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DIREITO CIVIL I Professor: Cimon Burmam Unidade I - Introdução ao estudo do Direito das Obrigações Significado do termo Obrigação para a disciplina de Direito Civil: relação jurídica entre credor e devedor por meio da qual o credor vai poder exigir do devedor uma prestação. Prestação esta de dar, fazer ou não fazer alguma coisa. Como a obrigação nasce: o contrato é a forma mais importante (mas não é a única), porque o tempo todo celebramos contratos. O contrato não precisa ser escrito. Na maioria das vezes a obrigação nasce e se extingue e nós nem percebemos. Outra fonte importante de obrigação é o ato ilícito. Prescrição – Parte Geral Origem e Evolução Histórica: Inicialmente o termo prescrição vai ser entendido como a perda do direito de ação em virtude de inércia do seu titular. O termo prescrição tem origem no Direito Romano, no período do Processo Popular, onde foi atribuído ao credor o poder de criar novas ações. O código civil de 1916 definia prescrição como a perda do direito de ação. Recentemente, em virtude da evolução pela qual passou o Direito Processual, essa idéia de prescrição sofreu uma profunda modificação, deixando de ser entendida como a perda do direito de ação, e passando a ser concebida como a perda da pretensão em virtude da inércia do seu titular. O que ocorreu, foi que, aos poucos, os processualistas foram percebendo que o direito de ação é um direito que é exercido sempre em face do Estado, e esse direito de ação, é um direito que é completamente distinto, independente, do direito material que estava sendo enfocado. Jurisdição: é o poder de dizer o direito, monopólio do Estado, salvo em situações excepcionais, como no caso da legitima defesa. Direito de ação: deve ser entendido como o direito de invocar a atuação jurisdicional, de invocar a tutela estatal que é exercida por meio do poder de dizer o direito. Todos nós temos o direito de ação. Esse direito pode ser exercido independentemente da pessoa ter ou não ter o direito material. Pretensão: é uma espécie de poder ou prerrogativa, de fazer valer um direito material que foi violado. Art. 189. Violado o direito, nasce para o titular a pretensão, a qual se extingue, pela prescrição, nos prazos a que aludem os arts. 205 e 206. A pretensão deve ser exercida dentro de um determinado prazo, sob pena de haver a prescrição. Como exercer a pretensão? Quando eu ajuízo uma ação, na verdade estou deduzindo uma pretensão. A pretensão nasce quando o direito é lesado, violado. Fiuza => prescrição é a perda da responsabilidade (ou seja, a garantia de cumprimento de um determinado dever). Essa teoria do Fiuza e do Código não se excluem, mas se complementam. A prescrição vai atingir a pretensão e a responsabilidade. A prescrição como a perda da pretensão é o que é aceito na atualidade, e não a perda do direito de ação. - Qual a razão de ser a prescrição? Se não houvesse prescrição nossa vida seria um caos, teríamos que guardar recibos durante o resto da vida, pois a prescrição visa uma seguridade nas relações jurídicas. Requisitos para que haja a Prescrição: Violação a um determinado direito, pois no momento que há a violação do direito, vai nascer a pretensão; Decurso de um determinado prazo; Inércia do titular do direito durante todo esse lapso temporal, ou seja, o sujeito teve o direito violado e não fez nada; Ausência de causas impeditivas, suspensivas e interruptivas do prazo prescricional. Causas Impeditivas, Suspensivas e Interruptivas: Causas impeditivas: aquela que impede que o prazo prescricional tenha início, ou seja, o prazo prescricional, diante de uma causa impeditiva, sequer começa a correr. Causa suspensiva: aquela que pressupõe a paralização de um prazo que já esta em curso. Desaparecendo a causa suspensiva, o prazo volta a correr de onde parou. Causa interruptiva:aquela que paralisa um prazo já em curso, mas cessando a causa interruptiva, o prazo volta a correr desde o início, como se nunca o prazo tivesse corrido.Somente poderá ocorrer uma vez. Quais são as causas impeditivas, suspensivas e interruptivas? Elas estão previstas no Código, as causas impeditivas e suspensivas estão previstas nos artigos 197, 198, 199 e 200. Art. 197. Não corre a prescrição: I - entre os cônjuges, na constância da sociedade conjugal; II - entre ascendentes e descendentes, durante o poder familiar; III - entre tutelados ou curatelados e seus tutores ou curadores, durante a tutela ou curatela. Art. 198. Também não corre a prescrição: I - contra os incapazes de que trata o art. 3o;(art. 3o - absolutamente incapaz) II - contra os ausentes do País em serviço público da União, dos Estados ou dos Municípios; III - contra os que se acharem servindo nas Forças Armadas, em tempo de guerra. Art. 199. Não corre igualmente a prescrição: I - pendendo condição suspensiva; II - não estando vencido o prazo; III - pendendo ação de evicção. Art. 200. Quando a ação se originar de fato que deva ser apurado no juízo criminal, não correrá a prescrição antes da respectiva sentença definitiva. OBS: Corre a prescrição entre companheiros? Existem duas correntes uma diz que sim e outra diz que não. A doutrina ainda esta muito dividida com relação a esse assunto, mas o mais aceitável é que não. Poder familiar: poder dados aos pais para que eles possam interferir na vida dos filhos, é mais dever que uma prerrogativa. As causas interruptivas estão previstas no artigo 202 do Código: Art. 202. A interrupção da prescrição, que somente poderá ocorrer uma vez, dar-se-á: I - por despacho do juiz, mesmo incompetente, que ordenar a citação, se o interessado a promover no prazo e na forma da lei processual; II - por protesto, nas condições do inciso antecedente;(protesto judicial) III - por protesto cambial;(geralmente se dá em cartório) IV - pela apresentação do título de crédito em juízo de inventário ou em concurso de credores;(situações de cobrança) V - por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor; VI - por qualquer ato inequívoco, ainda que extrajudicial, que importe reconhecimento do direito pelo devedor. Parágrafo único. A prescrição interrompida recomeça a correr da data do ato que a interrompeu, ou do último ato do processo para a interromper. OBS: A interrupção da prescrição retroage a data da propositura da ação. Para que haja interrupção da prescrição a partir da propositura da ação, têm-se dois requisitos muito importantes: primeiro, seja que haja despacho do juiz ordenando a citação, segundo, que essa citação seja promovida pelo interessado dentro do prazo e da forma prevista na lei processual. Neste caso, a interrupção da prescrição dura, enquanto correr o processo. Protesto: instrumento que é utilizado para caracterizar a mora do devedor e força-lo a cumprir aquilo que ele deve. Mora é o atraso culposo do cumprimento da obrigação. Concurso de credores: surge toda vez que o passivo do devedor, superar o seu ativo patrimonial. Ou seja, quando a pessoa deve muito mais do que tem. Por isso mesmo, para distribuir de forma justa, o patrimônio do devedor para os seus credores, é que vai ser instaurado um concurso de credores. Prazos Prescricionais: O Código Civil de 2002, diferentemente do de 1916, procurou sistematizar de forma mais clara os prazos prescricionais. Isso foi importante, porque o Código de 1916 estabelecia os prazos prescricionais ao longo de todo o seu texto. Já o Código de 2002 relacionou todos os prazos prescricionais em dois artigos: 205 e 206. O legislador estabeleceu dois tipos de prazos prescricionais: o prazo prescricional geral e os prazos prescricionais especiais. Ex: verifica-se se existe um prazo especifico para certa situação, se não existe, o prazo é geral. O prazo prescricionalgeral está previsto no art. 205. Os prazos prescricionais especiais estão no art. 206. Art. 205. A prescrição ocorre em dez anos, quando a lei não lhe haja fixado prazo menor. Art. 206. Prescreve: § 1o Em um ano: I - a pretensão dos hospedeiros ou fornecedores de víveres destinados a consumo no próprio estabelecimento, para o pagamento da hospedagem ou dos alimentos;(hospedeiros ou fornecedores de víveres = hotéis e restaurantes) II - a pretensão do segurado contra o segurador, ou a deste contra aquele, contado o prazo: a) para o segurado, no caso de seguro de responsabilidade civil, da data em que é citado para responder à ação de indenização proposta pelo terceiro prejudicado, ou da data que a este indeniza, com a anuência do segurador; b) quanto aos demais seguros, da ciência do fato gerador da pretensão; III - a pretensão dos tabeliães, auxiliares da justiça, serventuários judiciais, árbitros e peritos, pela percepção de emolumentos, custas e honorários; IV - a pretensão contra os peritos, pela avaliação dos bens que entraram para a formação do capital de sociedade anônima, contado da publicação da ata da assembléia que aprovar o laudo; V - a pretensão dos credores não pagos contra os sócios ou acionistas e os liquidantes, contado o prazo da publicação da ata de encerramento da liquidação da sociedade. § 2o Em dois anos, a pretensão para haver prestações alimentares, a partir da data em que se vencerem. (Dois anos é o prazo para cobrar alimentos já fixados e não pagos, porque não há um prazo prescricional para se pleitear fixação de alimentos. Ex: Lucas nunca recebeu nada do pai, os pais se separaram e a mãe ficou com o Lucas. Quando Lucas está com 18 anos de idade, ele ingressa na faculdade e começa a sentir a necessidade de receber a ajuda do pai. Ele pode ajuizar uma ação de alimentos? Pode. Neste caso tem