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AÇÃO PENAL

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1 
 
AÇÃO PENAL 
Ação é o direito de invocar a prestação jurisdicional, isto é, o direito de requerer em juízo a reparação de um 
direito violado. É O DIREITO de pleitear ao Poder Judiciário a aplicação da lei penal ao caso concreto, fazendo 
valer o poder punitivo do Estado em face do cometimento de uma infração penal. 
Cumpre lembrar, no entanto, que a ação penal constitui apenas uma fase da persecução penal (IP + AP+ EP), que 
pode iniciar com as investigações policiais (inquérito policial), sindicância administrativa, Comissão Parlamentar 
de Inquérito etc. Essas investigações preliminares são meramente preparatórias de uma futura ação penal. A ação 
penal propriamente só nascerá em juízo, com o oferecimento de denúncia pelo Ministério Público, em caso de 
ação pública, ou de queixa, pelo particular, quando se tratar de ação penal privada. O recebimento, de uma ou de 
outra, marcará o início efetivo da ação penal e, assim, determina a citação do réu para que tome ciência da 
acusação e produza sua defesa. Para aplicar a pena tem que ter passado pela ação penal. 
 
 
ESPÉCIES DE AÇÃO PENAL 
A ação penal, quanto à legitimidade para a sua propositura, classifica-se em: ação penal pública e ação penal 
privada. Ambas comportam, no entanto, uma subdivisão: a ação penal pública pode ser incondicionada e 
condicionada, e a ação privada pode ser exclusivamente privada, privada subsidiária da pública e privada 
personalíssima. 
 
AÇÃO PENAL PÚBLICA 
O Ministério Público é o dominus littis da ação penal pública (art. 129, I, da CF), que se inicia com o oferecimento 
da denúncia em juízo e deverá conter a narração do fato criminoso, circunstanciadamente, a qualificação do 
acusado, a classificação do crime e o rol de testemunhas (art. 41 do CPP). 
 
CONDIÇÕES DA AÇÃO PENAL 
LEGITIMIDADE DAS 
PARTES 
INTERESSE DE AGIR POSSIBILIDADE 
JURÍDICA DO PEDIDO JUSTA CAUSA 
PRINCÍPIOS QUE REGEM A AÇÃO PENAL PÚBLICA 
Além dos princípios gerais da ação (contraditório, ampla defesa, devido processo legal etc.) que se aplicam a todo 
e qualquer tipo de ação penal, a ação pública rege-se ainda por: 
1) OBRIGATORIEDADE: identificada a hipótese de atuação, não pode o Ministério Público recusar-se a dar início à 
ação penal, dada a natureza indisponível do objeto da relação jurídica material, a sua propositura, sempre que a 
hipótese preencher os requisitos mínimos exigidos. 
2) INDISPONIBILIDADE: oferecida a ação penal, o Ministério Público dela não pode desistir (art. 42 do CPP). 
3) OFICIALIDADE: os órgãos encarregados da persecução penal são oficiais, isto é, públicos. O Estado é o titular 
exclusivo do direito de punir, que só se efetiva mediante o devido processo legal, o qual tem seu início com a 
propositura da ação penal. Segue-se que, em regra, cabe aos órgãos do próprio Estado essa tarefa persecutória. 
4) OFICIOSIDADE: os encarregados da persecução penal devem agir de ofício, independentemente de provocação, 
salvo nas hipóteses em que a ação penal pública for condicionada à representação ou à requisição do ministro da 
Justiça (CP, art. 100, § 1º, e CPP, art. 24). 
5) INDIVISIBILIDADE: também aplicável à ação penal privada (CPP, art. 48). A ação penal pública deve abranger 
todos aqueles que cometeram a infração. 
6) INTRANSCENDÊNCIA: a ação penal só pode ser proposta contra a pessoa a quem se imputa a prática do delito. 
Assim é o procedimento judicial iniciado pelo titular da ação quando há indícios de autoria e de materialidade, 
a fim de que o juiz declare procedente a pretensão punitiva estatal e condene o autor da infração penal. 
2 
 
a) Ação pública incondicionada 
É a regra geral no direito penal, uma vez que, no silêncio da lei, a ação será pública incondicionada. Isso quer 
dizer que o Ministério Público não necessita de autorização ou manifestação de vontade de quem quer que seja 
para iniciá-la. Basta constatar que o crime investigado seja de ação pública e que existam indícios suficientes de 
autoria e prova da existência do crime para que o promotor esteja autorizado a oferecer a denúncia. Nas mesmas 
circunstâncias, a autoridade policial, ao ter conhecimento da ocorrência de um crime de ação pública 
incondicionada, deverá, de ofício, determinar a instauração de inquérito policial para apurar responsabilidades, 
nos termos do art. 5º, I, do CPP. 
 
