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Princípios no Direito Processual Penal Princípio da Territorialidade ou Princípio da LEX FORI (Lei do Foro) – Art. 1°. O CPP é válido em todo território nacional, é único em todo território nacional e vale para crimes ocorridos no Brasil. Em regra todo processo penal segue o CPP. Porque há leis especiais que regem alguns processos. Ex.: Eleitoral, Militar, etc. (Art.1° III) Todo crime ocorrido no Brasil é processado no Brasil de acordo com CPP, mas existe exceção. Ex.: Imunidade Diplomática (Art. 1°, I agentes diplomáticos, agentes consulares). Princípio da Aplicação Imediata da Lei (GENUINAMENTE) Processo ou Princípio da Eficácia da Lei Anterior. A lei processual penal é aplicada de imediato, ou seja, desde sua vigência. Sem prejuízo dos atos praticados sob a égide da lei anterior. Não se aplica o princípio da retroatividade. Mas existem as Normas Processuais Materiais (Mistas), que são as normas que tem uma parte de penal e uma parte de processual. É uma norma que afeta diretamente o ius libertatis (Liberdade). O STF diz que prepondera a parte penal. Então se aplica o princípio da retroatividade da lei benéfica. Princípio do Devido Processo Legal: Art. 5°, LIV – CF. Seu significado é que “Ninguém pode ser privado de seus direitos sem lei”. Esse princípio é constituído de uma série de garantias que sem elas não teria efetividade. Ex.: ampla defesa, Contraditório, Julgamento pelo Júri... Atualmente o princípio possui dois significados: (art. 5° LIX). DPL substantivo. É o princípio da proporcionalidade ou razoabilidade. Obs.: O princípio da proporcionalidade está implícito na CF em seu art. 5° LIV. DPL Judicial ou Procedimental. Garantia a plenitude de defesa: Direito de ser ouvido, de ser informado pessoalmente de todos os atos processuais, de ter acesso a defesa técnica, de ter oportunidade de se manifestar depois da acusação, de ser julgado perante juiz competente, duplo grau de jurisdição... O Devido Processo Legal está no Pacto São José da Costa Rica, e tem origem na Magna Carta do Rei João Sem Terra de 1215 (art. 39). Pergunta: Dê um exemplo de uma garantia internacional que não está na CF. Resposta: A Garantia ao Duplo Grau de Jurisdição. (O duplo grau de jurisdição tem exceção, mensalão que foi julgado no STF, foro prerrogativa de função). Princípio da Proporcionalidade/ Razoabilidade. Nenhum ato público pode ser desproporcional ou desarrazoado. Inclusive o ato legislativo. Ex.: STF entendeu absoluta (faltou razoabilidade) a regra que não admitia fiança no crime tipificado no art. 14, parágrafo único do Estatuto do Desarmamento (Lei 10.826/03). Pena para o delito de 2 a 4 anos e multa. ADIN 3112-1/DF. Pergunta: Pode um juiz julgar uma lei inconstitucional por falta de razoabilidade? Sim ADIN – 3112-2/DF. Princípio da Iniciativa das Partes. Traduz o princípio da inércia judicial, ou seja, o Estado Juiz só deve atuar se provocado. O juiz não pode iniciar processo no Brasil. Quem inicia ação penal? - Ação Penal Pública – MP. - Ação Penal Privada – Ofendido. Obs.: O juiz tem vários poderes de iniciativa em outras atividades. Ex.: Reconhecer prescrição, Decretar Preventiva, Decretação de intercepção telefônica... O juiz possui iniciativo ou poder complementar de iniciativa de provas (art. 156 CPP). Significa que a iniciativa de provas em regra é das partes, depois de forma complementar pode o juiz produzir provas. Cuidado! A expressão “mesmo antes de iniciada a ação penal”, contida no inciso I do art. 156 do CPP nos parece inconstitucional, sendo certo que ao juiz não abrirá a possibilidade de produzir prova que considere urgente antes de iniciado o processo penal. Apenas a requerimento das partes é que o juiz poderá produzir a prova antecipada iniciado o processo penal. Princípio Acusatório. Funções de acusar, defender e julgar nas mãos de pessoas distintas. Princípio do Juiz Natural (art. 5°, XXXVII e LIII da CF). Juiz natural é o juiz competente. Ex.: Juiz natural para julgar os crimes dolosos contra a vida é o Júri; Crimes cometidos por Deputados e Senadores é o STF. Garantias emanadas deste princípio: Ninguém pode ser subtraído do seu juiz natural. Esta proibido no Brasil juiz ou tribunal de exceção. Irrecusabilidade do juiz competente. Não se recusa o juiz da sua causa salvo por motivo justificado – Impedimento, suspeição. Princípio do Contraditório (art. 5° LV – CF). Direito de ser informado. Só podemos falar no exercício do contraditório se for informado. O