prescrição? Não. Lembrando, porém, que ele vai pleitear fixação de alimentos do presente para o futuro. Neste caso Lucas não pode solicitar que seu pai pague um salário mínimo equivalente a todos os anos desde que ele nasceu, justificando que seu pai nunca pagou nada. Pois entende-se que se a pessoa viveu até então, a presunção é de que ela não precisou desses alimentos. Outra hipótese é a desses alimentos já terem sido fixados judicialmente e não terem sido cumpridos, neste caso o prazo prescricional é de dois anos, mas deve- se lembrar das causas impeditivas ou suspensivas. Ex: não corre a prescrição entre ascendentes e descendentes, durante o poder familiar. Assim, o prazo prescricional só começa a correr no momento em que cessou o poder familiar, ou seja, no momento em que a pessoa completa 18 anos de idade. Dessa forma ela pode cobrar tudo até acabar o prazo prescricional). § 3o Em três anos: I - a pretensão relativa a aluguéis de prédios urbanos ou rústicos;(rústicos = rurais) II - a pretensão para receber prestações vencidas de rendas temporárias ou vitalícias; III - a pretensão para haver juros, dividendos ou quaisquer prestações acessórias, pagáveis, em períodos não maiores de um ano, com capitalização ou sem ela; IV - a pretensão de ressarcimento de enriquecimento sem causa; V - a pretensão de reparação civil;(Ex: alguém foi vítima de um acidente de transito, esse acidente foi causado devido ao comportamento inadequado do motorista, que dirigia em alta velocidade. Se nós temos um ato ilícito do motorista e danos causados à vítima, vai surgir, o dever do motorista de indenizar a vítima pelo prejuízo, ou seja, reparar civilmente a vítima pelos danos sofridos. Em casos de acidentes de consumo também surge o direito da vítima de pleitear uma reparação civil, porém, como se trata de acidente de consumo, o prazo prescricional não será o constante no código civil, mas o previsto no CDC – Código de Defesa do Consumidor – que é de 5 anos) VI - a pretensão de restituição dos lucros ou dividendos recebidos de má-fé, correndo o prazo da data em que foi deliberada a distribuição; VII - a pretensão contra as pessoas em seguida indicadas por violação da lei ou do estatuto, contado o prazo: a) para os fundadores, da publicação dos atos constitutivos da sociedade anônima; b) para os administradores, ou fiscais, da apresentação, aos sócios, do balanço referente ao exercício em que a violação tenha sido praticada, ou da reunião ou assembleia geral que dela deva tomar conhecimento; c) para os liquidantes, da primeira assembleia semestral posterior à violação; VIII - a pretensão para haver o pagamento de título de crédito, a contar do vencimento, ressalvadas as disposições de lei especial; IX - a pretensão do beneficiário contra o segurador, e a do terceiro prejudicado, no caso de seguro de responsabilidade civil obrigatório. § 4o Em quatro anos, a pretensão relativa à tutela, a contar da data da aprovação das contas.(Ex: os pais morrem, deixando um patrimônio vasto para o filho, como o filho era menor, incapaz, o juiz nomeou um tutor para ele, de repente esse tutor dilapidou todo o patrimônio desse menor, agindo indevidamente, nesse caso o menor pode ajuizar uma ação em face do tutor, pleiteando o ressarcimento de uma indenização. O prazo é de 4 anos, contados a partir do momento que um juiz aprovar a prestação de contas do tutor). § 5o Em cinco anos: I - a pretensão de cobrança de dívidas líquidas constantes de instrumento público ou particular; II - a pretensão dos profissionais liberais em geral, procuradores judiciais, curadores e professores pelos seus honorários, contado o prazo da conclusão dos serviços, da cessação dos respectivos contratos ou mandato; III - a pretensão do vencedor para haver do vencido o que despendeu em juízo. OBS: É interessante ressaltar que o Código Civil atual reduziu bastante os prazos prescricionais. Inicialmente o prazo geral era de 20 anos e foi reduzido para 10 anos. Assim, surge uma questão muito interessante, o Código atual entrou em vigor no dia 11 de janeiro de 2003 (embora seja de 2002), se alguém teve um direito violado em 2000 (e quando houve essa violação começou a correr o prazo prescricional), o prazo prescricional para essa pessoa, será de 10 ou 20 anos? Para resolver essa situação o legislador estabelece uma regra de transição, que está presente no ultimo capítulo do Código (art. 2028), que diz que continuam valendo os prazos da lei anterior, desde que o prazo tenha sido reduzido pelo novo código, e desde que da entrada em vigor do novo código, tenham se passado mais da metade do prazo. Decadência – Parte Geral A decadência se aproxima bastante da prescrição, pois sempre que houver a inércia do titular de direito diante de um determinado lapso temporal ocorrerá a decadência. Mas existem algumas diferenças entre prescrição e decadência. Diferenças entre Decadência e Prescrição: -A prescrição pressupõe a perda da pretensão, a decadência por sua vez, se caracteriza pela perda do próprio direito. - O prazo prescricional está sujeito a causas impeditivas, suspensivas e interruptivas; já a decadência, a princípio não está sujeita nem a causas impeditivas, suspensivas ou interruptivas, salvo disposição legal em contrário, o que significa que o prazo decadencial é um prazo fatal. Essa regra está presente no art. 207, do Código Civil: Art. 207. Salvo disposição legal em contrário, não se aplicam à decadência as normas que impedem, suspendem ou interrompem a prescrição. - O art. 208 faz menção ao art. 198, inciso I. É uma exceção a regra geral. Art. 208. Aplica-se à decadência o disposto nos arts. 195 e 198, inciso I. - O prazo decadencial fixado em lei é insuscetível de renúncia. Ou seja, ninguém pode abrir mão da decadência que tenha sido fixada em lei. É o que diz o art. 209: Art. 209. É nula a renúncia à decadência fixada em lei. - Quando nós tratamos da prescrição, sabemos que é possívelrenunciar, com a condição que essa prescrição já tenha se consumado. Essa renúncia pode ser expressa ou tácita. Expressa, quando o devedor diz expressamente. Tácita, quando decorre de um comportamento adotado pelo devedor: Art. 191. A renúncia da prescrição pode ser expressa ou tácita, e só valerá, sendo feita, sem prejuízo de terceiro, depois que a prescrição se consumar; tácita é a renúncia quando se presume de fatos do interessado, incompatíveis com a prescrição. - Havia outra diferença importante entre prescrição e decadência, essa diferença era bastante evidente até 2006, sobretudo antes de entrar em vigor uma lei em 2006 que foi a lei 11.280. A diferença, decorria do fato de um juiz não poder de ofício, reconhecer a prescrição, a não ser que ela favorecesse ao absolutamente incapaz. Reconhecer de oficio é reconhecer sem ser provocado para tanto. Antes, o juiz, diante da prescrição ficava de “pés e mãos atados”, por mais que ele quisesse reconhecer a prescrição, ele não poderia a não ser que a parte interessada alegasse a prescrição. No tocante a decadência o juiz sempre foi obrigado a de oficio, reconhecê- la. A lei 11.280 introduziu alterações importantes, para o Código Civil ela foi importante por ter revogado o art. 194 do Código. O propósito foi bom, mas existe uma incoerência com relação a prescrição. - Hoje o juiz pode reconhecer a prescrição, já a decadência ele deve reconhecer: Art. 210. Deve o juiz, de ofício, conhecer da decadência, quando estabelecida por lei. - A prescrição atinge a pretensão, sendo que esta nasce quando o direito é violado, isso significa que nós só vamos poder falar em prescrição, a princípio, quando houver a violação de um direito, porque existem direitos que são imprescritíveis (como os direitos de personalidade). Sendo assim, nós só podemos falar em prescrição diante de direitos, chamados direitos subjetivos, que são passiveis de violação. E diante dos direitos potestativos, que são direitos que não podem ser violados, falaremos em decadência. Isso apenas se o direito estiver sujeito a decadência, devido aos direitos que são imprescritíveis e direitos que não estão sujeitos a nenhum prazo decadencial (como o de fixação de paternidade). - Existe outro critério para diferenciar prescrição e decadência, que consiste em uma inovação no Código de 2002 (até porque, no Código de 2016, este critério não estava presente). O Código atual elencou todos os prazos prescricionais previstos em seu texto em dois artigos (arts. 205 e 206). Ou seja, todos os outros prazos previstos no Código Civil fora destes artigos, são decadenciais. Espécies de Decadência: Decadência Legal: quando estabelecida em lei. Decadência Convencional: quando for fruto não de uma determinação legal, mas de uma convenção entre as partes. Art. 211. Se a decadência for convencional, a parte a quem aproveita pode alegá-la em qualquer grau de jurisdição, mas o juiz não pode suprir a alegação. Livro I – Parte Especial –Direito das Obrigações Teoria Geral das Obrigações Conceito de Obrigação: O termo obrigação para a matéria de Direito Civil, não tem apenas o sentido de “dever” e sim um conceito muito mais amplo. Obrigação é um tipo de relação jurídica que vincula devedor ao credor. Direito subjetivo, dever e relação jurídica são noções absolutamente correlatas. O objeto da relação obrigacional é sempre uma prestação (de dar, fazer ou não fazer alguma coisa). Essa idéia de obrigação não é nova, ela já se encontrava presente desde a Roma Antiga, e era bem próxima do que temos hoje. Em Roma quando se falava em obrigação, falava-se em vínculo. Mas apesar da idéia geral ser a mesma, desde a Roma Antiga, passamos