 Os tipos penais dos arts. 217-A, 218 e 218-A e B se referem a vítimas menores ou vulneráveis e são de ação pública 
incondicionada. 
 A maioria dos crimes previstos no Código Penal e em leis especiais enquadram-se nessa modalidade de ação penal, 
exemplo: homicídio doloso (art. 121 do CP), roubo (art. 157 do CP), quadrilha (art. 288) e peculato (art. 312 do CP) 
 
b) Ação pública condicionada 
Continua sendo iniciada pelo Ministério Público, mas dependerá, para a sua propositura, da satisfação de uma 
condição de procedibilidade, sem a qual a ação penal não poderá ser instaurada: representação do ofendido ou 
de quem tenha qualidade para representá-lo, ou, ainda, de 
requisição do Ministro da Justiça. Destinatário: pode ser dirigida 
ao juiz, ao representante do Ministério Público ou à autoridade 
policial (art. 39, caput, do CPP). 
 
Em determinados crimes, por considerar os efeitos mais gravosos 
aos interesses individuais, o Estado atribui ao ofendido o direito de 
avaliar a oportunidade e a conveniência de promover a ação penal, 
pois este poderá preferir suportar a lesão sofrida a expor-se nos 
tribunais. Assim, não se move sem a representação do ofendido, 
mas, iniciada a ação pública pela denúncia, prossegue até decisão 
final sob o comando do Ministério Público. A representação não 
exige qualquer formalidade, a única exigência legal é que constitua 
manifestação inequívoca da vontade do ofendido de promover a 
persecução penal, não a caracterizando simples declarações 
narrativas dos fatos. 
 
Tanto a representação criminal como a requisição do Ministro da 
justiça são consideradas condições de procedibilidade para o 
regular exercício da ação penal de iniciativa pública condicionada, sem as quais se toma impossível a abertura de 
inquérito policial ou o oferecimento de denúncia pelo Ministério Público. Crimes cuja ação depende de 
representação da vítima ou de seu representante legal: lesão corporal leve e culposa (art. 129, caput e § 6º, c/c o 
art. 88 da Lei n. 9.099/95); crime contra a honra de funcionário público, em razão de suas funções (art. 141, II, c/c 
o art. 145, parágrafo único). Igualmente, em relação ao crime de lesão corporal culposa na direção de veículo 
automotor, a necessidade de representação encontra-se no art. 291, § 1º, da Lei n. 9.503/97 (CTB). 
 
Crimes contra a dignidade sexual: Regra: a ação será pública condicionada à representação do ofendido. Mesmo 
para o estupro cometido com violência real. A nova redação do art. 225 do CP, conferida pela Lei n. 12.015/2009, 
considera de ação penal pública condicionada à representação do ofendido ou seu representante legal todos os 
crimes definidos nos capítulos I e II. Estão incluídos nesse rol: estupro, nas suas formas simples e qualificada (CP, 
art. 213 e parágrafos); violência sexual mediante fraude (CP, art. 215); e o assédio sexual (CP, art. 216-A). 
A requisição é um ato político, porque “há certos crimes em que a conveniência da persecução penal está 
subordinada a essa conveniência política”. Esses casos são restritos: crimes praticados por estrangeiros contra 
brasileiros fora do Brasil (art. 7º, § 3º, do CP) e nos crimes praticados contra a honra do Presidente ou contra chefe de 
governo estrangeiro (art. 145, parágrafo único, 1ª parte). Nessas hipóteses, como afirma o Código, somente se procederá 
mediante requisição do Ministro da Justiça que poderá oferecê-la a qualquer tempo, enquanto não estiver extinta a 
punibilidade do agente. Uma vez oferecida, não poderá ser revogada. 
ATENÇÃO! 
Mesmo nesses casos aação penal continua 
sendo pública, exclusiva do Ministério 
Público, cuja atividade fica apenas 
subordinada a uma daquelas condições 
(CPP, art. 24, e CP, art. 100, § 1º). 
 E a representação não obriga o Ministério 
Público a oferecer a denúncia, devendo 
este analisar se é ou não caso de propor a 
ação penal, podendo concluir pela sua 
instauração, pelo arquivamento do 
inquérito, ou pelo retorno dos autos à 
Polícia, para novas diligências. 
(INDEPENDENCIA FUNCIONAL da opinio 
delict). 
3 
 
