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Equac¸o˜es diferenciais ordina´rias Rodrigo Carlos Silva de Lima ‡ rodrigo.uff.math@gmail.com ‡ 1 Suma´rio 1 Equac¸o˜es diferenciais ordina´rias 3 1.1 Equac¸o˜es diferenciais ordina´rias lineares de primeira ordem . . . . . . . . 3 1.1.1 Fator integrante . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3 1.1.2 EDO separa´vel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6 1.1.3 Equac¸o˜es exatas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8 1.1.4 Equac¸a˜o de Bernoulli . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10 1.1.5 Equac¸a˜o de Ricatti . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10 1.2 Me´todo das aproximac¸o˜es sucessivas-me´todo de Picard . . . . . . . . . . . 11 1.2.1 Lema de Hille . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15 1.3 Me´todo do ponto fixo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16 1.4 Me´todo da poligonal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18 1.5 Soluc¸o˜es anal´ıticas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19 1.6 Sistema de EDO’s de primeira ordem e de ordem n . . . . . . . . . . . . . 19 1.6.1 Aplicac¸o˜es a EDO de ordem 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21 1.7 Sistema vetorial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22 1.8 Sistemas de EDO’s lineares de ordem n . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25 1.9 Equac¸o˜es lineares de ordem n . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27 1.10 Soluc¸o˜es na forma matricial me´todo das aproximac¸o˜es sucessivas . . . . . . 27 1.11 Sistemas lineares com coeficientes constantes . . . . . . . . . . . . . . . . . 29 1.12 Singularidades de um sistema auto´nomo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32 1.13 Dependeˆncia das soluc¸o˜es em relac¸a˜o a`s condic¸o˜es iniciais e paraˆmetros . . 36 2 Cap´ıtulo 1 Equac¸o˜es diferenciais ordina´rias 1.1 Equac¸o˜es diferenciais ordina´rias lineares de pri- meira ordem Usaremos I e J para representar intervalos de nu´meros reais. Definic¸a˜o 1 (EDO linear de primeira ordem). Uma EDO linear de primeira ordem e´ toda equac¸a˜o da forma y′ + p(x).y = q(x). 1.1.1 Fator integrante Propriedade 1 (Fator integrante). Se p e q sa˜o cont´ınuas em I e P e´ uma func¸a˜o tal que P ′(t) = p(t) enta˜o a func¸a˜o ψ(x) = e−P (x) ∫ x x0 eP (t)q(t)dt e´ uma soluc¸a˜o de y′ + p(x).y = q(x). A func¸a˜o de lei ϕ(x) = e−P (x) e´ dita uma soluc¸a˜o homogeˆnea de tal equac¸a˜o e toda soluc¸a˜o dela e´ da forma z(x) = ψ(x) + k.ϕ(x) 3 CAPI´TULO 1. EQUAC¸O˜ES DIFERENCIAIS ORDINA´RIAS 4 z(x) = e−P (x) ∫ x x0 eP (t)q(t)dt+ k.e−P (x) para alguma constante k . Demonstrac¸a˜o. Se z e´ uma soluc¸a˜o da equac¸a˜o vale z′(x) + z(z)p(x) = q(x) tomamos P (x) = ∫ x x0 p(t)dt onde x0 ∈ I, logo P ′(x) = p(x), P (x0) = 0 e eP (x0) = 1 . Multiplicamos a equac¸a˜o por eP (x) de onde segue eP (x)z′(x) + z(x)p(x)eP (x) = q(x)eP (x) observe que [eP (x).z(x)]′ = eP (x)z′(x) + z(x)p(x)eP (x), tal fator eP (x) e´ chamado de fator integrante, isso implica que z′(x) + z(x)p(x) = q(x)⇔ [eP (x)z(x)]′ = eP (x)q(x) logo integrando a u´ltima identidade tem-se∫ x x0 [eP (t)z(t)]′dt = eP (t)z(t) ∣∣∣∣x x0 = ∫ x x0 eP (t)q(t)dt eP (x)z(x) = ∫ x x0 eP (t)q(t)dt+ eP (x0)z(x0) = ∫ x x0 eP (t)q(t)dt+ z(x0) da´ı z(x) = e−P (x) ∫ x x0 eP (t)q(t)dt+ eP (x0)z(x0) = ∫ x x0 eP (t)q(t)dt+ e−P (x)z(x0) . Exemplo 1. Resolva a equac¸a˜o (x2 + 3)y′ + xy = 0. Dividimos por x2 + 3 y′ + x x2 + 3 y = 0, temos P (x) = ∫ x x2 + 3 dx = 1 2 ln(x2 + 3) da´ı (eln( √ x2+3)y)′ = 0⇒ √ x2 + 3y = c y = c√ x2 + 3 . CAPI´TULO 1. EQUAC¸O˜ES DIFERENCIAIS ORDINA´RIAS 5 Exemplo 2. Calcule xy′ + y = ex + ln(x). Escrevemos a equac¸a˜o como y′ + y x = ex x + ln(x) x P (x) = ∫ 1 x dx = ln(x) e eP (x) = x, enta˜o (x.y)′ = ex + ln(x) integrando segue x.y = ex + x ln(x)− x+ c enta˜o a soluc¸a˜o e´ da forma y = ex x + ln(x)− 1 + c x . Exemplo 3. Resolva o problema de Cauchy y′ + 2xy = x, y(0) = −3. P (x) = ∫ 2xdx = x2, (e x2 2 y)′ = xe x2 2 integrando tem-se e x2 2 y = ∫ xe x2 2 dx = e x2 2 2 + c logo y = 1 2 + c.e− x2 2 usando a condic¸a˜o inicial y(0) = −3 temos −3 = 1 2 + c logo c = −7 2 . y = 1 2 − 7 2 .e− x2 2 . Exemplo 4. Resolva o problema de Cauchy xy′ + y = 2x, y(1) = 0. Equivale a` y′ + 1 x y = 2, P (x) = ln(x) logo (xy)′ = 2x xy = x2 + c⇒ y = x+ c x CAPI´TULO 1. EQUAC¸O˜ES DIFERENCIAIS ORDINA´RIAS 6 usando a condic¸a˜o inicial y(1) = 0 chegamos em c = −1 logo a soluc¸a˜o e´ y = x− 1 x . Exemplo 5. Resolver o problema de Cauchy y′ = 2y + (xe3x − e2x), y(0) = 2. P (x) = ∫ −2dx = −2x enta˜o (e−2xy)′ = x(ex − 1) integrando segue e−2xy = ∫ xex − xdx = (x− 1)ex − x 2 2 + c y = (x− 1)e3x + e2x(−x 2 2 + c) usando a condic¸a˜o inicial encontramos c = 3 logo y = (x− 1)e3x + e2x(−x 2 2 + 3). 