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FILOSOFIA DO DIREITO

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PROJETO UTI – 60 HORAS 
Filosofia do Direito 
Bernardo Montalvão 
1 
Objeto: Questões discursivas 
Instituição: Fundação Carlos Chagas 
Assunto: Filosofia do Direito 
Professor Me.: Bernardo Montalvão Varjão de 
Azevêdo. 
 
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1 ª QUESTÃO) Esta escola da filosofia do 
direito ficou famosa pela incisiva afirmação 
de Bugnet: “Eu não conheço o Direito Civil, 
eu ensino o Código de Napoleão”. Qual a 
escola em questão? Exponha as principais 
características dela. 
 
Resp. Escola de Exegese. 
 
a) O Código de Napoleão, publicado em 1804, é 
a maior expressão simbólica da escola de 
exegese, ou exegetismo jurídico. 
b) A Escola de Exegese se caracteriza pela 
sustentação de um positivismo avalorativo e 
estatal. 
c) De acordo com o Exegetismo, a principal 
tarefa do jurista é a exegese do texto legal. 
d) Portanto, a sentença judicial deve 
fundamentar-se, exclusivamente, no texto legal. 
A interpretação é a mera exegese do texto legal 
e sua finalidade, a descoberta da intenção 
psicológica do legislador (voluntas legislatoris) 
e) Esta escola é constituída, entre outros nomes, 
pelos seguintes doutrinadores: Bugnet, 
Demolombe, Pothier, Blondeau, Laurent, 
Melville, Duranton... 
f) Segundo Laurent, o Código não deixa margem 
ao arbítrio do intérprete. 
g) Segundo Blondeau, quando o texto legal não 
fosse claro, o juiz deveria se abster de julgar. 
h) Para fazer a exegese do texto legal, o jurista 
deve se utilizar, inicialmente, da técnica 
gramatical. Caso esta não seja suficiente, 
utilizar-se-á, também, da técnica lógica. 
i) Segundo a escola de exegese, o texto de lei e 
a norma jurídica são uma só coisa. 
j) Quanto à aplicação do direito ao fato, os 
exegetas foram os maiores divulgadores da 
metáfora kantiana do silogismo judicial, uma vez 
que uma lei plena seria uma cômoda premissa 
maior de um perfeito silogismo de aplicação, cuja 
premissa menor seria o fato e que teria por 
conclusão a sentença. 
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2ªQUESTÃO) Direito e moral se relacionam, 
mas as fronteiras entre eles é, por demais, 
estreita. Logo, surge como um problema 
jusfilosófico, a seguinte pergunta: como distinguir 
direito de moral? Quais os diferentes critérios 
distintivos encontrados na doutrina? 
Resp. 
 
a) É preciso reconhecer certa similaridade entre 
normas jurídicas e preceitos morais. Ambos têm 
caráter prescritivo, vinculam e estabelecem 
obrigações num forma objetiva, isto é, 
independentemente do consentimento subjetivo 
individual. 
 
b) Tanto as normas jurídicas quanto os preceitos 
morais são elementos inextirpáveis da 
convivência social, pois, se não há sociedade 
sem direito, também não há sociedade sem 
moral. 
 
c) Apesar de todas essas similaridades, ambos 
não se confundem, e marcar a diferença entre 
eles é uma das grandes dificuldades da filosofia 
do direito. 
 
d) A distinção mais famosa corresponde à tese 
segundo a qual normas jurídicas dizem respeito 
à conduta externa do indivíduo, sendo 
indiferente aos motivos e as intenções, ao passo 
que os preceitos morais referem-se ao aspecto 
interno do comportamento. 
 
d.1) A distinção é vaga e ambígua, e não resiste 
a um exame acurado. Não se pode negar que 
motivos e intenções são importantes para o 
Direito. Basta ver os problemas que, no Direito 
Penal, aparecem quando se procurar qualificar o 
comportamento criminoso conforme a intenção 
dolosa do agente ou a simples culpabilidade por 
negligência. 
 