AÇÃO PENAL PRIVADA 
É aquela em que o Estado, titular exclusivo do direito de punir, transfere a legitimidade para propor a ação penal 
à vítima ou a seu representante legal. Mesmo na ação privada, o Estado continua sendo o único titular do direito 
de punir e, portanto, da pretensão punitiva. Apenas por razões de política criminal é que ele outorga ao particular 
o direito de ação. É exceção ao princípio publicístico da ação penal e, por isso, vem sempre expressa no texto 
legal, como, por exemplo, no art. 145, o Código determina que “somente se procede mediante queixa”. A ação 
privada, em qualquer de suas formas, é iniciada sempre através da queixa, que não se confunde com a notitia 
criminis realizada na polícia e vulgarmente denominada “queixa”. Na técnica do Código, o autor denomina-se 
querelante e o réu, querelado. 
 Fundamento: O Ministério Público não tem legitimidade para a propositura dessa ação penal para evitar que o 
streptus judicii (escândalo do processo) provoque no ofendido um mal maior do que a impunidade do criminoso, 
decorrente da não propositura da ação penal. 
 
 
 
ASPECTO FORMAL DA QUEIXA 
A peça processual que dá início à ação privada se chama queixa-crime e deve ser endereçada ao juízo 
competente, e não ao delegado de polícia. Quando a vítima de um crime de ação privada quer que a autoridade 
policial inicie uma investigação, deve a ela endereçar requerimento para a instauração de inquérito, e não uma 
queixa-crime. 
 
a) Ação de exclusiva iniciativa privada 
Naquelas hipóteses em que, na avaliação do legislador, o interesse do ofendido é superior ao da coletividade, o 
Código atribui àquele o direito privativo de promover a ação penal. O que se permite ao particular é tão somente 
a iniciativa da ação, a legitimidade para movimentar a máquina judiciária, e nos estreitos limites do devido 
processo legal, que é de natureza pública. Essa iniciativa privada exaure-se com a sentença condenatória. A 
execução penal é atribuição exclusiva do Estado, onde o particular não tem nenhuma intervenção. Obtida a 
decisão condenatória, esgota-se o direito do particular de promover a ação penal. 
 
b) Ação privada subsidiária da pública 
Proposta nos crimes de ação pública, condicionada ou incondicionada, quando o Ministério Público deixar de 
fazê-lo no prazo legal. É a única exceção, prevista na própria Constituição Federal, à regra da titularidade exclusiva 
do Ministério Público sobre a ação penal pública (CF, arts. 129, I, e 5 º, LIX). 
A inércia ministerial (nunca o arquivamento) possibilita ao ofendido, ou a quem tenha qualidade para representá-
lo, iniciar a ação penal através de queixa, substituindo ao Ministério Público e à denúncia que iniciaria a ação 
penal. Contudo, o pedido de arquivamento, de diligências, de baixa dos autos, a suscitação de conflito de 
atribuições etc, não configuram inércia e, consequentemente, não legitimam a propositura subsidiária de ação 
privada. Somente se o prazo de cinco dias para réus presos e de quinze para réus soltos, a contar da data em que 
for recebido o inquérito policial, escoar sem qualquer atividade ministerial, aí sim haverá a possibilidade legal de 
PRINCÍPIOS DA AÇÃO PENAL PRIVADA: 
1) OPORTUNIDADE OU CONVENIÊNCIA: o ofendido tem a faculdade de propor ou não a ação de acordo com a 
sua conveniência. Diante disso, se a autoridade policial se deparar com uma situação de flagrante delito de 
ação privada, ela só poderá prender o agente se houver expressa autorização do particular (CPP, art. 5º, § 5º); 
2) DISPONIBILIDADE: o ofendido pode prosseguir ou não, até o final, na ação privada, pois dela pode dispor. 
Mesmo o fazendo, ainda lhe é possível dispor do conteúdo do processo (a relação jurídica material) até o 
trânsito em julgado da sentença condenatória, por meio do perdão ou da perempção (CPP, arts. 51 e 60, 
respectivamente); 
3) INDIVISIBILIDADE: previsto no art. 48 do CPP. O ofendido pode escolher entre propor ou não a ação. Não 
pode, porém, escolher, dentre os ofensores, qual irá processar. Ou processa todos, ou processa nenhum. 
Afinal, a tutela penal dirige-se a fatos, e não a pessoas, sendo indevida a escolha feita pelo ofendido. 
4) INTRANSCENDÊNCIA: significando que a ação penal só pode ser proposta em face do autor e do partícipe da 
infração penal, não podendo estender-se a quaisquer outras pessoas. Decorrência do princípio consagrado no 
art. 5º, XLV, da CF. 
4 
 
