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CONTABILIDADE GERAL Prof. Gideon carvalho de benedicto 2016 MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO EMENTA E CONTEÚDO PROGRAMÁTICO CARGA HORÁRIA CÓDIGO DENOMINAÇÃO CR. TEÓR. PRÁT. TOT. GAE102 CONTABILIDADE GERAL 4 34 34 68 Ementa (Síntese do Conteúdo) (máximo de 10 linhas) EMENTA (Síntese do Conteúdo) Estuda a Contabilidade como sistema de informação. Analisa a formação do patrimônio, utilizando o método de Balanços Sucessivos. Aborda a estrutura das Demonstrações Financeiras de acordo com a Lei 6.404/76 e as alterações estabelecidas pela Lei 11.638/07 e Lei 11.941/09. Considera as informações contábeis como instrumento de tomada de decisões na empresa. Desenvolve operações básicas de lançamentos contábeis (método das partidas dobradas) e apuração do resultado. Elabora balancete de verificação, balanço patrimonial, demonstração do resultado do exercício e a demonstração do fluxo de caixa. OBJETIVOS: O estudo de Contabilidade Geral visa oferecer ao aluno condições de: ▪ estudar as disciplinas de natureza contábil para contribuir no desenvolvimento e formação profissional do administrador; ▪ conhecer a contabilidade como sistema de informação; ▪ enfatizar os princípios lógicos e sistemáticos como base de relatórios contábeis; ▪ enfocar o processo de administração com base nos relatórios contábeis; ▪ analisar as finalidades e importância das demonstrações contábeis; ▪ utilizar as informações contábeis no processo de tomada de decisão da empresa. Administração Data: ___/___/_ ___________________________________________________________________ Coordenador ____________________________ Chefe de Departamento Data: ___/___/___ ____________________________ Pró-Reitor de Graduação Data: ___/___/___ Código:GAE102 Revisão: 01/09/16 Emissão: 01/09/16 Pág/Pág: 01/03 Código:GAE102 Revisão: 01/09/16 Emissão: 01/09/16 Pág/Pág: 02/03 1 – A CONTABILIDADE 1.1– Definição 1.2 – Usuários da Contabilidade 1.3 – Manutenção da Contabilidade 1.4 – Das Pessoas Físicas 1.5 – Das Pessoas Jurídicas 2 – PRINCÍPIOS CONTÁBEIS GERALMENTE ACEITOS NO BRASIL PELA CVM (Comissão de Valores Mobiliários) e CPC (Comitê de Pronunciamentos Contábeis) 2.1 – Postulados 2.2 – Princípios Contábeis 2.3 – Convenções Contábeis 2.4 – Comissão de Valores Mobiliários (CVM) 2.5 Harmonização das Normas Contábeis – Comitê de Pronunciamentos Contábeis 3 – O PATRIMÔNIO 3.1 – Bens 3.2 – Direitos 3.3 – Obrigações 3.4 – Representação Gráfica do Patrimônio 3.5 – Classificação dos Elementos Patrimoniais 4 – DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS 4.1 – Balanço Patrimonial (Lei 11.638/07 e Lei 11.941/09) 4.2 – Conteúdo e Estrutura 4.3 – Agrupamento das Contas do Ativo 4.4 – Agrupamento das Contas do Passivo e Patrimônio Líquido 4.5 – Plano de Contas 5 – DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO 5.1 – Conteúdo e Estrutura 5.2 – Conceitos de Receitas 5.3 – Conceitos de Despesas e Custos 5.4 - Apresentação da Demonstração do Resultado do Exercício 6 – DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA 6.1 – Conceitos 6.2 – Método Direto 6.3 – Método Indireto 7 – MÉTODO DAS PARTIDAS DOBRADAS 7.1 – Conceitos 7.2 – Princípio Universal das Partidas Dobradas 7.3 – Débito (Aplicação de Recursos) 7.4 – Crédito (Origem de Recursos) 7.5 – Saldo 7.6 - Escrituração, Livros Contábeis e Razonete 7.7 - Balancete de Verificação 8 – OPERAÇÕES BÁSICAS 8.1 – Escrituração de Operações Básicas 8.2 – Custo das Mercadorias Vendidas 8.3 – Apuração do Resultado do Exercício 8.4 – Balancete de Verificação 8.5 – Balanço Patrimonial e Demonstração do Resultado do Exercício Código: GAE 102 Revisão: 01/09/16 Emissão: 01/09/16 Pág/Pág: 03/03 Datas e Critérios de Avaliação 1ª Avaliação – Lista de Exercícios 20% 2ª Avaliação – Prova 40% 3ª Avaliação – Prova 40% Total............................100% A Prova de Recuperação substituirá a menor nota entre a 2ª e a 3ª avaliações ministradas no semestre. Bibliografia Básica: BORINELLI, Márcio Luiz e PIMENTEL, Renê Coppe. Curso de Contabilidade para Gestores, Analistas e Outros Profissionais. São Paulo: Editora Atlas, 2010. COTRIM, Celso Lucas. Contabilidade para Administração. Campinas: Apostila PUC-Campinas, 2016. IUDÍCIBUS, S. de et al. Contabilidade Introdutória. 11. ed., São Paulo: Editora Atlas, 2011. Bibliografia Complementar: GONÇALVES. E.C. e BAPTISTA, A. E. Contabilidade Geral. São Paulo: Editora Atlas, 2007. IUDICIBUS, S; MARION, J, C. Contabilidade Comercial. 7. ed., 2. reimpr., São Paulo: Editora Atlas, 2007. LEI Nº. 11.638 de 28 de dezembro de 2007. LEI 11.941 de 27 de maio de 2009. MARION, José Carlos. Contabilidade Básica. 10. ed., São Paulo: Editora Atlas, 2009. MULLER, Aderbal Nicolas. Contabilidade Básica. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2009. PADOVEZE, Clóvis Luís. Manual de Contabilidade Básica. 8. ed., São Paulo: Editora Atlas, 2012. RIBEIRO, Osni Moura. Contabilidade Geral Fácil. 8. ed., São Paulo: Editora Saraiva, 2012. SALAZAR, José Nicolas Albuja, BENEDICTO, Gideon Carvalho de. Contabilidade Financeira. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2004. SUMÁRIO CAPÍTULO 1 – A CONTABILIDADE... 08 1.1– Definição... 08 1.2 – Usuários da Contabilidade... 08 1.3 – Manutenção da Contabilidade... 09 1.4 – Das Pessoas Físicas... 09 1.5 – Das Pessoas Jurídicas... 09 1.6 – Atividades do Capítulo1... 10 2 – PRINCÍPIOS CONTÁBEIS GERALMENTE ACEITOS NO BRASIL PELA CVM (Comissão de Valores Mobiliários) E CPC (Comitê de Pronunciamentos Contábeis)... 12 2.1 – Postulados... 12 2.2 – Princípios Contábeis... 12 2.3 – Convenções Contábeis.. 12 2.4 - CVM – Comissão de Valores Mobiliários... 12 2.5 Harmonização das Normas Contábeis – Comitê de Pronunciamentos Contábeis... 14 2.6 – Atividades do Capítulo 2 .... 15 CAPÍTULO 3 – O PATRIMÔNIO... 19 3.1 – Bens... 19 3.2 – Direitos... 20 3.3 - Obrigações... 20 3.4 – Representação Gráfica do Patrimônio... 21 3.5 – Classificação dos Elementos Patrimoniais... 22 3.6 – Atividades do Capítulo 3..... 25 4 – DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS... 31 4.1 – Balanço Patrimonial... 31 4.2 – Conteúdo e Estrutura... 32 4.3 – Agrupamento das Contas do Ativo... 32 4.4 – Agrupamento das Contas do Passivo...... 34 4.5 – Agrupamento das Contas do Patrimônio Líquido... 34 4.6 – Deduções do Ativo e Patrimônio Líquido... 37 4.6.1 – Contas Redutoras do Ativo... 37 4.6.2 – Contas Redutoras do Patrimônio Líquido... 39 4.7 – Plano de Contas...40 4.8 – Balanços Sucessivos... 42 4.8.1 – Método de Múltiplo Balanços... 42 4.9 – Atividades Teóricas do Capítulo 4... 46 4.10 – Atividades Práticas do Capítulo 4... 49 5 – DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO... 55 5.1 – Conteúdo e Estrutura... 55 5.2 – Conceito de Receitas... 58 5.3 – Conceito de Despesas e Custos... 56 5.4 – Apresentação da DRE... 57 5.5 – Detalhamento da DRE... 57 5.6 – Regime de Competência do Exercício... 61 5.7 – Atividades Práticas do Capítulo 5... 61 6 – DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA... 67 6.1 - Conceitos... 67 6.2 – Método Direto... 67 6.3 – Método Indireto... 67 6.4 – Elaboração do Fluxo de Caixa pelo Método Direto... 68 6.4.1 – Análise das Receitas... 68 6.4.2 – Análise das Despesas.... 68 6.4.3 – Análise do Balanço Patrimonial.... 69 6.5 – Elaboração do Fluxo de Caixa pelo Método Indireto... 70 6.5.1 – Análise do Lucro da Empresa e seus Efeitos.... 70 6.5.2 – Análise das Variações do Capital de Giro (Ativo/Passivo).... 70 6.6 – Atividades Práticas do Capítulo 6 .... 71 7 – MÉTDO DAS PARTIDAS DOBRADAS.... 73 7.1 – Conceitos.... 73 7.2 – Princípio Universal das Partidas Dobradas.... 73 7.3 - Débito... 74 7.4 - Crédito... 74 7.5 - Saldo... 74 7.6 – Escrituração, Livros Contábeis e Razonete 75 7.7 – Balancete de Verificação... 77 8 – OPERAÇÕES BÁSICAS... 78 8.1 – Apuração do Resultado do Exercício/Procedimentos... 78 8.2 – Atividades Práticas do Capítulo 8... 80 BIBLIOGRAFIA... 83 APÊNDICE... 84 1 – A CONTABILIDADE 1.1 – Definição Segundo Marion (2009, p.26) “A Contabilidade é o instrumento que fornece o máximo de informações úteis para a tomada de decisões.” Já na opinião da Equipe de Professores da USP (2011) temos que: A contabilidade, na qualidade de ciência social aplicada, com metodologia especialmente concebida para captar, registrar, acumular, resumir e interpretar os fenômenos que afetam as situações patrimoniais, financeiras e econômicas de qualquer ente, seja este pessoa física, entidade de finalidades não lucrativas, empresa, seja mesmo de Direito Público, tais como Estado, Município, União, Autarquia, entre outras, tem um campo de atuação muito amplo. Assim, temos que a Contabilidade de uma maneira geral está a serviço do empreendedor/administrador, cuja arte será a de tomar decisões úteis para o crescimento da empresa. 