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1 professor@adeildojunior.com.br 98 9 8197 8782 TIPOLOGIAS E GÊNEROS TEXTUAIS Apresentação Nos últimos anos, as bancas organizadoras de concursos públicos têm cobrado dos candidatos certas habilidades e certas competências linguísticas decorrentes do contato com os mais variados tipos e gêneros de textos. Este material aqui apresentado visa à aproximação do leitor com os conceitos mais importantes do universo da tipologia textual e dos variados gêneros. Para tanto, manteremos nosso foco nas tipologias e nos gêneros mais comuns em provas de concursos. Com isso, criaremos um escopo mais apropriado de análise. As informações contidas aqui são apenas uma “ponte” entre o leitor e as primeiras compreensões a respeito do assunto. Recomendamos, para uma apreensão mais pro- funda dos conhecimentos relacionados, a leitura de obras de referência, que estão na composição da bibliografia utilizada para a elaboração deste material. Leiam tudo com muita atenção, resolvam os exercícios e muito bons estudos. Professor, Adeildo Júnior TIPOLOGIA E GÊNERO: QUAL A DIFERENÇA? Apesar de esses dois conceitos serem distintos, ainda há muita confusão que se faz em relação a ambos. A habilidade de compreender e identificar gêneros textu- ais é recorrente em concursos, com uma frequência cada vez maior. Há, no entanto, os chamados tipos textuais, os quais são frequentemente confundidos com os gêneros. Isso tem induzido inúmeros candidatos a errarem suas análises e perderem suas questões. Vamos a partir de agora focar nas diferenças que existem entre esses dois conceitos para não errarmos em qualquer prova de qual- quer concurso. É possível afirmar que a tipologia textual está relacio- nada com a maneira como um texto é apresentado e ca- racterizado, levando em consideração determinados tra- ços linguísticos predominantes. Já o gênero textual exerce funções sociais específicas, as quais são pressentidas e vivenciadas pelos usuários da língua. Para uma primeira distinção, observe o quadro abaixo: 1 São muitos realmente os gêneros textuais, porém neste es- tudo vamos abordar apenas os gêneros que comumente apare- cem em provas de concursos. TIPOS TEXTUAIS GÊNEROS TEXTUAIS Os tipos textuais são ca- racterizados por proprie- dades linguísticas, como vocabulário, relações lógi- cas, tempos verbais, cons- truções frasais etc. São eles a narração, a ar- gumentação, a descrição, a injunção e a exposição. Geralmente variam entre 4 e 9 tipos. Possuem função comuni- cativa e estão inseridos em um contexto cultural. Possuem um conjunto li- mitado de características, que são determinadas de acordo com o estilo do au- tor, conteúdo, composição e função. São infinitos os exemplos de gêneros: receita culi- nária, blog, e-mail, lista de compras, bula de re- médio, telefonema, carta comercial, carta argumen- tativa etc.1 Agora muitos podem se perguntar: por que é importante saber a diferença entre tipos e gêneros textuais? Saber as diferenças enumeradas no quadro acima é fundamental para a correta distinção e a perfeita análise dos tipos e gêneros textuais, pois as questões dos concursos exigem essa competência em perguntas diretas e indiretas e, quando conhecemos cada um desses elementos, fica muito mais fácil acertar as questões. Convém lembrar, ainda, que as habilidades decorrentes do conhecimento dessas diferenças afetam na qualidade da compreensão e da interpretação dos textos a que se tem acesso, pois compreender ou interpretar um texto depende também do reconhecimento das estruturas textuais. TIPOLOGIAS TEXTUAIS Como já sabemos, as tipologias textuais constituem cada uma um elemento textual maior, cujo alcance envolve ele- mentos textuais específicos, os gêneros textuais. É nítida a relação de hiperonímia e de hiponímia entre essas ex- pressões. Vamos agora nos ater aos quatro principais tipos textuais. Vamos conhecê-los em seu aspecto conceitual, uma vez que, sem o elemento conceitual claro, nenhuma outra análise terá fundamento. Tipo Narrativo Essa é a modalidade textual por meio da qual se conta a história de um fato ou de um episódio, que ocorreu num 2 professor@adeildojunior.com.br 98 9 8197 8782 determinado tempo e lugar, envolvendo certo número de personagens e contada por uma voz que participa ou não dos acontecimentos. De modo geral, refere-se a seres, ob- jetos e ações do mundo real. Há uma relação temporal de anterioridade e posteridade. O tempo verbal predomi- nante é o pretérito perfeito do modo indicativo. As narra- ções nos cercam desde nossa infância, estão em nosso cotidiano, seja na modalidade oral, seja escrita. Os gêne- ros narrativos que mais aparecem em provas de concur- sos são a crônica, o conto e o romance (estes dois últimos em fragmentos). Tipo Descritivo Essa é a modalidade de texto em que se faz um retrato por escrito de um lugar, de uma pessoa, um animal, um objeto, ou ainda de uma cena. A classe de palavras mais utilizada nessa produção é, sem dúvida, o adjetivo por causa de sua função caracterizadora. O tempo verbal pre- dominante é o pretérito imperfeito do indicativo, porque permite localizar seres, objetos e ações no espaço. Numa abordagem mais abstrata, pode-se inclusive descrever sensações e emoções. Não há relação entre anterioridade e posteridade. É um tipo textual que se agrega facilmente à narração, à argumentação, à injunção e à exposição, funcionando como excelente apoio semântico ou estraté- gia argumentativa. Não é comum aparecer em provas de concursos, mas, quando ocorre, aparece como fragmento de texto narrativo maior. Tipo Injuntivo ou Instrucional Esse é o tipo textual por meio do qual se indica como rea- lizar uma ação. Pela sua própria finalidade, utiliza uma linguagem objetiva e simples. Os verbos aparecem, na maioria, empregados no modo imperativo, mas é possível notar também o uso do infinitivo e do futuro do presente, do modo indicativo. Raramente ocorrem em provas de concursos. Tipo Dissertativo O ato de dissertar envolve a ação de desenvolver ou ex- plicar um assunto, é, enfim, discorrer sobre ele. Agora, de- pendendo da intencionalidade do interlocutor, esse tipo de subdivide em duas modalidades: a argumentativa e a expositiva. Dissertação-expositiva Apresenta um saber já constituído e legitimado, ou mesmo um saber teórico. Traz informações sobre assun- tos variados, expõe, reflete, explica, avalia tudo, de modo objetivo. Aqui, apenas se expõe a ideia, sem outra inten- ção que não seja informar o leitor. Faz uso de linguagem denotativa, com função de linguagem predominante- mente referencial. Predomina o tempo verbal presente e empregado em primeira pessoa do plural ou em terceira pessoa com o pronome “se”. Comumente aparece nas provas de concursos. Pertencem a essa categoria textual textos didáticos, resumos, testos científicos, textos enciclo- pédicos, notícias e reportagens etc. Dissertação-argumentativa Essa é, sem dúvida, a modalidade textual mais comum em provas de concursos. Um texto dissertativo-argumen- tativo apresenta um ponto de vista (opinião, tese) de um autor fundamentado em uma argumentação. Aqui, o texto vai além da explicação. Também persuade o leitor, ten- tando convencê-lo de algo. Caracteriza-se pela progres- são lógica das ideias. Utiliza predominantemente lingua- gem denotativa, com função referencial e conativa imbri- cadas. Pertencem a essa modalidade textual o artigo de opinião, o editorial,a resenha crítica etc. A leitura inteligentemente conduzida