o ofendido propor ação penal. Deve ser proposta dentro do prazo decadencial de 6 meses, a contar do 
encerramento do prazo para oferecimento da denúncia (arts. 29 e 38, caput, última parte, do CPP). Em se 
tratando de crime previsto na Lei de Drogas (Lei n. 11.343/2006), excetuados os de competência dos Juizados 
Especiais Criminais, a denúncia deverá ser oferecida pelo Ministério Público em 10 (dez) dias, de acordo com o 
art. 54, do citado diploma legal. 
 
 
 
c) ação penal privada personalíssima 
Sua titularidade é atribuída única e exclusivamente ao ofendido, sendo o seu exercício vedado até mesmo ao seu 
representante legal, inexistindo, ainda, sucessão por morte ou ausência. Assim, falecendo o ofendido, nada há 
que se fazer a não ser aguardar a extinção da punibilidade do agente. Se ela for menor, deve-se esperar que 
complete 18 anos. Se for doente mental, deve-se aguardar eventual restabelecimento É, como se vê, um direito 
personalíssimo e intransmissível. Exemplo é o crime de induzimento a erro essencial (art. 236), pela simples 
impossibilidade sucessória da legitimação ativa, por tratar-se de crime personalíssimo. 
 
 
Crimes de ação penal privada, no Código Penal: são eles: 
a) calúnia, difamação e injúria (arts. 138, 139 e 140), salvo as restrições do art. 145, com a redação determinada 
pela Lei n. 12.033/2009; 
b) alteração de limites, usurpação de águas e esbulho possessório, quando não houver violência e a propriedade 
for privada (art. 161, § 1º, I e II); 
c) dano, mesmo quando cometido por motivo egoístico ou com prejuízo considerável para a vítima (art. 163, 
caput, parágrafo único, IV); 
d) introdução ou abandono de animais em propriedade alheia (art. 164, c/c o art. 167); 
e) fraude à execução (art. 179 e parágrafo único); 
f) violação de direito autoral (art. 184, caput); 
g) induzimento a erro essencial e ocultação de impedimento para fins matrimoniais (art. 236 e seu parágrafo); 
h) exercício arbitrário das próprias razões, desde que praticado sem violência (art. 345, parágrafo único). 
 
Morte do ofendido ou declaração de ausência 
 Não se tratando de ação penal de natureza personalíssima, quando houver a morte do ofendido ou de ter sido 
declarado ausente por decisão judicial, o direito de oferecer queixa ou de prosseguir na ação passa ao cônjuge, 
ascendente, descendente ou irmão. (CADI) – art. 31 rol taxativo. Exercida a queixa pela primeira delas, as demais se 
acham impedidas de fazê-lo, só podendo assumir a ação no caso de abandono pelo querelante, desde que o façam 
no prazo de 60 dias, observada a preferência do art. 36 do CPP, sob pena de perempção (CPP, art. 60, II). 
 
