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Fisiologia da lactação

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LZT5715 - FISIOLOGIA DA LACTAÇÃO 
 
 
 
 
APOSTILA 
 
 
Prof. Paulo Fernando Machado 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ESALQ-USP 
Piracicaba SP 
 
 
 
Índice 
 
Anatomia da Glândula Mamária ......................................................................................................................... 2 
Tipos de glândulas da pele ............................................................................................................................. 6 
Anatomia mamária de bovinos ....................................................................................................................... 6 
Anatomia Externa ....................................................................................................................................... 7 
Sistema Suspensório ................................................................................................................................... 8 
Anatomia Interior ....................................................................................................................................... 9 
Sistema Nervoso ....................................................................................................................................... 10 
Sistema Vascular ...................................................................................................................................... 10 
Linfa e Sistema Linfático ......................................................................................................................... 12 
Referencias ................................................................................................................................................... 14 
Crescimento e Desenvolvimento da Glândula Mamária .................................................................................. 15 
Introdução ..................................................................................................................................................... 15 
Desenvolvimento mamário durante o desenvolvimento fetal ....................................................................... 17 
Desenvolvimento mamário no período pré-puberal. .................................................................................... 19 
Influência do aporte energético no desenvolvimento mamário ................................................................ 20 
Influência da administração de hormônio do crescimento no desenvolvimento mamário ....................... 20 
Desenvolvimento mamário no período pós-puberal. .................................................................................... 20 
Desenvolvimento mamário durante a gestação ............................................................................................ 21 
Desenvolvimento mamário durante a lactação ............................................................................................. 22 
Bibliografia consultada ................................................................................................................................. 23 
Lactogênese – Início da Lactação ..................................................................................................................... 24 
Introdução ..................................................................................................................................................... 24 
Citologia Mamária ........................................................................................................................................ 24 
Indução hormonal da lactogênese ................................................................................................................. 25 
Controle hormonal da lactogênese ............................................................................................................... 26 
Galatopoiese - Manutenção da Lactação .......................................................................................................... 30 
Controle hormonal ........................................................................................................................................ 30 
Remoção do leite .......................................................................................................................................... 33 
Controle Autócrino ....................................................................................................................................... 34 
Ejeção do Leite ................................................................................................................................................. 35 
Reflexo da ejeção do leite ............................................................................................................................. 35 
Picos de ocitocina ......................................................................................................................................... 37 
Outras funções da ocitocina .......................................................................................................................... 38 
Outros mecanismos de ejeção do leite .......................................................................................................... 38 
Envolvimento do sistema nervoso autônomo e estresse ............................................................................... 39 
Leite residual ................................................................................................................................................ 39 
Taxa de Secreção de Leite, Freqüência e Intervalo de Ordenha ....................................................................... 41 
Taxa de secreção de leite .............................................................................................................................. 41 
Intervalo de ordenha ..................................................................................................................................... 41 
Freqüência de ordenha .................................................................................................................................. 42 
Período Seco e Involução Mamária .................................................................................................................. 44 
Período seco e produção de leite subseqüente .............................................................................................. 44 
Conclusões: .............................................................................................................................................. 44 
Período seco e Mastite .................................................................................................................................. 45 
Redesenvolvimento e colostrogênese ........................................................................................................... 48 
Referência Bibliográfica ............................................................................................................................... 49 
Composição e Síntese do Leite ......................................................................................................................... 50 
COMPOSIÇÃO DO LEITE ......................................................................................................................... 50 
LACTOSE ................................................................................................................................................ 52 
Síntese de lactose:..................................................................................................................................... 54 
PROTEÍNA .............................................................................................................................................. 56Nitrogênio não protéico (NNP) .................................................................................................................... 62 
 2
Síntese de proteínas: ..................................................................................................................................... 63 
GORDURA .............................................................................................................................................. 64 
Butírico ..................................................................................................................................................... 66 
Síntese de gordura: ....................................................................................................................................... 67 
Fonte de acetil-Coa ................................................................................................................................... 69 
Via para síntese ........................................................................................................................................ 69 
de NADPH ............................................................................................................................................... 69 
MINERAIS ............................................................................................................................................... 70 
VITAMINAS ............................................................................................................................................ 73 
FONTES DE NUTRIENTES PARA A SÍNTESE DE LEITE .................................................................... 75 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................................................... 79 
Qualidade do Leite ........................................................................................................................................... 80 
1 Introdução .................................................................................................................................................. 80 
2 Qualidade Do Leite: Visão Geral E Mundial ............................................................................................ 81 
2.1 Por que a qualidade do leite é importante? ......................................................................................... 81 
2.2 Padrões de qualidade do leite nos Estados Unidos ............................................................................. 82 
2.3 Padrões de qualidade do leite na União Européia ............................................................................... 83 
2.4 Qualidade do leite na América Latina ................................................................................................ 83 
2.5 Qualidade do leite em outros países ................................................................................................... 84 
2.6 Testes para microrganismos em leite cru ............................................................................................ 85 
segundo Philpot (1998)................................................................................................................................. 85 
2.7 Interesse da saúde pública na qualidade do leite ................................................................................ 86 
2.8 Outras considerações a respeito da qualidade de leite ........................................................................ 87 
3. Programa Nacional de Qualidade do Leite ............................................................................................... 89 
4 Controle De Qualidade De Leite ............................................................................................................... 90 
4.1 Coleta de amostras .............................................................................................................................. 90 
4.2 Análises organolépticas ...................................................................................................................... 91 
4.3 Análises bacteriológicas ..................................................................................................................... 94 
4.4 Análises físicas e químicas ................................................................................................................. 98 
5 Microrganismos No Leite ........................................................................................................................ 102 
5.1 Classificação de bactérias de acordo com preferência pela temperatura: ......................................... 102 
5.2 Bactérias no leite .............................................................................................................................. 103 
5.3 Contagem de bactérias no leite ......................................................................................................... 103 
5.4 Principais bactérias no leite .............................................................................................................. 103 
5.4 Microrganismos psicrotróficos sobre a qualidade do leite................................................................ 105 
6 Contagem De Células Somáticas E Qualidade Do Leite ......................................................................... 106 
6.1 Fatores que afetam as contagens de células somáticas ..................................................................... 106 
6.2 O que são células somáticas? ............................................................................................................ 107 
6.3 Status da infecção é o fator mais importante .................................................................................... 107 
6.4 CCS e a composição do leite ............................................................................................................ 108 
Tabela 4. Indicadores de qualidade quanto à CCS ......................................................................................... 110 
7 Resíduos Antimicrobianos ....................................................................................................................... 110 
8 Tipos De Leite E Processamentos ........................................................................................................... 112 
9 Perdas Provocadas Pela Baixa Qualidade ................................................................................................ 117 
10 Considerações Finais ............................................................................................................................. 119 
16 Referência Bibliográfica ........................................................................................................................ 119 
FATORES QUE AFETAM A COMPOSIÇÃO DO LEITE .......................................................................... 123 
Introdução ................................................................................................................................................... 123 
1. Genética .................................................................................................................................................. 123 
2. Ambiente ................................................................................................................................................ 125 
3. Idade do Animal ..................................................................................................................................... 126 
4. Estágio da Lactação ................................................................................................................................ 126 
4.1. Colostro X Leite ..............................................................................................................................126 
4.2. Mudanças durante a lactação normal. .............................................................................................. 127 
5. Manejo de Ordenha ................................................................................................................................ 128 
6. Sanidade ................................................................................................................................................. 129 
 3
7. Nutrição .................................................................................................................................................. 131 
7.1.Carboidratos ..................................................................................................................................... 132 
7.2. Gordura Dietética ............................................................................................................................ 136 
7.3. Proteína Dietética ............................................................................................................................ 137 
7.4. Tamponantes e outros aditivos ........................................................................................................ 138 
8. Doenças Metabólicas .............................................................................................................................. 138 
9. Animais Transgênicos ............................................................................................................................ 138 
Referências Bibliográficas .......................................................................................................................... 139 
MASTITE ....................................................................................................................................................... 141 
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................................................... 141 
2 TIPOS DE MASTITE ............................................................................................................................. 141 
2.1 Mastite clínica .................................................................................................................................. 141 
2.2 Mastite subclínica ............................................................................................................................. 142 
3. PATÓGENOS CAUSADORES DA MASTITE .................................................................................... 142 
3.1 Mastite contagiosa ............................................................................................................................ 142 
3.2 Mastite ambiental ............................................................................................................................. 144 
4 MÉTODOS DE DETECÇÃO ................................................................................................................. 146 
4.1 Exame físico ..................................................................................................................................... 146 
4.2 Teste da caneca de fundo preto ......................................................................................................... 146 
4.3 California Mastits Test (CMT) ......................................................................................................... 147 
Tabela 1. Escores e o número de células somáticas ....................................................................................... 147 
Células somáticas ................................................................................................................................... 147 
4.4 Contagem de células somáticas (CCS) ............................................................................................. 148 
4.4 Condutividade elétrica ...................................................................................................................... 149 
4.5 Cultura .............................................................................................................................................. 149 
5 QUALIDADE DO LEITE ....................................................................................................................... 149 
Constituição ............................................................................................................................................ 150 
6 COLETA DE AMOSTRAS .................................................................................................................... 150 
6.1 Determinação de componentes e contagem de células somáticas .................................................... 150 
6.2 Cultura microbiológica ..................................................................................................................... 151 
7 CONTROLE ............................................................................................................................................ 151 
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................................... 153 
Terapia para Mastite ....................................................................................................................................... 155 
Programa de Não Tratamento ..................................................................................................................... 155 
Mastite Moderada ........................................................................................................................................... 155 
Mastite Tóxica ............................................................................................................................................ 158 
Sistemas de Ordenha ...................................................................................................................................... 159 
Sala de espera ......................................................................................................................................... 160 
Salas de ordenha ........................................................................................................................................ 162 
Seleção de salas de ordenha .................................................................................................................... 163 
Eficiência de ordenha ................................................................................................................................. 164 
Preparação dos animais .......................................................................................................................... 164 
Fatores que afetam grandes salas de ordenha (tipo paralelo e herrigbone) ............................................. 164 
 
