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S
U
M
Á
R
IO
3 Introdução
5 UNIDADE 1 - Fundamentos do raciocínio lógico
39 UNIDADE 2 - Ferramentas matemáticas aplicadas ao raciocínio lógico
58 REFERÊNCIAS
2 33
INTRODUÇÃO
“Loucura é querer resultados dife-
rentes, fazendo tudo sempre igual.”
(Abert Einstein)
Que as empresas continuamente pro-
curam profissionais mais gabaritados, ou
seja, mais dinâmicos, já é sabido por todos
nós. Mas como poderíamos diferenciar
profissionais mais gabaritados e dinâmi-
cos? Em verdade, o mercado procura pro-
fissionais que consigam tomar decisões
através de raciocínios e estratégias cor-
retas. Mas o que seria uma argumentação
correta? Nesse sentido surgem a Lógica, a
Filosofia e a Matemática que formam em
conjunto, as áreas do conhecimento que
descrevem o raciocínio lógico, que é am-
plamente utilizado para a resolução de
problemas diversos e comumente cobra-
do em concursos públicos e/ou privados.
Inicialmente deve-se observar que
quando falamos ou escrevemos, na gran-
de maioria das vezes, surgem termos e
expressões com sentido não muito claro,
inserindo assim, várias dúvidas com rela-
ção ao sentido de nossa fala e escrita, ou
seja, ambiguidade. Dessa forma, pode-se
pensar numa série de indagações,
tais como:
Qual o significado desta expressão?
Qual a sua lógica? Não são ideias contra-
ditórias? É lógico? Tem sentido? É sabido
que a terminologia “Lógica” é provenien-
te da Grécia significando “logos”, sendo a
discussão do uso de raciocínio em alguma
atividade, ou seja, o estudo normativo, fi-
losófico do raciocínio.
Historicamente, a Lógica foi estuda-
da em várias civilizações da Antiguidade,
desde a Índia, na recursão silogística, pas-
sando pela China no Moísmo e na Escola
dos Nomes, bem como, na Grécia Antiga
que a Lógica foi estabelecida como disci-
plina por Aristóteles, com a sua obra Orga-
non.
É interessante salientarmos ainda que
a Lógica examina de modo geral as formas
que a argumentação pode tomar, quais
dessas formas são válidas e quais são
sem sentido. De outra forma, ressalta-se
que em Filosofia, a Lógica tem papel fun-
damental na metafísica, ontologia, epis-
temologia e ética, enquanto que na Ma-
temática, estudam-se as formas válidas
de inferência de uma linguagem formal,
caracterizando o seu valor lógico. Já para
a Ciência da Computação, a lógica é uma
ferramenta indispensável nas linguagens
de programação e, por fim, a Lógica tam-
bém é estudada na teoria da argumenta-
ção. Atualmente, a Lógica é utilizada em
concursos de organizações privadas e go-
vernamentais nos mais variados níveis de
instrução em processos seletivos.
Portanto, o nosso módulo busca a apre-
sentação de ferramentas relacionadas à
teoria da argumentação e do raciocínio ló-
gico propriamente dito, que visa a resolu-
ção de problemas de uma forma coerente
e estruturada, seja em termos gerenciais
ou não.
As palavras acima são nossa justifi-
cativa para o módulo em estudo.
4 54
“Teoria é quando nada funciona e
todo mundo sabe o porquê.
Prática é quando tudo funciona,
mas ninguém sabe o porquê.”
(Anônimo)
“As soluções que mais interessam
a uma organização são aquelas que
aumentam a sua competitividade.”
(Kaplan)
“Você nunca sabe que resultados
virão da sua ação. Mas se você não
fizer nada, não existirão resultados.”
(Gandhi)
4 55
UNIDADE 1 - Fundamentos do raciocínio
lógico
1.1 Aspectos introdutórios
Poderíamos iniciar a abordagem do
nosso texto, indagando: “O que seria a
Lógica?” ou “O que seria o Raciocínio Ló-
gico?” Ou ainda, “Você sabe utilizar o seu
Raciocínio Lógico para a resolução de pro-
blemas?” De outra forma, “Saberia definir
uma decisão?” “Saberia classificar os di-
versos problemas e as metodologias de
resolução dos mesmos?” Sendo assim, es-
peramos responder questões como estas
e outras que nos façam entender a impor-
tância do Raciocínio Lógico e, porque não
da Lógica para a resolução de problemas
simulados diversos. É sabido que as em-
presas, de forma geral, praticam de pro-
blemas deste foco em concursos diversos,
desde instituições financeiras, bem como,
multinacionais.
Inicialmente, devemos salientar que,
de acordo com Martins (2012), o termo
“lógica” (do grego clássico λογική logos,
que significa palavra, pensamento, ideia,
argumento, relato, razão lógica ou prin-
cípio lógico), é uma ciência de índole ma-
temática e fortemente ligada à Filosofia.
Já que o pensamento é a manifestação
do conhecimento, e que o conhecimento
busca a verdade, é preciso estabelecer
algumas regras para que essa meta possa
ser atingida.
Dessa maneira, a lógica é o ramo da filo-
sofia que cuida das regras do bem pensar,
ou do pensar correto, sendo, portanto, um
instrumento do pensar. A aprendizagem
da lógica não constitui um fim em si. Ela
só tem sentido enquanto meio de garantir
que nosso pensamento proceda correta-
mente, a fim de chegar a conhecimentos
verdadeiros. Podemos, então, dizer que
a lógica trata dos argumentos, isto é, das
conclusões a que chegamos através da
apresentação de evidências que a sus-
tentam. O principal organizador da lógica
clássica foi Aristóteles, com sua obra cha-
mada Organon. Ele divide a lógica em for-
mal e material.
Nesse caso, note que a Lógica é o ramo
do conhecimento humano que estuda as
formas pelas quais se pode construir um
argumento correto. Porém, como poderí-
amos caracterizar um raciocínio correto?
Geralmente, um raciocínio é considerado
correto quando as conclusões a que se
chega são as melhores possíveis, dada a
informação disponível.
Devemos ressaltar que, ao analisarmos
uma determinada proposição, queremos
em verdade decidir se ela é verdadeira
ou não, por mais simples que seja. Exem-
plificando, quando você deve decidir pela
direção da direita ou pela direção da es-
querda, ou ainda, definir qual ramo gosta-
ria de se formar, são proposições simples,
mas que demanda de uma argumentação
para a tomada de decisão. Com relação a
esta decisão, pode-se mensurar o estudo
da Lógica em dois tipos.
Lógica Dedutiva: uma proposição
pode ser apenas verdadeira ou falsa, não
havendo alternativa intermediária.
Lógica Indutiva: uma proposição
pode ter diferentes graus de plausibilida-
de associados a ela, de acordo com esta
parece ser mais ou menos verdadeira.
6 7
Vejamos a ilustração introdutória a
seguir.
Situação Introdutória (Adaptada de
Martins, 2012):
Suponhamos que você é um guarda
de uma determinada rede de supermer-
cados, e durante a sua inspeção noturna
escuta um alarme disparar. O alarme que
disparou é o alarme de uma joalheria den-
tro do hipermercado, e a mesma está com
o vidro da frente totalmente estilhaçado.
Saindo da joalheria, você vê um homem,
vestindo uma máscara e carregando algo
na mão, em verdade um saco. Após detê-
-lo para averiguar o que está acontecen-
do, você vê que o saco está cheio das joias
da joalheria. Segue logicamente, de uma
forma dedutiva, que o indivíduo abordado
é um ladrão, ou seja, que ele estava assal-
tando a joalheria dentro do hipermercado.
Cabe ainda comentarmos que a Lógica
Dedutiva, frequentemente chamada sim-
plesmente de Lógica, lida com a verdade
de proposições. Grosso modo, uma propo-
sição corresponde ao significado de uma
dada sentença e, em lógica dedutiva, elas
são afirmações que são ou verdadeiras
ou falsas. De outro modo, com relação à
Lógica Aristotélica, proposições são en-
caradas como afirmações que afirmam
ou negam um predicado (uma qualidade)
de um sujeito. Vamos averiguar mais um
exemplo simples.
A: Sócrates é um homem.
Portanto, temos que:
B: Sócrates é mortal.
Notemos que o raciocínio acima está
correto, mas será que ele serve de um mol-
de que garanta que qualquerraciocínio
que tenha a mesma forma será correto?
Em verdade, o raciocínio do exemplo an-
terior, possui a seguinte estrutura: dada
uma premissa A, segue uma conclusão B.
O problema é saber se qualquer raciocínio
desta forma é correto.
Vejamos outro exemplo, utilizando
a mesma forma:
A: Meu automóvel é verde.
Portanto,
B: meu carro é um vegetal.
Para raciocinarmos no sentido comple-
to, vejamos o exemplo:
A B: Todo homem é mortal.
A: Sócrates é um homem.
B: Sócrates é mortal.
Aqui, pode-se caracterizar que o esque-
ma acima é válido para quaisquer inferên-
cias, chegando a uma conclusão correta,
desde que as premissas sejam corretas. A
saber, se A implica em B e se A é verdadei-
ro, logo B também o é.
Em outro sentido, quando falamos com
relação ao Raciocínio Lógico, de acordo
com Braine e Rumain (1983), para a com-
preensão de um texto, o leitor ou ouvinte
tanto utiliza o raciocínio lógico para a com-
preensão analítica (o que exige mais habi-
lidade mental) quanto o raciocínio prático
para compreensão ordinária (o que se re-
vela mais superficial).
6 7
Grosso modo, quando é necessária a
resolução de problemas, ou nos envolve-
mos em discussões ou argumentações, o
melhor é não se deixar levar pelo caminho
mais fácil e sim procurar obter uma com-
preensão a respeito da situação analisan-
do uma a uma, cuidadosamente, as pre-
missas relacionadas, de modo a tirarmos
conclusões de maneira mais exata e preci-
sa possível. Não utilizar o raciocínio lógico,
muitas vezes pode nos levar a conclusões
incorretas e a recorrer a falácias na argu-
mentação, já que, de modo prático, nos
deixaremos influenciar pelo conteúdo das
premissas e por nossas crenças. Lógica,
portanto, parte de uma dedução formal
tal que, postas duas proposições, chama-
das premissas, delas, por inferência, se
tira uma terceira, chamada conclusão. Ar-
gumentar de forma lógica é diferente de
usar manipulação, coação ou persuasão;
cada estratégia melhor se aplica a contex-
tos distintos e visa a finalidades específi-
cas.
Figura 01: Fundamentos da Lógica.
Disponível: http://educacion.udd.cl/ver-diplomado/diplomado-en-neurociencia-aplica-
da-a-la-educacion/ Acesso em: 14 nov. 2015.
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Além disso, é sabido que a Lógica tem
como sustentação para a sua descrição
teórica três princípios fundamentais. Po-
rém, antes de apresentarmos os mesmos,
vamos exemplificar a fim de compreen-
dermos os mesmos. Se considerarmos,
LEANDRO é LEONARDO, essa premissa
contraria dois princípios, que podem ser
observados, a seguir.
Primeiro Princípio (Identidade) (KELLER
e BASTOS, 2004): esse princípio nos diz
que se um enunciado é verdadeiro, ele é
verdadeiro, sempre e, de outra forma, se
ele é falso, ele é falso, sempre.
Dessa forma, observe que:
LEANDRO é LEANDRO / LEONARDO
é LEONARDO
Segundo Princípio (Não contradi-
ção) (KELLER e BASTOS, 2004): Esse
princípio nos fala que um enunciado não
pode ser verdadeiro e falso ao mesmo
tempo.
1.2 Terminologias funda-
mentais da lógica
De acordo com Martins (2013), temos
algumas nomenclaturas ou terminologias
importantes na descrição e construção
dos aspectos relacionados ao raciocínio
lógico a partir da Lógica Proposicional.
1.2.1. Tipos de argumentos
a) Argumentos dedutivos (tipo silo-
gísticos). Nestes argumentos, a verda-
de das premissas assegura a verdade da
conclusão. Se as premissas forem verda-
deiras, e o seu encadeamento adequado,
a conclusão será necessariamente ver-
dadeira. Os argumentos dedutivos não
acrescentam nada de novo ao que sabe-
mos.
Exemplo: Todos os homens são mor-
tais. Francisco é homem. Logo, Francisco
é mortal.
b) Argumentos indutivos. Neste caso,
a conclusão ultrapassa o conteúdo das
premissas. Embora estas possam ser ver-
dadeiras, a conclusão é apenas provável.