1.2 – Usuários da Contabilidade Diversos são os usuários da Contabilidade, dentre os quais pode-se destacar: ● Sócios e Acionistas; ● Gerentes, Diretoria e Administradores em geral das empresas; ● Instituições Financeiras; ● Clientes; ● Fornecedores; ● Governo; ● Empregados; ● Sociedade em geral. Os sócios e acionistas se interessam pela contabilidade para verificar se o investimento efetuado está ou não gerando retorno. A gerência, diretoria e administradores em geral se interessam pela contabilidade para verificar se a política/estratégia utilizada está gerando resultados positivos. As instituições financeiras se interessam pelas informações contábeis para verificar por intermédio de análises das demonstrações contábeis se pode ou não fazer empréstimos para a empresa e de quanto pode ser este empréstimo. Os clientes se interessam pelas informações contábeis para verificar se a empresa fornecedora tem ou não condições de manter o fornecimento dos produtos necessários para o desenvolvimento de sua atividade. Os fornecedores se interessam pelas informações contábeis para saber se seu cliente pode ou não se comprometer com compras a prazo e se tem ou não condições de quitar sua dívida, visam ainda saber qual valor poderá ser liberado de origem para seus clientes. O governo se interessa pela informação contábil para diversos motivos: ● Para fins estatísticos, verificando por meio do IBGE crescimentos industriais, comerciais e de serviços; ● Para fins de tributação, verificando a base de cálculo de diversos impostos, dentre eles o Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ), a Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido (CSLL), dentre outros impostos e contribuições. Os empregados se interessam pela informação contábil para verificar se a empresa tem ou não condições de mantê-los. Quer ainda saber qual é a situação da empresa após ter sido agregado seu trabalho no produto da empresa. Enfim, a contabilidade interessa à sociedade de maneira geral, já que a empresa contribui para o desenvolvimento econômico e social do país. 1.3 – Manutenção da Contabilidade A contabilidade é feita para fornecer o máximo de informações úteis para as pessoas físicas e pessoas jurídicas devendo ser mantida pelas pessoas jurídicas independentemente de regras fiscais ou previdenciárias que as dispensarem de mantê-la. 1.4 - Das Pessoas Físicas Pessoa física é a pessoa natural, homem ou mulher. Toda pessoa natural ou física é capaz de direitos e deveres na ordem civil. A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida. A existência da pessoa natural termina com a morte; 1.5 – Das Pessoas Jurídicas Pessoa jurídica é uma entidade jurídica resultante de um agrupamento de pessoas naturais ou outras pessoas jurídicas que visa a fins de utilidade pública (pessoas jurídicas de direito público) ou privada (pessoas jurídicas de direito privado) e é completamente distinta dos indivíduos que a compõem. É chamada de jurídica porque nasce por meio de um contrato social, nos casos de sociedades limitadas ou por meio de um estatuto social, nos casos das sociedades anônimas de capital aberto ou fechado. Sociedade Limitada - a responsabilidade de cada sócio é restrita ao valor de suas quotas, mas todos respondem solidariamente pela integralização do capital social. As sociedades limitadas são assim chamadas porque os sócios respondem pelas obrigações da empresa até o valor do seu capital social (valor que os sócios investiram na formação da empresa), exceto pelo fato de ficar constatadoalgum crime como fraudes, por exemplo. A sociedade limitada tem seu capital social dividido em quotas de capital que os sócios adquirem. Conforme artigo 1.052 do Código Civil (Lei 10.406/2002), na sociedade limitada, a responsabilidade de cada sócio é restrita ao valor de suas quotas, mas todos respondem solidariamente pela integralização do capital social. Sociedade Anônima ou Companhia de Capital Aberto - o capital divide-se em ações, obrigando-se cada sócio ou acionista somente pelo preço de emissão das ações que subscrever ou adquirir. Neste tipo de sociedade o capital também pode ser fechado, ou seja, não negociado em Bolsa de Valores. As sociedades anônimas têm seu capital social dividido em ações e são de duas espécies, a companhia aberta e a companhia fechada. A sociedade anônima de capital fechado não tem suas ações negociadas em Bolsas de Valores, ou seja, é a companhia que obtém recursos entre os próprios acionistas ou terceiros subscritores. A sociedade anônima de capital aberto tem suas ações negociadas em Bolsas de Valores, ou seja, é a companhia que procura captar recursos junto ao público por meio da emissão de ações. 1.6 – Atividades do Capítulo 1 1) O que se entende por Contabilidade? 2) O que são usuários da Contabilidade? 3) Qual a diferença existente entre pessoas físicas e pessoas jurídicas? 4) Qual a principal característica das sociedades limitadas? 5) Qual a diferença entre sociedade anônima de capital aberto e de capital fechado? 6) De que forma é composto o capital social de uma sociedade anônima? 2 – PRINCÍPIOS CONTÁBEIS GERALMENTE ACEITOS NO BRASIL PELA CVM (Comissão de Valores Mobiliários) E CPC (Comitê de Pronunciamentos Contábeis). A contabilidade é uma ciência social aplicada de caráter essencialmente prático. Ao longo dos anos, diversos critérios foram desenvolvidos, diversas opções foram efetuadas, numa tentativa de normalizar e de se chegar a uma melhor forma de controlar o patrimônio de uma entidade. Assim, os princípios são a exteriorização de critérios aceitos pela maioria dos contadores. Considerando o patrimônio da entidade como objeto da contabilidade eram identificados os princípios da contabilidade, segundo a CVM em: postulados, princípios propriamente ditos e convenções. 2.1 - Postulados Os postulados eram definições que não deixavam margem de dúvidas nem tinham necessidade de se provar, eram ainda imutáveis, em qualquer situação que viesse a acontecer, nenhuma alteração sofreriam. 2.2 - Princípios Contábeis Já os princípios propriamente ditos ditavam regras de contabilização que estavam sujeitas a alterações de acordo com as necessidades econômicas, embora não fosse comum acontecer. 2.3 - Convenções Contábeis As Convenções eram restrições aos princípios de contabilidade, que estavam sujeitas a alterações de acordo com as necessidades econômicas, embora não fosse comum acontecer. 2.4 – Comissão de Valores Mobiliários (CVM) Os princípios contábeis aplicados no Brasil, pela Comissão de Valores Mobiliários – CVM (Deliberação CVM nº 29/86) e o Instituto dos Auditores Independentes do Brasil – IBRACON são os seguintes: • Postulado da Entidade • Postulado da Continuidade • Princípio do Custo Original como Base de Valor • Princípio da Realização da Receita • Princípio da Confrontação da Despesa • Princípio do Denominador Comum Monetário • Convenção da Objetividade • Convenção do Conservadorismo • Convenção da Materialidade/Relevância • Convenção da Consistência ● Postulado da Entidade - inicia todo o encadeamento do raciocínio contábil. Sua característica principal é que para todos os casos, o patrimônio de uma entidade não se confunde com o de outra, como também os patrimônios dos sócios não se confundem com o da empresa. ● Postulado da Continuidade - a premissa de que uma entidade irá operar por um período de tempo indeterminado e caso essa entidade tenha prejuízos persistentes, perda de substância econômica e de competitividade de mercado ou mesmo o fim jurídico dessa sociedade, ocorrerá a descontinuidade (fim das operações da entidade). ● Princípio do Custo Original como Base de Valor - é o mais antigo princípio. Sua característica é que sempre o valor de entrada (de custo) deve prevalecer como base de registro para a Contabilidade. ● Princípio da Realização da Receita - estabelece que a receita será realizada no momento em que produtos ou serviços são transferidos ao cliente e não o ponto em que o dinheiro é recebido por esta transferência. ● Princípio da Confrontação da Despesa - Tem como característica o fato de que as despesas deverão ser reconhecidas e atribuídas aos períodos contábeis de acordo com a ocorrência de fatos geradores