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transtornos globais de desenvolvimento e altas habilidades 6edicao

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Transtornos Globais do Desen-
volvimento - Condutas típicas
 O tratamento da família com as questões relacionadas ao TGD e condutas 
típicas deve acontecer da mesma maneira, pois é preciso que haja um acompanha-
mento com psicólogos, psicopedagogos, nutricionistas, fonoaudióloga, dentre ou-
tras áreas que possam trabalhar com o objetivo de auxiliar e potencializar as habili-
dades existentes.
 Os responsáveis devem procurar rapidamente os profissionais assim que de-
tectarem alguma característica ou atitude específica do filho, pois o quanto antes 
identificarem, mais rápido será a busca pelo diagnóstico e também a sua prepara-
ção para lidar com as especificidades apresentadas.
 Essa atitude deve ocorrer como meio de prevenção a qualquer desencontro 
de informação na educação da criança com condutas típicas. Para a escola atender 
a essa demanda, algumas estratégias e programas podem ser utilizados como a Sala 
de Recurso Multifuncional, o Atendimento Educacional Especializado e a Educação 
Especial, dependendo do caso.
 As especificações do que envolve as condutas 
típicas 
 As condutas típicas ainda são pouco comentadas e até mesmo desconhe-
cidas pela sociedade. Entretanto é relevante abrir esse espaço para conhecermos 
essa realidade como aluno e profissional, pois as especificidades também estão 
presentes cada vez mais nas práticas dos professores e da equipe pedagógica, 
que, em alguns momentos, precisam orientar os responsáveis e solicitar possíveis 
encaminhamentos para outras áreas analisarem o caso.
 Como já sabido, é válido retomar as questões legais que englobam e alicer-
çam os alunos a participarem do processo educacional e social, com o objetivo 
central de preparar esse aluno da melhor forma possível, para conviver em gru-
po e se reconhecer como pertencente a ele. Dessa maneira, a Educação Especial 
tem amparo de diversas leis e Carneiro (2014, p. 425), em seu livro LDB Fácil, co-
menta que haverá, quando necessário, atendimento e serviços especializados nas 
escolas. No art. 58 está posto que “§3˚. A oferta da educação especial, dever ser 
constitucional do Estado, tem início na faixa etária de zero a seis anos, durante a 
Educação Infantil”. 
 Após essa informação, ainda pode-se refletir sobre a execução das leis na 
escola, pois as pessoas envolvidas nesse processo ainda são surpreendidas pela 
realidade de algumas escolas ainda não estarem preparadas para receber alunos 
com alguma deficiência, transtornos, dificuldades ou síndromes, o que acaba difi-
cultando o processo de ingresso dos alunos, seja com condutas típicas ou não. 
 Para compreender as especificações das condutas típicas é valido contem-
plar o quadro a seguir e, assim, esclarecer como foi realizada a diferenciação não 
apenas pelo momento histórico e datas, mas também da nomenclatura utilizada 
para cada uma.
 Quadro 1 – Nomenclaturas.
 Fonte: SANTOS, 2017.
 Em cada item elencado no quadro, podemos analisar e verificar as habilida-
des e os entraves que podem acontecer durante o processo de aprendizagem, 
considerando o ser humano em sua totalidade, ou seja, nas dimensões afetivas, 
cognitivas e sociais.
 Ao mencionar o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade pode-
mos considerar algumas situações provenientes desse diagnóstico, mas que não 
são o objetivo nessa aula. No entanto, vale ressaltar o mais popular, que é a me-
dicação, algo bastante discutido no meio acadêmico e que precisa ser mais bem 
elaborado, tanto no campo médico, como familiar, para analisar até que ponto é 
necessário fazer uso de remédios.
 O Transtorno Bipolar deve e precisa ser bem avaliado para que o profissio-
nal consiga esclarecer para os responsáveis os sintomas, as causas e principal-
mente a condução da escola, em casa e na sociedade.
 No Transtorno de Ansiedade, algo relevante é considerar um quadro instá-
vel do sujeito em relação principalmente à alimentação, quando esse aluno pode 
apresentar um índice ou desejo elevado pela alimentação ou o contrário, não pos-
sui vontade de alimentar-se. Nesses casos o mais adequado é solicitar o acompa-
nhamento de um nutricionista e psicólogo. Contudo, no Transtorno de Ansiedade 
o ápice não é apenas esse, pois outros aspectos podem aparecer.
