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raizes do brasil. resumo 1 e 2

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Capítulo 1: Fronteiras da Europa
O Brasil formou-se a partir de uma cultura estranha as condiçoes naturais que já existiam. Portanto, é preciso ver até onde se poderia ter exito na implementaçao dessas formas deconvívio, as intituiçoes e ideias que se é herdeiro.
É significativo do Brasil ter recebido essa herança de uma naçao ibérica. Espanha e Portugal eram naçoes que nao possuiam um tradicionalismo europeu, já que eram territorios-pontes, países pelos quais a Europa se comunicava com o resto do mundo.
Em comparaçao entre os países da europa e os da peninsula iberica, se resalta uma caracteristica dos ultimos, que é o desenvolvimento da cultura da personalidade, onde se valorizam a pessoa humana; o homem independente; cada qual é filho de si, de seu proprio esforco, de suas virtudes. Por isso mesmo, nessa terra onde todos sao baroes, nao é possível um acordo coletivo durável.
Os elementos anarquicos sempre frutificaram aqui facilmente, com a cumplicidade ou a indolencia displicente das instituicoes e costumes. As iniciativas, mesmo quando se quiseram construtivas, foram continuamente no sentido de separar os homens, nao de os unir. Os decretos dos governos nasceram em primeiro lugar da necessidade de se conterem e de se refrearem as paixoes particulares momentaneas, so raras vezes da pretensao de se associarem permanentemente as forcas ativas.
Dessa maneira, o autor argumenta que a falta de coesao existente na sociedade brasileira é algo herdado. 
O principio da hierarquia nunca chegou de fato de ser implementado na nossa sociedade. Toda hierarquia fundava-se necessariamente em privilégios. Isto porque a nobreza nunca conseguiu construir uma aristocracia fechada. Além do mais, havia uma transicao entre os nobres e os populares, prova disto é a insttuicao do amádigo, no qual os nobres entregavam seu filhos aos vilaos para os educar, e em troca recebiam alguns provilégios e insençoes.
Ao fim do sec. XV, os países ibéricos adiantaram-se dos países europeus, formando unidades políticas e economicas modernas. O que o autor se pergunta é: será que essa transformaçao súbita e, talvez, prematura, foi umas das razoes para a persistencia de hábitos de vida tradicionais? No caso de Posrtugal, a burguesia nao encontrou grandes resistencia, já que o feudalismo encontrado nos outros países cristaos, nao imperava. Por isso, a burguesia nao precisou criar um novo modo de agir e pensar para poder firmar seu predomínio. Procurou, antes de associar-se as antigas classes dirigentes, assimilar muitos dos seus principios, guiar-se pela tradicao, mais do que pela razao fria e calculista.
Os elementos aristocráticos náo foram totalmente retiradose as formas de vida herdadas da idade média foram conservadas. Os burgueses e os labregos eram contagiados pela existencia palaciana.
A abundacia de bens, os altos feitos e as altas virtudes passam acima do sangue. A dignidade do indivíduo segue em linha direto com o círculo de virtudes capitais. Por essa mentalidade antiquada que as características dos povos protestantes, como moderna religiao do trabalho e o apreço à atividade utilitarista, sempre tiveram resistencia nesses países. Para eles, uma vida admiável é aquela do grande senhor, que nao entre na corrida pelo pao de cada dia, nao tem esforco nem preocupacao.
Essa carencia da moral do trabalho se ajusta com a pouca organizacao social. Como o autor argumenta, sao o esforço humilde, anonimo e desisteressado que criam uma solidariedade dos interesses; formando assim, uma organizacao racional e coesao entre os homens. Isto porque para se ter uma ordem e uma tranquilidade entre os cidadaos, é necessária a harmonia dos interesses. Para os portugueses e espanhóis, a moral do trabalho é um fruto exótico e, portanto, a solidariedade também. Essa solidariedade é extrita ao mundodoméstico ou entre amigos. 
Por essa falta de compromisso e exaltaçao da personalidade, a obediencia é vista como rara e difícil, sendo vista como o único princípio polìtico forte. Para eles, nao existe outra disciplina, se nao aquela que se funda em uma excessiva centralizacao do poder e na obedencia. Para o autor, os jesuítas foram os que melhor representaram esse princípio.
Buarque argumenta que é em vao que se tem procurado importar se sistemas de outros povos um substítuto adequado, pois afirma que a experiencia e a tradicao ensinam que uma cultura so assimila aquilo que encontra possibilidade de ajuste aos seus quadros de vida. Por isso, somos mais parecidos com os portugas do que queremos achar. =)
Capítulo 2: trabalho e aventura
Portugal foi o pioneiro da conquista do trópico. No entanto, essa exploraçao nao foi um empreendimento metódico e racional, foi antes de tudo feito com desleixo, certo abandono e com muitas falhas. No entanto, nenhuma que leve com justiça a opiniao defendida por muitos aqueles que difamam a acao dos portugueses, de que seria melhor terem sido descobertos pelos holandeses. No entanto, o autor primeiro irá abordar as determinantes psicológicas do movimento de expansao colonial portuguesa.