aproxima o leitor das estruturas textuais, dos tipos e dos gêneros. Em síntese, observe o quadro a seguir. Nele haverá infor- mações básicas sem as quais qualquer análise a posteri- ori não se dará. 3 professor@adeildojunior.com.br 98 9 8197 8782 Tipo textual Objetivo Ação temporal Ação pessoal Macroestrutura Exemplos Disserta- tivo Argumentativo Convencer, nego- ciar Progressão lógica Argumentador Tese, antítese, sín- tese Artigo de opinião e Editorial Expositivo Informar, expor Progressão lógica Expositor Informações factu- ais Reportagem e Notí- cia Narrativo Relatar, narrar Dinâmica Narrador Situação inicial, conflito, situação fi- nal Relato, Crônica, Conto Descritivo Identificar, qualifi- car Estática Observador Características Informe publicitário Injuntivo Instruir, ensinar Estática Orientador Normas, regras, ins- truções Manual, Bula, Texto didático GÊNEROS TEXTUAIS O Artigo de Opinião É comum encontrar circulando nas rádios, nas TVs, nas redes sociais, nas revistas e jornais, temas polêmicos que exigem uma posição por parte dos ouvintes, espectadores ou leitores. Por isso, o autor geralmente apresenta seu ponto de vista sobre o tema em questão através do gênero artigo de opinião. Nos gêneros dissertativos-argumentativos, o autor geral- mente tem a intenção de convencer seus interlocutores e, para isso, apresenta opiniões fundamentadas em argu- mentos, que consistem em cinco tipos: argumentos base- ados em provas concretas, argumentos baseados no raci- ocínio lógico, argumentos baseados no consenso, argu- mentos baseados na competência linguística e argumen- tos de autoridade. São consideradas provas concretas fatos (sociais ou his- tóricos), cifras, estatísticas, resultados de pesquisas, pe- riódicos, publicações. O Editorial Os editoriais são textos de um jornal em que o conteúdo expressa a opinião da empresa, da direção ou da equipe de redação, sem a obrigação de se ater a nenhuma imparcialidade ou objetividade. Geralmente, grandes jornais reservam um espaço predeterminado para os editoriais em duas ou mais colunas logo nas primeiras páginas internas. Os boxes (quadros) dos editoriais são normalmente demarcados com uma borda ou tipologia diferente para marcar claramente que aquele texto é opinativo, e não informativo. Editoriais maiores e mais analíticos são chamados de artigos de fundo. O profissional da redação encarregado de redigir os editoriais é chamado de editorialista. Na chamada "grande imprensa", os editoriais são apócrifos — isto é, nunca são assinados por ninguém em particular. A opinião de um veículo, entretanto, não é expressada exclusivamente nos editoriais, mas também na forma como organiza os assuntos publicados, pela qualidade e quantidade que atribui a cada um (no processo de Edição jornalística). Em casos em que as próprias matérias do jornal são imbuídas de uma carga opinativa forte, mas não chegam a ser separados como editoriais, diz-se que é Jornalismo de Opinião. A Notícia Notícia é um gênero textual, a sua principal finalidade é deixar o leitor e expectador informados. A notícia é cons- tituída de: manchete, título auxiliar, lide e o texto em si. Ao estabelecermos familiaridade com o assunto em ques- tão, este nos faz acreditar que sem nenhuma dúvida os gêneros se encontram presentes nas diversas situações que permeiam nosso cotidiano. Eis que estamos frente a uma delas, pois comumente assistimos às notícias, sejam elas retratadas por jornais impressos, transmitidas ao vivo pelos meios de comunicação e até mesmo divulga- das em meio eletrônico, razão pela qual integram os cha- mados gêneros do meio jornalístico. Em se tratando de suas características, torna-se relevante mencionar que a notícia, assim como os demais gêneros, possui uma finalidade proferida pelo discurso. Assim sendo, o objetivo principal que a ela se atribui é o de tão somente deixar o leitor/expectador informado acerca dos fatos que norteiam a sociedade. Outro aspecto relevante é que o emissor (no caso, quem a transmite) mesmo sendo alguém dotado de opiniões próprias, precisa manter-se imparcial o tempo todo – motivo pelo qual a objetividade representa um de seus traços peculiares, senão o princi- pal. Pontuados alguns aspectos dignos de nota, resta-nos co- nhecer a maneira pela qual a notícia se constitui, tendo em vista que também representa suas partes elementa- res. Dessa forma, vejamos: 4 professor@adeildojunior.com.br 98 9 8197 8782 * Manchete ou título principal – Com vistas a despertar o interesse do receptor, apresenta-se de forma bastante evi- dente, geralmente grafada (o) em letras garrafais ou até mesmo numa dimensão maior que o restante do texto. * Título auxiliar – Como bem nos retrata o adjetivo “auxi- liar” tem por objetivo acrescentar informações adicionais às já expressas pela manchete, tornando-a ainda mais atrativa. * Lide (termo oriundo do inglês lead) – Este corresponde ao primeiro parágrafo. Normalmente revela alguns ele- mentos fundamentais que viabilizam o perfeito entendi- mento do discurso, sempre procurando responder a per- guntas básicas, tais como: onde aconteceu o fato? Com quem? Como? Quando? Por quê? O que ocorreu? * Corpo ou texto da notícia – compreende o discurso pro- priamente dito, revelando de forma detalhada o fato ex- posto. A Reportagem A reportagem não possui uma estrutura rígida, mas geral- mente costuma estabelecer conexões com o fato central, anunciado no que chamamos de lead. A partir daí, desen- volve-se a narrativa do fato principal, ampliada e com- posta por meio de citações, trechos de entrevistas, depoi- mentos, dados estatísticos, pequenos resumos, dentre ou- tros recursos. É sempre iniciada por um título, como todo texto jornalístico. O objetivo de uma reportagem é apresentar ao leitor vá- rias versões para um mesmo fato, informando-o, orien- tando-o e contribuindo para formar sua opinião. A linguagem utilizada nesse tipo de texto é objetiva, dinâ- mica e clara, ajustada ao padrão linguístico divulgado nos meios de comunicação de massa, que se caracteriza como uma linguagem acessível a todos os públicos, mas pode variar de formal para mais informal dependendo do público a que se destina. Embora seja impessoal, às ve- zes é possível perceber a opinião do repórter sobre os fa- tos ou sua interpretação. Para se produzir uma boa reportagem, é fundamental que o repórter ouça todas as versões de um fato, a fim de que a verdade apurada seja realmente a verdade que possa ser comprovada, não aquela que se imagina que é a ver- dade. OBSERVAÇÃO: diferenças entre os gêneros reportagem e notícia Os gêneros textuais do universo jornalístico podem ser di- vididos em dois grandes grupos: os gêneros do jornalismo opinativo e os gêneros do jornalismo informativo. De acordo com essa divisão, a reportagem enquadra-se entre os textos do jornalismo opinativo, enquanto a notícia está entre os textos do jornalismo informativo; A notícia tem como objetivo principal narrar acontecimen- tos pontuais, ou seja, fatos do cotidiano; a reportagem ex- trapola os limites da notícia, pois não tem como única fi- nalidade noticiar algo; Muitos teóricos da comunicação não estabelecem relação entre a notícia e a reportagem, pois veem esse segundo gênero como um gênero autônomo, isto é, desvinculado dos parâmetros que regem a notícia. Enquanto a notícia informa sobre temas do momento, a reportagem trata de um fenômeno social ou político, acontecimentos produzi- dos no espaço público e que são de interesse geral. A reportagem apresenta