Exemplo: Todos os banhistas obser-
vados até hoje em uma determinada praia
brasileira estavam queimados pelo sol.
Logo, o próximo banhista que for obser-
vado estará queimado pelo sol (aqui te-
mos o argumento indutivo: generalização,
previsão).
c) Argumento por Analogia. Neste
tipo de argumentos, parte-se da seme-
lhança entre duas coisas para se concluir
que a propriedade de uma é a mesma que
podemos encontrar na outra. As diferen-
ças específicas são ignoradas.
Exemplo: Marte é um astro como a
Terra. A Terra é habitada. Logo, Marte é
também habitado.
d) Argumentos falaciosos. Argumen-
tos com aparência de verdadeiros ou váli-
dos, mas falsos e inválidos.
8 9
1.2.2. A nova retórica – classificação dos
argumentos
a) Argumentos Quase Lógicos. A sua
estrutura formal confere às suas conclu-
sões uma aparência lógica irrefutável.
Exemplo: A pena de morte é contra-
ditória com o objetivo de querer prevenir
a violência, uma vez que matar é sempre
considerado um ato de violência.
b) Argumentos baseados na Estru-
tura do Real. A sua estrutura está ba-
seada em fatos reais. As conclusões, por
este motivo, têm implícita a ideia que são
suscetíveis de serem confirmadas.
Exemplo: Existem crimes que destro-
em vidas humanas, logo os seus autores
devem ser castigados de acordo com a na-
tureza dos seus atos.
c) Argumentos que fundam a Es-
trutura do Real. Sua estruturação está
centrada em princípios universais, que
se supõem estruturarem a realidade. As
conclusões decorrem destes princípios,
impondo-se aparentemente como neces-
sárias. Este tipo de raciocínio parte de ca-
sos conhecidos que são assumidos como
modelos ou regras gerais. A argumenta-
ção tem por objetivo passar destes casos
particulares para uma generalização dos
exemplos.
Exemplo: A Igualdade de todos os cida-
dãos perante a Lei é um princípio sagrado
da Justiça e da coesão social; sem o respei-
to por este princípio, qualquer sociedade
desagrega-se.
1.3 Dialética: tese, antítese
e síntese
A tese é uma afirmação ou situação
inicialmente dada. A antítese é uma opo-
sição à tese. Do conflito entre tese e antí-
tese surge a síntese, que é uma situação
nova que carrega dentro de si elementos
resultantes desse embate. A síntese, en-
tão, torna-se uma nova tese, que contras-
ta com uma nova antítese gerando uma
nova síntese, em um processo em cadeia
infinito.
1.3.1 Formas de argumentação
a) Argumentação por citação: sempre
que queremos defender uma ideia, procu-
ramos pessoas ‘consagradas’, que pensam
como nós acerca do tema em evidência.
Apresentamos no corpo de nosso texto
a menção de uma informação extraída de
outra fonte. O trecho citado deve estar de
acordo com as ideias do texto, assim, tal
estratégia poderá funcionar bem.
b) Argumentação por comprova-
ção: a sustentação da argumentação se
dará a partir das informações apresenta-
das (dados, estatísticas, percentuais) que
a acompanham. Esse recurso é explorado
quando o objetivo é contestar um ponto
de vista equivocado.
c) Argumentação por raciocínio ló-
gico: a criação de relações de causa e efei-
to é um recurso utilizado para demonstrar
que uma conclusão (afirmada no texto) é
necessária, e não fruto de uma interpre-
10 11
tação pessoal que pode ser contestada.
1.4 Meios de convencimen-
to
A busca por informações é fundamen-
tal no mundo atual para as organizações
ou para as pessoas propriamente ditas,
logo, em diversos casos, temos notícias
sobre novos indicadores estatísticos, ta-
xas de juros e índices de preços, sendo
que alguns são corretos ou legítimos en-
quanto que outros são incorretos e ilegí-
timos. Tal fato está ligado aos meios de
convencimento, sendo os argumentos o
que originam a falácia ou sofisma. Dessa
forma, de acordo com Martins (2013), de-
fine-se premissa e termo como segue.
Premissa: é uma fórmula conside-
rada hipoteticamente verdadeira, dentro
de uma dada inferência.Esta se constitui
de duas partes: uma coleção de premis-
sas, e uma conclusão. Premissa, em ver-
dade, significa a proposição, o conteúdo,
as informações importantes que servem
de alicerce para o raciocínio, para um es-
tudo que levará a uma conclusão.
Termo: considerando um sistema
lógico, temos que um termo é um nome
associado a um objeto do universo de dis-
cussão.
Falácias Lógicas: são considera-
das erros de raciocínio ou de argumen-
tação, erros estes que podem ser visua-
lizados e corrigidos por pensadores que
primam pela prudência. De acordo com
Bispo (2011), as falácias são divididas em:
falácia do homem espantalho
– consiste em definir um termo para van-
tagem própria, utilizando posições defini-
das por um opositor. Este tipo de falácia é
muito utilizado no ramo político;
falácia de várias perguntas –
muito utilizada no âmbito do direito pelos
advogados em ocasiões oficiais, ao fazer
uma pergunta que em verdade é múltipla,
ou seja, uma pergunta que vale por duas
ou mais perguntas, a qual não caberia
como resposta um sim ou um não. Exem-
plificando, “Já parou de bater na sua fi-
lha?” Note que aqui, tal pergunta pode ser
desdobrada em: “Alguma vez já bateu na
sua filha?” e “Bate atualmente?”;
falácia da inversão dos quanti-
ficadores – para este tipo de falácia, va-
mos observar o seguinte exemplo: “Todas
as pessoas têm uma mãe, então, existe
alguém que é mãe de todas as pessoas”.
Figura 02: Termos utilizados na Lógica.
Fonte: Elaborado pelo próprio autor.
1.5 Elaborando a solução de
problemas lógicos e mate-
máticos
Sabemos que a tomada de decisões é
levada a cabo em todos os aspectos da
vida e em qualquer altura. Você com cer-
10 11
teza já se deparou com uma situação pro-
blema, seja ela mais simples ou mais com-
plexa. Ou seja, em algum momento teve
que tomar a decisão acerca da resolução
de um problema. Você saberia descrever o
que seria uma solução? Saberia descrever
o primeiro passo para a resolução de um
problema? Saberia caracterizar as várias
faces de problemas que temos? Entende
perfeitamente o grau de complexidade de
um problema qualquer?
Primeiramente, deve-se entender o
conceito de decisão. Para tal, decisão é
um termo do latim decisio, a decisão é uma
determinação ou resolução que se toma
acerca de uma determinada coisa. Geral-
mente, a decisão supõe iniciar ou pôr fim a
uma situação; isto é, impõe uma mudança
de estado. Os especialistas definem a de-
cisão como sendo o resultado de um pro-
cesso mental-cognitivo de uma pessoa ou
de um grupo de indivíduos. Conhece-se
como tomada de decisões ao processo
que consiste em optar por uma entre vá-
rias alternativas. Na visão organizacional
das empresas, a tomada de decisões cos-
tuma ter recurso a metodologias quanti-
tativas (com estudos de mercado, ferra-
mentas de raciocínio lógico, estatísticas,
técnicas financeiras, entre outros) para
reduzir a margem de erro. Salientamos
que existem várias definições e conceitos
de decisão, mas uma que exprime bem a
forma como será tratada aqui diz que uma
decisão é um curso de ação escolhido pela
pessoa, como o meio mais efetivo à sua
disposição para alcançar os objetivos pro-
curados, ou seja, para resolver o problema
que a incomoda.
Atualmente, o nosso universo de vivên-
cia é cada vez mais globalizado, ou seja,
temos que as organizações, de acordo
com a concorrência contínua, acirrada e
até mesmo desleal, sejam elas no âmbito
público ou privado, querem a contratação
de profissionais que consigam raciocinar
de maneira crítica em vista dos diferen-
tes problemas que surgem no decorrer de
suas vidas sociais e profissionais, tornan-
do-se, dessa forma, mais dinâmicos e ar-
gumentativos com base em critérios e em
princípios logicamente validados. Dessa
forma, é muito importante o entendimen-
to dos tipos de problemas, bem como, os
passos lógicos para a resolução e/ou en-
caminhamento da solução dos mesmos.
1.6 Problemas
O que seria um problema? É evidente
que temos algumas frases populares que
fazem parte do nosso mundo atual. Quem
nunca ouviu?
Que falta de sorte! Justo agora fura
o pneu do meu automóvel!
Algum problema, meu filho!
É, tenho que pensar e muito de
como vou sair dessa situação agora.
Grosso modo, um problema pode ser
encarado como qualquer situação que
exija o pensar do indivíduo para levar a
sua solução. Uma exigência atual do mun-
do globalizado é por gestores e/ou ad-
ministradores cada vez mais dinâmicos e
completos, neste sentido, “o pensar pro-
dutivamente” é importante e, para isso,
nada melhor do que estar familiarizado
com situações problemas que os envol-
vam, os desafiem e os motivem a querer
resolvê-las. Consequentemente, a reso-
12 13
lução de problemas tem sido reconhecida
como uma metodologia de raciocínio fun-
damental, logo, é necessário o desenvol-
vimento da habilidade de elaborar um ra-
ciocínio lógico e fazer o uso inteligente e
eficaz dos recursos disponíveis, para que
sejam propostas boas soluções aos pro-
blemas comuns do cotidiano.
1.7 Classificando os proble-
mas
Com relação aos tipos de problemas,
de acordo com Dante (2000), podemos
classificá-los em: exercícios de reconhe-
cimento, exercícios de algoritmos, proble-
mas padrão, problemas processo ou heu-
rísticos e problemas de aplicação. Cabe
ressaltar que todos eles demandam de ra-
ciocínio estruturado para resolução, bem
como, de uma sequência de passos para a
sua resolução.
Vejamos a descrição e exemplos de
cada um deles a seguir.
Exercícios de reconhecimento: seu
objetivo é fazer com que o indivíduo reco-
nheça, identifique ou lembre um conceito,
um fato específico, uma definição, uma
propriedade, entre outros.
Por exemplo:
1) Dados os números 12, 15, 100,
Figura 03: Classificação dos Problemas.
Fonte: Elaborado pelo próprio autor.
12 13
1003, 1560 e 2070, quais são primos?
2) Qual é o sucessor de 1000?
3) Duas centenas equivalem a quan-
tas dezenas?
Exercícios de algoritmos: são
aqueles que podem ser resolvidos passo
a passo, tendo como objetivo o de treinar
a habilidade em executar um dado algorit-
mo. Lembrando que um algoritmo que é
um termo muito utilizado na área compu-
tacional, é entendido como uma sequên-
cia lógica de passos.
Por exemplo:
1) Determinar o valor de [13 x 14) +
20] ÷ 5.
2) Efetuar a soma: (1008 + 1140) –
2004 + 70 x (30– 4) + 10.
3) Se 20 x 30 é igual a 600, dado n na-
tural podemos afirmar que o produto n x
(n + 1) sempre é um múltiplo de 2?
Problemas padrão: na sua reso-
lução temos o envolvimento de uma apli-
cação direta de um ou mais algoritmos
anteriormente aprendidos e não exige
qualquer estratégia. É interessante no-
tarmos que aqui, a solução do problema
já está contida no próprio enunciado, e a
tarefa básica é transformar a linguagem
usual em uma linguagem matemática,
identificando as operações ou algoritmos
necessários para a sua resolução. Comu-
mente cobrado em problemas diversos de
concursos. Eles podem ser divididos em
problemas padrão simples e compostos.
Exemplificando:
1) (Simples) Numa classe existem 45
meninos e 21 meninas. Quantos alunos
existem na classe?
2) (Simples) Uma telha pesa 1 quilo-
grama então 1 telha e meia pesa quantos
quilogramas?
3) (Composto) Carlos, Rodrigo e Ca-
etano possuem juntos 90 ingressos. Sa-
bendo que Carlos tem 32 ingressos e os
outros dois possuem quantidades iguais,
determine o número de ingressos de cada
um.
Problemas Processo: são proble-
mas em que a solução relaciona operações
não contempladas no enunciado, sendo
que, em geral, não podem ser traduzidos
de forma direta para a linguagem mate-
mática e nem solucionados pela aplicação
automática de algoritmos. Também sãocomumente reconhecidos pela nomencla-
tura problemas heurísticos.
