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DIREITO CIVIL I 1 Obrigações

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DIREITO CIVIL I 
Professor: Cimon Burmam 
 
Unidade I - Introdução ao estudo do Direito das Obrigações 
 
 Significado do termo Obrigação para a disciplina de Direito Civil: relação jurídica entre 
credor e devedor por meio da qual o credor vai poder exigir do devedor uma prestação. Prestação 
esta de dar, fazer ou não fazer alguma coisa. 
 
 Como a obrigação nasce: o contrato é a forma mais importante (mas não é a única), 
porque o tempo todo celebramos contratos. O contrato não precisa ser escrito. Na maioria das 
vezes a obrigação nasce e se extingue e nós nem percebemos. Outra fonte importante de 
obrigação é o ato ilícito. 
 
Prescrição – Parte Geral 
 
Origem e Evolução Histórica: 
 Inicialmente o termo prescrição vai ser entendido como a perda do direito de ação em 
virtude de inércia do seu titular. O termo prescrição tem origem no Direito Romano, no período do 
Processo Popular, onde foi atribuído ao credor o poder de criar novas ações. O código civil de 
1916 definia prescrição como a perda do direito de ação. Recentemente, em virtude da evolução 
pela qual passou o Direito Processual, essa idéia de prescrição sofreu uma profunda modificação, 
deixando de ser entendida como a perda do direito de ação, e passando a ser concebida como a 
perda da pretensão em virtude da inércia do seu titular. O que ocorreu, foi que, aos poucos, os 
processualistas foram percebendo que o direito de ação é um direito que é exercido sempre em 
face do Estado, e esse direito de ação, é um direito que é completamente distinto, independente, 
do direito material que estava sendo enfocado. 
 
Jurisdição: é o poder de dizer o direito, monopólio do Estado, salvo em situações excepcionais, 
como no caso da legitima defesa. 
 
Direito de ação: deve ser entendido como o direito de invocar a atuação jurisdicional, de invocar 
a tutela estatal que é exercida por meio do poder de dizer o direito. Todos nós temos o direito de 
ação. Esse direito pode ser exercido independentemente da pessoa ter ou não ter o direito 
material. 
 
Pretensão: é uma espécie de poder ou prerrogativa, de fazer valer um direito material que foi 
violado. 
 
Art. 189. Violado o direito, nasce para o titular a pretensão, a qual se extingue, pela prescrição, nos 
prazos a que aludem os arts. 205 e 206. 
 
 A pretensão deve ser exercida dentro de um determinado prazo, sob pena de haver a 
prescrição. Como exercer a pretensão? Quando eu ajuízo uma ação, na verdade estou deduzindo 
uma pretensão. A pretensão nasce quando o direito é lesado, violado. Fiuza => prescrição é a 
perda da responsabilidade (ou seja, a garantia de cumprimento de um determinado dever). Essa 
teoria do Fiuza e do Código não se excluem, mas se complementam. A prescrição vai atingir a 
pretensão e a responsabilidade. A prescrição como a perda da pretensão é o que é aceito na 
atualidade, e não a perda do direito de ação. 
- Qual a razão de ser a prescrição? Se não houvesse prescrição nossa vida seria um caos, 
teríamos que guardar recibos durante o resto da vida, pois a prescrição visa uma seguridade nas 
relações jurídicas. 
 
 
 
 
Requisitos para que haja a Prescrição: 
ƒ Violação a um determinado direito, pois no momento que há a violação do direito, vai 
nascer a pretensão; 
ƒ Decurso de um determinado prazo; 
ƒ Inércia do titular do direito durante todo esse lapso temporal, ou seja, o sujeito teve o 
direito violado e não fez nada; 
ƒ Ausência de causas impeditivas, suspensivas e interruptivas do prazo prescricional. 
 
Causas Impeditivas, Suspensivas e Interruptivas: 
Causas impeditivas: aquela que impede que o prazo prescricional tenha início, ou seja, o prazo 
prescricional, diante de uma causa impeditiva, sequer começa a correr. 
Causa suspensiva: aquela que pressupõe a paralização de um prazo que já esta em curso. 
Desaparecendo a causa suspensiva, o prazo volta a correr de onde parou. 
Causa interruptiva:aquela que paralisa um prazo já em curso, mas cessando a causa 
interruptiva, o prazo volta a correr desde o início, como se nunca o prazo tivesse corrido.Somente 
poderá ocorrer uma vez. 
 
Quais são as causas impeditivas, suspensivas e interruptivas? Elas estão previstas no Código, as 
causas impeditivas e suspensivas estão previstas nos artigos 197, 198, 199 e 200. 
 
Art. 197. Não corre a prescrição: 
I - entre os cônjuges, na constância da sociedade conjugal; 
II - entre ascendentes e descendentes, durante o poder familiar; 
III - entre tutelados ou curatelados e seus tutores ou curadores, durante a tutela ou curatela. 
Art. 198. Também não corre a prescrição: 
I - contra os incapazes de que trata o art. 3o;(art. 3o - absolutamente incapaz) 
II - contra os ausentes do País em serviço público da União, dos Estados ou dos Municípios; 
III - contra os que se acharem servindo nas Forças Armadas, em tempo de guerra. 
Art. 199. Não corre igualmente a prescrição: 
I - pendendo condição suspensiva; 
II - não estando vencido o prazo; 
III - pendendo ação de evicção. 
Art. 200. Quando a ação se originar de fato que deva ser apurado no juízo criminal, não correrá a 
prescrição antes da respectiva sentença definitiva. 
 
OBS: 
Corre a prescrição entre companheiros? Existem duas correntes uma diz que sim e outra diz que 
não. A doutrina ainda esta muito dividida com relação a esse assunto, mas o mais aceitável é que 
não. 
 
Poder familiar: poder dados aos pais para que eles possam interferir na vida dos filhos, é mais 
dever que uma prerrogativa. 
 
As causas interruptivas estão previstas no artigo 202 do Código: 
 
Art. 202. A interrupção da prescrição, que somente poderá ocorrer uma vez, dar-se-á: 
I - por despacho do juiz, mesmo incompetente, que ordenar a citação, se o interessado a promover no 
prazo e na forma da lei processual; 
II - por protesto, nas condições do inciso antecedente;(protesto judicial) 
III - por protesto cambial;(geralmente se dá em cartório) 
IV - pela apresentação do título de crédito em juízo de inventário ou em concurso de 
credores;(situações de cobrança) 
V - por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor; 
VI - por qualquer ato inequívoco, ainda que extrajudicial, que importe reconhecimento do direito pelo 
devedor. 
Parágrafo único. A prescrição interrompida recomeça a correr da data do ato que a interrompeu, ou 
do último ato do processo para a interromper. 
 
OBS: 
A interrupção da prescrição retroage a data da propositura da ação. Para que haja interrupção da 
prescrição a partir da propositura da ação, têm-se dois requisitos muito importantes: primeiro, seja 
que haja despacho do juiz ordenando a citação, segundo, que essa citação seja promovida pelo 
interessado dentro do prazo e da forma prevista na lei processual. Neste caso, a interrupção da 
prescrição dura, enquanto correr o processo. 
 
Protesto: instrumento que é utilizado para caracterizar a mora do devedor e força-lo a cumprir 
aquilo que ele deve. Mora é o atraso culposo do cumprimento da obrigação. 
 
Concurso de credores: surge toda vez que o passivo do devedor, superar o seu ativo patrimonial. 
Ou seja, quando a pessoa deve muito mais do que tem. Por isso mesmo, para distribuir de forma 
justa, o patrimônio do devedor para os seus credores, é que vai ser instaurado um concurso de 
credores. 
 
Prazos Prescricionais: 
 O Código Civil de 2002, diferentemente do de 1916, procurou sistematizar de forma mais 
clara os prazos prescricionais. Isso foi importante, porque o Código de 1916 estabelecia os 
prazos prescricionais ao longo de todo o seu texto. Já o Código de 2002 relacionou todos os 
prazos prescricionais em dois artigos: 205 e 206. 
 O legislador estabeleceu dois tipos de prazos prescricionais: o prazo prescricional geral e 
os prazos prescricionais especiais. Ex: verifica-se se existe um prazo especifico para certa 
situação, se não existe, o prazo é geral. O prazo prescricionalgeral está previsto no art. 205. Os 
prazos prescricionais especiais estão no art. 206. 
 
Art. 205. A prescrição ocorre em dez anos, quando a lei não lhe haja fixado prazo menor. 
Art. 206. Prescreve: 
§ 1o Em um ano: 
I - a pretensão dos hospedeiros ou fornecedores de víveres destinados a consumo no próprio 
estabelecimento, para o pagamento da hospedagem ou dos alimentos;(hospedeiros ou fornecedores 
de víveres = hotéis e restaurantes) 
II - a pretensão do segurado contra o segurador, ou a deste contra aquele, contado o prazo: 
a) para o segurado, no caso de seguro de responsabilidade civil, da data em que é citado para 
responder à ação de indenização proposta pelo terceiro prejudicado, ou da data que a este indeniza, 
com a anuência do segurador; 
b) quanto aos demais seguros, da ciência do fato gerador da pretensão; 
III - a pretensão dos tabeliães, auxiliares da justiça, serventuários judiciais, árbitros e peritos, pela 
percepção de emolumentos, custas e honorários; 
IV - a pretensão contra os peritos, pela avaliação dos bens que entraram para a formação do capital 
de sociedade anônima, contado da publicação da ata da assembléia que aprovar o laudo; 
V - a pretensão dos credores não pagos contra os sócios ou acionistas e os liquidantes, contado o 
prazo da publicação da ata de encerramento da liquidação da sociedade. 
§ 2o Em dois anos, a pretensão para haver prestações alimentares, a partir da data em que se 
vencerem. (Dois anos é o prazo para cobrar alimentos já fixados e não pagos, porque não há um 
prazo prescricional para se pleitear fixação de alimentos. Ex: Lucas nunca recebeu nada do pai, os 
pais se separaram e a mãe ficou com o Lucas. Quando Lucas está com 18 anos de idade, ele 
ingressa na faculdade e começa a sentir a necessidade de receber a ajuda do pai. Ele pode ajuizar 
uma ação de alimentos? Pode. Neste caso tem prescrição? Não. Lembrando, porém, que ele vai 
pleitear fixação de alimentos do presente para o futuro. Neste caso Lucas não pode solicitar que seu 
pai pague um salário mínimo equivalente a todos os anos desde que ele nasceu, justificando que seu 
pai nunca pagou nada. Pois entende-se que se a pessoa viveu até então, a presunção é de que ela 
não precisou desses alimentos. Outra hipótese é a desses alimentos já terem sido fixados 
judicialmente e não terem sido cumpridos, neste caso o prazo prescricional é de dois anos, mas deve-
se lembrar das causas impeditivas ou suspensivas. Ex: não corre a prescrição entre ascendentes e 
descendentes, durante o poder familiar. Assim, o prazo prescricional só começa a correr no momento 
em que cessou o poder familiar, ou seja, no momento em que a pessoa completa 18 anos de idade. 
Dessa forma ela pode cobrar tudo até acabar o prazo prescricional). 
 
