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Interpretação de Exames Laboratoriais (2)

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Curso de 
 Interpretação de 
Exames Laboratoriais 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO II 
 
 
Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para 
este Programa de Educação Continuada, é proibida qualquer forma de comercialização do 
mesmo. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores 
descritos na Referência Consultada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
38 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
MÓDULO II 
 
Parasitologia 
 
1. Noções Gerais: 
 
Parasitologia é o estudo dos parasitas ou das doenças parasitárias, seus métodos 
de diagnóstico e controle. As chamadas doenças parasitárias ainda são responsáveis por 
um alto índice de morbidade ao redor do mundo. Apesar do grande avanço tecnológico, do 
alto padrão educacional, da boa nutrição e de boas condições sanitárias, mesmo os países 
desenvolvidos estão sujeitos a doenças parasitárias. 
Nos últimos anos, a investigação e o tratamento dessas doenças receberam 
interesse renovado. A globalização permite um rápido trânsito de pessoas pelo mundo, 
como viajantes e migrantes de áreas endêmicas. Além disso, o fato de terem sido 
encontrados patógenos emergentes e reemergentes em pacientes imunocomprometidos por 
diferentes motivos, especialmente em pacientes com AIDS, fez com que parasitos 
anteriormente sem importância clínica em humanos, como os coccídeos intestinais Isospora 
belli, Cryptosporidium parvum e Sarcocystis hominis, fossem observados. 
Parasitos são organismos que vivem em ou sobre um hospedeiro e sobrevive às 
suas custas. Os parasitos são classificados em: 
* Parasitas comensais: não causa efeitos perigosos óbvios ao hospedeiro, como o 
piolho. 
* Parasitas patogênicos: podem causar doença severa e morte do hospedeiro se 
não houver tratamento como, por exemplo: malária e teníase. 
* Parasitas oportunistas: não causam doença em hospedeiros sadios, mas podem 
causar doenças severas em pacientes imunodeprimidos. 
Os hospedeiros se classificam em: 
* Definitivo: hospedeiro definitivo é o organismo no qual a vida sexual madura ou a 
forma adulta do parasito é encontrada; 
* Intermediário: é um organismo que é exigido para completar o ciclo de vida do 
parasita. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
39 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
 
Os parasitos que infectam o homem são divididos didaticamente em três grandes 
grupos: protozoários, helmintos e artrópodes. 
 
* Protozoários: protos (primeiro) zoon (animal) - São animais simples destituídos 
de tecidos e órgãos, mas apesar disso, exercem todas as funções necessárias às atividades 
vitais. São constituídos de protoplasma e organóides. São chamados de organismos 
unicelulares. Os protozoários dividem-se conforme o modo de locomoção em: 
 - Amebas: Classes Rhizopoda, movimentam-se pela emissão de pseudópodes 
(falsos pés). Ex. Entamoebas, Endolimax e Iodamoebas. 
- Flagelados: Classe Mastigophora. Movimentam-se através de flagelos. Dentre os 
três tipos que se encontram no homem (Giardia intestinalis, Chilomastix mesnilii e 
Trichomonas hominis); somente a Giardia é considerada patogênica. A nomenclatura 
Giardia lamblia surgiu apenas em 1915 por Stiles, em memória do Professor A. Giard, de 
Paris e Dr. F. Lambl, de Praga, porém muitos pesquisadores consideram Giardia intestinalis 
o nome correto deste parasito, porém o nome mais utilizado ainda é Giardia lamblia. 
- Ciliados: O único ciliado que parasita o homem é o Balantidium coli, um parasita 
muito comum no intestino de suínos. 
 De maneira geral, os protozoários patogênicos para o homem são: Entamoeba 
histolytica, Giardia intestinalis, Trichomonas vaginalis, Balantidium coli, Isospora belli e 
Sarcocystis sp. Os protozoários não patogênicos são: Entamoeba coli, Endolimax nana, 
Iodamoeba butschlii, Trichomonas hominis e Chilomastix mesnilii. 
 
* Helmintos: A nomenclatura se refere comumente aos vermes. Os Helmintos são 
classificados em Nematelmintos e Platelmintos: 
* Nematelmintos (Filiformes cilíndricos) - animais livres de solos úmidos, aquáticos 
de água doce ou salgada. Corpo mole, alongado e segmentado. Dentre os nematelmintos 
estão: Enterobius vermicularis, Trichiuris trichiura, Áscaris lumbricóides e Ancilostomídeos 
* Platelmintos (Achatados) - Animais alongados, vermiformes e achatados dorso-
ventralmente, células diferenciadas em tecidos e órgãos. Os Platelmintos dividem-se ainda 
em duas subclasses: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
40 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
* Trematódeos: Schistosoma mansoni e Fascíola hepática; 
* Cestódeos: Taenia solium, Taenia saginata, Hymenolepis nana, Hymenolepis 
diminuta. 
 
Para um diagnóstico parasitológico preciso, é importante levar em consideração 
fatores que condicionam as parasitoses, como o mecanismo de transmissão, a biologia, o 
clima e as condições sanitárias, além da patogenia. O exame clínico é o primeiro passo para 
o diagnóstico, mas o laboratório é essencial nessa definição, estabelecendo a espécie de 
parasito presente no paciente e, conseqüentemente o tipo de medicamento a ser utilizado 
pelo clínico durante o tratamento. 
É no aparelho digestivo que a grande maioria dos parasitos do homem encontra 
seu hábitat adequado. Cada parasitose, no entanto tem a sua peculiaridade, dependendo da 
biologia do helminto ou protozoário a ser pesquisado. Por essa razão, não existe um método 
único, capaz de identificar com precisão todas as formas de parasitos. 
A amostra mais utilizada para a pesquisa de parasitas são as fezes, todavia os 
parasitos podem estar presentes dentro e sobre todas as partes do corpo (ex: Plasmodium, 
Trichomonas). 
Assim, na falta de um método univalente, dentro dos descritos na literatura, temos 
de lançar mão de diferentes métodos diagnósticos isolados eletivos para um determinado 
parasito, ou combinados, para poder realizar um diagnóstico mais preciso de acordo com o 
parasito investigado. Os melhores resultados são obtidos com a utilização combinada dos 
métodos de Hoffmann e colaboradores e Kato-Katz. O método de Hoffmann e cols., apesar 
de simples sedimentação, apresenta excelentes resultados na detecção de ovos, cistos e 
larvas. 
Na pesquisa específica do helminto Schistosoma mansoni, o método mais eficaz é 
o Kato-Katz, que permite uma avaliação da carga parasitária, graças à contagem do número 
de ovos por grama de fezes. Ainda mencionando a esquistossomose, autores citam que 
devem ser realizados pelo menos seis exames de fezes com resultados negativos para que 
seja requisitada uma biópsia retal. Nesse caso, o material é colhido pelo médico e remetido 
ao laboratório para análise. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
Outro método recomendado, especialmente nos casos de pacientes com 
eosinofilia muito alta, é o Baermann-Moraes, específico para a pesquisa de formas larvares 
de nematódeos, principalmente o Strongyloides stercoralis, que é eliminado nas fezes na 
sua forma larvar. 
Para a pesquisa de helmintos como a Taenia sp., que elimina proglotes, 
recomenda-se a tamização (simples peneiração das fezes) ou a identificação de vermes, em 
que será feita a identificação dos proglotes de Taenia sp., e de vermesadultos de outros 
helmintos. 
Em crianças, a literatura relata um alto índice de contaminação com Enterobius 
vermicularis, cuja fêmea realiza a oviposição durante a noite, na região perianal. Nesses 
casos, o exame parasitológico costuma apresentar-se negativo, e a técnica indicada é a fita 
gomada transparente, aderida a uma lâmina, chamada de método de Graham. 
A investigação da presença de helmintos nas fezes é realizada pela pesquisa de 
ovos ou larvas. Já as infecções por protozoários são diagnosticadas quando se encontram 
trofozoítos, cistos ou oocistos nas fezes. 
O exame parasitológico mais simples é o que permite a detecção de ovos e larvas 
de helmintos e cistos de protozoários nas fezes frescas. A eliminação intermitente de formas 
de resistência, a intensidade do parasitismo e o exame que utiliza apenas pequena amostra 
do material oferecido são alguns dos fatores que interferem na positividade do exame. Isso 
se deve ao fato de as técnicas existentes possuírem em geral ótima especificidade, embora 
a sensibilidade só se mostre adequada se forem solicitados exames em pelo menos três 
amostras de fezes de dias distintos. 
A técnica do MIF (Merthiolate/Iodo/Formol) é uma metodologia que possibilita o 
achado de estruturas de resistência de helmintos e protozoários. As amostras de fezes 
devem ser coletadas em três dias distintos, num recipiente contendo o conservante MIF. 
Esse conservante contém formol, razão pelas quais as fezes não necessitam de 
conservação em geladeira. 
É também muito útil em crianças, por apresentar um alto índice de positividade 
para Giardia lamblia, protozoário que tem um ciclo biológico com período sem eliminação de 
cistos que pode chegar a 15 dias. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
Nos quadros clínicos compatíveis com amebíase, nos quais o exame 
parasitológico apresentou-se negativo, a literatura recomenda que seja solicitada uma 
pesquisa de trofozoítos (formas vegetativas), por intermédio de coloração das fezes 
diarréicas pela hematoxilina férrica. Nesses casos, o material (fezes diarréicas) deve ser 
colhido em líquido conservante, para que as formas vegetativas sejam preservadas, visto 
que os trofozoítos se deterioram quase que imediatamente após a emissão. 
O achado de formas de resistência de protozoários considerados comensais não 
constitui uma necessidade de tratamento, mas revela que os pacientes estiveram 
suscetíveis à contaminação orofecal. 
Parasitos oportunistas, como os coccídeos intestinais (Cryptosporidium parvum e 
Isospora belli), podem ser reconhecidos por meio de técnicas de coloração como a 
safranina-azul de metileno. Nesses casos, as fezes devem ser colhidas no conservante 
formol a 10%, para que suas formas sejam preservadas. 
 