 
 
 4
 
 
Anatomia da Glândula Mamária 
 
 
W L Hurley 
University of Illinois 
Urbana-Champaign 
 
Tradução 
Alfredo Ribeiro Pereira 
Depto. de Produção Animal 
ESALQ - USP 
 
Este capítulo está dividido nos seguintes itens. 
• Glândulas da Pele: uma breve discussão sobre os tipos de glândulas da pele e sua 
características, incluindo a glândula mamária. 
• Anatomia Mamária de Bovinos: uma descrição da anatomia da glândula mamária de 
bovinos. 
• Referências: referências sobre anatomia da glândula mamária. 
• 
 5
Tipos de glândulas da pele 
A glândula mamária é uma glandula da pele. Há muitos tipos de glândula da pele, 
cada uma com um tipo de excreção característico. 
 
 
 
Anatomia mamária de bovinos 
Este item esta dividido nos seguintes subitens. 
• Anatomia Externa 
• Sistema Suspensório 
• Anatomia Interior 
• Sistema Vascular 
• Sistema Nervoso 
 6
• Linfa e Sistemalinfático 
 
Anatomia Externa 
 O úbere da vaca consiste de 4 glândulas separadas localizadas na região inguinal no 
ventre do animal. Cada glândula contêm um teto cada teto contêm uma abertura. As glândula 
são cobertas por pêlos, mas os tetos não o são. As metades direita e esquerda são inteiramente 
separadas (externamente isso é indicado pelo sulco intermamário). Os quartos traseiros 
produzem 55-60% do leite e correspondem a 55-60% do peso do úbere. Os tetos traseiros são 
normalmente menores que os dianteiros. 
Tetos: Os tetos funcionam como a única saída para a secreção da glândula e o único meio 
pelo qual o bezerro pode receber leite. Usualmente existe um único teto em cada glândula. 
Não são encontrados pêlos, glândula sudoríparas ou sebáceas nos tetos das vacas. O formato 
e o tamanho do teto é independente da produção de leite do úbere. O tamanho médio dos 
tetos dianteiros é aproximadamente 6,6 cm de comprimento por 2,9 cm de diâmetro, nos tetos 
traseiros, é aproximadamente 5,2 cm por 2,6 cm. 
Tetos supranumerários: Tetos extras são chamados supranumerários, alguns destes são 
abertos normalmente na glândula, mas muito não o são. Geralmente são retirados antes de 
um ano de vida. Um pseudo-teto não tem canal; assim, não há conecção com as estruturas 
internas da glândula. 
Canal do teto: Funciona como o único orifício entre o sistema interno de secreção de leite e o 
meio externo. O canal do teto é a principal barreira contra a infecção. O canal é coberto com 
células epidérmicas. O canal é mantido fechado por músculos do esfíncter. Seu comprimento 
aumenta com o aumento do número de lactações. 
Roseta de Furstenberg: São dobras da mucosa cercando o final do canal do teto. Ela pode se 
dobrar sobre a abertura do canal devido à pressão quando o úbere está cheio. Também pode 
ser o maior ponto de entrada de leucócitos na cisterna do teto e nela são secretados 
substancias antibacterianas. 
Anéis (pregas) Cricóides: Região proximal do fim da cisterna do teto que separa a cisterna do 
teto e da glândula. 
Cisterna do Teto: A cavidade no interior do teto. É contínua a cisterna da glândula, armazena 
de 50 a 100 ml de leite.. 
 7
 
Sistema Suspensório 
 Um forte sistema suspensório é necessário para manter a glândula corretamente 
ligada ao corpo. Por exemplo uma vaca holandesa de alta produção pode ter 
aproximadamente 22 kg de úbere mais 27 kg de leite perfazendo 49 kg na glândula 
imediatamente antes da ordenha. Lembre-se que a glândula mamária está localizada na pele e 
é externa a cavidade corporal. O sistema de ligamentos e outros tecidos que mantém a 
glândula aderida ao corpo são críticos para uma lactação de sucesso. 
Existem 7 estruturas que dão sustentação ao úbere: 
• Pele – Que possui uma pequena capacidade de sustentar e estabilizar o úbere, mas possui, 
também, função de proteção da glândula. 
• Tecido subcutâneo areolar – Liga a pele aos tecidos internos 
• Tecido areolar denso - Forma a ligação entre a superfície dorsal dos quartos dianteiros e a 
parede abdominal. O enfraquecimento deste tecido causa o descolamento do úbere. Este 
tecido é uma parte do que é referido como ligamento dos quartos dianteiros durante a 
avaliação da conformação. 
• Tendão subpelvico - Não faz parte propriamente do aparelho suspensório, mas dá origem 
a duas camadas do ligamento suspensório lateral. Não é um tecido contínuo mas é ligado 
à pélvis em vários pontos. 
• Camadas superficiais do ligamento suspensório lateral – principalmente composta por 
tecido fibroso com algum tecido elástico. Se estende pela área púbica, quando alcança o 
úbere se espalha, continuando sobre a superfície externa do úbere sob a pele e se ligando 
ao tecido areolar. 
• Ligamento suspensório lateral – Composto principalmente por tecido fibroso, também se 
inicia no tendão subpélvico, se estende por todo o úbere, quase que o envolvendo. O 
ligamento prende a superfície lateral do úbere por numerosas lamelas que passam pela 
glândula, e se tornam contínua com a armação intersticial do úbere. Este ligamento prove 
um suporte substancial para o úbere. O ligamento suspensório lateral da direita e 
esquerda não se unem sob o fundo do úbere. A natureza fibrosa deste tecido não permite 
que ele estique a medida que o úbere enche de leite, assim o centro do úbere tende a se 
distanciar do corpo. 
 8
• Ligamento suspensório médio – Este é a parte mais importante do sistema suspensório. 
Ele é composto de duas folhas de tecido amarelo, elástico adjacentes que surgem na 
parede abdominal e que prende as duas metades do úbere. Este ligamento possui grande 
capacidade de distensão, assim ele estica a medida que a glândula se enche de leite. É 
localizado no centro de gravidade do úbere, assim mesmo que todos os outros tecido que 
prendem a glândula sejam cortados ela permanece balanceada. 
O ligamento suspensório médio parcialmente separa as metades direita e esquerda do úbere. 
Os quartos traseiros e dianteiros são separados por uma fina membrana. 
NÃO há ligação interna entre os quartos de leite da glândula. Se for injetado tinta no teto de 
uma glândula, só será tingido aquele quarto. 
Anatomia Interior 
A anatomia interior é composta por: 
• Tecido conjuntivo – tecido fibroso e adiposo. 
• Tecido secretor – células epiteliais secretoras – produtor de leite. 
A quantidade relativa deste dois varia de animal para animal. 
• Cisterna da glândula – se abre diretamente na cisterna do teto. Serve para estocagem do 
leite (100 – 400 ml). Freqüentemente ocorrem bolsões formados na cisterna no fim dos 
dutos de maior diâmetro. 
1. Organização do tecido secretor: 
O tecido secretor é organizado em alvéolos, que formam lóbulos que por sua vez formam 
lóbos. 
• Alvéolo – São estruturas em formato globoso onde o leite é sintetizado e excretado. É 
estimado que o alvéolo contenha aproximadamente 1/5 de gota de leite. O lúmen do 
alvéolo é cercado por uma camada unicelular de células epiteliais. Esta camada é cercada 
por células mioepiteliais que se contraem em resposta a oxitocina, resultando em 
expulsão do leite do lúmen. Além das células mioepiteliais o alvéolo é cercado pela 
membrana basal. A rede de capilares que reside em volta dos alvéolos é parte do estroma. 
Um grupo de alvéolos poderia ser visualizado como um cacho de uvas. 
• Lóbulo – É formado por alvéolos (150-220) cercado por tecido conjuntivo. 
• Lóbo – São grupos de lóbulos envolvidos por tecido conjuntivo. Cada glândula mamária 
é composta por muitos lóbos. 
 9
2. Sistema de dutos 
Os dutos são túbulos através dos quais o leite desce dos alvéolos para a cisterna da 
glândula. Dutos primários ou interlobares drenam muitos lóbos. Eles são geralmente 
compostos por duas camadas de células não secretoras e possuem muitas células 
mioepiteliais. Dutos intralobares se localizam dentro do lóbo e drenam diferentes 
regiões. Dutos interlobulares ou secundários drenam múltiplos lóbulos. Eles são 
compostos por uma única camada de células secretoras envolvidas por células 
mioepiteliais e participam da ejeção do leite induzida por oxitocina. Os dutos 
intralobulares são pequenos dutos dentro do lóbulo. Dutos terciários são pequenos dutos 
que deixam os alvéolos. 
Sistema Nervoso 
Alguns pontos importantes do sistema nervoso da glândula mamária: 
• Ocorrem dois tipos de nervos: sensitivo (que leva informações da glândula para o sistema 
nervoso central) e motor (que traz as respostas do sistema nervoso central). 
• Os nervos no úbere estão mais dispersos do que em outros órgãos. 
• Os nervos simpáticos nos tecidos estão associados às artérias. 
• Nervos sensoriais são encontrados nos tetos e na pele. 
• Não ocorre inervação parasimpática na glândula (similarmente as outrasglândulas da 
pele). 
• Não há inervação no sistema secretório. As células mioepiteliais não são inervadas, 
portanto não se contraem por estimulo nervoso direto, mas por estimulo hormonal 
(oxitocina). 
• Poucos nervos vão para o interior da glândula, desse modo pode ser feita biopsia da 
glândula apenas com anestesia local para a pele. 
 