1.1.2 EDO separa´vel Definic¸a˜o 2 (EDO’s separa´veis ). Uma EDO de primeira ordem y′ = f(x, y) e´ dita separa´vel ou de varia´veis separa´veis se f pode ser escrita na forma f(x, y) = g(x) h(y) . Denotando y′ = dy dx segue de dy dx = g(x) h(y) que h(y)dy = g(x)dx dessa manipulac¸a˜o surge o nome de varia´veis separa´veis . Se z : I → R e´ uma soluc¸a˜o de y′ = g(x) h(y) enta˜o h(z(x))z′(x) = g(x) ∀x ∈ I CAPI´TULO 1. EQUAC¸O˜ES DIFERENCIAIS ORDINA´RIAS 7 integrando tem-se ∫ x x0 h(z(t))z′(t)dt = ∫ x x0 g(t)dt ∀x ∈ I fazendo a mudanc¸a u = z(t) tem-se du = z′(t)dt e os limites mudam para z(x) e z(x0)∫ z(x) z(x0) h(u)du = ∫ x x0 g(t)dt ∀x ∈ I com essa identidade conseguimos uma soluc¸a˜o da equac¸a˜o pois pelo TFC z′(x).h(z(x)) = g(x). Exemplo 6. Resolva a equac¸a˜o separa´vel (1 + x)dy − ydx = 0. dy y = dx (x+ 1) da´ı ln(y) = ln(x+ 1) + c logo y = (x+ 1).c. Exemplo 7. Resolver o problema y′ = y2 − 4 dy 4 ( 1 y − 2 − 1 y + 2 ) 1 4 (ln(y − 2)− ln(y + 2)) = x+ c⇒ ln(y − 2 y + 2 ) = 4x+ c logo y − 2 y + 2 = c.e4x que pode ser simplificada em y = 2 + ce4x 1− ce4x usando a condic¸a˜o inicial y(0) = 2 tem-se y(x) = 2 que realmente e´ uma soluc¸a˜o . CAPI´TULO 1. EQUAC¸O˜ES DIFERENCIAIS ORDINA´RIAS 8 Exemplo 8. Resolver a equac¸a˜o y′ = xy 1 2 , y(0) = 0. dy y 1 2 = xdx logo integrando y 1 2 = x2 4 + c , y = ( x2 4 + c)2, usando a condic¸a˜o inicial y(0) = 0 segue y = x4 16 . Exemplo 9. Suponha conhecida uma primitiva g(x) de p(x), resolva a equac¸a˜o dy dx = p(x) yq . De dy dx = p(x) yq segue que yqdy = p(x)dx⇔ y q+1 q + 1 = g(x) + c⇔ yq+1 = (q + 1)g(x) + c y = [(q + 1)g(x) + c] 1 q+1 . Caso q 6= −1. 1.1.3 Equac¸o˜es exatas Definic¸a˜o 3 (Equac¸a˜o exata). Sejam M,N : A → R func¸o˜es e A o retaˆngulo fechado e limitado A = I × J = {(x, y) ∈ R2 | |x− x0| ≤ a, |y − y0| ≤ b} . Uma equac¸a˜o da forma M(x, y) +N(x, y)y′ = 0 que tambe´m pode ser escrita da forma M(x, y)dx+N(x, y)dy = 0 CAPI´TULO 1. EQUAC¸O˜ES DIFERENCIAIS ORDINA´RIAS 9 e´ dita exata em A se existe uma func¸a˜o F : A → R com derivadas parciais primeiras cont´ınuas tais que Fx =M e Fy = N em A. A equac¸a˜o exata tambe´m pode ser escrita como M(x, y)dx+N(x, y)dy = 0. Propriedade 2. M(x, y)dx+N(x, y)dy = 0 e´ exata em A sse My(x, y) = Nx(x, y). Demonstrac¸a˜o. ⇒ . Se a equac¸a˜o e´ exata, existe F com derivada parcial segunda cont´ınua tal que Fx = M e Fy = N , pelo teorema de Schwarz segue que Fxy = My = Fyx = Ny ←. Suponhaque My = Nx, vamos mostrar que a equac¸a˜o pedida e´ exata. Definimos F (x, y) = ∫ x x0 M(s, y)ds+ ∫ y y0 N(x0, t)dt F (x, y) = ∫ x x0 M(s, y0)ds+ ∫ y y0 N(x, t)dt do TFC tem-se Fx = M e F y = N(x, y). Vamos mostrar que F = F . F (x, y)− F (x, y) = ∫ x x0 M(s, y)ds+ ∫ y y0 N(x0, t)dt− ∫ x x0 M(s, y0)ds− ∫ y y0 N(x, t)dt = = ∫ x x0 M(s, y)−M(s, y0)ds+ ∫ y y0 N(x0, t)−N(x, t)dt = ∫ x x0 ∫ y y0 Mt(s, t)dtds− ∫ y y0 ∫ x x0 Ns(s, t)dsdt = = ∫ x x0 ∫ y y0 Mt(s, t)−Ns(s, t)︸ ︷︷ ︸ =0 dtds = 0 logo F = F e a propriedade esta´ demonstrada. Propriedade 3. Se p e´ cont´ınua enta˜o y′ + p(x)y = 0 com condic¸a˜o inicial y(x0) possui soluc¸a˜o u´nica. CAPI´TULO 1. EQUAC¸O˜ES DIFERENCIAIS ORDINA´RIAS 10 Demonstrac¸a˜o. A soluc¸a˜o da equac¸a˜o pode ser escrita como y(x) = c.e − ∫ xx0 p(t)dt da´ı y(x0) = c.e − ∫ x0x0 p(t)dt = c.e0 = c logo a soluc¸a˜o e´ obrigatoriamente da forma y(x) = y(x0).e − ∫ xx0 p(t)dt. 1.1.4 Equac¸a˜o de Bernoulli Definic¸a˜o 4 (Equac¸a˜o de Bernoulli). E´ uma equac¸a˜o da forma y′ + p(x)y = q(x)yn onde p, q ∈ C0(I), t ∈ R. Propriedade 4. Demonstrac¸a˜o. y′ yn + p(x) yn−1 = q(x)y substituindo w = 1 yn−1 temos w′ = 1− n yn y′ logo a equac¸a˜o pode ser escrita como w′ 1− n + p(x)w = q(x) w′ + (1− n)p(x)w = (1− n)q(x) 1.1.5 Equac¸a˜o de Ricatti Definic¸a˜o 5 (Equac¸a˜o de Ricatti). A equac¸a˜o de Ricatti e´ a equac¸a˜o diferencial na˜o linear do tipo y′ = q0(x) + q1(x)y + q2(x)y2 Propriedade 5. Sendo y1 uma soluc¸a˜o da equac¸a˜o de Ricatti CAPI´TULO 1. EQUAC¸O˜ES DIFERENCIAIS ORDINA´RIAS 11 Demonstrac¸a˜o. Sendo y1 uma soluc¸a˜o da equac¸a˜o de Ricatti, substituindo y = y1 + y2 segue que y′1 + y ′ 2 = q0(x) + q1(x)y1 + q1(x)y2 + q2(x)y 2 1 + q2(x)2y1y2 + q2(x)y 2 2 da´ı y′2 = q1(x)y2 + q2(x)2y1y2 + q2(x)y 2 2 y′2 − (q1(x) + q2(x)2y1)y2 = q2(x)y22 e´ uma equac¸a˜o de Bernoulli. Exemplo 10. Mostrar que existe uma soluc¸a˜o da equac¸a˜o y′ = y2 + 1 tal que y(0) = 0. y′ 1 + y2 == (arctg(y))′ = 1 logo arctg(y) = x+ c da´ı tg(x+ c) = y. De y(0) = tg(c), podemos tomar c = 0 logo temos uma soluc¸a˜o . (observac¸a˜o, usar outras identidades trigonome´trica para resolver edo’s parecidas) 1.2 Me´todo das aproximac¸o˜es sucessivas-me´todo de Picard Definic¸a˜o 6 (Me´todo das aproximac¸o˜es sucessivas). Definimos uma sequeˆncia de func¸o˜es (Φk) recursivamente por Φ0(x) = y0, Φn+1(x) = y0 + ∫ x x0 f(t,Φn(t))dt onde a func¸a˜o f esta´ associada ao problema de Cauchy y′ = f(x, y) com y0 = y(0) dado . As func¸o˜es da sequeˆncia assim definidas sa˜o chamadas de aproximac¸o˜es sucessivas . CAPI´TULO 1. EQUAC¸O˜ES DIFERENCIAIS ORDINA´RIAS 12 Propriedade 6. Seja f : Ω→ R cont´ınua tal que |∂yf(x, y)| ≤ L, ∀(x, y) ∈ Ω retaˆngulo ou faixa em x. enta˜o f e´ lipschitz em y ∈ Ω. Demonstrac¸a˜o. Tem-se que f(x, y2)− f(x, y1) = ∫ y2 y1 ∂yf(x, t)dt da´ı |f(x, y2)− f(x, y1)| = ∫ y2 y1 |∂yf(x, t)|dt ≤ L|y2 − y2| logo f e´ lipschitz em y . Propriedade 7 (Existeˆncia de soluc¸o˜es locais). A sequeˆncia de aproximac¸o˜es sucessivas converge para uma soluc¸a˜o do problema de Cauchy . Sendo f : A → R cont´ınua em A = {|x− x0| ≤ a, |y − y0| ≤ b} com |f(x, y)| ≤ m, f sendo y-lipschitz . Demonstrac¸a˜o.[Convergeˆncia da sucessa˜o nume´rica] Vale por soma telesco´pica Φn(x) = Φ0(x) + n∑ k=1 ∆Φk−1(x) da´ı Φn(x) converge sse a se´rie ∞∑ k=1 ∆Φk−1(x) converge. Vale |Φ1(x)−Φ0(x)| ≤M |x−x0| Φ2(x)− Φ1(x) = ∫ x x0 f(tΦ1(t))− f(t,Φ0(t))dt |Φ2(x)− Φ1(x)| = ∫ x x0 |f(t,Φ1(t))− f(t,Φ0(t))|dt ≤ L ∫ x x0 |Φ1(t)− Φ0(t)|dt ≤ ML ∫ x x0 |t− x0|dt = ML(x− x0) 2 2 . Por induc¸a˜o podemos provar que |∆Φk−1(x)| ≤ ML k−1|x− x0|k k! com isso temos |Φ0(x)|+ M L ∞∑ k=0 (L|x− x0|)k k! = |Φ0(x)|+ Me La L logo a se´rie converge, portanto a sequeˆncia converge . CAPI´TULO 1. EQUAC¸O˜ES DIFERENCIAIS ORDINA´RIAS 13 Propriedade 8 (Estimativa). ||Φ(x)− Φk(x)|| ≤ M L (La)k+1 (k + 1)! eLa, x ∈ Ia. Demonstrac¸a˜o. Vale Φk(x) = Φ0(x) + k∑ j=1 ∆Φj−1(x) por soma telesco´pica. Sendo Φk convergente podemos escrever Φ(x) = Φ0(x) + ∞∑ j=1 ∆Φj−1(x) logo ||Φ(x)− Φk(x)|| = || ∞∑ j=k+1 ∆Φj−1(x)|| ≤ ∞∑ j=k+1 ||∆Φj−1(x)|| ≤ usamos agora a identidade ||∆Φj−1(x)|| ≤ ML j−1||x− x0||j j! que pode ser demonstrada por induc¸a˜o, com isso tem-se ≤ M L ∞∑ j=k+1 Lj||x− x0||j j! ≤ M L ∞∑ j=k+1 Ljaj j! = M(La)k+1 L ∞∑ k=0 Ljaj (j + k + 1)! ≤ M(La) k+1 L(k + 1)! eLa. Denotamos λk = (La)k+1 (k + 1)! , temos limλk = 0. Demonstrac¸a˜o. | ∫ x x0 f(t,Φk)dt− ∫ x x0 f(t,Φ(t))dt| ≤ L ∫ x x0 |Φk(t)−Φ(t)|dt ≤ M L λke La|x−x0| ≤ Ma L λke La como limλk = 0 enta˜o lim ∫ x x0 f(t,Φk)dt = ∫ x x0 f(t,Φ(t))dt logo Φk+1(x) = y0 + ∫ x x0 f(t,Φk(t))dt converge. Propriedade 9 (Unicidade de soluc¸o˜es). Seja f cont´ınua e satisfazendo a condic¸a˜o de Lipschitz em um retaˆngulo, enta˜o existe apenas uma soluc¸a˜o para o problema de Cauchy y′ = f(x, y), y(0) = y0. CAPI´TULO 1. EQUAC¸O˜ES DIFERENCIAIS ORDINA´RIAS 14 Demonstrac¸a˜o. Suponha duas soluc¸o˜es Φ(x) e Ψ(x) logo Φ(x)−Ψ(x) = ∫ x x0 f(t,Φ(t))− f(t,Ψ(t))dt |Φ(x)−Ψ(x)| ≤ L E(t)︷ ︸︸ ︷∫ x x0 |Φ(t)−Ψ(t)|dt logo E ′(x)− LE(x) ≤ 0 multiplicando por e−L|x−x0| tem-se (e−L|t−x0|E(t))′ ≤ 0 aplicando ∫ x x0 segue que e−L|x−x0|E(x) ≤ 0 assim E(x) ≤ 0∀x da´ı Φ(x) = Ψ(x). Propriedade 10 (Lema de Gronwall). Seja ϕ : [a, b] → R cont´ınua e φ(x) ≥ 0 em [a, b] se ϕ(x) ≤ c0 + c1 ∫ x a ϕ(t)dt com c0 ≥ 0, c1 > 0 enta˜o ϕ(x) ≤ c0ec1(x−a). Demonstrac¸a˜o. Seja Ψ : [a, b]→ R tal que Ψ(x) = ∫ x a ϕ(t)dt enta˜o Ψ′(x) = ϕ(x) e por hipo´tese Ψ′(x) ≤ c0 + c1Ψ(x) multiplicando por e−c1t resulta (Ψec1t)′ ≤ c0ec1t aplicando ∫ x a tem-se Ψe−c1x ≤ −c0 c1 (1− ec1(x−a)) CAPI´TULO 1. EQUAC¸O˜ES DIFERENCIAIS ORDINA´RIAS 15 que implica Ψ ≤ c0 c1 (ec1(x−a) − 1) ϕ(x) ≤ c0 + c0(ec1(x−a) − 1) = c0ec1(x−a) . Corola´rio 1. Se |f ′(x)| ≤ |f(x)| e f(0) = 0 enta˜o f(x) = 0 . Tomamos g(x) = f ′(x) da´ı f(x) = ∫ x 0 g(t)dt |g(x)| ≤ | ∫ x 0 g(t)dt| ≤≤ ∫ x 0 |g(t)|dt segue enta˜o do lema que g(x) = 0 = f ′(x) logo f(x) = 0 pois f e´ constante . Propriedade 11. Se Φ e Ψ sa˜o soluc¸o˜es do problema de Cauchy com condic¸o˜es iniciais y0 e z0 enta˜o |Φ(x)−Ψ(x)| ≤ |z0 − y0|eL|x−x0| Demonstrac¸a˜o. |Φ(x)−Ψ(x)| ≤ |z0 − y0|+ L ∫ x x0 |Φ(t)−Ψ(t)| por f ser lipschitz . Pelo lema de Gronwall segue o resultado . Propriedade 12 (Dependeˆncia cont´ınua dos dados iniciais). Seja f cont´ınua em um retaˆngulo enta˜o ∀ ε > 0 | |z0 − y0| < δ ⇒ |Φ(x)−Ψ(x)| ≤ ε onde Ψ e Φ sa˜o soluc¸o˜es do problema de Cauchy com condic¸o˜es iniciais z0 e y0. Demonstrac¸a˜o. 1.2.1 Lema de Hille Propriedade 13 (Lema de Hille). Seja g : [x0, a]→ R cont´ınua tal que g(x0) = g′(x0) e 0 ≤ g(x) ≤ ∫ x x0 g(x) t− x0dt enta˜o g(x) = 0∀x ∈ [x0, a]. Demonstrac¸a˜o. Definimos a func¸a˜o CAPI´TULO 1. EQUAC¸O˜ES DIFERENCIAIS ORDINA´RIAS 16 1.3 Me´todo do ponto fixo Propriedade 14. Seja f : Iα × J︸ ︷︷ ︸ A → R onde Iα = {x ∈ R | |x− x0| ≤ α}, J = {y ∈ R | |y − y0| ≤ b}, α = min{a, b M }, com a me´trica do supremo e f limitada por M nesse conjunto fechado A. Denotamos C(Iα) o espac¸o completo (c 0(Iα, d)). Se f : A→ R e´ uma func¸a˜o cont´ınua e lipschitz na segunda varia´vel, isto e´, |f(t, g)− f(t, h)| ≤ L|g − h| para alguma constante L > 0 ∈ R, enta˜o y′ = f(x, y), y(x0) = y0 possui uma u´nica soluc¸a˜o . Demonstrac¸a˜o. Primeiro observe queα = min{a, b M }, vale que α ≤ b M , αM ≤ b. A aplicac¸a˜o T : C(Iα)→ C(Iα), definida por T (g)(x) = y0 + ∫ x x0 f(t, g(t))dt tem um u´nico ponto fixo. Tem-se que T (g)(x0) = y0 e ale´m disso |T (g)(x)− y0| ≤ ∫ x x0 |f(t, g(t))|dt ≤M(x− x0) ≤Mα ≤ b. T e´ uma contrac¸a˜o, pois f sendo lipschitz implica que |T (g)(x)− T (h)(x)| ≤ ∫ x x0 |f(t, g)− f(t, h)| ≤ L ∫ x x0 |g(t)− h(t)|dt ≤ Lα||g − h|| da´ı por propriedade do supremo tem-se ||T (g)− T (h)|| ≤ Lα||g − h||. Se Lα < 1 enta˜o T e´ uma contrac¸a˜o, da´ı existe uma u´nica func¸a˜o g de C(Iα) tal que T (g) = g, ou seja, para x ∈ Iα o u´nico ponto fixo g satisfaz a equac¸a˜o g(x) = y0 + ∫ x x0 f(t, g(t))dt. CAPI´TULO 1. EQUAC¸O˜ES DIFERENCIAIS ORDINA´RIAS 17 Para o caso em que na˜o vale Lα < 1 , existe n natural tal que T n e´ uma contrac¸a˜o. Definimos uma sequeˆncia de func¸o˜es por g1(x) = g g(n+1)(x) = y0 + ∫ x x0 f(t, gn)dt e vale para todo n natural que g(n+1)(x) = T n(g)(x). Por induc¸a˜o sobre n, para n = 1, vale g(2)(x) = y0 + ∫ x x0 f(t, g1)dt = y0 + ∫ x x0 f(t, g)dt ale´m disso T (g)(x) = y0 + ∫ x x0 f(t, g)dt logo vale para n = 1, supondo que vale para p, vamos provar que vale para p+ 1 g(p+2)(x) = y0 + ∫ x x0 f(t, gp+1)dt = y0 + ∫ x x0 f(t, T pg)dt = T [T pg] = T p+1 . Vale que |gn(x)− hn(x)| ≤ ∫ x x0 |f(t, gn)− f(t, hn)|dt ≤ L ∫ x x0 |gn(t)− hn(t)|dt pois f e´ lipschitz na segunda varia´vel . Note que (provar por induc¸a˜o, usando integrac¸a˜o por partes e que a func¸a˜o e´ lipschitz na segunda varia´vel) |gn+1(x)− hn+1(x)| ≤ L n (n− 1)! ∫ x x0 (x− t)n−1|g(t)− h(t)|dt tomando o supremo segue ||gn+1(x)− hn+1(x)|| ≤ L n (n− 1)! ||g(t)− h(t)|| ∫ x x0 (x− t)n−1dt| ≤ (αL) n (n)! ||g(t)− h(t)|| logo d(gn+1, hn+1) ≤ (αL) n (n)! d(g, h) existe n natural tal que 0 ≤ (αL) n (n)! < 1, logo para tal n, T n e´ contrac¸a˜o, portanto T possui ponto fixo . CAPI´TULO 1. EQUAC¸O˜ES DIFERENCIAIS ORDINA´RIAS 18 Propriedade 15. Sejam Ω ⊂ R2 um aberto limitado , (x0, y0) ∈ Ω, f : Ω→ R cont´ınua e localmente lipschitz, enta˜o o problema de Cauchy y′ = f(x, y), y(x0) = y0 tem uma u´nica soluc¸a˜o. Demonstrac¸a˜o. 1.4 Me´todo da poligonal O objetivo nessa sec¸a˜o e´ mostrar que o problema de Cauchy (PC) y′(x) = f(x, y(x)), y(x0) = y0 tem soluc¸a˜o, supondo f cont´ınua, esse resultado e´ devido a Cauchy e Peano, na˜o se sabe se esse problema possui unicidade de soluc¸a˜o. A existeˆncia de soluc¸a˜o sera´ mostrada usando o teorema de Arzela`-A´scoli, Denotamos C(I) o espac¸o me´trico (C0(I), d) onde C0(I) e´ o conjunto das func¸o˜es reais cont´ınuas definidas no intervalo I = [a, b] e d e´ a me´trica do sup d(f, g) = ||f − g|| = sup x∈I |f(x)− g(x)| Definic¸a˜o 7 (Conjunto uniformemente limitado). Um subconjunto A de C(I) e´ unifor- memente limitado quando existe uma constante k > 0 ∈ R tal que ||f || = sup x∈I |f(x)| ≤ k, ∀f ∈ A. Propriedade 16. Seja A ⊂ C(I) uniformemente limitado, enta˜o ∀E ⊂ I enumera´vel, existe uma sequeˆncia de func¸o˜es (fn) ⊂ A que converge em todo x ∈ E. Demonstrac¸a˜o. Teorema 1 (Teorema de Cauchy-Peano). Seja ω um conjunto aberto e limitado do R2 com (x0, y0) ∈ Ω e y(x0) = y0 . Se f : A→ R e´ cont´ınua enta˜o existe φ : Ω→ Ω cont´ınua soluc¸a˜o da equac¸a˜o de Cauchy y′(x) = f(x, y(x)), y(x0) = y0. CAPI´TULO 1. EQUAC¸O˜ES DIFERENCIAIS ORDINA´RIAS 19 Demonstrac¸a˜o. Construiremos a func¸a˜o em 4 etapas. Etapa 1: Constru´ımos uma sequeˆncia de poligonais (ϕn). Definimos V = {(x, y) ∈ R2 | d((x, y), (x0, y0)) ≤ ε} ⊂ Ω. Seja M = sup (x,y)∈V |f(x, y)| e R0 = {(x, y) ∈ V | |x− x0| ≤ α, |y − y0| ≤Mα} ⊂ V com α > 0. 1.5 Soluc¸o˜es anal´ıticas Teorema 2 (Teorema de Cauchy). Se f : ω → R e´ uma func¸a˜o anal´ıtica em uma vizinhanc¸a de (x0, y0) enta˜o o problema y ′(x) = f(x, y(x)), y(x0) = y0 possui uma u´nica soluc¸a˜o em [−p, p]. Demonstrac¸a˜o. Consideramos x0 = y0 = 0 a se´rie da poteˆncias e´ dada por f(x, y) = ∞∑ k=1 ∞∑ j=0 ak,j(x) k(y)j onde ak,j = ∂k+jf(0, 0) ∂xk∂yk 1.6 Sistema de EDO’s de primeira ordem e de ordem n . Definic¸a˜o 8 (sistema de EDO’s de primeira ordem). Um sistema de EDO’s de primeira ordem e´ um conjunto de equac¸o˜es da forma y′k = fk(x, yt|n1 ). k, t ∈ In, isto e´, y′1 = f1(x, y1, · · · , yn) CAPI´TULO 1. EQUAC¸O˜ES DIFERENCIAIS ORDINA´RIAS 20 ... y′n = fn(x, y1, · · · , yn) onde yk = yk(x) e fk : R n+1 → R. Uma equac¸a˜o diferencial de ordem n pode ser representada por y(n) = f(x, y(k)|n−11 ) = f(x, y1, · · · , yn−1) isto e´, ela depende das derivadas de menor ordem . Propriedade 17. As EDO’s de ordem superior podem ser estudadas por meio de sistemas de EDO’s de primeira ordem usando as mudanc¸as de varia´veis yk+1 = y (k) . Demonstrac¸a˜o. Da relac¸a˜o yk+1 = y (k) tem-se y1 = y, y2 = y ′, y3 = y′′, . . . , yn = y(n−1) derivando as equac¸o˜es na ordem e substituindo