2. Métodos para detecção de parasitas nas fezes 
 
2.1 Exame macroscópico: 
 
As amostras de fezes não preservadas devem ser examinadas 
macroscopicamente para determinar a consistência, odor, cor, a presença ou ausência de 
sangue, de muco, de proglotes e de vermes adultos ou outras condições anormais. 
Conseqüentemente, o exame macroscópico deve sempre anteceder o exame microscópico. 
O material fecal varia quanto a sua consistência, e geralmente é classificado em fezes 
formadas, semiformadas, pastosas ou líquidas diarréicas. 
Os trofozoítas são usualmente encontrados nas fezes líquidas, nas pastosas ou 
nas mucosanguinolentas, enquanto que os cistos são diagnosticados nas fezes formadas ou 
semiformadas. Ovos e larvas de helmintos podem estar presentes em todos os tipos de 
amostras fecais; entretanto, eles podem ser mais dificilmente encontrados em espécimes 
líquidos e, se presentes, em pequeno número. As formas móveis de protozoários se 
degeneram mais rapidamente do que as formas císticas; por esta razão, é de extrema 
importância que o estudo de espécimes fecais seja realizado o mais rápido possível. A 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
consistência das fezes não interfere na distribuição dos ovos e das larvas de helmintos, 
apesar de nas amostras líquidas haver uma distribuição relativa do número de ovos, devido 
ao fator de diluição. As fezes devem ser distribuídas no laboratório quanto a sua 
consistência. O material fecal líquido ou pastoso deve ser examinado primeiro, sendo 
seguido pelos espécimes semiformados e formados. Registrar a presença de sangue e 
muco nas amostras fecais, os quais podem indicar manifestações patológicas do trato 
gastrointestinal. O sangue oculto nas fezes pode estar relacionado com uma infecção 
parasitária, ou ser um resultado de outras condições anormais. 
A ingestão de diferentes produtos químicos, medicamentos ou alimentos podem 
atribuir às fezes colorações variadas. O exame macroscópico pode ser realizado pela 
simples observação ou pela tamização, as quais, em muitos casos, são suficientes para 
estabelecer um diagnóstico final. 
 
2.1.1 Simples Observação: 
 
Examinar e revolver todo o material fecal com bastão de vidro. Anotar todas as 
características observadas e coletar os vermes adultos ou proglótides de tênias dejetadas. 
 
 
Distribuição de cistos e trofozoitas em relação à consistência do material fecal. 
Fonte: Fundação de Medicina Tropical do Amazonas 
 
 2.1.2 Tamisação: 
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Emulsionar as fezes com água. Coar a emulsão através de peneira metálica. Este 
procedimento deve ser realizado em uma pia, servindo-se de um jato de água corrente. 
Vermes adultos como o Ascaris lumbricoides e Enterobius vermicularis são encontrados 
freqüentemente misturados ou na superfície das fezes, como também as proglótides de 
tenias. Outros helmintos como o Trichiuris trichiura, ancilostomídeos e Hyminolepis nana são 
depositados no bolo fecal após o início do tratamento. Freqüentemente poderão ser 
encontrados helmintos adultos nas amostras fecais e ausência dos ovos. Esses processos 
macroscópicos são vantajosos para a demonstração e coleta de pequenos helmintos, de 
proglotes e de escólices. 
 
2.2 Identificação de Proglótides de Taenia: 
 
Dois métodos são indicados para a identificação de proglótes de Taenia: o ácido 
acético e o de Campos (Amato Neto & Correa, 1980). 
 
2.2.1 Método do Ácido Acético Glacial: 
 
Colocar em uma placa de Petri, contendo ácido acético glacial, a proglote a ser 
identificada, durante 15 a 20 minutos. Após o período, comprimi-la entre lâminas. Examinar 
sob iluminação intensa. 
 
2.2.2 Método de Campos: 
 
Dissolver três comprimidos de metoquina em 5 ml de água destilado-deionizada. 
Mergulhar nesta solução, durante 15 minutos, a proglote a ser identificada. Após este 
período, comprimi-la entre lâminas. Examinar sob iluminação intensa. 
 
 2.3 Direto: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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O método direto é muito utilizado para a pesquisa de trofozoítos nas fezes (forma 
adulta dos protozoários). O exame de esfregaço a fresco pelos métodos diretos é o método 
mais fácil e, talvez, o mais usado na rotina do laboratório, permitindo visualizar os estágios 
de diagnóstico dos protozoários (trofozoítas e cistos) e dos helmintos (ovos, larvas e 
pequenos adultos).Para uma diagnose absoluta é necessário observar o parasito em um de 
seus estágios de evolução. O simples exame microscópico é, em muitos casos, suficiente 
para o diagnóstico. Entretanto, para a obtenção de melhores resultados será necessário o 
uso de técnicas de concentração, ou seja, processos mecânicos e/ou biológicos. O exame 
direto a fresco é um procedimento simples e eficiente para o estudo das fezes, permitindo 
observar as formas trofozoíticas vivas dos protozoários. Este procedimento coprológico 
jamais deve ser omitido. As preparações a fresco são obtidas diretamente dos espécimes 
fecais e requerem o mínimo de material (2 mg) para cada método de exame . Todos os 
estágios de diagnóstico dos organismos, pelo uso de diferentes soluções, podem ser 
determinados e identificados. Os esfregaços com fezes frescas e não fixadas são 
rotineiramente preparados com as soluções salina a 0,85% e de iodo. Entretanto, se o 
número de organismos for pequeno, o exame de pequena quantidade de fezes usadas para 
a preparação de esfregaços a fresco pode ser insuficiente para revelar a presença de 
parasitas. Os esfregaços deverão ser sistemática e completamente examinados através da 
objetiva do microscópio de pequeno aumento (10x) e com pequena intensidade de luz. A 
confirmação dos parasitas deve ser realizada com a objetiva de grande aumento (40x). 
 