Desistência da ação penal de iniciativa privada 
A desistência da ação penal privada pode ocorrer a qualquer momento, somente surgindo óbice intransponível 
quando já existente decisão condenatória transitada em julgado. 
Porém, a ação penal não se transforma em privada, mantendo a sua natureza de pública,e, por essa razão, o 
querelante não pode dela desistir, renunciar, perdoar ou ensejar a perempção. O Ministério Público poderá aditar a 
queixa, oferecer denúncia substitutiva, requerer diligências, produzir provas, recorrer e, a qualquer momento, se 
houver negligência do querelante, retomar o prosseguimento da ação (art. 29 do CPP). Por isso que na ação penal 
privada subsidiária, mesmo após esgotado o prazo decadencial do ofendido, o Ministério Público poderá intentar a 
ação penal, desde que ainda não se tenha operado a prescrição. Percebe-se que na ação privada subsidiária a 
decadência do direito de queixa não extingue a punibilidade, permanecendo o ius puniendi estatal, cuja titularidade 
pertence ao Ministério Público. Dentro desse prazo, quem desencadear primeiro a ação penal terá sua titularidade 
(Ministério Público ou vítima). Após os 6 meses, sem que a ação tenha se iniciado, volta o Ministério Público a ter a 
titularidade exclusiva para promover a ação penal. Em suma, transcorridos os 6 meses, a vítima não mais poderá 
oferecer queixa subsidiária, mas o Ministério Público ainda poderá oferecer a denúncia. Não existe perempção nesse 
tipo de ação penal. 
5 
 
 Ação penal nos crimes complexos: se um dos crimes componentes de um crime complexo for de ação 
pública, ainda que o outro seja de ação privada, a ação penal será pública. 
 
IRRETRATABILIDADE DA REPRESENTAÇÃO 
A representação, como condição de procedibilidade, é irretratável após o oferecimento da denúncia. Após o 
Ministério Público oferecer a denúncia, a ação penal torna-se indisponível. 
Note-se que a lei fala em oferecimento e não em recebimento. Assim, depois de oferecida a denúncia, mesmo 
que não tenha sido ainda recebida pelo julgador, será impossível o reconhecimento da retratação. 
Há alguns julgados admitindo a “retratação da retratação”, ou, em outros termos, nova representação após a 
retratação anterior, desde que ocorra dentro do prazo decadencial. 
 
 
 
DECADÊNCIA 
A decadência significa a perda do direito de propor a ação penal privada em face da inércia do seu titular. O 
aludido instituto pode se manifestar na ação penal privada, na ação penal pública condicionada à representação 
do ofendido e na ação penal privada subsidiária. Jamais se manifestará na ação penal pública incondicionada e na 
condicionada à requisição do Ministro da Justiça. 
 
RENÚNCIA AO DIREITO DE QUEIXA 
Renúncia é o ato pelo qual a vítima abre mão do direito de propor a ação penal privada que só pode ocorrer em 
crimes de ação penal de exclusiva iniciativa privada e antes desta ser iniciada. Após iniciada a ação penal privada, 
que se caracteriza pelo recebimento da queixa, é impossível renunciar ao direito de queixa, que, aliás, já foi 
PRAZO: 
Como regra, o ofendido tem 6 meses contados do dia em que veio a saber quem é o autor do crime ou, 
no caso do § 311 do art. 100 do Código Penal, do dia em que se esgota o prazo para oferecimento da 
denúncia. 
O prazo é decadencial, e contado de acordo com a regra do art. 10 do CP, computando-se o dia do começo 
e excluindo-se o do final. Do mesmo modo, não se prorroga em face de domingo, feriado e férias, sendo 
inaplicável o art. 798, § 3º, do CPP (RT, 530/367). Assim, se o termo final do prazo cair em sábado, domingo 
ou feriado, o ofendido, ou quem deseje, por ele, propor a ação, deverá procurar um juiz que se encontre 
em plantão e submeter-lhe a queixa-crime. Nunca poderá aguardar o primeiro dia útil, como faria se o 
prazo fosse prescricional. 
No caso de ofendido menor de 18 anos, o prazo da decadência só começa a ser contado no dia em que ele 
completar essa idade, e não no dia em que ele tomou conhecimento da autoria. 
No caso de morte ou ausência do ofendido, o prazo decadencial de 6 meses começará a correr a partir da 
data em que qualquer dos sucessores elencados no art. 31 do CPP tomar conhecimento da autoria (CPP, 
art. 38, parágrafo único), exceto se, quando a vítima morreu, já se tinha operado a decadência. O prazo 
decadencial é interrompido no momento do oferecimento da queixa, pouco importando a data de seu 
recebimento. 
Tratando-se de ação penal privada subsidiária, o prazo será de 6 meses, a contar do encerramento do prazo 
para o Ministério Público oferecer a denúncia (art. 29 do CPP). 
Na hipótese de crime continuado, o prazo incidirá isoladamente sobre cada crime, iniciando-se a partir do 
conhecimento da respectiva autoria (despreza-se a continuidade delitiva para esse fim). No crime 
permanente, o prazo começa a partir do primeiro instante em que a vítima tomou conhecimento da 
autoria, e não a partir do momento em que cessou a permanência (não se aplica, portanto, a regra do 
prazo prescricional). Finalmente, nos crimes habituais, inicia-se a contagem do prazo a partir do último ato. 
Lembre-se de que o pedido de instauração de inquérito (CPP, art. 5º, § 5º) não interrompe o prazo 
decadencial. Assim, o ofendido deverá ser cauteloso e requerer o início das investigações em um prazo 
tal que possibilite a sua conclusão e o oferecimento da queixa no prazo legal. 
6 
 