Sistema Vascular 
 O suprimento sangüíneo da glândula é extremamente importante para a função 
mamária. Todos os precursores do leite vêm do sangue. Na média 400 – 500 unidades de 
sangue passam através da glândula para produzir uma unidade de leite. Isto significa que em 
uma vaca de alta produção, 280ml de sangue passam por segundo pelos capilares. 
 10
 Cabras de alta produção tem uma menor relação unidades de sangue por unidade de 
leite (460:1) comparadas com cabras de baixa produção (1000:1). Isto significa que o volume 
de sangue que passa pela glândula pode ser similar para cabras de alta e baixa produção, mas 
a eficiência de extração dos componentes é maior nos animais de alta produção. O mesmo 
principio é provavelmente similar em vacas. 
 O volume sangüíneo no úbere de vacas em lactação é de cerca de 8 % do volume 
sangüíneo total, enquanto que para vacas secas é de cerca de 7,4 %. Há um aumento de 2 a 6 
vezes no fluxo sangüíneo para a glândula começando 2 a 3 dias antes do parto. A diminuição 
da produção com o avanço da lactação não é devido à diminuição do fluxo sangüíneo. 
Sistema Arterial: 
 O sangue deixa o coração e flui para a região caudal através da artéria aorta 
abdominal. Quando alcança a área pudica os vasos são chamados artérias ilíacas que se 
dividem em interna e externa. A artéria ilíaca externa se divide em artéria pudenda interna e 
externa. Por sua vez a artéria pudenda externa então passa pelo canal inguinal e sai da 
cavidade do corpo. O canal inguinal é o orifício na região inguinal da cavidade do corpo por 
onde os vasos sangüíneos, linfáticos e nervos passam para suprir a pele na parte posterior do 
animal. A artéria pudenda externa ao passar pela cavidade do corpo se torna a artéria 
mamária (1 cm diâmetro), que é dividida em artéria mamária anterior (cranial) e posterior 
(caudal), que se dividem e descem pela glândula. 
 Uma pequena quantidade de sangue alcança a glândula através da artéria perineal (da 
artéria ilíaca interna), ma só supre a porção superior traseira da glândula. 
Flexão sigmóide – Imediatamente abaixo do canal inguinal artéria pudenda forma uma 
flexão em forma de "S", que permite a decida do úbere quando está cheio de leite sem forçar 
os vasos sangüíneos. 
 Essencialmente não ocorrem trocas sangüíneas entre as duas metades do úbere (com 
algumas pequenas exceções) 
Sistema Venoso: 
 Existem três veias de cada lado do úbere. 
1. Veia púdica externa deixa o úbere paralelamente a artéria púdica externa (2-3 cm 
diâmetro). 
 11
2. Veia abdominal subcutânea (veia do leite) sai da glândula na frente dos quartos anteriores 
e vai seguindo a parede abdominal (1-2,5 cm diâmetro). Esta é a maior veia visível sob a 
pele da barriga da vaca. Entra na cavidade do corpo pela cartilagem xifóide ("poço do 
leite"), se junta a veia torácica interna e finalmente termina na veia cava. 
3. Veia perineal deixa a parte traseira da glândula paralelamente a artéria perineal (0,5 cm 
diâmetro). Transporta menos de 10 % do sangue que sai da glândula. 
Círculo Venoso: Formado por anastomose entre as veias mamária anterior e posterior. 
Previne a paralisação da saída venosa pelo fechamento do dos vaso quando a vaca deita. 
Linfa e Sistema Linfático 
Muitas moléculas de todos os tamanhos deixam os capilares mas não retornam a drenagem 
venosa no âmbito dos tecidos. Especialmente as moléculas maiores como as proteínas. Estes 
juntamente com metabólitos celulares e alguns produtos de secreção que se permanecessem 
no espaço intersticial (extracelular) poderiam romper o balanço osmótico do tecido, 
impedindo a saída de nutrientes dos capilares, são drenados pelo sistema linfático. 
Função dos vasos linfáticos: 
- O fluido extracelular é drenado dos tecidos e conduzido de volta ao sistema circulatório 
através da rede linfática. 
- Além disso nos nódulos linfáticos ocorre concentração de glóbulos brancos que combatem 
bactérias e material estranho. 
- O sistema linfático serve para transportar vitaminas lipossolúveis e lipídios absorvidos nos 
intestinos. 
 Os vasos linfáticos se originam nos espaços intercelulares como tubos endoteliais 
muito finos e de fundo fechado (capilares linfáticos). São análogos aos capilares sangüíneos, 
mas muito mais permeáveis. Eles não possuem membrana basal. Os capilares convergem 
para vasos de maior diâmetro. 
 A linfa é incolor e possui composição similar a do plasma sangüíneo. Mudanças na 
composição do plasma vão mudar a composição da linfa. A concentração protéica da linfa é 
menor que a do plasma, 1,5 vs. 6 % respectivamente. Proteínas específicas diferem, por 
exemplo a albumina é menor que as globulinas e deixa os capilares sangüíneos mais 
rapidamente que as globulinas, assim a porcentagem de albumina na linfa e no plasma são 
mais próximas 1,8 % no plasma e 2,5 % na linfa. A concentração de proteínas na linfa varia 
 12
inversamente a taxa de formação. A taxa de filtração varia em função do tecido, no fígado e 
intestino a linfa tem aproximadamente 5 % de proteína e nas extremidades tem 
aproximadamente 0,5 %. 
 O fluxo linfático é usualmente baixo. Isso é principalmente influenciado pela taxa de 
formação. Por exemplo se a pressão sangüínea nos capilares é aumentada por vaso dilatação 
arterial ou constrição venosa, o fluxo linfático é aumentado. Além disso, o fluxo é afetado 
por compressão linfática causada pela contração da musculatura vizinha e por pressão 
intratorácica negativa (respiração). Válvulas previnem o refluxo. 
 No úbere, os vasos linfáticos se dirigem a nódulos supramamários, que normalmente 
ocorrem um ou dois de cada lado, mas podem chegar a 7. Seu tamanho é de cerca de 7 x 5 x 
2 cm na média. Freqüentemente existem nódulos linfáticos acessórios no interior da glândula 
ou próximos a pele. Os vasos linfáticos deixam a glândula através do canal inguinal. Existe 
uma extensiva drenagem linfática dos tetos. 
 Edema é a cumulação excessiva de fluidos no espaço intersticial, essa acumulação 
pode retardar a troca de nutrientes e metabólitos. A filtração do fluido extracelular excede a 
drenagem. Qualquer coisa que aumente a pressão capilar, aumente a permeabilidade capilar 
ou bloquei os vasos linfáticos pode resultar em aumento e congestão do compartimento 
extravascular. 
 O edema de úbere é o inchaço do úbere e ocorre particularmente em novilhas 
próximas ao parto. O fluido acumula entre a pele e o tecido glandular, assim como na 
glândula. A espessura da pele é de usualmente ¼ de polegada incluindo as camadas 
subcutâneas, mas durante o edema pode aumentar sua espessura até 2 polegadas. 
 Edema severo pode provocar o colapso das estruturas de sustentação do úbere. O 
edema é freqüentemente causado por um desbalanço na pressão hidrostática dos vasos e 
osmótica dos tecidos, aumento do fluxo de saída dos capilares sangüíneos. Isto pode ocorrer 
devido a danos na parede do capilar ou obstrução do sistema linfático. Não se sabe 
exatamente por que acontece, mas da medicina humana sabemos que o aumento do consumo 
de sal e líquido, aumento da temperatura ambiental ou dano na enervação pode contribuir 
para o problema. 
 