2.3.1 Exame Direto para a Pesquisa de Ovos de Helmintos (Kato & Miura, 
1954): 
 
 É um método para contagem de ovos de helmintos. Coloca-se 60 a 70 mg de 
fezes (tamanho de um grão de feijão preto) em uma lâmina de microscopia. Em seguida 
devem-se cobrir as fezes com lamínula e celofane (embebida em solução aquosa de verde 
de malaquita a 3%), após a remoção do excesso do corante. Comprimir a lamínula, com 
uma folha de borracha macia, e espalhar o material com uniformidade até as margens da 
cobertura de celofane. Examinar ao microscópio. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 2.4 Técnicas de Concentração: 
 
 2.4.1 Flutuação Simples: 
 
Flutuação em Solução Saturada de Cloreto de Sódio (Willis, 1921): Colocar uma 
quantidade de fezes de aproximadamente 1 a 2 g., coletada de várias partes do bolo fecal, 
em pequena cuba de vidro de 3 cm de diâmetro com capacidade aproximada de 20 ml. 
Completar ¼ da capacidade do recipiente com solução saturada de cloreto de sódio. 
Suspender as fezes na solução saturada salina até haver uma total homogeneização. A 
lamínula deve ficar em contato com o menisco durante 30 a 45 minutos; não deverá haver 
formação de bolhas de ar entre a lamínula e a superfície do líquido. A gota contendo os ovos 
se adere à face inferior da lamínula. Remover a lamínula e inverter rapidamente a sua 
posição sobre uma lâmina. Examinar ao microscópio com objetiva de pequeno aumento. 
Observações: Os ovos não flutuam na superfície do reagente quando a 
homogeneização do material fecal é incompleta, havendo uma imperfeita separação dos 
ovos e dos detritos fecais. A flutuação é muito curta (menos de 30 minutos) ou muito longa 
(mais de 60 minutos). Nesse caso os ovos que flutuam na superfície podem descer para o 
fundo da pequena cuba (Suzuki, 1980). 
 
2.4.2 Centrífugo-Flutuação: 
 
Centrifugo - Flutuação em solução de Sulfato de Zinco (Faust et al. 1938): 
 
2.4.2.1 Material fecal fresco: 
 
Colocar 1 ou 2 g de fezes coletadas de várias partes do bolo fecal em frasco 
contendo 10 mL de água corrente . Filtrar a suspensão através de gazes dobrado em quatro 
vezes e receber o filtrado em um tubo cônico de centrífuga de 15 ml. Adicionar água 
corrente até completar 2/3 da capacidade do tubo. Centrifugar (650 x g por 1 minuto). 
Decantar o sobrenadante e adicionar 1 a 2 mL de água corrente ao sedimento, antes de 
ressuspendê-lo. Completar com água corrente 2/3 do volume do tubo, agitar e centrifugar. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
Repetir até que o sobrenadante apresente-se relativamente claro. Depois que o último 
sobrenadante é decantado, adicionar 1 a 2 mL do reagente, e ressuspender o sedimento: 
completar com sulfato de zinco até 0,5 cm da borda do tubo e centrifugar (650 x g por 1 
min). Cuidadosamente, remover o tubo da centrifuga e, sem agitação colocá-lo em uma 
estante em posição vertical. Com uma alça de arame (diâmetro de 5 a 7 mm) tocar no centro 
da membrana formada na superfície, transferindo várias alçadas para uma lâmina de 
microscopia. Examinar ovos, larvas e cistos. Alguns pesquisadores preferem à sobreposição 
de uma lamínula na borda do tubo à remoção da película com alça de arame (Burrows, 
1965: Melvin & Brooke, l982). 
 
2.4.2.2 Material Fecal Preservado pela Solução de Formaldeido: 
 
A suspensão fecal formolizada deverá ser aproximadamente uma parte de fezes 
para duas a três partes de solução de formoldeido. Se a suspensão for muito espessa, diluir 
com solução de formaldeido a 10 % para se aproximar da proporção. Filtrar a suspensão 
fecal formolizada, através de gazes umedecidas de modo a obter ¾ de um tubo de 13 x 100 
mm. Adicionar, se necessário, ao tubo água corrente. Seguir as demais etapas como foi 
descrito para o material fecal não preservado, usando sulfato de zinco de densidade 1.20 
g/ml. 
Observação: Alguns ovos de trematódeos e de cestóides podem estar presentes 
na superfície da membrana, em densidade alta de 1,20 g/mL. Entretanto, para um exame 
completo, deverá ser examinada a membrana e o sedimento, uma permanecia prolongada 
da suspensão de fezes na solução de sulfato de zinco, de alta densidade específica, pode 
resultar em colapso e distorção dos cistos e dos ovos de nematóides com parede fina. 
Examinar a preparação após 20 minutos (Ash & Orihel, 1987). 
 
 2.4.3 Técnica de Sedimentação: 
 
2.4.3.1 Sedimentação Espontânea em água (Lutz, 1919; Hoffmann, Pons e 
Janer, 1934): 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
Baseado na sedimentação espontânea das fezes após duas horas. É um método 
específico para pesquisa de Schistosoma mansoni, porém por mostrar-se altamente 
eficiente também nas pesquisas de protozoários, este método é amplamente utilizado para a 
pesquisa dos demais parasitas. Tomar cerca de 4 g de fezes recém emitidas, após dissolver 
no próprio recipiente de coleta (frasco padrão para coleta de amostra) utilizando um pouco 
de água. Transferir o material dissolvido para um cálice de decantação fazendo filtrar em 
peneira contendo gaze dobrada em quatro. Completar até ¾ do volume de água e deixar 
repousar em superfície firme e livre de vibrações por no mínimo 2 horas. Retirar o sedimento 
com um canudo ou pipeta Pasteur e transferir para lâmina de vidro adicionando 2 gotas de 
solução de Lugol e cobrindo com lamínula. Observar ao microscópio em objetiva de 10x. 
Observação: Melvin & Brooke, (1982) e Ash & Orihel (1987) apresentaram a 
seguinte conduta depois de concluída a suspensão em repouso: decantar com cuidado 2/3 
do líquido sobrenadante sem perder nenhuma porção do sedimento; ressuspender o 
sedimento em água corrente, e deixar a suspensão em repouso por mais 1 h; esse 
procedimento de lavagem pode ser repetido até que o líquido sobrenadante fique 
relativamente claro. Após seguir as etapas como na técnica acima descrita. 
 
 2.4.3.2 Centrífugo-Sedimentação: Centrífugo - Sedimentação pela 
Formalina-Éter, (Ritchie, 1948):Material Fecal a Fresco: Colocar 1 ou 2g de fezes coletadas de várias partes do 
bolo fecal em frasco contendo 10mL de água corrente ou solução salina a 0,85%; filtrar a 
suspensão através de gaze dobrada quatro vezes, e receber o filtrado em um tubo cônico de 
centrífuga de 15 mL. Centrifugar (650 x g por minuto); Decantar o sobrenadante e adicionar 
1 a 2 mL de água corrente ou solução salina a 0,85% ao sedimento antes de ressuspendê-
lo. Completar com água corrente (ou solução salina a 0,85%) 2/3 do volume do tubo. Agitar 
e centrifugar (650 x g por 1 min). Repita a etapa até que o sobrenadante se apresente 
relativamente claro. Depois que o último sobrenadante é decantado, ressuspender o 
sedimento com 1 a 2 mL de formalina a 10% (dar preferência à solução tamponada de 
formalina a 10% , pH neutro). Completar o volume da suspensão em 10 mL com formalina a 
10%. Deixar em repouso durante 5 minutos. Adicionar 3mL de éter ou acetado de etila, 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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fechar o tubo e agitar vigorosamente, na posição invertida, por 30 minutos. Remover a 
tampa com cuidado. Centrifugar (500 x g por 1 min). Quatro camadas se formarão: (1) 
sedimento no fundo do tubo contendo os parasitas, (2) camada de formalina, (3) tampão de 
detritos fecais, e (4) camada de éter na superfície. Afrouxar e separar o tampão de detritos 
das paredes do tubo com um estilete fino, e com cuidado decantar as três camadas 
superiores. Limpar com swab de algodão as paredes do tubo, removendo os detritos 
remanescentes. Uma pequena quantidade de líquido que permanece nas paredes do tubo 
escorre para o fundo junto ao sedimento. Misturar o líquido e o sedimento, preparando as 
lâminas para a pesquisa de ovos, lavas e cistos. 
 
