Buscar

Resolução dos Casos Clínicos hemograma leuco

Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

Casos Clínicos
COSTELINHA, um cão, M, adulto, veio ao hospital veterinário da UEL com queixa de dor abdominal, apatia e anorexia há 04 dias. Clinicamente, não houve um diagnóstico definitivo e foi então recomendada a laparotomia exploratória. Após o procedimento cirúrgico, o hemograma apresentou os seguintes resultados. Comente os achados e justifique as alterações. 
HEMOGRAMA					Valores de referência
	Volume Globular (%)
	32,7
	37-55
	Hemoglobina (g/dL)
	8,8
	12-18
	Hemácias (x106/mm3)
	5,17
	5,5-8,5
	VGM (fL)
	63,3
	60-77
	HGM (pg)
	17,0
	19-23
	CHGM (%)
	26,0
	32-36
	Leucócitos(x103/mm3)
	31,53 = 31.530
	6.000-17.000
	Mielócitos (%)
	0
	-
	Metamielócitos (%)
	0
	-
	Bastonetes (%)
	1 = 315
	0-300
	Segmentados (%)
	97 = 30.585
	3.000-11.500
	Eosinófilos (%)
	0
	100-1.250
	Linfócitos (%)
	2 = 630
	1.000-4.800
	Monócitos (%)
	0
	150-1.350
Obs: 	Hipocromia 	(++)
	Poiquilocitose (++)
	Policromasia 	(+)
Comentários: O animal apresenta uma anemia normocítica hipocrômica leve, possivelmente devido à perda sanguínea ocorrida durante a cirurgia (laparotomia exploratória). A presença de hipocromia e CHGM diminuído reflete a quantia de ferro nas hemácias. Há duas causas principais: reserva de ferro insuficiente (não come, não absorve ou perda muito crônica) ou não utilização de ferro das reservas (doença crônica). Não há evidências de sinais de regeneração medular consistentes (policromasia apenas (+), anisocitose, corpúsculos de Howell Jolly) porque o sangramento foi recente. Se fosse solicitado contagem de reticulócitos, ainda não houve tempo para ocorrer a resposta medular, pois após um sangramento pode demorar até 4 dias devido à necessidade de mobilização de ferro das reservas. O leucograma revela uma leucocitose com neutrofilia e linfopenia em decorrência inflamação aguda decorrente da cirurgia e também pode ser atribuída à ação do cortisol (leucograma de estresse). A presença de bastonetes pouco acima do limite superior de referência (LSR) indica desvio à esquerda regenerativo leve, causado pela inflamação e a neutrofilia, 3 vezes acima do limite superior de referência (LSR), reforça a causa. 
�
Uma simpática cadela adulta, Rotweiller, chegou ao HV com histórico de vômito e apatia. Ao exame físico, notou-se hepatoesplenomegalia e mucosas extremamente pálidas. Foi então solicitado um hemograma, como se segue abaixo: 
HEMOGRAMA					Valores de referência
	Volume Globular (%)
	10,9 ↓
	37-55
	Hemoglobina (g/dL)
	2,9 ↓
	12-18
	Hemácias (x106/mm3)
	2,01 ↓
	5,5-8,5
	VGM (fL)
	54,6 ↓
	60-77
	HGM (pg)
	14,4 ↓
	19-23
	CHGM (%)
	26,6 ↓
	32-36
	Leucócitos(x103/mm3)
	24,21 = 24.210 ↑
	6.000-17.000
	Mielócitos (%)
	0
	-
	Metamielócitos (%)
	0
	-
	Bastonetes (%)
	2 = 484
	0-300
	Segmentados (%)
	95 = 23.000
	3.000-11.500
	Eosinófilos (%)
	0
	100-1.250
	Linfócitos (%)
	3 = 726
	1.000-4.800
	Monócitos (%)
	0
	150-1.350
Obs.:	Hipocromia	(+++)		Poiquilocitose	(+++)
	Anisocitose 	(+++)		Policromasia	(++)
	Corpúsculos de Howell Jolly	(+)
Que alterações este animal apresenta pelo exame??? Justifique.
Este animal apresenta uma anemia microcítica hipocrômica severa com sinais de regeneração. A hepatoesplenomegalia pode estar relacionada à hemólise (extravascular). No entanto, a anemia hemolítica tem característica morfológica de macrocitose. Portanto provavelmente a anemia tenha duas causas associadas: anemia microcítica hipocrômica (causas ligadas ao ferro, citadas no ex. 1 – neste caso, absorção intestinal deficiente) agravada por uma hemólise, que justifica a severidade (VG = 10%) e os sinais de regeneração. O leucograma revela leucocitose com neutrofilia e linfopenia (desvio à esquerda discreto devido à presença de bastonetes). Novamente, pode-se admitir uma reposta associada de estresse e/ou início de inflamação. 
