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Tarefa 4.2 máquinas 1

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
CAMPOS (EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA)
TAREFA 4.2 - NR 12 E AS MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS NA AGRICULTURA
Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações I
Data: 01/03/2017
Professor Vagner Lisoski Duarte
Trabalho na Agricultura - Um Problema à Sociedade
	O setor primário da economia tem cada vez mais sido mecanizado. Máquinas e equipamentos fazem parte do dia a dia do trabalhador rural. Desta maneira, a possibilidade de ocorrência de acidentes de trabalho deve ser analisada cautelosamente neste setor, de forma que se evite ao máximo transtornos físicos e emocionais para os colaboradores deste ramo da atividade econômica. Ao ocorrer um acidente de trabalho causado por uma máquina ou por um equipamento agrícola, o agricultor sai prejudicado em sua saúde e em sua subsistência, assim como afastado. Assim, acaba demandando custos para o governo e, por consequência, para a sociedade como um todo. Cabe ao engenheiro de segurança do trabalho minimizar as possibilidades de ocorrências destes acidentes de trabalho e de eventuais fatos que prejudiquem a saúde deste trabalhador.
	Em comparação às demais áreas, a possibilidade de acidentes é maior, bem como a exposição aos riscos é mais frequente. Isso se deve a um conjunto extenso de fatores que propicia uma maior chance de ocorrência de acidentes. Um local agrícola não apresenta uniformidade como uma indústria, não havendo a mesma facilidade para utilizar gerenciamento visual como ferramenta de aplicação de EPCs (fitas de demarcação de solo, cartazes que alertem para riscos e perigos, sensores, entre outros). O ambiente de trabalho é o mesmo ambiente do lar. 
	O trabalhador começa a laborar quando criança em muitos casos, assim como continua seu trabalho quando idoso, não havendo limitações por idade, o que aumenta a chance de problemas com a saúde dos mesmos, este devido ao desgaste, enquanto aquele pela falta de experiência. 
	A fiscalização, por sua vez, é falha no setor, além de não haver treinamento regrado para o uso de equipamentos de proteção individual e para alertas quanto às normas de segurança. Os procedimentos tendem a não ser padronizados, visto que não há um planejamento formal do mecanismo de produção. Desta maneira, a possibilidade de erro aumenta não somente na produção em si, mas no controle à integridade física do operador envolvido.
	Assim, o contato com máquinas e equipamentos agrícolas torna o setor extremamente perigoso. O clima afeta diretamente o dia a dia dos envolvidos, tendo de terminar as tarefas independentemente da forma pela qual ele se encontra. Para casos de emergência, também não há capacitação nem socorro imediato. 
	As jornadas de trabalho em alguns casos passam das 60 horas semanais, tendo uma rotina instável e irregular. Não há nem folga nem férias para estes trabalhadores, os quais nem preços formam. Também há contato com animais peçonhentos e com agrotóxicos no dia a dia (exposição oral, dérmica, respiratória e ocular).
	Este fatores em conjunto aumentam a possibilidade de acidentes de trabalho, inclusive permanentes - aproximadamente 25% de acidentes com tratores agrícolas estão nesta categoria, demandando uma alteração irreversível na vida do trabalhador e custos para a sociedade como um todo com o afastamento permanente, além de não trazer a produtividade esperada. Com isso, ao ocorrer atos inseguros como o não uso de EPIs, a operação iniciada sem autorização, a não sinalização, a lubrificação de máquinas em movimento, o trator em alta velocidade, a postura insegura, entre outros, acarretam em resultados desastrosos para quem trabalha.
	Outro dado que pode demonstrar a desastrosa situação do trabalho com máquinas agrícolas é oriundo da região central do Rio Grande do Sul, um estado predominantemente agrícola em seu espaço físico: a cada 200 operações mecanizadas, na maioria envolvendo tratores, 3 apresentam acidentes de trabalho. É preciso instruir os trabalhadores em busca de maior cautela e da cultura preventiva no trabalho. 
	No caso dos tratores, deve-se evitar rampas íngremes demais, bem como efetuar curvas rápidas e dirigir em alta velocidade. É comum ver pessoas próximas ao trator em uso e crianças no trabalho, o que também não é bom de ocorrer.
	Os mesmos cuidados devem acontecer, por exemplo, com os agrotóxicos: aplicação nunca deve ser feita sozinho nem contra o vento, além da necessidade de usar o EPI. Pode-se perceber, portanto, que as normas destacadas na NR 12 não são, de um modo geral, levadas para a prática no ramo agrícola mecanizado. Por exemplo, o tipo de capacitação considerado depende da máquina, devendo ser específico - enquanto isso, o setor agrícola frequentemente não possui capacitação para os funcionários. 
	Em adição a este panorama, é válido ressaltar a situação ergonômica frágil que se vê. Com relação aos ruídos, algumas máquinas provocam ruídos calculados em decibéis extremamente significativos, o que acarreta em necessidade do uso de EPI e em adicionais. Caso o trabalhador não o faça, está prejudicando a longo prazo sua audição. O mesmo vale para a questão postural ao dirigir um trator, para a cautela necessária ao utilizar agrotóxicos e não ter contato dérmico ou oftálmico com os mesmos ou para o controle de desgaste físico do indivíduo envolvido (acidentes ocorrem mais facilmente com o trabalhador cansado do que com o trabalhador bem). 