 
 13
Fluxo linfático na glândula mamária: 
Espécie Fluxo 
Cabra em lactação 6,5-35 ml/h 
ou 150-840 ml/dia 
Vaca seca 14-240 ml/h 
ou 336-5760 ml/dia 
Vaca em lactação 1300 ml/h 
ou 31200 ml/dia1,6 unidades de linfa deixam a glândula para cada 1 unidade de leite produzida 
Referencias 
Turner, CW 1939 The Comparative Anatomy of the Mammary Glands. University Cooperative Store, 
Columbia, MO. 
Turner, CW 1952 The Mammary Gland. I: The Anatomy of the Udder of Cattle and 
Domestic Animals. Lucas Brothers Publ., Columbia, MO. 
Schmidt, GH 1971 Biology of Lactation. W. H. Freeman &;Co., San. Francisco, CA. 
Espe, D, Smith, VR 1952 Secretion of Milk. The Iowa St. College Press, Ames, IA. 
Vorherr, H 1974 The Breast. Morphology, Physiology, and Lactation. Academic Press, New 
York, NY. 
Kon, SK, Cowie, AT 1961 Milk: the Mammary Gland and Its Secretion. Vol. 1, Academic 
Press, New York, NY. 
 
 14
Crescimento e Desenvolvimento da Glândula Mamária 
 
Lea Chapaval 
Med. Veterinária 
Introdução 
 A secreção do leite envolve tanto a síntese intracelular de leite como a subsequente passagem de leite 
do citoplasma das células epiteliais para o lúmem alveolar. A descida do leite inclui a saída passiva do leite para 
as cisternas e a ejeção ativa do leite da luz alveolar. A lactação refere-se ao processo combinado de secreção e 
saída do leite; lactogênese é o início da secreção do leite; e a galactopoese é usada em sentido geral para se 
referir à manutenção da secreção de leite e/ou intensificação da lactação estabelecida (Dukes, 1993). 
Os hormônios regulam o crescimento, o desenvolvimento e a diferenciação normais da glândula 
mamária e a lactação subsequente. As glândulas endócrinas mais intimamente ligadas com a função mamária 
são a pituitária, o hipotálamo, os ovários e a placenta, mas outras glândulas influenciam indiretamente a 
lactação (Tabela 1). 
 
Tabela 1. Principais hormônios que afetam a função mamária 
Glândula 
endócrina 
Hormônio secretado Principal função associada com o 
glândula mamária 
Hipófise anterior 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Hipófise posterior 
Hipotálamo 
 
 
 
 
 
Hormônio folículo-estimulante 
(FSH) 
 
Hormônio luteinizante (LH) 
 
Prolactina (PRL) 
 
Hormônio do crescimento (GH) 
Hormônio estimulante da tireóide 
(TSH) 
 
Hormônio adrenocorticotrópico 
(ACTH) 
 
Ocitocina 
Hormônio liberador do hormônio 
do crescimento 
Somatostatina 
Secreção de estrógenos pelos 
folículos ovarianos 
Secreção da progesterona pelo 
corpo lúteo 
Crescimento mamário; início e 
manutenção da lactação 
Estimula a produção de leite 
Estimula a tireóide para secretar a 
tiroxina triiodotironina 
Estimula a glândula adrenal para 
secretar glicocortocóides 
Ejeção do leite 
Estimula a liberação de GH 
 
Inibe liberação de GH 
Estimula liberação de TSH 
(também prolactina e GH) 
Estimula liberação de ACTH 
 15
 
Tireóide 
 
 
 
Paratireóide 
Pâncreas 
Córtex adrenal 
 
 
Medula adrenal 
Ovário 
 
 
Placenta 
 
 
Hormônio liberador da tireotrpina 
(TRH) 
 
Fator liberador de corticotropina 
Fator inibidor de prolactina 
(dopamina) 
Tiroxina; triiodotironina 
 
 
Tireocalcitonina 
Hormônio da paratireóide 
Insulina 
Glicocorticóides (cortisol, 
corticosterona) 
Mineralocorticóides (aldosterona) 
Epinefrina e norepinefrina 
Estradiol 
Progesterona 
 
Estradiol 
Progesterona (dependendo da 
espécie) 
Lactogênio placentário 
 
Inibe a liberação de prolactina 
Estimula o consumo de oxigênio, 
síntese de proteína e 
rendimento leiteiro 
Metabolismo do cálcio e fósforo 
Metabilismo do cálcio e fósforo 
Metabolismo da glicose 
Início e manuntenção da lactação 
 
Metabolismo mineral e eletrólitos 
Inibição da ejeção do leite 
Crescimento dos ductos mamários 
Crescimento lóbulo-alveolar 
mamário; inibição da lactogênese 
Ver ovário 
Ver ovário 
Crescimento mamário 
Adaptado de Tucker 1985, em Larson, ed., Lactation, Iowa University Press, Ames , Iwoa 
 
 O desenvolvimento estrutural da glândula mamária, geralmente é dividido em cinco fases: 
desenvolvimento fetal (estruturas básicas, não hormonal), pré-puberal, pós-puberal, gestacional e durante a 
lactação. 
 O crescimento da glândula mamária tem lugar durante vários momentos reprodutivos, iniciando na 
época pré-natal ao início da lactação. O desenvolvimento mamário durante os estágios fetal e pré-puberal não 
está, necessariamente, sob controle hormonal. Durante a puberdade, a gestação e o aleitamento, entretanto, o 
crescimento e o desenvolvimento estão amplamente sob a influência hormonais. O maior volume de 
crescimento mamário tem lugar durante a gestação e depois a glândula mamária regride após o pico de lactação. 
O ciclo repete-se a cada gestação e lactação (Dukes, 1993). 
 
 16
Desenvolvimento mamário durante o desenvolvimento fetal 
 
Desenvolvimento mamário antes do nascimento 
 
 Esta descrição específica (idade do feto, tamanho do embrião, etc) é para a espécie bovina, mas de 
modo geral é similar para a maioria dos mamíferos (Tabela 2). 
 
• Faixa Mamária - forma-se quando o embrião tem cerca de 31 dias e possui mais ou menos 1cm de 
comprimento. É uma linha de células ectodérmicas ( que irão formar a pele e suas glândulas) que aparece 
a cada lado e paralelamente à linha média ventral. É chamada de primeiro anexo – primeiras células ou 
grupo de células as quais são destinada à formar qualquer parte do corpo ou orgão. 
• Risca Mamária - favorece o desenvolvimento do anexo. 
• Linhas Mamárias - encontrada quando o feto possui 4 a 5 semanas de idade e 1,4 a 1,7 cm. São várias 
camadas de células ectodérmicas. 
• Crista Mamária - camadas ectodermais começam a crescer dentro de camadas de células mesenquimais. 
• Vale Mamário - crescimento interno contínuo de camadas ectodermais. 
• Botão Mamário - nas espécies bovinas são dois de cada lado da faixa mamária (os quais irão promover a 
formação dos quartos anteriores e posteriores). O botão mamário é formado no segundo mês de gestação, 
quando o embrião possui aproximadamente 2,1 cm. As camadas ectodérmicas são posicionadas dentro do 
mesênquima deixando uma “cova” (fossa mamária). 
 