Marley, um comportado filhote de labrador, foi trazido por seu dono ao HV com queixa de vômito e diarréia há 3 dias. Comente os achados do hemograma: 
HEMOGRAMA					Valores de referência
	Volume Globular (%)
	42,9
	37-55
	Hemoglobina (g/dL)
	12,4
	12-18
	Hemácias (x106/mm3)
	6,97
	5,5-8,5
	VGM (fL)
	61,6
	60-77
	HGM (pg)
	17,7
	19-23
	CHGM (%)
	28,9 ↓
	32-36
	Leucócitos(x103/mm3)
	11,67 = 11.670
	6.000-17.000
	Mielócitos (%)
	0
	-
	Metamielócitos (%)
	0
	-
	Bastonetes (%)
	0
	0-300
	Segmentados (%)
	58 = 6.769
	3.000-11.500
	Eosinófilos (%)
	2 = 233
	100-1.250
	Linfócitos (%)
	40 = 4.668
	1.000-4.800
	Monócitos (%)
	0
	150-1.350
Neste caso, a única alteração consistente é o CHGM diminuído. Por ser um filhote, tem poucas reservas de ferro, dieta pobre (leite) e pode ser agravada pela presença de parasitas intestinais hematófagos (perda crônica de ferro). Apesar dos valores estarem dentro dos limites de referência, observar que não há o predomínio de segmentados, como é característico para esta espécie. A presença de linfocitose (não é o caso) em filhotes pode estar relacionada à estimulação antigênica devido à vacinação. O objetivo deste caso é verificar a diferença entre a interpretação dos valores relativos (%) que indica uma linfocitose, no entanto, ao transformar em valores absolutos – percebe-se que não há linfocitose absoluta – que é o que interessa! 
Priscila, uma Sheep Dog de 2 meses, chegou numa noite fria ao HV apresentando episódios de vômito e diarréia. Ao hemograma, os resultados foram:
Comente as alterações e cite uma suspeita clínica para o caso.
HEMOGRAMA					Valores de referência
	Volume Globular (%)
	4,3 ↓↓↓
	37-55
	Hemoglobina (g/dL)
	1,6 ↓↓↓
	12-18
	Hemácias (x106/mm3)
	0,71 ↓↓↓
	5,5-8,5
	VGM (fL)
	61,2 
	60-77
	HGM (pg)
	22,5
	19-23
	CHGM (%)
	31,7
	32-36
	Leucócitos(/mm3)
	160 ↓↓↓
	6.000-17.000
	Mielócitos (%)
	-
	-
	Metamielócitos (%)
	-
	-
	Bastonetes (%)
	-
	0-300
	Segmentados (%)
	-
	3.000-11.500
	Eosinófilos (%)
	-
	100-1.250
	Linfócitos (%)
	-
	1.000-4.800
	Monócitos (%)
	-
	150-1.350
Obs.: contagem diferencial não realizada devido à intensa leucopenia;
	Predomínio de linfócitos. Trombocitopenia intensa.
	Hipocromia	(+)		Poiquilocitose	(+)
Este animal apresenta anemia normocítica hipocrômica severa com ausência de sinais de regeneração medular, leucopenia severa e trombocitopenia intensa (diminuição de plaquetas). Portanto, há redução importante das três principais linhagens celulares produzidas na medula óssea – chamada pancitopenia. São causas para justificar estas três alterações a lesão do tecido hematopoiético que pode ser reversível ou não. Especificamente por agentes químicos (antibióticos, quimioterápicos, estrógeno), físicos (irradiação) ou ainda agentes etiológicos (Erlichia, Parvovírus, Babesia entre outros).
Durante o plantão veterinário, seu Tião chegou ao HV com seu vira lata (leia-se cão SRD) JOSELITO. O animal apresentava febre, apatia, petéquias em região abdominal e mucosas pálidas. Seu Tião comentou que o animal esteve ultimamente “pesteado” por carrapatos. Com muito esforço, o plantonista conseguiu coletar o sangue do animal, pois estava difícil conter o sangramento do local de punção. Quais alterações se encontram no hemograma? Cite uma suspeita clínica. 
HEMOGRAMA					Valores de referência
	Volume Globular (%)
	28,5 ↓
	37-55
	Hemoglobina (g/dL)
	8,9 ↓
	12-18
	Hemácias (x106/mm3)
	4,56 ↓
	5,5-8,5
	VGM (fL)
	62,5
	60-77
	HGM (pg)
	19,5
	19-23
	CHGM (%)
	31,2 ↓
	32-36
	Leucócitos(x103/mm3)
	0,7 ↓↓↓ 
	6.000-17.000
	Mielócitos (%)
	Contagem diferencial de leucócitos não realizada devido à intensa leucopenia;
	-
	Metamielócitos (%)
	