específicos e não pela entrada ou saída de caixa. ● Princípio do Denominador Comum Monetário - estabelece que todos os elementos do Balanço Patrimonial devem estar com uma mesma avaliação em moeda corrente do país. ● Convenção da Objetividade - o contador escolhe um procedimento mais objetivo para descrever as informações contábeis. Ele deve sempre ser objetivo, imparcial e impessoal (neutro) nos informes contábeis. ● Convenção do Conservadorismo - o contador deve ter precaução (ser conservador) no sentido de antecipar prejuízo e nunca antecipar lucro. Não dar imagem otimista é o objetivo do conservadorismo. ● Convenção da Materialidade - define o que é material (relevante) que o Contador deve informar em seus relatórios. Na Materialidade, é importante considerar o binômio Custo versus Benefício. ● Convenção da Consistência/Uniformidade - um informe contábil deve ser consistente, ou seja, não mudar constantemente para possibilitar a comparação dos relatórios com o passar dos anos e das tendências. Também devem ser padronizados (uniformidade). Estrutura dos Princípios Fundamentais de Contabilidade 2.5 Harmonização das Normas Contábeis – Comitê de Pronunciamentos Contábeis. No final do ano calendário de 2007 foi editada a Lei nº 11.638 de 28 de dezembro de 2007, cujo objetivo principal é a convergência das Normas Princípios Fundamentais de Contabilidade Princípios Propriamente Ditos Postulados Continuidade Entidade Custo como Base de Valor Denominador Comum Monetário Confrontação da Despesa Realização da Receita Materialidade Conservadorismo Objetividade Consistência Convenções Contábeis locais para as Normas Internacionais de Contabilidade - (IFRS - International Financial Reporting Standard). Mesmo antes dessa norma, o CFC (Conselho Federal de Contabilidade) publicou a Resolução CFC nº 1.106/07 a qual dispõe que as Normas Brasileiras de Contabilidade (NBCs), editadas por esse órgão, deverão seguir os mesmos padrões de elaboração e estilo utilizados nas normas internacionais. Visando eliminar as várias fontes de normas contábeis editadas no Brasil, por meio da Resolução nº 1.055/05 do CFC, criou-se o CPC (Comitê de Pronunciamentos Contábeis) formado pela Abrasca, Apimec, Bovespa, Conselho Federal de Contabilidade, Fipecafi e Ibracon. O CPC tem como responsabilidade emitir pareceres técnicos sobre questões contábeis, os quais devem ser homologados pelos demais órgãos reguladores (CVM, CFC, Susep, Bacen, entre outros) para seremaplicados no âmbito de cada um desses órgãos. O CPC editou vários pronunciamentos e orientações técnicas, além do Pronunciamento Conceitual Básico. O Pronunciamento Conceitual Básico têm o objetivo de servir como fonte dos conceitos básicos e fundamentais a serem utilizados na elaboração e na interpretação dos Pronunciamentos Técnicos, bem como na preparação e utilização das Demonstrações Contábeis das entidades. A edição do Pronunciamento Conceitual Básico fez-se necessário para dar respaldo técnico a todos os demais pronunciamentos, vez que, ao pretender alcançar a harmonização com as normas internacionais, não seria possível continuar utilizando os princípios contábeis anteriormente em vigor no Brasil. Apresentamos a seguir comentários extremamente resumidos a respeito do conteúdo do Pronunciamento Conceitual Básico, que podemos dividir em pressuposto básico da contabilidade e características qualitativas das Demonstrações Contábeis. Pressupostos básicos da contabilidade Regime de Competência: dispõe que os efeitos das transações bem como de outros eventos devem ser reconhecidos no momento em que ocorrem e não quando do pagamento ou recebimento dos recursos financeiros. Essas transações deverão ser lançadas nos registros contábeis e reportadas nas Demonstrações Contábeis nos períodos a que se referem. Continuidade: as demonstrações contábeis são normalmente preparadas no pressuposto de que a entidade continuará em operação no futuro previsível. Dessa forma, presume-se que a entidade não tem a intenção nem a necessidade de entrar em liquidação, tampouco reduzir materialmente a escala das suas operações. Se tal intenção ou necessidade existir, as demonstrações contábeis terão que ser preparadas numa base diferente e terão também de ser divulgadas. Características qualitativas das Demonstrações Contábeis Compreensibilidade: fundamenta-se no objetivo do pronto entendimento por parte do usuário que utiliza as demonstrações contábeis para as tomadas de decisões econômicas, porém essa característica qualitativa não deverá levar a entidade à não registrar adequadamente suas transações sob o argumento de eventual dificuldade de entendimento por parte dos usuários dessas informações. Relevância: diz respeito à influência de uma informação contábil na tomada de decisões. As informações são relevantes quando podem influenciar as decisões econômicas dos usuários, ajudando-os a avaliar o impacto de eventos passados, presentes ou futuros, confirmando ou corrigindo as suas avaliações anteriores. Confiabilidade: exige que a informação seja apresentada da forma mais apropriada possível, retratando adequadamente o que se pretende evidenciar. Para que essa característica seja constatada nas demonstrações contábeis é necessário que se respeite o conceito da “Primazia da Essência Sobre a Forma”, ou seja, que, a realidade econômica dos fatos prevaleça sob sua forma. Como exemplo, temos a contabilização das operações de leasing financeiro. Tendo em vista que as condições de contratação dessas operações as aproximam na essência de uma compra a prazo e não a uma locação, aplica-se o conceito da “Primazia da Essência Sobre a Forma” e, portanto, essas operações devem ser contabilizadas como aquisição a prazo de ativo. Para que as informações sejam confiáveis, é necessário ainda que se observem a neutralidade, ou seja, as demonstrações contábeis não devem induzir a tomada de decisões; a prudência, cuidados com julgamento em condições de incertezas no sentido de que ativos ou receitas não sejam superestimados e que passivos ou despesas não sejam subestimados; e a integridade, objetivando que as informações das demonstrações contábeis estejam completas. Comparabilidade: trata-se de característica que permite aos usuários comparar as demonstrações contábeis de uma entidade ao longo do tempo, a fim de identificar tendências na sua posição patrimonial, financeira e no seu desempenho, ou seja, a evolução da entidade medida sob os mesmos critérios e princípios ao longo do tempo, mas sem que isso interfira na evolução das práticas contábeis. É importante destacar que a principal mudança conceitual diz respeito à utilização da primazia da essência sobre a forma, ou seja, a contabilidade deve procurar encontrar a essência dos fatos contábeis e assim registrá-los, ao invés de prender-se a forma. Outro exemplo desse conceito é o tratamento dos adiantamentos para futuro aumento de capital, cuja essência significa um verdadeiro acréscimo ao Patrimônio Líquido da empresa, vez que não resta dúvida sobre sua futura integralização. Nesse caso, em respeito à essência do fato, devemos registrar o adiantamento diretamente no Patrimônio Líquido. Manter o valor do adiantamento em conta do passivo significa respeitar a forma do ato, ao invés de sua essência. Os profissionais de contabilidade devem enfrentar os desafios naturais decorrentes de mudanças representativas como as que estamos vivendo, no entanto, é inegável que se trata de um momento de crescimento da importância e de valorização da profissão contábil no Brasil. 2.6 – Atividades do Capítulo 2 1 – O que se pode entender por meio do pressuposto básico do regime de competência? 2 – Empresa que tenha vendido R$ 10.000,00, tendo recebido do valor da venda R$ 4.000,00; teve despesa de R$ 5.000,00, sendo que foi pago R$ 2.000,00. Informe qual o resultado apurado pelo regime de competência e pelo regime de caixa respectivamente. 3 – Cite um exemplo relacionado com o postulado da continuidade. 4 - Cite um exemplo de descontinuidade de uma empresa. 5 – Dê um exemplo relacionado com a característica qualitativa da compreensibilidade. 6 – Empresa que adquire determinado bem por meio de um leasing deve atender qual característica qualitativa? 7 – O contador de determinada empresa exige que diariamente no final do dia se faça a requisição do que é usado de folhas de sulfite para que se registre como despesa o que fora consumido. O que você acha da atitude do contador? Qual característica qualitativa poderia justificar a eliminação deste controle? Explique. 