por mudanças importantes. Em Roma o vínculo que ligava devedor ao credor era o vínculo pessoal. Além disso, quando o devedor não cumpria sua obrigação, ele se sujeitava completamente aos interesses do credor, que poderia matá-lo, escravizá-lo, etc. Então, também havia a idéia de subordinação, um vínculo estabelecido entre partes que estão em patamares diferenciados. O devedor era visto como um sujeito apenas de deveres, e o credor como um sujeito de direitos. Outra característica desse período, é que esse vínculo obrigacional era bastante estático, ou seja, que nascia e que se extinguia, tal como surgia, sem mudar absolutamente nada. Com o passar do tempo, essas características foram passando por uma profunda transformação, de modo que a idéia de vinculo de subordinação, de vinculo pessoal, de vinculo estático, aos poucos foi caindo. E em seu lugar começou a surgir uma nova forma de conceber a relação obrigacional. A idéia de vinculo pessoal vai dando espaço a idéia de vinculo patrimonial. Mas a mudança mais importante está na superação da idéia de subordinação. Hoje, o vinculo obrigacional, a relação que liga devedor e credor é uma relação de cooperação. Ou seja, são vistos no mesmo patamar, ambos são sujeitos de direitos e deveres. Atualmente, existem princípios que vão repercutir na idéia de relação obrigacional. São eles: Principio da Proteção da Dignidade da Pessoa Humana: caracteriza-se pelo fato de colocar a pessoa no centro do ordenamento jurídico, como o elemento mais importante. Visa tutelar a pessoa nos seus aspectos existenciais. A partir da existência desse principio, a ideia de patrimônio, foi superada pela de proteção da própria pessoa. Repersonalização do ordenamento jurídico. Principio da Boa Fé Objetiva: não se confunde com a boa fé subjetiva, que pode ser traduzida como uma espécie de ignorância acerca de uma situação fática. A boa fé objetiva é uma regra de conduta, que obriga as partes a procederem de forma correta, leal, justa, uma em relação à outra. Deveres anexos => vinculam as partes, o devedor e o credor. Esse princípio rompe com a ideia de subordinação. Função Social: Obrigação => relação entre credor e devedor. O objeto é uma prestação. Ex: direito de propriedade => interesses da sociedade X interesses dos proprietários. Deve haver harmonização. Ambos devem levar em conta os seus próprios interesses. O proprietário não pode só olhar os seus interesses, sem pensar na coletividade, pois seus atos interferem na esfera jurídica alheia e nós não vivemos isoladamente. Kelsen: preocupação com a estrutura do direito. “Teoria Pura do Direito”. O direito não pode ser visto estruturalmente, mas tendo em vista suas funções. - Intrínseca = interna; diz respeito às partes contratantes; - Extrínseca = externa; alcança terceiros na relação. O credor ao exercer seu direito, não pode “levar em conta” somente seus interesses. Deve “levar” também em conta, os interesses do devedor (eficácia intrínseca) de modo que, ao realizar a exigência, deve fazê-la da forma menos onerosa e traumática possível para o devedor. - Eficácia extrínseca: quando o “exercer direito“ não pode ir a encontro aos direitos sociais. Ex: função social. Hoje não se sustenta a idéia de que o contrato só gera efeitos intrapartes. Este, só pode sofrer interferência de terceiros se atingir o P. da função social. As partes não podem levar em conta seus interesses em detrimento da coletividade, na eficácia extrínseca, podendo terceiros invalidar o contrato. Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes. Antigamente, para os romanos, a idéia de obrigação era a de vinculo estático, intransferível. Hoje, a idéia é de obrigação dinâmica (que nasce e até sua extinção sofre diversas modificações), também não se pode mais falar somente em direitos e deveres. Em síntese, obrigação é: Uma relação jurídica; De cooperação; Essencialmente dinâmica; Entre devedor e credor, na qual ambos são sujeitos de direitose deveres; Que recai sobre prestação (dar, fazer ou não fazer); Suscetível de avaliação econômica. Elementos que Compõe a Relação Jurídica: Elemento Subjetivo: diz respeito aos sujeitos da relação. Pressupõem-se partes na relação obrigacional, em que há devedor e credor. Essa parte pode conter uma ou mais pessoas. Ex: Parte 1 (10 pessoas) x Parte 2 (1 pessoa). Problemática: qualidade de devedor e credor atribuída à mesma pessoa. Se não houver credor nem devedor a relação acaba. Elemento Objetivo: objeto da relação obrigacional =>é a prestação (dar, fazer, não fazer). Tem valor econômico. Ex: o ato ilícito gera obrigação (fere-se um direito de personalidade) => direito de imagem (imprescritível) => nasce um direito de pleitear uma indenização. Elemento Imaterial: vínculo jurídico que liga o credor ao devedor; intangível; elo material. - Débito: dever do devedor de cumprir a relação obrigacional; - Responsabilidade: elemento que visa assegurar o cumprimento do débito => a garantia é o patrimônio. Fontes das Obrigações: - Como uma obrigação nasce; - É importante não confundir as fontes das obrigações com as fontes do direito; - Não é uma questão atual, foram reconhecidas na Roma Antiga; - Contrato: é uma importante fonte de obrigação, porque o tempo todo nós estamos celebrando contratos. Não precisa ser assinado. Pode ser escrito, verbal e até mesmo tácito. Ao ser celebrado irá gerar uma relação obrigacional, mas na maioria das vezes, essa relação nasce e se extingue. No nosso ordenamento vigora o princípio da liberdade das formas negociais, o que significa que nós podemos realizar o negócio jurídico, adotando a princípio a forma que nós acharmos conveniente. Esse princípio porém, não é absoluto, porque em algumas situações o ordenamento vai exigir uma forma específica, por exemplo, quando o negócio tem por objeto um bem imóvel acima de 30 salários mínimos, obrigatoriamente esse negócio tem que revestir a forma pública, tem que ser feito em cartório de notas, então, existem exceções à regra, mas a regra ainda é a liberdade das formas negociais. - Delito (Romanos), atualmente conhecido como Ato Ilícito: é algo incompatível com o ordenamento jurídico. Também gera obrigações, mas para isso é necessário que o ato ilícito gere um dano, porque o ato ilícito por si só não gera obrigações. - “Quase contrato” e “quase delito” (Romanos): os Romanos utilizavam a expressão “quase contrato” para expressar aquelas situações, em que não havia um acordo de vontades, havia apenas um comportamento, ou uma vontade lícita, que também era capaz de gerar obrigações. Ex: gestão de negócios (que se aproxima um pouco da idéia de mandato, mas não se confunde), que ocorre toda vez que alguém, sem estar munido de poderes para tanto, assume a defesa de interesses alheio. Já a expressão “quase delito” (que hoje, assemelha-se ao que chamamos de responsabilidade objetiva) estava ligada a situações em Roma nas quais a pessoa respondia, em virtude da existência de algum dano, independentemente desse dano ser decorrente de um ato ilícito ou não. Ou seja, não há delito, mas quase como se houvesse, porque a conseqüência é a mesma. - Na idade média os autores, os estudiosos do direito, resolveram alterar o significado dos termos “delito” e “quase delito”. O termo “delito” passou a ser associado a um ato ilícito doloso, e o termo “quase delito” a um ato ilícito culposo. - Com a evolução do direito no séc. XIX, começo do séc. XX, a doutrina alemã, achou por bem sistematizar melhor essa matéria, até porque, os termos “quase contrato” e “quase delito”, são bastante vagos e podem gerar dúvidas. Então, os alemães substituíram a expressão “quase contrato” por “declaração unilateral de vontade”, que é o comportamento que por si só é capaz de gerar obrigações.E “quase delito” e “delito” por “ato ilícito”, que é a omissão dolosa ou culposa, Responsabilidade Sujeição Patrimonial Recai sobre o patrimônio. Ocorre quando o devedor deixa de cumprir a obrigação. (OBS: em situações excepcionais pode inexistir o débito ou a responsabilidade). que ao gerar um dano gera também o dever de reparação. Então, a partir do Direito Alemão, passou-se a falar em três obrigações: contrato, declaração unilateral de vontade e ato ilícito. - O Código Civil de 1916 foi criado com base no modelo Francês (1804) e no Alemão (1900). Por isso, o Código de 1916 vai reconhecer expressamente três fontes: contrato, declaração unilateral de vontade e ato ilícito. - O Código Civil de 2002 não inovou em absolutamente nada, até porque, nós temos lá as mesmas três fontes. - Alguns doutrinadores não se dão por satisfeitos com essas fontes e afirmam que existem outras fontes como a lei. Porque, segundo eles, em algumas situações a obrigação não nasce de um contrato, de um ato ilícito, e nem de uma declaração unilateral de vontade, ela nasce da lei. E há aqueles que dizem que a obrigação nasce indiretamente da lei e diretamente da lei. - O professor Cimon apenas substitui a expressão “lei” por “ordenamento jurídico”, porque a lei é apenas um instrumento para estabelecer normas e o ordenamento é muito mais amplo. Mas será que o ordenamento / a lei por si só, é capaz de gerar obrigação? Segundo o professor Cimon, não. Porque o direito, como dever, só vai existir a partir do momento que uma situação fática, realize aquilo que esta previsto hipoteticamente no ordenamento através de uma norma. - A doutrina moderna, defende que a principal fonte das obrigações é o fato jurídico. O que seria um fato jurídico? É aquele acontecimento que é regulado pelo ordenamento jurídico, e que portanto, ao ocorrer produz efeito jurídico. Essa teoria