d.2.) Por sua vez, os preceitos morais não são 
indiferentes à exterioridade da conduta, até 
mesmo quando a intenção é tida como boa: de 
boas intenções, como diz o provérbio, o inferno 
está cheio. 
 
d.3.) Mesmo na moral, há diferença entre escusa 
e justificação, pois, se a boa intenção pode ser 
 
 
 
 
 
 
 
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Filosofia do Direito 
Bernardo Montalvão 
2 
uma escusa – mentir ao paciente sobre sua 
morte próxima para evitar-lhe um sofrimento 
maior –, ela não justifica a mentira como conduta 
moral. 
 
e) Outro critério de distinção costuma ser 
apontado na instância que qualifica o 
comportamento. Diz-se que a moralidade dos 
atos repousa na própria subjetividade de quem 
age, pois é este quem qualifica o comportamento 
como moralmente correto, ou não. No que toca 
ao Direito, a instância que qualifica o 
comportamento é objetiva, ou seja, vai além do 
interesse do indivíduo. 
 
e.1.) Em consequência, a imoralidade do ato 
exige arrependimento do agente, ou seja, o 
tribunal da moral é a própria consciência, 
enquanto no direito a instância que avalia a ação 
como lícita é objetiva, ou seja, não depende da 
consciência do agente, mas, sim, de alguma 
instância externa à sua consciência, como, por 
exemplo, a lei. 
 
e.2.) Aqui, também há dificuldade em se 
sustentar a tese. Embora não se possa negar 
que o remorso é um importante e decisivo 
componente da moralidade, não resta dúvida de 
que o ato imoral vem frequentemente seguido de 
reprovação social até fisicamente agressiva. Por 
outro lado, a instância subjetiva no julgamento 
dos atos não é indiferente ao direito, como o 
mostra a distinção referida entre dolo e culpa ou 
a inaceitabilidade de que o estrito cumprimento 
da lei possa ser usado como um meio para 
prejudicar alguém. 
 
f) Uma terceira possibilidade estaria em distinguir 
direito e moral pelo fato de que normas jurídicas 
passam a existir por deliberação e promulgação, 
ao passo que os preceitos morais desconhecem 
essa exigência. A fórmula “esta lei entra em vigor 
na data de sua publicação” não tem qualquer 
sentido para preceitos morais. 
 
f.1.) Não obstante isso, é preciso reconhecer 
que, no caso das normas costumeiras, estamos 
diante de normas jurídicas para as quais não há 
também deliberação e promulgação. 
 
g) Apesar das dificuldades, algumas distinções 
podem, porém, ser reconhecidas e aceitas (Hart, 
1961; 181). 
g.1.) Em primeiro lugar, a questão da 
interioridade e da exterioridade, a despeito da 
objeção apontada acima, há uma diferença 
importante entre norma jurídica e o preceito 
moral. Enquanto aquela admite a separação 
entre a ação motivada e o motivo da ação, o 
preceito moral sempre os considera 
solidariamente. Isto é, o direito pode os atos 
independentemente dos motivos – por exemplo, 
nos casos de responsabilidade objetiva – mas 
isto não ocorre com a moral, para a qual a 
motivação e a ação motivada são inseparáveis. 
Apesar desta distinção, não se pode concluir que 
a moral diga respeito só e o direito, a aspectos 
externos do comportamento. 
 
g.2.) Quanto à instância de reprovação dos atos, 
algo pode ser reconhecido como correto. Pelos 
menos, é possível dizer que as sanções morais 
nunca são conteúdo de seus preceitos. Ou seja, 
a sanção não faz parte do conteúdo da norma 
moral. Por outro lado, as normas jurídicas são 
caracterizadas por prescreverem expressamente 
suas sanções. A isso se acrescente outro 
aspecto: enquanto o direito admite as chamadas 
normas permissivas de conteúdo próprio, a 
permissão moral é sempre a contrario sensu, ou 
seja, é permitido o que não é moralmente 
proibido ou obrigatório. 
 