	-
	Bastonetes (%)
	
	0-300
	Segmentados
(%)
	
	3.000-11.500
	Eosinófilos (%)
	
	100-1.250
	Linfócitos (%)
	
	1.000-4.800
	Monócitos (%)
	
	150-1.350
Obs.: 	Anisocitose	(+)	Hipocromia	(+)
Predomínio de neutrófilos segmentados.
O animal apresenta anemia normocítica hipocrômica sem sinais de regeneração e leucopenia severa. O histórico de presença de carrapatos, sangramento inicial, petéquias evoca a suspeita de erliquiose. Esta doença pode ter várias “apresentações” hematológicas, dependendo de seu estágio. Em fase terminal provoca a aplasia de medula. Neste caso, o animal está possivelmente em um estágio intermediário da evolução da doença. A erlíquia provoca uma alteração da resposta da medula, diminuindo gradativamente a produção de células. Primeiro são afetadas as células que têm maior renovação – plaquetas (responsáveis por conter o sangramento inicial) e leucócitos e, como a renovação de hemácias é mais lenta (meia vida de 100 dias), a queda do VG demora mais tempo. Se houver sangramento com perda de grande quantidade de sangue, pode-se até encontrar uma resposta regenerativa da medula óssea (não é o caso). 
GRÉTIN, uma cadela adulta não castrada, chegou ao HV em uma noite enluarada apresentando episódios de convulsão. Imediatamente, foi coletado sangue para algumas análises. O hemograma demonstrou: 
HEMOGRAMA					Valores de referência
	Volume Globular (%)
	24,1 ↓↓
	37-55
	Hemoglobina (g/dL)
	7,6 ↓↓
	12-18
	Hemácias (x106/mm3)
	3,98 ↓↓
	5,5-8,5
	VGM (fL)
	60,6
	60-77
	HGM (pg)
	19,0
	19-23
	CHGM (%)
	31,5 ↓
	32-36
	Leucócitos(x103/mm3)
	2,42 = 2420↓↓
	6.000-17.000
	Mielócitos (%)
	0
	-
	Metamielócitos (%)
	0
	-
	Bastonetes (%)
	1 = 24
	0-300
	Segmentados (%)
	54 = 1307
	3.000-11.500
	Eosinófilos (%)
	0
	100-1.250
	Linfócitos (%)
	45 = 1089
	1.000-4.800
	Monócitos (%)
	0
	150-1.350
Obs.: 	policromasia	(++)			Anisocitose	(++)
	Hipocromia	(+)			Poiquilocitose	(+)
Esta cadela apresenta uma anemia normocítica hipocrômica moderada, com sinais de regeneração (anisocitose e policromasia). Não há neste caso, evidências de perda sanguínea ou hemólise. O leucograma revela leucopenia e neutropenia. Considerar as possíveis causas de leucopenia: aumento do consumo por inflamação aguda ou crônica (demanda); diminuição da produção pela medula óssea; degeneração da medula óssea por produção ineficiente e marginação por ação de endotoxinas (depressão). A depleção na espécie canina que tem uma grande reserva de neutrófilos ocorre apenas em infecções sistêmicas generalizadas ou muito graves. A destruição do tecido medular envolve as três linhagens celulares e não há sinais de regeneração. Quando há degeneração existem sinais de resposta inadequada como alterações morfológicas degenerativas e presença de células jovens (por exemplo, mais metamielócitos que bastonetes). Neste caso, por eliminação das outras causas, provavelmente, a leucopenia seja devido à diminuição da produção da medula óssea, mas não é possível a confirmação porque não sabemos se a anemia é, de fato, regenerativa (há sinais de regeneração, mas não temos a contagem de reticulócitos). 
Baltazar, um felino Persa de 2 A, foi trazido por Dona Matilde ao HV com queixa de apatia e anorexia há um mês. Dona Matilde, com sua visão “acurada”, não notou que sua casa e seu gato estavam infestados por pulgas. Felizmente, o residente solicitou um hemograma do animal para que fosse possível uma melhor interpretação de seu caso. Comente os achados e justifique. 
HEMOGRAMA					Valores de referência
	Volume Globular (%)
	13,8 ↓↓
	24-45
	Hemoglobina (g/dL)
	4,9 ↓↓
	8-15
	Hemácias (x106/mm3)
	2,43 ↓↓
	5,0-10
	VGM (fL)
	57,0 
	39-55
	HGM (pg)
	20,1
	13-17
	CHGM (%)
	35,5
	30-36
	Leucócitos(x103/mm3)
	4,7 = 4700 ↓
	5.500-19.500
	Mielócitos (%)
	0
	-
	Metamielócitos (%)
	0
	-
	Bastonetes (%)
	0
	0-300
	Segmentados (%)
	43 = 2021
	2.500-12.500
	Eosinófilos (%)
	2 = 94
	0-1.500
	Linfócitos (%)
	55 = 2585
	1.500-7.000
	Monócitos (%)
	0
	0-850
Obs.: 	Policromasia	(++)			Anisocitose	(++)
	Corpúsculos de Howell Jolly (+)	Reticulócitos	115.425/mm3
Este animal apresenta uma anemia normocítica normocrômica regenerativa (reticulócitos acima de 60.000) e sinais de regeneração – anisocitose, policromasia, corpúsculos de H. Jolly. Devido à infestação por pulgas, a causa da anemia pode ser infecção por micoplasma, que provoca anemia hemolítica (extravascular) de gravidade variável dependendo da espécie de micoplasma envolvida. Se o animal possuir uma resposta imune efetiva e uma resposta regenerativa da MO, ele poderá sobreviver à parasitemia. No entanto, este animal apresenta leucopenia por neutropenia quando a resposta leucocitária esperada para anemias hemolíticas seria leucocitose por neutrofilia. Diante disso, conclui-se que não há uma resposta leucocitária adequada, levando a pensar em outro fator associado à micoplasmose – infecções virais que causam imunossupressão – imunodeficiência viral felina (FIV) e leucemia viral felina (Felv).
WILSON, um cão SRD de aproximadamente um ano de idade, foi atropelado ao acaso por um aluno da veterinária. Silas, o proprietário, trouxe o animal ao HV 4 dias após o acontecido. O RX revelou fratura de pelve bilateral. O hemograma demonstrou:
HEMOGRAMA					Valores de referência
	Volume Globular (%)
	37,7 
	37-55
	Hemoglobina (g/dL)
	11,7 ↓
	12-18
	Hemácias (x106/mm3)
	6,25
	5,5-8,5
	VGM (fL)
	60,4
	60-77
	HGM (pg)
	18,7
	19-23
	CHGM (%)
	31,0 ↓ 
	32-36
	Leucócitos(x/mm3)
	65.260 ↑↑↑
	6.000-17.000
	Mielócitos (%)
	2 = 1305
	-
	Metamielócitos (%)
	3 =1958
	-
	Bastonetes (%)
	13 = 8484
	0-300
	Segmentados (%)
	78 = 50903
	3.000-11.500
	Eosinófilos (%)
	0
	100-1.250
	Linfócitos (%)
	3 = 1958
	1.000-4.800
	Monócitos (%)
	1 = 652
	150-1.350
Obs.: 	Policromasia 	(+++)		Anisocitose	(+)
O animal apresenta concentração reduzida de hemoglobina e CHGM – relacionar com causas ligadas ao ferro e possível hemoconcentração devido à desidratação mascarando uma anemia (também apresenta sinais de regeneração – policromasia e anisocitose). O leucograma mostra uma leucocitose com neutrofilia e desvio à esquerda regenerativo (presença de células jovens) grave (presença de mielócitos, metamielócitos e bastonetes)– leucograma inflamatório. Observar que a magnitude da leucocitose se deve ao tempo transcorrido da fratura até o diagnóstico.
Numa tarde chuvosa, Dona Silvia trouxe sua dálmata LAIKA ao HV; A cadela havia apenas apresentado apatia no dia anterior, sem nenhuma alteração evidente ao exame físico. Durante a coleta de sangue, demonstrou-se um pouco estressada. O hemograma apresentou os seguintes resultados: 
HEMOGRAMA					Valores de referência
	Volume Globular (%)
	35,6 ↓
	37-55
	Hemoglobina (g/dL)
	11,7 ↓
	12-18
	Hemácias (x106/mm3)
	5,47 ↓
	5,5-8,5
	VGM (fL)
	65,2
	60-77
	HGM (pg)
	21,3
	19-23
	CHGM (%)
	32,8
	32-36
	Leucócitos(/mm3)
	59.110 ↑↑
	6.000-17.000
	Mielócitos (%)
	-
	-
	Metamielócitos (%)
	-
	-
	Bastonetes (%)
	-
	0-300
	Segmentados (%)
	91 = 53790 ↑↑
	3.000-11.500
	Eosinófilos (%)
	-
	100-1.250
	Linfócitos (%)
	5 = 2955
	1.000-4.800
	Monócitos (%)
	4 = 2365 ↑
	150-1.350
Obs.: 	Hipocromia 	(+)		Anisocitose	(+);
	Policromasia	(+)		Neutrófilos hipersegmentados.
O animal apresenta anemia normocítica normocrômica discreta, com sinais de regeneração também discretos. O leucograma demonstra uma leucocitose com neutrofilia e monocitose. A ausência de células jovens e a presença de neutrófilos hipersegmentados classificam esta leucocitose como desvio à direita. Um leucograma de estresse (ação do cortisol) apresenta leucocitose e neutrofilia,
linfopenia, eosinopenia e monocitose, sendo estas duas últimas alterações menos freqüentes – a magnitude desta leucocitose pode chegar a 2 vezes o LSR (± 23.000) em cães. A presença de neutrófilos hipersegmentados significa que estas células estão passando mais tempo na circulação do que deveriam e a maturação nuclear, que é contínua, é mantida porque o cortisol impede a diapedese (saída das células da circulação para os tecidos). Não há, no entanto, a linfopenia (nada impede que estas células estejam em número reduzido do que a horas atrás, mas ainda dentro dos limites de referência). Outra possibilidade para este caso seria uma inflamação crônica, quando o período inicial de leucocitose com neutrofilia e desvio à esquerda já passou, e o aumento na produção de células mielóides pela MO se mantém porque o estímulo inflamatório continua. O que acontece é uma leucocitose com células maturas (neutrófilos segmentados), e quantidade variável das outras células. Esta opção justificaria também a discreta alteração eritrocitária (anemia de doença inflamatória crônica), mas não a presença de neutrófilos hipersegmentados. Portanto os dois fatores estão associados – a inflamação crônica e o estresse (pela própria doença). Neste caso a história clínica não nos fornece informações consistentes para maiores conclusões! 
Uma cadela SRD, de10 anos, teve diagnóstico de TVT (tumor venéreo transmissível). Veio ao HV para realizar sua primeira sessão de quimioterapia. Para isto, foi realizado um hemograma para avaliação prévia. Comente os achados. 
HEMOGRAMA( pré vincristina)				Valores de referência
	Volume Globular (%)
	32 ↓
	37-55
	Hemoglobina (g/dL)
	11,2 ↓
	12-18
	Hemácias (x106/mm3)
	5,3 ↓
	5,5-8,5
	VGM (fL)
	60,3
	60-77
	HGM (pg)
	21,1
	19-23
	CHGM (%)
	35,0
	32-36
	Leucócitos(/mm3)
	80.200 ↑↑↑
	6.000-17.000
	Mielócitos (%)
	-
	-
	Metamielócitos (%)
	-
	-
	Bastonetes (%)
	2 = 1.604 ↑↑
	0-300
	Segmentados (%)
	92 = 73.784 ↑↑↑
	3.000-11.500
	Eosinófilos (%)
	-
	100-1.250
	Linfócitos (%)
	5 = 4.010
	1.000-4.800
	Monócitos (%)
	1 = 802
	150-1.350
Obs.: 	Hipocromia	(++)
Este animal apresenta uma anemia normocítica normocrômica sem sinais de regeneração, possivelmente em decorrência da neoplasia que age da mesma maneira que a doença inflamatória crônica. Há uma leucocitose por neutrofilia e desvio à esquerda regenerativo leve, pela presença de bastonetes. Como o exame foi realizado antes da primeira sessão de quimioterapia, o resultado pode ser devido ao processo inflamatório que acompanha a neoplasia ou mesmo em resposta ao tumor propriamente (síndrome paraneoplásica). Após as sessões de quimioterapia, a tendência é a redução substancial do número de neutrófilos.
 