Exemplificando:
1) Em uma reunião de uma organiza-
ção existem 8 gestores. Se cada um tro-
car um aperto de mão com todos os outros
gestores, quantos apertos de mão tere-
mos ao final desta reunião?
2) Eu, Carlos, tenho o dobro da idade
que você tinha, quando eu tinha a idade
que você tem, quando tiver a idade que eu
tenho, a soma de nossas idades será 45
anos. Quais são nossas idades atuais?
14 15
Problemas de Aplicação: são
problemas que apresentam situações di-
versas do dia a dia e que exigem o uso das
ferramentas da Matemática para serem
resolvidos. Comumente recebem a no-
menclatura de situações problema. Aqui,
podemos citar ferramentas matemáticas
simples até as mais complexas.
Exemplificando, para realizar um rela-
tório, um gerente de uma empresa precisa
saber qual é o gasto mensal, por colabora-
dor, que ele tem com a alimentação. Como
podemos ajudá-lo? Neste caso, podería-
mos indagar: Quantos colaboradores da
empresa almoçam na empresa diariamen-
te? E mensalmente? Quantos quilos de ar-
roz, macarrão, tomate, cebola, sal, entre
outros, a empresa consome por mês? Qual
o preço atual por quilo de cada um desses
alimentos? Quanto se gasta de gás?
1.8 Resolvendo um proble-
ma – passos fundamentais
Para descrevermos a solução de um
problema, podemos nos pautar em uma
metodologia que leva em consideração
quatro etapas principais, que são: com-
preender o problema, elaborar um plano,
executar um plano e fazer o retrospecto
ou verificação. Tal metodologia, segundo
Dante (2000), ou mais precisamente, tais
etapas não são rígidas, fixas e intocáveis,
pois a resolução de um problema é um
processo dinâmico, sequencial, subjetivo
e rico, não se limitando a seguir instru-
Quadro 01: Descrição das etapas de resolução de um problema.
Etapa O que pode ser feito?
Fonte: Adaptado pelo autor de Dante (2000).
Compreensão do problema
Elaboração de um Plano
O que o problema quer? O que ele deseja?
Quais são as hipóteses e as condições do
problema?
É possível fazer uma figura, um esquema ou
um diagrama, ou ainda um fluxograma?
É possível simular a resposta?
Qual é o seu plano para a resolução do pro-
blema?
Quais estratégias você tentará desenvol-
ver?
Você se lembra de um problema semelhan-
te que pode ajudá-lo a resolver este? Já re-
solveu algo parecido?
14 15
Quadro 01: Descrição das etapas de resolução de um problema.
Etapa O que pode ser feito?
ções passo a passo, tudo depende do grau
de complexidade do mesmo. Vejamos no
Quadro 1, as principais características de
cada uma dessas etapas.
Vejamos alguns exemplos que ilus-
tram os vários tipos de problemas.
Exemplo 01: Sabemos que 100 re-
presenta uma centena, enquanto que 20
representa duas dezenas, sendo assim,
quantas vezes 100 é maior do que 20, ou
seja, uma centena é maior do que duas de-
zenas?
Solução: Primeiramente, devemos cal-
cular a diferença entre 100 e 20, ou seja,
100 – 20 = 80, na sequência dividimos 80
por 4, obtendo 80 : 20 = 4, portanto 100
é 4 vezes maior que 20, ou na forma per-
centual, 100 é 400% maior que 20.
Elaboração de um Plano
Execução do Plano Anterior
Realização do retrospecto ou Verificação
Tente organizar os dados na forma tabular
e gráfica.
Tente resolver o problema por partes.
Execute o plano elaborado, verificando-o
passo a passo do mesmo.
Faça todos os cálculos indicados no plano de
ação.
Execute todas as estratégias pensadas, ob-
tendo várias maneiras de resolver o mesmo
problema.
Observe se a solução obtida está correta.
Existe um outro caminho para a resolução
deste problema?
É possível utilizar o método empregado
para resolver problemas semelhantes?
Fonte: Adaptado pelo autor de Dante (2000).
16 17
Exemplo 02: Um tijolo pesa um quilo
mais meio tijolo. Quanto pesa um tijolo e
meio?
Solução: Neste caso, notemos que de
acordo com os dados do problema, pode-
mos escrever que:
1tijolo = 1 kg + ½ tijolo 1tijolo – ½ tijolo
= 1 kg ½ tijolo = 1kg se ½ tijolo pesa 1 kg,
logicamente 1 tijolo pesa 2 kg, e um tijolo
e meio, ou seja, 1 ½ tijolo pesa 3 kg.
Exemplo 03: Um senhor na terceira
idade tinha como única herdeira sua filha,
que estava grávida, quando ele sentiu
que a vida em breve lhe faltaria, decidiu
então procurar um advogado e montar o
seu testamento. Sendo assim, ele deixou,
então, o seguinte testamento: “Deixo 1/3
da minha fortuna para minha única filha
e o restante para a criança que ela está
esperando, se for homem; deixo 1/2 de
minha fortuna para minha única filha e o
restante para a criança que ela está espe-
rando, se for mulher.”
De acordo com o testamento dei-
xado pelo senhor, analise e julgue os
itens a seguir em Verdadeiro (V) ou
Falso (F).
( V ) Se a criança for um menino a ele
caberá o dobro do que sua mãe receberá
como herança.
( F ) Suponha que a filha do senhor deu
à luz um casal de gêmeos. Dessa forma a
herança deverá ser dividida em três par-
tes iguais pelos herdeiros do senhor.
( F ) Em qualquer caso a parte da mãe
é menor do que a parte de seu(ua) filho(a).
1.9 Relacionando a lógica
com a filosofia
É sabido que a Lógica é uma ciência
de índole Matemática e intensamente li-
gada à Filosofia, pois o pensamento é a
manifestação do conhecimento, e que o
conhecimento busca a verdade, sendo as-
sim, é preciso estabelecer algumas regras
para que essa meta possa ser atingida.
Dessa forma, segundo Bispo (2011), a
Lógica é o ramo da Filosofia que cuida das
regras do bem pensar, ou do pensar cor-
reto, sendo, portanto, um instrumento do
pensar. Salienta-se que a aprendizagem
da Lógica não constitui um fim em si. Ela
só tem sentido enquanto meio de garantir
que nosso pensamento proceda correta-
mente, a fim de chegar a conhecimentos
verdadeiros.
Podemos, então, dizer que a Lógica tra-
ta dos argumentos, isto é, das conclusões
a que chegamos através da apresentação
de evidências que a sustentam. O princi-
pal organizador da lógica clássica foi Aris-
tóteles, com sua obra chamada Organon.
Ele divide a lógica em formal e material.
Definição (Sistema Lógico), de acor-
do com Bispo (2011), um sistema lógico é
um conjunto de axiomas e regras de infe-
rência que visam representar formalmen-
te o raciocínio válido.
Diferentes sistemas de lógica formal
16 17
foram construídos ao longo do tempo
quer no âmbito estrito da Lógica Teórica,
quer em aplicações práticas na compu-
tação e em Inteligência artificial. Histori-
camente, Lógica é também a designação
para o estudo de sistemas prescritivos de
raciocínio, ou seja, sistemas que definem
como se “deveria” realmente pensar para
não errar, usando a razão, dedutivamente
e indutivamente.
A forma como as pessoas realmente
raciocinam é estudado nas outras áreas,
como na psicologia cognitiva. Como ci-
ência, a Lógica define a estrutura de de-
claração e argumento e elabora fórmulas
através das quais estes podem ser codifi-
cados.
Implícita no estudo da lógica está a
compreensão do que gera um bom argu-
mento e de quais os argumentos que são
falaciosos. A Lógica filosófica lida com
descrições formais da linguagem natural.
A maior parte dos filósofos assume que
a maior parte do raciocínio “normal” pode
ser capturada pela lógica, desde que se
seja capaz de encontrar o método certo
para traduzir a linguagem corrente para
essa lógica. Note então que a Lógica For-
mal delineia um método organizado e cui-
dadoso de pensar que caracteriza qual-
quer investigação científica ou qualquer
outra atividade de raciocínio.
1.10 Lógica Proposicional –
aspectos fundamentais
De acordo com Martins (2013), a lin-
guagem natural, com a qual nos expres-samos diariamente, é muito suscetível a
ambiguidades e imprecisões. Existem fra-
ses não gramaticais que possuem sentido
(por exemplo, anúncios de classificados
no jornal) e frases perfeitamente grama-
ticais sem sentido ou com sentido múlti-
plo. Isso faz com que a linguagem não seja
apropriada para o estudo das relações ló-
gicas entre suas sentenças. Sendo assim,
no estudo da Lógica Matemática e Com-
putacional, utilizamos de uma linguagem
formal.
Definição (Linguagens Formais), de
acordo com Bispo (2011), Linguagens
Formais são objetos matemáticos, cujas
regras de formação são precisamente
definidas e às quais podemos atribuir um
único sentido, sem ambiguidade.
É interessante se observar que lingua-
gens formais podem ter diversos níveis de
expressividade. Em termos gerais, quanto
maior a expressividade, maior também a
complexidade de se manipular essas lin-
guagens. Iniciaremos nosso estudo da
lógica a partir de uma linguagem proposi-
cional, que tem uma expressividade limi-
tada, mas já permite expressar uma série
de relações lógicas interessantes. Nesse
contexto, uma proposição é um enuncia-
do ao qual podemos atribuir um valor ver-
dade (verdadeiro ou falso).
É necessário lembrar que nem toda
sentença pode possuir um valor verdade.
Por exemplo, não podemos atribuir valor
verdade a sentenças que se referem ao
seu próprio valor verdade, com a senten-
ça “esta sentença é falsa”. Esse tipo de
sentença é chamado de autorreferente e
deve ser excluído da linguagem em ques-
tão, pois, se a sentença é verdadeira, en-
tão ela é falsa; por outro lado, se ela for
18 19
falsa, então é verdadeira.
A linguagem proposicional exclui sen-
tenças autorreferentes. Dessa maneira, a
Lógica Proposicional Clássica nos permite
tratar de enunciados aos quais podemos
atribuir valor verdade (as proposições) e
as operações que permite compor pro-
posições complexas a partir de proposi-
ções mais simples, como a conjunção “e”, a
disjunção “ou”, a implicação “se...então...”
e a negação “não”. A linguagem proposi-
cional não nos permite expressar relações
sobre elementos de um conjunto, como as
noções de “todos”, “algum” ou “nenhum”.
Tais relações são chamadas de quantifica-
doras.
1.11 Proposições e princí-
pios fundamentais
Definição (Proposição), de acordo com
Martins (2013), define-se proposição ou
sentença como sendo todo o conjunto de
palavras ou símbolos que exprimem um
pensamento no sentido completo.
As proposições transmitem pensamen-
tos, isto é, afirmam fatos ou exprimem ju-
ízos que formamos a respeito de determi-
nados entes.
Vejamos alguns exemplos de pro-
posições como segue:
a) A Lua é um satélite da Terra.
b) Toda função é uma relação.
c) Goiânia é a capital de Goiás.
d) > .
e) O conjunto dos números primos é
finito.
f) O conjunto dos números racionais é
enumerável.
g) sen(90°) = 1.
A Lógica Matemática adota como re-
gras fundamentais do pensamento os
dois seguintes princípios ou axiomas. Res-
saltamos que um Axioma é uma afirmação
aceita como verdadeira sem demonstra-
ção.
Tais princípios são:
Princípio 01: (Princípio da Não Contra-
dição) – uma proposição não pode ser ver-
dadeira e falsa ao mesmo tempo.
Princípio 02: (Princípio do Terceiro Ex-
cluído) – toda a proposição ou é verdadei-
ra ou é falsa, isto é, verifica-se sempre um
destes casos e nunca um terceiro.
18 19
Segundo Bispo (2011), por conta deste
segundo princípio, fala-se que a Lógica
Matemática é uma Lógica Bivalente.
Por exemplo, as proposições citadas ante-
riormente são todas verdadeiras, contra-
riamente das proposições seguintes, que
são falsas.
(a) Luís Américo descobriu o Brasil.
(b) Einstein escreveu os Lusíadas.
(c) O conjunto dos números reais é fi-
nito.
(d) é um número inteiro.
(e) O número é irracional.
(f) A constante de Euler e é um núme-
ro irracional.
(g) Carlos é mortal.
(h) Os números transmitem conclu-
sões do mercado.
(i) A sequência dos números primos é
infinita.
(j) O conjunto dos números irracionais
é finito.