 2.5 Métodos Quantitativos: 
 
2.5.1 Método Modificado de Kato-Katz (Kato, 1960; Katz, Chaves e Pellegrino, 
1972): 
 
Colocar a amostra fecal sobre o papel absorvente. Comprimir a tela metálica ou 
de náilon sobre as fezes, fazendo com que parte passe através das malhas. Remover as 
fezes que passam através das malhas e transferi-las para o orifício do cartão, colocado 
sobre a lâmina. Depois de encher o orifício central, remover com cuidado o cartão, deixando 
as fezes com a lamínula. Cobrir as fezes com a lamínula de celofane, invertendo e 
pressionando a lâmina sobre o papel absorvente. Deixar a preparação em repouso 
(clarificação) durante 30 minutos a 34-40°C ou à temperatura ambiente por 1-2 horas. 
Examinar a preparação ao microscópio 
 
 2.6 Métodos para Isolamentos de Larvas: 
 
 2.6.1 Método de Baermann (1917) e Moraes (1948): 
 
Método baseado no hidrotermotropismo positivo das larvas de Strongyloides 
stercoralis. Colocar a água aquecida (aproximadamente 50 ºC) no funil com o tubo de látex 
vedado pela pinça de Mohr, quantidade suficiente para tocar a extremidade inferior da 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
peneira contendo as fezes. Depositar pequena quantidade de fezes sobre a peneira 
contendo gaze e deixar em repouso por 45 a 60 minutos. Após este tempo, soltar a pinça de 
Mohr e deixar que o material escorra para um tubo de hemólise. Centrifugar o material em 
baixa rotação e observar o sedimento em objetiva de 10x. Este método é específico para a 
pesquisa de larvas de S. stercoralis. 
Nota: Esse método é baseado no hidro e termotropismo das larvas que saem do 
material, migrando para a água quente; por densidade, se depositam no fundo do funil. Para 
maior comunidade, costuma-se construir um pequeno suporte de tábua, com vários furos 
circulares para receberem os funis, facilitando o trabalho. Algumas vezes, para examinar 
larvas de helmintos há necessidade de matá-las e, para isso, é adicionado gotas de lugol 
(estando imóveis, permitem a visualização dos detalhes no diagnóstico específico). 
 
2.6.2 Método de Rugai, Mattos & Brisola (1954): 
 
Estender, sobre a abertura de um recipiente contendo fezes, gaze dobrada quatro 
vezes, e repuxar as extremidades para trás; Encher, com aproximadamente 70 a 100 ml de 
água corrente aquecida a 40-45°C, um copo cônico de sedimentação (capacidade de 
125ml); Transferir o recipiente com as fezes para o interior do copo cônico de sedimentação, 
de modo que o líquido alcance toda a extensão da abertura do recipiente, cuidando para 
não formar bolhas de ar; Deixar em repouso durante 60 minutos. Colher o sedimento, no 
fundo do copo cônico, com pipeta capilar longa. Alguns autores recomendam retirar o 
recipiente do copo Cônico antes da colheita do sedimento. Entretanto, outros preferem 
manter o recipiente, para evitar o revolvimento do líquido; Examinar o sedimento entre 
lâmina e lamínula. Corar a preparação com solução de lugol. 
Observação: Este método é indicado para a pesquisa de larvas de S. Stercoralis. 
 
 2.7 Método de Graham (Teste da fita adesiva/gomada): 
 
A fêmea do Enterobius vermicularis faz sua postura na região perianal durante a 
noite, e não no lúmen intestinal. Por isso, o exame de fezes de rotina é quase sempre 
ineficaz (negativo). Assim, deve ser utilizado o método de pesquisa na fita adesiva (método 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
de Graham, swab anal para a pesquisa de oxiúros). O material deverá ser coletado algum 
tempo após o paciente ter se deitado, ou pela manhã, ao acordar, antes de qualquer higiene. 
Colocar um pedaço de fita adesiva transparente em uma espátula de madeira tipo 
abaixador de língua com a parte adesiva voltada para fora; Pressionar firmemente a 
espátula contendo a fita adesiva contra as pregas anais e perianais; Colar a fita adesiva em 
lâmina devidamente identificada, de maneira que fique bem distendida, lisa e sem bolhas de 
ar. No momento da execução do exame, levantar cuidadosamente a fita da lâmina e pingar 
uma gota de toluol ou xileno e pressionar novamente a fita contra a lâmina. A preparação 
ficará clara ou levemente corada, tornando os ovos bem visíveis. Caso o material não seja 
examinado imediatamente, não acrescentar o toluol. 
 
Parasitas 
Intestinais 
Hoffm
ann 
Kato-
Katz 
Biópsi
a 
retal 
Baerman
n- 
Moraes 
Tami
zaçã
o 
Identifica
ção 
de 
vermes-
adultos 
adultos 
Graham MIF 
Rugai-
Matos-
Brisola 
Ascaris lunbricoi
des E E Ñ P Ñ E Ñ E Ñ 
Trichuris 
trichiura E 
 
E Ñ P Ñ E Ñ 
 
E Ñ 
Ancilostomídeos E P Ñ P Ñ E Ñ E Ñ 
Schistosoma ma
nsoni P E E Ñ Ñ E Ñ P Ñ 
Enterobios 
vermucularis P P Ñ P Ñ E E P Ñ 
Strongyloides st
ercopalis P Ñ Ñ E Ñ E E P E 
Taenia sp. P P Ñ P E E Ñ P Ñ 
Girardia lablia E Ñ Ñ Ñ Ñ Ñ Ñ E Ñ 
Entemoeba hist
olytica E Ñ Ñ Ñ Ñ Ñ Ñ E Ñ 
Entemoeba coli E Ñ Ñ Ñ Ñ Ñ Ñ E Ñ 
 Endolimax nan
a E Ñ Ñ Ñ Ñ Ñ Ñ E Ñ 
Iodamoemba bu
tschii E Ñ Ñ Ñ Ñ Ñ Ñ E Ñ 
Chilomastix mes E Ñ Ñ Ñ Ñ Ñ Ñ E Ñ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
nilli 
Cryptosporidium 
parvum Ñ Ñ Ñ Ñ Ñ Ñ Ñ P Ñ 
Isospora beli P P Ñ Ñ Ñ Ñ Ñ P Ñ 
E=Eletivo P=Possível Ñ=não-indicado 
 
Tabela contendo alguns parasitos intestinais e respectivas técnicas para identificação 
 
 
3. Pesquisa de Elementos Anormais nas Fezes: 
 
É pesquisada a presença de hemácias, leucócitos, pH, rotavírus, etc.Como os 
leucócitos e as hemácias são rapidamente destruídos no lúmen intestinal, quando 
presentes, sugerem a presença de lesões intestinais mais altas, associadas ao aumento do 
trânsito intestinal, ou de lesões de partes mais baixas do cólon, como colites ulcerativas, 
disenterias bacilares, diverticulite e tuberculose intestinal. A presença de leucócitos isolados 
sugere infecções bacterianas, colites inflamatórias e, quando em menor quantidade, pode 
estar associada a lesões parasitárias. As fezes frescas devem ser coletadas em frasco 
plástico. No caso de fezes sólidas ou pastosas, a quantidade deverá corresponder a 5 
colheres plásticas fornecidas com o frasco de coleta. Se as fezes estiverem liquefeitas, pelo 
menos 10 mL deverão ser fornecidas ao laboratório para análise. As fezes deverão ser 
coletadas originalmente num recipiente limpo, e a seguir transferidas para o frasco coletor. O 
paciente não deve estar em uso de laxantes nem ter sido submetido ao uso de contrastes 
radiológicos nos três dias anteriores à coleta. Durante a coleta, é importante evitar a 
contaminação pela urina, pois a sua presença acelera a fermentação bacteriana, 
prejudicando a conservação. 
 