g.3.) O direito e só o direito permite 
expressamente. Isto tem uma consequência 
importante. Os sistemas normativos jurídicos 
podem ser auto-suficientes, pois contêm normas 
sobre o reconhecimento, a mudança e a 
aplicação do próprio direito. A moral não tem 
normas secundárias, ou seja, normas que têm 
como objeto dispor sobre outras normas, salvo 
se elas forem jurisdicizadas. 
 
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3ªQUESTÃO)“Aqui tambémhá diversas 
explicações teóricas. Para Kelsen, por exemplo, 
a norma impera, é vinculante, desde que seja 
válida. Esses conceitos são redutíveis um ao 
outro. Se a norma vale, impera. Se impera, é 
válida. Como, porém, para ele, validade é uma 
relação sintática entre normas, abstração feita 
dos conteúdos e dos usuários, as séries 
hierárquicas de validade (uma norma se apoia 
em outra e sucessivamente) nos conduz à 
 
 
 
 
 
 
 
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Filosofia do Direito 
Bernardo Montalvão 
3 
hipótese de uma primeira norma...”. Trecho 
retirado da obra: FERRAZ JR., Tercio Sampaio. 
Introdução ao estudo do direito – Técnica, 
decisão e dominação. São Paulo: Editora Atlas, 
2007. 
 
A partir do trecho acima, esclareça sobre o 
que autor está dissertando. 
 
Resp. A norma fundamental. 
 
a) Esta norma é responsável pela validade de 
todas as demais e caracteriza, simultaneamente, 
o sistema como um conjunto de normas 
redutíveis a uma unidade. 
 
b) Só pode haver, por isso, uma única norma 
fundamental, sob pena de não termos um 
sistema jurídico. 
 
c) O problema, porém, é determinar o estatuto 
teórico dessa norma fundamental. 
 
d) Para ele, se toda norma ou vale ou não é 
norma, a norma fundamental tem de possuir uma 
qualidade diferente. Ela não pode ser válida no 
mesmo sentido das demais. Se validade é 
conceito relacional, a primeira norma não pode 
relacionar-se a outra, pois não seria então a 
primeira. 
 
e) As normas constitucionais, como as demais, 
são postas por uma autoridade competente, diz 
ele. Contudo, para explicar sua validade, é 
preciso admitir uma norma que não é posta e 
que, por isso, não exige outra norma. Assim, a 
norma fundamental, diz Kelsen, é pressuposta. 
Ela é pressuposta pela razão (dogmática), isto é, 
ela encarna, segundo Tercio Sampaio Ferraz Jr., 
o próprio princípio da inegabilidade dos pontos 
de partida. 
 
f) A norma fundamental aparece, então, como 
uma condição do pensar dogmaticamente o 
direito. A norma fundamental “prescreve”, assim, 
que o jurista reconheça uma primeira norma 
posta como fundamento das demais normas 
postas e raciocine baseado nela (por exemplo, a 
norma estabelecida por revolução ou pelo povo 
ou pela tradição etc.). 
 
g) Em consequência, a norma fundamental 
pressuposta passa a ter uma espécie de 
validade que não é relacional: a validade das 
condições do próprio pensamento (Kelsen diz 
que ela é uma condição transcendental do 
pensar). 
 
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4ª QUESTÃO) "Esse princípio tem, nas regras 
de Direito, uma função análoga a que tem o 
princípio da causalidade nas leis naturais por 
meio das quais a ciência natural descreve a 
natureza. Uma regra de direito, por exemplo, é a 
afirmação de que, se um homem cometeu um 
crime, uma punição deve ser infligida a ele, ou a 
afirmação de que, se um homem não paga uma 
dívida contraída por ele, uma execução civil 
deve ser dirigida contra sua propriedade. 
Formulando de um modo mais geral: se um 
delito for cometido, uma sanção deve ser 
executada". 
 