8 – Um ex-funcionário da Cia. Automotiva S.A. ajuizou uma ação trabalhista contra a empresa. O que deve ser feito na contabilidade, apesar de a empresa não ter certeza de que vá ganhar ou perder a ação? Qual característica qualitativa justifica o procedimento? 9 – A empresa Industrial S.A. sediada no Brasil usa como componente de seu produto um material importado da Europa e que deve ser pago em Euros. Em qual moeda o valor deve ser registrado na contabilidade? Qual a relação com os princípios de contabilidade? 10 – A empresa Comercial Ltda. costuma para fins de avaliação de seu estoque intercalar métodos, ou seja, em um ano utiliza o PEPS, no ano seguinte o UEPS e no terceiro ano utiliza o Custo Médio, reiniciando no quarto ano. Qual informação você pode passar para a empresa? 3- O PATRIMÔNIO Conceito Genérico - do ponto de vista amplo, Patrimônio é tido como os bens que uma pessoa possui, sendo também incluídos nesta relação, os direitos que eventualmente a pessoa também possua. Conceito Contábil – conjunto de bens, direitos e obrigações de uma pessoa física ou jurídica. No entanto, não se pode ignorar o “outro lado” do Patrimônio, ou seja, de nada adianta uma pessoa ter um apartamento triplex de cobertura em bairro nobre que tenha um valor de mercado de R$1 milhão seaquele bem tiver sido financiado pelo Sistema Financeiro de Habitação (SFH), estando o “proprietário” (mutuário) com um saldo devedor da Caixa Econômica Federal, por exemplo, de R$ 1,1 milhão, situação na prática possível. Assim, contabilmente, deve-se dizer que patrimônio liquido é o conjunto de bens e direitos deduzidos das obrigações. No exemplo acima o Patrimônio “líquido” do mutuário é de R$100 mil, negativos, ou seja, sua situação líquida é desfavorável (negativa). Assim são três as situações que o Patrimônio pode se apresentar: • Situação Líquida positiva – quando o total de bens + direitos forem maiores que o total das obrigações; • Situação Líquida negativa – quando o total de bens + direitos forem menores que o total das obrigações; e • Situação Líquida nula – quando o total de bens + direitos forem iguais ao total das obrigações. Conceito de Ativo - este elemento figura do lado esquerdo do Balanço Patrimonial representa o patrimônio com os quais o administrador irá fazer acontecer a organização, ou seja, o administrador terá como sua responsabilidade fazer girar o maior número de vezes possíveis bens e direitos que o compõem. 3.1 - Bens De forma geral, pode-se dizer que os bens são coisas capazes de satisfazer as necessidades humanas e avaliadas economicamente. Os bens podem ser imóveis ou móveis, tangíveis ou intangíveis. São bens imóveis o solo com a sua superfície, os seus acessórios e adjacências naturais, compreendendo as árvores e frutos pendentes, o espaço aéreo e o subsolo, tudo quanto o homem incorporar permanentemente ao solo, como a semente lançada a terra, os edifícios e construções, de modo que se não possa retirar sem destruição, modificação, fratura ou dano. São móveis os bens suscetíveis de movimento próprio, ou de remoção por força alheia. São bens tangíveis aqueles que são suscetíveis ao toque (podem ser tocados), como por exemplo: mesas, cadeiras, máquinas, prédios, entre outros. São bens intangíveis aqueles não suscetíveis ao toque (não podem ser tocados), como por exemplo: as marcas, patentes, goodwill, entre outros. 3.2 - Direitos Diz respeito a todos os valores que a pessoa tem a receber, assim se a empresa vende a prazo, ela tem direito de receber de seu cliente, o valor correspondente. Se o funcionário trabalhou durante todo o mês, ele tem direito de receber seu salário. Se uma pessoa alugou seu imóvel, ela tem direito de receber o valor do aluguel. Quando deposito algum valor em uma conta corrente bancária, se tem direito de sacar aquele valor. Enfim, valores que foram colocados à disposição de alguém geram direitos a quem os colocou, de recebê-los. Ser Mensurável Monetariamente – este item significa, que só devemos registrar no ativo aqueles bens e direitos cujos valores estão expressos em documentos idôneos. De outra forma já o tratamos antes como bens e direitos INTANGÍVEIS, que não é possível determinar o valor objetivamente, exemplo calcular o valor de uma marca. Uma marca só terá valor objetivo quando decidida em uma rodada de negociações para compra e venda desta. Então quem a comprar terá o direito de registrar o valor definido na operação como seu ativo intangível. Benefícios Presentes ou no Futuro - se a empresa por ventura tiver duplicatas a receber de uma empresa que faliu, tal documento não trará mais benefícios no presente tampouco no futuro, assim deverá ser baixada contabilmente do seu ativo (direitos). Quando se compra um veículo, o registro desta operação é no ativo como um bem, mas se o veículo sofrer um sinistro (roubo ou colisão que de perda total) tal veículo deverá ser baixado do ativo. Desta forma só podem ser considerados os bens e direitos que promovam no presente ou futuro um benefício para a organização. 3.3 - Obrigações De forma contrária dos direitos, obrigações são valores que são devidos a terceiros, assim se a empresa compra a prazo, ela tem obrigação de pagar pelo fornecimento, o valor correspondente. Se o funcionário trabalhou durante todo o mês, a empresa tem obrigação de pagar seu salário. Se uma empresa tomou um imóvel alugado, ela tem obrigação de pagar o valor do aluguel. Se o banco recebe um depósito em conta corrente, o banco tem obrigação de pagar aquele valor quando do saque. Enfim, valores que ficaram à disposição de alguém, devem por ele ser restituído. Assim não existe direito sem que se tenha uma obrigação correspondente e vice e versa. 3.4. – Representação Gráfica do Patrimônio O patrimônio pode ser representado graficamente das seguintes formas: Situação Líquida Positiva: Situação Líquida negativa: Situação Líquida Negativa BENS + DIREITOS OBRIGAÇÕES BENS + DIREITOS OBRIGAÇÕES Situação Líquida nula: Assim se o patrimônio de uma pessoa for constituído da seguinte forma: - dinheiro R$2.000 - tenha adquirido um veículo por R$25.000 - tenha adquirido um imóvel por R$120.000 - tenha um empréstimo a receber no valor de R$5.000 e - tenha dívidas no valor de R$45.000 Sua situação líquida será positiva em R$ 107.000 (R$2.000 + R$25.000 + R$120.000 + R$5.000 (-) R$45.000), pois o total dos bens e direitos é de R$ 152.000 (dinheiro, veículo, imóvel, empréstimos a receber) e o total das obrigações é de R$ 45.000 (dívidas). Caso o total dos bens e direitos fossem menores que o total das obrigações a situação líquida seria negativa e caso o total dos bens e direitos fosse igual ao total das obrigações a situação líquida seria nula. Contabilmente, nas pessoas jurídicas, a situação líquida é conhecida como Patrimônio Líquido, ou seja, o total dos (bens + direitos) – obrigações. 3.5 – Classificação dos Elementos Patrimoniais Os elementos Patrimoniais (Bens, Direitos e Obrigações) são alocados em um quadro patrimonial chamado de Balanço Patrimonial que é a demonstração contábil destinada a evidenciar, qualitativa e quantitativamente, BENS + DIREITOS OBRIGAÇÕES numa determinada data, o Patrimônio e o Patrimônio Líquido da Entidade e pode ser representado como a seguir: No Balanço Patrimonial, se tem demonstrado do lado do Passivo e Patrimônio Líquido as origens dos recursos que estão aplicados do lado do Ativo em bens e direitos, pois é impossível adquirir bens e direitos sem que se tenha a origem do valor correspondente. Do ponto de vista de origens e aplicações de recursos, tem-se a seguinte representação gráfica: Assim do lado do Passivo e do Patrimônio Líquido são classificadas as origens de recursos captados pela empresa, ou seja, para que a empresa pudesse aplicar recursos em caixa, estoques, máquinas, etc., ela teve que obter os recursos (financiamentos) com outras pessoas, pessoas essas que podem ser os sócios, bancos, fornecedores, entre outros. Os recursos que são captados dos sócios, e que é representado no lado das origens de recursos é o chamado CAPITAL PRÓPRIO, ou seja, são valores que não são exigíveis por terceiros, representa o valor dos investimentos dos sócios ou acionistas na empresa. ATIVO PASSIVO e P.L. BENS E DIREITOS OBRIGAÇÕES SITUAÇÃO LÍQUIDA (PATRIMÔNIO LÍQUIDO) ATIVO PASSIVO E PL APLICAÇÕES DE RECURSOS ORIGENS DE RECURSOS Os recursos que são captados de fornecedores, bancos e dívidasem geral, que também é representado no lado das origens de recursos é o chamado