§ 3o Em três anos: 
I - a pretensão relativa a aluguéis de prédios urbanos ou rústicos;(rústicos = rurais) 
II - a pretensão para receber prestações vencidas de rendas temporárias ou vitalícias; 
III - a pretensão para haver juros, dividendos ou quaisquer prestações acessórias, pagáveis, em 
períodos não maiores de um ano, com capitalização ou sem ela; 
IV - a pretensão de ressarcimento de enriquecimento sem causa; 
V - a pretensão de reparação civil;(Ex: alguém foi vítima de um acidente de transito, esse acidente foi 
causado devido ao comportamento inadequado do motorista, que dirigia em alta velocidade. Se nós 
temos um ato ilícito do motorista e danos causados à vítima, vai surgir, o dever do motorista de 
indenizar a vítima pelo prejuízo, ou seja, reparar civilmente a vítima pelos danos sofridos. Em casos 
de acidentes de consumo também surge o direito da vítima de pleitear uma reparação civil, porém, 
como se trata de acidente de consumo, o prazo prescricional não será o constante no código civil, 
mas o previsto no CDC – Código de Defesa do Consumidor – que é de 5 anos) 
VI - a pretensão de restituição dos lucros ou dividendos recebidos de má-fé, correndo o prazo da data 
em que foi deliberada a distribuição; 
VII - a pretensão contra as pessoas em seguida indicadas por violação da lei ou do estatuto, contado 
o prazo: 
a) para os fundadores, da publicação dos atos constitutivos da sociedade anônima; 
b) para os administradores, ou fiscais, da apresentação, aos sócios, do balanço referente ao exercício 
em que a violação tenha sido praticada, ou da reunião ou assembleia geral que dela deva tomar 
conhecimento; 
c) para os liquidantes, da primeira assembleia semestral posterior à violação; 
VIII - a pretensão para haver o pagamento de título de crédito, a contar do vencimento, ressalvadas 
as disposições de lei especial; 
IX - a pretensão do beneficiário contra o segurador, e a do terceiro prejudicado, no caso de seguro de 
responsabilidade civil obrigatório. 
§ 4o Em quatro anos, a pretensão relativa à tutela, a contar da data da aprovação das contas.(Ex: os 
pais morrem, deixando um patrimônio vasto para o filho, como o filho era menor, incapaz, o juiz 
nomeou um tutor para ele, de repente esse tutor dilapidou todo o patrimônio desse menor, agindo 
indevidamente, nesse caso o menor pode ajuizar uma ação em face do tutor, pleiteando o 
ressarcimento de uma indenização. O prazo é de 4 anos, contados a partir do momento que um juiz 
aprovar a prestação de contas do tutor). 
§ 5o Em cinco anos: 
I - a pretensão de cobrança de dívidas líquidas constantes de instrumento público ou particular; 
II - a pretensão dos profissionais liberais em geral, procuradores judiciais, curadores e professores 
pelos seus honorários, contado o prazo da conclusão dos serviços, da cessação dos respectivos 
contratos ou mandato; 
III - a pretensão do vencedor para haver do vencido o que despendeu em juízo. 
 
 
OBS: 
É interessante ressaltar que o Código Civil atual reduziu bastante os prazos prescricionais. 
Inicialmente o prazo geral era de 20 anos e foi reduzido para 10 anos. Assim, surge uma questão 
muito interessante, o Código atual entrou em vigor no dia 11 de janeiro de 2003 (embora seja de 
2002), se alguém teve um direito violado em 2000 (e quando houve essa violação começou a 
correr o prazo prescricional), o prazo prescricional para essa pessoa, será de 10 ou 20 anos? 
Para resolver essa situação o legislador estabelece uma regra de transição, que está presente no 
ultimo capítulo do Código (art. 2028), que diz que continuam valendo os prazos da lei anterior, 
desde que o prazo tenha sido reduzido pelo novo código, e desde que da entrada em vigor do 
novo código, tenham se passado mais da metade do prazo. 
 
 
Decadência – Parte Geral 
 
 A decadência se aproxima bastante da prescrição, pois sempre que houver a inércia do 
titular de direito diante de um determinado lapso temporal ocorrerá a decadência. Mas existem 
algumas diferenças entre prescrição e decadência. 
 
Diferenças entre Decadência e Prescrição: 
-A prescrição pressupõe a perda da pretensão, a decadência por sua vez, se caracteriza pela 
perda do próprio direito. 
 
- O prazo prescricional está sujeito a causas impeditivas, suspensivas e interruptivas; já a 
decadência, a princípio não está sujeita nem a causas impeditivas, suspensivas ou interruptivas, 
salvo disposição legal em contrário, o que significa que o prazo decadencial é um prazo fatal. 
Essa regra está presente no art. 207, do Código Civil: 
Art. 207. Salvo disposição legal em contrário, não se aplicam à decadência as normas que 
impedem, suspendem ou interrompem a prescrição. 
- O art. 208 faz menção ao art. 198, inciso I. É uma exceção a regra geral. 
 
Art. 208. Aplica-se à decadência o disposto nos arts. 195 e 198, inciso I. 
 
- O prazo decadencial fixado em lei é insuscetível de renúncia. Ou seja, ninguém pode abrir mão 
da decadência que tenha sido fixada em lei. É o que diz o art. 209: 
 
Art. 209. É nula a renúncia à decadência fixada em lei. 
 
- Quando nós tratamos da prescrição, sabemos que é possívelrenunciar, com a condição que 
essa prescrição já tenha se consumado. Essa renúncia pode ser expressa ou tácita. Expressa, 
quando o devedor diz expressamente. Tácita, quando decorre de um comportamento adotado 
pelo devedor: 
 
Art. 191. A renúncia da prescrição pode ser expressa ou tácita, e só valerá, sendo feita, sem 
prejuízo de terceiro, depois que a prescrição se consumar; tácita é a renúncia quando se presume 
de fatos do interessado, incompatíveis com a prescrição. 
 
- Havia outra diferença importante entre prescrição e decadência, essa diferença era bastante 
evidente até 2006, sobretudo antes de entrar em vigor uma lei em 2006 que foi a lei 11.280. A 
diferença, decorria do fato de um juiz não poder de ofício, reconhecer a prescrição, a não ser que 
ela favorecesse ao absolutamente incapaz. Reconhecer de oficio é reconhecer sem ser 
provocado para tanto. Antes, o juiz, diante da prescrição ficava de “pés e mãos atados”, por mais 
que ele quisesse reconhecer a prescrição, ele não poderia a não ser que a parte interessada 
alegasse a prescrição. No tocante a decadência o juiz sempre foi obrigado a de oficio, reconhecê-
la. A lei 11.280 introduziu alterações importantes, para o Código Civil ela foi importante por ter 
revogado o art. 194 do Código. O propósito foi bom, mas existe uma incoerência com relação a 
prescrição. 
- Hoje o juiz pode reconhecer a prescrição, já a decadência ele deve reconhecer: 
 
Art. 210. Deve o juiz, de ofício, conhecer da decadência, quando estabelecida por lei. 
 
- A prescrição atinge a pretensão, sendo que esta nasce quando o direito é violado, isso significa 
que nós só vamos poder falar em prescrição, a princípio, quando houver a violação de um direito, 
porque existem direitos que são imprescritíveis (como os direitos de personalidade). Sendo 
assim, nós só podemos falar em prescrição diante de direitos, chamados direitos subjetivos, que 
são passiveis de violação. E diante dos direitos potestativos, que são direitos que não podem ser 
violados, falaremos em decadência. Isso apenas se o direito estiver sujeito a decadência, devido 
aos direitos que são imprescritíveis e direitos que não estão sujeitos a nenhum prazo decadencial 
(como o de fixação de paternidade). 
- Existe outro critério para diferenciar prescrição e decadência, que consiste em uma inovação no 
Código de 2002 (até porque, no Código de 2016, este critério não estava presente). O Código 
atual elencou todos os prazos prescricionais previstos em seu texto em dois artigos (arts. 205 e 
206). Ou seja, todos os outros prazos previstos no Código Civil fora destes artigos, são 
decadenciais. 
 
Espécies de Decadência: 
Decadência Legal: quando estabelecida em lei. 
Decadência Convencional: quando for fruto não de uma determinação legal, mas de uma 
convenção entre as partes. 
Art. 211. Se a decadência for convencional, a parte a quem aproveita pode alegá-la em qualquer 
grau de jurisdição, mas o juiz não pode suprir a alegação. 
 