No trecho reproduzido acima, em sua obra O 
que é justiça?, Hans Kelsen refere-se ao 
princípio: 
Resp. Princípio da imputação. 
 
a) A Imputação é o modo como os fatos se 
enlaçam dentro de uma conexão normativa: a 
sanção é imputada a um ilícito, donde temos a 
noção de delito. 
b) A imputação tem uma estreita relação com a 
vontade, pois, para Kelsen, a vontade é o 
resultado da imputação. Ou seja, graças à 
imputação que é possível especificar a vontade 
do sujeito. 
b.1.) A vontade, juridicamente falando, é uma 
construção normativa que representa o ponto 
final num processo de imputação, de acordo com 
Kelsen. 
c) Logo, a imputação é uma operação lógica 
fundamental para a compreensão da 
normatividade do direito. 
d) Kelsen constrói o princípio da imputação com 
o escopo de distinguir a Ciência do Direito da 
Ciência Sociológica, a qual é pautada pelo 
princípio da causalidade. 
d.1.) Segundo o princípio da causalidade, os 
fatos se enlaçam dentro da lógica aristotélica de 
causa e efeito, a qual é tendente ao infinito e 
impossibilita responsabiliza o sujeito pelo seu 
comportamento. De acordo com o princípio da 
 
 
 
 
 
 
 
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imputação, os fatos se enlaçam dentro de uma 
conexão normativa. 
 
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5ª QUESTÃO) Em sua Teoria Pura do Direito, 
Hans Kelsen concebe o Direito como uma 
"técnica social específica". Segundo o filósofo, 
na obra O que é justiça?, "esta técnica é 
caracterizada pelo fato de que a ordem social 
designada como 'Direito' tenta ocasionar certa 
conduta dos homens, considerada pelo 
legislador como desejável, provendo atos 
coercitivos como sanções no caso da conduta 
oposta". Tal concepção corresponde à definição 
kelseniana do Direito como: 
Resp. Uma ordem coercitiva. 
a) Segundo Kelsen, o objeto de estudo da 
Ciência do Direito é a norma jurídica. 
b) A norma jurídica, de acordo com Kelsen, não 
é um mandado, uma ordem, mas, sim, um juízo 
ou proposição hipotética. 
c) Segundo Kelsen, o que caracteriza a norma 
jurídica e a diferencia das demais espécies de 
normas é a circunstância de ela ser uma norma 
coativa. 
d) A norma jurídica subdivide-se em: norma 
primária e norma secundária. 
e) A norma primária apresenta a seguinte 
formulação hipotética: “dado não-P, deve ser S”, 
ou seja, dado o ilícito (ou a não Prestação), deve 
ser a Sanção. 
f) A norma secundária é a que estabelece o fato 
jurídico como condição da verificação da 
hipótese – dever jurídico: “dado F, deve ser P”, 
ou seja, dado o fato jurídico, deve ser a 
prestação. 
g) O conceito de coação, segundo Kelsen, deve 
ser depurado, de sorte a afastar os seus 
aspectos psicológicos (medo do castigo...) e 
sociológico (coerção, poder, exercício da 
violência etc...), pois estes aspectos da coerção 
atentam contra a pureza lógico-dogmática. 
g.1.) Logo, a coação normativa é a possibilidade 
normativa de ser aplicada uma sanção por um 
órgão do Estado. Portanto, a sanção e a 
coercibilidade da norma não se confundem. 
g.2.) O objetivo da coercibilidade da norma é 
induzir o sujeito a se comportar de acordo com o 
prescrito na norma, sem retirar-lhe a 
possibilidade de manifestar a sua vontade. 
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6ª QUESTÃO) Na obra A Ciência do Direito, o 
jurista Tercio Sampaio Ferraz Júnior desenvolve 
uma análise que o conduz a concluir que o 
problema central da Ciência do Direito é a 
decidibilidade. Assim, ao envolver uma questão 
de decidibilidade, essa Ciência manifesta-se, 
para o autor, como pensamento: 
Resp. Tecnológico. 
 