(k) tg( ) = 1.
Sendo assim, percebemos que as pro-
posições são expressões a respeito das
Figura 04: Características obrigatórias de uma proposição.
Fonte: Elaborado pelo próprio autor.
20 21
quais podemos dizer que são verdadeiras
ou falsas.
1.12 Valores lógicos das pro-
posições
Definição (Valor Lógico), de acordo com
Martins (2013), define-se valor lógico de
uma proposição a verdade se a proposição
é verdadeira e a falsidade se a proposição
é falsa.
Ressalta-se que os valores lógicos ver-
dade e falsidade de uma proposição de-
signam-se abreviadamente pelas letras
V e F, respectivamente. Dessa maneira, o
que os princípios da não contradição e do
terceiro excluído afirmam é que:
Importante! Toda a proposição tem
um, e um só, dos valores V ou F.
Consideremos, por exemplo, as se-
guintes proposições:
a) A proposição “O mercúrio é mais
pesado que a água” tem valor lógico ver-
dade (V).
b) A proposição “O Sol gira em torno
da Terra” tem valor lógico falsidade (F).
c) A cidade de São Paulo é a capital do
estado de São Paulo tem valor lógico ver-
dade (V).
d) O número 2 é o único número par
primo tem valor lógico verdade (V).
Figura 05: Caracterização das proposições.
Fonte: Elaborado pelo próprio autor.
20 21
1.13 Proposições – simples
e compostas
De acordo com Martins (2013), po-
de-se classificar as proposições da se-
guinte forma:
Simples ou Atômicas
e
Compostas ou Moleculares
Definição (Proposição Simples), de
acordo com Martins (2013), chama-se de
proposição simples ou proposição atômi-
ca aquela que não contém nenhuma outra
proposição como parte integrante de si
mesma.
Além disso, segundo Martins (2013), as
proposições simples são geralmente de-
signadas pelas letras latinas minúsculas:
p, q, r, s,..., chamadas letras proposicio-
nais.
Vejamos alguns exemplos de pro-
posições simples:
p: Carlos é careca.
q: Pedro é estudante.
r: O número 25 é quadrado perfeito.
Figura 06: Classificação das proposições.
Fonte: Elaborado pelo próprio autor.
22 23
s: Recife é a capital de Pernambuco.
Definição (Proposição Composta),
de acordo com Martins (2013), chama-se
de proposição composta ou proposição
molecular, aquela formada pela combina-
ção de duas ou mais proposições.
Segundo Martins (2013), as proposi-
ções compostas são geralmente designa-
das pelas letras latinas maiúsculas P, Q, R,
S,..., também chamadas letras proposicio-
nais.
Vejamos alguns exemplos de pro-
posições compostas:
P: Carlos é careca e Pedro é estudante.
Q: Carlos é careca ou Pedro é estudan-
te.
R: Se Carlos é careca então é infeliz.
Note que cada uma delas é formada por
duas proposições simples. As pro-
posições compostas também costumam
serem chamadas fórmulas proposicionais
ou apenas fórmulas. Quando interessa
destacar ou explicar que uma proposição
composta P é formada pela combinação
das proposições simples p, q, r, ..., escre-
vemos:
P(p, , r, ...)
As proposições simples e as proposi-
ções compostas também são chamadas
respectivamente átomos e moléculas.
Deve-se ressaltar ainda que as proposi-
ções componentes de uma proposição
composta podem ser, elas mesmas, pro-
posições compostas.
1.14 Conectivos: o que são?
Definição: de acordo com Martins
(2013), conectivos são as palavras que
usamos para formar novas proposições a
partir de outras.
Dessa forma, por exemplo, nas seguin-
tes proposições compostas:
P: O número 6 é par e o número 8 é cubo
perfeito.
Q: O triângulo ABC é retângulo ou é
isósceles.
R: Não está chovendo. Salientamos que
naliteratura encontramos que o “não” é
conhecido como modificador.
S: Se Jorge é engenheiro, então sabe
Matemática.
T: O triângulo ABC é equilátero se e so-
mente se é equiângulo.
22 23
Todos estes exemplos, são de conec-
tivos usuais da Lógica Matemática (pala-
vras grifadas em negrito), isto é, “e” , “ou”
, “não” , “se ... então” , “... se e somente
se ...”.
Figura 07: Conectivos usuais da Lógica Matemática.
Fonte: Elaborado pelo próprio autor.
1.15 Tabela Verdade: o que
são?
Vimos que segundo o Princípio do Ter-
ceiro Excluído, toda proposição simples
p é verdadeira ou falsa, isto é, tem valor
lógico V(verdade) ou o valor lógico F (falsi-
dade), ou seja, podemos escrever de for-
ma simples a seguinte disposição tabular.
P
V
F
Figura 08: Valores lógicos possíveis re-
lacionados a uma proposição p.
Fonte: Elaborado pelo próprio autor.
Em se tratando de uma proposição
composta, a determinação do seu valor
lógico, conhecidos os valores lógicos das
proposições simples componentes, faz-se
com base no seguinte princípio: “O valor
lógico de qualquer proposição composta
depende unicamente dos valores lógicos
das proposições simples componentes,
ficando por eles univocamente determi-
nado.”.
24 25
Admitindo tal princípio, para aplicá-lo
na prática à determinação do valor lógico
de uma proposição composta dada, re-
corremos quase sempre a um dispositivo
denominado tabela verdade, na qual figu-
ram todos os possíveis valores lógicos da
proposição composta correspondentes
a todas as possíveis atribuições de valo-
res lógicos às proposições simples com-
ponentes. Em verdade, segundo Martins
(2013), a tabela verdade é um instrumen-
to utilizado para determinar os valores ló-
gicos das proposições compostas, a partir
de atribuições de todos os possíveis valo-
res lógicos das proposições simples com-
ponentes. Sendo assim, por exemplo, no
caso de uma proposição composta cujas
proposições simples componentes são p e
q, as únicas possíveis atribuições de valo-
res lógicos a p e a q são:
p q
1 V V
2 V F
3 F V
4 F F
Deve-se notar que os valores lógicos V
e F se alternam dois em dois para a primei-
ra proposição p e de um em um para a se-
gunda proposição q, e que, além disso, VV,
VF, FV e FF são os arranjos binários com
repetição dos dois elementos V e F.
Para uma proposição composta cujas
proposições simples componentes são p,
q e r, as únicas possíveis atribuições de va-
lores lógicos a p, a q e a r são mostrados
abaixo:
p q r
1 V V V
2 V V F
3 V F V
4 V F F
5 F V V
6 F V F
7 F F V
8 F F F
Analogamente, observa-se que os va-
lores lógicos V e F se alternam de quatro
em quatro para a primeira proposição p,
de dois em dois para a segunda proposição
q e de um em um para a terceira proposi-
ção r, e que, além disso, VVV, VVF, VFV,
VFF, FVV, FVF, FFV e FFF são os arranjos
ternários com repetição dos dois elemen-
tos V e F.
1.16 Notações dos valores
lógicos na tabela verdade
Segundo Martins (2013), o valor lógico
de uma proposição simples p será indica-
do por V(P). Sendo assim, exprimimos que
p é verdadeira (V), escrevendo V(p) = V.
Analogamente, exprimimos que p é fal-
sa (F), escrevendo V(p) = F. Vejamos o se-
guinte exemplo ilustrativo, levando em
conta as seguintes afirmações:
p: O Sol é verde.
q: Um hexágono tem 9 diagonais.
24 25
r: 2 é raiz da equação x + 3.x – 4 = 0.
Logo, temos que:
V(p) = F, V(q) = V, V(r) = F
Analogamente, o valor lógico de uma
proposição composta P é indicado por
V(P).
Resumindo, podemos interpretar uma
tabela verdade, ou tabela de verdade ou
tabela veritativa como um tipo de tabela
matemática usada em Lógica Matemática
e Computacional para determinarmos se
uma fórmula é válida ou se um sequente
é correto. As tabelas-verdade derivam do
trabalho de Gottlob Frege, Charles Peirce
e outros da década de 1880, e tomaram a
forma atual em 1922, através dos traba-
lhos de Emil Post e Ludwig Wittgenstein.
A seguir, são apresentadas algumas figu-
ras de processos diversos associados às
tabelas verdade relacionadas.
Figura 09: Representação de uma tabela-verdade.
Fonte: Elaborado pelo próprio autor.
26 27
Figura 10: Representação de uma tabela-verdade.
Fonte: Elaborado pelo próprio autor.
26 27
1.17 Linguagem simbólica e
linguagem corrente
Segundo Martins (2013), quando uma
proposição é descrita em termos de pa-
lavras, dizemos que a mesma está em lin-
guagem corrente, enquanto que se uma
proposição for caracterizada em termos
dos símbolos lógicos, dizemos que ela
está em linguagem simbólica.
Exemplo: Traduzindo para a lin-
guagem corrente. Sendo as proposi-
ções p: Jorge é rico, q: Carlos é feliz,
então podemos escrever:
a) q p
Se Carlos é feliz, então Jorge é rico.
b) q ~p
Carlos é feliz se e somente se Jorge
não é rico.
c) ~p q
Se Jorge não é rico, então Carlos é
feliz.
Exemplo: Traduzindo para a linguagem
simbólica. Sendo as proposições p: Marcos
Figura 11: (a) Tabela-verdade e (b) Circuito para somador completo.
Fonte: Elaborado pelo próprio autor.
28 29
é alto, q: Marcos é elegante, então po-
demos escrever:
a) Marcos é alto e elegante.
p q
b) Marcos é alto, mas não é ele-
gante.
p ~ q
c) Não é verdade que Marcos é
baixo ou elegante.
~ (~ p q)
1.18 Operações lógicas so-
bre proposições
Da mesma forma com que trabalhamos
com a soma e adição entre números, mul-
tiplicação e divisão de números, em várias
situações com relação às proposições,
efetuamos muitas vezes certas opera-
ções, as quais são chamadas de operações
lógicas. Essas operações obedecem a re-
gras de um cálculo, denominado cálculo
proposicional, muito semelhante ao que
acontece no contexto da aritmética sobre
números. Aqui, estudaremos interessa-
dos em estudar as operações lógicas fun-
damentais, que são: negação, conjunção,
disjunção, disjunção exclusiva, condicio-
nal e bicondicional.
Figura 12: Principais operações lógicas fundamentais.
Fonte: Elaborado pelo próprio autor.
28 29
Definição (Negação), segundo Martins
(2013), chama-se negação de uma pro-
posição p à proposição representada por
“não p”, cujo valor lógico é a verdade (V)
quando p é falsa e a falsidade (F) quando
p é verdadeira.
Dessa maneira, “não p” tem o valor ló-
gico oposto daquele de p. Em símbolos, a
negação de p é indicada com a notação “~
p”, onde lemos: “não p”. O valor lógico da
negação de uma proposição é, portanto,
definido pela seguinte tabela-verdade
construída de forma muito simples:
p ~ p
V F
F V
Ou seja, pelas igualdades:
~V = F, ~F = V
e
V(~ p) = ~ V(p)
Vejamos alguns exemplos ilustrati-
vos.
a) p: 3 + 3 = 6 (V) e ~ p:
8 + 3 5 (F)
b) q: 1 < 3 (F) e ~ q: 9
> 3 (V)
c) r: Roma é a capital da França (F) e
~ q: Roma não é a capital da França (V)
Na linguagem comum, a negação efe-
tua-se, nos casos mais simples, antepon-
do o advérbio “não” ao verbo da proposi-
ção dada. Assim, por exemplo, a negação
da proposição:
p: O Sol é uma estrela é ~
p: O Sol não é uma estrela
Outra maneira de efetuar a negação
consiste em antepor à proposição dada
expressões, tais como “não é verda-
de que”, “é falso que”. Desta forma, por
exemplo, a negação da proposição:
q: Carlos é engenheiro é ~
q: Não é verdade que Carlos é enge-
nheiro
Ou
~ q: É falso que Carlos é engenheiro
Devemos notar ainda, que a negaçãode “Todos os homens são elegantes” é
“Nem todos os homens são elegantes” e a
de “Nenhum homem é elegante” é “Algum
homem é elegante”.
Definição (Conjunção), de acordo com
Martins (2013), chama-se conjunção de
duas proposições p e q à proposição re-
presentada por “p e q”, cujo valor lógico é
a verdade (V) quando as proposições p e
q são ambas verdadeiras e a falsidade (F)
nos demais casos.