Livro I – Parte Especial –Direito das Obrigações 
Teoria Geral das Obrigações 
 
Conceito de Obrigação: 
O termo obrigação para a matéria de Direito Civil, não tem apenas o sentido de “dever” e 
sim um conceito muito mais amplo. Obrigação é um tipo de relação jurídica que vincula devedor 
ao credor. Direito subjetivo, dever e relação jurídica são noções absolutamente correlatas. O 
objeto da relação obrigacional é sempre uma prestação (de dar, fazer ou não fazer alguma coisa). 
Essa idéia de obrigação não é nova, ela já se encontrava presente desde a Roma Antiga, e era 
bem próxima do que temos hoje. Em Roma quando se falava em obrigação, falava-se em vínculo. 
Mas apesar da idéia geral ser a mesma, desde a Roma Antiga, passamos por mudanças 
importantes. Em Roma o vínculo que ligava devedor ao credor era o vínculo pessoal. Além disso, 
quando o devedor não cumpria sua obrigação, ele se sujeitava completamente aos interesses do 
credor, que poderia matá-lo, escravizá-lo, etc. Então, também havia a idéia de subordinação, um 
vínculo estabelecido entre partes que estão em patamares diferenciados. O devedor era visto 
como um sujeito apenas de deveres, e o credor como um sujeito de direitos. Outra característica 
desse período, é que esse vínculo obrigacional era bastante estático, ou seja, que nascia e que 
se extinguia, tal como surgia, sem mudar absolutamente nada. Com o passar do tempo, essas 
características foram passando por uma profunda transformação, de modo que a idéia de vinculo 
de subordinação, de vinculo pessoal, de vinculo estático, aos poucos foi caindo. E em seu lugar 
começou a surgir uma nova forma de conceber a relação obrigacional. A idéia de vinculo pessoal 
vai dando espaço a idéia de vinculo patrimonial. Mas a mudança mais importante está na 
superação da idéia de subordinação. Hoje, o vinculo obrigacional, a relação que liga devedor e 
credor é uma relação de cooperação. Ou seja, são vistos no mesmo patamar, ambos são sujeitos 
de direitos e deveres. Atualmente, existem princípios que vão repercutir na idéia de relação 
obrigacional. São eles: 
Principio da Proteção da Dignidade da Pessoa Humana: caracteriza-se pelo fato de colocar a 
pessoa no centro do ordenamento jurídico, como o elemento mais importante. Visa tutelar a 
pessoa nos seus aspectos existenciais. A partir da existência desse principio, a ideia de 
patrimônio, foi superada pela de proteção da própria pessoa. Repersonalização do ordenamento 
jurídico. 
Principio da Boa Fé Objetiva: não se confunde com a boa fé subjetiva, que pode ser traduzida 
como uma espécie de ignorância acerca de uma situação fática. A boa fé objetiva é uma regra de 
conduta, que obriga as partes a procederem de forma correta, leal, justa, uma em relação à outra. 
Deveres anexos => vinculam as partes, o devedor e o credor. Esse princípio rompe com a ideia 
de subordinação. 
Função Social: 
Obrigação => relação entre credor e devedor. O objeto é uma prestação. 
Ex: direito de propriedade => interesses da sociedade X interesses dos proprietários. Deve haver 
harmonização. Ambos devem levar em conta os seus próprios interesses. O proprietário não 
pode só olhar os seus interesses, sem pensar na coletividade, pois seus atos interferem na esfera 
jurídica alheia e nós não vivemos isoladamente. 
 
Kelsen: preocupação com a estrutura do direito. “Teoria Pura do Direito”. O direito não pode ser 
visto estruturalmente, mas tendo em vista suas funções. 
 
- Intrínseca = interna; diz respeito às partes contratantes; 
- Extrínseca = externa; alcança terceiros na relação. 
 
O credor ao exercer seu direito, não pode “levar em conta” somente seus interesses. Deve “levar” 
também em conta, os interesses do devedor (eficácia intrínseca) de modo que, ao realizar a 
exigência, deve fazê-la da forma menos onerosa e traumática possível para o devedor. 
 
- Eficácia extrínseca: quando o “exercer direito“ não pode ir a encontro aos direitos sociais. Ex: 
função social. 
Hoje não se sustenta a idéia de que o contrato só gera efeitos intrapartes. Este, só pode sofrer 
interferência de terceiros se atingir o P. da função social. 
As partes não podem levar em conta seus interesses em detrimento da coletividade, na eficácia 
extrínseca, podendo terceiros invalidar o contrato. 
Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede 
manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons 
costumes. 
Antigamente, para os romanos, a idéia de obrigação era a de vinculo estático, 
intransferível. Hoje, a idéia é de obrigação dinâmica (que nasce e até sua extinção sofre diversas 
modificações), também não se pode mais falar somente em direitos e deveres. 
 
Em síntese, obrigação é: 
ƒ Uma relação jurídica; 
ƒ De cooperação; 
ƒ Essencialmente dinâmica; 
ƒ Entre devedor e credor, na qual ambos são sujeitos de direitose deveres; 
ƒ Que recai sobre prestação (dar, fazer ou não fazer); 
ƒ Suscetível de avaliação econômica. 
 
Elementos que Compõe a Relação Jurídica: 
ƒ Elemento Subjetivo: diz respeito aos sujeitos da relação. Pressupõem-se partes na 
relação obrigacional, em que há devedor e credor. Essa parte pode conter uma ou mais 
pessoas. Ex: Parte 1 (10 pessoas) x Parte 2 (1 pessoa). Problemática: qualidade de 
devedor e credor atribuída à mesma pessoa. Se não houver credor nem devedor a relação 
acaba. 
ƒ Elemento Objetivo: objeto da relação obrigacional =>é a prestação (dar, fazer, não fazer). 
Tem valor econômico. Ex: o ato ilícito gera obrigação (fere-se um direito de personalidade) 
=> direito de imagem (imprescritível) => nasce um direito de pleitear uma indenização. 
ƒ Elemento Imaterial: vínculo jurídico que liga o credor ao devedor; intangível; elo material. 
- Débito: dever do devedor de cumprir a relação obrigacional; 
- Responsabilidade: elemento que visa assegurar o cumprimento do débito => a 
garantia é o patrimônio. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fontes das Obrigações: 
- Como uma obrigação nasce; 
- É importante não confundir as fontes das obrigações com as fontes do direito; 
- Não é uma questão atual, foram reconhecidas na Roma Antiga; 
 
- Contrato: é uma importante fonte de obrigação, porque o tempo todo nós estamos celebrando 
contratos. Não precisa ser assinado. Pode ser escrito, verbal e até mesmo tácito. Ao ser 
celebrado irá gerar uma relação obrigacional, mas na maioria das vezes, essa relação nasce e se 
extingue. No nosso ordenamento vigora o princípio da liberdade das formas negociais, o que 
significa que nós podemos realizar o negócio jurídico, adotando a princípio a forma que nós 
acharmos conveniente. Esse princípio porém, não é absoluto, porque em algumas situações o 
ordenamento vai exigir uma forma específica, por exemplo, quando o negócio tem por objeto um 
bem imóvel acima de 30 salários mínimos, obrigatoriamente esse negócio tem que revestir a 
forma pública, tem que ser feito em cartório de notas, então, existem exceções à regra, mas a 
regra ainda é a liberdade das formas negociais. 
- Delito (Romanos), atualmente conhecido como Ato Ilícito: é algo incompatível com o 
ordenamento jurídico. Também gera obrigações, mas para isso é necessário que o ato ilícito gere 
um dano, porque o ato ilícito por si só não gera obrigações. 
- “Quase contrato” e “quase delito” (Romanos): os Romanos utilizavam a expressão “quase 
contrato” para expressar aquelas situações, em que não havia um acordo de vontades, havia 
apenas um comportamento, ou uma vontade lícita, que também era capaz de gerar obrigações. 
Ex: gestão de negócios (que se aproxima um pouco da idéia de mandato, mas não se confunde), 
que ocorre toda vez que alguém, sem estar munido de poderes para tanto, assume a defesa de 
interesses alheio. Já a expressão “quase delito” (que hoje, assemelha-se ao que chamamos de 
responsabilidade objetiva) estava ligada a situações em Roma nas quais a pessoa respondia, em 
virtude da existência de algum dano, independentemente desse dano ser decorrente de um ato 
ilícito ou não. Ou seja, não há delito, mas quase como se houvesse, porque a conseqüência é a 
mesma. 
 
- Na idade média os autores, os estudiosos do direito, resolveram alterar o significado dos termos 
“delito” e “quase delito”. O termo “delito” passou a ser associado a um ato ilícito doloso, e o termo 
“quase delito” a um ato ilícito culposo. 
- Com a evolução do direito no séc. XIX, começo do séc. XX, a doutrina alemã, achou por bem 
sistematizar melhor essa matéria, até porque, os termos “quase contrato” e “quase delito”, são 
bastante vagos e podem gerar dúvidas. Então, os alemães substituíram a expressão “quase 
contrato” por “declaração unilateral de vontade”, que é o comportamento que por si só é capaz de 
gerar obrigações.E “quase delito” e “delito” por “ato ilícito”, que é a omissão dolosa ou culposa, 
Responsabilidade 
Sujeição Patrimonial 
Recai sobre o patrimônio. 
Ocorre quando o devedor 
deixa de cumprir a 
obrigação. (OBS: em 
situações excepcionais pode 
inexistir o débito ou a 
responsabilidade). 
que ao gerar um dano gera também o dever de reparação. Então, a partir do Direito Alemão, 
passou-se a falar em três obrigações: contrato, declaração unilateral de vontade e ato ilícito. 
- O Código Civil de 1916 foi criado com base no modelo Francês (1804) e no Alemão (1900). Por 
isso, o Código de 1916 vai reconhecer expressamente três fontes: contrato, declaração unilateral 
de vontade e ato ilícito. 
- O Código Civil de 2002 não inovou em absolutamente nada, até porque, nós temos lá as 
mesmas três fontes. 
- Alguns doutrinadores não se dão por satisfeitos com essas fontes e afirmam que existem outras 
fontes como a lei. Porque, segundo eles, em algumas situações a obrigação não nasce de um 
contrato, de um ato ilícito, e nem de uma declaração unilateral de vontade, ela nasce da lei. E há 
aqueles que dizem que a obrigação nasce indiretamente da lei e diretamente da lei. 
- O professor Cimon apenas substitui a expressão “lei” por “ordenamento jurídico”, porque a lei é 
apenas um instrumento para estabelecer normas e o ordenamento é muito mais amplo. Mas será 
que o ordenamento / a lei por si só, é capaz de gerar obrigação? Segundo o professor Cimon, 
não. Porque o direito, como dever, só vai existir a partir do momento que uma situação fática, 
realize aquilo que esta previsto hipoteticamente no ordenamento através de uma norma. 
- A doutrina moderna, defende que a principal fonte das obrigações é o fato jurídico. O que seria 
um fato jurídico? É aquele acontecimento que é regulado pelo ordenamento jurídico, e que 
portanto, ao ocorrer produz efeito jurídico. Essa teoria tem duas vantagens: a primeira é ressaltar 
a importânciado ordenamento jurídico para a criação de uma obrigação, a segunda esta 
relacionada ao dimensionamento do fato jurídico. A doutrina atual caminha no sentido de deixar 
de lado a classificação legal e adotar como critério o fato jurídico (que vai abranger o contrato, o 
ato ilícito, a declaração unilateral de vontade, e outros instrumentos como o fato jurídico em 
sentido estrito, o acontecimento da natureza que pode gerar obrigações, como o nascimento de 
uma criança); 
- Resumindo: de acordo com o legislador de 2002, quais são as fontes das obrigações? 
ƒ O contrato; 
ƒ A declaração unilateral de vontade; 
ƒ O ato ilícito; 
- Ao fazer uma analise critica da questão das fontes, pode-se dizer que as três fontes presentes 
no Código de 2002 não são suficientes para justificar a origem de todas as obrigações existentes. 
Por isso, a doutrina tem que alinhar um sentido de defender o fato jurídico como fonte de 
obrigação, ressaltando a necessidade da combinação entre dois elementos para que haja uma 
obrigação: o fato e o ordenamento jurídico. 
- Teoria defendida por Miguel Reale: Teoria Tridimensional do Direito. De açodo com essa teoria, 
os três elementos fundamentais para o direito são: o fato, o valor e norma. Fato porque o direito 
não existe do nada; norma porque ela é fundamental, o fato por si só não gera nada; ao mesmo 
tempo, o direito pressupõe um processo valorativo. 
 