a) O pensamento tecnológico (que não se 
confunde com o mero pensamento técnico, que 
diz apenas como devem ser feitas coisas, sem 
qualquer reflexão sobre suas condições de 
possibilidade: por exemplo, um folheto 
explicativo de como reparar o rádio ou pô-lo em 
funcionamento, um manual de como requerer 
em juízo ou como pagar o imposto de renda são 
sistemas técnicos, mas não tecnológicos) está 
ligado ao fazer e à realização de uma proposta 
(p. 55.). 
b) Nestes termos, a Ciência do Direito não diz o 
é o Direito em tal e tal circunstância, época, país, 
situação, mas que, assumindo-se que o Direito 
em tais e tais circunstâncias se proponha a 
resolver tais e tais conflitos, então deve ser 
compreendido desta e não daquela maneira. 
Esta forma de dever-ser dá à analítica jurídica o 
seu caráter peculiar. 
c) Enquanto pensamento tecnológico, o dever-
ser que acompanha implícita ou explicitamenteas proposições da teoria jurídica dá-lhes o 
caráter criptonormativo, isto é, faz das teorias 
jurídicas teorias com função de resolver do modo 
mais satisfatório possível uma perturbação 
social. 
 
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7ª QUESTÃO) Ao comentar a doutrina 
aristotélica da justiça, Tercio Sampaio Ferraz 
Júnior, em sua obra Estudos de Filosofia do 
Direito, indica aquele que seria o "preceito 
básico do direito justo, pois só por meio dele a 
justiça se revelaria em sua atualidade plena". 
Este preceito, que também pode ser definido 
como "uma feliz retificação do justo estritamente 
legal" ou ainda "o justo na concretude", é 
denominado: 
Resp. Equidade. 
 
 
 
 
 
 
 
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5 
a) Tercio Sampaio Ferraz Jr. Ensina que, 
segundo Aristóteles (Ética à Nicômaco), a 
equidade é a justiça do caso concreto. A solução 
de litígios por equidade é a que se obtém pela 
consideração harmônica das circunstâncias 
concretas. 
b) A finalidade da equidade é corrigir e 
complementar a norma jurídica. 
c) A equidade integra a razão jurídica, ou seja, a 
dimensão metanormativa que orienta como 
utilizar e aplicar as demais fontes do direito, 
como, exemplo, a lei. Por isso, um grande 
exemplo de razão jurídica é a doutrina jurídica. 
d) Ou seja, a equidade tem no sistema dinâmico 
função metalinguística. Ela responde pela 
estrutura de concretização do direito, não é uma 
fonte do direito, enquanto repertório do sistema 
jurídico. 
 
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8ªQUESTÃO) "Na fase madura de seu 
pensamento, a substituição da lei pela convicção 
comum do povo (Volksgeist) como fonte 
originária do direito relega a segundo plano a 
sistemática lógico-dedutiva, sobrepondo-lhe a 
sensação (Empfindung) e a intuição 
(Anschauung) imediatas. Savigny enfatiza o 
relacionamento primário da intuição do jurídico 
não à regra genérica e abstrata, mas aos 
'institutos de direito' (Rechtsinstitute), que 
expressam 'relações vitais' (Lebensverhältnisse) 
típicas e concretas". 
 