elementos quenão são encontra- dos na notícia: Emprego do discurso direto e do discurso indireto: Na no- tícia, o discurso predominante é o indireto, enquanto na reportagem os dois tipos de discurso mesclam-se para melhor construir os significados do texto; Polifonia: No gênero textual notícia, a única voz presente é a do repórter. Na reportagem, é comum encontrarmos o recurso da polifonia, pois nesse gênero existem elementos como entrevistas com testemunhas e/ou especialistas. Es- ses elementos permitem que o jornalista, ao apresentar outras vozes no texto, isente-se da apresentação dos fa- tos; A reportagem é assinada pelo repórter, a notícia, não. Isso acontece porque a reportagem é construída a partir de um ângulo pessoal, com contornos narrativos bem marcados, enquanto a notícia é objetiva e imparcial; Meios de divulgação: A reportagem é mais frequente em revistas e em edições específicas de jornais (geralmente publicadas nas edições de finais de semana). Isso acon- tece porque o gênero textual reportagem apresenta uma estrutura textual mais complexa, fruto de uma investiga- ção minuciosa do jornalista. A Crônica A crônica é uma forma textual no estilo de narração que tem por base fatos que acontecem em nosso cotidiano. Por este motivo, é uma leitura agradável, pois o leitor in- terage com os acontecimentos e por muitas vezes se iden- tifica com as ações tomadas pelas personagens. Você já deve ter lido algumas crônicas, pois estão presen- tes em jornais, revistas e livros. Além do mais, é uma lei- tura que nos envolve, uma vez que utiliza a primeira pes- soa e aproxima o autor de quem lê. Como se estivessem 5 professor@adeildojunior.com.br 98 9 8197 8782 em uma conversa informal, o cronista tende a dialogar so- bre fatos até mesmo íntimos com o leitor. O texto é curto e de linguagem simples, o que o torna ainda mais próximo de todo tipo de leitor e de pratica- mente todas as faixas etárias. A sátira, a ironia, o uso da linguagem coloquial demonstrada na fala das persona- gens, a exposição dos sentimentos e a reflexão sobre o que se passa estão presentes nas crônicas. Como exposto acima, há vários motivos que levam os lei- tores a gostar das crônicas, mas e se você fosse escrever uma, o que seria necessário? Vejamos de forma esque- matizada as características da crônica: narração curta; descreve fatos da vida cotidiana; pode ter caráter humo- rístico, crítico, satírico e/ou irônico; possui personagens comuns; segue um tempo cronológico determinado; uso da oralidade na escrita e do coloquialismo na fala das personagens; linguagem simples. Portanto, se você não gosta ou sente dificuldades de ler, a crônica é uma dica interessante, pois possui todos os requisitos necessários para tornar a leitura um hábito agradável. Alguns cronistas (veteranos e mais recentes) são que mais têm seus textos apresentados em provas de concursos são Fernando Sabino, Rubem Braga, Luís Fernando Verís- simo, Carlos Heitor Cony, Carlos Drummond de Andrade, Fernando Ernesto Baggio, Lygia Fagundes Telles, Ma- chado de Assis, Moacyr Scliar, Rubem Alves e Lya Luft. O Conto O conto é uma obra de ficção, um texto ficcional. Cria um universo de seres e acontecimentos de ficção, de fantasia ou imaginação. Como todos os textos de ficção, o conto apresenta um narrador, personagens, ponto de vista e en- redo. Classicamente, diz-se que o conto se define pela sua pe- quena extensão. Mais curto que a novela ou o romance, o conto tem uma estrutura fechada, desenvolve uma histó- ria e tem apenas um clímax. Num romance, a trama des- dobra-se em conflitos secundários, o que não acontece com o conto. O conto é conciso. Grande flexibilidade Por outro lado, o conto é um gênero literário que apre- senta uma grande flexibilidade, podendo se aproximar da poesia e da crônica. Os historiadores afirmam que os ancestrais do conto são o mito, a lenda, a parábola, o conto de fadas e mesmo a anedota. O primeiro passo para a compreensão de um conto é fa- zer uma leitura corrida do texto, do começo ao fim. Atra- vés dela verificamos a extensão do conto, a quantidade de parágrafos, as linhas gerais da história, a linguagem empregada pelo autor. Enfim, pegamos o "tom" do texto. Primeiros passos Podemos perguntar também: Quem é o autor do texto? Seja na internet, numa enciclopédia ou mesmo nos livros didáticos, é bom fazer uma pesquisa sobre o autor do conto, conhecer um pouco sua biografia. É um autor con- temporâneo ou mais antigo? É um autor brasileiro ou es- trangeiro? O conto quase nunca é publicado isoladamente. Geral- mente ele faz parte de uma obra maior. Por exemplo, o conto "Uma Galinha", de Clarice Lispector, faz parte do livro "Laços de Família". Seguindo adiante Depois dessas primeiras informações, podemos fazer uma leitura mais atenta do conto: elucidar vocábulos e ex- pressões desconhecidas, esclarecer alusões e referências contidas no texto. Também podemos pensar no título do conto. Porque o autor escolheu este título? Este esforço de compreensão qualifica - e muito - a leitura. Torna o leitor mais sensível, mais esperto. O passo seguinte é fazer a análise do texto. No momento da análise o leitor tem contato com as estruturas da obra, com a sua composição, com a sua organização interna. Para analisar o texto, é bom observar alguns aspectos da sua composição. Algumas perguntas são muito importan- tes: Quem? O que? Quando? Onde? Como? Formular as perguntas e obter as respostas ajuda a co- nhecer o conto por dentro: Quais são os personagens prin- cipais? O que acontece na história? Em que tempo e em que lugar se passa a história narrada? E algo bem impor- tante: Quem narra? De que jeito? O narrador conta de fora ou ele também é um dos personagens? Depois dessa análise, fica mais fácil interpretar a obra. Já temos uma base para comentar, comparar, atribuir valor, julgar. Nossa leitura está mais fundamentada. Fica mais fácil responder à pergunta: O que você achou do conto? Exercícios 1) Qual a tipologia textual do trecho apresentado abaixo? Dona Julieta chamou os filhos mais novos para uma con- versa séria. Era uma manhã de domingo, o dia estava claro e ensolarado. Pediu a eles que compreendessem a 6 professor@adeildojunior.com.br 98 9 8197 8782 situação do pai, que não tinha no momento condição de colocá-los em uma escola melhor. a) dissertação subjetiva b) descrição c) narração com alguns traços descritivos d) dissertação objetiva com alguns traços descritivos e) narração com alguns traços dissertativos 2) Assinale o trecho com características dissertativas. a) Era um homem alto, escuro, vestindo paletó cinza- claro. b) Encontrei os dois amigos numa pracinha perto daqui. c) Os ajudantes levaram a mesa para o palco. d) Nossa rua sempre foi escura, com muitas árvores nas duas calçadas. e) É importante manter o equilíbrio, pois só assim conse- guimos resolver os problemas. 3) Marque o texto com características narrativas. a) O ideal é que todos colaborem. Caso contrário, o Brasil continuará sem rumo. b) Rodrigo e Juliana estavam na sala, quando ocorreu a explosão. c) Ela tem olhos azuis e cabelos louros. Não parece brasi- leira. d) Minha casa tem dois andares. Os quartos ficam na parte de cima. e) A inteligência humana deve ser usada para o bem. 4) Assinale a frase que não possui coesão textual. a) Ainda que gritassem, ninguém atenderia. b) Parou cedo de estudar; está, pois, com dificuldades no mercado de trabalho. c) Não obstante ter domínio do inglês e do alemão, foi contratado imediatamente. d) Mal cheguei, fui apresentado ao pesquisador. e) Conquanto fale muito, jamais me perturbou. 