 A nutrição é de suma importância para que a pessoa esteja alimentada e 
tenha condições e substâncias necessárias no seu organismo durante o dia para 
realizar seus trabalhos e atividades. De acordo com Konkiewitz e Virgolim (2014) 
esse acompanhamento deve ser visto desde o período gestacional com o com-
plemento do ácido fólico para nutrir o bebê, além de ferro, iodo, zinco, Vitamina B 
e o Ômega 3. Cada um tem papel fundamental no desempenho cognitivo do ser 
humano. 
 No caso do tratamento das psicoses, estes podem ser desenvolvidos com 
o auxílio do psicólogo, psiquiatra, juntamente com a escola em busca de melhores 
condições do ambiente físico e afetivo que recebe e integra o aluno com esse tipo 
de conduta típica.
 É importante realizar um trabalho multidisciplinar para que o diagnóstico e o 
acompanhamento do sujeito em questão esteja o mais próximo de sua realidade 
e de acordo com a sua necessidade.
 
 Como o professor e a família podem lidar com 
essas condutas 
 O aspecto principal nesse momento é trabalhar juntamente com a escola a 
verificação da aceitação da família para com as especificidades do filho. Na maioria 
das vezes, a queixa pode ser identificada pelo professor e, assim, ele deve refletir e 
acompanhar mais atentamente esse aluno para ter respaldos e elementos suficien-
tes para elencar à equipe pedagógica com o objetivo de iniciar um plano de estraté-
gia e compreensão do que pode estar envolvido, ou até mesmo acontecendo com 
o aluno dentro de sala de aula.
 Um ponto relevante é cuidar com a atitude ou o movimento que o aluno faz 
dentro de sala de aula, como está estabelecida sua relação com o professor, com os 
colegas e estar atento para colher informações de como o aluno é deixado pelos 
responsáveis no sentido da afetividade e do diálogo. Após detectar e levantar to-
das as informações possíveis, a equipe pedagógica precisa chamar os responsáveis 
para uma conversa e informar o que tem sido observado em sala de aula e nos de-
mais momentos com os colegas.
 A escola tem a possibilidade apenas de sugerir e encaminhar aos pais o aluno 
para uma consulta com os possíveis especialistas, pois não é seu dever clinicar ou 
mesmo diagnosticar o aluno. É válido ressaltar que a responsabilidade de cuidar e 
zelar pela integridade do sujeito é da família e, por essa razão, todo o procedimento 
e diálogo deve ser feito na presença deles.
 Como foi comentado anteriormente, o trabalho multidisciplinar precisa ocor-
rer com o maior contato entre os profissionais e a família. No entanto, vale pontuar 
que os profissionais devem se comunicar com a escola para orientá-la em seus po-
sicionamentos de agora e futuros, também para que o aluno receba o maior apoio e 
o direcionamento necessário, dentro de suas habilidades e limitações.
 O intuito do diagnóstico não é de maneira alguma rotular o aluno, mas criar es-
tratégias e recursos que possam mobilizar e facilitar o seu processo de aprendizado, 
lembrando do potencial de cada um, e conforme o que cada um pode oferecer em 
determinados momentos. O professor, no momento de seu planejamento, precisa 
focar e pensar na turma como um todo e também na especificidade do aluno para 
que ambos tenham condições de acompanhar o que está sendo trabalhado dentro 
de sala de aula.
 O relacionamento inter e intrapessoal deve ser trabalhado com o grupo com 
o objetivo de possibilitar meios em que os alunos possam verbalizar suas metas al-
cançadas e também expressar as dificuldades, sejam elas de cunho relacional ou de 
conteúdo específico. Nesse instante, o professor deve ser o mediador do diálogo, 
das estratégias e atéquem sabe formar grupos de trabalho entre os colegas, como 
uma maneira de promover a conversa coletiva.
 A escola deve estar preparada ou precisa buscar meios para que o professor 
tenha os livros, vídeos, materiais e colegas como apoio e busca para esse processo, 
pois é sabido da dificuldade que ainda se encontra quando a vertente são as espe-
cificidades em questão.
 As condutas típicas são elementos peculiares de cada indivíduo, sendo assim, 
alguns podem demonstrar agressividade, impulsividade e assim por diante. Aqui 
está o trabalho da equipe multidisciplinar em mostrar os caminhos a serem percor-
ridos pela escola e pela família.
 A questão da aceitação não apenas da família, mas também da escola, deve 
ser trabalhada com o objetivo de minimizar a ansiedade ou a frustração do proces-
so, no sentido de precipitar ou retardar os encaminhamentos, pois cada etapa pre-
cisa ser respeitada para verificar se o aluno está correspondendo positivamente ou 
nem tanto às orientações dadas.