 O autor faz uma distinçao das atividades dos homens que sao regidas por dois princípios, que segundo ele nao sao de oposicao absoluta como uma incompreensao radical. Estes princípios se encarnam no tipo aventureio e no tipo trabalhador. O primeiro mira se esforço para o ponto de chegada, dispensando todos os processos intermediários; seu ideal é colher o fruto sem plantar a árvore. Já o trabalhador enxerga primeiro a dificuldade de vender, do que o triunfo de alcançar, mede todas as possibilidades de desperdicio e tira proveito do insignificante. 
Existe uma ética para ambos. Enquanto o trabalhador atribuirá valor moral à segurança pessoa, à paz, à estabilidade e aos esforços sem perspectiva de recompesa rápida; o aventureiro vive de espaços ilimitados, da audácia, irresponsabilidade, instabilidade, e recompensa rápida. 
Essas tipos de estado puro sóexistem no mundo das idéias; no entanto, ajuda a aituar nosso conhecimento dos homens e conjuntos sociais. A partir disso, Buarque afirma que o tipo trabalhador teve pouco papel, para nao dizer nulo, na conquista e colonizacao do novo mundo. 
Para o autor, esse gosto pela aventura, que foi responsável por todas as fraquezas- prosperidade sem custo, de títulos honoríficos, de posiçoes e riquezas fáceis- teve grande influencia, mas nao a única, na nossa vida nacional. Vendo-se em um território onde a adaptaçao era essencial, esse elemento foi crucial para que os homens enfrentem as asperezas e resistencia da natureza. Na verdade, os portugueses querendo recriar seu meio de origem conseguiu se adpatar com facilidade. A forma de comer, de dormir, de construir as casas portuguesas, as plantaçoes de cana; tudo foi trazido e adpatado para as condiçoes naturais e socias já existentes. 
A implementaçao do latifúndio agrário nao foi grandemente influenciada pelo meio, mas mais pela circunstacia da Europa nao se encontrar ainda industrializada; portanto, esses países produziam generos agrícolas para seu próprio consumo, só carecendo de produtos naturais dos climas quentes. A abundacia de terras férteis e nao desbravadas fez com que a grande propriedade rural se tornasse a verdadeira unidade de producao. Assim sendo, só faltava resolver a questao da mao de obra.
O negro tornou-se fato obrigatório no latifúndio agrícola, pois os índios nao se acomodavam ao trabalho acurado e métodico dos canaviais, tornando-se propensos ao trabalho da indústria extrativa, caça, pesca e criaçao de gado. Para eles eram inacessíveis as noçoes de ordem, exatidao e constancia, que para os europeus eram elementos crucias para a existencia social e civil. 
A producao voltada para o consumo externo fez prevalecer um regime quantitativo, onde a técnica européia apenas serviu para devastar ainda mais a terra- uso de queimadas. Para o autor, se nao houvesse terra vasta e trabalho negreiro a grande lavoura nao existiria. A procura por riqueza rápida implementou uma exploracao de terra que eramuito simplificada, onde o colono nao se fixava a terra; nao sendo, assim, uma civilizacao tipicamente agrícola. Isto se deu por tres fatores: o espírito aventureiro nao condicia com a fixacao no solo; pela escassez da populacao do reino e pelo fato da atividade agrícola nao ocupar posicao de prestígio. Deve-se levar em conta esses fatores, sem levar em conta os obstáculos que o meio ambiente oferece, se se quer entender o porque do pouco progresso técnico para o aumento da producao. Um exemplo é o emprego do arado, que além de precisar de um terreno limpo, era preciso grande quantidade de gado, o que resultava da transtoriedade das famílias em busca de novos terrenos. 
A ideia de revigorar os solos já gastos por meio de fertilizantes nunca surgiu pois lhes faltava entusiasmo e energia. Os portugueses se colocavam nao como senhores, mas como usufrutuários. Era válido continuar com os rudes processos dos indígenas, que eram ditados pela lei do menor esforço, uma vez que se acomodassem as exigencias da producao de larga escala. O autor faz uma comparaçao com o castelhano que raramente de identificou com a terra e com a gente da terra, apenas de superpunha a uma ou outra. Para ele, o domínio foi brando e mole; a vida foi mais acolhedora das dissonancias sociais, raciais e morais. “Nossos colonizadores eram, antes de tudo, homens que sabiam repetir o que estava feito ou o que lhes ensinara a rotina.”
