Baixe o app para aproveitar ainda mais
Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original
* Breve Histórico da Epidemiologia Semestre –1/2009 Profª Ms. Fernanda Shizue Nishida INSTITUTO ADVENTISTA PARANAENSE FACULDADE ADVENTISTA PARANAENSE DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM * Raízes históricas da Epidemiologia Clínica (Ciências Biológicas) Estatística (Ciências Exatas) Medicina Social (Ciências Sociais) * Medicina Individual versus Coletiva Para Almeida Filho (1999) pode-se localizar a tensão entre medicina individual e medicina coletiva, desde os primórdios do pensamento ocidental, na Grécia Antiga, expresso no antagonismo entre as duas filhas do deus Asclépios: Panacéia: Padroeira da medicina curativa, realizada por meio de manobras, encantamentos, preces e uso de pharmakon (medicamentos) Higéia: Saúde resultante da harmonia dos homens e dos ambientes (equilíbrio entre os elementos fundamentais terra, fogo, ar, água), por ações preventivas e coletivas * Hipócrates Sempre considerar na avaliação do paciente: o clima, maneira de viver, hábitos de comer e beber Estudou doenças epidêmicas e as variações geográficas das endemias Seu Juramento: a ética médica e a importância do exame minucioso para correto diagnóstico e fiel descrição da história natural da doença doença: produto da relação complexa constituição do indivíduo X ambiente que o cerca * Idade Média Catolicismo romano e invasões dos bárbaros, práticas de saúde com caráter mágico-religioso; Prática médica para os pobres exercida por religiosos (por caridade) e por leigos, boticários, barbeiros-cirurgiões (por profissão) * Os Hospitais Inicialmente, o hospital nasce como local de isolamento; Na Idade Média, o hospital adquire novos contornos e missões, permaneciam com sua missão essencialmente espiritual, dando atendimento religioso e socorrendo gratuitamente, os doentes e moribundos; A Europa pós-renascimento vive transformações econômicas, políticas e sociais que constituem um novo reesquadrinhamento urbano; O comércio cresce e as cidades começam a atrair a população do campo. * Os Hospitais Esse movimento traz além de oportunidades de trabalho, problemas de saúde. Neste contexto, remodela-se o hospital. Este configura-se, inicialmente, como um morredouro, um espaço de controle e coerção dos desvalidos, onde a função principal é remetida à salvação da alma e não à cura (Oliveira, 1998). Neste momento, não é associado ao hospital, a função de cura, e nem mesmo a força de trabalho se faz presente de forma expressiva. * Os Hospitais No século XVIII, a presença da Clínica no hospital faz deste o local de observação, acumulação, formação e transmissão do saber. A doença pôde ser pesquisada estudando-se os casos e estabelecendo-se correlações entre eles; Somente no final do século XVIII o hospital torna-se um instrumento destinado a curar. * Primeiras Quantificações A epidemiologia tem sido definida como a abordagem dos fenômenos da saúde-doença por meio da quantificação. Entretanto, ela não se restringe a números. Surgimento dos Estados: necessidade de contar o povo (produção) e o exército (poder) com surgimento da Estatística (Estado=status + isticum=contar) John Graunt em 1662: Tratado de tabelas mortuárias de Londres, proporção de crianças que morriam antes dos 6 anos de idade (pioneiro na utilização de coeficientes) Primeiros registros anuais de mortalidade e morbidade realizados pelo estado (“SIS”) * Início da Medicina Social Inglaterra: Revolução Industrial - Movimento hospitalário e o assistencialismo geraram a Medicina da “Força de Trabalho”; Alemanha: Polícia Médica - Medidas compulsórias de controle e vigilância das doenças: Medicina de Estado (Policial); França: Revolução Sanitarista - Necessidade de sanear as cidades, ventilar ruas e construções isolando os miasmas: Medicina Sanitarista (Urbana) * Curiosidades Pierre Louis (1787-1872) utilizou método estatístico na investigação clínica de doenças e tratamentos, analisou a letalidade da pneumonia em relação à época que a sangria era realizada; Louis Villermé (1782-1863) investigou a pobreza, as condições de trabalho e suas repercussões sobre a saúde, foi um dos pioneiros nos estudos sobre a etiologia social das doenças; Willian Farr ( 1807-1883) Trabalhou no Registro Geral inglês, seus relatórios permitiram verificar as desigualdades, regionais e sociais nos perfis de saúde, fazendo com que muitos estudiosos alardeassem estes