 3.1 Pesquisa de Gordura Fecal: 
 
 A presença de gordura fecal é indicativa de má absorção de gorduras pelo intestino. É 
importante como diagnóstico de triagem da esteatorréia associada a patologias do intestino 
delgado, fibrose cística de pâncreas, pancreatite crônica, doenças inflamatórias intestinais, 
enteropatias virais, bacterianas e parasitárias. Fezes frescas devem ser coletadas em frasco 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
plástico. As instruções para coleta são as mesmas: No caso de fezes sólidas ou pastosas, a 
quantidade deverá corresponder a 5 colheres plásticas fornecidas com o frasco de coleta. 
Se as fezes estiverem liquefeitas, deverão ser fornecidos ao laboratório pelo menos 10 mL 
para análise. As fezes deverão ser coletadas originalmente num recipiente limpo e a seguir 
transferidas para o frasco coletor. O paciente não deve estar em uso de laxantes nem ter 
sido submetido ao uso de contrastes radiológicos nos 3 dias anteriores à coleta. 
 
 3.2 Pesquisa de Larvas: 
 
 Alguns helmintos eliminam formas larvares no lugar de ovos, como acontece nos 
casos de Strongyloides stercoralis, helminto responsável por alto índice de eosinofilia. Fezes 
frescas devem ser coletadas em frasco plástico. As instruções para coleta são as mesmas 
acima descritas. 
 
 
 
 3.3 Pesquisa de Rotavírus: 
 
 Apesar de desconhecermos os percentuais exatos da incidência de gastroenterites 
causadas pelo rotavírus, sabemos que se trata do maior responsável pelos episódios de 
diarréia infantil no mundo e que, de acordo com a bibliografia, raramente se manifesta em 
adultos. A transmissão é fecal-oral, apresentando pico de incidência nos meses de inverno. 
As fezes frescas devem ser coletadas em frasco plástico. As instruções para coleta do 
material são as mesmas anteriormente descritas. Como é feita em crianças e lactentes, a 
coleta pode ser realizada diretamente das fraldas, desde que não estejam contaminadas por 
urina. 
 
 3.4 Pesquisa de Sangue Oculto: 
 
 A pesquisa de sangue oculto nas fezes é útil para a identificação de lesões 
do tubo gastrointestinal que cursam sem sangramento clinicamente visível. As causas mais 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
comuns são sangramentos oriundos de úlceras gástricas e duodenais, gastrite, ulcerações 
medicamentosas da mucosa gastrointestinal (aspirina, antiinflamatórios), neoplasias 
gástricas ou de cólon, diverticulite, colites, algumas parasitoses, hemorragias de boca ou 
trato respiratório superior deglutido. É utilizada também no diagnóstico de anemias 
ferroprivas, resistente ao tratamento, especialmente em crianças. Para um resultado 
fidedigno, o exame deverá ser realizado de forma seriada em dias diferentes, tanto para 
certificar a negatividade, um falso-positivo ou o caráter crônico do sangramento. Casos de 
falso-positivos podem ocorrer pela presença de mioglobina e/ou hemoglobina de origem da 
carne animal, assim como também do uso de alimentos ricos em peroxidase. Falso-
negativos podem acontecer no uso de vitamina C e agentes antioxidantes. 
 Uma pequena quantidade de sangue é fisiologicamente perdida pelo tubo digestivo, 
em torno de 2,0 a 2,5 mL/dia. Os métodos de investigação têm sensibilidade para identificar 
apenas valores acima de 5 mL. Para realizar adequadamente o exame, o paciente deverá 
manter a dieta por três dias consecutivos. A dieta deve ser isenta de carne e derivados que 
possam conter hemoglobina. Deve-se evitar o excesso de clorofila (vegetais verdes) e 
suspender o uso de medicamentos que contenham ferro, bismuto ou cobre, assim como 
aspirina e antiinflamatórios. 
Deve-se espalhar pequena quantidade de fezes sobre o papel de filtro limpo e 
colocar duas gotas de água oxigenada sobre o esfregaço. Adicionar duas gotas de solução 
de benzidinar. Observar imediatamente a cor. 
 
 
Leitura: A reação de benzidina é sensível, mas as gorduras podem torná-la 
positiva. 
 
 
Nenhuma mudança de cor: Negativo 
Cor esverdeada: Traços 
Cor verde claro: + 
Cor verde escuro: ++ 
Cor verde azulado: +++ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Azul intenso: ++++ 
3.5 Pesquisa de Trofozóides: 
 
 
Os trofozoítos são formas vegetativas dos protozoários. Pesquisá-los é importante 
em fezes diarréicas, com o objetivo de identificar Giardia intestinalis, Entamoeba histolytica, 
Dientamoeba fragilis e outros protozoários intestinais, os quais muitas vezes não são 
evidenciados pelos exames parasitológicos de rotina, que realizam a pesquisa de formas de 
resistência (cistos). Devem ser coletadas fezes diarréicas, recém-emitidas, em recipiente 
com líquido conservante. 
 
 
4. Alguns Parasitos de Importância Médica: 
 
4.1 Giardia lamblia 
 A infecção por protozoários 
atinge, principalmente, a porção superior do 
intestino delgado. A infecção sintomática 
pode apresentar-se através de diarréia, 
acompanhada de dor abdominal. Esse 
quadro pode ser de natureza crônica, 
caracterizado por dejeções amolecidas, com 
aspecto gorduroso, acompanhadas de 
fadiga, anorexia, flatulência e distensão 
abdominal. Anorexia, associada com má 
absorção, pode ocasionar perda de peso e 
anemia. 
Trofozoítos de Giardia lamblia 
Microscopia eletrônica de varredura
Fonte: Arturo Gonzalez, 
CINVESTAV, México. 
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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
É doença de distribuição universal. Epidemias podem ocorrer, principalmente, em 
instituições fechadas que atendam crianças, sendo os grupos etários mais acometidos 
menores de 5 anos e adultos entre 25 e 39 anos. 
A giardíase tem como agente etiológico a Giardia lamblia, protozoário flagelado 
que existe sob as formas de cisto e trofozoíto. A primeira é a forma infectante. 
Existem duas formas de transmissão: Direta e Indireta. A transmissão direta se faz 
pela contaminação das mãos e conseqüente ingestão de cistos existentes em dejetos de 
pessoas infectadas; já a transmissão indireta ocorre através de ingestão de água ou 
alimento contaminado. 
O diagnósticolaboratorial se faz pela identificação de cistos ou trofozoítos no 
exame direto de fezes ou identificação de trofozoítos no fluido duodenal, obtido através de 
aspiração. 
 