CAPITAL DE TERCEIROS, ou seja, são valores que serão exigidos por alguém, valores que na data de vencimento da dívida, deverão ser pagos pela empresa. Do lado do Ativo são classificadas todas as aplicações que a empresa fez dos recursos captados, aplicações que pode ser em caixa, estoque, máquinas, entre outros. As aplicações de recursos podem ser de caráter circulante, ou seja, valores que a empresa “gira” no desenvolvimento de suas atividades, valores que não ficam fixos em determinado lugar, e podem ter caráter permanente, ou seja, valores que são aplicados em itens necessários ou não para o desenvolvimento de suas atividades, e que ficarão ali aplicados permanentemente. Assim novamente pode-se elaborar outra representação gráfica do patrimônio: Fica óbvia a questão de que sempre o total do Ativo coincide com o total do Passivo e Patrimônio Líquido, pois para a existência de Ativos (aplicações de recursos) é necessário ter existido origem daqueles recursos que foram ATIVO PASSIVO E P.L. CAPITAL CIRCULANTE CAPITAL DE TERCEIROS CAPITAL NÃO-CIRCULANTE CAPITAL PRÓPRIO APLICAÇÕES DE RECURSOS ORIGENS DE RECURSOS aplicados. (quem está financiando), sendo uma equação contábil constituída pela seguinte fórmula: (BENS + DIREITOS) = (OBRIGAÇÕES + PATRIMÔNIO LÍQUIDO). Imagine um trabalhador assalariado que adquire um apartamento. O trabalhador terá que em sua declaração de imposto de renda declarar tal bem e mostrar onde ele conseguiu os recursos (dinheiro) para adquiri-lo, assim, terá também que declarar a fonte de renda que propiciou a aquisição daquele apartamento, ou seja, sem a origem dos recursos, salário fruto de seu trabalho, não poderia haver a aplicação de recursos (compra do apartamento). Caso o trabalhador declare somente a compra do apartamento, certamente cairá na chamada “malha fina”, situação em que teria que comparecer à Delegacia da Receita Federal para prestar esclarecimentos. Sendo o total das Aplicações de Recursos sempre igual ao total das Origens de Recursos, conclui-se que o TOTAL DO ATIVO SEMPRE SERÁ IGUAL AO TOTAL DO PASSIVO MAIS O PATRIMÔNIO LÍQUIDO1. 3.6 – Atividades do Capítulo 3 1 - Do ponto de vista contábil, o que é Patrimônio? 2 - Quais as três situações em que o Patrimônio pode se apresentar? 3 - Quais são os elementos Patrimoniais? 1 Nos casos em que o valor do patrimônio líquido for positivo (situação líquida positiva). Quando o valor do patrimônio líquido for negativo, deverá segundo normas contábeis, ser demonstrado do lado do ativo, no final, ficando a equação = (BENS + DIREITOS + PATRIMÔNIO LÍQUIDO NEGATIVO) = OBRIGAÇÕES. 4 - Defina Bens, Direitos e Obrigações. 5 - Qual a classificação dos Bens? Defina-os. 6 - O que se entende por origens de recursos? 7 - O que se entende por aplicações de recursos? 8 - Porque o total do Ativo sempre coincide com o total do Passivo e PL? 9 - O que se entende por Capital de Terceiros? 10 - O que se entende por Capital Próprio? 11- Classifique os elementos do quadro abaixo em Bens, Direitos ou Obrigações. ELEMENTOS ATIVO PASSIVO Terrenos Promissórias a Pagar Promissórias a Receber Ferramentas Computador Estoques de Mercadorias Mesa Equipamentos Salários a Pagar Empréstimos a Pagar Duplicatas a Pagar Contas a Receber Dinheiro em Caixa Prédios Marcas e Patentes 12 – Com os valores, montar o quadro patrimonial e dizer qual a situação líquida. Aluguéis a Receber............. 1.000 Clientes................................ 1.000 Duplicatas a Pagar.............. 7.000 Impostos a Pagar................ 6.000 Promissórias a Pagar.......... 2.000 Caixa................................... 3.000 Máquinas............................ 500 Mercadorias........................ 700 Instalações......................... 800 ATIVO PASSIVO BENS OBRIGAÇÕES DIREITOS SITUAÇÃO LÍQUIDA (PL) TOTAL TOTAL 13– Com os valores, montar o quadro patrimonial e dizer qual a situação líquida. Edifícios............................... 1.000 Computadores..................... 400 Móveis e Utensílios............. 2.000 Veículos............................... 4.000 Bancos Conta Movimento... 3.000 Estoque de Produtos........... 1.500 Clientes................................ 2.500 Fornecedores....................... 1.800 Aluguéis a Pagar................. 1.200 Empréstimos Bancários....... 1.300 Caixa.................................... 5.200 Duplicatas a Pagar............... 900 ATIVO PASSIVO BENS OBRIGAÇÕES DIREITOS SITUAÇÃO LÍQUIDA (PL) TOTAL TOTAL 14 - Com base nos exercícios 12 e 13, informe: INFORMAR EXERCÍCIO 12 EXERCÍCIO 13 Total das Aplicações de Recursos. Total das Origens de Recursos. Total do Capital Circulante. Total do Capital Não-Circulante. Total do Capital de Terceiros. Total do Capital Próprio. 15) Classifique os elementos do quadro abaixo em Bens, Direitos ou Obrigações. ELEMENTOS ATIVO PASSIVO Depósito Bancário Fornecedores Empréstimos a Receber Obrigações Tributárias Equipamentos de Computação Estoques de Matéria-Prima Duplicatas a Receber Caixa Terrenos Veículos Obrigações Sociais Dividendos a pagar Financiamentos Bancários Empréstimos de Empresas Coligadas Empréstimos às Empresas Coligadas 16 – Com os valores, montar o quadro patrimonial e dizer qual a situação líquida. Depósitos Bancários.......................... 27.900 Fornecedores..................................... 32.000 Empréstimos a Receber...................... 9.000 Obrigações Tributárias....................... 13.900 Equipamentos de Computação.......... 9.800 Estoque de Matéria-Prima.................. 42.580 Duplicatas a Receber......................... 214.500 Caixa.................................................. 3.200 Terrenos............................................. 40.000 Veículos.............................................. 35.000 Obrigações Sociais............................. 3.500 Dividendos a Pagar............................ 10.700 Financiamentos Bancários................. 47.500 Empréstimo de Empresas Coligadas...... 80.000 Empréstimo às Empresas Coligadas........ 25.000 ATIVO PASSIVO BENS OBRIGAÇÕES DIREITOS SITUAÇÃO LÍQUIDA (PL) TOTAL TOTAL 17 - Com base no exercício 16, informe: INFORMAR VALORES Total das Aplicações de Recursos. Total das Origens de Recursos. Total do Capital Circulante. Total do Capital Não-Circulante.Total do Capital de Terceiros. Total do Capital Próprio. 4 – DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS Segundo a Lei nº 6.404 de 15 de dezembro de 1976 (Lei das Sociedades por Ações), Lei nº 11.638 de 28 de dezembro de 2007 e a Lei nº 11.941 de 27 de maio de 2009, as Demonstrações Contábeis são as seguintes: I – Balanço Patrimonial; II – Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados; III – Demonstração do Resultado do Exercício; IV - Demonstração dos Fluxos de Caixa; e V - se companhia aberta, Demonstração do Valor Adicionado. Apesar de na atual legislação constar apenas essas demonstrações, existem outras não obrigatórias como a Demonstração de Origens e Aplicações de Recursos (DOAR), Balanço Social e a Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido. No nosso curso as demonstrações que serão trabalhadas serão o Balanço Patrimonial, Demonstração do Resultado do Exercício e a Demonstração do Fluxo de Caixa, sendo que neste capítulo veremos o Balanço Patrimonial e no capítulo seguinte a Demonstração do Resultado do Exercício. Periodicidade de Apresentação das Demonstrações Contábeis - as Demonstrações Contábeis, segundo regra societária, devem ser elaboradas no final do exercício social da empresa, normalmente no dia 31 de dezembro de cada ano, no entanto, nada impede que prazos mais curtos sejam definidos para apresentação das demonstrações. Fiscalmente, para apuração do Imposto de Renda Pessoa Jurídica e da Contribuição Social sobre o Lucro, as Demonstrações Contábeis podem ser levantadas, mensalmente, trimestralmente ou anualmente, conforme a opção de tributação feita pela empresa. Gerencialmente, no mínimo, mensalmente as demonstrações contábeis devem ser elaboradas, para que se possa verificar o desempenho da empresa e corrigir eventuais falhas no futuro que deve ser próximo. 4.1 – Balanço Patrimonial Balanço Patrimonial é um quadro em que se classificam os elementos do patrimônio de uma empresa (Bens, Direitos e Obrigações), demonstrando sua riqueza líquida (Patrimônio Líquido). O Balanço Patrimonial é a demonstração contábil destinada a evidenciar, qualitativa e quantitativamente, numa determinada data, o Patrimônio e o Patrimônio Líquido da entidade. 