 
 
Direito de Crédito 
 
Quando nós falamos dos elementos da relação obrigacional, falamos em três tipos de 
elementos: elemento subjetivo, objetivo e imaterial. O elemento imaterial esta ligado ao vinculo 
jurídico que liga o devedor ao credor, esse elemento geralmente se compõe de débito, e 
responsabilidade. O debito, é o dever que tem o devedor de cumprir a prestação obrigacional. Em 
contrapartida ao debito que tem o devedor, nós podemos mencionar o chamado direito de crédito 
do credor. O direito de credito, é o direito que o credor tem de exigir o cumprimento do débito por 
parte do devedor. Sendo assim, créditoe débito são relações correlatas, são “as duas faces da 
mesma moeda”. 
 
 
 
 
Características do Direito de Crédito: 
ƒ Patrimonialidade: o direito de crédito, por natureza, é um direito patrimonial. 
ƒ O fato de o direito de crédito ser relativo: os direitos de credito são oponíveis apenas ao 
devedor, que é uma pessoa passível de ter cominação. Hoje, sabemos que há a 
possibilidade desse direito prejudicar o interesse social e por isso, a sociedade interferir no 
âmbito da relação obrigacional, ou a situação inversa. Ex: o caso envolvendo o Zeca 
Pagodinho, Schincariol e a AmBev. Contratado em setembro de 2003 para ser garoto-
propaganda da cerveja Nova Schin, da Schincariol, Zeca Pagodinho rompeu o contrato 
antes de seu vencimento, para estrelar o anúncio de uma marca concorrente, a Brahma. 
Nesse caso, fica clara a interferência de um terceiro numa relação contratual estabelecida 
entre duas partes. 
ƒ Numerus apertus: os direitos de credito existem no nosso ordenamento em número 
ilimitado, meramente exemplificativo. São numerus apertus e não numerus clausus (que 
são taxativos, limitados). Isso significa que nós podemos criar novos direitos de credito, 
que não estejam expressamente previstos em nossa legislação. Ex: relações contratuais 
=> princípio da liberdade negocial. Nada impede que as pessoas celebrem contratos 
atípicos, que não estão tipificados / previstos na lei; 
ƒ O objeto do direito de crédito é sempre uma prestação (de dar, fazer ou não fazer 
alguma coisa): isso significa que o objeto nunca é um bem móvel ou imóvel. 
 
 
 
Diferenças / Semelhanças entre Direito de Crédito e Direitos Reais: 
 
DIREITO DE CRÉDITO DIREITOS REAIS 
Conceito: direito que tem o credor, numa 
relação obrigacional, de exigir o cumprimento da 
prestação por parte do devedor. 
Conceito:são aqueles direitos que recaem 
diretamente sobre um determinado bem, 
conferindo ao seu titular uma série de 
prerrogativas, como por exemplo, a de usar, 
fruir ou dispor desse bem. 
São relativos São absolutos 
A princípio, são oponíveis apenas ao devedor São oponíveis erga omnes (são oponíveis em 
relação a todos) 
Sujeito ativo (credor) X Sujeito passivo (devedor) Sujeito passivo (coletividade) X Sujeito 
universal 
São patrimoniais São patrimoniais (pode ser sempre valorado 
do ponto de vista financeiro) 
 Tem uma característica peculiar, os direitos 
reais conferem sempre ao seu titular o poder 
de seqüela (é o poder de perseguir e reaver a 
coisa onde quer que ela esteja) 
Existem em nosso ordenamento em número 
ilimitado (numerus apertus) 
Existem em nosso ordenamento em número 
limitado (numerus clausus) 
O objeto é sempre uma prestação. O objeto é sempre um bem. 
 
Para ser exercido pressupõe a cooperação do 
devedor. 
É exercido diretamente sobre o bem, 
independentemente da cooperação de 
alguém. 
 Ex: o direito de propriedade, usufruto, 
hipoteca, penhor, etc. 
 
OBS: 
Direito de Credito X Direitos de Personalidade (são extrapatrimoniais, absolutos, não tem como 
objeto uma prestação) 
 
Inadimplemento 
 
É o oposto de adimplemento. Significa o não cumprimento de uma obrigação. O não 
cumprimento de uma obrigação enseja algumas consequências. 
 
Evolução Histórica: 
De Roma, até hoje, houve uma mudança muito significativa no que diz respeito às 
consequências do inadimplemento. Que mudanças foram essas? 
Inicialmente em Roma, a ideia de obrigação pressupunha um vínculo pessoal entre 
devedor e credor. Isso significa que não era um vínculo entre patrimônio do credor e patrimônio 
do devedor, mas entre a pessoa do credor e a pessoa do devedor. Sendo assim, toda vez que a 
pessoa deixava de cumprir uma obrigação ela respondia com seu próprio corpo, podendo ser 
escravizada pelo credor ou até mesmo morta. Havia inclusive um dispositivo na Lei das XII 
Tábuas, que permitia ao credor matar o devedor e repartir o corpo dele em tantas partes quantos 
fossem os credores. Isso mostra, portanto, que inicialmente a ideia de inadimplemento, mostrava 
consequências que recaiam sobre a própria pessoa do devedor, ou seja, uma execução pessoal. 
Com o tempo aconteceram algumas mudanças que advém da lex poetelia papiria (sec. II a. 
C.), que foi uma lei extremamente importante, pois estabeleceu algumas limitações no tocante a 
execução em virtude do inadimplemento. Quais foram essas limitações? 
A lex poetelia papiria impediu o credor de matar o devedor que não pagasse o seu débito. 
Além disso, impediutambém o credor de sujeitar o devedor a tratamentos cruéis ou degradantes. 
Na pratica, toda vez que o devedor deixasse de cumprir um determinado debito, o credor 
solicitava judicialmente que o devedor fosse posto a serviço dele, pelo tempo necessário para que 
o credor tivesse satisfeito o seu direito de credito. Lembrando porem, que durante todo esse 
período, o devedor não poderia ser escravizado, estar sujeito a tratamentos cruéis, e muito 
menos ser morto pelo credor. É como a história: “lavar o prato pra pagar a conta”. 
 Apesar desse avanço, a execução ainda era pessoal, porque ela ainda recaia sobre a 
pessoa do devedor e não sobre o patrimônio dele. O motivo disso devia-se ao fato de que durante 
muito tempo (até o começo da Idade Moderna), só tinham valor os bens imóveis. Os bens móveis 
eram dotados de pouquíssimo valor do ponto de vista prático. Hoje, os bens móveis passaram a 
ter um valor bastante significativo, alguns bens móveis inclusive, são mais valiosos que alguns 
imóveis. O que isso tem a ver com a execução pessoal? 
 Tudo. Em Roma os bens imóveis, eram considerados bens sagrados. Os Romanos tinham 
uma ideia de religião muito diferente da nossa, eles acreditavam em vários Deuses. Os chamados 
Deuses Lares eram os seus antepassados, e cada família cultuavam os seus próprios 
antepassados. Os antepassados eram enterrados no imóvel da família e era construído um altar 
para prestar oferendas. Por isso mesmo que o imóvel em Roma tinha um caráter sagrado. Daí a 
impossibilidade de alguém dispor do imóvel para satisfazer uma divida. 
 Essa situação perdurou até o começo da era Cristã e foi exatamente no começo da era 
crista que a execução deixou de ser pessoal, deixou de cair sobre a pessoa do devedor e passou 
a recair sobre o patrimônio dele. Isso ocorreu a partir do momento que o pretor (magistrado em 
Roma) passou a adotar na execução das dividas um procedimento idêntico ao que já era adotado 
pelo questor para cobrança das dividas da natureza tributária. 
 Quem era o questor? Era a pessoa encarregada de fiscalizar e cobrar tributos. Como o 
questor cobrava os tributos? Toda a vez que alguém deixava de pagar um imposto, o questor 
tomava posse dos bens da pessoa, vendia esses bens, e com o valor arrecadado a partir da 
venda, ele repassava para o Estado a parte referente ao tributo que não havia sido paga. Os 
pretores então perceberam que esse procedimento, do ponto de vista pratico, era muito mais 
eficaz. E foi exatamente assim que a execução deixou de ser pessoal e passou a ser patrimonial. 
 Mas, ainda assim, inicialmente houve um inconveniente. Por mais que fosse patrimonial a 
execução, ela sempre recaia sobre todo o patrimônio do devedor. O devedor poderia ter todo o 
seu patrimônio comprometido para que o credor satisfizesse o seu direito de crédito de pequeno 
valor. Só no fim do sec. II d.C é que a execução deixou de ser universal e passou a incidir apenas 
em uma parcela (absolutamente indispensável para que o credor satisfizesse seu direito de 
crédito) do patrimônio do devedor. Na pratica, o credor não tendo satisfeito o seu direito de 
credito acionava o devedor, pleiteando que o juiz o pusesse na posse daqueles bens do devedor 
que fossem suficientes para satisfazer o seu direito de credito. Posteriormente, esses bens eram 
vendidos e com os valores arrecadados o credor tinha satisfeitoo seu direito de credito. O 
inconveniente nesse caso é que a satisfação era feita através de uma indenização. Porque uma 
indenização? Pelo fato do devedor não ter cumprido voluntariamente o seu crédito. 
Esse inconveniente vai persistir até o fim do Alto Império, a partir do sec. III d. C., que foi 
quando surgiu a execução específica. O que era a execução específica? Era a execução que 
recaia especificamente sobre a prestação devida. Isso significa que a partir desse período, 
tornou-se possível ao credor, exigir especificamente aquilo que foi prometido pelo devedor de 
modo que o credor não era mais obrigado a aceitar uma indenização em virtude de perdas e 
danos. Ele vai acionar o devedor para que o devedor cumpra exatamente aquilo que ele se 
comprometeu a cumprir. 
 O que isso tudo tem a ver com a execução em virtude do inadimplemento hoje? Tem tudo 
a ver, até porque a história é uma evolução contínua e de certa forma, tudo aquilo que a gente 
vive hoje, é fruto dessa evolução histórica. De fato, nós podemos dizer hoje que como regra, a 
execução ela é pessoal ou patrimonial? Patrimonial. Ela recai sobre o patrimônio do devedor. Mas 
essa regra não é absoluta, porque nem todos os bens do devedor vão estar sujeitos à execução 
por parte do credor, existem alguns bens que são impenhoráveis. Hoje isso é bastante evidente 
porque sabemos que o devedor também é visto como sujeito de direitos, e não apenas de 
deveres. Dentre esses direitos do devedor, esta o direito de ser tutelada a sua dignidade. EX: o 
devedor não poder se retirado da única casa que tem para que o credor tenha satisfeito o seu 
direito de crédito, haja vista a impenhorabilidade do bem jurídico. 
 Em caráter excepcional, será possível a execução pessoal, o que não afasta a regra geral 
(a execução em caso de inadimplemento é patrimonial). De acordo com a Constituição, ninguém 
pode ser preso pelo fato de não ter cumprido um debito. A própria Constituição estabelece duas 
exceções a essa regra: o devedor de alimentos e o depositário infiel. 
 
