Buscar

01 15 02 12 DIREITO DO CONSUMIDOR INTRODUÇÃO E CONCEITOS

Prévia do material em texto

2012.1 
 
DIREITOS DO CONSUMIDOR 
 
 
INTENSIVO COMPLEMENTAR 
Disciplina: Direito do Consumidor 
Prof. Fabrício Bolzan 
15/02/2012 
 
 
O conteúdo será ministrado em 8 aulas. 
Bibliografia indicada: 
- Manual de Direito do Consumidor, Editora RT, Cláudia Lima Marques, Herman Benjamin e 
Leonardo Bessa. 
 
 
DIREITO DO CONSUMIDOR 
 
1. EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO CDC 
 
Características gerais: 
 
- Trata-se do surgimento de uma disciplina específica do direito de proteção ao consumidor. 
- Num 1o momento, destaca-se a revolução industrial do aço e carvão. Pois bem, com isso, houve uma 
grande migração dos campos para as cidades. 
-Houve, então, a necessidade de modificação do modelo de produção. Trata-se do modelo de “produção 
em massa” (homogeneização da produção) 
- A característica principal desse modelo reside na unilateralidade da produção. Isso porque, o fornecedor, 
e apenas ele, passa a “ditar as regras do jogo” nas relações econômicas. 
-Deixa-se de fazer algo individualizado, passando a ser em série; 
-O segundo marco é a segunda guerra mundial 
- Houve o rompimento da relação civilista clássica, individualizada, entre duas pessoas. 
-Constatou-se, assim, que o Código Civil, no caso brasileiro, o de 1916, não era adequado para regular 
essas relações, havendo a necessidade de se editar uma legislação específica do direito de consumidor. 
- Em 1962, com John Kennedy, enumerou-se, pela primeira vez, o rol de direitos do consumidor, os quais 
representariam um “novo desafio” para o mercado. 
- Essa tendência surgida no EUA, rapidamente, se dissipou por toda a Europa. 
- O direito do consumidor se insere no rol de direitos sociais. 
- Já em 1985, a ONU traçou as diretrizes da defesa do consumidor. Nesse sentido, passou a se exigir uma 
legislação protetiva do direito do consumidor. 
- O direito do consumidor, para a ONU, configura um direito humano de nova geração, direito social e 
econômico, direito de igualdade material do mais fraco. 
 
2. FORMAS DE INTRODUÇÃO DO DIREITO DO CONSUMIDOR 
 
2.1. Primeira Forma (Introdução Sistemática do Direito do Consumidor) 
 
 
 INTENSIVO IiI
DIREITO DO CONSUMIDOR - INTRODUÇÃO
 
 
 
 
 
Material elaborado por Tatiana Melo
Contato: e-mails: concursoemalta@hotmail.com
 tatianaconcursos@hotmail.com
 
- Trata-se da introdução sistemática do direito do consumidor. 
- Nesse caso, analisa-se o direito do consumidor à luz do direito constitucional. 
- A CF/88 traz três mandamento acerca desse ramo do direito, quais sejam: 
 
(i) art. 5o, Inciso XXXII; 
 
Art. 5 (...) 
XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor; 
 
- O Estado deverá assegurar o direito do consumidor na esfera judiciária, administrativa e legislativa. 
- Ao elaborar o CDC, trata-se da atuação do legislativo. 
- Ao se criar o PROCON, trata-se da atuação do executivo. 
- Ao se dirimirem conflitos no judiciário, trata-se da atuação do poder judiciário. 
- Ao se considerar o direito do consumidor como direito fundamental, exige-se não somente uma atuação 
do Estado (relação vertical), como também uma atuação entre os próprios particulares (relação 
horizontal). 
Em síntese, o professor destaca a eficácia horizontal dos direitos do consumidor. 
Trata-se do respeito à força normativa da constituição (Konrad Hesse). 
- O direito do consumidor consiste num “direito privado mais social”, isto é, preocupado em proteger os 
mais fracos. Fala-se, inclusive, num “direito privado solidário” (doutrina alemã). 
- Orlando Gomes fala em constitucionalização do direito privado. 
- Raizer denomina esse fenômeno de publicização do direito privado. 
- Há, portanto, uma simbiose entre o direito público (regime jurídico de direito administrativo) e o direito 
privado. Pois bem, diante desse contexto, surgiram duas correntes: 
� A 1a corrente (minoritária) visualizou aspectos negativos nesse fenômeno. Isso porque, haveria a perda 
da autonomia valorativa do direito privado. Influenciaria na autonomia de vontades que é típica das 
relações privadas. 
�Já uma 2a corrente (majoritária) entende como positiva a referida simbiose. Nesse sentido, destaca-se 
uma garantia reforçada da instituição do direito privado, ou seja, do consumidor em relação ao 
fornecedor. Maior garantia da instituição do direito privado no tocante a proteção dos mais fracos em 
relação aos mais fortes. 
Gilmar Mendes é adepto a esta doutrina - trata-se de um limite a atuação dos privados, que assegura a 
proteção aos mais fracos e a ordem harmônica na sociedade, segundo valores máximos 
constitucionalizados. 
 