5) Assinale o erro na mudança de discurso. a) - Fale mais alto,exigiu o professor. O professor exigiu que fale mais alto. b) Disse o funcionário: - Estou no banheiro. O funcionário disse que estava no banheiro. c) - Lerei o estatuto, garantiu o associado. O associado garantiu que leria o estatuto. d O passageiro pediu que eu por favor o ajudasse. - Ajude, por favor, pediu-me o passageiro. e) O homem falou que estivera fora por mais de quinze anos. O homem falou: - Estive fora por mais de quinze anos. 6) Assinale a afirmativa errada. a) Na dissertação, o centro é a ideia. b) No discurso direto é empregado um verbo de elocução. c) Há três tipos de discurso: direto, indireto e indireto livre. d) O texto descritivo está centrado no objeto. e) O personagem-narrador leva o verbo normalmente à terceira pessoa. 7) Assinale a afirmativa errada. a) O texto dissertativo divide-se cm introdução, desenvol- vimento e conclusão. b) O trecho seguinte não apresenta coesão textual: A não ser que estudes, serás reprovado no concurso. c) O texto narrativo tem como base o fato. d) Falta de coerência é o mesmo que falta de lógica. e) Um texto pode ser narrativo e apresentar elementos descritivos. 8) Marque a afirmação correta em relação ao texto abaixo: “Senti tocar-me no ombro; era Lobo Neves. Encaramo-nos alguns instantes, mudos, inconsoláveis. Indaguei de Vir- gília, depois ficamos a conversar uma meia hora. No fim desse tempo, vieram trazer-lhe uma carta; ele leu-a, em- palideceu muito e fechou-a com a mão trêmula”. (Ma- chado de Assis, in Memórias Póstumas de Brás Cubas) a) É texto dissertativo com alguns elementos descritivos. b) Não se trata de texto narrativo, pois não há persona- gens. c) É um texto descritivo, com alguns elementos narrativos. d) O texto não apresenta personagem-narrador. e) Trata-se de uma narração, sem nenhum traço disserta- tivo. 9) Assinale a alternativa que apresenta trecho com dis- curso indireto livre. a) - Pegue o brinquedo, disse a mãe. b) O homem saiu tarde. Será que vou conseguir? Àquela hora seus familiares já estavam preocupados. c) Todos garantiram que fariam o melhor possível. d) Ela indagou na recepção como deveria se vestir. e) Afirmou, de modo a não deixar dúvidas: - Já corrigi as provas 10) (AFTN) Indique a opção que completa com coerência e coesão o trecho abaixo (extraído do Manifesto dos “Pi- oneiros da Educação Nova”). Na hierarquia dos problemas nacionais, nenhum sobre- leva em importância e gravidade ao da educação. Nem mesmo os de caráter econômico lhe podem disputar a pri- mazia nos planos de reconstrução nacional. Pois, se a evolução orgânica do sistema cultural de um país de- pende de suas condições econômicas, a) subordina-se o problema pedagógico à questão maior da filosofia da educação e dos fins a que devem se propor as escolas em todos os níveis de ensino; b) é impossível desenvolver as forças econômicas ou de produção sem o preparo intensivo das forças naturais; c) são elas as reais condutoras do processo histórico de arregimentação das forças de renovação nacional; d) o entrelaçamento das reformas econômicas e educaci- onais constitui fator de somenos relevância para o soer- guimento da cultura nacional; e) às quais se associam os projetos de reorganização do sistema educacional com vistas à renovação cultural da sociedade brasileira. 7 professor@adeildojunior.com.br 98 9 8197 8782 TEXTO – A FLOR DO GEÓGRAFO Dom Marcos Barbosa O.S.B. (...) “Voltara Desfontaines a São Paulo, onde havia es- tado anteriormente e morara algum tempo. Tendo contra- tado um carro para levá-lo não sei onde, reconheceu, ao passar, o sítio da sua antiga casa. Pediu ao chofer que parasse, saltou, foi redescobrir a fa- chada que lhe sorriu entre as outras, e em cujas janelas viu aparecerem a mulher e as filhas ausentes, mais moça aquela, menos crescidas estas... Viu-se a si mesmo como era, como fora, como havia sido. Até que, caindo em si – ou antes caindo de si – deu com o automóvel que largo tempo o esperava. Subiu depressa ao carro, bateu a porta, pediu ao cho- fer que corresse. Quando chegou, atrasado, ao término da viagem e perguntou o preço, viu com surpresa que o chofer pedia o mesmo que antes haviam combinado. – Mas (protestou Desfontaines) o senhor esteve parado muito tempo; não quero causar-lhe prejuízo! E foi então que o chofer disse lentamente a sua frase, a sua flor: “Saudades não se pagam...” 11) Os parágrafos do texto acima exemplificam um modo de organização discursiva caracterizado como: a) argumentativo; b) informativo; c) expositivo; d) descritivo; e) narrativo. 12) Assinale a alternativa correta quanto à classifica- ção dos modos de organização discursiva predominan- tes nos textos abaixo. a) Descritivo - Uma vez, dois homens saíram na Semana Santa para caçar tatu. Quando eles estavam cavando o buraco, um tatu apareceu e falou pra eles: – Isso tudo é vontade de comer carne? (Antônio Henrique Weitzel) b) Narrativo - A aventura pode ser louca, mas o aventu- reiro tem de ser lúcido! (Chesterton) c) Dissertativo - De repente entrou aquele bruto crioulo. Tinha quase dois metros de altura, era forte como um touro, e caminhava no mais autêntico estilo de malandra- gem carioca. Ladeado por duas mulheres imobilizadas por uma chave-de-braço cada uma, caminhou calma- mente até o centro da sala, enquanto as duas faziam o maior banzé, sem que ele tomasse o menor conhecimento. A que estava presa na canhota era meio puxada para o sarará e chamava-o, com notável regularidade, de “vaga- bundo”, “crioulo ordinário”, “home safado” e outros adje- tivos da mesma qualidade. A que estava presa pelo lado direito tinha chave de braço apertada pouquinha coisa (devia ser mais presepeira) e, por isso, estava meio tom- bada para a frente. Dava as suas impressões sobre o cri- oulo com menos frequência, mas em compensação, quando abria a boca, berrava mais alto que a sarará. Sua reivindicação era sempre a mesma: “Me larga, seu cachorro!” De tipo, era mulata e gordinha. (Stanislaw Ponte Preta) d) Descritivo - Um homem estava contando que estava indo pescar no rio Paraibuna e matou uma traíra tão grande, que quase não coube dentro do barco. Aí o outro falou: – Na minha fazenda tem um tacho tão grande que, quando alguém está mexendo o tacho e fala, do outro lado nem dá para escutar. Aí o pesquisador perguntou: – Mas pra que serve um tacho tão grande assim? O homem respondeu: – É pra fritar a traíra que você pescou! (Antô- nio Henrique Weitzel) e) Dissertativo - Só há dois minutos importantes no des- tino do homem: o minuto em que nasce e aquele em que morre. O resto são horas perdidas da vida. (Mário da Silva Brito) 13) Os segmentos abaixo correspondem a uma tipologia textual. Assinale o segmento que é uma DISSERTAÇÃO. a) “Margarida tinha os olhos amendoados, uma pele de pêssego e um ar de tranquilidade que chamava atenção de todos.” b) “Era um dia abafadiço. A pobre cidade de São Luís do Maranhão parecia entorpecida pelo calor. Quase não se podia sair à rua: as pedras escaldavam; as vidraças e os lampiões faiscavam ao sol como enormes diamantes.” c) “Era um pajé velho, acocorado perto de uma choça, tira baforadas de um longo e primitivo cachimbo, uma velha gorda e suja dorme em uma desfiada rede de embira fina ...” d) “... as folhas das árvores nem se mexiam; as carroças de água passavam ruidosamente a todo instante, aba- lando os prédios; e os aguadeiros, em manga de camisa e pernas arregaçadas, invadiam sem-cerimônia as casas para encher as banheiras e os potes”. e) “A inconsequência do motorista brasileiro está atin- gindo níveis intoleráveis. Em Santa Catarina, a situação não difere muito do restante do País, comose pode depre- ender das últimas informações divulgadas pelo Departa- mento de Trânsito, segundo as quais a embriaguez é a causa de cerca de 90% das apreensões de Carteiras Na- cionais de Habilitação no Estado...” 