Art. 5. 
LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento voluntário e 
inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel; 
 
Devedor de alimentos: 
De acordo com o Código de Processo Civil: 
 
Art. 733. Na execução de sentença ou de decisão, que fixa os alimentos provisionais, o juiz 
mandará citar o devedor para, em 3 (três) dias, efetuar o pagamento, provar que o fez ou justificar 
a impossibilidade de efetuá-lo.(demonstrar que ele não tem condições de pagar. Na pratica isso 
não acontece.) 
§ 1o Se o devedor não pagar, nem se escusar, o juiz decretar-lhe-á a prisão pelo prazo de 1 
(um) a 3 (três) meses.(essa prisão se diferencia da prisão do Direito Penal, porque no 
Direito Penal, a prisão é totalmente extinta, ela tem caráter de pena, de punição da pessoa. 
No Direito Civil, a pena visa apenas constranger o devedor a cumprir o seu débito. A partir 
do momento que o devedor paga o seu débito, ele é posto imediatamente em liberdade) 
§ 2o O cumprimento da pena não exime o devedor do pagamento das prestações vencidas 
e vincendas. 
§ 3o Paga a prestação alimentícia, o juiz suspenderá o cumprimento da ordem de prisão. 
 
O art. 733 prevê que a execução pode ser pessoal. O art. 732 prevê a possibilidade da execução 
patrimonial: 
 
Art. 732. A execução de sentença, que condena ao pagamento de prestação alimentícia, far-se-á 
conforme o disposto no Capítulo IV deste Título.(o Capítulo IV trata da execução das dívidas em 
geral, ou seja, execução patrimonial, que é a regra) 
 
 
 
Depositário infiel: é aquela pessoa que recebe um bem, para que esse bem seja guardado e 
conservado por um determinado tempo. Por sua vez, será infiel o depositário, se ele se recusar a 
devolver o bem quando solicitado. É chamado de infiel por ferir a confiança que foi nele 
depositada. 
Existem três tipos de depósito: 
ƒ Convencional: é aquele que é fruto de um acordo, de uma convenção entre as partes. 
ƒ Judicial:é fruto de uma decisão judicial proferida no âmbito de um determinado processo. 
Ex: duas pessoas disputando a propriedade de um determinado bem, o juiz decide que até 
o final do processo, é interessante nomear uma pessoa para administrar esse bem. Assim, 
o juiz pode nomear um depositário para o bem. 
ƒ Legal:ocorre em virtude de um dispositivo legal, de um texto normativo. Ex: alienação 
fiduciária em garantia, instituto muito utilizado na aquisição de carro. Ocorre toda vez que 
uma pessoa contrai um empréstimo para adquirir determinado bem, e dá em garantia do 
cumprimento do empréstimo, o próprio bem. A partir do momento que a pessoa pagar o 
empréstimo todo, a propriedade do bem passa para o já possuidor dele. A posse do bem é 
de quem contrai o empréstimo. Mas, toda vez que a pessoa deixar de cumprir o 
empréstimo o credor poderá aciona-lo para pagar ou devolve-lo dentro de um determinado 
prazo, sob a pena de (não fazendo nem uma coisa nem outra) ser considerado depositário, 
havendo a possibilidade de prisão. 
 
OBS: 
Desde 1991 há uma grande polemica acerca da possibilidade ou não de prisão no caso do 
depositário infiel. Essa polemica nasceu a partir do momento em que o Pacto de São José da 
Costa Rica foi ratificado no ordenamento jurídico brasileiro. Esse pacto foi um tratado que 
reconheceu direitos humanos, que foi firmado pelo Brasil e demais países em 1969, foi firmado 
em São José, na Costa Rica e por isso ficou assim conhecido. Dentre os direitos humanos 
reconhecidos, esta o direito da pessoa não ser presa em função de uma dívida, ele estabelecia 
uma única exceção, a do devedor de alimentos. Será que esse pacto teria revogado a prisão do 
depositário infiel? Nasceu a partir daí uma grande polemica na doutrina e na jurisprudência. Isso 
gera uma discursão acerca da hierarquia das leis, nós sabemos que uma lei só pode revogar a 
outra, se ela for do mesmo nível hierárquico ou de nível hierárquico superior. A Emenda 
Constitucional nº 45, de 2004, que acrescentou o §3 ao art. 5, diz o seguinte: 
 
§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em 
cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos 
membros, serão equivalentes às emendas constitucionais. 
 
O problema é que o pato foi ratificado em 1991 e a Emenda Constitucional nº 45 é de 2004. Uma 
parte da doutrina se posicionou no sentido de que o Pacto de São José da Costa Rica teria o 
status de norma infraconstitucional, e, portanto não poderia revogar o texto constitucional. Essa 
foi a posição que predominou no STF por muito tempo. Mas, o STJ se posicionou em sentido 
diverso defendendo que o Pacto de São José da Costa Rica tem status de norma constitucional e 
que, portanto, poderia revogar o dispositivo da Constituição. O fundamento utilizado pelo STJ foi 
baseado no art. 5º §2: 
§ 2º - Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do 
regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República 
Federativa do Brasil seja parte. 
É importante dizer que esse parágrafo já estava previsto no texto original da Constituição. 
Essa situação persistiu até recentemente, até que houve uma mudança no STF. Hoje nós 
podemos dizer que a jurisprudência dominante no STF, é no sentido de não permitir a prisão do 
depositário infiel. 
 
 
 
Atenção: 
A execução patrimonial é a regra, masexiste uma exceção, são duas situações em que é possível 
haver execução universal. É o caso da insolvência ou falência. 
 
Insolvência: é quando uma pessoa não consegue pagar as dívidas porque o seu passivo 
patrimonial supera o seu ativo. 
Falência: é a mesma coisa que insolvência, só que ela é própria para os empresários, enquanto 
a insolvência é própria para as demais pessoas. 
 
Emambos os casos será instaurado o Concurso de Credores, para que os credores possam 
partilhar o patrimônio do devedor, todo patrimônio poderá ser utilizado, nesta hipótese, estamos 
diante de uma execução universal. É obvio que se tratando de uma pessoa natural existem 
limitações. 
 
Correção do exercício: gravação Direito Civil (27-08-20011) – 01:05:00 
 
Classificação das Obrigações: 
I. Quanto à Exigibilidade: 
a. Obrigação Natural:é aquela que é inexigível judicialmente. Se o devedor 
voluntariamente não realizar o pagamento, o credor não terá meios para 
constrangê-lo a revisar essa ação. Ex: obrigação decorrente de dívida prescrita e 
obrigações decorrentes da dívida de jogo. Essa obrigação contém apenas o 
elemento débito, falta responsabilidade e pretensão por parte do credor. No nosso 
ordenamento jurídico existem três tipos de jogos ou apostas: os jogos 
regulamentados pelo Estado, os jogos não regulamentados, porém lícitos, e os 
jogos ilícitos. Os jogos que são regulamentados pelo Estado (como megasena) vão 
dar origem a uma obrigação civil na qual vai haver tanto débito quanto 
responsabilidade. Os jogos não regulamentados sejam eles lícitos ou ilícitos, vão 
dar origem a uma obrigação natural, ou seja, a uma obrigação judicialmente 
inexigível. Isso significa que se alguém perder um jogo ou uma aposta vai ter que 
pagar, mas se voluntariamente um devedor não pagar, o credor não disporá de lei, 
de judicialmente constrange-lo a tanto. Seja numa dívida decorrente de dívida de 
jogo, seja uma dívida prescrita, se o devedor for voluntariamente realizar o 
pagamento o credor poderá retê-lo como pagamento válido, não podendo o credor 
ser constrangido pelo devedor a devolver aquilo que ele recebeu. Jogos e apostas 
representam uma forma de contrato previsto no Código Civil a partir do artigo 814: 
 
Art. 814. As dívidas de jogo ou de aposta (que não são regulamentados pelo Estado) não 
obrigam a pagamento; mas não se pode recobrar a quantia, que voluntariamente se pagou, 
salvo se foi ganha por dolo, ou se o perdente é menor ou interdito. 
§ 1o Estende-se esta disposição a qualquer contrato que encubra ou envolva 
reconhecimento, novação ou fiança de dívida de jogo; mas a nulidade resultante não pode 
ser oposta ao terceiro de boa-fé. 
§ 2o O preceito contido neste artigo tem aplicação, ainda que se trate de jogo não proibido, 
só se excetuando os jogos e apostas legalmente permitidos. 
§ 3o Excetuam-se, igualmente, os prêmios oferecidos ou prometidos para o vencedor em 
competição de natureza esportiva, intelectual ou artística, desde que os interessados se 
submetam às prescrições legais e regulamentares. 
 