Em símbolos, a conjunção de duas pro-
posições p e q é indicada pela notação: “p
q”, onde lemos: “p e q”.
30 31
O valor lógico da conjunção de
duas proposições é, portanto, defini-
do pela seguinte tabela-verdade:
p q p ^ q
V V V
V F F
F V F
F F F
Ou seja, pelas igualdades:
V V = V, V F = F, F V = F, F F = F
e
V(p q) = V(p) V(q)
Vejamos alguns exemplos ilustrativos.
a)
< )(52:
)(:
Vq
VbrancaéneveAp
p ^ q: A neve é branca e 2 < 5 (V)
V(p q) = V(p) V(q) = V V = V
b)
p ^ q: O enxofre é verde e 7 é um nú-
mero primo (F)
V(p q) = V(p) V(q) = F V = F
c)
p ^ q: CANTOR nasceu na Rússia e FER-
MAT era médico (F)
V(p q) = V(p) V(q) = V F = F
d)
p ^ q: e (F)
V(p q) = V(p) V(q) = F F = F
Definição (Disjunção), de acordo com
Martins (2013), chama-se disjunção de
duas proposições p e q à proposição re-
presentada por “p ou q”, cujo valor lógico
é a verdade (V) quando ao menos uma das
proposições p e q é verdadeira e a falsi-
dade (F) quando as proposições p e q são
ambas falsas.
Em símbolos, a disjunção de duas pro-
posições p e q é indicada pela notação: “p
q”, que se lê: “p ou q”.
O valor lógico da disjunção de duas pro-
posições é, portanto, definido pela se-
guinte tabela-verdade:
p q p ^ q
V V V
V F V
F V V
F F F
)(7:
)(:
Vprimonúmerouméq
FverdeéenxofreOp
)(:
)(:
FmédicoeraFERMATq
VRússiananasceuCANTORp
=
>
)(0
2
:
)(4:
Fsenq
Fp
π
π
30 31
Ou seja, pelas igualdades:
V V = V, V F = V, F V = V, F F = F
e
V(p q) = V(p) V(q)
Vejamos alguns exemplos ilustrati-
vos.
a)
=− )(549:
)(:
Vq
VFrançadacapitalaéParisp
p v q: Paris é a capital da França ou
9 – 4 = 5 (V)
V(pvq) = V(p) v V(q) = V v V = V
b)
= )(3:
)(:
Fq
VLusíadasosescreveuCAMÔESp
π
p v q: CAMÔES escreveu os Lusíadas
ou = 3 (V)
V(pvq) = V(p) v V(q) = V v F = V
c)
)(7/5:
)(:
Vprópriafraçãoumaéq
FRússiadacapitalaéRomap
p v q: Roma é a capital da Rússia e 5/7
é uma fração própria (V)
V(pvq) = V(p) v V(q) = F v V = V
d)
=− )(11:
)(:
Fq
FBahiananasceuGOMESCARLOSp
p v q: CARLOS GOMES nasceu na Bahia
ou 11 =− (F)
V( p v q ) = V(p) v V(q) = F v F = F
Definição (Disjunção Exclusiva), con-
forme Martins (2013), chama-se disjun-
ção exclusiva de duas proposições p e q a
proposição representada simbolicamente
por “p q”, que se lê: “ou p ou q” ou “p ou q,
mas não ambos”, cujo valor lógico é a ver-
dade (V) somente quando p é verdadeira
ou q é verdadeira, mas não quando p e q
são ambas verdadeiras, e a falsidade (F)
quando p e q são ambas verdadeiras ou
ambas falsas.
Na linguagem comum, a palavra “ou”
tem dois sentidos. Assim, por exemplo,
consideremos as duas seguintes proposi-
ções compostas:
P: Carlos é médico ou professor.
Q: Mário é alagoano ou gaúcho.
Na proposição P se está a indicar que
uma pelo menos das proposições “Carlos
é médico”, “Carlos é professor” é verda-
deira, podendo ser ambas verdadeiras:
“Carlos é médico e professor”. Porém, na
proposição Q, se está a precisar que uma
e somente uma das proposições “Mário é
alagoano”, “Mário é gaúcho” é verdadeira,
pois, não é possível ocorrer “Mário é ala-
32 33
goano e gaúcho”. Dessa forma, a propo-
sição P é a disjunção inclusiva ou apenas
disjunção das proposições simples “Carlos
é médico”, “Carlos é professor”, isto é:
P: Carlos é médico Carlos é pro-
fessor
Ao passo que a proposição Q é a disjun-
ção exclusiva das proposições simples
“Mário é alagoano”, “Mário é gaúcho’’, isto
é:
Q: Mário é alagoano Mário é gaú-
cho
Sendo assim, o valor lógico da disjunção
exclusiva de duas proposições é definido
pela seguinte tabela-verdade:
p q p ∨ q
V V F
V F V
F V V
F F F
Ou seja, pelas igualdades:
V ∨ V = F, V ∨ F = V, F ∨ V = V, F ∨ F = V
e
V(p ∨ q) = V(p) ∨ V(q)
Definição (Condicional), conforme
Martins (2013), chama-se proposição con-
dicional ou apenas condicional uma pro-
posição representada por “se p então q”,
cujo valor lógico é a falsidade (F) no caso
em que p é verdadeira e q é falsa e a ver-
dade (V) nos demais casos.
Em símbolos, a condicional de duas pro-
posições p e q é indicada pela notação: “p
q”, que também de uma de duas maneiras:
(i) p é condição suficiente para q.
(ii) q é condição necessária para p.
Além disso, na condicional “p q”, dize-
mos que p é o antecedente e q é o conse-
quente. O símbolo “ ” é denominado sím-
bolo de implicação.
O valor lógico da condicional de
duas proposições é, portanto, defini-
do pela seguinte tabela-verdade:
p q p∨ q
V V V
V F F
F V V
F F V
Ou seja, pelas igualdades:
V → V = V, V → F = F, F → V = V, F →
F = V
e
V(p → q) = V(p) → V(q)
Importante! Portanto, vemos que
uma condicional é verdadeira todas
as vezes que o seu antecedente é uma
proposição falsa.
Vejamos alguns exemplos ilustrativos.
32 33
a)
)(:
)(:
Vrealnúmerouméq
VdueloemmorreuGALOISp
π
p → q: Se GALOIS morreu em duelo,
então é um número real (V)
V(p q) = V(p) → V(q) = V → V = V
b)
)(:
)(31:
FplanaéTerraAq
VdiastemmaiodemêsOp
p → q: Se o mês de Maio tem 31 dias,
então a Terra é plana (F)
V(p → q) = V(p) → V(q) = V → F = V
c)
)(:
)(:
VConjuntosdosTeoriaacriouCANTORq
FLusíadasosescreveuDANTEp
p → q: Se DANTE escreveu os Lusí-
adas, então CANTOR criou a Teoria dos
Conjuntos (V)
V(p → q) = V(p) → V(q) = F → V = V
d)
)(9:
)(:
FmesestemanoOq
FCearánonasceuDUMONTSANTOSp
p → q: Se SANTOS DUMONT nasceu
no Ceará, então o ano tem 9 meses (V)
V(p → q) = V(p) → V(q) = F → F = V
Importante! Uma condicional p q não
afirma que o consequente q se deduz ou
é consequência do antecedente p. Assim,
por exemplo, as condicionais: 7 é um nú-
mero ímpar Brasília é uma cidade; 3 + 5 =
9 → SANTOS DUMONT nasceu no Ceará;
não estão a afirmar, de modo nenhum,
que o fato de “Brasília ser uma cidade” se
deduz do fato de “7 ser um número ímpar”
ou que a proposição “SANTOS DUMONT
nasceu no Ceará” é consequência da pro-
posição “3 + 5 = 9”. O que uma condicional
afirma é unicamente uma relação entre os
valores lógicos do antecedente e do con-
sequente de acordo com a tabela-verdade
anterior.
Definição (Bicondicional), conforme
Martins (2013), chama-se proposição bi-
condicional ou apenas bicondicional uma
proposição representada por “p se e so-
mente se q”, cujo valor lógico é a verdade
(V) quando p e q são ambas verdadeiras
ou ambas falsas, e a falsidade (F) nos de-
mais casos.
Em símbolos, a bicondicional de duas
proposições p e q é indicada pela notação:
“p q”, que também de uma de duas manei-
ras:
(i) p é condição necessária e sufi-
ciente para q.
(ii) q é condição necessária e su-
ficiente parap.
34 35
O valor lógico da bicondicional de
duas proposições é, portanto, defini-
do pela seguinte tabela-verdade:
p q p ↔ q
V V V
V F F
F V F
F F V
Ou seja, pelas igualdades:
V ↔ V = V, V ↔ F = F, F ↔ V = F, F ↔
F = V
e
V(p ↔ q) = V(p) ↔ V(q)
Importante! Portanto, vemos que uma
bicondicional é verdadeira somente quan-
do também o são as duas condicionais: p
↔ q e q ↔ p.
Vejamos alguns exemplos ilustrati-
vos.
a)
)(:
)(:
VbrancaéneveAq
VEuropanaficaRomap
p ↔ q: Roma fica na Europa se e so-
mente se a neve é branca (V)
V(p ↔ q) = V(p)↔ V(q) = V ↔ V = V
b)
= )(3
4
:
)(:
Ftgq
VPortugaldecapitalaéLisboap
π
p ↔ q: Lisboa é a capital de Portugal
se e somente se 3
4
=
πtg (F)
V(p↔ q) = V(p) ↔ V(q) = V↔ F = F
c)
)(:
)(:
VenforcadofoiTIRADENTESq
FBrasilodescobriuGAMADAVASCOp
p ↔ q: VASCO DA GAMA descobriu
o Brasil se e somente se TIRADENTES en-
forcado (F)
V(p ↔ q) = V(p) ↔ V(q) = F ↔ V = F
d)
)(2:
)(:
Fracionalnúmerouméq
FplanaéTerraAp
p ↔ q: A Terra é plana se e somente
se 2 é um número racional (V)
V(p ↔ q) = V(p) ↔ V(q) = F ↔ F = V
1.19 Caracterizando a tabe-
la verdade de uma proposi-
ção composta
Se considerarmos uma série de propo-
34 35
sições simples p, q, r, s,..., podemos com-
biná-las com a utilização dos conectivos
lógicos: ~, ↔→∨∧ ,,, . Além disso, vimos
que podemos construir proposições com-
postas,
como por exemplo:
P(p, q) = ~ p (p q)
Q(p, q) = (p ↔ ~q) ∧ q
R(p, q, r) = (p → ~q ∨ r) ~(q ∨ (p ↔ ~
r))
Dessa maneira, se utilizarmos as tabe-
las-verdade das operações lógicas funda-
mentais:
~ p, p ∧ q, p ∨ q, p → q, p ↔ q
É possível construirmos uma tabela-
-verdade correspondente a qualquer pro-
posição composta dada, tabela-verdade
esta que mostrará exatamente os casos
em que a proposição composta será ver-
dadeira (V) ou falsa (F), admitindo-se,
como é sabido, que o seu valor lógico só
depende dos valores lógicos das proposi-
ções simples componentes. Salientamos
que primeiramente, para a construção de
uma tabela-verdade para uma dada com-
posição composta, vamos discutir com re-
lação ao número de linhas desta nova ta-
bela. Sabemos que o número de linhas da
tabela-verdade de uma proposição com-
posta depende do número de proposições
simples que a integram, sendo dado pelo
seguinte Teorema 01 abaixo.
Teorema 01 (Número de Linhas da
Tabela-verdade de uma Proposição Com-
posta), segundo Martins (2013), a tabe-
la-verdade de uma proposição composta
com n proposições simples componentes
contém 2 linhas.
Para a construção prática da tabela-
-verdade de uma proposição com-
posta, iniciamos por contar o número de
proposições simples que a integram. Se
há n proposições simples componentes: p
1 , p 2 , p 3 ,..., p n , então a tabela-verdade
contém 2 n linhas. Para isto, à 1 a propo-
sição simples p 1 atribuem-se 2
2n = 2 1−n
valores V
seguidos de 2 1−n valores F; à 2 a pro-
posição simples p 2 atribuem-se 4
2n = 2
2−n valores V,
seguidos de 2 2−n valores F, seguidos de
2 2−n valores V, seguidos, finalmente, de 2
2−n valores F; e assim por diante. Generi-
camente, a k-ésima proposição simples p
k (k ≤ n) atribui-se alternadamente k
n
2
2 =
2 kn− valores V
seguidos de igual número de valores F.