 
OBS: Diferenças entre os sexos 
 
 Até o estágio de botão mamário, o desenvolvimento nos machos e nas fêmeas é idêntico. As diferenças 
no desenvolvimento mamário começam a aparecer a partir deste ponto. 
° botões mamários nas fêmeas são ovóides e nos machos, esféricos. 
° botões mamários nas fêmeas tem menor volume que nos machos. 
° botões mamários das fêmeas não formam uma fossa mamária tão profunda como nos machos. 
° a formação do teto na fêmea é caracterizada por ser do tipo pontiagudo e no macho o teto aparece com forma 
achatada no final. 
° não há formação de teto em ratos, camundongos e cavalos machos. 
° outras espécies – após 60 dias de idade fetal o desenvolvimento mamário no macho é semelhante ao da fêmea, 
embora o desenvolvimento da teta prossiga um tanto mais lentamente no macho. 
 
• Desenvolvimento precoce do teto - começa aos 60 dias, com o feto tendo aproximadamente 8 cm. 
Crescimento rápido do mesênquima em volta do botão mamário, empurrando o botão para fora da 
 17
superfície. Começa a formação de vasos sanguíneos. Ocorre também a invaginação de células do botão 
mamário para dentro do mesênquima, desviando as células mesenquimais. Esta invaginação se torna o 
brotamento primário, por volta dos 80 dias. Este evento marca o início da rede de ductos, mas até este ponto 
ainda é um sólido núcleo de células. O brotamento primário da origem à cisterna do teto e à cisterna da 
glândula. 
• Brotamentos secundários - começa aproximadamente nas 13-14 semanas, previamente à canalização dos 
brotamentos primários.Os brotamentos ainda são um sólido núcleo de células. Os brotamentos secundários 
irão formar a maioria dos ductos. 
• Canalização – começa por volta dos 100 dias, com o feto tendo aproximadamente 19 cm de comprimento. 
Como a circunferência do broto primário aumenta, o lúmem é formado. A formação vem da parte proximal 
do teto e ocorre nas duas direções, formando a primeira cisterna da glândula. Os brotamentos secundários 
começam pelas bases. A canalização ocorre na parte de trás através da superfície, formando a cisterna do 
teto (aproximadamente 130 dias), e finalmente há a formação do canal do teto. 
 
**** A maioria das mudanças no desenvolvimento mamário terão ocorrido na metade da gestação, antes 
do nascimento. 
 
 
Tabela 2. Desenvolvimento embrionário e fetal da glândula mamária 
Estágios de desenvolvimento 
da glândula mamária 
Idade do embrião 
ou feto (dias) 
Comprimento do embrião ou feto 
(mm) 
Faixa Mámaria 
Linha Mamária 
Crista Mamária 
Vale Mamário 
Botão Mamário 
Formação do teto 
Brotamento primário 
Brotamento secundário 
Canalização do broto 
Cisterna da glândula 
Cisterna do teto 
Parto 
32 
35 
37 
40 
43 
65 
80 
90 
100 
110 
130 
280 
14 
17 
19 
21 
25 
80 
120 
160 
190 
230 
300 
- 
 
 
Ao nascimento, é observado o seguinte: 
- O teto esta bem desenvolvido; 
 18
- Os brotamentos secundários estão canalizados, mas na parte final, ainda são um núcleo sólido de células. Estas 
células são as que continuarão a crescer e ramificar. 
 - O crescimento dos brotos é limitado pela área ao redor da cisterna da glândula. 
- Há formação de tecido não secretor (tecido conjuntivo, vasos sanguíneos, vasos linfáticos). 
- O macho é similar à femêa, mas não em todo desenvolvimento. 
 
Macho vs.Fêmea ao estágio de botão mamário 
 
• As partes secretora e glândular não se desenvolvem ao mesmo tempo. 
• Qualquer problema de desenvolvimento que ocorra antes do nascimento, influenciará no desenvolvimento 
futuro e, finalmente, na produção de leite. 
Em camundongos, por exemplo: 
- injeção de testosterona na mãe gestante leva à masculinização da glândula mamária no feto fêmea. Receptores 
de testosterona aparecem no desenvolvimento da glândula mamária de camundongos antes do estágio do botão 
mamário. 
- a castração de fetos machos resulta em um padrão de desenvolvimento mamário feminino no feto macho. 
- A ovariectomia de um feto fêmea não altera o desenvolvimento mamário normal, mas a injeção de altas doses 
de estrógeno inibe o desenvolvimento mamário. 
- A injeção de hormônio de crescimento no feto aumenta o desenvolvimento da glândula mamária em ambos os 
sexos do feto. 
 
 
Desenvolvimento mamário no período pré-puberal. 
 
Do nascimento à puberdade (6 a 8 meses): 
 
Até 2 ou 3 meses o crescimento é isométrico, ou seja, a velocidade do crescimento mamário está de 
acordo com a velocidade do crescimento corporal, até o início da atividade ovariana que precede a puberdade. O 
sistema de ductos se desenvolve pouco. O aumento no tamanho do úbere é resultado do aumento contínuo de 
gordura e de tecido conjuntivo. Não há desenvolvimento de tecido secretor neste período. 
Aos 2 ou 3 meses, aproximadamente, começa o crescimento alométrico ( antes do primeiro ciclo estral 
o parênquima mamário começa a crescer a uma taxa mais rápida do que o corpo como um todo). No bezerro, 
está incluído um extenso crescimento e desenvolvimento da rede de ductos, os quais invadem os arredores do 
tecido adiposo. O crescimento alométrico é acelerado por volta dos 3-4 meses e atinge seu máximo por volta de 
1 ano de idade. Isto não ocorrerá na ausência de tecido adiposo. Existe, aparentemente interações locais entre o 
“enchimento” adiposo e o crescimento do sistema de ductos, mas tais interações não estão completamente 
entendidas. 
 19
A palpação da glândula do nascimento aos 6 meses de idade é um pobre indicativo do futuro potencial 
de produção de leite no animal adulto. Em novilhas, a correlação entre DNA e RNA mamário e a produção 
subsequente é baixa, em torno de 0,25. 
 
Influência do aporte energético no desenvolvimento mamário 
 
- o crescimento mamário que ocorre durante os estágios críticos hormônios-dependentes do 
desenvolvimento, é sensível ao plano nutricional. 
- as variações na intensidade de alimentação (densidade do nutriente) podem alterar a secreção de um 
ou mais hormônios, tais como a somatotropina e corticosteróides, que regulam o crescimento mamário e sua 
diferenciação. 
- a superalimentação ou a restrição rigorosa da ingestão de alimentos inibe o desenvolvimento normal 
da glândula mamária, especialmente o grau de proliferação do parênquima. 
- a alimentação ad libitum em um grupo pré-pubere resultou em decréscimo de tecido secretor em 23% 
e decréscimo do DNA mamário em torno de 32% quando comparado ao grupo em restrição alimentar. O nível 
de alimentação não teve efeito em novilhas pós-puberes. 
- a concentração sérica de prolactina, insulina e glicocorticóides foram mais altas nas novilhas 
alimentadas ad libitum tanto no período pré como no período pós-puberal. Entretanto, o hormônio do 
crescimento teve aumento em novilhas pré-puberes com restrição alimentar quando comparadas ao grupo ad 
libitum, mas não houve diferença no nível de GH no grupo de animais pós-puberes. O tecido mamário secretor 
tem uma correlação positiva com os níveis de GH. O tecido secretor mamário possui uma correlação negativa 
com o tecido mamário adiposo. 
- o efeito de uma alta taxa de crescimento no desenvolvimento mamário em novilhas pré-puberes 
afetam a lactação subsequente. A restrição alimentar durante o período pré-puberal também pode diminuir a 
lactação subsequente. Mas o efeito da superalimentação durante o período pré-puberal pode ser permanente. 
 
Influência da administração de hormônio do crescimento no desenvolvimento mamário 
 
A administração diária de somatotropina (hormônio do crescimento) em novilhas de 8 até 15,6 meses 
de idade resultaram em aumento do parênquima mamário e decréscimo do tecido extraparênquimal. O GH pode 
ser o maior fator de controle do desenvolvimento mamário durante o período do pré-parto. Porém, a 
administração do GH durante o período pré-pubere não aumenta a quantidade de leite durante a primeira 
lactação. 
 