tem duas vantagens: a primeira é ressaltar a importânciado ordenamento jurídico para a criação de uma obrigação, a segunda esta relacionada ao dimensionamento do fato jurídico. A doutrina atual caminha no sentido de deixar de lado a classificação legal e adotar como critério o fato jurídico (que vai abranger o contrato, o ato ilícito, a declaração unilateral de vontade, e outros instrumentos como o fato jurídico em sentido estrito, o acontecimento da natureza que pode gerar obrigações, como o nascimento de uma criança); - Resumindo: de acordo com o legislador de 2002, quais são as fontes das obrigações? O contrato; A declaração unilateral de vontade; O ato ilícito; - Ao fazer uma analise critica da questão das fontes, pode-se dizer que as três fontes presentes no Código de 2002 não são suficientes para justificar a origem de todas as obrigações existentes. Por isso, a doutrina tem que alinhar um sentido de defender o fato jurídico como fonte de obrigação, ressaltando a necessidade da combinação entre dois elementos para que haja uma obrigação: o fato e o ordenamento jurídico. - Teoria defendida por Miguel Reale: Teoria Tridimensional do Direito. De açodo com essa teoria, os três elementos fundamentais para o direito são: o fato, o valor e norma. Fato porque o direito não existe do nada; norma porque ela é fundamental, o fato por si só não gera nada; ao mesmo tempo, o direito pressupõe um processo valorativo. Direito de Crédito Quando nós falamos dos elementos da relação obrigacional, falamos em três tipos de elementos: elemento subjetivo, objetivo e imaterial. O elemento imaterial esta ligado ao vinculo jurídico que liga o devedor ao credor, esse elemento geralmente se compõe de débito, e responsabilidade. O debito, é o dever que tem o devedor de cumprir a prestação obrigacional. Em contrapartida ao debito que tem o devedor, nós podemos mencionar o chamado direito de crédito do credor. O direito de credito, é o direito que o credor tem de exigir o cumprimento do débito por parte do devedor. Sendo assim, créditoe débito são relações correlatas, são “as duas faces da mesma moeda”. Características do Direito de Crédito: Patrimonialidade: o direito de crédito, por natureza, é um direito patrimonial. O fato de o direito de crédito ser relativo: os direitos de credito são oponíveis apenas ao devedor, que é uma pessoa passível de ter cominação. Hoje, sabemos que há a possibilidade desse direito prejudicar o interesse social e por isso, a sociedade interferir no âmbito da relação obrigacional, ou a situação inversa. Ex: o caso envolvendo o Zeca Pagodinho, Schincariol e a AmBev. Contratado em setembro de 2003 para ser garoto- propaganda da cerveja Nova Schin, da Schincariol, Zeca Pagodinho rompeu o contrato antes de seu vencimento, para estrelar o anúncio de uma marca concorrente, a Brahma. Nesse caso, fica clara a interferência de um terceiro numa relação contratual estabelecida entre duas partes. Numerus apertus: os direitos de credito existem no nosso ordenamento em número ilimitado, meramente exemplificativo. São numerus apertus e não numerus clausus (que são taxativos, limitados). Isso significa que nós podemos criar novos direitos de credito, que não estejam expressamente previstos em nossa legislação. Ex: relações contratuais => princípio da liberdade negocial. Nada impede que as pessoas celebrem contratos atípicos, que não estão tipificados / previstos na lei; O objeto do direito de crédito é sempre uma prestação (de dar, fazer ou não fazer alguma coisa): isso significa que o objeto nunca é um bem móvel ou imóvel. Diferenças / Semelhanças entre Direito de Crédito e Direitos Reais: DIREITO DE CRÉDITO DIREITOS REAIS Conceito: direito que tem o credor, numa relação obrigacional, de exigir o cumprimento da prestação por parte do devedor. Conceito:são aqueles direitos que recaem diretamente sobre um determinado bem, conferindo ao seu titular uma série de prerrogativas, como por exemplo, a de usar, fruir ou dispor desse bem. São relativos São absolutos A princípio, são oponíveis apenas ao devedor São oponíveis erga omnes (são oponíveis em relação a todos) Sujeito ativo (credor) X Sujeito passivo (devedor) Sujeito passivo (coletividade) X Sujeito universal São patrimoniais São patrimoniais (pode ser sempre valorado do ponto de vista financeiro) Tem uma característica peculiar, os direitos reais conferem sempre ao seu titular o poder de seqüela (é o poder de perseguir e reaver a coisa onde quer que ela esteja) Existem em nosso ordenamento em número ilimitado (numerus apertus) Existem em nosso ordenamento em número limitado (numerus clausus) O objeto é sempre uma prestação. O objeto é sempre um bem. Para ser exercido pressupõe a cooperação do devedor. É exercido diretamente sobre o bem, independentemente da cooperação de alguém. Ex: o direito de propriedade, usufruto, hipoteca, penhor, etc. OBS: Direito de Credito X Direitos de Personalidade (são extrapatrimoniais, absolutos, não tem como objeto uma prestação) Inadimplemento É o oposto de adimplemento. Significa o não cumprimento de uma obrigação. O não cumprimento de uma obrigação enseja algumas consequências. Evolução Histórica: De Roma, até hoje, houve uma mudança muito significativa no que diz respeito às consequências do inadimplemento. Que mudanças foram essas? Inicialmente em Roma, a ideia de obrigação pressupunha um vínculo pessoal entre devedor e credor. Isso significa que não era um vínculo entre patrimônio do credor e patrimônio do devedor, mas entre a pessoa do credor e a pessoa do devedor. Sendo assim, toda vez que a pessoa deixava de cumprir uma obrigação ela respondia com seu próprio corpo, podendo ser escravizada pelo credor ou até mesmo morta. Havia inclusive um dispositivo na Lei das XII Tábuas, que permitia ao credor matar o devedor e repartir o corpo dele em tantas partes quantos fossem os credores. Isso mostra, portanto, que inicialmente a ideia de inadimplemento, mostrava consequências que recaiam sobre a própria pessoa do devedor, ou seja, uma execução pessoal. Com o tempo aconteceram algumas mudanças que advém da lex poetelia papiria (sec. II a. C.), que foi uma lei extremamente importante, pois estabeleceu algumas limitações no tocante a execução em virtude do inadimplemento. Quais foram essas limitações? A lex poetelia papiria impediu o credor de matar o devedor que não pagasse o seu débito. Além disso, impediutambém o credor de sujeitar o devedor a tratamentos cruéis ou degradantes. Na pratica, toda vez que o devedor deixasse de cumprir um determinado debito, o credor solicitava judicialmente que o devedor fosse posto a serviço dele, pelo tempo necessário para que o credor tivesse satisfeito o seu direito de credito. Lembrando porem, que durante todo esse período, o devedor não poderia ser escravizado, estar sujeito a tratamentos cruéis, e muito menos ser morto pelo credor. É como a história: “lavar o prato pra pagar a conta”. Apesar desse avanço, a execução ainda era pessoal, porque ela ainda recaia sobre a pessoa do devedor e não sobre o patrimônio dele. O motivo disso devia-se ao fato de que durante muito tempo (até o começo da Idade Moderna), só tinham valor os bens imóveis. Os bens móveis eram dotados de pouquíssimo valor do ponto de vista prático. Hoje, os bens móveis passaram a ter um valor bastante significativo, alguns bens móveis inclusive, são mais valiosos que alguns imóveis. O que isso tem a ver com a execução pessoal? Tudo. Em Roma os bens imóveis, eram considerados bens sagrados. Os Romanos tinham uma ideia de religião muito diferente da nossa, eles acreditavam em vários Deuses. Os chamados Deuses Lares eram os seus antepassados, e cada família cultuavam os seus próprios antepassados. Os antepassados eram enterrados no imóvel da família e era construído um altar para prestar oferendas. Por isso mesmo que o imóvel em Roma tinha um caráter sagrado. Daí a impossibilidade de alguém dispor do imóvel para satisfazer uma divida. Essa situação perdurou até o começo da era Cristã e foi exatamente no começo da era crista que a execução deixou de ser pessoal, deixou de cair sobre a pessoa do devedor e passou a recair sobre o patrimônio dele. Isso ocorreu a partir do momento que o pretor (magistrado em Roma) passou a adotar na execução das dividas um procedimento idêntico ao que já era adotado pelo questor para cobrança das dividas da natureza tributária. Quem era o questor? Era a pessoa encarregada de fiscalizar e cobrar tributos. Como o questor cobrava os tributos? Toda a vez que alguém deixava de pagar um imposto, o questor tomava posse dos bens da pessoa, vendia esses bens, e com o valor arrecadado a partir da venda, ele repassava para o Estado a parte referente ao tributo que não havia sido paga. Os pretores então perceberam que esse procedimento, do ponto de vista pratico, era muito mais eficaz. E foi exatamente assim que a execução deixou de ser pessoal e passou a ser patrimonial. Mas, ainda assim, inicialmente houve um inconveniente. Por mais que fosse patrimonial a execução, ela sempre recaia sobre todo o patrimônio do devedor. O devedor poderia ter todo o seu patrimônio comprometido para que o credor satisfizesse o seu direito de crédito de pequeno valor. Só no fim do sec. II d.C é que a execução deixou de ser universal e passou a incidir apenas em uma parcela (absolutamente indispensável para que o credor satisfizesse seu direito de crédito) do patrimônio do devedor. Na pratica, o credor não tendo satisfeito o seu direito de credito acionava o devedor, pleiteando que o juiz o pusesse na posse daqueles bens do devedor que fossem