 (ii) art. 170, Inciso V; 
 
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por 
fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes 
princípios: 
(...) 
V - defesa do consumidor; 
(...) 
 
-Livre concorrência e defesa do consumidor, o fornecedor para ganhar mercado poderá colocar um 
produto mais barato no mercado de consumo, mas o produto deve ter qualidade, ou seja, deve respeitar 
as normas de defesa do consumidor. A defesa do consumidor é uma contrapartida da livre iniciativa. Pois 
bem, a livre concorrência tem uma contrapartida, qual seja: o respeito aos direitos do consumidor. 
- O direito do consumidor é, assim, um princípio da ordem econômica. 
- Há que se fazer um paralelo entre a livre concorrência e o direito do consumidor. 
 
(iii) art. 48 do ADCT.- sistematizar o CDC 
 
Art. 48. O Congresso Nacional, dentro de cento e vinte dias da promulgação da Constituição, elaborará 
código de defesa do consumidor. 
 
 
 
 
 
Material elaborado por Tatiana Melo
Contato: e-mails: concursoemalta@hotmail.com
 tatianaconcursos@hotmail.com
 
 
- O CDC 8.078/90, data de 11 de setembro de 1990, tendo entrado em vigor, após a vacatio legis, em 
março do ano seguinte. 
-Este diploma é considerado um dos mais avançados, é tanto que foi copiado por muitos países da 
América Latina. 
 
2.2. Segunda Forma (Introdução Dogmático Filosófica) 
 
- Trata-se da introdução dogmática filosófica. 
- Nesse sentido, aplica-se o princípio do “favor debilis”. É o princípio que visa a proteção do mais fraco. O 
Estado ao intervir nas relações de consumo buscou reequilibrar as relações jurídicas, quando conferiu 
direitos ao consumidor vulnerável e impôs deveres ao fornecedor detentor do monopólio dos meios de 
produção. 
- Restou necessária a intervenção estatal para concretizar a igualdade material entre os agentes 
participantes da relação do consumo. 
Isso porque, a igualdade formal já não era suficiente para tutelar essas relações. 
- “Foi necessária a intervenção estatal para concretizar a igualdade material”. 
- Nesse momento, reconhece-se que uma das partes é mais forte do que a outra. 
- Foram introduzidos direitos aos consumidores e, ao mesmo tempo, impostas obrigações aos 
fornecedores. 
- O CC/16 tratava da Responsabilidade Subjetiva, e de relações individualizadas, o que não tornava estes 
mecanismos uma verdadeira proteção ao consumidor. Ao juiz é permitido reconhecer de ofício uma 
cláusula abusiva. 
 
2.3. Terceira Forma (Introdução Sócio Econômica) 
 
- Trata-se da introdução sócio econômica. 
- Analisam-se aspectos sociais fáticos que levaram ao surgimento da defesa do consumidor. 
- Constatou-se a falácia da afirmação segundo a qual “o consumidor é o rei do mercado”. A primeira 
mudança é o fim desta falácia. Visão de Adam Smith- porque era ele que com seus desejos ditavam as 
regras do mercado, mas na verdade é a vítima de um produtor agressivo. (Ex: anuncio de TV de plasma, 
por um preço “bem abaixo ”do mercado, por uma loja, que o professor comentou). 
Na verdade, é o fornecedor que estabelece “o que, quando e como produzir”. 
- Destacam-se, também, a ocorrênciadas três grandes revoluções: 
(i) revolução industrial do aço e do carvão; 
(ii) revolução tecnológica do pós II Guerra Mundial; 
(iii) revolução da informática que teve inicio com a globalização 
 