 Desenvolvimento mamário no período pós-puberal. 
 
 20
Da puberdade à concepção 
 
Existe uma variação considerável entre espécies, na extensão do desenvolvimento mamário durante este 
período. 
 Animais acíclicos como os coelhos, os quais permanecem em estro por longos períodos e na ausência 
de copulação, possuem extensivo desenvolvimento dos ductos e uma pequena formação dos alvéolos durante o 
estro. 
 Animais cíclicos tem repentinos desenvolvimentos de ductos. No rato, a proliferação dos ductos 
dentro do tecido adiposo se dá durante o pró-estro e o estro. O desnvolvimento mamário dos ductos aumenta 
cerca de 8% por ciclo estral, então regride ou involui durante o metaestro e o diestro. Isto é similar em bovinos, 
mas no declínio do pós-estro, é irregular no tecido parênquimal. 
 O crescimento durante o estro pode ser claramente relacionado com os hormônios esteróides 
ovarianos. Todavia as funções exatas do estrógeno e da progesterona ainda não estão completamente 
esclarecidas, pois a maioria dos estudos têm sido realizados em ratos ou camundongos e muitos estudos não 
avaliam a influência dos hormônios pituitários – PRL e GH. O estrógeno causará uma baixa secreção de PRL 
em algumas circunstâncias fisiológicas. A PRL poderá também influenciar baixas respostas da glândula 
mámaria parao estrógeno, via E receptores. 
 Tradicionalmente: 
• Estrógeno (E) causa o desenvolvimento dos ductos (comprimento e ramificação), mas pode ser 
inibitório em altos níveis. 
• Progesterona (P) inibe o desenvolvimento mamário, mas somente em altas concentrações. 
• E + P causam desenvolvimento lóbulo-alveolar, mas não em animais hipofisectomizados. 
 
Desenvolvimento mamário durante a gestação 
 
 O crescimento mamário (materno) acelera através da gestação. Isto é mais marcante durante os 
estágios finais da gestação, o que coincide com o período de desenvolvimento fetal mais acelerado. 
*** O maior desenvolvimento lobuloalveolar ocorre somente durante a gestação ! ! ! ! 
As celúlas secretoras do leite desenvolvem-se somente durante a gestação, porém este período é 
extremamente importante na determinação do número de células secretoras na glândula lactante e na produção 
de leite subsequente. 
 
Hormônios envolvidos no desenvolvimento mamário durante a gestação 
 
• Estrógeno e Progesterona: 
 21
Um crescimento mamário ótimo requer tanto o estrógeno quanto a progesterona. Juntos promovem o 
crescimento lobuloalveolar. Ambos hormônios estão elevados durante a gestação, o que justifica a ausência de 
crescimento durante o ciclo estral, quando somente o estrógeno está elevado. 
Estes dois hormônios juntos estabelecem a condição necessária para ocorrer a multiplicação correta 
das células. Durante a gestação, o tecido mamário possui receptores de estrógeno e progesterona. Durante a 
lactação a glândula mamária só possui receptores de estrógenos. 
 
• Prolactina e Hormônio do crescimento 
Níveis de PRL e GH normalmente estão diminuídos durante a gestação na maioria das espécies. 
Provavelmente PRL e GH são requeridos para o desenvolvimento mamário, mas seus níveis sanguíneos 
normalmente não são limitantes. Uma exceção pode ser feita para o coelho, onde a PRL age para o 
desenvolvimento mamário. O coelho é uma das poucas espécies que não possui lactogênio placentário. 
 
 Outros hormônios envolvidos no desenvolvimento mamário durante a gestação 
 
• Lactogênio placentário 
Sintetizado e secretado pela placenta. Provavelmente há sinergismo com E, P, PRL e GH no 
desenvolvimento mamário. 
 
• Insulina 
Insulina estimula a mitose das células mamárias in vitro, mas isso não é absolutamente essencial in 
vivo. A insulina pode ainda fazer sinergismo com o E e a P para aumentar o crescimento mamário. 
A insulina diminui durante a gestação, sendo que provavelmente não é limitante para um 
desenvolvimento mamário normal. 
 
• Hormônios tireoideanos 
 O efeito na glândula provavelmente é indireto. O hipotireoidismo retarda o desenvolvimento dos 
ductos e o crescimento lóbuloalveolar. A administração de hormônios tireoideanos restaura o padrão normal de 
desenvolvimento. 
 
Desenvolvimento mamário durante a lactação 
 
 O número de células mamárias continua aumentando no início da lactação. Em vacas, o DNA mamário 
aumenta cerca de 65% nos 10 dias pré e pós-parto. O número de células na glândula mamária da vaca não têm 
sido determinado durante o período lactacional. 
 A maior parte do desenvolvimento possível durante a lactação pode ser maior que o total durante a 
gestação, pelo menos no rato. 
 22
 
Bibliografia consultada 
 
 Hurley, W.L., Lactation Biology – Biology Course. University of Illinois, 1998. 
 Anderson, R.R., Lactation. Iowa University Press, Ames, Iowa, 1985. 
 Dukes, H.H., Fisiologia dos Animais Domésticos, p.645, 1993. 
 23
Lactogênese – Início da Lactação 
 
Paula Marques Meyer 
Eng. Agrônoma 
 
Introdução 
 
 A lactogênese é o processo de diferenciação pelo qual as células alveolares mamárias adquirem a 
capacidade de secretar leite. A lactogênese é um processo compreendido em dois estágios: 
 - Diferenciação celular e enzimática das células epiteliais alveolares. Coincide com a secreção e a 
síntese limitada de leite antes do parto. 
 - Secreção intensa de todos os componentes do leite. Começa em torno de 0 a 4 dias antes do parto e 
estende-se por alguns dias após o parto. 
 
Alguns pontos a serem considerados: 
° durante o final da gestação, a glândula mamária desenvolve a capacidade de produzir leite, mas a secreção 
intensa não acontece até muito próximo ao parto. 
° a glândula mamária parece encontrar-se em um estado onde as células secretoras de leite estão presentes, mas 
a secreção intensa do leite ainda não ocorre. Estas células tem a capacidade de sintetizar caseína e gordura do 
leite, e quantidades limitadas dos outros constituintes. 
 
 *** A síntese da lactose é a chave para a secreção do leite *** 
 
Citologia Mamária 
 
As células alveolares epiteliais pré-lactantes possuem um núcleo irregular, pouco RER (retículo 
endoplasmático rugoso), um complexo de Golgi pouco desenvolvido, poucas microvilosidades na superfície 
apical, poucas mitocôndrias, e talvez 1 ou 2 gotículas de gordura. 
Imediatamente antes e durante o parto, ocorre uma dramática hipertrofia do RER e do complexo de 
Golgi, aparecimento de grandes vesículas contendo micelas de caseína, liberação de material granular (micelas 
de caseína) dentro do lúmen, um aumento do número de gotículas de gordura citoplasmáticas e sua liberação 
dentro do lúmen, um aumento de microvilosidades na membrana celular apical, e um aumento do número de 
mitocôndrias por célula. A polaridade celular se torna evidente: o RER encontra-se, primariamente, na metade 
basal da célula, o núcleo é deslocado para a porção basal da célula, e o complexo de Golgi está numa posição 
apical ao núcleo. 
 24
 
Efeitos locais 
 
 As vacas irão secretar maiores quantidades de leite quando ordenhadas no período pré-parto. Sendo 
assim, os eventos ocorridos na lactogênese não devem necessariamente ocorrer no peri-parto, quando ocorrem 
quantidades elevadas de hormônios. 
 Se cada quarto do úbere da vaca for ordenhado, em diferentes tempos, no pré-parto, teremos 
composições do leite diferentes para cada quarto no momento da parição. Isto sugere que algum fator 
intramamário está inibindo a ativação final da secreção do leite, pois todos os quartos são expostos a mesma 
concentração hormonal plasmática. 
 