Qual a diferença entre jogo e aposta? O jogo pressupõe uma disputa entre duas ou 
mais partes, cujo resultado final esta diretamente relacionado à habilidade dos 
jogadores. A aposta também pressupõe uma disputa entre partes, mas na aposta, o 
resultado final não depende diretamente da habilidade dos apostadores. Do ponto 
de vista pratico a diferença entre jogo e aposta não é relevante, pois, as 
consequências são as mesmas, ambos não obrigam o pagamento. 
Repetição do Indébito: pedir de volta aquilo que voluntariamente se pagou. Não é 
possível na obrigação natural. 
Fernando Noronha: “a obrigação natural seria uma obrigação meramente moral, e 
não uma obrigação jurídica”, porque a moral se caracteriza pela inexigibilidade, pelo 
fato de ser incoercível, ninguém pode obrigar o outro a seguir um preceito moral. A 
doutrina dominante, porém, não caminha nesse sentido, ela defende a tese de que 
a obrigação natural é uma obrigação jurídica imperfeita, porque falta o elemento 
responsabilidade. Ela não seria apenas uma obrigação moral pelo fato de existir um 
débito. Diante de uma obrigação meramente moral, o debito não existe. 
 
b. Obrigação Civil:é a obrigação que apresenta débito e responsabilidade. 
 
II. Quanto à Natureza: 
a. Obrigação propter rem: rem significa coisa, propter significa em razão de. Ou seja, 
em razão de uma coisa. Uma obrigação que vincula uma pessoa, pelo fato dessa 
pessoa ser titular de uma coisa. Esta sempre vinculada a uma coisa. Ex: a 
obrigação que tem o proprietário urbano de pagar o IPTU, a obrigação que tem um 
proprietário de um imóvel rural de pagar o ITR, a obrigação do condômino de pagar 
a taxa condominial. Essas obrigações estão vinculadas necessariamente a uma 
coisa, do ponto de vista pratico isso é muito importante porque a obrigação propter 
rem diferentemente das demais obrigações que compõe nosso ordenamento, não 
podem ser transferidas através de uma cessão de credito ou de débito. Por estar 
vinculada a alguma coisa, a obrigação propter rem, somente será transferida se a 
coisa a qual ela esta atrelada for transferida. A pessoa ao adquirir uma determinada 
coisa, automaticamente, ela vai assumir também a obrigação que está vinculada a 
essa coisa. 
Natureza da obrigação propter rem: tem uma discursão acerca de sua natureza, se 
é uma natureza de crédito ou natureza de um direito real. O direito real recai sempre 
sobre alguma coisa, ele tem como objeto uma coisa. Já o direito de credito, tem por 
objeto uma prestação, de dar, fazer ou não fazer alguma coisa. Alguns 
doutrinadores afirmam que a obrigação propter rem tem a natureza de direito real, 
porque ela esta sempre vinculada a uma coisa. Mas apesar de apresentar algumas 
características de direito real, a obrigação propter rem também tem algumas 
características da natureza de credito, por mais que ela esteja sempre vinculada a 
alguma coisas, ela tem por objeto uma prestação. Ex: obrigação de pagar o IPTU, 
qual é o objeto dela? Uma prestação de dar alguma coisa. A tese que é dominante é 
no sentido de que a obrigação propter rem estaria em termo entre o direito real, e 
entre o direito de credito. Porque ela apresenta características tanto de direito real 
quanto de direito de credito. Tem natureza sui generis. 
b. Obrigação Civil: apresenta todas as características do direito de credito. 
III. Quanto ao Objeto: (dar, fazer ou não fazer alguma coisa) 
a. Obrigação de dar:é aquela que tem por objeto uma prestação consistente na 
entrega ou restituição de alguma coisa. Qual é a diferença entre entregar e restituir? 
A obrigação de entregar pressupõe a entrega de um objeto que pertence ao 
devedor, que em virtude da relação obrigacional se compromete a entregar o objeto 
ao credor. A obrigação de restituir, a coisa não pertence ao devedor, pertence ao 
credor, mas por algum motivo esta de posse do devedor, que deve restitui-la ao seu 
proprietário. 
A obrigação de dar vai compreender também outra distinção: a obrigação de dar 
coisa certa e a obrigação de dar coisa incerta. 
A obrigação de dar coisa certa recai sobre um objeto que está completamente 
individualizado. Ou seja, um objeto que se distingue de todos os demais por suas 
características próprias. Já a obrigação de dar coisa incerta recai sobre o objeto que 
ainda não está completamente individualizado, um objeto que ainda não se 
distingue dos demais. Nesse caso, porém, apesar de o objeto não estar 
completamente determinado é importante que ele seja pelo menos passível de 
determinação, determinável. Quando é que um objeto vai ser determinável? Quando 
ele for indicado ao menos quanto ao gênero e quanto à quantidade. 
 
- Obrigação de dar coisa certa: recai sobre o objeto que já está totalmente 
individualizado. O credor dessa obrigação jamais poderá ser constrangido a receber 
um objeto diverso do devedor, ainda que esse objeto seja mais valioso. Da mesma 
forma que o credor não pode ser forçado a receber um objeto distinto, o devedor 
também não pode ser forçado, constrangido, a entregar outro objeto, mesmo que 
esse objeto seja menos valioso. De acordo com o Código Civil: 
 
Art. 313. O credor não é obrigado a receber prestação diversa da que lhe é devida, ainda 
que maisvaliosa. 
 
Outro aspecto também muito importante na obrigação de dar coisa certa advém do 
artigo 233: 
 
Art. 233. A obrigação de dar coisa certa abrange os acessórios dela embora não 
mencionados, salvo se o contrário resultar do título ou das circunstâncias do caso. 
 
De certa forma essa regra do art. 233 não é uma inovação. É a aplicação de um 
princípio que vem da Parte Geral. O principio de que o acessório segue a sorte do 
principal. A não ser que haja uma disposição em sentido contrário. Essa regra vale 
para acessórios, não vale para pertenças. O art. 93 define o que é pertença. 
 
Art. 93. São pertenças os bens que, não constituindo partes integrantes, se destinam, de 
modo duradouro, ao uso, ao serviço ou ao aformoseamento de outro. 
Esse conceito de pertença é muito importante porque o art. 94 do Código Civil traz 
uma regra muito importante, que diz o seguinte: 
 