exercido, admitindo-se somente o perdão do ofendido (art. 105), que é um instituto afim. Por isso, embora 
ambos, renúncia e perdão, sejam causas extintivas da punibilidade, nos crimes de ação privada (art. 107, V, do 
CP), após iniciada a ação penal, somente através do perdão ou da perempção o querelante poderá dar causa à 
extinção da punibilidade. 
 
 
PEREMPÇÃO 
Perempção é sanção aplicada ao querelante consistente na perda do direito de prosseguir na ação penal devido à 
sua inércia ou desídia. Só é cabível na ação penal exclusivamente privada. 
 
PERDÃO DO OFENDIDO 
O perdão do ofendido consiste na desistência do querelante de prosseguir na ação penal, de exclusiva iniciativa 
privada, que iniciou através de “queixa-crime”. Não se confunde com o perdão judicial, embora constitua 
também causa de extinção da punibilidade (art. 107, V, do CP). O perdão deve ocorrer durante a ação penal até o 
trânsito em julgado da sentença. Posteriormente ao trânsito em julgado, o ofendido não poderá dispor da ação, 
pois não detém a titularidade da pretensão executória, esta exclusiva do Estado. 
A ação privada subsidiária da pública não admite o perdão e qualquer omissão ou negligência do querelante 
permitirá ao Ministério Público retomar o prosseguimento da ação, que continua pública, pois o que há, na 
verdade, é uma legitimação excepcional para o ofendido propor a ação penal, ante a inércia do Ministério 
Público. 
 
 
RENÚNCIA EXPRESSA OU TÁCITA 
A renúncia ao direito de queixa pode ser expressa ou tácita. Diz-se expressa a renúncia quando 
formalizada por meio de declaração assinada pelo ofendido, por seu representante legal ou procurador 
com poderes especiais (art. 50 do CPP). Renúncia tácita ao direito de queixa é aquela na qual, nos 
termos do parágrafo único do art. 104 do Código Penal, O ofendido pratica atos incompatíveis com a 
vontade de exercê-lo, como nas hipóteses daquele que convida o autor do crime para ser seu padrinho 
de casamento ou para com ele constituir uma sociedade. A apresentação de queixa-crime contra um só, 
sem chamamento do outro participante, caracteriza renúncia tácita do direito de ação, que a todos deve 
aproveitar, nos termos do art. 49 do CPP. 
Havendo concurso de pessoas, a renúncia em relação a um dos autores do crime estende-se aos demais 
(art. 49 do CPP), como consequência do princípio da indivisibilidade da ação penal privada. Porém, 
havendo mais de um ofendido, a renúncia de um deles não prejudica o direito dos demais. 
 
PERDÃO DO OFENDIDO 
O perdão concedido a um dos querelados estender-se-á a todos os demais. Poderá ser concedido somente 
nas hipóteses em que se procede mediante queixa, pode ser: a) processual; b) extraprocessual; c) expresso; e 
d) tácito. 
 Não exige requisitos especiais. É suficientea declaração inequívoca da vontade de perdoar, revestida apenas 
das formalidades destinadas a lhe dar autenticidade. Diz-se processual o perdão do ofendido quando levado a 
efeito intra-autos, após ter sido iniciada a ação penal de iniciativa privada; extraprocessual quando procedido 
fora dos autos da ação penal de iniciativa privada; expresso, quando constar de declaração assinada pelo 
Ofendido, por seu representante legal ou procurador com poderes especiais (art. 56 do CPP); tácito, quando o 
ofendido pratica ato incompatível com a vontade de prosseguir na ação penal por ele iniciada (art. 106, § 
1.11-, do CP). O perdão do ofendido, seja ele expresso ou tácito, só é causa de extinção da punibilidade nos 
crimes que se apuram exclusivamente por ação penal privada. O perdão tácito, assim como a renúncia tácita, 
admitirão sua demonstração através de qualquer meio de prova (art. 57 do CPP). 
7 
 