Matriz Extracelular 
 
 Apesar dos hormônios certamente serem os maiores fatores reguladores de eventos e processos 
celulares associados com as funções celulares mamárias, tais como a lactogênese e a secreção do leite, estudos 
in vitro mostram claramente que outros fatores também são importantes. Um fator chave é a interação das 
células epiteliais com seu ambiente extracelular, especificamente as interações da célula com a matriz 
extracelular. 
 A matriz extracelular (ECM) é amplamente definida como um componente não celular dos tecidos ou, 
na glândula mamária como um componente não celular do estroma. A maioria da ECM dos tecidos é 
constituída de colágeno. Existem numerosos tipos de colágeno que são encontrados nos diferentes tecidos. O 
colágeno constitui uma grande porção da matriz extracelular dos ossos, cartilagens, cabelos, unhas e chifres, 
bem como a matriz do tecido conjuntivo dos tecidos moles. A ECM é mais do que somente colágeno. A 
associação entre a célula epitelial e a membrana basal é essencial para muitos processos celulares associados 
com a lactação, tais como a máxima expressão gênica das proteínas do leite, a síntese protéica máxima e uma 
significante secreção das proteínas do leite. 
 A membrana basal geralmente é composta por diferentes proteínas da ECM, incluindo o colágeno (tipo 
IV), laminina e proteoglicanas. Estes complexos protéicos entrelaçam-se e ligam-se, através de pontes, à 
proteínas da superfície celular, formando uma malha estruturalem volta das células e ancorando as células à 
esta malha. Este "ancoradouro" permite as células desenvolver a polaridade necessária e a orientação celular 
para secretar os componentes do leite na superfície apical da célula. 
 
Indução hormonal da lactogênese 
 
 A lactação pode ser induzida através da administração de hormônios apropriados. Para os bovinos, um 
programa de administração geralmente envolve vários dias de estrógeno e progesterona em altos níveis, seguido 
por um aumento de prolactina endógena, e então seguido por administrações de glicocorticóides. 
 25
 
Controle hormonal da lactogênese 
 
Progesterona (P4) 
 
 ***A progesterona é o regulador negativo da lactogênese.*** 
- tem um efeito negativo (inibitório) sobre a lactogênese. Pode segurar a lactogênese até próximo ao parto. 
- P4 suprime o começo da síntese de lactose, lactoalbumina-a e caseína normal no periparto, bem como a 
PRL induz a síntese destes constituintes. 
- se as concentrações de P4 no sangue forem reduzidas no período periparto, então a síntese de enzimas 
mamárias e proteínas do leite é aumentada. 
- concentrações de P4 no sangue normalmente diminuem por volta de 2 dias antes do parto. 
- P4 pode também competir com glicocorticóides por receptores de glicocorticóides nas células mamárias. 
- altas concentrações de P4 durante a gestação podem ocupar os receptores de glicocorticóides até próximo 
ao parto. 
 
In vivo, P4 provavelmente: 
- Aumenta o limiar mamário para PRL (existem receptores de P4 na glândula mamária durante a gestação, 
podendo assim ter um efeito direto). 
- Altera a secreção de PRL da pituitária. 
- Tem um efeito direto sobre as células mamárias por ocupar os receptores de glicocorticóides. 
 
O complexo lactogênico 
 
 Existe uma variabilidade considerável entre espécies em como os hormônios específicos controlam a 
lactogênese. Na verdade, com poucas exceções, nós realmente nos referimos ao complexo de hormônios 
lactogênicos do que a um único hormônio "responsável por tudo". Muitos dos hormônios que nós conhecemos 
vêm de estudos in vitro onde a lactogênese ou alguma de suas fases é induzida em tecidos de animais primíparos 
no meio da gestação (na maioria em ratos e camundongos). Destes trabalhos, podemos concluir que: 
 *** In vitro, o complexo lactogênico consiste de insulina, glicocorticóides e prolactina.*** 
 
Insulina 
 
 A insulina é requerida in vitro. 
 A insulina faz com que o epitélio (não secretório neste estágio) sofra uma divisão celular. Esta divisão 
parece ser necessária para que a lactogênese ocorra. 
 26
 O papel da insulina na lactogênese in vivo não é conhecida. Contudo, é sabido que as células mamárias 
in vivo sofrem uma rápida explosão de divisão celular no final da gestação. 
 In vivo, IGF-1 pode ser o mitógeno primário envolvido nesta divisão celular conduzindo a lactogênese, 
com a insulina fazendo o menor papel nesta função. 
 Ambos, insulina e IGFs, podem estar envolvidos na utilização de glicose pela células mamárias. É 
claro que esta utilização de glicose é de importância crítica para a síntese de lactose. 
 Insulina também pode estar diretamente envolvida na expressão de genes de proteína do leite. 
 
Glicocorticóides 
 
 Os glicocorticóides: 
- São requeridos in vitro para o início completo da secreção do leite. 
- Podem haver várias funções para os glicocorticóides na lactogênese. 
- Parecem estar envolvidos no desenvolvimento do RER e outras mudanças estruturais requeridas para a 
síntese de proteínas em grandes quantidades. 
- Eles também podem estar diretamente envolvidos na transcrição dos genes da caseína e lactoalbumina-a 
- In vivo- adrenalectomia (retirada das adrenais) bloqueia a síntese de caseína e de mRNA da caseína. 
- Receptores de glicocorticóides mamários aumentam em 3 vezes na segunda metade da gestação em 
camundongos. 
In vivo: 
Os corticóides da adrenal, especialmente os glicocorticóides, têm efeito sinérgico com PRL para 
iniciar a lactação e são essenciais na maioria das espécies para que a PRL tenha máximo efeito no seu papel de 
iniciar a lactação. Os efeitos da administração de ACTH (hormônio adrenocorticotrópico) são mediados pela 
sua estimulação da secreção de glicocorticóides a partir da adrenal. 
Concentrações de glicocorticóides no sangue são bastante baixas durante a maior parte da gestação, 
mas aumentam muito durante os últimos dias pré-parto. Outra consideração ao avaliar a concentração efetiva de 
glicocorticóides no sangue é a concentração de globulina ligada ao corticóide (CBG), a proteína do sangue que 
se liga aos corticóides e previne que estes tenham ação sobre as células. Concentrações de CBG diminuem no 
período pré-parto, assim aumentando os hormônios livres disponíveis. A maior utilização de glicocorticóides 
pelo tecido mamário coincide com a lactogênese, apesar de que a precisa associação com o primeiro ou segundo 
estágio da lactogênese ainda não foi esclarecida. Receptores de glicocorticóides nas células mamárias 
aumentam em número no final da gestação. Ambos cortisol e PRL são requeridos para manter o número de 
receptores de glicocorticóides. 
 
 
 
 
 
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Prolactina (PRL) 
 
In vitro, PRL adicionada a culturas contendo insulina e glicocorticóides causa transcrição de genes 
caseína e lactoalbumina-a, tradução de mRNAs da proteína do leite, aumento de volume do complexo de Golgi, 
secreção da proteína do leite, assim como síntese de lactose e gordura do leite. 
Então, dos estudos in vitro de culturas de tecido mamário em camundongos e ratos no meio da 
gestação, podemos generalizar que: 
- Insulina sozinha em meio de cultura causa divisão celular, mas não há mudanças citológicas. 
- Insulina + glicocorticóide no meio, resulta no desenvolvimento de RER e Golgi, e as células podem 
sintetizar proteínas estruturais, mas existe síntese mínima de lactose e proteína do leite. 
- Insulina + PRL no meio resulta na transcrição de genes da proteína do leite, mas mínima tradução e síntese 
de proteína do leite. 
- Insulina + glicocorticóide, seguidos por insulina + PRL ou insulina + glicocorticóide + PRL no meio 
resultam em todas as mudanças citológicas e enzimáticas, e os componentes do leite são produzidos. 
Novamente, os requerimentos hormonais específicos para a lactogênese in vitro variam entre as espécies. 
Por exemplo, enquanto a combinação de insulina, glicocorticóide e prolactina são requeridas por muitas 
espécies, PRL sozinha estimula a síntese de caseína e lactoalbumina-a em tecido mamário de coelho 
cultivado in vitro. Contudo a adição de insulina, glicocorticóide e PRL aumenta significantemente a síntese 
de proteína do leite em relação a PRL sozinha, em coelhos. Em contraste, o canguru aparentemente requer 
apenas PRL para induzir a síntese de proteína do leite durante a lactogênese, porque a adição de insulina e 
glicocorticóides in vitro não aumenta resposta ao PRL. A progesterona não parece inibir a lactogênese nos 
cangurus apesar de ser necessária para o crescimento e desenvolvimento mamário durante a gestação. 
 
O que nós sabemos sobre o papel da prolactina em estudos In Vivo? 
 