DOLORES, uma singela cadelinha Cocker de 8 anos, chegou ao HV com presença de uma massa em região vulvar. O residente, prontamente realizou pedido de hemograma enquanto realizava o exame físico. Comente os achados do hemograma da cadela.
HEMOGRAMA					Valores de referência
	Volume Globular (%)
	30 ↓
	37-55
	Hemoglobina (g/dL)
	11,4 ↓
	12-18
	Hemácias (x106/mm3)
	5,0 ↓
	5,5-8,5
	VGM (fL)
	60
	60-77
	HGM (pg)
	22,8
	19-23
	CHGM (%)
	36,0
	32-36
	Leucócitos(/mm3)
	48.500 ↑↑
	6.000-17.000
	Mielócitos (%)
	-
	-
	Metamielócitos (%)
	-
	-
	Bastonetes (%)
	13 = 6.305
	0-300
	Segmentados (%)
	78 = 37.830
	3.000-11.500
	Eosinófilos (%)
	-
	100-1.250
	Linfócitos (%)
	5 = 2.425
	1.000-4.800
	Monócitos (%)
	-
	150-1.350
Obs.: 	Hipocromia 	(++)
	Poiquilocitose	(+)
Igual ao caso anterior
Este animal apresenta uma anemia normocítica normocrômica sem sinais de regeneração, possivelmente em decorrência da neoplasia que age da mesma maneira que a doença inflamatória crônica. Há uma leucocitose por neutrofilia e desvio à esquerda regenerativo leve, pela presença de bastonetes. O resultado pode ser devido ao processo inflamatório que acompanha a neoplasia ou mesmo em resposta ao tumor propriamente (síndrome paraneoplásica). 
Eqüino, Manga Larga, fêmea, 2 a 5 meses. Chegou ao HV com o histórico de cólica no dia anterior, ao exame clínico apresentou sudorese intensa e mucosas cianóticas, à auscultação abdominal havia atonia, distensão abdominal moderada, fezes endurecidas e com bastante muco.
Diagnóstico: Cólica obstrutiva com peritonite.
HEMOGRAMA
	
