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Conceito de Normalidade em Psicopatologia Aula 2 Psicopatologia Geral I Professora Izabela Querido Que áreas da saúde mental estão relacionadas com e implicadas no conceito de normalidade em psicopatologia? Quais são os principais critérios de normalidade interligados em psicopatologia e quais suas “forças” e “debilidades”? Questão de grande controvérsia Quando as alterações comportamentais e mentais são de intensidade acentuada o delineamento das fronteiras entre o normal e o patológico não é tão problemático; Entretanto há muitos casos limítrofes - delimitação entre normal e patológico torna-se difícil; Conceito de normalidade em Psicopatologia envolve a própria definição do que é saúde mental e doença mental; Tem desdobramentos em várias áreas da saúde mental: Psiquiatria Legal ou Forense; Epidemiologia Psiquiátrica; Psiquiatria Cultural e Etnopsiquiatria; Planejamento em Saúde Mental e Políticas de Saúde; Orientação e Capacitação Profissional; Prática Clínica; Desdobramentos em Várias Áreas da Saúde Mental Psiquiatria Legal ou Forense: anormalidade psicopatológica pode ter implicações legais, criminais e éticas podendo definir o destino de uma pessoa; Epidemiologia Psiquiátrica: definição de normalidade é tanto um problema como um objeto de trabalho e pesquisa; Psiquiatria Cultural e Etnopsiquiatria: conceito de normalidade psicopatológica exige o estudo da relação entre o fenômeno supostamente patológico e o contexto social no qual ele emerge e recebe significado cultural; Planejamento em Saúde Mental e Políticas de Saúde: estabelecer critérios de normalidade para verificar demandas assistenciais e necessidades de serviços; Orientação e Capacitação Profissional: na definição de capacidade e adequação de um indivíduo para exercer certa atividade (profissão, porte de arma, dirigir, etc.); Prática Clínica: na capacidade de discriminar no processo de avaliação e intervenção se tal fenômeno é patológico ou normal, se faz parte de um momento ou algo francamente patológico; Critérios de Normalidade Normalidade como ausência de doença; Normalidade ideal; Normalidade estatística; Normalidade como bem-estar; Normalidade funcional; Normalidade como processo; Normalidade subjetiva; Normalidade como liberdade; Normalidade operacional; Normalidade como ausência de doença Ausência de sintomas, sinais ou doenças ; Normal seria aquele que simplesmente não é portador de um transtorno mental definido; Critério falho e precário: redundante, baseia-se em uma definição negativa, define não por aquilo que ela é mas pelo que lhe falta ou não é; Normalidade ideal Normalidade certa utopia; Arbitrariamente o que é supostamente sadio, mais evoluído - norma ideal; Socialmente construída e referendada, dependendo de critérios socioculturais e ideológicos arbitrários e ãs vezes dogmáticos e doutrinários; Adaptação do indivíduo às normas morais e políticas; Normalidade estatística Identifica norma e frequência; Aplicável a fenômenos quantitativos; O normal passa ser aquilo que se observa com mais frequência; Quem está fora de uma curva de distribuição normal passam a ser considerados doentes ou anormais; Critério falho pois nem tudo que é frequente é necessariamente saudável e nem tudo que é raro ou infrequente é patológico; Normalidade como bem-estar Completo bem-estar físico, mental e social e não ausência de doença; Conceito criticável por ser amplo e impreciso, pois bem-estar é algo difícil de se definir objetivamente; Completo bem-estar físico, mental e social é tão utópico que poucos seriam considerados saudáveis; Normalidade funcional Aspectos funcionais e não quantitativos; Fenômeno é considerado patológico a partir do momento que é disfuncional, provoca sofrimento para o próprio indivíduo e/ou para seu grupo social; Normalidade como processo Além da visão estática; Consideram-se aspectos dinâmicos do desenvolvimento psicossocial, das desestruturações e reestruturações ao longo do tempo, de crises, de mudanças próprias a certos períodos etários; Conceito útil; Normalidade subjetiva Dada maior enfase à percepcao subjetiva do próprio indivíduo em relação ao seu estado de saúde e maior enfase às vivencias subjetivas; Ponto falho é que muitos se sentem bem e de fato apresentam um transtorno mental grave; Egossintônico; Normalidade como liberdade Orientação fenomenológica e existencial; Doença mental perda da liberdade existencial (Henri Ey - Psiquiatra Francês, Psiquiatria Dinâmica); Doença mental é constrangimento do ser, é fechamento, fossilização das possibilidades existenciais; Envolve ter/dispor habilidades que permitiriam ao indivíduo relativizar os sofrimentos e limitações inerentes a condição humana e desfrutar de resquícios de liberdade e prazer que a existência nos oferece; Normalidade operacional Assumidamente arbitrário e com finalidades pragmáticas explícitas; Defini-se a priori o que é normal e o que é patológico e busca-se trabalhar com tais conceitos, aceitando-se as consequências de tal definição prévia; Critérios de Normalidade e de Doença em Psicopatologia Variam consideravelmente em função dos fenômenos específicos com os quais trabalhamos e de acordo com as opiniões filosóficas do profissional; Pode-se associar vários critérios de acordo com o objetivo que se tem em mente; É uma questão de "grau", implica em quantidade e qualidade, há uma diferença de grau; Área da Psicopatologia que exige postura permanentemente crítica e reflexiva;