y′1 = y2, y ′ 2 = y3, y ′ 3 = y4, . . . , y ′ n = y (n) enta˜o podemos escrever y(n) = f(x, y, y(1), . . . , y(n−1)) como y′n = f(x, y1, y2, . . . , yn) e temos o sistema y′1 = y2 y′2 = y3 ... y′n−1 = yn y′n = f(x, y1, y2, . . . , yn) Definic¸a˜o 9 (Soluc¸a˜o). Uma soluc¸a˜o do sistema definido acima e´ um conjunto com n func¸o˜es deriva´veis (Φk) n 1 definidas em I = {x ∈ R, |x− x0| < a} satisfazendo (x,Φk|n1 ) Φ′k(x) = fk(x,Φt(x)|n1 ) ∀k ∈ In. CAPI´TULO 1. EQUAC¸O˜ES DIFERENCIAIS ORDINA´RIAS 21 1.6.1 Aplicac¸o˜es a EDO de ordem 2 Exemplo 11 (EDO do tipo y′′ = f(x, y′)). Tomamos z = y′, da´ı z′ = f(x, z) com isso transformamos um problema de ordem 2 em um de ordem 1. Exemplo 12 (Equac¸a˜o de Euler). Resolver a equac¸a˜o do tipo xy′′ = y′, tomamos y′ = z da´ı xz′ = z cuja soluc¸a˜o e´ da forma z = cx dai por integrac¸a˜o y = ax2 + b. Exemplo 13 (EDO do tipo y′′ = f(y, y′)). Fazemos z = y′ e podemos concluir que z dz dy = f(y, z). Exemplo 14 (EDO do tipo y′′ = f(x, y).). Consideramos o problema de valor inicial y′′ = f(x, y), y(x0) = y0, y′(x0) = y1 considerando A = {(x, y) ∈ R2 | |x− x0| ≤ a, |y − y0| ≤ b} sendo f : A → R cont´ınua . Queremos encontrar Φ : I → R soluc¸a˜o da equac¸a˜o dada, usaremos o me´todo de aproximac¸o˜es sucessivas. Integrando a EDO em [x0, x] tem-se y′(x) = y1 + ∫ x x0 f(t, y)dt integrando em [x0, x] novamente tem-se y(x) = y0 + (x− x0)y1 + ∫ x x0 ∫ t x0 f(s, y)dsdt integrando por partes tomando u(t) = ∫ t x0 f(s, y)ds e v′(t) = 1 tem-se y = y0 + (x− x0)y1 + ∫ x x0 (x− t)f(t, y)dt. As sucesso˜es de aproximac¸o˜es sucessivas sa˜o definidas como Φ0(x) = y0, Φk+1(x) = y0 + (x− x0)y1 + ∫ x x0 (x− t)f(t,Φk(t))dt. Pode-se mostrar que (Φk) converge para uma func¸a˜o Φ soluc¸a˜o da EDO proposta. CAPI´TULO 1. EQUAC¸O˜ES DIFERENCIAIS ORDINA´RIAS 22 Exemplo 15. Determinar as soluc¸o˜es do problema y′′ + y = 0, y(0) = 1, y′(0) = 0 por aproximac¸o˜es sucessivas. Φ0(x) = y0, Φk+1(x) = y0 + (x− x0)y0 + ∫ x x0 (x− t)f(t,Φk(t))dt Φ0(x) = 1, Φ1(x) = 1− x 2 2 . Exemplo 16. Resolver a equac¸a˜o por meio de aproximac¸o˜es sucessivas. y′′ + y = x, y(0) = 1, y′(0) = 0. Temos f(x, y) = x− y, x0 = 0, y0 = 1, y1 = 0, Φ0(x) = 1 Φk+1(x) = 1 + 0.x+ ∫ x 0 (x− t)(t− Φk(t))dt onde f(t,Φk(t)) = t− Φk(t), vejamos alguns dos primeiros casos Φ1(x) = 1 + ∫ x 0 (x− t)(t− 1)dt = 1− x 2 2 + x3 3! Φ2(x) = 1 + ∫ x 0 (x− t)(t− 1 + t 2 2 − t 3 3! )dt = 1− x 2 2 + x3 3! + x4 4! − x 5 5! . A soluc¸a˜o geral e´ dada por y = x+ cos(x)− sen(x). 1.7 Sistema vetorial Usaremos Ω ⊂ Rn+1 para uma regia˜o limitada . Um elemento de Ω sera´ denotadopor (x, ~y) onde ~y = (yk) n 1 . Escrevemos f(x, ~y) = (fk(x, ~y)) n 1 e ~y′ = (y′k) n 1 . ~y′ = f(x, ~y) significa y′k = fk(x, ~y). CAPI´TULO 1. EQUAC¸O˜ES DIFERENCIAIS ORDINA´RIAS 23 Definic¸a˜o 10 (Func¸a˜o cont´ınua). ~F e´ cont´ınua em Ω quando cada fk e´ cont´ınua em Ω. Propriedade 18. Sejam Ω = {(x, ~y) ∈ Rn+1 | |x − x0| ≤ a, ||y − y0|| ≤ b} . Suponha ~f : Ω ⊂ Rn+1 → Rn com ∂f ∂yk cont´ınua em Ω. Se existir L > 0 tal que || ∂f ∂yk || ≤ L, ∀(x, ~y ∈ Rn+1) enta˜o ~f e´ Lipschitz na segunda varia´vel . Demonstrac¸a˜o. Sejam (x, ~y), (x, ~z) ∈ Ω, definimos F (θ) = f(x, ~z + θ(~y − ~z)) com θ ∈ [0, 1]. F esta´ bem definida se ~z+ θ(~y− ~z) ∈ ω ∀θ ∈ [0, 1]. Tal propriedade se verifica pois de ||~y − ~y0|| ≤ b tem-se ||~z + θ(~y − ~z)|| = ||~z − ~y0 − θ~z + θ~y − θ~y0|| = = ||(1− θ)(~z − ~y0) + θ(~y − ~y0)|| ≤ (1− θ)||~z − ~y0||+ θ||~y − ~y0|| ≤ (1− θ)b+ θb = b. Agora iremos mostrar que f e´ lipschitz ( continuar depois) . Propriedade 19 (Existeˆncia e unicidade de soluc¸o˜es vetoriais). O problema de Cauchy vetorial ~y′ = f(x, ~y), ~y(x0) = ~y0 tem pelo menos uma soluc¸a˜o e sobre certas hipo´teses ela e´ u´nica. O problema colocado e´ o mesmo que resolver o sistema com condic¸o˜es iniciais (PC, problema de Cauchy) . ~y′k = fk(x, y1, . . . , yn), yk(x0) = αk. Podemos mostrar que se f e´ uma func¸a˜o cont´ınua em Ω enta˜o o PC dado tem pelo menos uma soluc¸a˜o em I . Se f satisfaz a condic¸a˜o de Lipschitz na segunda varia´vel em Ω enta˜o pelo me´todo das aproximac¸o˜es sucessivas o PC tem um u´nica soluc¸a˜o em I . A sequeˆncia de aproximac¸o˜es sucessivas para ~f e´ definida como ~Φ0(x) = ~y0, ~Φk+1(x) = ~y0 + ∫ x x0 ~f(tΦk(t))dt. CAPI´TULO 1. EQUAC¸O˜ES DIFERENCIAIS ORDINA´RIAS 24 Demonstrac¸a˜o. Propriedade 20. ||Φ(x)− Φk(x)|| ≤ M L (La)k+1 (k + 1)! eLa, x ∈ Ia. Demonstrac¸a˜o. Vale Φk(x) = Φ0(x) + k∑ j=1 ∆Φj−1(x) por soma telesco´pica. Sendo Φk convergente podemos escrever Φ(x) = Φ0(x) + ∞∑ j=1 ∆Φj−1(x) logo ||Φ(x)− Φk(x)|| = || ∞∑ j=k+1 ∆Φj−1(x)|| ≤ ∞∑ j=k+1 ||∆Φj−1(x)|| ≤ usamos agora a identidade ||∆Φj−1(x)|| ≤ ML j−1||x− x0||j j! que pode ser demonstrada por induc¸a˜o, com isso tem-se ≤ M L ∞∑ j=k+1 Lj||x− x0||j j! ≤ M L ∞∑ j=k+1 Ljaj j! = M(La)k+1 