8 professor@adeildojunior.com.br 98 9 8197 8782 FUNÇÕES DE LINGUAGEM Para a comunicação existir, é necessária a presença de seis fato- res fundamentais: o emissor, o receptor, a mensagem, o canal, o contexto e o código. Deve-se observar, porém, que, na comunica- ção, nem sempre se priorizam esses seis itens com a mesma pro- porção, pois, dependendo do objetivo proposto, da intenção co- municativa, o autor enfatizará um dos elementos da comunicação. Ao se expressar, há sempre uma intenção em mente. Assim, diz-se que a linguagem tem diversas funções e cada uma delas corresponde a um elemento da comunicação. São seis es- sas funções, a saber: expressiva ou emotiva; conativa ou apela- tiva; poética; fática; metalinguística e referencial. Observe agora as sínteses apresentadas no quadro a se- guir: Função Emotiva ou Expressiva É a centrada no emissor; a linguagem é subjetiva e há emprego da primeira pes- soa (verbos e pronomes). A interjeição é típica dessa função que é usada com a intenção de manifestar emoções e senti- mentos. Características Evidência as emoções, sentimentos e pensamentos do sujeito que está se ex- pressando; Marcas que indicam individualidade, subjetividade; Uso excessivo de pronomes na primeira pessoa do singular (eu, me, minha); Presença de interjeições. Função Cona- tiva ou Apela- tiva A função conativa foca-se no receptor, ou seja, no indivíduo que recebe a men- sagem, tentando convencê-lo afazer algo. Ela é muito utilizada na publici- dade, cujos anúncios e comerciais pro- curam levar o receptor a consumir um produto ou uma ideia. Dessa maneira, é recorrente a presença de verbos no im- perativo (“faça", "compre”, “coma”, “use”, “experimente” etc.), que podem expressar: ordem, pedido, súplica, con- selho etc. Características Influenciar, convencer o receptor de al- guma coisa por meio de uma ordem; Uso de vocativos; Sugestionar, convidar ou apelar (daí o nome da função); Os verbos costumam estar no imperativo (Compre! Faça!); Uso da 2ª ou 3ª pessoa (Você não pode perder! Ele vai melhorar seu desempe- nho. Função Fática A função fática está centrada no canal. Seu principal propósito é testar se o ca- nal que transmite a mensagem está fun- cionando bem ou, então, simplesmente iniciar uma comunicação, prolongá-la ou verificá-la. O objetivo dessa função é estabelecer uma relação com o emissor, um contato para verificar se a mensagem está sendo transmitida ou para dilatar a con- versa. Características Centralizada no canal, tendo como obje- tivo prolongar ou não o contato com o receptor, ou testar a eficiência do canal; Uso de interjeições; Linguagem das falas telefônicas, sau- dações e similares; Lugar comum, Sau- dações, Comentários sobre o clima. Função Referen- cial ou Denota- tiva A função referencial foca o contexto da mensagem, ou seja, todas as informa- ções relacionadas àquilo que está sendo abordado. Seu principal objetivo é trans- mitir informações, por isso, a linguagem dos textos referenciais é objetiva e clara. A função referencial ocorre principal- mente em textos de cunho científico e jor- nalístico. Características Transmite uma informação objetiva; Expõe dados da realidade de modo ob- jetivo, não faz comentários, nem avalia- ção; O texto apresenta-se na terceira pessoa do singular ou plural, pois transmite im- pessoalidade; A linguagem é denotativa, ou seja, não há possibilidades de outra interpretação além da que está exposta. Função Poética ou Conotativa A função poética foca-se na mensagem. O que importa nos textos poéticos é a própria mensagem, ou seja, a formata- ção poética daquilo que será dito. Por isso, há um trabalho com o texto na esco- lha do vocabulário, nas rimas, na sonori- dade, nos efeitos de sentido. Assim, o mais importante não é o conteúdo, a in- formação em si (o que se diz), mas sim COMO se diz, a forma do texto. Características O objetivo do emissor é expressar seus sentimentos através de textos que podem ser enfatizados por meio das formas das palavras, da sonoridade, do ritmo, além de elaborar novas possibilidades de combinações dos signos linguísticos. É 9 professor@adeildojunior.com.br 98 9 8197 8782 presente em textos literários, publicitá- rios e em letras de música. Essa função da linguagem encontra-se, de modo geral, em textos literários, como: poemas, romances, contos, crôni- cas, letras de música... Outro gênero tex- tual que explora muito a função poética são as canções populares infantis. Função Metalin- guística A função metalinguística é aquela que se foca no próprio código, ou seja, no instru- mento utilizado para transmitir a mensa- gem, seja ele verbal ou não verbal. A metalinguagem existe, então, quando um texto fala sobre o próprio texto, quando uma pintura reflete outra pin- tura, quando um filme mostra imagens de outro filme, quando um poema fala sobre o fazer poético etc. Essa função está presente sempre que uma manifes- tação da linguagem reflete sobre ela pró- pria, portanto, é comum em dicionários, livros didáticos, dentre outros textos. Características É aquela centralizada no código, usando a linguagem para falar dela mesma. A poesia que fala da poesia, da sua função e do poeta, um texto que comenta outro texto. Principalmente os dicionários são repositórios de metalinguagem. Referên- cia ao próprio código, Poesia sobre poe- sia, Propaganda sobre propaganda... Assim podemos dizer que a linguagem não é aparente, ela depende de um con- junto de fatores que permeiam os varia- dos grupos sociais que compomos em nossa vida diária. CORRELAÇÕES ENTRE AS FUNÇÕES DE LINGUAGEM E OS ELEMENTOS DA COMUNICAÇÃO OBSERVAÇÃO: Atenção: em um texto, pode haver mais de uma função da linguagem (poética, emotiva e metalinguística, por exem- plo), mas de acordo com o objetivo, com a intenção comunicativa, uma das funções será predominante. Na linguagem coloquial, ou seja, na linguagem diária, usamos as palavras conforme as situações que nos são apre- sentadas. Por exemplo, quando alguém diz a frase “Isso é um castelo de areia”, pode atribuir a ela sentido denotativo ou conotativo. Em sentido denotativo, é a construção feita na areia da praia em forma de castelo; em sentido conota- tivo, ocorrência incerta, sem solidez. 10 professor@adeildojunior.com.br 98 9 8197 8782 EXERCÍCIOS TEXTO I Mulher Assassinada Policiais que faziam a ronda no centro da cidade encon- traram, na madrugada de ontem, perto da Praça da Sé, o corpo de uma mulher aparentando 30 anos de idade. Se- gundo depoimento de pessoas que trabalham em bares próximos, trata-se de uma prostituta conhecida como Poe Nenê. Ela foi assassinada a golpes de faca. A polícia des- carta a hipótese de assalto, pois sua bolsa, com a carteira de dinheiro, foi encontrada junto ao corpo. O caso está sendo investigado pelo delegado do 2º distrito policial. Jornal da Cidade, 10 set. 2004 TEXTO II Pequena Crônica Policial Jazia no chão, sem vida, E estava toda pintada! Nem a morte lhe emprestava A sua grave beleza... Com fria curiosidade, Vinha gente a espiar-lhe a cara, As fundas marcas da idade, Das canseiras, da bebida... [...] Sem nada saber da vida, De vícios ou de perigos, Sem nada saber de nada... Com sua trança comprida, Os seus sonhos de menina, Os seus sapatos antigos! Mário Quintana – Prosa & Verso 01. Os textos I e II trazem certa semelhança entre si. O que háde semelhante nos textos acima? a) A temática. b) A organização da linguagem. c) A forma de abordagem ao tema. d) A intenção discursiva. e) O posicionamento do narrador diante a matéria narrada. 