suficientes para satisfazer o seu direito de credito. Posteriormente, esses bens eram vendidos e com os valores arrecadados o credor tinha satisfeitoo seu direito de credito. O inconveniente nesse caso é que a satisfação era feita através de uma indenização. Porque uma indenização? Pelo fato do devedor não ter cumprido voluntariamente o seu crédito. Esse inconveniente vai persistir até o fim do Alto Império, a partir do sec. III d. C., que foi quando surgiu a execução específica. O que era a execução específica? Era a execução que recaia especificamente sobre a prestação devida. Isso significa que a partir desse período, tornou-se possível ao credor, exigir especificamente aquilo que foi prometido pelo devedor de modo que o credor não era mais obrigado a aceitar uma indenização em virtude de perdas e danos. Ele vai acionar o devedor para que o devedor cumpra exatamente aquilo que ele se comprometeu a cumprir. O que isso tudo tem a ver com a execução em virtude do inadimplemento hoje? Tem tudo a ver, até porque a história é uma evolução contínua e de certa forma, tudo aquilo que a gente vive hoje, é fruto dessa evolução histórica. De fato, nós podemos dizer hoje que como regra, a execução ela é pessoal ou patrimonial? Patrimonial. Ela recai sobre o patrimônio do devedor. Mas essa regra não é absoluta, porque nem todos os bens do devedor vão estar sujeitos à execução por parte do credor, existem alguns bens que são impenhoráveis. Hoje isso é bastante evidente porque sabemos que o devedor também é visto como sujeito de direitos, e não apenas de deveres. Dentre esses direitos do devedor, esta o direito de ser tutelada a sua dignidade. EX: o devedor não poder se retirado da única casa que tem para que o credor tenha satisfeito o seu direito de crédito, haja vista a impenhorabilidade do bem jurídico. Em caráter excepcional, será possível a execução pessoal, o que não afasta a regra geral (a execução em caso de inadimplemento é patrimonial). De acordo com a Constituição, ninguém pode ser preso pelo fato de não ter cumprido um debito. A própria Constituição estabelece duas exceções a essa regra: o devedor de alimentos e o depositário infiel. Art. 5. LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel; Devedor de alimentos: De acordo com o Código de Processo Civil: Art. 733. Na execução de sentença ou de decisão, que fixa os alimentos provisionais, o juiz mandará citar o devedor para, em 3 (três) dias, efetuar o pagamento, provar que o fez ou justificar a impossibilidade de efetuá-lo.(demonstrar que ele não tem condições de pagar. Na pratica isso não acontece.) § 1o Se o devedor não pagar, nem se escusar, o juiz decretar-lhe-á a prisão pelo prazo de 1 (um) a 3 (três) meses.(essa prisão se diferencia da prisão do Direito Penal, porque no Direito Penal, a prisão é totalmente extinta, ela tem caráter de pena, de punição da pessoa. No Direito Civil, a pena visa apenas constranger o devedor a cumprir o seu débito. A partir do momento que o devedor paga o seu débito, ele é posto imediatamente em liberdade) § 2o O cumprimento da pena não exime o devedor do pagamento das prestações vencidas e vincendas. § 3o Paga a prestação alimentícia, o juiz suspenderá o cumprimento da ordem de prisão. O art. 733 prevê que a execução pode ser pessoal. O art. 732 prevê a possibilidade da execução patrimonial: Art. 732. A execução de sentença, que condena ao pagamento de prestação alimentícia, far-se-á conforme o disposto no Capítulo IV deste Título.(o Capítulo IV trata da execução das dívidas em geral, ou seja, execução patrimonial, que é a regra) Depositário infiel: é aquela pessoa que recebe um bem, para que esse bem seja guardado e conservado por um determinado tempo. Por sua vez, será infiel o depositário, se ele se recusar a devolver o bem quando solicitado. É chamado de infiel por ferir a confiança que foi nele depositada. Existem três tipos de depósito: Convencional: é aquele que é fruto de um acordo, de uma convenção entre as partes. Judicial:é fruto de uma decisão judicial proferida no âmbito de um determinado processo. Ex: duas pessoas disputando a propriedade de um determinado bem, o juiz decide que até o final do processo, é interessante nomear uma pessoa para administrar esse bem. Assim, o juiz pode nomear um depositário para o bem. Legal:ocorre em virtude de um dispositivo legal, de um texto normativo. Ex: alienação fiduciária em garantia, instituto muito utilizado na aquisição de carro. Ocorre toda vez que uma pessoa contrai um empréstimo para adquirir determinado bem, e dá em garantia do cumprimento do empréstimo, o próprio bem. A partir do momento que a pessoa pagar o empréstimo todo, a propriedade do bem passa para o já possuidor dele. A posse do bem é de quem contrai o empréstimo. Mas, toda vez que a pessoa deixar de cumprir o empréstimo o credor poderá aciona-lo para pagar ou devolve-lo dentro de um determinado prazo, sob a pena de (não fazendo nem uma coisa nem outra) ser considerado depositário, havendo a possibilidade de prisão. OBS: Desde 1991 há uma grande polemica acerca da possibilidade ou não de prisão no caso do depositário infiel. Essa polemica nasceu a partir do momento em que o Pacto de São José da Costa Rica foi ratificado no ordenamento jurídico brasileiro. Esse pacto foi um tratado que reconheceu direitos humanos, que foi firmado pelo Brasil e demais países em 1969, foi firmado em São José, na Costa Rica e por isso ficou assim conhecido. Dentre os direitos humanos reconhecidos, esta o direito da pessoa não ser presa em função de uma dívida, ele estabelecia uma única exceção, a do devedor de alimentos. Será que esse pacto teria revogado a prisão do depositário infiel? Nasceu a partir daí uma grande polemica na doutrina e na jurisprudência. Isso gera uma discursão acerca da hierarquia das leis, nós sabemos que uma lei só pode revogar a outra, se ela for do mesmo nível hierárquico ou de nível hierárquico superior. A Emenda Constitucional nº 45, de 2004, que acrescentou o §3 ao art. 5, diz o seguinte: § 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais. O problema é que o pato foi ratificado em 1991 e a Emenda Constitucional nº 45 é de 2004. Uma parte da doutrina se posicionou no sentido de que o Pacto de São José da Costa Rica teria o status de norma infraconstitucional, e, portanto não poderia revogar o texto constitucional. Essa foi a posição que predominou no STF por muito tempo. Mas, o STJ se posicionou em sentido diverso defendendo que o Pacto de São José da Costa Rica tem status de norma constitucional e que, portanto, poderia revogar o dispositivo da Constituição. O fundamento utilizado pelo STJ foi baseado no art. 5º §2: § 2º - Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte. É importante dizer que esse parágrafo já estava previsto no texto original da Constituição. Essa situação persistiu até recentemente, até que houve uma mudança no STF. Hoje nós podemos dizer que a jurisprudência dominante no STF, é no sentido de não permitir a prisão do depositário infiel. Atenção: A execução patrimonial é a regra, masexiste uma exceção, são duas situações em que é possível haver execução universal. É o caso da insolvência ou falência. Insolvência: é quando uma pessoa não consegue pagar as dívidas porque o seu passivo patrimonial supera o seu ativo. Falência: é a mesma coisa que insolvência, só que ela é própria para os empresários, enquanto a insolvência é própria para as demais pessoas. Emambos os casos será instaurado o Concurso de Credores, para que os credores possam partilhar o patrimônio do devedor, todo patrimônio poderá ser utilizado, nesta hipótese, estamos diante de uma execução universal. É obvio que se tratando de uma pessoa natural existem limitações. Correção do exercício: gravação Direito Civil (27-08-20011) – 01:05:00 Classificação das Obrigações: I. Quanto à Exigibilidade: a. Obrigação Natural:é aquela que é inexigível judicialmente. Se o devedor voluntariamente não realizar o pagamento, o credor não terá meios para constrangê-lo a revisar essa ação. Ex: obrigação decorrente de dívida prescrita e obrigações decorrentes da dívida de jogo. Essa obrigação contém apenas o elemento débito, falta responsabilidade e pretensão por parte do credor. No nosso ordenamento jurídico existem três tipos de jogos ou apostas: os jogos regulamentados pelo Estado, os jogos não regulamentados, porém lícitos, e os jogos ilícitos. Os jogos que são regulamentados pelo Estado (como megasena) vão dar origem a uma obrigação civil na qual vai haver tanto débito quanto responsabilidade. Os jogos não regulamentados sejam eles lícitos ou ilícitos, vão dar origem a uma obrigação natural, ou seja, a uma obrigação judicialmente inexigível. Isso significa que se alguém perder um jogo ou uma aposta vai ter que pagar, mas se voluntariamente um devedor não pagar, o credor não disporá de lei, de judicialmente constrange-lo a tanto. Seja numa dívida decorrente de dívida de jogo, seja uma dívida prescrita, se o devedor for voluntariamente realizar o pagamento o credor poderá retê-lo como pagamento válido, não podendo o credor ser constrangido pelo devedor a devolver aquilo que ele recebeu. Jogos e apostas representam uma forma de contrato previsto no Código Civil a partir do artigo 814: Art. 814. As dívidas de jogo ou de aposta (que não são regulamentados pelo Estado) não obrigam a pagamento; mas não se pode recobrar a quantia, que voluntariamente se pagou, salvo se foi ganha por dolo, ou se o perdente é menor ou interdito. § 1o Estende-se esta disposição a qualquer contrato que encubra ou envolva reconhecimento, novação