ACEITAÇÃO DO PERDÃO 
O perdão é um ato bilateral, de realização complexa: só se completa com sua aceitação pelo querelado. Assim, 
havendo mais de um querelado, pode um deles não aceitar o perdão. Nesse caso, a ação prosseguirá somente 
contra este. Essa é a única hipótese, excepcional, em que o princípio da indivisibilidade da ação penal pode ser 
quebrado. 
Tanto o perdão quanto a aceitação são incondicionais. Como afirmava Magalhães Noronha: “perdoa-se sem 
exigências e aceita-se sem condições”. O perdão não é mercê coletiva, e sim individual. Quem quiser concedê-lo é 
livre de o fazer, mas o beneficio não afeta o direito dos outros ofendidos. Qualquer desses, apesar do perdão, 
pode proceder contra o ofensor, para a sua punição. A aceitação, pelos querelados, toma impositiva a decretação 
de extinção da punibilidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Em suma, no crime comum de lesão leve (art. 129, caput, do CP), infração de menor potencial ofensivo — por 
que tem pena máxima de 1 ano —, além de a ação penal depender de representação, são aplicáveis todas as 
regras da Lei n. 9.099/95 (transação penal, composição civil como causa de renúncia ao direito de 
representação, apuração mediante termo circunstanciado e rito sumaríssimo no Juizado Especial Criminal, 
recursos para as Turmas Recursais etc.). Já para as lesões leves qualificadas pela violência doméstica (art. 129, 
§ 9º, do CP), que não constituem infração de menor potencial ofensivo, a ação penal é incondicionada (se a 
vítima for mulher) e não são cabíveis os institutos despenalizadores da Lei n. 9.099/95, bem como a apuração 
se dará mediante inquérito policial e pelo rito sumário — no Juízo Comum ou da Violência Doméstica contra a 
Mulher. 
 
A RENÚNCIA E O PERDÃO NÃO SE CONFUNDEM. APRESENTAM AS SEGUINTES DISTINÇÕES: 
a) a renúncia ao direito de queixa só pode ocorrer antes do oferecimento desta; o perdão, ao contrário, somente 
após o início da ação penal, isto é, depois de oferecida a queixa-crime; 
b) a renúncia é um ato unilateral; o perdão é bilateral, isto é, depende da aceitação do querelado; 
c) a renúncia tem por objeto imediato o direito de querela, enquanto o perdão visa a revogação de ato já praticado. 
PERDE O DIREITO DE AJUIZAR AÇÃO O PARTICULAR QUE: a) deixa ocorrer a decadência (decurso do prazo de seis 
meses. contado do dia em que veio a saber quem é o autor do crime); b) renuncia ao direito de queixa (ato 
unilateral de desistência de propositura da ação penal); c) perdoa o querelado (ato bilateral, que demanda 
concordância do querelado, ocorrendo durante o transcurso da ação penal); d) deixa ocorrer a perempção 
(sanção processual Imposta ao querelante quando não proporciona o devido andamento ao feito). 
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REFERÊNCIAS 
BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal: parte geral, 1.17. ed. rev.,ampl. e atual. De acordo com a 
Lei n. 12.550, de 2011. – São Paulo: Saraiva, 2012. 
 
CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal. Volume 1. Parte geral: (arts. 1º a 120) / 16. ed. — São Paulo : Saraiva, 
2012. 
 
ESTEFAM, André; GONÇALVES, Victor Eduardo Rios. Direito penal esquematizado: parte geral. São Paulo: Saraiva, 
2012. 
NUCCI, Guilherme de Souza.Manual de Direito Penal: Parte Geral - Parte Especial. 9. ed. rev., atual. e ampl. São 
Paulo: Revista dos Tribunais, 2013. 
TRIGUEIROS NETO, Arthur da Motta. Direito penal – parte geral II - Coleção saberes do Direito. vol 5. São Paulo : 
Saraiva, 2012.

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