02. Que aspectos distinguem os textos I e II, a partir da análise dos mesmos, considerando sua linguagem? a) denotação – função referencial (texto II). b) função poética – ênfase no assunto(texto II). c) criatividade linguística – função poética (texto II). d) ênfase na mensagem – função referencial (texto I). e) texto jornalístico – Ênfase no leitor (texto I). O texto abaixo será utilizado nas questões 3 e 4 TEXTO III Vou lançar a teoria do poeta sórdido. Poeta sórdido: Aquele em cuja poesia há a marca suja da vida. Vai um sujeito, Sai um sujeito de casa com a roupa de brim branco muito bem engomada, e na primeira esquina passa um cami- nhão, salpica-lhe o paletó ou a calça de uma nódoa de lama: É a vida. O poema deve ser como a nódoa no brim: Fazer o leitor satisfeito de si dar o desespero. Sei que a poesia é também orvalho. Mas este fica para as menininhas, as estrelas alfas, as virgens cem por cento e as amadas que envelhecem sem maldade. Manuel Bandeira 03. As funções de linguagem predominante no Texto III são: a) Poética e metalinguística. b) Conativa e referencial. c) Referencial e emotiva. d) Metalinguística e conativa. e) Emotiva e referencial. 04. As funções de linguagem predominantes no texto acima se justificam pelos seguintes fatores. a) sentimentalismo e informatividade. b) metadiscursividade e interpelação ao leitor. c) informatividade e sentimentalismo. d) interpelação ao leitor e informatividade. e) criatividade linguística e metadiscursividade. 05. Leia a estrofe abaixo: "Oh! ter vinte anos sem gozar de leve A ventura de uma alma de donzela! E sem na vida ter sentido nunca Na suave atração de um róseo corpo Meus olhos turvos se fechar de gozo! Álvares de Azevedo A presença da interjeição, as exclamações e a 1ª pessoa gramatical identificam no texto a função da linguagem: a) Poética. b) Conativa. c) Referencial. d) Metalinguística. e) Emotiva. 06. Leia o texto e assinale a alternativa correta: A um passarinho Para que vieste Na minha janela Meter o nariz? 11 professor@adeildojunior.com.br 98 9 8197 8782 Se foi por um verso Não sou mais poeta Ando tão feliz! Se é para uma prosa Não sou Anchieta Nem venho de Assis Deixe-te de histórias Some-te daqui. Vinícius de Morais Quanto à análise do texto acima, pode-se afirmar que: a) A facilidade com que se pode reconstruir o fato narrado e as informações precisas veiculadas pelo texto provam a não existência de elementos ficcionais; a função de linguagem predominante é a referencial. b) No quinto verso, o próprio autor esclarece que seu texto não tem caráter poético, o que lhe confere a função metalinguística da linguagem. c) Apesar de escrito em versos, o texto acima não é literário, porque, nos dois últimos versos, o autor diz claramente não querer contar histórias, neles, ocorre a função apelativa ou conativa, própria da linguagem de propaganda. d) Embora haja referência a dados concretos da re- alidade circundante, o texto é literário, uma vez que, a par de exemplos de função emotiva e co- nativa, a criatividade linguística dá o tom do texto e confere a função poética como predominante. e) No sétimo verso, o próprio autor esclarece que seu texto não está escrito em prosa; é, portanto, um texto não literário. 07. Leia o excerto abaixo extraído de uma suposta entre- vista com Riobaldo, de Grande sertão: veredas. “Mire e veja o leitor e a leitora: se não houvesse Brasil, não haveria ‘Grande sertão: veredas’, não haveria Rio- baldo. Deviam ter pensado que pelo menos para isso ser- viu. E o resto é silêncio. Ou melhor, mais uma pergunta senhor Riobaldo. O que é silêncio? O senhor sabe o que o silêncio é? É a gente mesmo, demais”. Alberto Pompeu de Toledo, Veja. Acima, predominam as seguintes funções da linguagem: a) Poética e fática. b) Conativa e metalinguística. c) Referencial e expressiva. d) Metalinguística e emotiva. e) Emotiva e poética. 08. Assinale a alternativa que traz função fática: a) "O homem letrado e a criança eletrônica não mais têm linguagem comum." (Rose-Marie Muraro) b) "O discurso comporta duas partes, pois necessari- amente importa indicar o assunto de que se trata, e em seguida a demonstração. (...) A primeira des- tas operações é a exposição; a segunda, a prova." (Aristóteles) c) "Amigo Americano é um filme que conta a história de um casal que vive feliz com o seu filho até o dia em que o marido suspeita estar sofrendo de cân- cer." d) "Se um dia você for embora Ria se teu coração pedir Chore se teu coração mandar." (Danilo Caymmi & Ana Terra) e) "Olá, como vai? Eu vou indo e você, tudo bem? Tudo bem, eu vou indo em pegar um lugar no fu- turo e você? Tudo bem, eu vou indo em busca de um sono tran- quilo..." (Paulinho da Viola) 09. Marque a opção que encerra uma frase cujos princi- pais focos da argumentação sejam, a um só tempo, o emissor e a mensagem: a) "Volta, vem viver outra vez ao meu lado" (Lupiscínio Rodrigues) b) "Da primeira vez que me assassinaram, Perdi um jeito de sorrir que eu tinha" (Mário Quintana) c) "Um trem-de-ferro é uma coisa mecânica, Mas atravessa a noite, a madrugada, o dia Atravessou minha vida, Virou só sentimento" (Manuel Bandeira) d) "Vaias e aplausos marcaram a passagem do pre- sidente Lula pelo Fórum Social Mundial, evento no qual costumava ser ovacionado" (O Globo - 28 de janeiro de 2005). e) "Lembrando B. Russel: para todo problema com- plicado há uma solução simples, rápida, de baixo custo e... errada" (Gilberto C. Leifert). 10. Leia atentamente o texto abaixo: A biosfera, que reúne todos os ambientes onde se desen- volvem os seres vivos, se divide em unidades menores chamadas ecossistemas, que podem ser uma floresta, um deserto e até um lago. Um ecossistema tem múltiplos me- canismos que regulam o número de organismos dentro dele, controlando sua reprodução, crescimento e migra- ções. DUARTE, M. O guia dos curiosos. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. Predomina no texto a função da linguagem a) referencial, porque o texto trata de noções e infor- mações conceituais. b) conativa, porque o texto procura orientar compor- tamentos do leitor. c) poética, porque o texto chama a atenção para os recursos de linguagem. d) fática, porque o texto testa o funcionamento do ca- nal de comunicação. e) emotiva, porque o autor expressa seu sentimento em relação à ecologia. 