	As máquinas utilizadas são diversificadas no setor agrícola, tanto em tamanho e especificações quanto em utilização conforme o produto que está em voga. Para pequeno porte, a máquina escolhida varia em relação ao grande porte, da mesma forma que há variação na escolha da máquina conforme o tipo de alimento - frutas como a laranja, grãos como o arroz e o feijão, entre outros. Conforme anexo IV da NR 12, é possível destacar o que são estas máquinas.
	A começar pela máquina Adubadora Automotriz, aplicável para o setor canavieiro, tem a função de produzir fertilizante sólido granulado. A máquina Adubadora Tracionada, utilizada para a aplicação de fertilizantes sólidos granulados ou em pó, é um auxiliar do trator agrícola para estes casos.
	 As máquinas Colhedoras, por sua vez, são de diversos tipos, dentre eles a de café (colhe o café), de algodão (através de fusos giratórios, retiram a fibra sem prejudicar a planta, separando fibra e caroço), de cana-de-açúcar (colhe cana uniformemente e automaticamente desloca a cana para o transbordo), de forrageira autopropelida (colhe girassol, milho, entre outros, cortando e colhendo a planta), de grãos (colhe trigo, soja, arroz, feijão, entre outros, efetuando o corte e posterior separação do grão em relação à palha para corretos transbordos) e de laranja (para colher cítricos em geral). 
	A máquina Escavadeira Hidráulica em Aplicação Florestal, para construção, neste caso é usada para instalar dispositivos que cotem, desgalhem, processem e carreguem as toras. A máquina Forrageira Tracionada, acoplada em tratores, colhe, recolhe e tritura a planta, depositando o material em contentores. 
	A máquina motocultivador, também tratada como um mini trator, é uma máquina de duas rodas com a função de tracionar implementos de diversas etapas do processo (do solo até a colheita). Nela, o trabalhador caminha atrás do equipamento. 
	Por fim, há os tratores agrícola e os mini tratores agrícolas, divergindo no tamanho mas com a mesma lógica de funcionamento. Elas puxam ou arrastam implementos diversos do setor, apresentando, portanto, uma gama de utilizações ampla na agropecuária. Há uma variação do trator agrícola conhecida como trator agrícola estreito, destinado à operação de frutas, café, entre outros de pequeno porte. Pode-se ver, também, a depreciação da máquina que pode acarretar em problemas associados ao assunto vigente.
Fonte: Debiasi, 2004
	O trator pode ser visto em formato de desenho na figura abaixo.
	A fim de que seja possível a norma regulamentadora12 contribuir para as melhores condições de trabalho, esta é aplicável a todos os processos de uso destas máquinas, sendo novas ou não. Destaca-se a necessidade, primeiramente, dos equipamentos de proteção coletiva. Em seguida, da correta gestão preventiva para, finalmente, o uso de equipamentos de proteção individual, sem esquecer as medidas específicas personalizadas a deficientes.
	O uso de dispositivos Poka Yoke por parte das empresas fabricantes destas máquinas e equipamentos pode ser uma alternativa que evite alguns acidentes. Dispositivos, por exemplo, de parada automática da máquina no caso de contato com o agricultor que supostamente o prejudique podem prevenir problemas adiante.
	Para evitar agravos à saúde, a NR 12 também recomenta a utilização de proteções, ou seja, de uma barreira física, móvel ou fixa. No caso da energia gerada pela máquina, é necessário controlá-la para garantir seu estado seguro. Destacam-se os dispositivos de parada de emergência, em que é preciso ter cautela com a posição destes através de atuadores de projeção fáceis de se utilizar, não devendo prejudicar qualquer meio para resgatar acidentados.
	A proteção contra quedas, no caso de meios de acesso permanentes, deve ser dotada de material dimensionado e resistente. Percebe-se, neste caso, um atraso do setor com estes cuidados recomendados pela NR 12. Os acessos permanentes devem ser fixados e seguros em toda a operação, já, os móveis, necessitam de estabilidade, não podendo apresentar uma rampa com inclinação superior a 20º.
	Para atender a todas estas questões, a NR 12 também ressalta a capacitação que deve ser providenciada pelo empregador, devendo ser maior de 18 anos. A máquina, portanto, precisa de revisões frequentes e periódicas, estas ocorrendo inclusive antes de o operador assumir a sua função.
	Como vantagem da agricultura, percebe-se a tecnologia a favor do controle de pragas, cada vez mais moderno, bem como o uso destes equipamentos em substituição a algumas ferramentas que traziam mais acidentes de trabalho, principalmente permanentes. Este é o caso da foice, por exemplo.
	Frente a todo este cenário embaraçoso da realidade de uso de máquinas e equipamentos para a agricultura, o necessário a se fazer para mudar este quadro é fiscalizar. Há uma norma regulamentadora específica para o setor, contudo, a fiscalização não apresenta um resultado satisfatório, devendo ser mais ferrenha. Para isso, é possível proporcionar treinamento preventivo aos trabalhadores da área. Isto demanda um custo a mais para o governo e para parceiros envolvidos, todavia, o ganho indireto a longo prazo através da redução de custos por não ocorrência de acidentes compensa, principalmente pelo fato de evitar transtornos a um indivíduo e, muitas vezes, ao seu sustento e consequente sustento de sua família.
Bibliografia
http://www.guiatrabalhista.com.br/legislacao/nr/nr12_anexoXI.htm
http://wp.ufpel.edu.br/nimeq/files/2011/04/LivroSeguran%C3%A7aInternet.pdf
http://www.sistemaambiente.net/News/Bra/NR/NR_12_Anexo_IV_Glossario.pdf
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-69162004000300025

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