NATUREZA DO DIREITO DO CONSUMIDOR 
 
- Há três correntes principais sobre esse assunto: 
- Para uma 1a corrente (Gustavo Tepedino), o direito do consumidor consiste num direito civil 
constitucional (é um direito privado que foi elevado a um status constitucional). 
- Para uma 2a corrente (Rizatto Nunes), o direito do consumidor configura um direito autônomo, porém 
misto, de natureza (público e privado). Para ele, o direito do consumidor enquadra-se no conceito de 
direito difuso (tal como ocorre com o direito ambiental). 
- Por fim, para uma 3a corrente (Cláudia Lima Marques), o direito do consumidor configura ramo do 
direito privado, ao lado do direito civil e direito empresarial. Para ela, o direito privado é tripartite. Vale 
destacar: para essa corrente, trata-se de direito privado, não porque todas as normas são de direito 
privado, mas sim porque o objetivo principal é a tutela do consumidor, como pessoa privada. 
 
CDC (LEI 8.078/90) 
 
- O CDC possui três características principais, quais sejam: 
(i) trata-se de um microssistema multidisciplinar. 
Nesse sentido, albergam-se, no seu conteúdo, normas das mais diversas disciplinas do direito. 
 
 
 
 
 
Material elaborado por Tatiana Melo
Contato: e-mails: concursoemalta@hotmail.com
 tatianaconcursos@hotmail.com
Ex.: normas relativas ao direito civil (ex.: responsabilidade civil do fornecedor); 
Ex.: normas relativa ao processo civil (ex.: ônus da prova, o CDC trata da inversão do ônus da prova); 
Ex.: normas de direito administrativo (ex.: sanções administrativas impostas pelo Procon); 
Ex.: normas de direito penal (ex.: tipo penal, há infrações penais no CP); 
Ex.: normas de processo coletivo (ex.: coisa julgada). 
(ii) trata-se de uma norma principiológica. 
Princípios que tem por objetivo estabelecer direitos aos mais fracos, consumidor vulnerável e deveres aos 
fornecedores, ou seja, tem o objetivo de reequilibrar uma relação jurídica desigual na sua natureza e 
origem. 
Nesse sentido, são conferidos direitos à parte mais fraca e impostas obrigações à parte mais forte. 
(iii) preveem-se normas de ordem pública e de interesse social. 
Nesse sentido, é o teor do art. 1o do CDC. Trata-se de normas inderrogáveis pela vontade das partes. 
O juiz pode, em regra, reconhecer de ofício um direito do consumidor. A exceção reside na súmula 381 do 
STJ, segundo a qual: “nos contratos bancários, é vedado ao julgado conhecer, de ofício, da abusividade 
das cláusulas”. 
Há que se destacar o art. 51 do CDC o qual prevê cláusulas nulas de pleno direito. 
 
Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de 
produtos e serviços que: 
I - impossibilitem, exonerem ou atenuem a responsabilidade do fornecedor por vícios de qualquer 
natureza dos produtos e serviços ou impliquem renúncia ou disposição de direitos. Nas relações de 
consumo entre o fornecedor e o consumidor pessoa jurídica, a indenização poderá ser limitada, em 
situações justificáveis; 
II - subtraiam ao consumidor a opção de reembolso da quantia já paga, nos casos previstos neste código; 
III - transfiram responsabilidades a terceiros; 
IV - estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o consumidor em 
desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa-fé ou a equidade; 
V - (Vetado); 
VI - estabeleçam inversão do ônus da prova em prejuízo do consumidor; 
VII - determinem a utilização compulsória de arbitragem; 
VIII - imponham representante para concluir ou realizar outro negócio jurídico pelo consumidor; 
IX - deixem ao fornecedor a opção de concluir ou não o contrato, embora obrigando o consumidor; 
X - permitam ao fornecedor, direta ou indiretamente, variação do preço de maneira unilateral; 
XI - autorizem o fornecedor a cancelar o contrato unilateralmente, sem que igual direito seja conferido ao 
consumidor; 
XII - obriguem o consumidor a ressarcir os custos de cobrança de sua obrigação, sem que igual direito lhe 
seja conferido contra o fornecedor; 
XIII - autorizem o fornecedor a modificar unilateralmente o conteúdo ou a qualidade do contrato, após 
sua celebração; 
XIV - infrinjam ou possibilitem a violação de normas ambientais; 
XV - estejam em desacordo com o sistema de proteção ao consumidor; 
XVI - possibilitem a renúncia do direito de indenização por benfeitorias necessárias. 
§ 1º Presume-se exagerada, entre outros casos, a vontade que: 
I - ofende os princípios fundamentais do sistema jurídico a que pertence; 
II - restringe direitos ou obrigações fundamentais inerentes à natureza do contrato, de tal modo a 
ameaçar seu objeto ou equilíbrio contratual; 
III - se mostra excessivamente onerosa para o consumidor, considerando-se a natureza e conteúdo do 
contrato, o interesse das partes e outras circunstâncias peculiares ao caso. 
§ 2° A nulidade de uma cláusula contratual abusiva não invalida o contrato, exceto quando de sua 
ausência, apesar dos esforços de integração, decorrer ônus excessivo a qualquer das partes. 
§ 3° (Vetado). 
§ 4° É facultado a qualquer consumidor ou entidade que o represente requerer ao Ministério Público que 
ajuíze a competente ação para ser declarada a nulidade de cláusula contratual que contrarie o disposto 
neste código ou de qualquer forma não assegure o justo equilíbrio entre direitos e obrigações das partes. 
 
RELAÇÃO JURÍDICA DE CONSUMO 
 
 
 
 
 
Material elaborado por Tatiana Melo
Contato: e-mails: concursoemalta@hotmail.com
 tatianaconcursos@hotmail.com
1. CONSIDERAÇÕES GERAIS 
- Trata-se da relação existente entre consumidor e fornecedor, que tem por objeto a aquisição de um 
produto ou a contratação de um serviço. 
- O fornecedor e os consumidores configuram o elemento subjetivo da relação. 
- O produto e o serviço configuram o elemento objetivo da relação. 
 
2. CONCEITO DE CONSUMIDOR 
 
2.1. Consumidor em Sentido Estrito 
- A definição de consumidor, em sentido estrito, encontra-se prevista no art. 2o, caput do CDC. 
 
Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como 
destinatário final. 
(...) 
 
- Há correntes sobre a definição de consumidor, destinatário final. 
- Para uma 1a corrente (“teoria finalista” ou “teoria subjetiva”), ou seja, o consumidor é aquele que 
adquire ou utiliza produto ou serviço para consumo próprio de sua família. 
Nesse sentido, o consumidor é o destinatário fático (retirou o bem do mercado de consumo) e econômico 
(consumiu o bem) do produto ou serviço. 
Trata-se de um conceito restritivo de consumidor. 
Isso porque, para essa corrente, o profissional e a pessoa jurídica não podem ser considerados 
consumidores, ou seja, exclui a Pessoa Jurídica, pois para esta corrente ela não é considerada vulnerável. 
Ela nunca compra com destinatário final, mas serve como um bem de insumo para a sua cadeia 
produtiva. 
- Já para a corrente maximalista, consumidor, destinatário final, é aquele que retira o produto ou serviço 
do mercado de consumo.(prega um conceito mais amplo, pois é o destinatário fático do produto ou do 
serviço, podendo ser pessoa jurídica, desde que não revenda o produto) 
Trata-se do destinatário fático do produto ou serviço. Desde que não seja para revenda, pouco importa se 
o adquirente utiliza ou não o produto ou serviço no seu processo produtivo. 
Trata-se de um conceito ampliativo. 
- No STJ, prevalece uma posição intermediária, ou seja, há um posicionamento de acordo com a teoria 
maximalista atenuada ou mitigada. 
Isso porque, o profissional ou a pessoa jurídica poderão se enquadrar no conceito de consumidor, desde 
que comprovada a suavulnerabilidade (parte +fraca). 
Vale destacar: na verdade, não se comprova a vulnerabilidade, mas sim a hipossuficiência. 
Ex: Na relação de um caminhoneiro com a concessionária, que inseriu na cadeia produtiva o veículo, 
Resp. 716.877- STJ. 
Para o STJ, uma situação muito corriqueira de enquadrar o profissional liberal como consumidor é o caso 
da compra de um computador para utilizá-lo na sua profissão. Pois bem, nesse caso, é possível que o 
referido profissional seja considerado como consumidor. Esse raciocínio é aplicável também às 
microempresas e empresas de pequeno porte (REsp 476.428). 
- Cuidado!!Aquele que toma empréstimo num banco (mesmo sendo ME ou EPP) para fomentar(dinamizar) 
a sua empresa é enquadrado como consumidor intermediário e não destinatário final. Logo, a ele, NÃO se 
aplica o CDC (Ag. 686.793 do STJ). 
 