ou fiança de dívida de jogo; mas a nulidade resultante não pode ser oposta ao terceiro de boa-fé. § 2o O preceito contido neste artigo tem aplicação, ainda que se trate de jogo não proibido, só se excetuando os jogos e apostas legalmente permitidos. § 3o Excetuam-se, igualmente, os prêmios oferecidos ou prometidos para o vencedor em competição de natureza esportiva, intelectual ou artística, desde que os interessados se submetam às prescrições legais e regulamentares. Qual a diferença entre jogo e aposta? O jogo pressupõe uma disputa entre duas ou mais partes, cujo resultado final esta diretamente relacionado à habilidade dos jogadores. A aposta também pressupõe uma disputa entre partes, mas na aposta, o resultado final não depende diretamente da habilidade dos apostadores. Do ponto de vista pratico a diferença entre jogo e aposta não é relevante, pois, as consequências são as mesmas, ambos não obrigam o pagamento. Repetição do Indébito: pedir de volta aquilo que voluntariamente se pagou. Não é possível na obrigação natural. Fernando Noronha: “a obrigação natural seria uma obrigação meramente moral, e não uma obrigação jurídica”, porque a moral se caracteriza pela inexigibilidade, pelo fato de ser incoercível, ninguém pode obrigar o outro a seguir um preceito moral. A doutrina dominante, porém, não caminha nesse sentido, ela defende a tese de que a obrigação natural é uma obrigação jurídica imperfeita, porque falta o elemento responsabilidade. Ela não seria apenas uma obrigação moral pelo fato de existir um débito. Diante de uma obrigação meramente moral, o debito não existe. b. Obrigação Civil:é a obrigação que apresenta débito e responsabilidade. II. Quanto à Natureza: a. Obrigação propter rem: rem significa coisa, propter significa em razão de. Ou seja, em razão de uma coisa. Uma obrigação que vincula uma pessoa, pelo fato dessa pessoa ser titular de uma coisa. Esta sempre vinculada a uma coisa. Ex: a obrigação que tem o proprietário urbano de pagar o IPTU, a obrigação que tem um proprietário de um imóvel rural de pagar o ITR, a obrigação do condômino de pagar a taxa condominial. Essas obrigações estão vinculadas necessariamente a uma coisa, do ponto de vista pratico isso é muito importante porque a obrigação propter rem diferentemente das demais obrigações que compõe nosso ordenamento, não podem ser transferidas através de uma cessão de credito ou de débito. Por estar vinculada a alguma coisa, a obrigação propter rem, somente será transferida se a coisa a qual ela esta atrelada for transferida. A pessoa ao adquirir uma determinada coisa, automaticamente, ela vai assumir também a obrigação que está vinculada a essa coisa. Natureza da obrigação propter rem: tem uma discursão acerca de sua natureza, se é uma natureza de crédito ou natureza de um direito real. O direito real recai sempre sobre alguma coisa, ele tem como objeto uma coisa. Já o direito de credito, tem por objeto uma prestação, de dar, fazer ou não fazer alguma coisa. Alguns doutrinadores afirmam que a obrigação propter rem tem a natureza de direito real, porque ela esta sempre vinculada a uma coisa. Mas apesar de apresentar algumas características de direito real, a obrigação propter rem também tem algumas características da natureza de credito, por mais que ela esteja sempre vinculada a alguma coisas, ela tem por objeto uma prestação. Ex: obrigação de pagar o IPTU, qual é o objeto dela? Uma prestação de dar alguma coisa. A tese que é dominante é no sentido de que a obrigação propter rem estaria em termo entre o direito real, e entre o direito de credito. Porque ela apresenta características tanto de direito real quanto de direito de credito. Tem natureza sui generis. b. Obrigação Civil: apresenta todas as características do direito de credito. III. Quanto ao Objeto: (dar, fazer ou não fazer alguma coisa) a. Obrigação de dar:é aquela que tem por objeto uma prestação consistente na entrega ou restituição de alguma coisa. Qual é a diferença entre entregar e restituir? A obrigação de entregar pressupõe a entrega de um objeto que pertence ao devedor, que em virtude da relação obrigacional se compromete a entregar o objeto ao credor. A obrigação de restituir, a coisa não pertence ao devedor, pertence ao credor, mas por algum motivo esta de posse do devedor, que deve restitui-la ao seu proprietário. A obrigação de dar vai compreender também outra distinção: a obrigação de dar coisa certa e a obrigação de dar coisa incerta. A obrigação de dar coisa certa recai sobre um objeto que está completamente individualizado. Ou seja, um objeto que se distingue de todos os demais por suas características próprias. Já a obrigação de dar coisa incerta recai sobre o objeto que ainda não está completamente individualizado, um objeto que ainda não se distingue dos demais. Nesse caso, porém, apesar de o objeto não estar completamente determinado é importante que ele seja pelo menos passível de determinação, determinável. Quando é que um objeto vai ser determinável? Quando ele for indicado ao menos quanto ao gênero e quanto à quantidade. - Obrigação de dar coisa certa: recai sobre o objeto que já está totalmente individualizado. O credor dessa obrigação jamais poderá ser constrangido a receber um objeto diverso do devedor, ainda que esse objeto seja mais valioso. Da mesma forma que o credor não pode ser forçado a receber um objeto distinto, o devedor também não pode ser forçado, constrangido, a entregar outro objeto, mesmo que esse objeto seja menos valioso. De acordo com o Código Civil: Art. 313. O credor não é obrigado a receber prestação diversa da que lhe é devida, ainda que maisvaliosa. Outro aspecto também muito importante na obrigação de dar coisa certa advém do artigo 233: Art. 233. A obrigação de dar coisa certa abrange os acessórios dela embora não mencionados, salvo se o contrário resultar do título ou das circunstâncias do caso. De certa forma essa regra do art. 233 não é uma inovação. É a aplicação de um princípio que vem da Parte Geral. O principio de que o acessório segue a sorte do principal. A não ser que haja uma disposição em sentido contrário. Essa regra vale para acessórios, não vale para pertenças. O art. 93 define o que é pertença. Art. 93. São pertenças os bens que, não constituindo partes integrantes, se destinam, de modo duradouro, ao uso, ao serviço ou ao aformoseamento de outro. Esse conceito de pertença é muito importante porque o art. 94 do Código Civil traz uma regra muito importante, que diz o seguinte: Art. 94. Os negócios jurídicos que dizem respeito ao bem principal não abrangem as pertenças, salvo se o contrário resultar da lei, da manifestação de vontade, ou das circunstâncias do caso. Perda ou deterioração da coisa: Qual é a diferença entre perda e deterioração? A perda pressupõe a destruição total da coisa, já a deterioração pressupõe a destruição parcial. Para analisar a questão da perda ou deterioração da coisa, deve- se primeiro analisar se a obrigação é de entregar ou de restituir. Quem vai arcar com a perda? Quem vai arcar com o prejuízo? O credor ou o devedor? Quais são as consequências advindas dessa perda? Sempre que houver perda ou deterioração, deve-se analisar duas coisas: - Quem é proprietário, de quem é a culpa? - Houve culpa por parte do devedor? O primeiro questionamento é importante porque em nosso ordenamento jurídico, tem uma regra que vale desde o Direito Romano que diz: res perit domino (a coisa perece para o seu dono). Por isso é importante analisar quem é o dono da coisa. Também é muito importante analisar se houve culpa por parte do devedor porque, sempre que houver um comportamento culposo por parte do devedor, ele vai responder por perdas e danos. As perdas e danos compreendem tanto os danos emergentes quanto os lucros cessantes. Danos emergentes correspondem aos prejuízos efetivamente sofridos. Lucros cessantes correspondem aquilo que a pessoa deixou de lucrar em virtude dos danos sofridos. Essas perdas e danos, também são devidas em virtude da pratica de um ato ilícito. Ex: suponhamos que alguém que esteja dirigindo em alta velocidade, perca o controle e acabe batendo em um taxi. O taxista tem direito às perdas e danos, que compreendem danos emergentes (concerto do carro) e lucros cessantes (o que o taxista deixou de receber). Com base nas duas regras: res perit domino e perdas e danos, nós podemos resolver qualquer problema. Brasil => Sistema Romano Germânico: não basta o contrato de compra e venda para transferência da propriedade, deve haver um ato subseqüente. Como ocorre a transferência de um bem imóvel? Através do registro do contrato em cartório de registro de imóveis. Art. 234. Se, no caso do artigo antecedente, a coisa se perder, sem culpa do devedor, antes da tradição, ou pendente a condição suspensiva, fica resolvida a obrigação para ambas as partes; se a perda resultar de culpa do devedor, responderá este pelo equivalente e mais perdas e danos. Se houver a perda do objeto na hora de entregar, é preciso questionar: houve culpa? Se sim, haverá perdas e danos. Se houver perda do objeto em virtude de caso fortuito ou força maior, e não tiver havido comportamento culposo, a obrigação vai se extinguir e as partes vão voltar ao estado anterior a elas (res perit domino – o prejuízo é do dono). Se ao invés da perda acontecer à deterioração do bem, o credor não poderá ser constrangido a receber, mas ele pode aceitar o bem deteriorado. Em caso de deterioração o credor terá duas opções: ou a obrigação vai se extinguir e as partes vão voltar ao estado anterior a elas, ou ele aceita o bem exigindo um