Esta caracterização, realizada por Tercio 
Sampaio Ferraz Júnior, em sua obra “A 
Ciência do Direito”, corresponde a aspectos 
essenciais de que escola filosófico-jurídica? 
Saliente as suas principais características. 
Resp. Historicismo Jurídico. 
 
a) A obra de Gustav Hugo por estabelecer as 
bases para uma revisão do racionalismo 
histórico do jusnaturalismo, desenvolvendo 
metodicamente uma nova sistemática da Ciência 
do Direito, onde a relação do Direito com sua 
dimensão histórica é acentuada, antecipa, de 
certa forma, os resultados obtidos pela Escola 
Histórica. 
b) Gustav Hugo propõe uma divisão tripartida do 
conhecimento científico do Direito, 
correspondente a três questões fundamentais: 
b.1.) O que significa o “legal”? (Dogmática 
Jurídica); b.2.) É racional que o legal 
efetivamente o seja? (Filosofia do Direito); b.3.) 
Como o “legal” se tornou tal? (História do 
Direito). 
c) Essa tripartição revela por si só uma nova 
concepção da historicidade que não ficará sem 
reflexos na metodologia do século XIX. 
d) Eis aí, em germinação, uma nova concepção 
da “historicidade” que permitirá a qualificação, 
também, do acontecimento presente como 
História, criando-se a possibilidade de uma 
compreensão da Ciência Jurídica como Ciência 
Histórica, aparecendo a Dogmática Jurídica 
fundamentalmente como produto da História do 
Direito. 
e) Hugo propõe, portanto, conceber o Direito 
Positivo como um fenômeno histórico, o qual 
também pode ser submetido a um juízo crítico. 
f) As consequências destas ideias para a 
sistemática jurídica, no século XIX, evidenciam-
se com mais clareza em Savigny. 
g) Na obra de Savigny, o conceito de sistema 
perde em parte (ou pelo menos aparentemente), 
o caráter absoluto da racionalidade lógico-
dedutivo que envolve, com sentido de totalidade 
perfeita, o jurídico. 
h) O sistema ganha uma qualidade contingente 
que se torna pressuposto fundamental de sua 
estrutura. 
i) Savigny, em sua faze madura, substitui a lei 
pela convicção comum do povo (Volksgeist) 
como fonte originária do Direito, relegando a 
segundo plano a sistemática lógico-dedutiva, 
sobrepondo-lhe a sensação (Empfindung) e a 
intuição (Anschauung) imediatas. 
j) Savigny enfatiza o relacionamento primário da 
intuição do jurídico não à regra genérica e 
abstrata, mas aos “Institutos de Direito” 
(Rechtsinstitute), que expressam as “relações 
vitais” (Lebensverhältnisse) típicas e concretas. 
l) Os institutos são visualizados como uma 
totalidade de natureza orgânica, ou seja, um 
conjunto vivo de elementos em constante 
desenvolvimento. 
m) É a partir dos Institutos que a regra jurídica é 
extraída mediante um processo abstrativo e 
artificial, manifestando o sistema, assim 
explicitado, uma contingência radical e 
irretorquível. 
n) A “organicidade” dos institutos não se refere a 
uma contingência real dos fenômenos sociais, 
 
 
 
 
 
 
 
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6 
mas ao caráter complexo e produtivo do 
pensamento conceitual da ciência jurídica. 
o) Com isso, a sistematização histórica proposta 
acabou dissolvendo-se, já com o próprio 
Savigny, numa estilização sistemática da 
tradição, como seleção abstrata das fontes 
históricas, sobretudo romanas. Reaparece, 
nestes termos, a sistemática jusnaturalista. 
p) A ênfase depositada expressamente na 
“intuição” do jurídico nos “institutos” cede lugar, 
na prática, a um sistema de construção 
conceitual das regras de direito. Isto é, se, de um 
lado, a “intuição” aparece como o único 
instrumento de captação adequada da totalidade 
representada pelo “instituto”, o pensamento 
conceitual lógico-abstrato revela-se, de outro, 
como o meio necessário e único da sua 
explicitação. 
q) Enfim, a Escola Histórica teve o grande mérito 
de pôr a si a questão do caráter científico da 
Ciência do Direito. Esta escola se pergunta 
como o Direito tem a sua essência dada pela 
História. 
 