L ∞∑ k=0 Ljaj (j + k + 1)! ≤ M(La) k+1 L(k + 1)! eLa. Propriedade 21 (Existeˆncia de soluc¸o˜es locais). Seja ~f vetorial cont´ınua em Ω com valores em Rn tal que ||f(x, ~y)|| ≤M, ∀(x~y) ∈ Ω. Se ~f satisfaz as condic¸o˜es de Lipschitz na segunda varia´vel, enta˜o a sequeˆncia de aproximac¸o˜es (Φk) converge no intervalo Iα = {x ∈ R | |x − x0| ≤ a} com a = min{a, b M } para uma func¸a˜o vetorial Φ soluc¸a˜o do P.C ∀x ∈ Iα. Demonstrac¸a˜o. Propriedade 22 (Existeˆncia de soluc¸o˜es na˜o locais). Seja ~f vetorial cont´ınua em Ω = {(x, y ∈ Rn+1) | ||x − x0| ≤ a, ||y|| < ∞} com valores em Rn tal que ||f(x, ~y)|| ≤ M, ∀(x~y) ∈ Ω. Se ~f satisfaz as condic¸o˜es de Lipschitz na segunda varia´vel, enta˜o a sequeˆncia de aproximac¸o˜es (Φk) converge no intervalo Iα com para uma func¸a˜o vetorial Φ soluc¸a˜o do P.C ∀x ∈ Iα. CAPI´TULO 1. EQUAC¸O˜ES DIFERENCIAIS ORDINA´RIAS 25 Demonstrac¸a˜o. Propriedade 23 (Existeˆncia de soluc¸o˜es Globais). Seja ~f satisfazendo todas as condic¸o˜es do problema anterior em Ω = {(x, ~y) ∈ Rn+1} enta˜o o problema de Cauchy tem pelo menos uma soluc¸a˜o . Demonstrac¸a˜o. 1.8 Sistemas de EDO’s lineares de ordem n Uma EDO linear de segunda ordem e´ dada por P0(x)y ′′ + p1(x)y′ + p2(x)y + q(x) = 0 com p0(x) 6= 0. Iremos considerar pk e q cont´ınuas em R. Considere o sistema linear ~y′ = A~y. Definic¸a˜o 11 (Equac¸a˜o normalizada). Uma EDO se segunda ordem e´ dita ser normali- zada quando p0(x) = 1. Podemos normalizar as equac¸o˜es estudadas nessa sec¸a˜o, dividindo por p0(x), iremos estudar o caso em que q(x) = 0. Propriedade 24. Seja Φ(x) soluc¸a˜o de ~y′ = A~y. . Se Φ(x0) = 0 para algum x0 ∈ R enta˜o Φ(x) = 0, ∀x ∈ R. Demonstrac¸a˜o. Propriedade 25. Sejam Φ1 e Φ2 soluc¸o˜es de ~y′ = A~y em R. Enta˜o Φ1,Φ2 sa˜o LD em R ⇔ existe x0 ∈ R tal que Φ1(x0) e Φ2(x0) sa˜o LD . Demonstrac¸a˜o. ⇒) Sendo Φ1,Φ2 LD em R, em especial elas sa˜o LD para um certo valor x0 ∈ R. ⇐) Suponha Φ1(x0),Φ2(x0) LD, enta˜o existem constantes c1 e c2 tais que c1Φ1(x0) + c2Φ2(x0) = 0. Definimos Φ(x) = c1Φ1(x) + c2Φ2(x), como Φ e´ soluc¸a˜o de ~y′ = A~y e nula num ponto, isso implica que Φ e´ nula em todos pontos, logo Φ1,Φ2 sa˜o LD em R . CAPI´TULO 1. EQUAC¸O˜ES DIFERENCIAIS ORDINA´RIAS 26 Definic¸a˜o 12 (Func¸o˜es linearmente independentes e dependentes). As func¸o˜es (fk) n 1 : R → V (V um espac¸o vetorial com escalares que contenham R) sa˜o LD ⇔ existem (ck) n 1 ∈ R (pelo menos um na˜o nulo), em que vale n∑ k=1 ckfk(x) = 0, ∀x ∈ R. Se n∑ k=1 ckfk(x) = 0, ∀x ∈ R implicar cada ck = 0 enta˜o (fk)n1 sa˜o ditas LI . Definic¸a˜o 13 (Wronskiano). Sejam f , g deriva´veis , definidas em R . O wronskiano de tais func¸o˜es e´ o determinante W (f, g) = ∣∣∣∣∣∣ f gf ′ g′ ∣∣∣∣∣∣ = fg′ − f ′g. Definic¸a˜o 14 (Sistema fundamental). Soluc¸o˜es Φ1,Φ2 formam um sistema fundamental de soluc¸o˜es ⇔ ∃x0 ∈ R | W (Φ1(x0),Φ2(x0)) 6= 0. Propriedade 26. Sejam p1, p2 sa˜o cont´ınuas em R . Φ1,Φ2 sa˜o linearmente dependentes ⇔ ∃x0 ∈ R | W (Φ1(x0),Φ2(x0)) = 0. Demonstrac¸a˜o. ⇒). Sejam Φ1,Φ2 LD em R. Logo existem c1, c2 tais que c1Φ1(x) + c2Φ2(x) = 0 ∀x ∈ R derivando tem-se c1Φ ′ 1(x) + c2Φ ′ 2(x) = 0. Supondo c1 6= 0 multiplicamos a primeira identidade por Φ ′ 2 c1 e a segunda por −Φ2 c1 e somando tem-se Φ′2(x).Φ1(x)− Φ′1Φ2(x) = 0 que significa que W (Φ1(x),Φ2(x)) = 0, ∀x ∈ R. ⇐) Suponha ∃x0 ∈ R tal que W (Φ1(x0),Φ2(x0)) = 0, considere o sistema c1Φ1(x0) + c2Φ2(x0) = 0 c1Φ ′ 1(x0) + c2Φ ′ 2(x0) = 0 CAPI´TULO 1. EQUAC¸O˜ES DIFERENCIAIS ORDINA´RIAS 27 como o sistema e´ homogeˆneo e W (Φ1,Φ2)(x0) e´ nulo, enta˜o o sistema possui soluc¸a˜o c1, c2 na˜o necessariamente nulas , nesse caso definimos Φ(x) = c1Φ1(x) + c2Φ2(x), ∀x ∈ R Vale Φ(x0) = 0 e Φ ′(x0) = 0 logo Φ(x0) = 0 logo Φ(x) = 0 ∀x. Φ1(x) = −c1Φ2(x) c2 e as func¸o˜es sa˜o LD . 1.9 Equac¸o˜es lineares de ordem n Uma EDO de ordem n e´ uma equac¸a˜o da forma n∑ k=0 pk(x)y (k) = q(x) onde consideramos cada pk, q cont´ınuas em R e pn(x) 6= 0. Estudaremos equac¸o˜es com q(x) = 0 . A equac¸a˜o pode ser normalizada como y(n) = n−1∑ k=0 pk(x)y (k) podemos escrever tais equac¸o˜es na forma matricial ~y′ = A~y, y(x0) = ~y0. Definic¸a˜o 15 (Sistema fundamental). Sejam (Φk) n 1 soluc¸o˜es da EDO de ordem n . Elas formam um sistema fundamental de soluc¸o˜es ⇔ o wronskiano das componentes de Φ em algum x0 e´ na˜o nulo W (Φk) n 1 (x0) = ∣∣∣∣∣∣∣∣∣ φ1 . . . Φn ... . . . ... Φ (n−1) 1 . . . Φ (n−1) n ∣∣∣∣∣∣∣∣∣ (x0) 6= 0 1.10 Soluc¸o˜es na forma matricial me´todo das apro- ximac¸o˜es sucessivas Definic¸a˜o 16 (Derivac¸a˜o e integrac¸a˜o de matrizes). Supondo cada aij(x) da matriz A deriva´vel em R, definimos CAPI´TULO 1. EQUAC¸O˜ES DIFERENCIAIS ORDINA´RIAS 28 ∫ x x0 A(t)dt = ( ∫ x x0 aij(t)dt), A ′(x) = (a′ij(x)) Corola´rio 2. Derivac¸a˜o e integrac¸a˜o de matrizes sa˜o operadores