4.2 – Conteúdo e Estrutura O Balanço Patrimonial é constituído pelo Ativo, pelo Passivo e pelo Patrimônio Líquido. a) O Ativo compreende as aplicações de recursos representados por bens e direitos; b) O Passivo compreende as origens de recursos representados pelas obrigações para com terceiros; c) O Patrimônio Líquido compreende os recursos próprios da Entidade e seu valor é a diferença entre o valor do Ativo e o valor do passivo (Ativo menos Passivo). Portanto, o valor do Patrimônio Líquido, pode ser positivo, negativo ou nulo. No caso em que o valor do Patrimônio Líquido é negativo, é também denominado de "Passivo a Descoberto", ou seja, o total do Ativo (bens e direitos) não é suficiente para “cobrir” o total do Passivo (obrigações). As contas do ativo são dispostas em ordem decrescente de liquidez e as contas do passivo são dispostas em ordem decrescente de exigibilidade, estabelecidos ou esperados, observando-se iguais procedimentos para os grupos e subgrupos. Os direitos e as obrigações são classificados em grupos do Circulante, desde que os prazos esperados de realização dos direitos e os prazos das obrigações, estabelecidos ou esperados, situem-se no curso do exercício subseqüente à data do balanço patrimonial. Os direitos e as obrigações são classificados, respectivamente, em grupos de Realizável e Exigível a Longo Prazo, desde que os prazos esperados de realização dos direitos e os prazos das obrigações estabelecidos ou esperados, situem-se após o término do exercício subseqüente à data do balanço patrimonial. Na Entidade em que o ciclo operacional tiver duração maior que o exercício social, a classificação no Circulante ou Longo Prazo terá por base o prazo desse ciclo. 4.3 – Agrupamento das Contas do Ativo As contas que compõem o ativo devem ser agrupadas, segundo sua expressão qualitativa, em: I - ATIVO CIRCULANTE São bens e direitos que geram benefícios ou que serão transformados em dinheiro no decorrer do exercício subsequente ( prazo de um ano a partir da data oficial do balanço patrimonial). O Ativo Circulante compõe-se de: a) Disponível São os recursos financeiros que se encontram à disposição imediata da Entidade, compreendendo os meios de pagamento em moeda e em outras espécies, os depósitos bancários à vista e os títulos de liquidez imediata. b) Direitos Realizáveis a Curto Prazo São os títulos de origem, quaisquer valores mobiliários e os outros direitos. c) Estoques São os valores referentes às existências de produtos acabados, produtos em elaboração, matérias-primas, mercadorias, materiais de consumo, serviços em andamento e outros valores relacionados às atividades-fins da Entidade. d) Despesas Antecipadas ou Despesas do Exercício Seguinte São as aplicações em gastos que tenham realização no curso do período subseqüente à data do balanço patrimonial. II - ATIVO NÃO-CIRCULANTE São os bens e direitos não destinados à transformação direta em meios de pagamento e cuja perspectiva de permanência na Entidade, ultrapasse um exercício. É constituído pelos seguintes subgrupos: a) Ativo Realizável a Longo Prazo São os ativos (bens e direitos), cujos prazos esperados de realização situem-se após o término do exercício subseqüente à data do balanço patrimonial. b) Investimentos Classificam-se as participações permanentes em outras sociedades e os direitos de qualquer natureza, não classificáveis no ativo circulante, e que não se destinem à manutenção da atividade da companhia ou da empresa. c) Imobilizado Classificam-se no ativo imobilizado os direitos que tenham por objeto bens corpóreos destinados à manutenção das atividades da companhia ou da empresa ou exercidos com essa finalidade, inclusive os decorrentes de operações que transfiram à companhia os benefícios, riscos e controle desses bens. d) Intangível Classificam-se no intangível os direitos que tenham por objeto bens incorpóreos destinados à manutenção da companhia ou exercidos com essa finalidade, inclusive o fundo de comércio adquirido. 4.4 – Agrupamento das Contas do Passivo As contas que compõem o passivo devem ser agrupadas, segundo sua expressão qualitativa, em: I - PASSIVO CIRCULANTE São as obrigações conhecidas e os encargos estimados, cujos prazos estabelecidos ou esperados, situem-se no curso do exercício subseqüente à data do balanço patrimonial. II - PASSIVO NÃO-CIRCULANTE a) Passivo Exigível a Longo Prazo São as obrigações conhecidas e os encargos estimados, cujos prazos estabelecidos ou esperados, situem-se após o término do exercício subseqüente à data do balanço patrimonial. 4.5 – Agrupamento das Contas do Patrimônio Líquido As contas que compõem o patrimônio líquido se dividem em capital social, reservas de capital, ajustes de avaliação patrimonial, reservas de lucros, ações em tesouraria e prejuízos acumulados. a) Capital Social Segundo Muller (2009, p.94) “o Capital Social representa o investimento feito pelos acionistas da empresa, abrangendo não só as parcelas entregues por eles como também os valores obtidos pela sociedade, que, por decisão dos proprietários, são incorporados ao Capital Social.” A conta do Capital Social é constituída quando da subscrição pelos sócios ou acionistas do capital da empresa.Subscrição significa o compromisso assumido pelos sócios ou acionistas de disponibilizar para a empresa o valor do capital social em moeda corrente ou em bens e direitos. Enquanto o valor do capital da empresa não é aportado, a contrapartida do valor registrado na conta do Capital Social deve ficar registrada na conta de Capital Social a Realizar ou Integralizar, que é amortizada à medida que os sócios ou acionistas disponibilizam seu valor para a empresa, sendo portanto o Capital Social a Realizar ou Integralizar, a parcela do Capital Social que ainda não foi integralizada pelos sócios, assim integralização de capital significa o ato de disponibilizar para a empresa o valor do capital social subscrito. b) Reservas de Capital Conforme Muller (2009, p. 96) “a Reserva de Capital é constituída de valores recebidos pela empresa e que não transitam pelo resultado como receitas, por se referirem a valores destinados a reforço do capital, sem terem como contrapartida qualquer esforço da empresa em termos de entrega de bens ou de prestação de serviços.” As Reservas de Capital podem ser utilizadas somente para: ● absorver prejuízos, quando estes ultrapassarem os Lucros Acumulados e as Reservas de Lucros; ● resgate, reembolso ou compra de ações; ● incorporação ao capital; ● pagamento de dividendos a ações preferenciais, quando essa vantagem lhes for assegurada. c) Ajustes de Avaliação Patrimonial São classificadas como ajustes de avaliação patrimonial, enquanto não computadas no resultado do exercício em obediência ao regime de competência, as contrapartidas de aumentos ou diminuições de valor atribuído a elementos do ativo (ajustes para padrões internacionais de contabilidade adotados nos principais mercados de valores mobiliários, instrumentos financeiros, contabilização a valor de mercado em operações de fusão, cisão e incorporação) e do passivo, em decorrência da sua avaliação a preço de mercado. d) Reservas de Lucros Serão classificadas como reservas de lucros as contas constituídas pela apropriação de lucros da companhia. São os lucros retidos ou ainda não destinados. As Reservas de Lucros incluem, por exemplo: Reserva Legal; Reservas Estatutárias; Reservas para Contingências, entre outras. Reserva Legal – é obrigatória por força da Lei nº 6.404/76, que, em seu artigo 193, determina que 5% do lucro do exercício devem ser destinados à formação da reserva legal. Contudo, também por força legal, o montante dessa reserva não deve ultrapassar o equivalente a 20% do Capital Social realizado, sendo que, ao ser atingido esse montante, a empresa poderá deixar de reconhecê-la ou capitalizar o excesso. A utilização da reserva legal está restrita à compensação de prejuízos e ao aumento do Capital Social. Essa incorporação ao capital pode ser feita a qualquer momento, a critério da companhia. A compensação ocorrerá obrigatoriamente quando ainda houver saldo de prejuízos, após terem sido absorvidos os saldos de Lucros Acumulados e das demais Reservas de Lucros. (MULLER, 2009, p. 98-99). Reservas Estatutárias – são registradas as reservas definidas no estatuto das sociedades. Embora não sejam obrigatórias, muitas empresas possuem normas sobre essa prática em seus estatutos. (MULLER, 2009, p. 99). Reservas para Contingências – são constituídas com o objetivo de evitar que a empresa distribua grande parte