No caso, por exemplo, de uma proposição
composta com cinco (5) proposições sim-
ples componentes, a tabela-verdade con-
tém 2 5 linhas, e os grupos de valores V e
F se alternam de 16 em 16 para a 1 a pro-
posição simples p 1 , de 8 em 8 para a 2 a
proposição simples p 2 , de 4 em 4 para a 3
a proposição simples p 3 , de 2 em 2 para
a 4 a proposição simples p 4 , e, enfim de
1 em 1 para a 5 a proposição simples p 5 .
Vejamos um exemplo ilustrativo.
Exemplo: Vamos construir a tabela-
36 37
-verdade da proposição composta:
P(p, q) = ~ (p ∧ ~ q)
Solução: Apresentaremos a constru-
ção da tabela-verdade solicitada no exem-
plo, de três modos diferentes.
1° Modo de Resolução: Formamos
em primeiro lugar, o par de colunas cor-
respondentes às duas proposições sim-
ples componentes p e q. A seguir, forma-
mos a coluna para ~q. Depois, formamos a
coluna para (p ~q). E, por fim, formamos a
coluna relativa aos valores lógicos da pro-
posição composta dada.
p q ~q p ∧ ~q ~ (p ∧ ~ q)
V V F F V
V F V V F
F V F F V
F F V F V
2° Modo de Resolução: formamos
em primeiro lugar as colunas correspon-
dentes às duas proposições simples p e q.
Em seguida, à direita, traçamos uma co-
luna para cada uma dessas proposições e
para cada um dos conectivos que figuram
na proposição composta dada.
p q ~ (p ∧ ~ q)
V V
V F
F V
F F
Depois, numa certa ordem, completa-
mos essas colunas, escrevendo em cada
uma delas os valores lógicos convenien-
tes, no modo abaixo indicado:
p q ~ (p ∧ ~ q)
V V V V F F F
V F F V V V F
F V V F F F V
F F V F F V F
4 1 3 2 1
Os valores lógicos da proposição com-
posta dada encontram-se na coluna com-
pletada em último lugar (Coluna 4). Por-
tanto, os valores lógicos da proposição
composta dada correspondem a todas as
possíveis atribuições dos valores lógicos V
e F às proposições simples componentes
p e q (VV, VF, FV e FF) são V, F, V e V, isto
é, simbolicamente:
P(VV) = V, P(VF) = F, P(FV) = V,
P(FF) = V
Ou seja, de forma simplificada:
P(VV, VF, FV, FF) = VFVV
Note que a proposição P(p, q) associa
a cada um dos elementos do conjunto U
= {VV, VF, FV, FF} um único elemento do
conjunto {V, F}, isto é, P(p, q) outra coisa
não é que uma função de U em {V, F}:
P(p, q): U {V, F}
36 37
1.20 Tautologias, contradi-
ções e contingências
Poderíamos iniciar a abordagem do
nosso texto, indagando: “O que seria a Ló-
gica?” ou “O que seria o Raciocínio?
Definição (Tautologia), chamamos de
tautologia ou proposição logicamente
verdadeira, a toda proposição composta
cujo valor lógico será sempre V (Verdade)
independentemente dos valores lógicos
das proposições simples que a compõem.
Definição (Contradição), chamamos de
contradição ou proposição logicamente
falsa, a toda proposição composta cujo
valor lógico será sempre F (Falsidade),
independentemente dos valores lógicos
das proposições simples que a compõem.
Definição (Contingência), chamamos de
contingência a uma proposição compos-
ta em que possui tanto valores lógicos V
como F é dita uma contingencia, ou seja,
uma contingência nada mais é do que uma
proposição em que na última coluna com-
parece tanto V quanto F.
1.21 Implicação e equiva-
lência lógica
Segundo Martins (2013), dizemos que
uma proposição P implica logicamente
ou apenas implica uma proposição Q, se
Q é verdadeira (V) todas as vezes que P é
verdadeira (V). Observe claramente, que
dizermos que uma proposição P implica
logicamente Q significa que todas as ve-
zes que nas respectivas tabelas verdade
dessas duas proposições não aparece V
na última coluna de P e F na última colu-
na de Q, com V e F em linha comum, isto
é, não ocorre de modo simultâneo valores
lógicos V e F para P e Q.
Exemplo: Consideremos a tabela ver-
dade a seguir que nos mostra as proposi-
ções p, p q, e p q .
p q p ∨ q p ∨ q p ↔ q
V V V V V
V F F V F
F V F V F
F F F FV
De acordo com a mesma, percebemos
que a proposição “p q” é verdadeira (V) so-
mente na linha 1 e, nesta linha, as propo-
sições “p q” e “p q” também são verdadei-
ras (V). Dessa forma, a partir da definição
formal descrita anteriormente da implica-
ção, notamos que a proposição “p q” impli-
ca p q, bem como, “p q” implica p q, donde
escrevemos em símbolos p q p q e p q p q.
De outra forma, segundo Martins
(2013), fala-se que uma proposição P é
logicamente equivalente ou apenas equi-
valente a uma proposição Q, se as tabe-
las verdade destas duas proposições são
idênticas, ou seja, quando apresentam os
mesmos valores lógicos respectivamente.
Exemplo: Consideremos a tabela ver-
dade a seguir que nos mostra as proposi-
ções “p” e “~ ~ p”.
38 39
p ~ p ~ ~ p
V F V
F V F
Ou seja, este exemplo, nos mostra que
a dupla negação equivale à afirmação.
Dessa forma, a partir da definição formal
descrita anteriormente da equivalência,
notamos que as proposições p e (~ ~ p)
são logicamente equivalentes ou equiva-
lentes, donde escrevemos em símbolos
“p” ⇔ “~ ~ p”.
38
38 3939
UNIDADE 2 - Ferramentas matemáticas
aplicadas ao raciocínio lógico
2.1 Aspectos Introdutórios
Agora estaremos interessados em
apresentar algumas ferramentas da Ma-
temática, da Matemática Aplicada para a
resolução de problemas envolvendo o ra-
ciocínio lógico. Em verdade, temos diver-
sas ferramentas desde as mais simples
até as mais complicadas no intuito da re-
solução de problemas diversos.
2.2 Grandezas Proporcio-
nais
Se uma propriedade X de uma substân-
cia está relacionada à outra propriedade Y
e se uma depende da outra, dizemos que
X é proporcional a Y. O símbolo α (alfa) indi-
ca a proporcionalidade. Ou seja, em geral
dizemos que: duas grandezas são direta-
mente proporcionais quando, aumentan-
do (ou diminuindo) uma delas numa de-
terminada razão, a outra aumenta (ou
diminui) nessa mesma razão.
Notação: X α Y (X é diretamente pro-
porcional a Y)
A densidade, por exemplo, é a constan-
te que relaciona a proporcionalidade dire-
ta entre a massa e o volume de qualquer
substância. Por definição, sabemos que
a densidade é igual à massa dividida pelo
volume. Dessa forma:
d =
m α V
(Massa é diretamente proporcional ao
volume)
m = dV
(Massa é igual à densidade multiplicada
pelo volume)
Contrariamente, temos também a pro-
porcionalidade inversa ou indireta, acon-
tecendo quando qualquer aumento de X,
acarreta em uma diminuição proporcio-
nal em Y e vice-versa. Em geral, temos
que: duas grandezas são inversamente
proporcionais quando, diminuindo (ou
aumentando) uma delas numa determi-
nada razão, a outra diminui (ou aumenta)
nessa mesma razão. Neste caso, a rela-
ção de pressão com o volume é uma rela-
ção inversamente proporcional, pois para
uma mesma massa e mantida a mesma
temperatura, um aumento de pressão irá
acarretar em uma diminuição do volume e
vice-versa.
P α
V
1
(Pressão é inversamente proporcio-
nal ao volume)
Os problemas de proporcionalidade são
resolvidos por Regra de Três, que se trata
de uma maneira bastante prática e sim-
ples que discutiremos a seguir.
40 41
2.3 Regra de três simples
Ao analisarmos grandezas proporcio-
nais, procuramos apenas reconhecer a
natureza da dependência entre elas. Aqui,
vamos ampliar nossa análise incluindo va-
lores numéricos envolvidos nessa depen-
dência e determinando os que são desco-
nhecidos.
Para tal, vejamos a seguinte situação
introdutória.
Situação Problema: Suponha que
seja de seu interesse determinar a distân-
cia que um automóvel percorrerá em 8 ho-
ras, sabendo que, se a mesma velocidade
for mantida durante 6 horas o carro per-
correrá 900 km.
Primeiramente, para a resolução desta
situação, duas questões são colocadas: a
primeira é quanto à natureza da propor-
ção entre as grandezas envolvidas, e a
segunda refere-se à montagem da pro-
porção. Ao conjunto de respostas dessas
duas questões e à determinação do valor
desconhecido denominamos de Regra de
Três.
Solução: Neste caso, montamos a re-
gra de três da seguinte forma, dispondo
as grandezas, bem como os valores envol-
vidos, de modo que possamos reconhecer
a natureza da proporção e escrevê-la.
Figura 13: Tipos de Regra de Três.
Fonte: Elaborado pelo próprio autor.
Grandeza 1 (Tempo) Grandeza 2 (Tempo percorrido)
6
8
90
X
40 41
Observemos que colocamos na mesma
linha valores que se correspondem: 6 ho-
ras e 900 km, 8 horas e o valor desconhe-
cido. Além disso, utilizamos as setas para
indicar a natureza da proporção entre as
grandezas. Caso elas estejam no mesmo
sentido, as grandezas são diretamente
proporcionais. Caso estejam em sentidos
contrários, são inversamente proporcio-
nais. Nesta situação introdutória, para
estabelecer se as setas têm o mesmo
sentido, é necessário respondermos à in-
dagação: Considerando a mesma velocida-
de, se aumentarmos o tempo, aumentará
a distância percorrida? Como a resposta a
essa questão é afirmativa, descobrimos
que as grandezas são diretamente pro-
porcionais.
Sendo assim, podemos escrever:
8
6
x
900
Ou seja:
6.x = 8.900
x =
6
7200
x = 1200
Portanto, concluímos que o automóvel
percorrerá 1200 km em 8 horas.
Notemos que claramente neste exem-
plo, temos uma Regra de Três do tipo
Simples Direta.
Vejamos outra situação que ilustrare-
mos um exemplo envolvendo uma Regra
de Três do tipo Simples Inversa.
Situação Problema: Suponha que um
automóvel, com velocidade média de 90
km/h, percorre um certo espaço durante
8 horas. Qual seria o tempo necessário
para percorrer o mesmo espaço com uma
velocidade média de 60 km/h?
Solução: Neste caso, podemos montar
a seguinte disposição:
=
42 43
Agora devemos responder a seguinte
indagação: Mantendo o mesmo espaço
percorrido, se aumentarmos a velocida-
de, o tempo aumentará? A resposta é
portanto Negativa. Vemos, então, que as
grandezas envolvidas são inversamente
proporcionais. Como a proporção é inver-
sa, será necessário invertermos a ordem
dos termos de uma das colunas, tomando
a proporção direta. Sendo assim, modi-
ficamos a disposição acima, reescre-
vendo agora da seguinte forma:
Grandeza 1 (Tempo) Grandeza 2 (Velocidade)
Grandeza 1 (Tempo) Grandeza 2 (Velocidade)
8
x
8
x
90
X
60
90
X
60
Logo, podemos escrever a proporção:
x
8
=
Ou seja:
60.x = 8.90
x =
x = 12
Vejamos mais alguns exemplos resol-
vidos envolvendo, Regra de Três Simples
Direta e Regra de Três Simples Inversa.
Situação Problema: Numa determi-
nada indústria farmacêutica, 16 funcio-
nários com igual capacidade de trabalho
realizam uma tarefa durante 45 dias. Com
apenas 10 funcionários, em quantos dias
será realizada a mesma tarefa?
Solução: Neste caso, podemos
montar a seguinte disposição:
=
60
90
_
890
60
_
42 43
Notemos que colocamos as setas com
sentidos contrários, já que se aumentar-
mos o número de funcionários, diminuirá
o tempo necessário para efetuar a mesma
tarefa. Então, temos uma proporção in-
versa, o que torna necessária uma inver-
são de termos em qualquer uma das colu-
nas.