12 professor@adeildojunior.com.br 98 9 8197 8782 FIGURAS DE LINGUAGEM Como já sabemos, podemos manifestar a linguagem de duas formas bem distintas: sob a ótica da denotação ou sob a ótica da conotação. Esta última será explorada com mais detalhes a partir de agora com o estudo dos elemen- tos que configuram uma linguagem conotativa, isto é, uma linguagem figurada: as figuras de linguagem. Va- mos concentrar este estudo nas figuras de linguagem mais importantes para efeito de concurso público. FIGURAS DE CONSTRUÇÃO ELIPSE: significa a omissão de algum termo ou palavra de um enunciado. Ex.1: Na sala, bons alunos. (Ocorreu a omissão do verbo há) Ex.2: Rico, podia fazer o que quisesse [omitiu-se a oração inteira: (Porque era) rico, podia fazer o que quisesse]. ZEUGMA: omissão de um termo que já apareceu antes. Ex.: O meu pai era paulista / Meu avô, pernambucano / O meu bisavô, mineiro / Meu tataravô, baiano / Meu maestro soberano” (Chico Buarque – Omissãode “era”) PLEONASMO: é a reiteração, a repetição, o reforço de uma ideia já expressa por alguma palavra, termo ou ex- pressão. Ex.1: Vamos sair para fora. (se é sair, obviamente é para fora). Ex.2: Que tal subir lá em cima e tomar um bom vinho? (se é subir, obviamente é para cima). Ex.3: "Eu nasci há dez mil anos atrás" (se é há, só pode ser atrás). Ex.4: A mim, você não me engana (o verbo enganar tem dois complementos – a mim e me; eis um caso de objeto pleonástico). INVERSÃO: mudança da ordem natural de termos num enunciado, a fim de conferir-lhe especiais efeitos e refor- ços de sentido. Ex.1: Sua mãe eu nunca conheci (a ordem natural seria Eu nunca conheci sua mãe). Ex.2: Ouviram do Ipiranga as margens plácidas / De um povo heroico o brado retumbante, / E o sol da liberdade, em raios fúlgidos, / Brilhou no céu da pátria nesse ins- tante. ASSÍNDETO: vem do grego, “syndeton”, que significa conjunção. É a ausência de conjunções coordenativas (aquelas que ligam orações ou termos coordenados, in- dependentes) no encadeamento dos enunciados. Ex.1: Ela me olhava, lavava, olhava novamente, espir- rava, voltava a trabalhar (não apareceu conjunção al- guma para ligar as orações). Ex.2: Eu nunca tive glória, amores, dinheiro, perdão (não apareceu conjunção alguma para ligar os termos que complementam o verbo ter). POLISSÍNDETO: é a repetição das conjunções coordena- tivas (principalmente as aditivas E e NEM), com o fim de incutir no discurso a noção de movimento, rapidez e ritmo. Ex.1: E onde não queres nada, nada falta, / E onde voas bem alta eu sou o chão / E onde pisas no chão minha alma salta / E ganha liberdade na amplidão. Caetano Ve- loso. O quereres – foi repetida a conjunção coordenativa aditiva e). Ex.2: Eu nunca tive glória, nem amores, nem dinheiro, nem perdão (foi repetida a conjunção coordenativa aditiva nem). ANACOLUTO: é a quebra da sequência sintática de uma frase. É como se o escritor de repente decidisse mudar de ideia, alterando a estrutura e o nexo sintáticos da oração. Ex.1: O José, sinceramente parece que ele está ficando louco (perceba que O José deveria ser sujeito de uma ora- ção, mas ficou sem predicado, solto na frase; houve a quebra da sequência sintática esperada). Ex.2: Eu, poucas coisas me assustam.” Eu, parece-me que os exames não serão fáceis.” SILEPSE: concordância não com o que vem expresso, mas com o que se entende, com o que está implícito. A silepse pode ser: a) Silepse de gênero Ex.: Vossa Excelência, senhor prefeito, está preocupado. c) Silepse de pessoa Ex.: Os brasileiros precisamos defender a Amazônia. ANÁFORA: a anáfora é a repetição de uma palavra em intervalos regulares, no início de versos ou frases. “Quando não tinha nada eu quis Quando tudo era ausência esperei Quando tive frio tremi Quando tive coragem liguei Quando chegou carta abri Quando ouvi Prince dancei 13 professor@adeildojunior.com.br 98 9 8197 8782 Quando o olho brilhou, entendi Quando criei asas, voei Quando me chamou eu vim Quando dei por mim tava aqui Quando lhe achei, me perdi Quando vi você, me apaixonei” (Daniela Mercury- À primeira Vista) FIGURAS DE PENSAMENTO ANTÍTESE: é a aproximação de palavras ou expressões que exprimem ideias contrárias, adversas. Ex.1: E Carlos, jovem de idade e velho de espírito, aproxi- mou-se. Ex.2: Amamos, vagamente surpreendidos / Pelo ardor com que estávamos unidos / Nós que andávamos sempre separados. (Vinicius de Moraes) APÓSTROFE: é a interpelação inesperada de um ente real ou imaginário que se faz com a interrupção da se- quência do pensamento. Ex: Senhor Deus dos desgraçados! Dizei-me vós, Senhor Deus! Se é loucura... se é verdade Tanto horror perante os céus?! (Navio Negreiro – Castro Alves) EUFEMISMO: é uma maneira de, por meio de palavras mais polidas, tornar mais suave e sutil uma informação de cunho desagradável e chocante. Ex.1: Infelizmente ele se foi (em vez de “ele morreu”). Ex.2: A criança nasceu com problemas mentais (em vez de “A criança nasceu retardada.”) GRADAÇÃO: é a maneira ascendente ou descendente como as ideia podem ser organizadas na frase. Ex.1: Jonas, inesperadamente, assustou-se. Depois, gri- tou, aterrorizou-se e morreu (gradação ascendente, do menor para o maior). Ex.2: Ela é uma bandida, uma enganadora, uma sem-ver- gonha (gradação descendente, do maior para o menor). IRONIA: figura que consiste em dizer, com intenções sar- cásticas e zombadoras, exatamente o contrário do que se pensa, do que realmente se quer afirmar. Ex.1: Olá! Júlio. Como você está em forma. (considere-se que Júlio seja um rapaz com mais de 130 quilos) Ex.2: Meus parabéns pelo seu serviço. (considere-se que o vigia tenha dormido e a empresa tenha sido completa- mente esvaziada durante um assalto) HIPÉRBOLE: modo exagerado de exprimir uma ideia. Ex.1: “Queria gritar setecentas mil vezes”. Como são lindos, como são lindos os burgueses / E os ja- poneses / Mas tudo e muito mais.” (Caetano Veloso. Podre poderes). Ex.2: Estou morrendo de sede. Ex.3: Você é a garota mais linda do mundo. PROSOPOPEIA (OU PERSONIFICAÇÃO): é a atribuição de características humanas a seres não humanos. Ex.1: O prédio sorria perante os trabalhadores (sorrir é uma atitude humana atribuída a um imóvel, uma edifica- ção). Ex.2: Depois que o sol me cumprimentou, dirigi-me à cozi- nha (cumprimentar é uma atitude humana atribuída a um astro). Ex.3: “A lua”, / Tal qual a dona de um bordel, / Pedia a cada estrela fria um brilho de aluguel. / E nuvens, / Lá no mata-borrão do céu / Chupavam manchas torturadas” (João Bosco e Aldir Blanc. O bêbado e a equilibrista) FIGURAS DE PALAVRAS COMPARAÇÃO: estabelece uma equivalência explícita entre um comparante e um comparado, por meio de um termo de comparação, que pode ser uma palavra ou locu- ção. Ex.1: Minha irmã é bondosa como um anjo (existe uma re- lação de qualificações entre a irmã e o anjo; houve, pois, uma comparação, que se estabeleceu por meio do conec- tivo como) Ex.2: Age o neto tal qual os avós (existe uma semelhança de ações entre o neto e os avós; houve, pois, uma compa- ração, que se estabeleceu por meio do conectivo tal qual) METÁFORA: é uma comparação implícita, ou seja, não possui o termo comparativo. Baseia-se numa associação de ideias subjetivas: uma palavra deixa o seu contexto normal para fazer parte de outro contexto. Ex.1: Minha irmã é um anjo. Existe uma relação de qualificações entre a irmã e o anjo; como não houve um conectivo que estabelecesse a rela- ção comparativa, chama-se a essa comparação mental de metáfora. A palavra anjo não está sendo utilizada em 14 professor@adeildojunior.com.br 98 9 8197 8782 seu sentido original; foi tomada como uma qualificação. Cabe ao receptor saber que a característica em comum entre os dois seres é a bondade. Ex.2: Tenho que viajar muito. São os ossos do ofício. Que características em comum têm o ato de viajar muito e os ossos? É simples: viajar muito é uma das exigências, uma das partes que compõem o trabalho do emissor dessa mensagem; os ossos são algumas das partes que compõem os corpos de alguns seres vivos. Houve a trans- ferência do sentido de componente, algo necessário, da palavra ossos para o ato de viajar. Cabe ao receptor de- codificar essa transferência. Ex.3: “Veja