Art. 94. Os negócios jurídicos que dizem respeito ao bem principal não abrangem as 
pertenças, salvo se o contrário resultar da lei, da manifestação de vontade, ou das 
circunstâncias do caso. 
Perda ou deterioração da coisa: Qual é a diferença entre perda e deterioração? A 
perda pressupõe a destruição total da coisa, já a deterioração pressupõe a 
destruição parcial. Para analisar a questão da perda ou deterioração da coisa, deve-
se primeiro analisar se a obrigação é de entregar ou de restituir. 
Quem vai arcar com a perda? Quem vai arcar com o prejuízo? O credor ou o 
devedor? Quais são as consequências advindas dessa perda? 
Sempre que houver perda ou deterioração, deve-se analisar duas coisas: 
- Quem é proprietário, de quem é a culpa? 
- Houve culpa por parte do devedor? 
O primeiro questionamento é importante porque em nosso ordenamento jurídico, 
tem uma regra que vale desde o Direito Romano que diz: res perit domino (a coisa 
perece para o seu dono). Por isso é importante analisar quem é o dono da coisa. 
Também é muito importante analisar se houve culpa por parte do devedor porque, 
sempre que houver um comportamento culposo por parte do devedor, ele vai 
responder por perdas e danos. As perdas e danos compreendem tanto os danos 
emergentes quanto os lucros cessantes. Danos emergentes correspondem aos 
prejuízos efetivamente sofridos. Lucros cessantes correspondem aquilo que a 
pessoa deixou de lucrar em virtude dos danos sofridos. 
Essas perdas e danos, também são devidas em virtude da pratica de um ato ilícito. 
Ex: suponhamos que alguém que esteja dirigindo em alta velocidade, perca o 
controle e acabe batendo em um taxi. O taxista tem direito às perdas e danos, que 
compreendem danos emergentes (concerto do carro) e lucros cessantes (o que o 
taxista deixou de receber). 
Com base nas duas regras: res perit domino e perdas e danos, nós podemos 
resolver qualquer problema. 
Brasil => Sistema Romano Germânico: não basta o contrato de compra e venda 
para transferência da propriedade, deve haver um ato subseqüente. Como ocorre a 
transferência de um bem imóvel? Através do registro do contrato em cartório de 
registro de imóveis. 
Art. 234. Se, no caso do artigo antecedente, a coisa se perder, sem culpa do devedor, antes 
da tradição, ou pendente a condição suspensiva, fica resolvida a obrigação para ambas as 
partes; se a perda resultar de culpa do devedor, responderá este pelo equivalente e mais 
perdas e danos. 
Se houver a perda do objeto na hora de entregar, é preciso questionar: houve 
culpa? Se sim, haverá perdas e danos. Se houver perda do objeto em virtude de 
caso fortuito ou força maior, e não tiver havido comportamento culposo, a obrigação 
vai se extinguir e as partes vão voltar ao estado anterior a elas (res perit domino – o 
prejuízo é do dono). Se ao invés da perda acontecer à deterioração do bem, o 
credor não poderá ser constrangido a receber, mas ele pode aceitar o bem 
deteriorado. Em caso de deterioração o credor terá duas opções: ou a obrigação vai 
se extinguir e as partes vão voltar ao estado anterior a elas, ou ele aceita o bem 
exigindo um abatimento no preço. 
Melhoramentos e acrescidos: da mesma forma que ocorre a perda ou 
deterioração para o proprietário, é importante dizer que havendo melhoramento ou 
acrescidos a coisa, estes também beneficiarão o proprietário. Melhoramento 
pressupõe uma situação na qual vai haver um aumento de vantagens para a 
pessoa. Ex: uma pessoa tem um sítio e a estrada que vai até o sítio é de terra, após 
um tempo essa estrada é pavimentada, isso é um melhoramento. Acrescido é aquilo 
que acresce a coisa. Ex: uma pessoa vende uma vaca e antes da entrega, ela fica 
prenha, obviamente houve um acréscimo, que implica uma valorização, assim como 
o melhoramento; nesse caso havendo melhoramento ou acréscimo da coisa, estes 
beneficiarão o proprietário, mas essa regra só se aplica caso esse melhoramento ou 
acréscimo não decorra de um comportamento do proprietário, porque no contrario 
nós aplicaremos as regras relacionadas às benfeitorias (obra ou despesa realizada 
sobre a coisa); de acordo com o Código Civil: 
Art. 237. Até a tradição pertence ao devedor a coisa, com os seus melhoramentos e 
acrescidos, pelos quais poderá exigir aumento no preço; se o credor não anuir, poderá o 
devedor resolver a obrigação. 
- Obrigação de dar coisa incerta:é aquela que recai sobre o objetoque ainda não 
está totalmente individualizado, que é apenas passível de determinação embora não 
esteja totalmente determinado. Ela jamais irá recair sobre um objeto que esteja 
completamente indeterminado, o objeto deve ser pelo menos passível de 
determinação. Quando é que o objeto vai ser determinável? Quando estiver indicado 
apenas quanto ao gênero e quantidade. Ex: alguém se compromete a dar um boi 
(gênero: boi / quantidade: 1), mas não especifica que boi. 
É importante ressaltar que essa obrigação é necessariamente transitória. Porque 
toda obrigação de dar coisa incerta vai ter que se transformar em uma obrigação de 
dar coisa certa para ser cumprida. Como ocorre essa mudança? Deve ocorrer aquilo 
que chamamos de concentração, que é um termo técnico utilizado para que haja 
essa passagem. É óbvio que essa concentração vai pressupor a escolha. A quem 
caberá essa escolha? Via de regra a escolha cabe ao devedor, ou seja, se as partes 
não dispuserem de sentido contrario, caberá ao devedor. É claro que as partes 
podem dispor em sentido contrário, podem atribuir a escolha a um terceiro, dispor da 
forma que achar conveniente. Embora o devedor tenha o direito de escolha, ele terá 
uma limitação no exercício dessa escolha, o devedor não poderá entregar o pior 
objeto mas também não será obrigado a entregar o melhor. A escolha do devedor 
basta para que haja a transformação da obrigação? Não, para que haja esta 
mudança, é necessário que o credor seja cientificado da escolha por parte do 
devedor. O Código Civil diz: 
Art. 245. Cientificado da escolha o credor, vigorará o disposto na Seção antecedente. 
Enquanto a obrigação for de dar coisa incerta, o devedor jamais poderá alegar 
perdas ou deterioração do bem para justificar o descumprimento da obrigação. Se a 
obrigação é de dar coisa incerta, é uma obrigação incerta. 
Art. 246. Antes da escolha(antes do devedor ter cientificado sua escolha ao credor), não 
poderá o devedor alegar perda ou deterioração da coisa, ainda que por força maior ou caso 
fortuito. 
A doutrina costuma distinguir dentre as obrigações de dar coisa incerta aquelas 
obrigações que recaem sobre um gênero extremamente limitado, dizendo que toda 
vez que o gênero for muito limitado, nós temos que aplicar as mesmas regras 
referentes à obrigação de dar coisa certa. 
b. Obrigação de fazer:é aquela obrigação cuja prestação consiste na realização de 
um serviço, de uma atividade que deve ser realizada no interesse do credor. Ex: a 
obrigação de um cantor de se apresentar em um show. A diferença entre aobrigação de fazer e a de dar é que na de dar, deve-se entregar ou restituir alguma 
coisa. E na obrigação de fazer, o objeto é um serviço. O problema é que algumas 
vezes a pessoa deve fazer para depois entregar, nesse caso a obrigação é de fazer 
ou de dar? Na doutrina prevalece o entendimento, que toda vez que a pessoa tiver 
que fazer alguma coisa, para depois entregá-la ao credor, a obrigação será de fazer. 
Obrigação de fazer fungível: é uma obrigação que pode ser cumprida por qualquer 
pessoa e não especificamente pelo devedor da relação obrigacional. 
Obrigação de fazer infungível: é aquela que somente poderá ser cumprida pelo 
devedor da relação obrigacional. 
Como saber quando uma relação obrigacional será fungível ou infungível? 
Primeiramente, deve-se analisar os termos da obrigação. E se o contrato for misto 
com relação a essa questão? Nesse caso, tem que analisar a natureza das 
obrigações, as circunstancia que envolvem a relação obrigacional. Ex: o U2 é 
contratado para se apresentar no Brasil. É necessário estabelecer um contrato que 
somente o U2 poderá cumprir essa obrigação? Não. Porque é evidente que essa 
obrigação de fazer do U2, é uma obrigação de fazer infungível. 
A distinção entre obrigação fungível e infungível é importante, porque as 
conseqüências são completamente distintas. 
No caso de inadimplemento, se a obrigação de fazer for fungível, o credor poderá 
acionar o devedor para pagar a prestação por ele devida, sob pena de se nomear 
outra pessoa para fazer o serviço à custa do devedor (regra geral). Havendo 
urgência o credor terá outra opção: de ele mesmo executar ou mandar outra pessoa 
executar o serviço e posteriormente acionar o devedor, apenas para solicitar o 
reembolso daquilo que ele gastou para realizar o serviço. 
 
 
Art. 249. Se o fato puder ser executado por terceiro, será livre ao credor mandá-lo executar 
à custa do devedor, havendo recusa ou mora deste, sem prejuízo da indenização cabível. 
 
No caso de uma obrigação infungível, a princípio, o Código Civil atribui ao credor a 
possibilidade de se pleitear a perda e danos. 
Art. 247. Incorre na obrigação de indenizar perdas e danos o devedor que recusar a 
prestação a ele só imposta, ou só por ele exeqüível(quer dizer que a obrigação é infungível). 
O Código de Processo Civil, sofreu uma mudança que alterou o art. 461, que trata 
do inadimplemento na obrigação de fazer e que atribuiu ao credor outras 
possibilidades, além da de pleitear perdas e danos. 
 
Art. 461. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer, 
o juiz concederá a tutela específica da obrigação (aquela que esta relacionada a execução 
específica, que é aquela que recai sobre a prestação devida) ou, se procedente o pedido, 
determinará providências que assegurem o resultado prático equivalente ao do 
adimplemento. 
Quais são os instrumentos que o juiz pode dispor para que essa tutela seja 
alcançada? Vários, dentre eles a fixação de uma multa a ser imposta ao devedor; a 
busca e apreensão... Todos são instrumentos que estão à disposição do juiz. Mas 
nada impede que o credor desista da execução especifica e pleiteie perdas e danos. 
 A obrigação de fazer que nasce a partir de um contrato preliminar, comporta uma 
execução específica que se afasta um pouco das demais obrigações de fazer. 
 