Sendo assim, escrevemos:
16 x
10 5
Daí, segue que:
Ou seja:
x = 72
Em outras palavras, a mesma tarefa
será executada em 72 dias.
Situação Problema: Comprei 15 kg de
feijão por R$ 360,00. Quantos quilos po-
deria comprar, se tivesse R$ 1.200,00?
Solução: Neste caso, podemos
montar a seguinte disposição:Grandeza 1 (Número de Funcionários) Grandeza 2 (Dias de Trabalho)
Grandeza 1 (Quantidade de feijão) Grandeza 2 (Preço)
16
10
15
x
45
X
360
1200
=16 x10 45
_ _
44 45
A proporção entre as grandezas é dire-
ta, porque, se aumentarmos a quantidade
de feijão que vamos comprar, aumentare-
mos o gasto.
Dessa maneira, a proporção neces-
sária será :
Ou seja:
x = 50
Em outras palavras, poderia comprar
50 kg de feijão.
Importante! Regra de Três Simples é um
processo prático utilizado para resolver
problemas que envolvam pares de gran-
dezas direta ou inversamente proporcio-
nais. Essas grandezas formam uma pro-
porção em que se conhecem três termos
e o quarto termo é procurado.
2.4 Regra de três Composta
Como resolver problemas semelhantes
aos anteriores, mas apresentando mais
de duas grandezas? Ou seja, vamos agora
utilizar a Regra de Três para resolver al-
gumas situações em que nos deparamos
com mais de duas grandezas, ou seja, es-
tão envolvidas mais de duas grandezas
proporcionais. Como exemplo introdutó-
rio, analisemos a seguinte situação.
Situação Problema: Numa empresa
alimentícea, 10 máquinas trabalhando 20
dias produzem 2000 unidades de deter-
minado produto. Quantas máquinas serão
necessárias para produzir 1680 unidades
deste produto em 6 dias?
Solução: Como nos exemplos ante-
riores, devemos verificar a natureza da
proporção entre as grandezas e escrever
essa proporção. Vamos utilizar o mesmo
modo para dispor as grandezas e os valo-
res envolvidos.
=15 360 x 1200
_ _
Grandeza 1 (Torneiras) Grandeza 2 (Dias) Grandeza 3 (Uni
dades do produto)
10
x
20
6
2000
1680
44 45
Para estabelecermos o sentido das se-
tas, é necessário que fixemos uma das
grandezas e relacioná-la com as outras.
Suponhamos então que o número de dias
seja fixo e, consideremos a seguinte in-
dagação: Aumentando o número de má-
quinas, aumentará o número de unidades
produzidas do produto? A resposta a essa
questão é Afirmativa. Dessa forma, as
grandezas 1 e 3 são diretamente propor-
cionais.
Agora, suponhamos fixo o número de
unidades produzidas do produto, respon-
demos a seguinte questão: Aumentando
o número de máquinas, aumentará o nú-
mero de dias necessários para o trabalho?
Neste caso, percebemos que a resposta é
Negativa. Logo, as grandezas 1 e 2 são in-
versamente proporcionais.
Para escrevermos corretamente a pro-
porção, devemos fazer com que todas es-
tejam no mesmo sentido, invertendo os
termos das colunas convenientes. Natu-
ralmente, neste exemplo, fica mais fácil
inverter a coluna da grandeza 2,
daí podemos dispor da seguinte
forma:
Grandeza 1 (Número de máquinas) Grandeza 2 (Dias) Grandeza 3 (Uni
dades do produto)
10
x
6
20
2000
1680
Vamos utilizar agora (lembrarmos) que
uma grandeza proporcional a duas outras
é também proporcional ao produto delas.
Assim, vamos escrever a proporção:
Ou seja,
x = 28
Portanto, concluímos que serão neces-
sárias 28 máquinas para produzir 1680
unidades do produto.
Vejamos mais alguns exemplos resolvi-
dos envolvendo a interpretação de Regra
de Três Composta.
Situação Problema: Uma torneira en-
che um tanque em 20 horas, com uma va-
zão de 1 L por minuto. Quanto tempo será
necessário para que duas torneiras, com
vazão de 2 L por minuto, encham o mes-
mo tanque?
Solução: Neste caso, temos a seguinte
disposição:
=10 6 x 20
_ _ 2000
1680
46 47
Comparando as grandezas número de
torneiras e vazão com a grandeza número
de horas, que mantém a incógnita x,
percebemos que:
i) Mantendo fixo o número de torneiras
e aumentando a vazão, o tempo de encher
o tanque deverá ser menor. Desse modo,
diminuirá o número de horas. Essas gran-
dezas são, portanto, inversamente pro-
porcionais. Logo, as setas devem ser colo-
cadas em sentidos contrários.
ii) Mantendo fixa a vazão e aumentan-
do o número de torneiras, o tempo para
encher o tanque deverá ser menor. Desse
modo, diminuirá o número de horas. Essas
grandezas são, portanto, inversamente
proporcionais. Logo, as setas devem ser
colocadas em sentidos contrários.
Dessa forma, já considerando a in-
versão das colunas, a proporção deve
ser:
Ou seja,
x = 5
Portanto, concluímos que serão neces-
sárias 5 horas para encher o tanque.
2.5 Teoria dos conjuntos e
aplicações
A partir da segunda metade do século
passado, os pesquisadores passaram a se
preocupar, cada vez mais, com modelos
teóricos capazes de abranger também os
aspectos qualitativos, além dos aspectos
quantitativos, de cada um dos infinitos
fenômenos que compõem o nosso mundo
real.
Procurou-se, portanto, uma linguagem
universal que permitisse descrever, de
maneira precisa e concisa, todos estes
modelos, desde os existentes até aque-
les que porventura viessem a ser criados,
sendo assim, nasce e é estruturada a te-
oria dos conjuntos, que também constitui
uma poderosa ferramenta para a reso-
lução de problemas de raciocínio lógico.
Especificamente falando, o diagrama de
Venn é uma ferramenta prática para a re-
solução de problemas.
2.6 Conceitos fundamentais
da teoria de conjuntos
O pontapé inicial da teoria dos con-
juntos consiste nos conceitos primitivos
de conjunto, elemento de um conjunto e
Grandeza 1 (Número de máquinas) Grandeza 2 (Dias) Grandeza 3 (Uni
dades do produto)
1
2
20
6
1
2
=20 2 x 1
_ _ 2
1
46 47
igualdade de conjuntos. Dessa maneira,
para indicarmos que x é um elemento do
conjunto A, escrevemos x A (leia-se x per-
tence a A). Contrariamente, se escrever-
mos x A, significa que x não é elemento
do conjunto A. Conjunto é uma estrutura
que agrupa objetos e constitui uma base
para a construção de estruturas mais
complexas, logo, além de representarmos
um conjunto por uma letra, na maioria das
vezes maiúscula, podemos usar mais três
representações distintas, que são:
a) Enumerando os seus elementos:
{a, e, i, o, u} conjunto das vogais,
{0, 1, 2, 3, 4,..., 2009,...} conjunto dos
números naturais (IN)
b) Descrevendo os elementos do
conjunto por uma propriedade exclu-
siva dos mesmos: IN = {x / x é um núme-
ro natural}; V = {x/ x é uma vogal}.
c) Representação Gráfica pelo Dia-
grama de Venn, que constitui uma exce-
lente ferramenta para visualizarmos as
relações entre elementos e conjuntos,
bem como entre os conjuntos, como mos-
trado na Figura 14 a seguir.
Figura 14: Exemplos de Diagramas de
Venn.
Fonte: Elaborado pelo próprio autor.
Dessa maneira, de acordo com Dante
(2000), dizemos que dois conjuntos A e
B são iguais quando possuem os mesmos
elementos, isto é, todo elemento de A é
também elemento de B e, todo elemento
de B é elemento de A. Tal fato é denota-
do por A = B. Por exemplo, os conjuntos A
= {3, 4, 7} e B = {4, 7, 3} são iguais. Além
disso, dados os conjuntos A e B, dizemos
que B é subconjunto de A se, e somente
se, todo elemento de B é elemento de A.
Esta relação é dita relação de inclusão,
sendo denotada por B A (lemos B está
contido em A). Por outro lado, se existir
pelo menos um elemento de B que não é
elemento de A, escrevemos B A e, neste
caso, B não é um subconjunto de A, isto
é, não está contido em A. Vejamos alguns
exemplos.
1) {a, e} {a, e, i, o, u}
2) {1, 2} {1, 3, 5}
3) {1, 2, 3, 4} {1, 2, 3, 4, 7, 8, 9}
4) {19, 7, -3} {-4, 18, 20}
Salienta-se ainda que um conjunto
especialmente importante é o conjunto
vazio, ou seja, o conjunto que não possui
elementos, o qual é representado pelo
símbolo ou por { }. Sendo assim, o conjun-
to de todos os brasileiroscom mais de 300
anos e o conjunto de todos os números os
quais são simultaneamente pares e ím-
pares são exemplos de conjuntos vazios.
Além disso, de modo geral, nas aplicações
48 49
da teoria dos conjuntos, todos os conjun-
tos considerados são subconjuntos de um
mesmo conjunto U, chamado de conjunto
universo. Assim, por exemplo, o conjunto
A = {2, 3, 4} é um subconjunto de U = IN
(conjunto dos números naturais). Veja-
mos mais algumas definições universais
envolvendo a teoria de conjuntos que são
utilizadas para a resolução de problemas
diversos, tais definições são as operações
envolvendo os conjuntos.
Definição: Chamamos de união de A e
B ao conjunto A B formado pelos elemen-
tos que pertencem a A ou a B ou a ambos.
Em símbolos, a união entre A e B é carac-
terizada por A B = {x | x A ou x B}.
Definição: Chamamos de intersecção
de A e B ao conjunto A B formado pelos
elementos que são comuns aos dois con-
juntos. Em símbolos, a intersecção entre
A e B é caracterizada por A B = {x | x A e x
B}.
Definição: Chamamos de diferença A –
B ao conjunto dos elementos que perten-
cem a A (ao primeiro) e não pertencem a
B (ao segundo). Em símbolos a diferença A
– B é definida da seguinte forma A – B = {x
| x A e x B}. Por exemplo, se consideremos
os conjuntos A = {x IN | x > 2} e B = {x IN |
x = x}, então A – B = {3, 4, 5, 6,...} e B – A
= {0, 1}.
Situação Problema: Uma prova de
Lógica era constituída de dois problemas.
300 alunos acertaram somente um dos
problemas, 260 acertaram o segundo,
100 alunos acertaram os dois e 210 erra-
ram o primeiro. Quantos alunos fizeram a
prova?
Solução: Vamos resolver o exercício
utilizando o Diagrama de Venn, para tal
consideremos os conjuntos A = {alunos
que acertaram o primeiro problema} e B =
{alunos que acertaram o segundo proble-
ma}.
Sugestão! Neste tipo de situação sem-
pre devemos começar pela interseção en-
tre os conjuntos envolvidos na questão.
Figura 15: O diagrama de Venn do pro-
blema.
Fonte: Elaborado pelo próprio autor.
Dessa forma:
Primeiro Passo: colocar o valor 100 (A
B);
Segundo Passo: colocar o valor 160
(260 – 100);
Terceiro Passo: colocar o valor 210 (210
= número de alunos que erraram o primei-
ro problema);
Quarto Passo: colocar o valor 140 (140
= 300 – 160);
48 49
Portanto, o total de alunos que fizeram
a prova é dado por 140 + 100 + 160 + 50
= 450 alunos.
Situação Problema: Determine a
validade do seguinte argumento:
S : Todos meus amigos são músicos.
S : João é meu amigo.
S : Nenhum dos meus vizinhos é musi-
co.
S: João não é meu vizinho.
Solução: Note que as premissas S e S
permitem construir o Diagrama de Venn
mostrado na Figura 16 a seguir. Por S João
pertence ao conjunto de amigos que é
disjunto do conjunto de vizinhos. Logo, S
é uma conclusão válida e, portanto, o ar-
gumento é válido.
Figura 16: O diagrama de Venn do pro-
blema.
Fonte: Elaborado pelo próprio autor.
2.7 Porcentagem ou percen-
tagem e aplicações
O estudo da porcentagem (ou percen-
tagem) é ainda um modo de comparar nú-
meros, usando a proporção direta. Entre-
tanto, uma das razões dessa proporção
deverá ser sempre uma fração de deno-
minador 100. Vamos deixar isso mais cla-
ro: numa situação em que você tenha que
calcular 40% de R$ 300,00, será neces-
sário determinar um valor que represen-
te, em 300, o mesmo que 40 em 100. Isso
pode ser resumido na proporção:
Definindo de acordo com o Dicionário
Aurélio, porcentagem (ou percenta-
gem) é uma parte proporcional calculada
sobre uma quantidade de 100 unidades.
