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A culinária africana no Brasil

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A culinária Brasileira no período colonial.
A alimentação no Brasil teve suas origens no período da colonização portuguesa com as tradições culinárias africana, indígena e portuguesa. A cozinha colonial foi construída a partir da mistura de várias culturas e alimentos variados. Esses alimentos eram originados de lugares múltiplos, alguns se encontravam no próprio Brasil, outros foram trazidos de outros continentes. A África teve papel essencial no desenvolvimento da culinária colonial, pois além de ser a fonte de muitos alimentos trazidos para o Brasil, foram também as escravas negras que comandavam as cozinhas em grande parte da colônia. As negras nas cozinhas preparavam pratos de costume português, incluíam conhecimentos que aprenderam em África e utilizavam técnicas de cozinha adquiridas com a culinária indígena. Durante três séculos quem comandou as cozinhas brasileiras foram mãos negras. “A escrava negra chegada ao Brasil, desde as primeiras levas africanas no século XVI, já era cozinheira [...]” (Câmara Cascudo 2004, p.866). 
A cozinha brasileira no período colonial era entendida como exótica, justamente por ser a mistura de diversos temperos. O primeiro exemplo que podemos utilizar para começar a entender essa característica da cozinha colonial, é o uso da pimenta. A pimenta é uma das contribuições africanas à cozinha brasileira. Iguarias preparadas com pimenta, eram vistas até certo ponto como incoerentes para o clima tropical brasileiro. O azeite-de-dendê foi outra contribuição importante vinda de África, utilizado em inúmeros pratos do período colonial até os dias de hoje. 
A própria alimentação dos escravos na colônia, é fruto de adaptação por parte dos africanos. Muitos costumes das cozinheiras negras foram adquiridos aqui no Brasil. Por exemplo o uso da farinha de mandioca, alimento essencial na dieta dos escravos, mas que não era utilizada no continente africano. Segundo Câmara Cascudo (2004, p.92), a força e vigor dos escravos para o trabalho eram obtidas pelo consumo deste produto. A mandioca que era um alimento indispensável para os índios, passou a ser também fundamental para a alimentação dos escravos. O angu (papa grossa de farinha de mandioca) foi o principal alimento dos escravos na colônia, pois era fácil der ser preparado e a mandioca era cultivada em abundância. 
Como já mencionado, as negras aprenderam técnicas com os índios. E dessa troca cultural surgiu um prato afro-indígena, o Caruru datado do século XVII e originado do estado de Pernambuco. O Caruru é um cozido de quiabo (planta de origem africana) ou caruru (planta das Américas) que costuma ser servido acompanhado de acarajé ou abará, de pedaços de carne, frango ou peixe, de camarões secos, de azeite de dendê e de pimenta.  A receita do “Caruru” viajou até a África ocidental com padres e escravos que retornaram ao continente de origem. Lá passou a ser preparado da forma que era feito na colônia portuguesa, pois o Caruru afro-indígena era único no mundo. Outro alimento singular do período colonial, foi o Vatapá, prato afro-brasileiro mais famoso dessa época, que ainda hoje é muito consumido. Ao contrário do Caruru, o Vatapá não possuía prato semelhante na África Ocidental. 
No século XIX, as iguarias de origem africana, já eram populares e vendidas publicamente na colônia, principalmente na cidade de Salvador/BA. Exemplos de alimentos que eram comercializados: Mocotó, Vatapá, Caruru, Canjica, Arroz de coco, Acaçá, Angu etc. Desses pratos duas coisas são interessantes de serem notadas. Primeiro que muitas dessas comidas além de servirem como alimento, também eram utilizadas no culto aos Orixás (faziam parte do ritual religioso afro). Segundo que o preparo de alguns desses alimentos era feito com o uso do açúcar. Adoçar a comida não era costume indígena e nem africano, isso foi mais uma adaptação que os negros sofreram, já que os europeus adoravam os doces.

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