lineares . Propriedade 27. O problema ~y′ = A(x)y, y(x0) = y0 e´ equivalente ao problema integral ~y(x) = ~y(0) + ∫ x x0 A(t) ~y(t)dt o me´todo das aproximac¸o˜es sucessivas e´ definido por Φ0(x) = y0, Φ(k + 1)(x) = y0 + ∫ x x0 A(t)Φk(t)dt. Exemplo 17 (Exponencial matricial). Consideramos a EDO ~y′ = A~y e aplicamos o me´todo de aproximac¸o˜es sucessivas. ~y(x) = ~y0 + A ∫ x x0 ~y(t)dt B(x) = ∫ x x0 Adt = A(x− x0) Φ0(x) = y0, Φ1(x) = y0 + ∫ x x0Ay0 = y0 + (x− x0)Ay0 = y0(I +B(x)) Φ2(x) = y0 + A ∫ x x0 [y0 + (x− x0)Ay0]dt = y0[I +B(x) + B 2(x) 2 ] Por induc¸a˜o segue que Φk(x) = y0[ k∑ j=0 Bk(x) k! ] ∀x ∈ R. quando k →∞, Φk converge uniformemente em Ia para Φ soluc¸a˜o de ~y′ = A~y, y(x0) = y0 ∞∑ k=0 Bk(x) k! = eB(x) logo Φ(x) = y0e B(x). CAPI´TULO 1. EQUAC¸O˜ES DIFERENCIAIS ORDINA´RIAS 29 1.11 Sistemas lineares com coeficientes constantes Iremos considerar o sistema linear homogeˆneo com coeficientes reais e constantes y′k = n∑ j=1 a(k,j)yj, k ∈ In que pode ser escrito como y′1 ... y′n ︸ ︷︷ ︸ Y ′ = = a(1,1) · · · a(1,n) ... ... ... a(n,1) · · · a(n,n) ︸ ︷︷ ︸ A y1 ... yn ︸ ︷︷ ︸ Y Y ′ = AY. Propriedade 28. Se Y e´ soluc¸a˜o de Y ′ = AY enta˜o a derivada de qualquer ordem e qualquer combinac¸a˜o linear de derivadas tambe´m sa˜o soluc¸o˜es. Demonstrac¸a˜o. Se Φ e´ soluc¸a˜o do PC enta˜o Φ′ tambe´m e´ soluc¸a˜o, pois sendo A uma matriz constante vale d(AΦ) dx = A dΦ dx como Φ′ = AΦ logo dΦ′ dx = AΦ′ repetindo o processo podemos concluir que a derivada de qualquer ordem e combinac¸o˜es lineares delas sa˜o soluc¸o˜es do PC. Propriedade 29. Sejam f = f(x) uma soluc¸a˜o de y′ = A.y, y(0) = y0 e I = {x ∈ R, |x− x0| ≤ a}. Se para algum c ∈ I vale Af(c) = λf(c), f(c) 6= 0 (isto e´, f(c) e´ um vetor caracter´ıstico de A associado a` λ ) enta˜o o mesmo vale para todo x ∈ I. Af(x) = λf(x), f(x) 6= 0 CAPI´TULO 1. EQUAC¸O˜ES DIFERENCIAIS ORDINA´RIAS 30 Demonstrac¸a˜o. Propriedade 30. Para cada valor caracter´ıstico λ de A existe uma soluc¸a˜o Φ em I dada por Φ(x) = (cke λx)n1 (Φk) n 1 e´ vetor caracter´ıstico de A associado a` λ. Demonstrac¸a˜o. Suponha Φ(x) = (Φk(x))k ∈ In soluc¸a˜o de y′ = Ay. Φ′(x) = Aφ(x) = λΦ(x) Φ′(x) = λ(x)⇒ (Φ′k(x)) = (λΦk(x)) Φ′k(x) = λΦk(x)⇒ Φk(x) = ckeλx Propriedade 31. Tem-se DkΦ(x) = AkΦ(x). Demonstrac¸a˜o. Por induc¸a˜o. Corola´rio 3. P (D)Φ = P (A)Φ). Propriedade 32. Seja Φ = Φ(x) uma soluc¸a˜o de Y ′ = AY em I e suponha que para algum ξ ∈ I vale (A− λI)mΦ(ξ) = 0 , isto e´, Φ(ξ) e´ um vetor caracter´ıstico de A definido por λ e λ tem multiplicidade m . Nessas condic¸o˜es (D − λI)mΦ(x) = (A− λI)mΦ(x) = 0, ∀x ∈ I. Demonstrac¸a˜o. De P (D)Φ = P (A)Φ segue que (D − λI)mΦ(x) = (A− λI)mΦ(x), ∀x ∈ I. Tomando ψ(x) = (D − λI)mΦ(x), ψ e´ combinac¸a˜o linear de Φ e suas derivadas, da´ı conclui-se que Ψ e´ soluc¸a˜o de Y ′ = AY . CAPI´TULO 1. EQUAC¸O˜ES DIFERENCIAIS ORDINA´RIAS 31 Por hipo´tese vale que ψ(ξ) = (D − λI)mΦ(ξ) = 0 logo por unicidade de soluc¸a˜o tem-se ψ(x) = ψ(ξ) = 0 da´ı (D − λI)mΦ(x) = 0 logo (D − λI)mΦ(x) = (A− λI)mΦ(x) = 0. Definic¸a˜o 17 (Soluc¸a˜o primitiva). Uma soluc¸a˜o de Y ′ = AY e´ chamada de primitiva, se ela satisfaz (D − λ)mΦ(x) = (A− λI)mΦ(x) e na˜o e´ nula . Φ(x) e´ uma soluc¸a˜o primitiva de Y ′ = AY ⇔ existe algum ξ ∈ I para o qual Φ(ξ) e´ vetor caracter´ıstico de A, definido por λ com multiplicidade m . Propriedade 33. Se Φ(x) e´ uma soluc¸a˜o primitiva de Y ′ = AY tal que (A− λI)mΦ(x) = 0, ∀ x ∈ I enta˜o Φ(x) = (Pk(x)e λx) onde cada Pk(x) e´ de grau ate´ m− 1. Demonstrac¸a˜o. (D − λI)mΦ(x) = 0, ∀ x ∈ I Φ(x) = (Φk(x)) logo ((D− λ)mΦk(x)) = 0v implica (D− λ)mΦk(x) = 0 supondo Φk(x) = eλxϕk(x) tem-se (D − λ)mΦk(x) = (D − λ)m(eλxϕk(x)) = (eλxDmϕk(x) que pode ser provado por induc¸a˜o sobrem facilmente. Ale´m disso temos queDmϕk(x) = 0 enta˜o ϕk(x) e´ polinoˆmio de grau ate´ m− 1 enta˜o Φk(x) = Pk(x)e λx. CAPI´TULO 1. EQUAC¸O˜ES DIFERENCIAIS ORDINA´RIAS 32 Considere a ED de ordem n com coeficientes constantes Dny(x) + n∑ k=0 akD ky(x) = 0, ∀ x, ak ∈ R tal equac¸a˜o pode ser escrita como P (D)y(x) = 0, ∀ x ∈ I onde P (D) e´ um polinoˆmio, com equac¸a˜o caracter´ıstica dada por P (λ) = 0. Sejam (xk) t 1 suas ra´ızes, tem-se P (λ) = t∏ k=1 (λ− λk)mk com t∑ k=1 mk = n, mk sendo a multiplicidade de cada λk. Nestas condic¸o˜es tem-se a fa- torac¸a˜o para P (D) P (D) = t∏ k=1 (D − λk)mk e a ED pode ser escrita como P (D)y(x) = t∏ k=1 (D − λk)mky(x) qualquer soluc¸a˜o de (D − λk)mky(x) = 0 tambe´m e´ soluc¸a˜o de P (D)y(x) = 0. 