2.2. Consumidor por Equiparação 
 
(i) O primeiro conceito encontra-se previsto no art. 3o, parágrafo único do CDC. 
Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que 
haja intervindo nas relações de consumo. 
- Esse dispositivo traz o fundamento da tutela coletiva de consumidor. 
- Nesse caso, destaca-se a coletividade de pessoas que, de alguma forma, participou da relação de 
consumo. 
(ii) O segundo conceito encontra-se previsto no art. 17 do CDC. 
 
 
 
 
Material elaborado por Tatiana Melo
Contato: e-mails: concursoemalta@hotmail.com
 tatianaconcursos@hotmail.com
Art. 17. Para os efeitos desta Seção, equiparam-se aos consumidores todas as vítimas do evento. 
- Trata-se das vítimas do evento danoso. 
- Para a doutrina americana, trata-se do “bystander”. 
- Ex.: aquele que, num shopping, sem nada comprar, vem a se machucar pelo desmoronamento do 
estabelecimento, Foi o caso do Osasco Plaza Shopping/SP. 
(iii) O terceiro conceito encontra-se no art. 29 do CDC. 
Art. 29. Para os fins deste Capítulo e do seguinte, equiparam-se aos consumidores todas as pessoas 
determináveis ou não, expostas às práticas nele previstas. 
- Trata-se de todas as pessoas expostas às praticas contratuais e comerciais abusivas. 
- A mera exposição a uma publicidade enganosa já é suficiente para se considerar o indivíduo como 
consumidor. 
3. CONCEITO DE FORNECEDOR 
- Trata-se de definição prevista no art. 3o do CDC. 
Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como 
os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, 
transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de 
serviços. 
(...) 
- Fornecedor pode ser tanto pessoa física, quanto pessoa jurídica. Isso porque, basta haver habitualidade 
na atividade fim. 
- Habitualidade equivale a profissionalismo? 
Não, ou seja, não se exige profissionalismo. Isso porque, o profissional exige uma estrutura desnecessária 
para caracterizar a relação de consumo. 
- O dono de uma quitanda vende verduras e legumes, tendo resolvido vender o computador que adquiriu 
na tentativa de modernizar o seu negócio. Nessa venda, o quitandeiro pode ser considerado fornecedor? 
Não. Isso porque, não há habitualidade na venda do computador. Logo, não se aplica o CDC, mas sim o 
CC. 
- No conceito, englobam-se tanto as pessoas jurídicas de direito privado, quanto as pessoas jurídicas de 
direito público. 
Ex.: uma empresa pública que presta serviço de água, bem como um Município que preste serviço de 
ônibus podem ser enquadrados no conceito de fornecedor. 
- Em síntese, fornecedor é todo aquele que coloca produto ou serviço, com habitualidade, no mercado de 
consumo. 
- O clube ao qual uma família é associada (ex.: clube Pinheiros) pode ser considerado fornecedor? O 
síndico do condomínio edilício pode ser considerado fornecedor? 
Pois bem, tanto a associação desportiva, quanto o condomínio NÃO se enquadram no conceito de 
consumidor, sob os seguintes fundamentos: 
(i) trata-se de relação comunitária, sem fins lucrativos; 
(ii) o fato de que os próprios interessados são os responsáveis pela deliberação do objeto social. 
- Vale dizer: clubes de futebol (Corinthians, Flamengo) sujeitam-se ao Estatuto do Torcedor, o qual, de 
forma expressa, remete à aplicação subsidiária do CDC. 
- Nos casos das associações desportivas (a exemplo do clube Pinheiros), há estacionamentos privados. 
Pois bem, nesse caso, poderá haver sim relação de consumo. 
- Condomínio, conforme dito, não pode ser fornecedor. 
De todo modo, o condomínio pode SIM ser consumidor (a exemplo nos serviços de água e esgoto). 
Por equiparação temos: a entidade responsável pela organização da competição, bem como a entidade de 
prática desportiva detentora do mando de jogo, vejamos o art. 3º do Estatuto do Torccedor (Lei 
10.671/03). 
 
