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A CONSTRUÇÃO DA COMPETÊNCIA E A TRAJETÓRIA PROFISSIONAL DE GESTORES E PROFESSORES
Heloísa Luck
O mundo é um espelho e devolve a cada 
pessoa o reflexo de seus
 próprios pensamentos, crenças e entusiasmo.
É comum ouvir-se comentários sobre como é difícil trabalhar em educação, ser gestor de escola ou ser professor. Ouve-se, em tom de lamentação e queixa, depoimentos como estes: “Os alunos já não nos ouvem ou respeitam e não querem nada com os estudos”; ou: “Os professores não cooperam, não reconhecem a importância de trabalhar em equipe”. Tais afirmações parecem ser justas, legítimas e... inconseqüentes. Mas, de fato, não são nenhuma dessas coisas. Elas representam uma ótica, uma maneira de ver a realidade que influencia um modo de ser e de fazer da escola.
É preciso, portanto, refletir sobre a situação, o que remete a questionamentos, dentre os quais destacam-se alguns referentes ao papel de cada profissional da escola: Qual é o papel do gestor e professor a respeito da situação representada? Como o seu modo de ser e de fazer pode influenciar a situação identificada? É importante reconhecer que imagem e identidade profissional, papel social e comprometimento no trabalho são passados aos colegas e alunos. Isto porque estes fatores influenciam no modo como eles atuam no ambiente escolar. Atitudes podem passar mensagens negativas, que produzem e reforçam tudo aquilo de que reclamamos.
A seguir, são apresentadas algumas idéias relacionadas à questão, que servem como pano de fundo na análise a ser feita e no redirecionamento de posturas e ações.
É preciso crer
	Mais do que em qualquer outra profissão, os educadores precisam acreditar no que fazem. Isso porque trabalham para orientar pessoas, para motivá-las a aprender, a utilizar o seu talento e a desenvolvê-lo. O gestor não é um burocrata, passador de ordens e controlador do trabalho dos outros, assim como o professor não é apenas um passador de informações. Seu trabalho principal é com pessoas. Seus instrumentos são as informações e conhecimentos produzidos, a liderança e a capacidade de mobilização de motivações para a atuação no sentido de se promover o melhor processo ensino-aprendizagem possível. Um bom administrador pode controlar o trabalho de pessoas e fazê-las executar o que devem. Um bom programa de computador pode passar informações e conhecimentos de maneira clara, correta e até mesmo estimulante. Mas inspirar pessoas, ajudá-las a acreditar em si, a ter um objetivo na vida, a superar limitações e vislumbrar perspectivas de aplicação das informações e conhecimentos, isso é trabalho de seres humanos comprometidos com seus semelhantes. E estas são condições essenciais da educação, sem as quais nenhuma escola e nenhuma sala de aula podem se tornar ambientes favoráveis à promoção da boa e adequada formação dos alunos.
	Como gestores queremos que os profissionais que atuam na escola estejam aptos e naturalmente propensos a atuar o melhor possível e em equipe. Como professores, queremos que nossos alunos estejam convencidos de que é bom estudar, que o que ensinamos é importante e que se disponham a trabalhar de acordo com nossas orientações.
	Mas isso não acontece naturalmente. Porque será?
	Nesse nosso questionamento e percepção, será que lá no fundo, não desejamos apenas que professores e alunos já estejam predispostos a assumir uma atitude mais adequada e favorável à realização da educação, a fim de termos menos dificuldade no trabalho? À medida que trabalhamos burocraticamente, sem entusiasmo, sem convicção, sem alma, sem base, sem nenhum sentido aplicativo, provocamos nos professores uma atitude descomprometida com a formação dos alunos, e nestes, a indiferença e até mesmo a rebeldia – aliás, esses comportamentos são mais notados naqueles alunos mais autênticos, que protestam – com toda a razão do mundo – e testam nossa dimensão humana, a autenticidade com que assumimos nosso papel.
	Podemos, sim, fazer a diferença, como nos compete fazer, em nossas escolas e aulas, desde que comecemos a fazer a diferença em nós mesmos.
	Há que se mudar o modo de encarar nossa profissão e trabalho nas escolas e com nossos alunos. A gestão escolar e o magistério são ocupações com uma particularidade extraordinária: nenhuma outra exige tanto que o profissional seja bem-sucedido pessoalmente. Como gestor escolar e professor, somos o exemplo de determinação, sucesso e compromisso que deve inspirar os colegas e os alunos a trilhar o caminho dos vencedores – daqueles que fazer o melhor de si para realizar um bom trabalho.
Comece do começo
	Toda profissão exige o cumprimento de certos princípios, e a gestão escolar e o magistério não são exceção. O trabalho do gestor escolar e o do professor baseia-se em três princípios básicos: conheça o que faz, ame o que faz e acredite no que faz. 
Conheça o que faz
	Ser gestor escolar ou professor significa compreender os desdobramentos do foco do seu trabalho, que é a capacitação em serviço dos professores e a formação dos alunos. Para isso, cabe aos gestores e professores conhecer e compreender a dinâmica do comportamento humano. Como funciona o relacionamento interpessoal, a comunicação social e, num sentido mais amplo, o desenvolvimento humano e a dinâmica de grupo. Também necessitam compreender o funcionamento da mente humana, como ocorre o pensamento e como ele se transforma em aprendizagem e mudança de comportamento. Todo esse conhecimento específico é fundamental ao nosso ofício e devemos dominá-lo bem, para poder exercer a responsabilidade profissional com segurança e de modo competente.