de seus lucros, os quais representarão um desembolso de recursos que poderá ser necessário para cobrir situações futuras que venham a representar perdas para a sociedade. Entre os motivos que podem levar a empresa a constituir uma reserva para contingência, podemos citar: ● geadas ou secas que estiverem sendo anunciadas para o próximo ano, quando isso influenciar a rentabilidade da empresa; ● cheias ou inundações que ocorrerem em localidades onde a empresa possua instalações, principalmente se existirem estoques nesses locais. (MULLER, 2009, p. 99). e) Ações em Tesouraria As ações em tesouraria deverão ser destacadas no balanço como dedução da conta do patrimônio líquido que registrar a origem dos recursos aplicados na sua aquisição. f) Prejuízos Acumulados Resultado negativo das operações da empresa. Prejuízos ainda não compensados. São apresentados como parcela redutora do Patrimônio Líquido. Patrimônio Líquido Negativo - no caso do patrimônio líquido ser negativo, será demonstrado após o Ativo, e seu valor final denominado de Passivo a Descoberto. REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DO BALANÇO PATRIMONIAL: BALANCO PATRIMONIAL ENCERRADO EM ___/___/___ EMPRESA COMERCIAL S.A. CNPJ N. 11.111.111/0001/11 ATIVO PASSIVO E P.L. ATIVO CIRCULANTE PASSIVO CIRCULANTE Disponível Direitos Realizáveis a Curto Prazo Estoques Despesas Antecipadas PASSIVO NÃO-CIRCULANTE ATIVO NÃO-CIRCULANTE Ativo Realizável a Longo Prazo Passivo Exigível a Longo Prazo PATRIMÔNIO LÍQUIDO Investimentos Capital Social Imobilizado Reservas de Capital Intangíveis Ajustes de Avaliação Patrimonial Reserva de Lucros Ações em Tesouraria Prejuízos Acumulados 4.6 – Deduções do Ativo e do Patrimônio Líquido Na estrutura patrimonial, existem as chamadas contas redutoras, ou seja, contas classificadas em determinados grupos patrimoniais que se apresentam de forma negativa, diminuindo o total daquele grupo. 4.6.1 – Contas Redutoras do Ativo Contas Redutoras do Ativo - as principais contas redutoras do Ativo são: • Provisão para Devedores Duvidosos; • Duplicatas Descontadas; • Depreciação Acumulada. A conta de Provisão para Devedores Duvidosos surge quando tendo a empresa valores para receber de clientes, e sendo incerto que determinado percentual do valor a receber será recebido, deve então a empresa lançar o valor incerto em perdas naquele exercício. Assim se, por exemplo, determinada empresa tem R$400.000 para receber de vendas a prazo e segundo a média baseada em exercícios anteriores, 3% do valor é incerto de se receber, deve então a empresa lançar R$12.000 em perdas, ficando a seguinte situação em seu Balanço Patrimonial: Duplicatas a Receber.................................... 400.000 (-) Provisão para Devedores Duvidosos....... (12.000) Com relação à conta Duplicatas Descontadas, tendo a empresa duplicatas a receber referente vendas que realizou para recebimento a prazo e não tendo dinheiro suficiente pagar suas dívidas, pode ela, descontar no banco tais duplicatas, ou seja, entrega duplicatas que tem a receber de clientes para o banco e o banco abatendo do valor total as tarifas e juros, deposita na conta da empresa o valor líquido, sendo transferido para o banco a obrigação de cobrar a duplicata do cliente, ficando o banco com o valor recebido quando do recebimento do cliente, já que o banco pagou antecipadamente o valor para a empresa. Se por exemplo dos R$400.000 que a empresa tem para receber de seus clientes, necessite de R$ 50.000 para pagar suas dívidas, poderá negociar R$ 50.000 em duplicatas com o banco, assim, imagine-se que o banco cobre 5% de juros e tarifas para efetuar o desconto, tem-se: Valor Bruto das Duplicatas Descontadas............. R$50.000 (-) Tarifas e Juros (50.000 x 5%).......................... R$ 2.500 Líquido a ser liberado pelo banco........................ R$47.500 Após a operação, a empresa apresentaria a seguinte situação em seu Balanço Patrimonial: Duplicatas a Receber....................................400.000 (-) Provisão para Devedores Duvidosos....... (12.000) (-) Duplicatas Descontadas........................... (50.000) Perceba-se que embora a empresa já tenha recebido o valor correspondente à duplicata, a mesma não foi baixada da conta de Duplicatas a Receber, já que se o cliente não quitar sua obrigação no vencimento, o banco irá tirar da conta corrente da empresa o valor que fora pago antecipadamente para a empresa mais juros, voltando para a empresa o ônus da cobrança do cliente do valor da venda a prazo realizada. No grupo do Ativo Não-Circulante, no subgrupo do Imobilizado encontra- se a conta de Depreciação Acumulada que decorre do desgaste dos bens do Imobilizado (prédios, máquinas, veículos, entre outros) da empresa. Normalmente as taxas de depreciação utilizadas são as fixadas pela legislação do imposto de renda que dentre várias se destacam: Máquinas.................................. 10% a.a. Moveis e Utensílios.................. 10% a.a. Veículos.................................... 20% a.a. Equipamentos Informática........ 20% a.a. Construções.............................. 4% a.a. Assim se é adquirida uma máquina em 02 de janeiro no valor de R$120.000, a depreciação mensal a ser lançada será de R$1.000 ((R$120.000 x 10%)/12), ficando a seguinte situação em seu Balanço Patrimonial: Imobilizado.................................................. R$119.000 Máquinas e Equipamentos........................... R$120.000 (-) Depreciação Acumulada.......................... (R$1.000) Além das taxas usuais citadas acima, podem ocorrer casos em que a depreciação deve ser calculada de forma acelerada, ou em função do tempo de uso dos bens ou em decorrência de algum incentivo fiscal. A depreciação calculada de forma acelerada mais comum é aquela decorrente do tempo de uso dos bens, ou seja, se uma empresa utiliza normalmente sua máquina em 1 turno de 8 horas, então a taxa fiscal a ser utilizada é de 10% a.a., caso a empresa utilize a máquina em dois turnos de 8 horas, então a taxa de depreciação é multiplicada pelo coeficiente 1,5, resultando em taxa de 15% a.a. e, caso a empresa utilize a máquina em três turnos de 8 horas, a taxa de depreciação é multiplicada pelo coeficiente 2, resultando em taxa de 20% a.a. Assim, considera-se que se o bem é utilizado em 1 turno de 8 horas, seu tempo de vida útil será de 10 anos (100%/10% a.a), se for utilizado em 2 turnos de 8 horas, seu tempo de vida útil será de 6 anos e 8 meses (100%/15%) e se for utilizado em 3 turnos de 8 horas, seu tempo de vida útil será de 5 anos (100%/20%). 4.6.2 – Contas Redutoras do Patrimônio Líquido No caso do Patrimônio Líquido, a principal conta redutora é a de Prejuízos Acumulados. Assim, se determinada empresa com Capital Social de R$500.000, apure no seu primeiro ano de atividades prejuízo de R$50.000, a situação em seu Balanço Patrimonial será a seguinte: Patrimônio Líquido................................... R$450.000 Capital Social............................................... R$500.000 (-) Prejuízo do Exercício............................... (R$50.000) Outra conta que pode aparecer como redutora do Patrimônio Líquido é a conta de Ações em Tesouraria que tem a função de registrar ações que a própria empresa adquire dos acionistas. Por meio do quadro acima pode-se analisar evento a evento as mutações patrimoniais do pondo de vista de origens e aplicações de recursos, finalizando sempre o total do Ativo igual ao total do Passivo e Patrimônio Líquido. 