Art. 3º Para todos os efeitos legais, equiparam-se a fornecedor, nos termos da Lei no 8.078, de 11 de 
setembro de 1990, a entidade responsável pela organização da competição, bem como a entidade de 
prática desportiva detentora do mando de jogo. 
 
Questões polemicas: 
 
 
 
 
Material elaborado por Tatiana Melo
Contato: e-mails: concursoemalta@hotmail.com
 tatianaconcursos@hotmail.com
1- Estou nadando no flamengo, como sócio e estou sendo importunado pelo Cesar Cielo, posso aplicar 
uma ação com base no CDC? 
Igual será o entendimento que é dado aos condomínios e condôminos de prédios, não se aplica o CDC 
nestas relações. Porque: 
- são os interessados que deliberam o objeto social direta ou indiretamente; 
- possuem natureza comunitária entre os filiados, sem haver caráter lucrativo. Ver Resp. 310.953- STJ. 
 
Elementos Objetivos: 
-Produtos e serviços 
 
4. CONCEITO DE PRODUTO 
 
- Trata-se de definição prevista no §1o do art. 3o do CDC. 
Art. 3o (...) 
§ 1° Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial. 
- Exemplo de bem imaterial: mútuo bancário. 
- O conceito complementar doutrinário sobre produto é no sentido de que se trata do “bem novo ou 
usado, fungível ou infungível, principal ou acessório”. 
- Produto gratuito (ex.: amostra grátis) pode ensejar o surgimento de uma relação de consumo (a 
exemplo da mulher que, ao utilizar um shampoo de amostra grátis, danifica o seus cabelos)? 
Sim é possível haver a configuração de relação de consumo. 
De todo modo, esse raciocínio NÃO se aplica ao serviço por conta da expressão “mediante remuneração”. 
 
5. CONCEITO DE SERVIÇO 
 
Art. 3o (...) 
§ 2° Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as 
de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter 
trabalhista. 
 
- O serviço, para ter proteção do CDC, deve ser remunerado. 
- Qual é o conceito de remuneração? Ex.: estacionamento de shopping gratuito é realmente gratuito? 
Não. Isso porque, trata-se de remuneração indireta. 
- Para a aplicação do CDC, admite-se que a remuneração seja direta ou indireta. Nesse sentido, no caso 
do estacionamento do shopping, há sim relação de consumo. 
- Como exemplo de serviço não remunerado de forma direta e nem indireta, destaca-se o caso de um 
médico que, ao passear pelo parque, vem a atender uma pessoa que desmaiou no local. Pois bem, nesse 
caso, não haverá relação de consumo. 
- Se o serviço decorrer de relação de caráter trabalhista, não haverá a incidência do CDC, mas sim da 
CLT. 
- Incide as regras do CDC para as empresas de serviços de previdência privada? 
Sim. Nesse sentido, a súmula 321 do STJ afirma que: “o CDC é aplicável à relação jurídica entre entidade 
privada e seus participantes”. 
- O serviço notarial sujeita-se ao CDC? 
Pois bem, há que se analisar a natureza da contraprestação paga às serventias extrajudiciais. Sendo 
tributo, não se aplica o CDC. Sendo tarifa, aplica-se o CDC. 
Nesse sentido,decidiu-se que NÃO se aplica o CDC às atividades notariais. Isso porque, a contraprestação 
pecuniária paga por esse serviço tem natureza de tributo, na modalidade taxa. 
 STJ Resp 625.144 
Nesse sentido, é o teor da ADI 3.694. 
Vale lembrar: tantas as custas judiciais e extrajudiciais, como os emolumentos das serventias 
extrajudiciais têm natureza de taxa. 
 
- E no tocante ao crédito educativo concedido pela CEF? (próxima aula) 
 
 
 
 
 
Material elaborado por Tatiana Melo
Contato: e-mails: concursoemalta@hotmail.com
 tatianaconcursos@hotmail.com

Continue navegando