1.12 Singularidades de um sistema auto´nomo Considere o sistema de segunda ordem da forma dx dt = P (x, y), dy dt = Q(x, y) tal sistema e´ chamado de auto´nomo, a varia´vel t na˜o aparece explicitamente nas func¸o˜es do lado direito. Assumimos que P (x, y) e Q(x, y) sa˜o definidas em uma regia˜o D do plano R2 e satisfac¸a a condic¸a˜o de lipschitz em x e y em alguma vizinhanc¸a de cada ponto de D . CAPI´TULO 1. EQUAC¸O˜ES DIFERENCIAIS ORDINA´RIAS 33 Em qualquer D′ ⊂ D em que vale p(x, y) 6= 0 podemos escrever dy dx = Q(x, y) P (x, y) . Definic¸a˜o 18 (Curvas caracter´ısticas). As soluc¸o˜es de dx dt = P (x, y), dy dt = Q(x, y), x(t) e y(t) definem uma curva que e´ chamada de curva caracter´ıstica . Propriedade 34. Por cada ponto de D passa somente uma caracter´ıstica. Demonstrac¸a˜o. Lema 1. Seja h : U1 → U2 um difeomorfismo Ck, enta˜o h e´ um difeomorfismo Ck conjugado ⇔ Dh(p)x1(p) = x2(h(p)) Demonstrac¸a˜o. ⇒). Por hipo´tese temos h(ϕ1(t, p)) = ϕ2(t, h(p)) derivando com respeito a` t tem-se d dt h(ϕ1(t, p)) = ϕ2(t, h(p)) = h ′(ϕ1(t, p)) ◦ d dt ϕ1(t, p) = = Dh(ϕ1(t, p)) ◦ x1(ϕ(t, p)) da mesma forma d dt ϕ2(t, h(p)) = x2(t, h(p)) logo para t = 0 ϕ1(0, p) = p Dh(p)x1(p) = x2(h(p)). ⇐). (Tem algo errado aqui, ajeitar ) Definimos ψ(t) = h(ϕ1(t, p)), ψ e´ soluc¸a˜o de x′ = X2(x), x(0) = h(p) ψ(t) = ϕ2(t, h(p)), vamos provar tal afirmac¸a˜o. Derivando a expressa˜o temos que dψ dt = d dt (h(ϕ1(t, p))) = h′(ϕ1(t, p)) ◦ d dt ϕ1(t, p) = CAPI´TULO 1. EQUAC¸O˜ES DIFERENCIAIS ORDINA´RIAS 34 = Dh(ϕ1(t, p)) ◦ x1(ϕ1(t, p)) = x2(h(q)) = x2(ψ(t)) ψ(0) = h(p), ψ e´ soluc¸a˜o de y′ = x2(y), y(0) = h(p) pela unicidade de soluc¸a˜o ψ(t) = ψ(t, h(p)). (ver o que vem depois) em t = 0 temos Dh(p)x1(p) = x2(h(p)) por hipo´tese e pela unicidade de soluc¸a˜o ψ(t) = ϕ2(t, h(p)). Definic¸a˜o 19 (Sec¸a˜o transversal local). Sejam X : U → Rn campo A ⊂ Rn−1 aberto e f : A→ U Ck. Seja Σ = f(A) com a topologia induzida por Rn. Dizemos que f e´ sec¸a˜o transversal local (stl) de X se ∀a ∈ A temos Rn = S(Df(a)(Rk−1), X(f(a))). Definic¸a˜o 20 (Sec¸a˜o transversal). Σ e´ uma sec¸a˜o transversal (st) se vale, f e´ stl e f : A→ Σ e´ homeomorfismo. Lema 2. Sejam X : ∆ → Rn campo Ck p ∈ ∆ na˜o singular, enta˜o existe f : A → ∆ stl com Σ = f(A) st, 0 ∈ A. Demonstrac¸a˜o. Vamos construir f : A → ∆ com as propriedades desejadas. Sejam vn = x(p) 6= 0 e {v1, · · · , vn} base de Rn. Definimos L : Rn−1 → Rn com L(x1, · · · , xn−1) = p+ n−1∑ k=1 xkvk. Definimos ainda g : Rn−1 → R com g(x) = det(v1, · · · , vn−1, x(L(x))), note que g e´ cont´ınua por ser composic¸a˜o de func¸o˜es cont´ınuas e ainda g(0) = det(v1, · · · , vn) 6= 0 como g e´ cont´ınua, existe uma vizinhanc¸a A ⊂ Rn−1 de 0 tal que g|A 6= 0. Seja f = L|A. g(a) 6= 0 ∀a ∈ A⇔ det(v1, · · · , vn1 , X(f(a))) 6= 0⇔ {v1, · · · , vn−1, X(f(a))} CAPI´TULO 1. EQUAC¸O˜ES DIFERENCIAIS ORDINA´RIAS 35 e´ base de Rn. Note que o jacobiano Jf (a) = col(v1, · · · , vn−1) vale que S(v1, · · · , vn1) = Df(a)(Rn−1) segue das suas observac¸o˜es anteriores Rn = S(Df(a)(Rn−1), X(f(a))). Teorema 3 (Teorema do Fluxo Tubular). Sejam X : U → Rn campo Ck , p ∈ U na˜o singular, enta˜o, existem 1. V vizinhanc¸a de p em U . 2. h : (−ε.ε)×B → V difeomorfismo Ck, ε > 0, 0 ∈ B ⊂ Rn−1 bola aberta tal que h e´ Ck conjugac¸a˜o de X|V com o campo Y : (−ε, ε)×B → Rn , Y (t, x) = (1, 0, · · · , 0). Demonstrac¸a˜o.Pelo lema existe Σ = f(A) st, 0 ∈ A ⊂ Rn−1, DA = {(t, x) | (t, f(x)) ∈ D} DA e´ aberto, pois f e´ homeromorfismo e D e´ aberto. Definimos L : DA → U com L(t, x) = ϕ(t, f(x)). f(0) = p. Vamos mostrar que h = L|(−ε,ε)×B com B = B(0, δ) ⊂ A, (−ε, ε) × B ⊂ DA e´ difeomorfismo Ck local na vizinhanc¸a de (0, 0) ∈ R×Rn−1. Basta provar que DL(0) e´ isomorfismo. Ja´ sabemos que L e´ Ck (porque? composic¸a˜o de Ck com Czinfty, f) (Note que (vamos derivar L com respeito as duas varia´veis), ∂t(h(0)) ) A matriz jacobiana JL(0) = [ ∂L(0) dt , ∂L(0) ∂x ] Temos que ∂L(0) ∂t = ∂(ϕ(t, f(0))) ∂t |t=0 = X(ϕ(0, p)) = X(p) ∂L(0) ∂x = ∂ϕ(0, f(x)) ∂t |x=0 = ∂f(x) ∂t |x=0 = Df(0) portanto CAPI´TULO 1. EQUAC¸O˜ES DIFERENCIAIS ORDINA´RIAS 36 JL(0) = [X(p)︸ ︷︷ ︸ x(f(0)) , Df(0)] como Rn = S(Df(0)(Rn−1), X(f(0))) temos detJL(0) 6= 0 e portanto L e´ difeo- morfismo Ck numa vizinhanc¸a de (0, 0) ∈ R × A, isso por aplicac¸a˜o da func¸a˜o inversa. Tomando ε, δ > 0 suficientemente pequenos e B = B(0, δ) ⊂ Rn−1 temos que h|(−ε,ε)×B : (−ε, ε)×B → V = L(−ε.ε)×B e´ difeomorfismo Ck. Agora provamos outra afirmac¸a˜o do teorema h e´ Ck conjugac¸a˜o, pelo lema que ja´ provamos basta ver que Dh(t, x) = Y (t, x) = X(h(t, x)) de fato Dh(t, x)Y (t, x) = Dh(t, x)(1, · · · , 0) = = ∂h(t, x) ∂t = ∂ϕ(t, f(x)) ∂t = = X(ϕ(t, f(x))) = X(h(t, x)) o que termina a demonstrac¸a˜o . Observamos que ε, B,Σ, V dependem de p. ψ : D → (−ε, ε)×B com ψ(t, y) = y + (t, 0)︸︷︷︸ ∈R×Rn−1 . Considere as projec¸o˜es canoˆnicas pi1R n → R, pi2 : Rn → Rn−1. Seja g = h−1 que e´ Ck conjugac¸a˜o . Definimos −j = pi1 ◦ g e B = pi2 ◦ g. O sinal de negativo e´ por convenieˆncia. g e´ func¸a˜o V → (−ε, ε)×B e ainda 1.13 Dependeˆncia das soluc¸o˜es em relac¸a˜o a`s condic¸o˜es iniciais e paraˆmetros