4.7– Plano de Contas Segundo Marion (2004, p.116) “Plano de contas é o agrupamento ordenado de todas as contas que são utilizadas pela contabilidade dentro de determinada empresa. Portanto, o elenco de contas considerado é indispensável para os registros de todos os fatos contábeis.” Assim o plano de contas engloba todas as operações a serem utilizadas no registro do fato contábil as quais são divididas em contas patrimoniais e contas de resultado. As contas patrimoniais são aquelas que compõem o Balanço Patrimonial, elementos do ativo, passivo e patrimônio líquido e as contas de resultados são aquelas que compõem a Demonstração do Resultado do Exercício, elementos que geram Receitas e de Despesas. As contas são todas codificadas, podendo-se seguir a seguinte estrutura: Código 1 - para contas do ativo; Código 2 - para contas do passivo; Código 3 - para contas de receitas; Código 4 - para contas de despesas Código 5 - para a apuração do resultado Normalmente as contas são divididas em cinco graus conforme a seguir: GRAU DA CONTA GRAU 1 – Natureza das Contas (Ativas, Passivas ou de Resultado) GRAU 2 – Grupo de Contas (Circulantes, Realizáveis, Exigíveis...) GRAU 3 – Subgrupo de Contas (Disponibilidades, Despesas Operacionais, Custos) GRAU 4 – Contas Sintéticas (Contas simplesmente) (ex. Clientes) GRAU 5 – Contas Analíticas (ou subcontas) ex: Banco Itaú S.A. Assim o primeiro grupo de contas de um plano seria o seguinte: 1 - ATIVO (CONTA DE GRAU 1) 1.1 - ATIVO CIRCULANTE (CONTA DE GRAU 2) 1.1.1 - DISPONIBILIDADES (CONTA DE GRAU 3) 1.1.1.01 - CAIXA (CONTA DE GRAU 4) 1.1.1.01.0001 - CAIXA MATRIZ (CONTA DE GRAU 5) 1.1.1.01.0002 - CAIXA FILIAL 1 (CONTA DE GRAU 6) As contas de grau 1, 2, 3 e 4, não recebem lançamentos contábeis, são as chamadas contas sintéticas, aquelas que acumulam as contas analíticas. Apenas as contas de grau 5 é que recebem lançamentos contábeis, contas essas que são acumuladas nas contas sintéticas. Assim se em determinada empresa apenas a conta caixa matriz e a conta capital social tivessem saldos de R$100.000, cada, uma listagem de balancete teria a seguinte estrutura: 1 - ATIVO....................................................100.000 1.1 - ATIVO CIRCULANTE............................100.000 1.1.1 - DISPONIBILIDADES.............................100.000 1.1.1.01 - CAIXA....................................................100.000 1.1.1.01.0001 - CAIXA MATRIZ......................................100.000 2 - PASSIVO E PATRIMÔNIO LÍQUIDO....100.000 2.4 - PATRIMONIO LIQUIDO.........................100.000 2.4.1 - CAPITAL.................................................100.000 2.4.1.01 - CAPITAL SOCIAL INTEGRALIZADO... 100.000 2.4.1.01.0001 - CAPITAL SOCIAL...................................100.000 Em outro exemplo, caso a empresa tivesse os seguintes saldos: Caixa Matriz.......................................R$100.000 Capital Social.....................................R$100.000 Estoque de Matéria-Prima.................R$ 20.000 Estoque de Produtos Acabados.......R$ 30.000 Fornecedor Cia de Tecidos S.A........R$ 50.000 Uma listagem de balancete teria a seguinte estrutura: 1 - ATIVO.................................................150.000 1.1 - ATIVO CIRCULANTE.........................100.000 1.1.1 - DISPONIBILIDADES..........................100.000 1.1.1.01 - CAIXA.................................................100.000 1.1.1.01.0001 - CAIXA MATRIZ...................................100.000 1.1.2 - ATIVO REALIZ. A CURTO PRAZO.........50.000 1.1.2.08 - ESTOQUES............................................ 50.000 1.1.2.08.0002 - ESTOQUE DE MATERIA PRIMA........... 20.000 1.1.2.08.0005 - ESTOQUE PRODUTOS ACABADOS.....30.000 2 - PASSIVO E PATRIMÔNIO LÍQUIDO......150.000 2.1 - PASSIVO CIRCULANTE...................... 50.000 2.1.1 - FORNECEDORES............................... 50.000 2.1.1.01 - FORNECEDORES NACIONAIS...........50.000 2.1.1.01.0003 - CIA. DE TECIDOS S.A........................ 50.000 2.4 - PATRIMONIO LIQUIDO.........................100.000 2.4.1 - CAPITAL.................................................100.000 2.4.1.01 - CAPITAL SOCIAL INTEGRALIZADO....100.000 2.4.1.01.0001 - CAPITAL SOCIAL..................................100.000 4.8 – Balanços Sucessivos A metodologia proposta para os alunos do Curso de Administração é a dos Balanços Sucessivos que significa a elaboração de um balanço patrimonial após o outro, sempre que uma nova transação ocorra, para que se verifique após cada operação qual a mutação sofrida no patrimônio da empresa. À título ilustrativo segue abaixo quadro2 demonstrando o desenvolvimento da equação do Balanço Patrimonial em cada uma das operações, evidenciando a dinâmica contábil que culminam com a Demonstração Contábil. 2 Extraído de SALAZAR, José Nicolas Albuja, DE BENEDICTO, Gideon Carvalho. Contabilidade Financeira. São Paulo : Pioneira Thomson Learning, 2004. 4.8.1 – Método Múltiplo de Balanços Nesta metodologia a cada nova operação você deve elaborar um novo balanço, daí o nome Balanço Sucessivo. Estruturar as transações da Empresa Sol Ltda., que preparou uma demonstração financeira em 30 de abril de 2009. Durante o mês de maio, ocorreram os eventos econômicos listados abaixo: Balanço Patrimonial da Empresa Sol Ltda., em 30 de abril de 2009 Ativo = Passivo Caixa e Bancos 500.000 Fornecedores 20.000 Estoque de Mercadorias 25.000 Empréstimos 215.000 Móveis e Utensílios 10.000 Patrimônio Líquido Equipamentos 800.000 Capital Social 1.150.000 Terreno 50.000 TOTAL DO ATIVO 1.385.000 = TOTAL DO PASSIVO E PL 1.385.000 Contas a Estoque Móveis e Equipa- Emprés- Forne- Capital Receber Mercad. Utensílios mentos timos cedores Social 1) Investimento Inicial 800,00 800,00 1a) Depósito em Banco 700,00- 700,00 2) Empréstimo Bancário 200,00 200,00 3) Aquisição de Estoque 290,00- 290,00 4) Aquisição de Móveis Utensílios 6,00- 6,00 5) Aquisição de Estoque a Prazo 110,00 110,00 6) Aquisição de Equipamentos 20,00- 30,00 10,00 7) Venda de Computadores a Prazo 10,00 10,00- 8) Devolução de Estoque 10,00- 10,00- 9) Pagamento a Fornecedores 60,00- 60,00- 10) Cobrança de Contas a Receber 10,00 10,00- Saldo das Contas 94,00 540,00 - 390,00 6,00 20,00 200,00 50,00 800,00 Total = 1.050,00 Total1.050,00 Patr.Líq.+ Caixa Bancos Tipo de Transação Ativo = Passivo a) Em 2 de maio, a empresa pagou uma parcela do empréstimo, no valor de R$ 75.000, b) Em 3 de maio, a Sol Ltda. decidiu comprar à vista R$ 200.000 em estoque para continuar seu processo de produção. c) Em 4 de maio, a empresa pagou ao fornecedor o valor correspondente a R$ 20.000. d) Em 16 de maio, a empresa resolveu comprar um terreno para construir um armazém, operação que teve as seguintes características: entrada de R$ 50.000 e o saldo de R$ 100.000 financiado (desconsideremos, para este exemplo, os juros decorrentes do financiamento). e) Em 20 de maio, um dos sócios integralizou o seu aporte de capital com equipamento novo, no valor de $ 1.115.000. ATIVO PASSIVO BENS OBRIGAÇÕES TOTAL DE BENS TOTAL DE OBRIGAÇÕES DIREITOS PATRIMÔNIO LIQUIDO TOTAL DE DIREITOS TOTAL DE PATR. LIQUIDO TOTAL DO ATIVO TOTAL DO PASSIVO ATIVO PASSIVO BENS OBRIGAÇÕES TOTAL DE BENS TOTAL DE OBRIGAÇÕES DIREITOS PATRIMÔNIO LIQUIDO TOTAL DE DIREITOS TOTAL DE PATR. LIQUIDO TOTAL DO ATIVO TOTAL DO PASSIVO ATIVO PASSIVO BENS OBRIGAÇÕES TOTAL DE BENS TOTAL DE OBRIGAÇÕES DIREITOS PATRIMÔNIO LIQUIDO TOTAL DE DIREITOS TOTAL DE PATR. LIQUIDO TOTAL DO ATIVO TOTAL DO PASSIVO ATIVO PASSIVO BENS OBRIGAÇÕES TOTAL DE BENS TOTAL DE OBRIGAÇÕES DIREITOS PATRIMÔNIO LIQUIDO TOTAL DE DIREITOS TOTAL DE PATR. LIQUIDO TOTAL DO ATIVO TOTAL DO PASSIVO 4.9 – Atividades Teóricas do Capítulo 4 1– O que se pode dizer sobre a periodicidade de apresentação das Demonstrações Contábeis? 2-Segundo a Lei das Sociedades por Ações, quais as demonstrações financeiras obrigatórias? 3-O que se entende por passivo a descoberto? 4- O que se entende por ciclo operacional? 5- No Ativo Circulante são classificados os bens e direitos que se realizarão em quanto tempo? 6 – No Ativo Realizável a Longo Prazo são classificados os bens e direitos que se realizarão em quanto tempo? 7 – O que se entende por Imobilizado e quais elementos ele pode agregar? 8 – Qual a diferença de Passivo Circulante e de Passivo Exigível a Longo Prazo? 9 – Como também é conhecido o grupo de contas do Patrimônio Líquido? 10 – O que se entende por Provisão para Devedores Duvidosos? 11 – Como funciona a operação de Desconto de Duplicatas? 12 – O que se entende por Depreciação? 13 – O que é Depreciação Acelerada? Como é calculada? 14 – Bem que tenha taxa de depreciação igual a 4% a.a. tem seu tempo de vida útil estimada em quanto tempo? 15 – O que é subscrição de capital? 16 – O que é integralização de capital? 4.10 – Atividades Práticas do Capítulo 4 Exercício 1 – A partir dos dados abaixo realize os balanços sucessivos das operações. a)Em 02/12/2009 a empresa MAC TREF COMERCIAL LTDA constituiu-se pela subscrição de capital no valor de R$8.000 em partes iguais entre dois sócios, R$4.000 cada um. Balanço Patrimonial Ativo Passivo e Patrimônio Líquido Ativo Circulante Passivo Circulante Ativo Não-Circulante Passivo Não-Circulante Patrimônio Líquido Total Total b)Em 10/12/2009 o sócio A integralizou a sua parcela subscrita, da seguinte forma: 20% em moeda corrente; 30% pela entrega de 250 quilos de mercadorias sem IPI e ICMS; e 50% em máquinas industriais. Balanço Patrimonial Ativo Passivo e Patrimônio Líquido Ativo Circulante Passivo Circulante
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