abatimento no preço. Melhoramentos e acrescidos: da mesma forma que ocorre a perda ou deterioração para o proprietário, é importante dizer que havendo melhoramento ou acrescidos a coisa, estes também beneficiarão o proprietário. Melhoramento pressupõe uma situação na qual vai haver um aumento de vantagens para a pessoa. Ex: uma pessoa tem um sítio e a estrada que vai até o sítio é de terra, após um tempo essa estrada é pavimentada, isso é um melhoramento. Acrescido é aquilo que acresce a coisa. Ex: uma pessoa vende uma vaca e antes da entrega, ela fica prenha, obviamente houve um acréscimo, que implica uma valorização, assim como o melhoramento; nesse caso havendo melhoramento ou acréscimo da coisa, estes beneficiarão o proprietário, mas essa regra só se aplica caso esse melhoramento ou acréscimo não decorra de um comportamento do proprietário, porque no contrario nós aplicaremos as regras relacionadas às benfeitorias (obra ou despesa realizada sobre a coisa); de acordo com o Código Civil: Art. 237. Até a tradição pertence ao devedor a coisa, com os seus melhoramentos e acrescidos, pelos quais poderá exigir aumento no preço; se o credor não anuir, poderá o devedor resolver a obrigação. - Obrigação de dar coisa incerta:é aquela que recai sobre o objetoque ainda não está totalmente individualizado, que é apenas passível de determinação embora não esteja totalmente determinado. Ela jamais irá recair sobre um objeto que esteja completamente indeterminado, o objeto deve ser pelo menos passível de determinação. Quando é que o objeto vai ser determinável? Quando estiver indicado apenas quanto ao gênero e quantidade. Ex: alguém se compromete a dar um boi (gênero: boi / quantidade: 1), mas não especifica que boi. É importante ressaltar que essa obrigação é necessariamente transitória. Porque toda obrigação de dar coisa incerta vai ter que se transformar em uma obrigação de dar coisa certa para ser cumprida. Como ocorre essa mudança? Deve ocorrer aquilo que chamamos de concentração, que é um termo técnico utilizado para que haja essa passagem. É óbvio que essa concentração vai pressupor a escolha. A quem caberá essa escolha? Via de regra a escolha cabe ao devedor, ou seja, se as partes não dispuserem de sentido contrario, caberá ao devedor. É claro que as partes podem dispor em sentido contrário, podem atribuir a escolha a um terceiro, dispor da forma que achar conveniente. Embora o devedor tenha o direito de escolha, ele terá uma limitação no exercício dessa escolha, o devedor não poderá entregar o pior objeto mas também não será obrigado a entregar o melhor. A escolha do devedor basta para que haja a transformação da obrigação? Não, para que haja esta mudança, é necessário que o credor seja cientificado da escolha por parte do devedor. O Código Civil diz: Art. 245. Cientificado da escolha o credor, vigorará o disposto na Seção antecedente. Enquanto a obrigação for de dar coisa incerta, o devedor jamais poderá alegar perdas ou deterioração do bem para justificar o descumprimento da obrigação. Se a obrigação é de dar coisa incerta, é uma obrigação incerta. Art. 246. Antes da escolha(antes do devedor ter cientificado sua escolha ao credor), não poderá o devedor alegar perda ou deterioração da coisa, ainda que por força maior ou caso fortuito. A doutrina costuma distinguir dentre as obrigações de dar coisa incerta aquelas obrigações que recaem sobre um gênero extremamente limitado, dizendo que toda vez que o gênero for muito limitado, nós temos que aplicar as mesmas regras referentes à obrigação de dar coisa certa. b. Obrigação de fazer:é aquela obrigação cuja prestação consiste na realização de um serviço, de uma atividade que deve ser realizada no interesse do credor. Ex: a obrigação de um cantor de se apresentar em um show. A diferença entre aobrigação de fazer e a de dar é que na de dar, deve-se entregar ou restituir alguma coisa. E na obrigação de fazer, o objeto é um serviço. O problema é que algumas vezes a pessoa deve fazer para depois entregar, nesse caso a obrigação é de fazer ou de dar? Na doutrina prevalece o entendimento, que toda vez que a pessoa tiver que fazer alguma coisa, para depois entregá-la ao credor, a obrigação será de fazer. Obrigação de fazer fungível: é uma obrigação que pode ser cumprida por qualquer pessoa e não especificamente pelo devedor da relação obrigacional. Obrigação de fazer infungível: é aquela que somente poderá ser cumprida pelo devedor da relação obrigacional. Como saber quando uma relação obrigacional será fungível ou infungível? Primeiramente, deve-se analisar os termos da obrigação. E se o contrato for misto com relação a essa questão? Nesse caso, tem que analisar a natureza das obrigações, as circunstancia que envolvem a relação obrigacional. Ex: o U2 é contratado para se apresentar no Brasil. É necessário estabelecer um contrato que somente o U2 poderá cumprir essa obrigação? Não. Porque é evidente que essa obrigação de fazer do U2, é uma obrigação de fazer infungível. A distinção entre obrigação fungível e infungível é importante, porque as conseqüências são completamente distintas. No caso de inadimplemento, se a obrigação de fazer for fungível, o credor poderá acionar o devedor para pagar a prestação por ele devida, sob pena de se nomear outra pessoa para fazer o serviço à custa do devedor (regra geral). Havendo urgência o credor terá outra opção: de ele mesmo executar ou mandar outra pessoa executar o serviço e posteriormente acionar o devedor, apenas para solicitar o reembolso daquilo que ele gastou para realizar o serviço. Art. 249. Se o fato puder ser executado por terceiro, será livre ao credor mandá-lo executar à custa do devedor, havendo recusa ou mora deste, sem prejuízo da indenização cabível. No caso de uma obrigação infungível, a princípio, o Código Civil atribui ao credor a possibilidade de se pleitear a perda e danos. Art. 247. Incorre na obrigação de indenizar perdas e danos o devedor que recusar a prestação a ele só imposta, ou só por ele exeqüível(quer dizer que a obrigação é infungível). O Código de Processo Civil, sofreu uma mudança que alterou o art. 461, que trata do inadimplemento na obrigação de fazer e que atribuiu ao credor outras possibilidades, além da de pleitear perdas e danos. Art. 461. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela específica da obrigação (aquela que esta relacionada a execução específica, que é aquela que recai sobre a prestação devida) ou, se procedente o pedido, determinará providências que assegurem o resultado prático equivalente ao do adimplemento. Quais são os instrumentos que o juiz pode dispor para que essa tutela seja alcançada? Vários, dentre eles a fixação de uma multa a ser imposta ao devedor; a busca e apreensão... Todos são instrumentos que estão à disposição do juiz. Mas nada impede que o credor desista da execução especifica e pleiteie perdas e danos. A obrigação de fazer que nasce a partir de um contrato preliminar, comporta uma execução específica que se afasta um pouco das demais obrigações de fazer. c. Obrigação de não fazer:caracteriza-se por ser uma obrigação de caráter negativo, porque impõe ao devedor não uma ação, mas uma abstenção (ou seja, ela impõe ao devedor não fazer algo, que a princípio ele poderia realizar).Essa obrigação de não fazer é valida? Sim, como a obrigação de dar e fazer, mas para isso, o objeto deve ser lícito. A validade do negócio jurídico depende de que? Capacidade das partes, objeto lícito, possível, determinado ou determinável. No caso da obrigação de não fazer, especificamente, nós teremos uma obrigação válida sempre que houver uma restrição da liberdade, sabemos que toda obrigação impõe uma restrição ao devedor, mas essa restrição não deve ser acentuada. Essa é uma limitação à obrigação de não fazer. Como é que alguém descumpre uma obrigação de não fazer? A partir do momento que a pessoa faz aquilo que ela se comprometeu a não realizar, ela esta inadimplindo. Quais são as consequências advindas desse inadimplemento? O Código Civil inicialmente estabelece uma distinção que leva em conta a razão do inadimplemento, dizendo que, se o devedor se viu obrigado a fazer aquilo que ele se comprometeu a não realizar, seja em virtude de uma imposição legal, de outra força maior, se não houver alternativas para o devedor, a obrigação se extingue e as partes voltam ao estado anterior. Se o inadimplemento tiver sido voluntário, ao credor, é possível acionar o devedor em juízo para que ele desfaça aquilo que ele se comprometeu a não realizar, sob pena de a obra ser desfeita à custa do devedor. Neste caso, as consequências se aproximam a obrigação de fazer fungível. Na obrigação de não fazer, se houver urgência o credor terá outra possibilidade, a de ele mesmo desfazer a obra à custa do próprio devedor. Essa regra deve ser interpretada com muito cuido, porque esse direito deve ser exercido em consonância com os direitos sociais. Deve haver uma harmonização. De acordo com o Código Civil: Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes. Art. 250. Extingue-se a obrigação de não fazer, desde que, sem culpa do devedor, se lhe torne impossível abster-se do ato, que se obrigou a não praticar. Art. 251. Praticado pelo devedor o ato, a cuja abstenção se obrigara, o credor pode exigir dele que o desfaça, sob pena de se desfazer à sua custa, ressarcindo o culpado perdas e danos. Parágrafo único. Em caso de urgência, poderá o credor desfazer ou mandar desfazer, independentemente de autorização judicial, sem prejuízo do ressarcimento devido. IV. Quanto a Pluralidade de Objetos: o objeto de uma