 
Trofozoíto de Giardia lamblia 
Material: Fezes 
Exame Direto 
Fonte: Renê Arriero Shinma 
Cisto de Giardia lamblia 
Material: Fezes 
Exame Direto 
Fonte: Renê Arriero Shinma 
 
 
 4.2 Ascaris lumbricoides 
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 Habitualmente, não causa 
sintomatologia, mas pode manifestar-se por dor 
abdominal, diarréia, náuseas e anorexia. 
Quando há grande número de vermes, pode 
ocorrer quadro de obstrução intestinal. Em 
virtude do ciclo pulmonar da larva, alguns 
pacientes apresentam manifestações 
pulmonares com broncoespasmo, hemoptise e 
pneumonite, caracterizando a síndrome de 
Löefler, que cursa com eosinofilia importante. 
Vermes Adultos de Ascaris 
lumbricoides 
Fonte: aapredbook. 
aappublications.org 
 O Ascaris lumbricoides está entre os helmintos intestinais mais prevalentes em 
seres humanos. Estima-se que cerca de 22% da população mundial (mais de 1 bilhão de 
pessoas) estejam infectadas e 10% do total de indivíduos parasitados encontrem-se na 
América Latina. Alta prevalência de ascaridíase é considerada indicativa de saneamento 
básico inadequado, comumente observado em comunidades rurais. Entretanto, são 
freqüentes os relatos de prevalência de ascaridíase em áreas urbanas, semelhante ou 
mesmo superior à de áreas rurais adjacentes. As más condições de higiene e saneamento 
básico e a utilização de fezes como fertilizantes contribuem para a prevalência desta 
helmintose nos países do Terceiro Mundo. 
A ascaridíase é causada pelo helminto Ascaris lumbricoides ou comumente 
chamado de lombriga. É transmitida pela ingestão dos ovos infectantes do parasita, 
procedentes do solo, água ou alimentos contaminados com fezes humanas. O quadro 
clínico apenas não a distingue de outras verminoses, havendo, portanto, necessidade de 
confirmação do achado de ovos nos exames parasitológicos de fezes. 
 
 
 
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Verme adulto de Ascaris lumbricoides 
 
 
 
 
Ovo com larva de Ascaris lumbricoides 
Fonte: www.fcfrp.usp.br/ 
 
 
 
 
Ovo embrionado de Ascaris lumbricoides 
Fonte: www.fcfrp.usp.br/ 
 
 
 
 
 
 
Ovo infértil de Ascaris lumbricoides 
Fonte: www.fcfrp.usp.br/ 
 
 
 
 
 
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4.3 Entamoeba hystolytica 
 
É um protozoário que se apresenta em 
duas formas: cisto e trofozoíto. Esse parasito 
pode atuar como comensal ou provocar invasão 
de tecidos, originando, assim, as formas intestinal 
e extra-intestinal da doença. O quadro clínico 
varia de uma diarréia aguda e fulminante, de 
caráter sanguinolento ou mucóide, acompanhada 
de febre e calafrios, até uma forma branda, 
caracterizada por desconforto abdominal leve ou 
moderada, com sangue ou muco nas dejeções. 
Pode ou não ocorrer períodos de remissão. 
 
Cisto de Entamoeba hystolytica 
Fonte: www.ufrgs.br 
Em casos graves, as formas trofozoíticas se disseminam através da corrente 
sangüínea, provocando abscesso no fígado (com maior freqüência), nos pulmões ou no 
cérebro. Quando não diagnosticadas a tempo, podem levar o paciente ao óbito. 
Esse protozoário, habitante do intestino grosso humano, pertence ao subfilo 
Sarcodina, tendo forma amebóide e locomovendo-se através de pseudópodos. Caracteriza-
se por apresentar uma fase de vida comensal, por isso 90% dos casos de amebíase são 
assintomáticos, entretanto o parasito pode se tornar patogênico, provocando quadros 
disentéricos de gravidade variável. A amebíase assintomática costuma ocorrer mais no 
centro-sul do país, enquanto a sintomática ocorre com mais freqüência na região 
amazônica. 
Estima-se que mais de 10% da população mundial está infectada por E. 
histolytica, espécie patogênica. Em países em desenvolvimento, a prevalência da infecção é 
alta, sendo que 90% dos infectados podem eliminar o parasito durante 12 meses. Infecções 
são transmitidas por cistos através da via fecal-oral. Os cistos, no interior do hospedeiro 
humano, se transformam em trofozoítos. A transmissão é mantida pela eliminação de cistos 
no ambiente, que podem contaminar a água e alimentos. Sua ocorrência está associada 
com condições inadequadas de saneamento básico. 
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O diagnóstico laboratorial é feito pela visualização de trofozoítos com hemácias 
fagocitadas, presentes com maior freqüência em fezes diarréicas. Os cistos do parasito são 
encontrados nas fezes mais formadas e é bastante semelhante aos cistos de espécies 
comensais de Entamoeba sp., e a identificação, feita através da morfologia e do número de 
núcleos, torna o diagnóstico complexo. Atualmente, a detecção de anticorpos ou antígenos é 
uma importante ferramenta para o diagnóstico e pode ser associado ao diagnóstico de 
imagem e histopatológico, em aspirados ou raspados, obtidos através de endoscopia ou 
proctoscopia; aspirados de abscessos ou cortes de tecido. A ultra-sonografia e tomografia 
axial computadorizada são úteis no diagnóstico de abscessos amebianos. 
 
 
Trofozoítos de Entamoeba hystolytica 
Fonte: www.ufgrs.br 
 
Trofozoítos de Entamoeba hystolytica 
Fonte: www.ufgrs.br 
 
 
 4.4 Strongyloides stercoralis 
 
 A estrongiloidíase é uma 
doença parasitária intestinal, freqüentemente 
assintomática. As formas sintomáticas 
apresentam inicialmente alterações cutâneas, 
secundárias à penetração das larvas na pele e 
caracterizadas por lesões urticariformes ou 
maculopapulares, lesão serpiginosa ou linear 
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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
pruriginosa migratória (larva currens). Larva rabditóide de Strongyloides 
stercoralis 
Fonte: www.fcfrp.usp.br 
 
A migração da larva pode causar manifestações pulmonares, como tosse seca, 
dispnéia ou broncoespasmo e edema pulmonar (Síndrome de Löeffer). As manifestações 
intestinais podem ser de média ou grande intensidade, com diarréia, dor abdominal e 
flatulência, acompanhadas ou não de anorexia, náusea, vômitos e dor epigástrica, que pode 
simular quadro de úlcera péptica. Os quadros de estrongiloidíase grave (hiperinfecção) se 
caracterizam por: febre, dor abdominal, anorexia, náuseas, vômitos, diarréias profusas, 
manifestações pulmonares (tosse, dispnéia e broncoespasmos e, raramente, hemoptise e 
angústia respiratória). 
 As larvas infectantes 
(filarióides), presentes no meio externo, 
penetram através da pele, no homem, 
chegando aos pulmões, traquéia, epiglote, 
atingindo o trato digestivo, via descendente, 
onde se desenvolve o verme adulto. Nesse 
local, são liberadas larvas rabditóides (não 
infectantes), que saem através das fezes e 
podem evoluir, no meio externo, para a forma 
infectanteou para adultos de vida livre que, ao 
se acasalarem, geram novas formas 
evolutivas. Pode ocorrer, também, auto-
endoinfecção, quando as larvas passam a ser 
filarióides no interior do próprio hospedeiro, 
sem passar por fase evolutiva no meio 
externo. Auto-exoinfecção ocorre quando as 
larvas filarióides são transformadas na região 
anal ou perianal, onde novamente penetram 
Larva filarióide de Strongyloides 
stercoralis 
Fonte: www.fcfrp.usp.br 
 
Parasita adulto – fêmea na 
mucosa intestinal 
Fonte: www.fcfrp.usp.br 
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no organismo do hospedeiro. 
 
A doença ocorre mais em regiões tropicais e subtropicais. No Brasil, há variação 
regional em função da idade, diferenças geográficas e sócio-econômicas. Os estados que 
mais freqüentemente diagnosticam são Minas Gerais, Amapá, Goiás e Rondônia. 
 O diagnóstico é feito pelo exame parasitológico de fezes, escarro ou lavado 
gástrico através da técnica de Baerman-Morais. Em casos graves, podem ser utilizados 
testes imunológicos, como ELISA, hemaglutinação indireta, imunofluorescência indireta. O 
estudo radiológico do intestino delgado auxilia o diagnóstico. 
 