bem, nosso caso É uma porta entreaberta” (Gonzaguinha. Grito de Alerta) Ex.4: Meu pensamento é um rio subterrâneo. (Fernando Pessoa) CATACRESE: é uma metáfora de uso corrente que, de tão utilizada no dia a dia, não é mais identificadacomo me- táfora. Seu uso consiste em desviar uma palavra do seu sentido próprio para dar nome a alguma coisa que não possui uma denominação específica: perna de cadeira, batata da perna, braço do sofá. METONÍMIA: é a utilização de uma palavra por outra. Essas palavras mantêm-se relacionadas de várias for- mas: - O autor pela obra: Você já leu Camões (algum livro de Camões)? - O efeito pela causa: O rapaz encomendou a própria morte (algo que causaria a sua própria morte). - O instrumento pela pessoa que dele se utiliza: Júlio sem dúvida é um excelente garfo (Júlio come muito; o garfo é um dos instrumentos utilizados para comer). - O recipiente (continente) pelo conteúdo: Jonas já bebeu duas garrafas de uísque (ele bebeu, na verdade, o conte- údo de duas garrafas de uísque); Os Estados Unidos as- sistem ao espetáculo das eleições (as pessoas que moram nos Estados Unidos assistem...) - O símbolo pela coisa significada: O povo aplaudiu as medidas tomadas pela Coroa (a coroa, nessa acepção, é símbolo da monarquia, do rei). - O lugar pelo produto: Todos gostam de um bom madeira (o vinho produzido na Ilha de Madeira). - A parte pelo todo: Havia várias pernas se entreolhando no ônibus (na verdade, eram as pessoas, que têm as per- nas, que se entreolhavam). - O abstrato pelo concreto: A juventude de ontem não pensa como a de antigamente (Os jovens de hoje...). - O singular pelo plural: O paulista adora trabalhar (Os paulistas...). - A espécie ou classe pelo indivíduo: "Andai como filhos da luz", recomenda-nos o Apóstolo [referindo-se a São Paulo, que foi um dos apóstolos (espécie, classe)]. - O indivíduo pela espécie ou classe: Camila é, como diz sua tia, uma Judas [Judas (indivíduo) foi o mais conhecido traidor (espécie, classe) da história]. - A qualidade pela espécie: Os acadêmicos estão reuni- dos (em vez de os membros da academia...). - A matéria pelo objeto: Você tem fogo (isqueiro)? SINESTESIA: é a figura que proporciona a ilusão de mis- tura de percepções, mistura de sentidos. Ex.1: Você gosta de cheiro-verde [como um cheiro (olfato) pode ser verde (visão)]. Ex.2: Que voz aveludada Renata tem [como um som (au- dição) pode ser aveludado (tato)]. PERÍFRASE (OU ANTONOMÁSIA): emprego de palavra ou expressão designativa da qualidade do ser, em vez do nome do ser: Ex.1: O Poeta dos Escravos morreu na flor dos anos. (Cas- tro Alves) Ex.2: O Salvador é que redimirá os homens. (Jesus Cristo) Ex.3: O Rei do Futebol já fez mais de mil gols (Pelé – Ed- son Arantes do Nascimento). Ex.4: Ainda visitarei a cidade luz. (A cidade de Paris) PARADOXO: é uma afirmação que subverte as ideias, apresentando fatos que mantêm relações incompatíveis entre si. Ex.: Amor é fogo que arde sem se ver É ferida que dói e não se sente. O paradoxo nos obriga a refletir. Procura ressaltar a afi- nidade entre ideias contraditórias ao provocar surpresa e desestabilizar os clichês. EXERCÍCIOS 1. A palavra tráfico não dever ser confundida com tráfego, seu parônimo. Em que item a seguir o par de vocábulos é exemplo de homonímia e não de paronímia? a) estrato / extrato b) flagrante / fragrante 15 professor@adeildojunior.com.br 98 9 8197 8782 c) eminente / iminente d) inflação / infração e) cavaleiro / cavalheiro 2. Assinale a alternativa correta, considerando que à di- reita de cada palavra há um sinônimo. a) emergir = vir à tona; imergir = mergulhar. b) emigrar = entrar (no país); imigrar = sair (do país). c) delatar = expandir; dilatar = denunciar. d) deferir = diferenciar; diferir = conceder. e) dispensa = cômodo; despensa = desobrigação. 3. Indique a letra na qual as palavras completam, corre- tamente, os espaços das frases abaixo. Quem possui deficiência auditiva não consegue______os sons com nitidez. Hoje são muitos os governos que passa- ram a combater o ______ de entorpecentes com rigor. O diretor do presídio ______ pesado castigo aos prisioneiros revoltosos. a) discriminar - tráfico - infligiu b) discriminar - tráfico - infringiu c) descriminar - tráfego - infringiu d) descriminar - tráfego - infligiu e) descriminar - tráfico – infringiu 4. No ______ do violoncelista ______ havia muitas pes- soas, pois era uma ______ beneficente. a) conserto - eminente - sessão b) concerto - iminente - seção c) conserto - iminente - seção d) concerto - eminente - sessão 5. Para nos comunicarmos com mais expressividade, uti- lizamos os recursos conhecidos como figuras de lingua- gem, que se divide em figuras de palavras, figuras de pensamento e figuras de sintaxe. Correlacione cada con- ceito de figura da coluna B com o seu exemplo de figura na coluna A. COLUNA A 1. “A vida é um barco a navegar em alto mar”. 2. “Gosto de ler Machado de Assis e Clarice Lispector”. 3. “Já estudei esse assunto mais de um bilhão de vezes”. COLUNA B ( ) Trata-se de uma figura que exprime um exagero. ( ) É uma figura que consiste em uma comparação con- densada sem a presença dos conectivos, como tal como, assim como etc. ( ) Trata-se de uma figura que consiste em empregar uma palavra no sentido de outra, por haver uma relação de sentido entre elas. Assinale a alternativa que apresenta a correlação COR- RETA da coluna B, de cima para baixo. a) 2 – 3 – 1. b) 1 – 2 – 3. c) 3 – 2 – 1. d) 2 – 1 – 3. e) 3 – 1 – 2. 6. Correlacione cada conceito de figura da coluna B com o nome da figura na coluna A. COLUNA A 1. Prosopopeia 2. Polissíndeto 3. Metonímia 4. Elipse COLUNA B ( ) Figura que se presta a substituir um nome por outro em virtude de haver entre eles algum relacionamento. ( ) Figura que consiste no uso repetido da conjunção e. ( ) Figura que consiste em se atribuírem qualidades ou acontecimentos próprios do ser humano a personagens não humanos. ( ) Figura que consiste na omissão de uma palavra ou de uma expressão facilmente subentendida. Assinale a alternativa que apresenta a correlação COR- RETA. a) 1 – 2 – 3 – 4. b) 3 – 4 – 1 – 2. c) 4 – 1 – 3 – 2. d) 4 – 3 – 2 – 1. e) 3 – 2 – 1 – 4. 7. Leia o trecho da música Cata-vento e Girassol, de Guinga e Aldir Blanc, e responda à questão seguinte. “Meu cata-vento tem dentro o que há do lado de fora do teu girassol. Entre o escancaro e o contido, eu te pedi sus- tenido e você riu bemol.” A figura de linguagem predominante nesses versos é: a) antítese. b) comparação. c) eufemismo. d) metáfora. e) pleonasmo 8. Indique a alternativa em que o exemplo dado não cor- responde à figura de linguagem pedida: a) Eufemismo: Com alma purificada, ele partiu para a eternidade. b) Metáfora: “Iracema, a virgem dos lábios de mel‘” c) Prosopopeia: As ondas dom mar gritam e gemem ao encontro das pedras. d) Antítese: Guerra nas Estrelas é o maior filme de todos os tempos. e) Metonímia: Ler Machado de Assis é conhecer um dos maiores nomes de nossa Literatura. 9. Associe segundo o código: (1) Metáfora (2) Comparação (3) Metonímia (4) Catacrese (5) Antonomásia ( ) Os alunos indisciplinados quebraram os braços de muitas carteiras. ( ) “Conversamos de cousas várias, até que Tristão tocou um pouco de Mozart.” ( ) Durante o solene jantar, Juquinha mostrou ser mesmo um bom garfo. ( ) Na primavera da vida, reinam as ilusões. ( ) “Teus olhos são negros, negros, / como as noites sem luar “ ( ) Adoraria ter conhecido o Pai da Aviação.
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