O autor acrescenta outra face do portugues colono: a ausencia de qualquer orgulho de raça. Isso é explicado pelo fato dos portugueses, antes mesmo do descobrimento do Brasil, um povo de mestiços. A mistura com gente de cor tinha comecado amplamente na propria metropole. “Ja antes de 1500, gracas ao trabalho de pretos trazidos das possessoes ultramarinas, fora possivel, no reino, estender a porcao do solo cultivado, desbravar matos, dessangrar pantanos e transformar charnecas em lavouras, com o que se abriu passo a fundacao de povoados novos. Os beneficios imediatos que de seu trabalho decorriam fizeram com que aumentasse incessantemente a procura desses instrumentos de progresso material, em uma nacao onde se menoscabavam cada vez mais os oficios servis” (pag. 53)
Para o autor, a distancia do homem dominador e homens de cor cada vez diminuia mais. Eles nao eram vistos como burros de carga nem carvao humano como na metrópole. A relacao com os donos oscilava de dependente para protegido, até de solidário e afins. Nao nega que havia esforcos para diminuir a influencia do homem de cor na vida colonial, mas ela normalmente ficava no papel e nao barrava a tendencia da populacao de abandonar as barreiras sociais, politicas e economicas entre brancos e homens de cor, livres e escravos.
Para o autor, o exclusivimismo rascita nao é fator determinante das medidas que visavam a brancos puros o exercicio de determinados empregos. Para ele, foi muito mais decisivo a desonra tradicionalmente associada aos trabalhos exclusivos dos negros, os negros jobs, que manchavam nao só os que os praticavam, mas também seus descendentes. (contradiçao)
Uma das consequencias da escravidao e do nao progresso técnico na lavoura foi a ausencia de esforço de cooperacao nas demais atividades produtoras. A tentativa de organizacao de ofícios moldados do reino teve entraves pelo trabalho escravo e indústria caseira, que dava uma relativa independencia aos ricos, gerando obstaculos para o desenvolvimento do comérico.
Na vida urbana se obsevava o mesmo amor pelo dinheiro fácil da vida rural. Poucos se dedicavam a vida inteira a um mesmo ofício sem partirem para um outro que era mais lucrativo. Outro empencilho é o que se chama negros de ganhou ou moços de ganho, que trabalhavam mediante licenças obtidas pelos senhores em benefício próprio. Por essa questao a grande dificuldade para o estabelecimento do artesanato, trabalho este que é preciso despender tempo e vocaçao.
O que faltou foi a cooperacao entre os elementos empreendedores do país. Normalmente essa cooperacao é mais pelo auxílio recíproco e a exitaçao proporcionada pelas reunioes, ceias e danças, do que pela trabalho em comum. Para melhor definir esse trabalho ele faz uma distinçao entre cooperacao e prestancia; que aparenta a distincao já feita entre competicao e rivalidade. “Tanto a competicao como a cooperacao sao comportamentos orientados, embora de modo diverso, para um objetivo material comum: e, em primeiro lugar, sua relacao com esse objetivo o que mantem os individuos respectivamente separados ou unidos entre si. Na rivalidade, ao contrario, como na prestancia, o objetivo material comum tem significacao praticamente secundaria; o que antes de tudo importa e o dano ou o beneficio que uma das partes possa fazer a outra.” Aqui vemos agregaçoes e relacoes pessoais precárias por um lado, e lutas entre faccoes, famílias, entre regioes; fazendo um todo amorfo.
Será que uma colonizacao holandesa teria exito? para o autor nao. Pois nao possuiam um espírito de empreendorismo métodico e coordenado, capacidade de trabalho e coesao social. Isto porque os recrutados aventureiros eram aqueles que fugiam de perseguiçoes e buscavam fortunas impossíveis. Era uma populacao cosmopolita, que criou uma divisao entre o engenho e a cidade. Essa era a grande distincao entre os flamencos e os portugueses; ao passo que no resto do Brasil as cidades eram simples e pobres, a metrópole pernambucana florecia. Dificilmente o zelo holandes transpunha os muros da cidade e nao podia ser implementado na vida rural sem desnaturá-la. 
O insucesso da experiencia holandesa se deu pela inadaptacao da raça as regioes. Isto porque o holandes, ao contrário do portugues, nao entrou em contato íntimo com a populaçao de cor. “Mais do que nenhum outro povo da Europa, cedia com docilidade ao prestigio comunicativo dos costumes, da linguagem e das seitas dos indigenas e negros. Americanizava-se ou africanizava-se, conforme fosse preciso. Tornava-se negro, segundo expressao consagrada da costa da Africa.”
A própria língua portugesa encontrou mais disposicao que a holandesa. A experiencia mostrou que o portugues empregado em sermoes e prédicas dava até mais resultado. A questao da religiao também assumiu elemento crucial para o insucesso, pois a religiao reformista nao proporcionava nenhum tipo de terreno para a transicao de sua religiao para os ideiais cristaos. “E bem notorio, ao contrario, que nao faltaram entre eles esforcos constantes para chamar a si os pretos e indigenas do pais, e que esses esforcos foram, em grande parte, bem-sucedidos. O que parece ter faltado em tais contatos foi a simpatia transigente e comunicativa que a Igreja catolica, sem duvida mais universalista ou menos exclusivista do que o protestantismo, sabe infundir nos homens, ainda quando as relacoes existentes entre eles nada tenham, na aparencia, de impecaveis.”
A essas vantagens se acrescenta a ausencia de orgulho de raça; a mestiçagem nao era um processo esporádico, mas normal. Para o autor, foi esse processo que foi essencial para a construçao, quase sem trabalho sobre humano, de uma pátria longe da sua.

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