c. Obrigação de não fazer:caracteriza-se por ser uma obrigação de caráter negativo, 
porque impõe ao devedor não uma ação, mas uma abstenção (ou seja, ela impõe 
ao devedor não fazer algo, que a princípio ele poderia realizar).Essa obrigação de 
não fazer é valida? Sim, como a obrigação de dar e fazer, mas para isso, o objeto 
deve ser lícito. 
A validade do negócio jurídico depende de que? 
Capacidade das partes, objeto lícito, possível, determinado ou determinável. 
No caso da obrigação de não fazer, especificamente, nós teremos uma obrigação 
válida sempre que houver uma restrição da liberdade, sabemos que toda obrigação 
impõe uma restrição ao devedor, mas essa restrição não deve ser acentuada. Essa 
é uma limitação à obrigação de não fazer. 
Como é que alguém descumpre uma obrigação de não fazer? A partir do momento 
que a pessoa faz aquilo que ela se comprometeu a não realizar, ela esta 
inadimplindo. 
Quais são as consequências advindas desse inadimplemento? O Código Civil 
inicialmente estabelece uma distinção que leva em conta a razão do 
inadimplemento, dizendo que, se o devedor se viu obrigado a fazer aquilo que ele 
se comprometeu a não realizar, seja em virtude de uma imposição legal, de outra 
força maior, se não houver alternativas para o devedor, a obrigação se extingue e 
as partes voltam ao estado anterior. Se o inadimplemento tiver sido voluntário, ao 
credor, é possível acionar o devedor em juízo para que ele desfaça aquilo que ele 
se comprometeu a não realizar, sob pena de a obra ser desfeita à custa do devedor. 
Neste caso, as consequências se aproximam a obrigação de fazer fungível. Na 
obrigação de não fazer, se houver urgência o credor terá outra possibilidade, a de 
ele mesmo desfazer a obra à custa do próprio devedor. Essa regra deve ser 
interpretada com muito cuido, porque esse direito deve ser exercido em 
consonância com os direitos sociais. Deve haver uma harmonização. De acordo 
com o Código Civil: 
Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede 
manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos 
bons costumes. 
Art. 250. Extingue-se a obrigação de não fazer, desde que, sem culpa do devedor, se lhe 
torne impossível abster-se do ato, que se obrigou a não praticar. 
Art. 251. Praticado pelo devedor o ato, a cuja abstenção se obrigara, o credor pode exigir 
dele que o desfaça, sob pena de se desfazer à sua custa, ressarcindo o culpado perdas e 
danos. 
Parágrafo único. Em caso de urgência, poderá o credor desfazer ou mandar desfazer, 
independentemente de autorização judicial, sem prejuízo do ressarcimento devido. 
IV. Quanto a Pluralidade de Objetos: o objeto de uma obrigação é sempre uma prestação. 
a. Obrigação Simples: é aquela que recai sobre uma única prestação, seja ela de 
dar, fazer ou não fazer alguma coisa. 
b. Obrigação Cumulativa ou Conjuntiva: é aquela que recai sobre duas ou mais 
prestações. É também chamada deconjuntiva porque as prestações estão ligadas 
pela partícula “e”, ou seja, uma coisa e outra. Ex: obrigação de entregar um carro e 
uma moto. 
c. Obrigação Alternativa ou Disjuntiva: é aquela que recai sobre duas ou mais 
prestações que, porém, estão ligadas pela partícula “ou”, o que significa que apenas 
uma delas deve ser revisada no interesse do credor. Ex: obrigação de entregar um 
carro ou uma moto. 
OBS: Obrigação Alternativa ≠ Obrigação de Dar Coisa Incerta 
- Na Obrigação de Dar Coisa Incerta nós temos um único objeto (uma única 
prestação), só que ela recai sobre um objeto que ainda não está totalmente 
individualizado. Ex: a obrigação de entregar um boi => a prestação é uma e o objeto 
não foi totalmente individualizado. 
- Na Obrigação Alternativa nós não temos uma obrigação apenas, temos duas ou 
mais, e que tem o objeto muitas vezes totalmente individualizado. 
- Pode acontecer de ao mesmo tempo a obrigação ser Alternativa e de Dar Coisa 
Incerta. Ex: alguém assume a obrigação de entregar um cavalo ou um boi => é 
alternativa porque tem duas prestações distintas e de dar coisa incerta, porque recai 
sobre objetos que ainda não são totalmente individualizados, embora sejam 
passiveis de individualização. 
Uma questão que é muito importante na Obrigação Alternativa diz respeito ao 
direito de escolha, essa questão também é relevante para a obrigação de dar coisa 
incerta, pois embora o objeto ainda não esteja totalmente individualizado, ele é 
passível de individualização, então ele deve ser individualizado na horade se 
cumprir a individualização, um processo semelhante tem que ocorrer na Obrigação 
Alternativa, porque apenas uma das prestações vai ser revisada. Embora 
inicialmente exista mais de uma prestação, o devedor vai realizar apenas uma 
delas, é aí que suje o problema do direito de escolha. A quem cabe esse direito de 
escolha? Vigora na Obrigação Alternativa uma regra que se aproxima de uma regra 
que existe na Obrigação de Dar Coisa Incerta, porque o direito de escolha também 
cabe ao devedor se outra coisa não foi convencionada entre as partes. Aqui não se 
aplica a regra da Obrigação de Dar Coisa Incerta, de que o credor não pode dar o 
pior, embora não seja obrigado a dar o melhor. Isso não ocorre porque de imediato, 
nós temos duas ou mais prestações cujos objetos já estão completamente 
individualizados. Mas haverá uma limitação quanto ao direito de escolha do 
devedor. O Código Civil, quando trata do direito de escolha do devedor, ele afirma 
que este não pode constranger o credor a receber parte de uma prestação e parte 
de outra. Ex: um produtor rural alugou um imóvel e se comprometeu a entregar cem 
sacas de feijão ou cinquenta sacas de café. Neste caso, ou ele entrega o café, ou 
entrega o feijão. 
Art. 252. Nas obrigações alternativas, a escolha cabe ao devedor, se outra coisa não se 
estipulou. 
É uma norma dispositiva (ou supletiva) porque ela só vale se não houver uma 
disposição em sentido contrário. 
§ 1o Não pode o devedor obrigar o credor a receber parte em uma prestação e parte em 
outra. 
Toda vez que a Obrigação Alternativa for também Periódica, no final de cada 
período será renovado o direito de escolha por parte do devedor. 
O que é Obrigação Periódica? É aquela que não é cumprida por meio de uma única 
prestação apenas, a prestação é revisada periodicamente. Ex: a obrigação de pagar 
aluguel. 
§ 2o Quando a obrigação for de prestações periódicas, a faculdade de opção poderá ser 
exercida em cada período. 
O legislador diz claramente que toda vez que couber a duas ou mais pessoas o 
direito de escolha, toda vez que houver uma pluralidade de optantes, na Obrigação 
Alternativa deve haver um acordo unanime entre eles, sob a pena de não havendo 
esse acordo unanime, a prerrogativa da escolha passar para o juiz 
§ 3o No caso de pluralidade de optantes, não havendo acordo unânime entre eles, decidirá 
o juiz, findo o prazo por este assinado para a deliberação. 
Perda do objeto da prestação: primeiramente deve-se analisar se a perda decorreu 
de comportamento culposo ou não. A perda em decorrência de caso fortuito ou 
força maior, que recai sobre um dos objetos apenas, transforma a Obrigação 
Alternativa em Obrigação Simples. Ex: alguém se dispôs a dar como pagamento de 
uma dívida um carro ou uma moto, se o carro é destruído em uma enchente, ele só 
poderá pagar com a moto. Se o direito de escolha é do credor, existirão duas 
condições: exigir a prestação subsistente ou um valor da outra prestação mais 
perdas e danos. 
Art. 253. Se uma das duas prestações não puder ser objeto de obrigação ou se tornada 
inexeqüível, subsistirá o débito quanto à outra. 
Art. 255. Quando a escolha couber ao credor e uma das prestações tornar-se impossível 
por culpa do devedor, o credor terá direito de exigir a prestação subsistente ou o valor da 
outra, com perdas e danos; se, por culpa do devedor, ambas as prestações se tornarem 
inexeqüíveis, poderá o credor reclamar o valor de qualquer das duas, além da indenização 
por perdas e danos. 
E se ocorrer a perda de todos os objetos? Deve-se identificar se a perda se deu por 
culpa do credor ou do devedor, e se foi decorrente de caso fortuito ou força maior. 
No caso de perda por caso fortuito ou força maior, a obrigação se resolve e as 
partes retomam o seu estado anterior. Se a perda se der por comportamento 
culposo, deve-se verificar de quem é o direito de escolha, cabendo o direito de 
escolha ao credor, ele vai poder escolher o valor de qualquer dos objetos mais 
perdas e danos. E se o direito de escolha for do devedor? Neste caso o devedor vai 
ter que indenizar o credor pelo valor do bem que pereceu. Porque que neste caso 
cabendo o direito de escolha ao devedor ele vai ter que indenizar o credor pelo valor 
do bem que pereceu? A obrigação que o devedor tinha era Alternativa, pereceu um 
dos objetos, o direito de escolha era do devedor. Neste caso a obrigação passa a 
ser simples, e se o outro objeto perecer, o devedor terá que indenizar o credor. E se 
todos os objetos perecerem ao mesmo tempo? Quando isso acontece, de acordo 
com o Professor Cimon, o devedor pode pagar o valor de qualquer deles mais 
perdas e danos (isso se o direito de escolha não couber ao credor). 
 
d. Obrigação Facultativa: se aproxima bastante da Obrigação Alternativa. É aquela 
que recai, a princípio, sobre uma única prestação podendo, porém, o devedor (e 
somente ele) se exonerar da obrigação cumprindo uma prestação diversa. É uma 
Obrigação Simples. Qual é a diferença entre Obrigação Alternativa e Obrigação 
Facultativa? Na Obrigação Alternativa nós temos duas ou mais prestações (ligadas 
pela partícula ou) que quando um dos objetos dessas prestações perecer, sem 
culpa do devedor, a obrigação subsiste, continua, mas no tocante a outra obrigação. 
Já na Obrigação facultativa, inicialmente temos uma única prestação, se o objeto 
dessa prestação perecer a obrigação se extingue, voltando ao seu estado anterior. 
Na Obrigação Alternativa, o direito de escolha geralmente cabe ao devedor, sendo 
possível o direito de escolha ser atribuído ao credor. Na Obrigação Facultativa, o 
direito de escolha é exclusivo do devedor. 
Indubio pro reu=> se houver dúvidas se a obrigação é Facultativa ou Alternativa, 
presume-se que seja facultativa, porque esta é mais benéfica para o devedor. 
 
V. Quanto a Pluralidade de Partes:essa questão só tem relevância se houver uma 
pluralidade de credores ou devedores. 
Presunção juris tantum (relativa): admite prova em sentido contrário. 
Art. 257. Havendo mais de um devedor ou mais de um credor em obrigação divisível, esta 
presume-se dividida em tantas obrigações, iguais e distintas, quantos os credores ou 
devedores. 
a. Obrigação Divisível:É aquela cujo cumprimento pode ser realizado 
parceladamente. 
b. Obrigação Indivisível:é aquela obrigação cujo cumprimento é realizado de uma 
única vez, não podendo ser fracionado. Ex: duas ou mais pessoas assumem a 
obrigação de entregar um boi, este não pode ser fracionado. O credor poderá exigir 
a obrigação por inteiro. 
O que faz com que uma obrigação seja indivisível? A natureza do objeto da 
prestação obrigacional. Esse objeto pode ser um bem, um serviço... Deve-se 
constatar se esse objeto pode ser fracionado. Se não puder ser fracionado a 
Obrigação é indivisível. Quando se trata de prestação de serviço, deve-se analisar a 
questão do ponto de vista físico, e também levar em conta questões de ordem 
econômica e também de ordem jurídica. 
Art. 258. A obrigação é indivisível quando a prestação tem por objeto uma coisa ou um fato 
não suscetíveis de divisão, por sua natureza, por motivo de ordem econômica, ou dada a 
razão determinante do negócio jurídico. 
 O credor pode acionar cada um dos devedores individualmente e exigir a obrigação 
como um todo. 
Art. 259. Se, havendo dois ou mais devedores, a prestação não for divisível, cada um será 
obrigado pela dívida toda. 
 
Sub-rogação = substituição. No nosso ordenamento existem dois tipos sub-rogação: 
real (um bem substitui outro bem) e pessoal (uma pessoa substitui outra). 
No pagamento de Obrigação Indivisível existe a sub-rogação pessoal. A partir do 
momento que um dos devedores não cumprir a obrigação, o credor pode acionar 
outro. Se não for convencionado que cada devedor deve uma parte 
Se houver uma pluralidade de credores, por exemplo, um devedor assume

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