Além de ser muito utilizada, ela é extre-
mamente importante em diversas aplica-
ções do nosso dia a dia. A solução de pro-
blemas envolvendo cálculos percentuais é
encontrada considerando sempre o total
como sendo 100 unidades, ou 100%.
Situação Problema: (Dimensiona-
mento das Áreas de Um Restaurante) O
planejamento de um restaurante está
sujeito a múltiplas influências por parte
dos clientes, de novas tecnologias e mo-
dismo. O conceito atual prevê que 40% da
área seja da produção, 20% para armaze-
nagem e os 40% restantes para atendi-
mento ao cliente. Já o novo conceito prevê
as porcentagens de 20%, 20% e 60%,
respectivamente. Uma nutricionista foi
contratada para planejar um restauran-
te numa área de 230 m . Quais serão os
tamanhos da produção, armazenagem e
atendimento, nos dois conceitos?
Solução: Notemos inicialmente, que a
área total vale 100%, dessa forma segue
=40 x100 300
_ _
50 51
que:
Conceito Atual:
- Para a Produção, temos que:
100 % (Área Total) 230 m
40% (Produção) x m
Donde concluímos que o valor de x
é dado por:
- Para a Armazenagem, temos que:
100 % (Área Total) 230 m
20% (Armazenagem) y m
Donde concluímos que o valor de y
é dado por:
- Para o Atendimento, temos que:
100 % (Área Total) 230 m
40% (Atendimento) z m
Donde concluímos que o valor de z
é dado por:
Novo Conceito: Analogamente, te-
mos que:
- Para a Produção, temos que:
100 % (Área Total) 230 m
20% (Produção) x m
Donde concluímos que o valor de x
é dado por:
=
=
=
=
40.230
40.230
20.230
20.230
100
100
100
100
x
z
y
x
=
=
=
=
92m²
92m²
46m²
46m²
50 51
- Para a Armazenagem, temos que:
100 % (Área Total) 230 m
20% (Armazenagem) y m
Donde concluímos que o valor de y
é dado por:
- Para o Atendimento, temos que:
100 % (Área Total) 230 m
60% (Atendimento) z m
Donde concluímos que o valor de z
é dado por:
No Conceito Atual – Produção: 92
m , Armazenagem: 46 m , Atendimento:
92 m .
No Novo Conceito – Produção: 46 m
, Armazenagem: 46 m , Atendimento: 138
m .
2.8 Curiosidade? Diet é igual
a light?
A noção para tal indagação é NÃO, ou
seja, os produtos diet são diferentes dos
produtos light.
Figura 17: Diet é diferente de Light.
Fonte: Elaborado pelo próprio autor.
A diminuição percentual tem sido bas-
tante abordada nos novos lançamentos,
pois os produtos light, por legislação es-
pecífica, devem conter algumas quanti-
dades (dentre estas as calorias) percen-
tualmente menores que seus familiares
convencionais. Já os produtos diet são
aqueles fabricados com redução máxima
de algum componente (não necessaria-
mente energético) e que são usados em
programas alimentares especiais, onde
existe a necessidade de alguma restrição,
por exemplo, ausência de sal (para hiper-
tensos), ausência de açúcar (para diabéti-
=
=
20.230
60.230
100
100
y
z
=
=
46m²
138m²
52 53
cos) e outros casos.
Situação Problema: (Aumento e Di-
minuição Percentual), para entendermos
os cálculos de aumento e diminuição per-
centual, consideremos uma pessoa com
massa corpórea ideal de 70 kg em duas
situações:
Primeira Situação: Com 65 kg;
Segunda Situação: Com 75 kg.
Dessa maneira, perguntamos:
1) Qual o aumento percentual neces-
sário para a pessoa atingir sua massa cor-
pórea ideal?
2) Qual a diminuição percentual ne-
cessária para a pessoa atingir sua massa
corpórea ideal?
Solução:
1) Neste caso, temos que:
Antes Depois
65 (kg) 70 (kg)
100% x
Figura 18: Os produtos diet e light.
Fonte: Elaborado pelo próprio autor.
52 53
Donde concluímos que:
x.65 = 100.70Ou seja:
x =
x = 107,6923077 ou aproximadamente
108%
O aumento percentual é este valor sub-
traído de 100, ou seja,
107,69% – 100% = 7,69%
Generalizando qualquer situação,
temos a seguinte expressão simples
para a determinação do aumento
percentual:
Aumento (%) =
(valor Depois - Valor Antes). 100
Valor antes
Quando sabemos o valor do au-
mento percentual necessário e de-
sejamos saber qual será o valor da
massa corpórea final podemos usar
o cálculo abaixo:
Nova Massa Corpórea: 65 kg +
7,69% de 65 kg
E como 7,69% de 65 é igual a 9,99999,
segue que:
Nova Massa Corpórea: 65 + 4,9985
= 69,9985 kg
Ou aproximadamente,
70 kg.
(As diferenças se devem aos arre-
dondamentos, sendo que tais arre-
dondamentos serão explicados um
pouco a frente)
Vejamos a montagem abaixo, que ex-
plica nas entrelinhas de como calculamos
7,69% de 65 kg.
Total Parte do Total
65 (kg) x
100% 7,69%
Donde concluímos que:
x.100 = 65.7,69
Ou seja:
x =
100.70
65
65.7,69
100
54 55
Ou ainda:
x = 4,9985
2) Neste caso, temos que:
Antes Depois
75 (kg) 70 (kg)
100% x
Donde concluímos que:
x.75 = 100.70
Ou seja:
x =
x = 93,33 ou aproximadamente 93%.
A diminuição percentual é 100 subtraí-
do do cálculo acima, ou seja,
100% – 93,33% = 6,67%
Diminuição (%) =
(valor Depois - Valor Antes). 100
Valor antes
Quando sabemos o valor da diminuição
percentual necessária e desejamos saber
qual será o valor da massa corpórea final
podemos usar o cálculo abaixo:
Nova Massa Corpórea: 75 kg – 6,67%
de 75 kg.
E como 7,69% de 65 é igual a 5,0025,
segue que:
Nova Massa Corpórea: 75 – 5,0025 =
69,9975 kg ou aproximadamente 70. kg
A montagem abaixo explica como foi
calculado 6,67% de 75 kg.
Total Parte do Total
75 (kg) x
100% 6,67%
Donde concluímos que:
x.100 = 75.6,67
Ou seja:
x =
Ou ainda:
x = 5,0025
2.9 Regra de Sociedade –
100.70
75.6,67
100
100
54 55
uma aplicação envolvendo
a porcentagem
De acordo com Castanheira (2011),
chamamos de sociedade um grupo de
duas ou mais pessoas que se juntam, cada
uma com um determinado capital, que
deverá ser aplicado por um certo tempo
numa atividade qualquer e com o objetivo
de conseguir lucros. Para entendermos tal
metodologia, vamos considerar a situação
introdutória em que três amigos ganhem
R$ 9.000,00 na loteria, como resultado da
premiação de um jogo, cujo valor da apos-
ta era de R$ 4,50. Dessa forma,
consideremos que os sócios te-
nham contribuído com as seguintes
quantias:
Sócios Capital (R$)
A 1,00
B 1,50
C 2,00
A pergunta a ser respondida, é quanto
cada um irá ganhar?
Observemos que este é um caso do que
chamamos de divisão em partes propor-
cionais às quantias investidas, sendo as-
sim, podemos escrever:
1 1,50 2
9000
A B C
A B C
= =
+ + =
Resolvendo o sistema, temos que:
1 1,5 2 1 1,50 2
A B C A B C+ +
= = =
+ +
Ou seja, A = 2000, B = 3000 e C =
4000. Portanto, A receberá R$ 2.000,00,
B receberá R$ 3.000,00 e C receberá R$
4.000,00.
Importante! Nos casos de socieda-
des mais complexas, é relevante tam-
bém o período de tempo durante o
qual cada sócio deixa o seu dinheiro
investido.
Com relação à classificação de uma re-
gra de sociedade, salientamos, que o que
define uma sociedade como simples ou
composta é o fato de os capitais aplicados
e de os períodos de tempo da aplicação
serem iguais ou diferentes para cada só-
cio.
2.10 Regra de sociedade
simples
Temos dois casos a considerar que são
descritos a seguir.
Primeiro Caso: Os capitais são dife-
rentes, mas aplicados durante períodos
de tempo iguais. Neste caso afirmamos
que: “Os lucros ou prejuízos serão dividi-
dos em partes diretamente proporcionais
aos capitais investidos.”.
Situação Problema: Carlos e Roberto
montaram uma pequena concessionária
investindo conforme a disposição de valo-
res a seguir.
56 57
Sócios Capital (R$)
Carlos 2.500,00
Roberto 2.000,00
Ao final de um ano, o balanço apurou
um lucro de R$ 13.500,00. Quanto cada
um deverá receber?
Solução: Neste caso, vamos chamar
de x e de y o que Carlos e Roberto devem,
respectivamente, receber, temos que:
2500 2000
x y
= e x + y = 13500
Aplicando as propriedades das pro-
porções, vem que:
13500 3
2500 2000 2500 2000 4500
x y x y+
= = = =
+
Logo, x = 7500 e y = 6000.
Segundo Caso: Os capitais são iguais,
mas aplicados durante períodos de tempo
diferentes. Neste caso, afirmamos que:
“Os lucros ou prejuízos serão divididos em
partes diretamente proporcionais aos pe-
ríodos de tempo em que os capitais fica-
ram investidos.”.
Situação Problema: Três amigos A,
B e C, juntaram-se numa sociedade para
a montagem de uma concessionária com
idêntica participação no capital inicial. A
deixou seu capital no negócio durante 4
meses, B por 6 meses e C durante 3 meses
e meio. Sabendo que, ao final de um ano,
houve um lucro de R$ 162.000,00, como
dividir essa quantia entre os três amigos?
Solução: Neste caso, notemos que
existe a necessidade inicial de transfor-
marmos os períodos de tempo em uma
mesma unidade, meses ou dias. Utilizan-
do a unidade dias, vamos considerar o mês
comercial com 30 dias,
daí podemos escrever:
120 180 105
162000
A B C
A B C
= =
+ + =
Aplicando as propriedades, temos
que:
Portanto, A = 48000, B = 72000 e C
= 42000, ou seja, os lucros auferidos
por A, B e C serão, respectivamente, R$
48.000,00, R$ 72.000,00 e R$ 42.000,00.
2.11 Regra de sociedade
composta
Nas sociedades compostas, tanto os
capitais quanto os períodos de investi-
mento são diferentes para cada sócio.
Trata-se, portanto, de dividir os lucros ou
prejuízos em partes diretamente propor-
cionais, tanto ao capital quanto ao perío-
do de investimento. Dessa forma, temos
que: “Quando os capitais e os períodos
de tempo forem diferentes, os lucros ou
prejuízos serão divididos em partes dire-
tamente proporcionais ao produto dos
capitais pelos períodos de tempo respec-
tivos.”.
162000 400
120 180 105 120 180 105 405
A B C A B C+ +
= = = = =
+ +
56 57
Situação Problema: Uma sociedade
teve um lucro de R$ 117.000,00. O primei-
ro sócio entrou com R$ 1.500,00 durante
5 meses, e o outro, com R$ 2.000,00 du-
rante 6 meses. Qual foi o lucro de cada
um?
Solução: Observe que se trata de uma
regra de sociedade composta. Chamando
de x o que o primeiro sócio deve receber
e de y o que o segundo receberá, temos
que:
e x + y = 117000
Aplicando as propriedades, vem
que:
117000 6
7500 12000 19500 19500
x y x y+
= = = =
Logo, x = 45000 e y = 72000, ou seja, o
primeiro sócio receberá R$ 45.000,00 e o
segundo sócio receberá R$ 72.000,00.
(1500).(5) (2000).(6)
x y
=
58 59
REFERÊNCIAS
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Paulo: Landy, 2006.
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teoria, técnicas, estratégias. Curitiba:
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58 59
Introdução
UNIDADE 1 - Fundamentos do raciocínio lógico
UNIDADE 2 - Ferramentas matemáticas aplicadas ao raciocínio lógico
REFERÊNCIAS