	29.05
	31.05
	02.06
	V.R.
	Hemácias 
	10,95
	10,56
	11,47
	6,5-12,5
	Hb
	12,2
	14,10
	16,70
	11-19
	VG
	47
	48
	50
	32-52
	Leucócitos
	3.800 ↓
	5.500
	3.500 ↓
	5.500-12.500
	Metamielócitos
	1 = 38 ↑
	1 = 55 ↑
	1 = 35 ↑
	-
	Bastonetes
	13 = 494 ↑
	10 = 550 ↑
	10 = 350 ↑
	0-100
	Segmentados
	28 = 1.064 ↓
	48 = 2.640 ↓
	24 = 840 ↓
	2.700-6.700
	Linfócitos
	52 = 1.976
	38 = 2.090
	58 = 2.030
	1.500-5.500
	Eosinófilos
	0
	0
	1 = 35
	0-925
	Basófilos
	0
	0
	1 = 35
	0-170
	Monócitos
	6 = 228
	3 = 165
	5 = 175
	0-800
	Proteína Total
	7,0
	5,7
	6,0
	5,8-8,7
	Fibrinogênio
	800 ↑
	900 ↑
	1100 ↑
	100-400
Granulações tóxicas e vacúolos citoplasmáticos
O eritrograma esteve nos limites de referência em todos em exames realizados. Há alterações leucocitárias nos exames caracterizadas por leucopenia com neutropenia e desvio à esquerda degenerativo, pela presença de células jovens – metamielócitos e bastonetes. A causa da leucopenia e da neutropenia é a depleção ou demanda aumentada no local do processo inflamatório (cólica obstrutiva e peritonite). O aumento do fibrinogênio (hiperfibrinogenemia), proteína de fase aguda da inflamação, também reforça o processo inflamatório agudo. A presença de granulações tóxicas e vacúolos citoplasmáticos são alterações morfológicas de neutrófilos que resultam da diminuição do tempo de maturação e sinais de degeneração celular, respectivamente. A espécie eqüina possui uma reserva mediana de neutrófilos na MO, portanto em processos inflamatórios severos, pode ocorrer leucopenia por depleção das reservas. O prognóstico torna-se reservado neste caso porque há uma queda no número de leucócitos e aumento do fibrinogênio no dia 02/06, quinto dia após o início do tratamento, indicando reagudização do processo.
Uma vaca holandesa no final da 1o lactação apresentou parada repentina de lactação, na ocasião as glândulas mamárias apresentaram-se normais. A última retirada do leite ocorreu dia 6 de julho. Amostras de leite foram colhidas e mostram presença de E.coli no leite, o qual foi atribuído como contaminação externa. Entretanto o hemograma dia 17 indicou que a vaca estava doente, embora o proprietário não notasse alterações significantes na atitude do animal. A temperatura mensurada no dia 18 foi de 42o C e as glândulas mamárias estavam edemaciadas. Foram isoladas E.coli das secreções de três das quatro glândulas mamárias. Em 20 de julho a vaca estava deitada e evitava levantar-se e duas das glândulas mamárias estavam edemaciadas. O animal foi medicado.
	