	Mas isso não é tudo. É necessário experimentar diferentes estratégias para orientar o trabalho de gestão e de ensino, criar oportunidades novas de participação para professores e discípulos, gerar novos desafios e promover espaços de participação efetiva, pela qual o talento humano se transforma em habilidades e se constroem conhecimentos e aprendizagens significativas. Enfim, desenvolver conhecimentos objetivos e conceitos inéditos, a partir da experiência educacional. Nossa prática profissional constitui uma extraordinária oportunidade de construir esse conhecimento, desde que se esteja orientado para isso e que se desenvolvam algumas atitudes, habilidades e medidas sistemáticas de observação. Portanto, algumas orientações são importantes: analise e interprete objetivamente seu dia-a-dia. Observe a reação e o desempenho dos colegas e dos educandos a cada mudança no seu modo de agir. Também examine sua própria reação perante a novidade: você se sente confortável, confiante, competente? A sistematização desse processo de análise e reflexão em registros é fundamental para o seu aprimoramento profissional.
Ame o que faz
	Faça o seu trabalho de gestor, ou docente, com alma e não apenas com a cabeça. Tenha consciência do compromisso que você tem com a cultura escolar, isto é, com o modo de ser e fazer da escola como um todo e não apenas com o cumprimento de determinações do sistema de ensino; do compromisso com os alunos e seu desenvolvimento e não com o conteúdo e a necessidade de estar em dia com a matéria.
	Alguém já disse que “as pessoas são convencidas mais pela profundidade da sua convicção e seu entusiasmo, do que pela intensidade de sua lógica”. Esta observação faz lembrar de profissionais com quem convivemos que trabalhavam com tal convicção sobre a importância do que faziam e nos orientavam com tanto entusiasmo e vibração que não se podia deixar de se envolver na sua lógica – que, ao mesmo tempo, se esforçava por conhecer a nossa -, e dessa forma, queríamos acompanhar o seu passo e participar do processo que visualizava.
	Entusiasmo é uma demonstração de amor, de apreço. É um indicativo de que valorizamos não apenas o que fazemos, mas também o momento em que vivemos, e o espaço em que atuamos. Não importa se as condições de trabalho não sejam as ideais como ponto de partida, pois com nosso trabalho, o ponto de chegadaserá marcado pela melhoria que gostaríamos de ter. Amar o nosso trabalho, amar o que fazemos representa, em última instância, amar a vida e aproveitá-la ao máximo. Como se pode amar a vida se não amamos parte significativa do nosso tempo de vida? Se não amamos o ofício cujos objetivos são promover condições de melhoria da qualidade de vida, a partir da melhoria das pessoas?
Acredite no que faz
	Gestores e professores influenciam a vida de seus colegas e de seus alunos. É importante lembrar de nossos dias nos banco escolares, e quantos educadores os marcaram positivamente – ou não, dependendo de como agiam. Procuremos lembrar de características de seu desempenho que eram mais marcantes. Aqueles que nos influenciaram positivamente, com certeza, demonstravam, em sua atuação, a convicção de que seu trabalho era importante, que eles tinham um sentido de missão. O fundamental para eles não era fazer com que os alunos tirassem boas notas ou passassem de ano, mas que aprendessem, e que todos atuassem como companheiros de missão. Que desenvolvessem habilidades e atitudes importantes para a vida, que empregassem e desenvolvessem o seu talento.
	Agora, pensemos nos outros profissionais. Aqueles dos quais mal e mal lembramos, que parecem ter passado em branco na nossa vida, ou daqueles que nos marcaram negativamente. No entanto, nenhum passou em branco. O que eles fizeram – ou pior, o que deixaram de fazer - ainda atua como marca, como um peso morto em nossas vidas, como uma carência determinada pelo mau aproveitamento de tempo e de potencial. Muitas mensagens negativas sobre a vida, educação e trabalho foram acumuladas por nós, graças a este tipo de educador. Melhor dizendo, “dês-educador”. Você certamente não que ser um desses na vida e na lembrança de seus colegas e alunos.
	Portanto, acredite no que faz.
	Seu trabalho, sua presença diante de seus educandos é importantíssima para a formação de cada um. Se você escolheu trabalhar em educação, é porque se propõe a construir um perfil profissional diferenciado, que, por sinal, é analisado e absorvido pelos alunos de cada dia.
	Crer em si é um elemento fundamental de estimulação e orientação ao corpo docente e discente. Ensina-os a trabalhar melhor entre si e com o professor, desbravando o mundo de idéias, de conhecimento e de si próprio.
	Como agir segundo essa orientação? Dia-a-dia, passo a passo, mantendo firmes os propósitos de praticar continuamente os três princípios acima. É um aperfeiçoamento que não tem fim, mas cujo inicio pode ser neste exato momento.
	Depende de você.
Conheça, ame, acredite.
Faça a diferença em sua escola e na vida de seus alunos.

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