 
4.5 Schistosoma mansoni 
 
 O Schistosoma mansoni é um 
parasita que tem no homem seu hospedeiro 
definitivo, mas que necessita como 
hospedeiros intermediários para desenvolver 
seu ciclo evolutivo, os caramujos de água doce 
do gênero Biomphalaria, popularmente 
conhecidos como planorbídeos. 
 A maioria das pessoas 
infectadas pode permanecer assintomática 
dependendo da intensidade da infecção; a 
sintomatologia clínica corresponde ao estágio 
de desenvolvimento do parasito no hospedeiro, 
podendo ser dividida em: 
 
 
 
 
Vermes adultos de Schistosoma 
mansoni. 
Fêmea no canal ginecóforo do 
macho. 
Fonte: Renê Arriero Shinma 
 
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4.5.1 Dermatite Cercariana: 
Corresponde à fase de penetração das larvas 
(cercárias) através da pele. Varia desde quadro 
assintomático até a apresentação de quadro 
clínico de dermatite urticariforme, com erupção 
papular, eritema, edema e prurido, podendo 
durar até 05 dias após a infecção. 
 
Caramujos do gênero Biomphalaria 
Fonte: Renê Arriero Shinma 
 
4.5.2 Esquistossomose Aguda ou Febre de Katayama: 
Após 3 a 7 semanas de exposição pode aparecer quadro caracterizado por febre, 
anorexia, dor abdominal e cefaléia. Ao exame físico pode ser encontrado hepato-
esplenomegalia. Laboratorialmente, o achado da eosinofilia elevada é bastante sugestivo 
quando associado os dados epidemiológicos. 
 
4.5.3 Esquistossomose Crônica: 
Esta fase inicia-se a partir dos seis meses após a infecção, podendo durar vários 
anos. Nela, podem surgir os sinais de progressão da doença para diversos órgãos, podendo 
atingir graus extremos de severidade como: hipertensão pulmonar e portal, ascite, ruptura 
de varizes do esôfago. Apresenta-se por qualquer das seguintes formas: 
 
4.5.3.1 Tipo I ou Forma Intestinal: caracteriza-se por diarréias repetidas que 
podem ser muco-sangüinolentas, com dor ou desconforto abdominal. Porém, pode 
apresentar-se assintomática. 
 
4.5.3.2 Tipo II ou Forma Hepatointestinal: caracterizada pela presença de 
diarréias e epigastralgia. Ao exame físico, o paciente apresenta hepatomegalia, podendo-se 
notar, à palpação, nodulações que correspondem a áreas de fibrose decorrentes de 
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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
granulomatose peri-portal ou fibrose de Symmers, nas fases mais avançadas dessa forma 
clínica. 
4.5.3.3 Tipo III ou Forma Hepatoesplênica Compensada: caracterizada pela 
presença de hepato-esplenomegalia. As lesões perivasculares intra-hepáticas são em 
quantidade suficiente para gerar transtornos na circulação portal, com certo grau de 
hipertensão que provoca congestão passiva do baço. 
4.5.3.4 Tipo IV ou Forma Hepatoesplênica Descompensada: incluem as formas 
mais graves de Esquistossomose, responsáveis pelo obituário por essa causa específica. 
Caracteriza-se por fígado volumoso ou já contraído pela fibrose perivascular, 
esplenomegalia avantajada, ascite, circulação colateral, varizes do esôfago, hematêmese, 
anemia acentuada, desnutrição e quadro de hiperesplenismo. 
 
 
Ovo de Schistosoma mansoni 
Material: Fezes 
Fonte: Renê Arriero Shinma 
 
 
 
 
Biópsia hepática contendo ovo de 
Schistosoma mansoni 
Fonte: Renê Arriero Shinma 
 
A esquistossomose chegou às Américas Central e do Sul provavelmente com os 
escravos africanos e ainda hoje atinge vários estados brasileiros, principalmente os do 
Nordeste. A magnitude de sua prevalência e a severidade das formas clínicas complicadas 
confere à Esquistossomose uma grande transcendência. No entanto, é uma endemia de 
fácil manejo e controlável, com vulnerabilidade satisfatória para as ações de saúde pública. 
64 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Os ovos do S. mansoni são eliminados pelas fezes 
do hospedeiro infectado (homem). Na água, estes eclodem, 
liberando uma larva ciliada denominada miracídio, a qual 
infecta o caramujo. Após 4 a 6 semanas, abandonam o 
caramujo, na forma de cercária que ficam livres nas águas 
naturais. O contato humano com águas infectadas pelas 
cercárias é a maneira pela qual o indivíduo adquire a 
esquistossomose. 
Cercaria de S. mansoni 
Fonte: Sinclair 
Stammers/OMS/TDR 
 
O diagnóstico laboratorial é feito mediante a realização do exame parasitológico 
de fezes, preferencialmente, através do método Kato-Katz. Testes sorológicos não possuem 
sensibilidade ou especificidade suficiente para aplicação, na rotina. A ultra-sonografia 
hepática é de auxílio no diagnóstico da fibrose de Symmers. A biópsia retal ou hepática, 
apesar de não estar indicada para utilização na rotina, pode ser útil em casos suspeitos, na 
presença de exame parasitológico de fezes negativo. A forma intestinal pode ser confundida 
com amebíase, gastroenterite, ou outras causas de diarréia. As formas mais graves devem 
ser diferenciadas de leishmaniose visceral, febre tifóide, linfoma e hepatoma. 
 
 
Ovo de S. mansoni 
Fonte: www.ufrgs.br 
 
 
Granuloma hepático esquistossomótico, 
causado pela presença de ovos do parasito 
(setas). 
Fonte: www.ufrgs.br 
 
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 4.6 Ancylostoma duodenale 
 
É um dos nematódeos causadores da ancilostomose no homem. Seu tamanho 
varia de 0,8 a 1,3 cm e é causador de infecção intestinal que pode apresentar-se 
assintomática, em caso de infecções leves. Em crianças com parasitismo intenso, pode 
ocorrer hipoproteinemia e atraso no desenvolvimento físico e mental. Com freqüência, 
dependendo da intensidade da infecção, acarreta anemia ferropriva. Popularmente a 
ancilostomose é conhecida como: Amarelão, opilação, doença do Jeca Tatu. 
Os vermes quando eliminados nas fezes 
são avermelhados por causa da hematofagia e 
histiofagia quefazem no trato gastrintestinal dos 
hospedeiros. O Ancylostoma duodenale tem bolsa 
copuladora e cápsula bucal com dois pares de 
dentes. 
Os ovos são liberados no ambiente e 
tornam-se larvados. A larva rabditóide leva por volta 
de uma semana para tornar-se larva filarióide. Essa 
penetra a pele do homem e o contamina. A infecção 
ocorre preferencialmente em locais baixos, alagáveis 
e férteis. 
Face anterior do A. duodenale, com 
dois pares de dentes. 
Fonte: http://parasito.montpellier-
wired.com 
 
A larva atinge a circulação linfática ou vasos sangüíneos, passando pelos pulmões 
e retornando até a faringe para a deglutição (Ciclo de Looss). O local preferencial de 
instalação no intestino é no final do duodeno, mas ocasionalmente pode atingir o íleo ou 
ceco (em infecções maciças), onde se torna o verme adulto. 
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Ovo de Ancilostomídeo 
Fonte: www.ufrgs.br 
 
Ovo de Ancilostomídeo 
Fonte: Renê Arriero Shinma 
A penetração da larva causa dermatite, que pode variar de intensidade. Nos 
pulmões, pode haver bronquite/alveolite. O intestino é acometido pela hisitiofagia e 
hematofagia dos parasitos. Esta atividade dos vermes adultos pode provocar formação de 
úlceras intestinais, anemia microcítica e hipocrômica e até hipoproteinemia. O diagnóstico 
laboratorial é realizado pelo achado de ovos no exame parasitológico de fezes, através dos 
métodos de Lutz, Willis ou Faust, realizando-se, também, a contagem de ovos pelo Kato-
Katz. De distribuição universal, predominando nas áreas rurais, está muito associada a 
áreas sem saneamento e cujas populações têm como hábito andar descalças. O uso de 
calçados, hábitos de higiene corporal, fervura da água a ser ingerida e cuidados na 
preparação de alimentos são medidas preventivas importantes. 
 