 Nesses casos o maior resultado a ser colhido é o progresso do sujeito e o 
quanto ele conseguiu avançar dentro de suas habilidades e limitações, assim como 
todo ser humano. Não é preciso acelerar ou colocar nesse aluno uma expectativa 
que de repente ele nem possa atingir.
 Os responsáveis em casa também precisam trabalhar com os combinados e 
com as tarefas direcionadas ao seu filho, pois as regras devem existir em todos os 
casos e processos. Sem essa orientação a condução das estratégias podem sofrer 
algumas rupturas e, dessa forma, o sujeito em atendimento pode sentir-se solto, sem 
as diretrizes relevantes para que consiga prosseguir e avançar com seus colegas.
 A família deve ter compromisso em levar seu filho para todos os ambientes 
possíveis, como teatro, cinema, igreja, reuniões de família, festas, passeios, viagens e 
até mesmo pequenas atividades que ele possa realizar sozinho dando autonomia, 
com toda cautela necessária no sentido de não deixá-lo em perigo.
 O ser humano precisa desenvolver seu trabalho no meio social e para quem 
tem condutas típicas esse movimento pode ser desafiador por conta de suas pe-
culiaridades, logo, deve e precisa ser um aspecto observado e desenvolvido com o 
trabalho multidisciplinar. 
 Possíveis estratégias e recursos a serem ofere-
cidos para os alunos com condutas típicas 
 As estratégias e os recursos devem ser traçados pelos professores e pela 
equipe pedagógica, conforme a necessidade do aluno e com as orientações dos 
profissionais para aproximar e/ou atingir os resultados esperados, seja em curto ou 
longo prazo.
 Dessa forma, para que o atendimento às pessoas com condutas típicas acon-
teça significativamente, é importante considerar a inserção do Atendimento Edu-
cacional Especializado (AEE), que é um direito de todos os alunos, e que oferece 
estratégias diferenciadas para o seu aprendizado. 
 Na LDB Fácil, de acordo com Carneiro (2014, p. 432):
§2˚ O atendimento Educacional da clientela da Educação Especial, esgotadas 
as possibilidades de ser realizado em classes comuns de ensino regular, poderá 
ocorrer em instituições ou serviços especializados. O Brasil não pode ignorar o 
trabalho das APAES, Pestallozi. O bom senso e a responsabilidade pública reco-
mendam que os sistemas de ensino se articulem com estas entidades especiali-
zadas com três objetivos:
a) Desenvolver atividades compartilhadas para a complementação e/ou suple-
mentação da formação dos alunos;
b) Realizar agendas conjuntas para a formação de professores e de pessoal de 
apoio;
c) Trabalhar, programações e atividades de sensibilização, mobilização e envolvi-
mento das famílias e das comunidades, objetivando aprimorar, cada vez mais, o 
processo sociopsicopedagógico dos alunos.
 As atividades a serem propostas devem estar dentro das possibilidades, visu-
alizando até onde o aluno consegue ir para não causar frustrações maiores, mesmo 
que a educação esteja preparada para considerar esse momento como parte do 
aprendizado do aluno.
 O atendimento na Sala de Recurso Multifuncional pode ocorrer também com 
os alunos com condutas típicas, lembrando que deve acontecer no contraturno da 
aula e na maioria das vezes os profissionais que atendem essa demanda possuem 
uma formação continuada com estudo, pesquisa e orientação para realizar tal aten-
dimento.
 As atividades podem abordar o pensamento crítico, o raciocínio lógico, a cria-
tividade, a escrita, a fala com jogos lúdicos ou projetos adequados para a idade e 
características de cada aluno em atendimento.
 Esses recursos podem ser utilizados de acordo com a formação e atuação do 
professor, pois esse profissional deve estar sempre atualizado e ter sempre o acom-
panhamento do pedagogo da escola.
 Um dos recursos a serem utilizados com esse aluno em específico é a tecnologia 
a favor do aprendizado sistemático e assistemático dele e, para isso, o professor preci-
sa conhecer os programas ou as possibilidades a serem utilizadas durante a aula.
 Dinâmicas com vídeos e filmes ou jogos podem ser estratégias interessantes 
também a ser trabalhada em sala de aula e em parceria com os responsáveis no in-
tuito de aproximar os colegas, a escola e a família do processo como um todo.
 Nesta aula foi importante verificar a realidade dos alunos com condutas típi-
cas e também compreender o processo dentro da escola e no âmbito familiar, pois 
todos os meios nos quais esse aluno está inserido devem ter o conhecimento ade-
quado para atendê-lo. A sociedade lida atualmente com algumas determinantes da 
inclusão, um processo ainda recente para a escola e, por isso, ainda se enfrenta uma 
prática com certos limites.