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9ª QUESTÃO) A Ciência do Direito (...), se de 
um lado quebra o elo entre jurisprudência e 
procedimento dogmático fundado na autoridade 
dos textos romanos, não rompe, de outro, com o 
caráter dogmático, que tentou aperfeiçoar, ao 
dar-lhe a qualidade de sistema, que se constrói a 
partir de premissas cuja validade repousa na sua 
generalidade racional. A teoria jurídica passa a 
ser um construído sistemático da razão e, em 
nome da própria razão, um instrumento de crítica 
da realidade”. 
 
Esta caracterização, realizada por Tercio 
Sampaio Ferraz Júnior, em sua obra A Ciência 
do Direito, evoca elementos essenciais do 
Resp. Jusnaturalismo Moderno. 
 
a) As duas contribuições mais importantes do 
Jusnaturalismo Moderno foram: 
a.1.) o método sistemático conforme o rigor 
lógico da dedução; 
a.2.) o sentido crítico-avaliativo do direito posto 
em nome de padrões éticos contidos nos 
princípios reconhecidos pela razão. 
 
b) É, no século XVII, que a ligação entre ciência 
e pensamento sistemático é estreitada. 
 
b.1.) Foi Christian Wolff quem primeiro definiu o 
conceito de sistema. Segundo ele, sistema é 
mais do que um agregado ordenado de 
verdades, pois é, sobretudo, o nexus veritatum, 
o que pressupõe a correção e a perfeição formal 
da dedução. 
 
b.2.) Em 1787, Johann Heinrich Lambert 
aprimora o conceito de sistema, especificando 
os seus caracteres, são eles: I – sistema como 
mecanismo (partes ligadas uma a outra, e 
dependentes uma da outra); II – sistema como 
organismo (um princípio comum que liga partescom partes numa totalidade); e III – sistema 
como ordenação (a intenção fundamental e 
geral, capaz de ligar e configurar as partes num 
todo). 
 
c) A partir do jusnaturalismo moderno e do 
conceito de sistema, a ciência do direito europeu 
passa a receber um caráter lógico-demonstrativo 
de um sistema fechado, cuja estrutura domina 
até hoje os códigos. 
 
c.1.) O objetivo fundamental do jusnaturalismo 
moderno é afirmar, por meio dos conceitos de 
sistema e método, que o conhecimento de cada 
elemento que integra o ordenamento só pode 
ser adquirido em função de um quadro contínuo, 
ordenado e universal, de todas as diferenças 
possíveis. 
 
d) Exemplo típico desta sistemática jurídica é 
encontrado na obra de Samuel Pufendorf. 
 
d.1.) Este autor acentua e dá um caráter 
sistemático ao processo de secularização do 
direito natural iniciado com Grotius e Hobbes. 
 
d.2.) Pufendorf ultrapassa a mera distinção entre 
Direito Natural e Teologia Moral. Ele distingue as 
ações humanas em internas e externas: o que 
permanece guardado no coração humano e não 
se manifesta exteriormente deve ser objeto 
apenas da Teologia Moral. 
 
d.3.) Esta distinção proposta por Pufendorf 
influenciou fortemente Thomasius e Kant. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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7 
e) A Ciência do Direito, nos quadros do 
jusnaturalismo, se de um lado quebra o elo entre 
jurisprudência e procedimento dogmático 
fundado na autoridade dos textos romanos, não 
rompe, de outro, com o caráter dogmático, que 
tentou aperfeiçoar, ao dar-lhe a qualidade de 
sistema, que se constrói a partir de premissas 
cuja validade repousa na sua generalidade 
racional. 
 
e.1.) A teoria jurídica passa a ser um construído 
sistemático da razão e, em nome da própria 
razão, um instrumento de crítica da realidade.

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