contraditório possibilita o exercício da defesa que deve e pode ser ampla. O advogado que não apresentar defesa ou defesa insuficiente. O processo é nulo. Venceu pela prescrição. (Súmula 523 do STF). Obs.: A Denúncia deve narrar os fatos praticados claramente sob pena de inépcia do art. 44. Princípio da Publicidade: (art. 792 do CPP). Todos os atos processuais são publicados, exceto quando decretados sigilosos. Obs.: O inquérito é sigiloso. Art. 20 CPP. O advogado tem acesso ao processo sigiloso se tiver procuração (Estatuto da Ordem Art. 7°, XIV) e tem acesso a qualquer inquérito policial. E se houver provas sigilosas no I.P.? O advogado poder ver, mas em caso de provas sigilosas, ele precisa de procuração (entendimento de alguns doutrinadores). Obs.: É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que já estejam documentados. (Súmula 14 STF). Princípio da Identidade Física do Juiz: (Lei 11.719/08). Jurisdição única, O juiz que preside a instrução tem que ser o que sentencia. (art. 399, § 2° do CPP). Princípio do Duplo Grau de Jurisdição: Todo réu no crime tem direito ao duplo grau de jurisdição. É o direito de apelar (art. 593 CPP). O réu para apelar tem que ser recolhido a prisão? Não, o art. 594 CPP que exigia isso foi revogado. A única exceção para o duplo grau de jurisdição é os casos de competência originária do tribunais (Foro de prerrogativa de função). Obs.: Este princípio não esta expresso na CF, mas na Convenção Americana de Direitos Humanos. Princípio da Ampla Defesa: art. 5°, LV. O Estado deve proporcionar a todo acusado a mais ampla defesa, seja pessoal (auto defesa), seja técnica (advogado) e prestar assistência jurídica integral e gratuita aos necessitados (art. 5°, LXXIV). Princípio da Indisponibilidade. Prevalece no Processo Penal o Principio da indisponibilidade ou obrigatoriedade. O Crime é uma lesão irreparável ao interesse coletivo. O Estado, então, deve punir. Decorre do mencionado principio que a autoridade policial não pode recusar a proceder investigações preliminares (art. 5°), não pode arquivar I.P. (art.17), O MP não pode desistir da ação penal (art. 42),nem do recurso interposto (art. 576) – Regra de Irretratabilidade. (A CF admite abrandamento dessa regra). Ex.: Transação Penal. (CF – art. 98, I, c/c a lei 9.099/95, art. 76). Princípio da (a)Oficialidade e (b)Oficiosidade. A – Em decorrência do princípio anterior os órgãos responsáveis pela “persecutio criminis” não podem ser privados. Da mesma forma exercida por agentes públicos. Ex.: Art. 129, I e Polícia Judiciária – art. 144, §4° da CF c/c art. 4° do CPP. Obs.: Admite exceção no caso de Ação Penal Privada. B – As autoridades públicas incumbidas pela persecução penal devem agir de oficio. Princípio da Verdade Real: O juiz tem o dever de investigar como os fatos se passaram na realidade, não se contendo com a verdade formal dos autos. Para tanto: Art. 156, II CPP. É diferente do processo civil onde o juiz se conforma com a verdade trazida aos autos, embora não seja mero espectador (art. 130 CPC). Exceções a esse princípio: “Durante o julgamento não será permitida a leitura de documento ou a exibição de objeto que não tiver sido juntado aos autos com a antecedência mínima de 3 (três) dias úteis, dando-se ciência à outra parte”. (art. 479 CPP). A inadmissibilidade das provas obtidas por maio ilícito (Art. 5°, LVI CF e 157 do CPP). Os limites para depor.Ex.: Padre que escuda confissão do fiel (art. 207). Recusa de depor de parentes do acusado (art. 206). Art. 156, I CPP – É uma questão questionável. A Principio prevê figura do juiz investigador (Processo Inquisitivo). É inconstitucional, mas o art. 156 não se afasta a constitucionalidade de iniciativas do juiz de aprofundamento ou complementação. (STF, ADIN 1.570). Princípio da Legalidade. Os órgãos incumbidos da persecução penal não podem possuir poderes discricionários para apreciar conveniência e oportunidade. Assim o Delegado nos crimes de ação publica é obrigado a proceder a investigação preliminar e o MP é obrigado a oferecer denuncia desde que verifique fato delituoso. Exceções: Crimes de Ação Penal Pública Condicionada e Ação Penal Privada. Principio do “Favor Rei” ou “in dubio pro reo”. A dúvida sempre beneficia o acusado. Na duvida absolve o réu (falta de prova). Alguns recursos somente em favor do réu. Ex.: Revisão Criminal. Diante de duas interpretações antagônicas, deve-se escolher aquele mais favorável ao acusado.
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