 No entanto, podemos considerar as etapas ainda vivenciadas e alcançadas 
com o objetivo de melhor integrar esses alunos na família e na escola. É relevante 
considerar os direitos já adquiridos por eles, mas que ainda precisam ser cobrados 
e até analisados no meio jurídico, quando necessário. 
 As estratégias e os recursos foram abordados de maneira que possamos 
acessar os documentos digitais e aplicá-los conforme a realidade e necessidade, 
pois em território nacional as vivências são diversas e, por essa razão, não cabe nes-
se momento englobar todas elas.
 Ampliando seus conhecimentos
 Projeto Escola Viva – Garantindo o acesso e 
permanência de todos os alunos na escola – Alu-
nos com necessidades educacionais especiais
 (BRASIL, MEC, 2002) 
 Quais são os determinantes das condutas típicas?
 Se olharmos para a história da humanidade, veremos que o homem já pro-
duziu inúmeras e diferentes explicações para os comportamentos que intrigam e 
desconcertam as pessoas, por sua atipia e pelo prejuízo que causam, seja a quem os 
emite, seja a quem os recebe.
 Assim, encontramos desde as explicações de cunho metafísico, como a pos-
sessão demoníaca, até as explicações científicas mais recentemente desenvolvidas.
 Segundo Hardman et al (1993, p. 148), as causas aventadas variam de acordo
com o edifício teórico que lhes serve de referência. Assim, considera-se:
 1. Como causas biológicas, a herança genética, as anormalidades bioquími-
cas, as anormalidade neurológicas, as lesões no sistema nervoso central.
 2. Como causas fenomenológicas, o conhecimento equivocado sobre si 
mesmo, o uso inadequado de mecanismos de defesa, sentimentos, pensamentos e 
eventos subjetivos.
 3. Como causas psicológicas, os processos psicológicos, o funcionamento
da mente (id, ego e superego), as predisposições herdadas (processos
instintivos) e experiências traumáticas na primeira infância.
 4. Como causas comportamentais, eventos ambientais, tais como: falha na 
aprendizagem de comportamentos adaptativos, aprendizagem de comportamen-
tos não adaptativos e o desenvolvimento de comportamentos não adaptativos por 
circunstâncias ambientais estressantes. 
 5. Como causas sociológicas/ecológicas,a rotulação, a transmissão cultural,
a desorganização social, a comunicação destorcida, a associação
diferencial, e interações negativas com outras pessoas.
 Em síntese:
 1. Não existe um padrão único de comportamento denominado conduta típi-
ca. É grande a variedade de comportamentos englobados sob esse rótulo.
 2. Seus determinantes são variados, podendo ser de natureza biológica, psi-
cológica, comportamental e/ou social.
 3. Os indicadores que facilitam sua identificação e a avaliação do grau
de severidade são:
 a. Distanciamento dos padrões de comportamento esperados de uma 
 pessoa daquele sexo, faixa etária, naquele contexto,
 b. Frequência muito menor ou maior do que o esperado,
 c. Intensidade muito menor ou maior do que o esperado,
 d. Duração prolongada no tempo.
 4. Seus efeitos, caso o problema não seja abordado, geralmente são destruti-
vos para o desenvolvimento e aprendizagem do aluno, bem como para seu desen-
volvimento e integração social.
 5. Exemplos de condutas típicas mais comumente encontradas nas salas de 
aula são: desatenção, dificuldade de concentração, hiperatividade, impulsividade, 
alheamento, agressividade física, agressividade verbal, desamparo.
 Atividades
 1. No caso de alunos com condutas típicas dentro do Transtorno de Ansieda-
de é possível que o professor elabore com a turma um projeto e realize uma pales-
tra sobre o tema. O que você pode sugerir como proposta?
 2. O aluno demonstra certa inquietude dentro da sala de aula nos momentos 
em que você solicita uma atividade individual e isso tem ocorrido com frequência. 
Quais seriam as estratégias que você visualiza como possível para trabalhar com 
esse aluno?
 2. A questão da dificuldade de relacionamento é uma característica das pes-
soas com condutas típicas e como a realidade escolar tem recebido vários casos 
da inclusão, pode ser que você seja o próximo a receber uma situação com esse 
aspecto. Como prevenção qual seria o seu trabalho?
Trechos do livro Transtornos Globais de Desenvolvimento e Altas Habilidades
da Prof.ª Ana Regina Caminha Braga
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