pensamento sem fala e vice e versa. Para Vygotsky, o indivíduo utiliza instrumentos no desenvolvimento do seu aprendizado, sendo a linguagem o principal mediador desse processo, por ser um sistema de códigos que nos permite comunicar o que pensamos e sentimos. Essa comunicação se dá por meio das funções indicativa, onde o adulto direciona o olhar da criança para o que deve prestar atenção, nomeando do seu jeito. Nessa fase, o pensamento é sincrético, em que a realidade se mistura com a fantasia. Na função significativa, os pensamentos são complexos, capazes de globalizar, mas também reconhecer o singular e, por fim, a função formal que envolve a criação de conceitos simbólicos. Assim pensamento e linguagem são instrumentos utilizados pelo indivíduo na sua construção como um ser mental que o diferencia das outras espécies, esse processo acontece a partir da percepção, internalização, compreensão e significação do mundo, do outro e de si mesmo, em que ele afeta e é afetado, constrói e é construído. (Fonte: angiolina / Shutterstock). Por isso, Vygotsky não poderia acreditar na universalização dos processos no desenvolvimento humano, na medida em que, cada criança é uma criança, adolescente, adulto e idoso dependendo de onde esteja. Vejamos, a seguir, um importante texto sobre a teoria de Vygotsky e as redes sociais. A teoria de Vygotsky e as redes sociais: uma reflexão Clique no botão acima. Com base na teoriade Vygotsky, poderíamos dizer que as redes sociais são mediadores importantes na contemporaneidade? O objetivo não é encontrar uma resposta certa, mas abrir para uma reflexão: que contribuições ou não podem ter nos processos de aprendizagem? Podemos começar refletindo sobre as novas formas de se pensar as questões relacionadas ao espaço, linguagem e tempo, dentro das novas perspectivas trazidas pela tecnologia. O espaço ganha novas dimensões e acessibilidade. Na linguagem, novos códigos surgem. E o tempo ganhou nova velocidade. Apesar do foco inicial das redes sociais não terem sido a educação, a tecnologia utilizada e a facilidade das conexões possibilitou a utilização desse instrumento como mediador no processo de aprendizagem. Pensando nas distâncias, permitiu o acesso, no tempo passamos a definir nosso momento de estudo, diminuímos as horas gastas com deslocamento. Durante nossa discussão vimos que o papel central do professor como mediador do processo de aprendizagem não configura mais uma realidade. Esse modelo hierarquizado, que definia um único caminho para a construção do conhecimento formal não é uma realidade. A tecnologia contribuiu ampliando as fontes do saber, e permitiu que essa construção se tornasse plural. Inicialmente pesquisas classificavam os nascidos na da década de 1980 como imigrantes digitais, e de nativos digitais os que nasciam pelos anos 1990. Também definiam que os idosos teriam dificuldades de inclusão no mundo tecnológico, utilizando a expressão analfabetismo digital. Pesquisas recentes questionam essas classificações, e nós utilizando a teoria histórico-cultural, compreendemos que a aprendizagem é contínua, então, novas linguagens podem ser aprendidas e formas de pensar modificadas, já que o sujeito de Vygotsky não é somente um indivíduo ativo, ele é interativo. A partir disso, entendemos a rede como um espaço de ajuda mútua onde quem tem o saber (desenvolvimento real) contribui com aquele que precisa de estímulo para desenvolver seu potencial, e assim abrir para novas possibilidades. Essas trocas de conhecimento, de ajuda mútua tendem a fortalecer os laços sociais, e a construção de novos saberes é plenamente possível. É claro que como em qualquer espaço compartilhado há limites e regras a serem respeitadas. Mas a partir desse lugar, dessas relações eu me desenvolvo percebo, internalizo, compreendo e significo, portanto, afeto e sou afetado. Tornando-me responsável por esta construção. Atividade 1. Para Vygotsky, o desenvolvimento cognitivo acontecia por meio das atividades sociais executadas entre as crianças e os adultos, ou seja, através das interações sociais. Na construção de sua teoria, surgiram alguns conceitos entre eles, a zona de desenvolvimento proximal (ZPD). A que se refere esse conceito? 2. Mencione o ponto no qual as ideias do construtivismo de Piaget e de Vygotsky convergem. 3. Da mesma forma que as teorias de Piaget e Vygotsky tinham pontos de convergência, também divergiam desta forma argumente sobre algum discordante. Notas Título modal 1 Lorem Ipsum é simplesmente uma simulação de texto da indústria tipográfica e de impressos. Lorem Ipsum é simplesmente uma simulação de texto da indústria tipográfica e de impressos. Lorem Ipsum é simplesmente uma simulação de texto da indústria tipográfica e de impressos. Título modal 1 Lorem Ipsum é simplesmente uma simulação de texto da indústria tipográfica e de impressos. Lorem Ipsum é simplesmente uma simulação de texto da indústria tipográfica e de impressos. Lorem Ipsum é simplesmente uma simulação de texto da indústria tipográfica e de impressos. Referências MARTINS, Lígia Márcia; RABATINI, Vanessa Gertrudes. A concepção de cultura em Vigotski: contribuições para a educação escolar. In: Rev. psicol. polít., São Paulo, v. 11, n. 22, p. 345-358, dez. 2011. Disponível em: //pepsic.bvsalud.org/scielo.php? script=sci_arttext&pid=S1519-549X2011000200011&lng=pt&nrm=iso <//pepsic.bvsalud.org/scielo.php? script=sci_arttext&pid=S1519-549X2011000200011&lng=pt&nrm=iso> . Acesso em: 23 set. 2019. PAPALIA, D. E.; OLDS, S. W.; FELDMAN, R. D. Desenvolvimento humano. 10. ed. Porto Alegre: Artmed, 2010. RABELLO, Cíntia Regina Lacerda. Interação e aprendizagem em Sites de Redes Sociais: uma análise a partir das concepções sócio-históricas de Vygotsky e Bakhtin. In: Rev. bras. linguist. apl., Belo Horizonte, v. 15, n. 3, p. 735-760, set. 2015. Disponível em: //www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1984-63982015000300735&lng=en&nrm=iso <//www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1984-63982015000300735&lng=en&nrm=iso> . Acesso em: 23 set. 2019. https://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1519-549X2011000200011&lng=pt&nrm=iso https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1984-63982015000300735&lng=en&nrm=iso // / p p p _ p g SHEEHY, Noel. 50 Grandes psicólogos: suas ideias, suas influências. São Paulo: Contexto, 2006. Próxima aula Teoria do Apego Explore mais Pesquise na internet sites, vídeos e artigos relacionados ao conteúdo visto. Em caso de dúvidas, converse com seu professor online por meio dos recursos disponíveis no ambiente de aprendizagem. https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1984-63982015000300735&lng=en&nrm=iso
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