obrigação é sempre uma prestação. a. Obrigação Simples: é aquela que recai sobre uma única prestação, seja ela de dar, fazer ou não fazer alguma coisa. b. Obrigação Cumulativa ou Conjuntiva: é aquela que recai sobre duas ou mais prestações. É também chamada deconjuntiva porque as prestações estão ligadas pela partícula “e”, ou seja, uma coisa e outra. Ex: obrigação de entregar um carro e uma moto. c. Obrigação Alternativa ou Disjuntiva: é aquela que recai sobre duas ou mais prestações que, porém, estão ligadas pela partícula “ou”, o que significa que apenas uma delas deve ser revisada no interesse do credor. Ex: obrigação de entregar um carro ou uma moto. OBS: Obrigação Alternativa ≠ Obrigação de Dar Coisa Incerta - Na Obrigação de Dar Coisa Incerta nós temos um único objeto (uma única prestação), só que ela recai sobre um objeto que ainda não está totalmente individualizado. Ex: a obrigação de entregar um boi => a prestação é uma e o objeto não foi totalmente individualizado. - Na Obrigação Alternativa nós não temos uma obrigação apenas, temos duas ou mais, e que tem o objeto muitas vezes totalmente individualizado. - Pode acontecer de ao mesmo tempo a obrigação ser Alternativa e de Dar Coisa Incerta. Ex: alguém assume a obrigação de entregar um cavalo ou um boi => é alternativa porque tem duas prestações distintas e de dar coisa incerta, porque recai sobre objetos que ainda não são totalmente individualizados, embora sejam passiveis de individualização. Uma questão que é muito importante na Obrigação Alternativa diz respeito ao direito de escolha, essa questão também é relevante para a obrigação de dar coisa incerta, pois embora o objeto ainda não esteja totalmente individualizado, ele é passível de individualização, então ele deve ser individualizado na horade se cumprir a individualização, um processo semelhante tem que ocorrer na Obrigação Alternativa, porque apenas uma das prestações vai ser revisada. Embora inicialmente exista mais de uma prestação, o devedor vai realizar apenas uma delas, é aí que suje o problema do direito de escolha. A quem cabe esse direito de escolha? Vigora na Obrigação Alternativa uma regra que se aproxima de uma regra que existe na Obrigação de Dar Coisa Incerta, porque o direito de escolha também cabe ao devedor se outra coisa não foi convencionada entre as partes. Aqui não se aplica a regra da Obrigação de Dar Coisa Incerta, de que o credor não pode dar o pior, embora não seja obrigado a dar o melhor. Isso não ocorre porque de imediato, nós temos duas ou mais prestações cujos objetos já estão completamente individualizados. Mas haverá uma limitação quanto ao direito de escolha do devedor. O Código Civil, quando trata do direito de escolha do devedor, ele afirma que este não pode constranger o credor a receber parte de uma prestação e parte de outra. Ex: um produtor rural alugou um imóvel e se comprometeu a entregar cem sacas de feijão ou cinquenta sacas de café. Neste caso, ou ele entrega o café, ou entrega o feijão. Art. 252. Nas obrigações alternativas, a escolha cabe ao devedor, se outra coisa não se estipulou. É uma norma dispositiva (ou supletiva) porque ela só vale se não houver uma disposição em sentido contrário. § 1o Não pode o devedor obrigar o credor a receber parte em uma prestação e parte em outra. Toda vez que a Obrigação Alternativa for também Periódica, no final de cada período será renovado o direito de escolha por parte do devedor. O que é Obrigação Periódica? É aquela que não é cumprida por meio de uma única prestação apenas, a prestação é revisada periodicamente. Ex: a obrigação de pagar aluguel. § 2o Quando a obrigação for de prestações periódicas, a faculdade de opção poderá ser exercida em cada período. O legislador diz claramente que toda vez que couber a duas ou mais pessoas o direito de escolha, toda vez que houver uma pluralidade de optantes, na Obrigação Alternativa deve haver um acordo unanime entre eles, sob a pena de não havendo esse acordo unanime, a prerrogativa da escolha passar para o juiz § 3o No caso de pluralidade de optantes, não havendo acordo unânime entre eles, decidirá o juiz, findo o prazo por este assinado para a deliberação. Perda do objeto da prestação: primeiramente deve-se analisar se a perda decorreu de comportamento culposo ou não. A perda em decorrência de caso fortuito ou força maior, que recai sobre um dos objetos apenas, transforma a Obrigação Alternativa em Obrigação Simples. Ex: alguém se dispôs a dar como pagamento de uma dívida um carro ou uma moto, se o carro é destruído em uma enchente, ele só poderá pagar com a moto. Se o direito de escolha é do credor, existirão duas condições: exigir a prestação subsistente ou um valor da outra prestação mais perdas e danos. Art. 253. Se uma das duas prestações não puder ser objeto de obrigação ou se tornada inexeqüível, subsistirá o débito quanto à outra. Art. 255. Quando a escolha couber ao credor e uma das prestações tornar-se impossível por culpa do devedor, o credor terá direito de exigir a prestação subsistente ou o valor da outra, com perdas e danos; se, por culpa do devedor, ambas as prestações se tornarem inexeqüíveis, poderá o credor reclamar o valor de qualquer das duas, além da indenização por perdas e danos. E se ocorrer a perda de todos os objetos? Deve-se identificar se a perda se deu por culpa do credor ou do devedor, e se foi decorrente de caso fortuito ou força maior. No caso de perda por caso fortuito ou força maior, a obrigação se resolve e as partes retomam o seu estado anterior. Se a perda se der por comportamento culposo, deve-se verificar de quem é o direito de escolha, cabendo o direito de escolha ao credor, ele vai poder escolher o valor de qualquer dos objetos mais perdas e danos. E se o direito de escolha for do devedor? Neste caso o devedor vai ter que indenizar o credor pelo valor do bem que pereceu. Porque que neste caso cabendo o direito de escolha ao devedor ele vai ter que indenizar o credor pelo valor do bem que pereceu? A obrigação que o devedor tinha era Alternativa, pereceu um dos objetos, o direito de escolha era do devedor. Neste caso a obrigação passa a ser simples, e se o outro objeto perecer, o devedor terá que indenizar o credor. E se todos os objetos perecerem ao mesmo tempo? Quando isso acontece, de acordo com o Professor Cimon, o devedor pode pagar o valor de qualquer deles mais perdas e danos (isso se o direito de escolha não couber ao credor). d. Obrigação Facultativa: se aproxima bastante da Obrigação Alternativa. É aquela que recai, a princípio, sobre uma única prestação podendo, porém, o devedor (e somente ele) se exonerar da obrigação cumprindo uma prestação diversa. É uma Obrigação Simples. Qual é a diferença entre Obrigação Alternativa e Obrigação Facultativa? Na Obrigação Alternativa nós temos duas ou mais prestações (ligadas pela partícula ou) que quando um dos objetos dessas prestações perecer, sem culpa do devedor, a obrigação subsiste, continua, mas no tocante a outra obrigação. Já na Obrigação facultativa, inicialmente temos uma única prestação, se o objeto dessa prestação perecer a obrigação se extingue, voltando ao seu estado anterior. Na Obrigação Alternativa, o direito de escolha geralmente cabe ao devedor, sendo possível o direito de escolha ser atribuído ao credor. Na Obrigação Facultativa, o direito de escolha é exclusivo do devedor. Indubio pro reu=> se houver dúvidas se a obrigação é Facultativa ou Alternativa, presume-se que seja facultativa, porque esta é mais benéfica para o devedor. V. Quanto a Pluralidade de Partes:essa questão só tem relevância se houver uma pluralidade de credores ou devedores. Presunção juris tantum (relativa): admite prova em sentido contrário. Art. 257. Havendo mais de um devedor ou mais de um credor em obrigação divisível, esta presume-se dividida em tantas obrigações, iguais e distintas, quantos os credores ou devedores. a. Obrigação Divisível:É aquela cujo cumprimento pode ser realizado parceladamente. b. Obrigação Indivisível:é aquela obrigação cujo cumprimento é realizado de uma única vez, não podendo ser fracionado. Ex: duas ou mais pessoas assumem a obrigação de entregar um boi, este não pode ser fracionado. O credor poderá exigir a obrigação por inteiro. O que faz com que uma obrigação seja indivisível? A natureza do objeto da prestação obrigacional. Esse objeto pode ser um bem, um serviço... Deve-se constatar se esse objeto pode ser fracionado. Se não puder ser fracionado a Obrigação é indivisível. Quando se trata de prestação de serviço, deve-se analisar a questão do ponto de vista físico, e também levar em conta questões de ordem econômica e também de ordem jurídica. Art. 258. A obrigação é indivisível quando a prestação tem por objeto uma coisa ou um fato não suscetíveis de divisão, por sua natureza, por motivo de ordem econômica, ou dada a razão determinante do negócio jurídico. O credor pode acionar cada um dos devedores individualmente e exigir a obrigação como um todo. Art. 259. Se, havendo dois ou mais devedores, a prestação não for divisível, cada um será obrigado pela dívida toda. Sub-rogação = substituição. No nosso ordenamento existem dois tipos sub-rogação: real (um bem substitui outro bem) e pessoal (uma pessoa substitui outra). No pagamento de Obrigação Indivisível existe a sub-rogação pessoal. A partir do momento que um dos devedores não cumprir a obrigação, o credor pode acionar outro. Se não for convencionado que cada devedor deve uma parte Se houver uma pluralidade de credores, por exemplo, um devedor assume
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