A hipofisectomia durante a gestação suprime completamente a lactação subsequente após ao parto 
(naquelas espécies que não abortam após a hipofisectomia durante a gestação). Ao se retirar o ovário, a adrenal 
e a hipófise de ratos, o requerimento hormonal mínimo para induzir a lactogênese é a PRL + glicocorticóide. 
Contudo, na maioria das espécies, níveis de PRL são baixos durante a gestação, e somente aumentam no 
pré-parto por volta do segundo estágio da lactogênese. 
Em não-ruminantes, a supressão de PRL endógena pela administração de alcalóidesdo "ergot" 
(ergotamina produzida por um fungo) durante o final da gestação suprime completamente a lactogênese. 
Contudo, é difícil interpretar esta resposta pelo fato que sucção do recém-nascido é impedida. O estímulo da 
sucção tem uma atividade lactogênica e é importante na manutenção da lactação uma vez iniciada. 
Em cabras lactantes, a hipofisectomia resulta em um declínio imediato na produção de leite. A 
administração de PRL com tiroxina e glicocorticóides para estas cabras reinicia a produção de leite, que pode 
ser então mantida pelo hormônio do crescimento. 
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Em bovinos (onde a retirada do leite pode ser controlada por ordenha mecânica), o alcalóide sintético 
do "ergot" bloqueia completamente os picos de PRL no periparto e induzidos pela ordenha. Este alcalóide 
quando administrado para vacas leiteiras nos 12 dias pré-parto até 10 dias pós-parto reduziu a produção de leite 
em 45% durante os primeiros 10 dias de lactação. A produção de leite aumentou com o avanço da lactação, 
apesar da supressão contínua de PRL endógeno. 
Na maioria da espécies, os sítios de ligação da PRL (receptores) na glândula mamária são poucos 
durante a gestação e aumentam com a secreção do leite durante o segundo estágio da lactogênese. Então, ambas, 
a disponibilidade de PRL (concentrações hormonais no sangue) e a resposta das células epiteliais mamárias a 
PRL (receptores para PRL) aumentam por volta da mudança do primeiro para o segundo estágio da lactogênese 
(no começo da secreção intensa do leite). 
 
Estrogênio 
 
 O estrogênio não está diretamente envolvido na lactogênese, mas indiretamente pode ter um efeito 
pelo aumento no número de receptores de PRL nas células mamárias. In vivo, pode também ser um fator de 
controle de secreção de PRL da pituitária. 
 
Hormônio do crescimento (GH) 
 
 In vitro - não existem receptores de GH nas células epiteliais mamárias, portanto não deveria haver 
efeito in vitro. Algumas atividades lactogênicas de GH (especialmente GH humano, que tem alguma atividade 
semelhante à prolactina) provavelmente surgem de uma estrutura do GH muito semelhante à PRL. Isto é, GH 
nestes casos é ligado ao receptor da PRL, agindo como se fosse PRL. 
 In vivo - o envolvimento do GH na lactogênese não é conhecido. Somatomedina (secretada pelo fígado 
em resposta ao GH) é um mitógeno mamário. 
 Nos ratos que tiveram seus ovários, adrenais e hipófise removidos (que receberam estrógeno e 
progesterona previamente) PRL, GH e glicocorticóides começam normalmente a lactação. Novamente, o efeito 
do GH pode ter efeitos indiretos mediados pelos IGFs (somatomedinas). 
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Galatopoiese - Manutenção da Lactação 
 
Paula Marques Meyer 
Eng. Agrônoma 
 
 A remoção do leite dificulta a interpretação dos requerimentos para a síntese do leite. Sem o 
esvaziamento freqüente da glândula mamária, a síntese de leite não persistirá apesar do status hormonal 
adequado. Inversamente, a manutenção intensa da sucção ou estímulo de ordenha não manterá a lactação 
indefinidamente. Contudo, a sucção ou a remoção do leite em si é requerida para manter a lactação. 
 Os fatores que controlam a manutenção da lactação incluem: 
- Hormônios 
- Remoção do leite 
- Controle autócrino. 
 
Controle hormonal 
 
 Hormônios que exercem função na manutenção da lactação já estabilizada: prolactina, hormônio do 
crescimento, lactogênio placentário, adrenocorticóides, hormônios da tireóide e esteróides ovarianos. 
 
Prolactina 
 A prolactina é o componente primário do complexo hormonal galactopoiético. 
 Existe uma considerável variabilidade entre espécies na importância da prolactina em manter a 
lactação. Por exemplo, em coelhas hipofisectomizadas, a prolactina exógena sozinha restaura a lactação ao 
normal, e a PRL é galactopoiética em coelhas lactantes intactas. Mas, em ratas hipofisectomizadas, a PRL 
sozinha não restaura a lactação a níveis normais. O requerimento mínimo de ratas hipofisectomizadas para 
restaurar a lactação a níveis adequados para criar sua prole é PRL + glicocorticóides. Fornecendo GH (+ PRL + 
glicocort.) melhora a performance lactacional. Em cabras hipofisectomizadas, PRL, GH, glicocort, e hormônios 
da tireóide são requeridos para restaurar a lactação a níveis hormonais. 
 PRL exógena é galactopoiética em manter coelhas lactando, enquanto que em ratas lactantes, a 
administração de PRL exógena estimula a secreção do leite no início da lactação (e reduz o tempo requerido 
para o reenchimento da glândula mamária após a sucção), e a infusão contínua de PRL pode prevenir o declínio 
esperado da produção de leite no final da lactação. 
 Em muitos não-ruminantes, a supressão das concentrações de PRL sangüínea por alcalóides do "ergot" 
reduz a performance lactacional. A administração de L-DOPA ( também inibe a secreção de PRL da pituitária) 
reduz a produção de leite, apesar da L-DOPA também inibir a ejeção do leite. 
 Então, a taxa de secreção de PRL da pituitária pode ser limitante em ratas e coelhas. 
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 Mas, em porquinhos-da-Índia e gado, a PRL não é galactopoiética. Além disso, a supressão de PRL 
em vacas e cabras por alcalóides do "ergot" tem efeito mínimo na produção de leite. 
 Então, concentrações sangüíneas de PRL em ruminantes geralmente não parecem ser limitantes para a 
produção máxima de leite. Contudo, evidências recentes indicam que uma infusão de 2h de PRL em cabras 
lactantes começando 30 min após a ordenha pode resultar em um pequeno (2.6%) mas estatisticamente 
significante aumento na produção de leite. 
 Receptores de PRL mamários: na glândula mamária de ratas, os receptores aumentam 4 vezes dentro 
de dois dias antes do parto, e então declinam. 
 
Relação entre produção de leite e prolactina no sangue. 
 Não há correlação entre produção de leite e níveis de PRL 2-4h antes da ordenha ou 1 h após a ordenha, 
mas há correlação entre produção de leite e níveis de PRL 5 min após a ordenha. 
 A sucção ou ordenha induz o pico de PRL no sangue. 
 A sucção ou ordenha provavelmente funcionam por diminuir o fator inibidor da PRL (PIF) do 
hipotálamo, e assim aumentar os níveis de PRL. Pode também agir aumentando a resposta da pituitária aos 
fatores liberadores de PRL. O efeito da sucção sobre a PRL declina com o avanço da lactação, mesmo com um 
estímulo equivalente. 
 Muitos estímulos podem alterar os níveis de PRL no sangue: especialmente a TEMPERATURA e a 
LUZ. Geralmente, a medida que a temperatura aumenta, as concentrações de PRL sangüínea aumentam; e a 
medida que o comprimento do dia aumenta, as concentrações de PRL sangüínea aumentam, apesar desta 
resposta se atrasar em poucos dias após a mudança do comprimento do dia. 
Efeitos da luz no crescimento de novilhas: novilhas com 16h de luz diariamente tiveram maior taxa de 
crescimento corporal durante os meses do outono e inverno (este trabalho foi desenvolvido em Michigan, onde 
a luz natural era de 9-12h de luz/dia). Isto ocorreu com um aumento proporcional no consumo de alimento. O 
aumento do peso corporal foi devido ao ganho de proteína, não de gordura. Este efeito não foi observado em 
novilhos em crescimento. O aumento da luz aumentou a PRL, mas não as concentrações de GH no sangue. A 
resposta também pode envolver o efeito da luz sobre a melatonina. Efeitos da luz sobre o crescimento mamário 
em novilhas: em um estudo, o crescimento mamário foi estimulado em 16:8 (horas de luz : horas de escuro) 
comparado a 8:16, no período pré-puberal e pós puberal de novilhas. 
 
Efeitos da luz sobre a produção de leite: vacas com 16 h de luz diariamente aumentam suas produções de leite 
~10% durante o outono - inverno. O consumo foi aumentado suficientemente para corresponder a maior 
produção de leite.

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