problemas, como Engels e Chadwick, advogado de cujos relatórios deram subsídios à reforma sanitária inglesa * Exemplo pioneiro John Snow - Londres (1854) – Epidemia de cólera; Duas vertentes: uma relacionando aos miasmas. A outra à ingestão de água insalubre; Incorporação da categoria espaço às análises; John Snow (1813 - 1858) * Londres – Óbitos por cólera identificados por pontos, poços de água representados por cruzes Epicentro * Teoria Miasmas X Germes Miasmas: má qualidade do ar advindo da decomposição de material orgânico (Malária = Mal + ar) Germes: Louis Pasteur identifica e comprova que várias doenças são causadas por microorganismos transmissíveis (agente etiológico) comprovação laboratorial. * Conseqüências Fortalecimento da medicina organicista em detrimento da medicina social com centralização novamente no “curativo” e não no “higiênico”; Criação de Institutos de Pesquisa, clínica e patologia subordinadas ao laboratório (identificação do agente etiológico); Preocupação com saneamento ambiental, vetores e reservatórios de agentes; * Pós - II Guerra Mundial Ênfase nas pesquisas: Determinação das condições de saúde da população (indicadores / inquéritos); Investigações de fatores causadores de doença; Estudos de Coorte: papel dos fatores de risco nas doenças não transmissíveis (Ex: d. cardiovasculares) Estudos Caso-controle: conhecer a etiologia de doenças crônicas (Ex: tabagismo X CA pulmão) Avaliação de Intervenções; Medicina Baseada em Evidência * Situação Atual: Multicausalidade Fatores Físicos, Biológicos e Psicossociais Tornou-se claro que os agentes microbiológicos e físicos não explicavam totalmente as questões de etiologia e prognóstico; Necessidade de incorporar conceitos e técnicas de outras áreas, como sociologia e psicologia; * Tendências Epidemiologia Clínica: Aplicação da epidemiologia no diagnóstico clínico e no cuidado direto do paciente, com maior rigor científico na prática médica (“Panacéia”) Epidemiologia Social: Renascer do estudo da determinação social da doença, busca melhorar o atendimento à saúde da população, especialmente as mais subdesenvolvidas, de maneira multidisciplinar, procurando trabalhar na diminuição das desigualdades sociais e prevenção de doenças evitáveis (“Higéia”) * O que é a Epidemiologia? Qual a sua utilidade? * Epidemiologia Etimologia: Raiz grega: epedeméion, “aquele que visita”. Epidemia – epi (em cima, sobre), demós (povo), logos (palavra, discurso, estudo) Em síntese: “Ciência do que ocorre (se abate) sobre o povo” * Epidemiologia Ciência que estuda o processo saúde-enfermidade na sociedade, analisando a distribuição populacional e fatores determinantes do risco de doenças, agravos e eventos associados à saúde, propondo medidas específicas de prevenção, controle e erradicação de enfermidades, danos ou problemas de saúde e de proteção, promoção ou recuperação da saúde individual e coletiva, produzindo informação e conhecimento para apoiar a tomada de decisão no planejamento, administração e avaliação de sistemas, programas, serviços e ações de saúde. Almeida Filho & Rouquayrol, 2006 * Suas Utilidades Descrever a distribuição e a magnitude dos problemas de saúde nas populações humanas; Identificar fatores etiológicos das enfermidades; Proporcionar dados essenciais para o planejamento, execução e avaliação das ações de prevenção, controle e tratamento das doenças, bem como para estabelecer prioridades. * Exemplos Conhecer a distribuição de características de um grupo ou de uma população (sexo, idade, estatura, peso, cor, renda, etc); Conhecer a morbidade e/ou mortalidade de uma certa doença em uma população; Compará-las entre populações; Conhecer a evolução de doenças durante um período de tempo em uma população. * Exemplos Descobrir quais são os principais problemas de saúde de uma população; Avaliar a melhora que uma intervenção (ex: vacinas, pré-natal, educação em saúde) causa em uma população; Verificar a melhora que uma medicação pode trazer para uma doença ou agravo, e quais seus efeitos colaterais; Avaliar o quanto um exame realmente diagnostica uma doença existente ou deixa de diagnosticar. * Exemplos Avaliar que comportamentos ou fatores podem influenciar na piora ou melhora da saúde de uma população; Avaliar o funcionamento e a satisfação gerada por um serviço implementado; Conhecer as opiniões e o entendimento que uma população tem a respeito de uma doença, tratamento, intervenção, serviço, etc.
Compartilhar