 
 
Larva rabditóide de ancilostomídeo 
Fonte: www.ufrgs.br 
 
Larva filarióide de ancilostomídeo 
Fonte: www.ufrgs.br 
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 4.7 Enterobius vermicularis 
 
Helminto causador de infecção intestinal assintomática ou apresentar, como 
característica principal, o prurido retal, freqüentemente noturno, que causa irritabilidade, 
desassossego, desconforto e sono intranqüilo. As escoriações provocadas pelo ato de coçar 
podem resultar em infecções secundárias em torno do ânus, com congestão na região anal, 
ocasionando inflamação com pontos hemorrágicos, onde se encontram freqüentemente 
fêmeas adultas e ovos (Oxiuríase). 
De distribuição universal, afeta pessoas de todas as classes sociais. É uma das 
helmintíases mais freqüentes na infância, inclusive em países desenvolvidos, sendo mais 
incidente na idade escolar. 
 
Morfologicamente, apresenta como 
característica do verme adulto um par de asas 
cefálicas. Após o acasalamento, o macho é 
eliminado com as fezes e a fêmea adulta se dirige 
até o ânus para fazer a ovipostura, principalmente à 
noite. Com freqüência, não consegue retornar para 
a ampola retal, morrendo nesse local. Os ovos 
maturam rapidamente na pele da região perianal ou 
no solo, apresentando larvas infectantes. 
 
Enterobius vermicularis - Detalhe da 
cabeça para mostrar asas cefálicas. 
Fonte: www.ufrgs.br 
 
Então, os ovos maduros devem ser ingeridos pelo hospedeiro para a continuidade 
do ciclo. Os ovos ingeridos eclodem no intestino delgado. As larvas migram pela mucosa 
intestinal até o ceco e intestino grosso, onde atingem a maturidade. O período pré-patente é 
de um a dois meses. 
O diagnóstico é geralmente clínico, devido ao prurido característico. O diagnóstico 
laboratorial reside no encontro do parasito e de seus ovos. Como dificilmente é conseguido 
nos parasitológicos de fezes de rotina, sendo achado casual quando o parasitismo é muito 
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intenso, deve-se pesquisar diretamente na região perianal, o que deve ser feito pelo método 
de Hall (swab anal) ou pelo método de Graham (fita gomada), cuja colheita é feita na região 
anal, seguida de leitura. 
 
 
Fêmea de Enterobius vermicularis 
Fonte: www.ufrgs.br 
 
Ovo de Enterobius vermicularis 
Fonte: Renê Arriero Shinma 
 
 
 
4.8 Taenia solium e Taenia saginata 
 
O complexo teníase/cisticercose 
constitui-se de duas entidades mórbidas 
distintas, causadas pela mesma espécie de 
cestódio, em fases diferentes do seu ciclo 
de vida. A teníase é provocada pela 
presença da forma adulta da Taenia solium 
ou da Taenia saginata, no intestino delgado 
do homem. A cisticercose é causada pela 
larva da Taenia solium nos tecidos, ou 
seja, é uma enfermidade somática. A 
teníase é uma parasitose intestinal que 
pode causar dores abdominais, náuseas, 
 
 
Proglotes de Taenia sp. 
Fonte: Renê Arriero Shinma 
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debilidade, perda de peso, flatulência, 
diarréia ou constipação. 
 
Quando o parasita permanece na luz intestinal, o parasitismo pode ser 
considerado benigno e só, excepcionalmente, requer intervenção cirúrgica por penetração 
em apêndice, colédoco, ducto pancreático, devido ao crescimento exagerado do parasito. A 
infestação pode ser percebida pela eliminação espontânea nas fezes de proglotes do verme. 
Em alguns casos, podem causar retardo no crescimento e no desenvolvimento das crianças, 
e baixa produtividade no adulto. 
 
 
As tênias também são chamadas de "solitárias" 
porque, na maioria dos casos, o portador traz apenas um 
verme adulto. São altamente competitivas pelo habitat e, 
sendo hermafroditas com estruturas fisiológicas para 
autofecundação, não necessitam de parceiros para a 
cópula e postura de ovos. A quantidade de ovos 
produzidos é muito grande (30 a 80 mil em cada 
proglote), sendo uma garantia para a perpetuação e 
propagação da espécie. Os anéis grávidos se 
desprendem periodicamente e caem com as fezes. 
 
 
 Ovo de Taenia sp. 
Fonte: Renê Arriero Shinma 
 
As manifestações clínicas da cisticercose (larvas da Taenia solium) dependem da 
localização, tipo morfológico, número de larvas que infectaram o indivíduo, da fase de 
desenvolvimento dos cisticercos e da resposta imunológica do hospedeiro. As formas graves 
estão localizadas no sistema nervoso central e apresentam sintomas neuropsiquiátricos 
(convulsões, distúrbio de comportamento, hipertensão intracraniana) e oftálmicos. 
A teníase é adquirida através da ingestão de carne de boi ou de porco mal cozida, 
que contém as larvas. Quando o homem ingere, acidentalmente, os ovos de T. solium, 
adquirem a cisticercose. 
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A América Latina tem sido apontada por vários autores como área de prevalência 
elevada de neurocisticercose, que está relatada em 18 países latino-americanos, com umaestimativa de 350.000 pacientes. A situação da cisticercose suína nas Américas não está 
bem documentada. O abate clandestino de suínos, sem inspeção e controle sanitário, é 
muito elevado na maioria dos países da América Latina e Caribe, sendo a causa 
fundamental a falta de notificação. No Brasil, a cisticercose tem sido cada vez mais 
diagnosticada, principalmente nas regiões Sul e Sudeste, tanto em serviços de neurologia e 
neurocirurgia quanto em estudos anatomopatológicos. A baixa ocorrência de cisticercose em 
algumas áreas do Brasil, como por exemplo, nas regiões Norte e Nordeste, pode ser 
explicada pela falta de notificação ou porque o tratamento é realizado em grandes centros, 
como São Paulo, Curitiba, Brasília e Rio de Janeiro, o que dificulta a identificação da 
procedência do local da infecção. O Ministério da Saúde registrou um total de 937 óbitos por 
cisticercose no período de 1980 a 1989. Até o momento não existem dados disponíveis para 
que se possa definir a letalidade do agravo. 
O diagnóstico é clínico, epidemiológico e laboratorial. Como a maioria dos casos 
de teníase é oligossintomático, o diagnóstico comumente é feito pela observação do 
paciente ou, quando crianças, pelos familiares. Isso porque os proglotes são eliminados 
espontaneamente e, nem sempre, são detectados nos exames parasitológicos de fezes. 
Para se fazer o diagnóstico da espécie, em geral, coleta-se material da região anal e, 
através do microscópio, diferencia-se morfologicamente os ovos da tênia dos demais 
parasitas. Os estudos sorológicos específicos (fixação do complemento, imunofluorescência 
e hemaglutinação) no soro e líquido cefalorraquiano confirmam o diagnóstico da 
neurocisticercose, cuja suspeita é feita através de exames de imagem (RX, tomografia 
computadorizada e ressonância nuclear magnética de cisticercos calcificados). A biópsia de 
tecidos, quando realizada, possibilita a identificação microscópica da larva. Na 
neurocisticercose, tem-se que fazer diagnóstico diferencial com distúrbios psiquiátricos e 
neurológicos (principalmente epilepsia por outras causas). 
 
 
 
---------- FIM MÓDULO II ----------

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