	16.07
	17.07
	18.07
	19.07
	20.07
	23.07
	V.R.
	Leucócito
	9400
	2850 ↓
	800 ↓
	1500 ↓
	1700 ↓
	8500
	4.000-12.000
	Mielócito
	
	
	Diferencial não realizado devido à intensa leucopenia.
	
	187 ↑
	127 ↑
	-
	Metamielócito
	0
	0
	
	0
	391 ↑
	2082 ↑
	-
	Bastonete
	0
	0
	
	30
	102
	1700 ↑
	0-120
	Segmentado
	2538
	342 ↓
	
	90 ↓
	85 ↓
	1062 
	600-4000
	Linfócito
	5358
	1995
	
	1190
	799
	2762
	2500-7500
	Eosinófilo
	188
	144
	
	15
	51
	85
	0-2400
	Basófilo
	188
	0
	
	0
	0
	56
	0-200
	Monócito
	1128 ↑
	399
	
	195
	0
	467
	25-840
No dia 16/07 a única alteração hematológica é uma monocitose, que pode ocorrer em processos inflamatórios, mas, normalmente, acompanham a neutrofilia. No segundo exame, há uma leucopenia por neutropenia por depleção ou demanda aumentada
no local do processo inflamatório. Como os bovinos tem uma pequena reserva de neutrófilos na MO, ocorre uma queda acentuada dos neutrófilos circulantes. Observe que nos dias 18 e 19 há quase um esgotamento dos neutrófilos. A hiperplasia mielóide após a depleção demora 2 a 3 dias para ocorrer e iniciar a “repovoar” as células na circulação. Como não há tempo para maturação celular adequada e o estímulo inflamatório pela demanda de células inflamatórias se mantém, ocorre a liberação de células jovens (mielócitos e metamielócitos) na circulação, caracterizando o DED grave. No dia 20, existem mais células jovens (mielócitos e metamielócitos) do que células maduras (segmentados), o que estaria dentro do esperado para um animal que se recupera de uma depleção medular. No entanto, no dia 23, apesar do número de leucócitos estar dentro dos limites de referência, a presença de células jovens em maior quantidade do que células maduras continua e de forma inadequada (observe que há mais metamielócitos do que bastonetes e mais bastonetes do que segmentados). Isto é um sinal de degeneração medular, mesmo sem a presença de leucopenia. (o primeiro sinal de resposta inadequada pode ter sido a presença de monocitose sem neutrofilia no primeiro exame!).

Teste o Premium para desbloquear

Aproveite todos os benefícios por 3 dias sem pagar! 😉
Já tem cadastro?

Continue navegando