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CLASSIFICAÇÃO DO CRIME
O crime, de acordo com a teoria finalista cujo critério adotado é o dicotômico, é o fato típico eantijurídico. Entende-se por ‘fato típico’ aquele fato descrito na redação da legislação penal como sendo um crime. Nesse sentido, a tipicidade penal é a adequação da conduta humana ao tipo. Já o termo ‘antijurídico’ quer dizer que a conduta do agente deve ser injusta. Vai daí que qualquer conduta que não esteja amparada pelo artigo 23 do Código Penal (estado de necessidade, legitima defesa, estrito cumprimento do dever legal ou no exercício regular do direito) e descrita no tipo penal será tratada como injusta e, por conseguinte, antijurídica.
Para estudar os crimes, a doutrina elaborou uma classificação, objeto deste artigo, conforme serão expostos a seguir:
a)    Crimes comuns e próprios – O crime comum é aquele praticado por qualquer pessoa. Por exemplo, no homicídio o sujeito ativo é qualquer pessoa e o sujeito passivo é, também, qualquer pessoa com vida extrauterina. Por outro lado, o crime próprio é aquele praticado por pessoa qualificada. Por exemplo, o crime de infanticídio se caracteriza pelo fato do sujeito ativo qualificado (mãe) matar seu filho (sujeito passivo), durante o parto ou logo após, sob influência do estado puerperal. Se qualquer outra pessoa matar este recém-nascido, estamos diante, via de regra, de um homicídio, logo, para caracterizar o crime de infanticídio, é certo que deve ser praticado pela própria mãe em estado puerperal. Daí dizer que a qualidade pressuposta do sujeito, neste exemplo, que a lei exige para configurar um crime próprio é o fato de ser ‘mãe’ em estado puerperal.
b)    Crimes instantâneos e permanentes – Os crimes instantâneos e permanentes são aqueles que se consumam com uma conduta. O que diferencia o crime instantâneo do crime permanenente é que no crime instantâneo o resultado não se prolonga no tempo (Ex. homicídio, furto, etc), enquanto que no crime permanente o resultado se prolonga no tempo por vontade do agente (Ex. Sequestro). Guilherme Nucci, em seu livro Código Penal Comentado, 11° Edição, comenta que “para identificação do crime permanente, oferece a doutrina duas regras: a) o bem jurídico afetado é imaterial (ex. saúde pública, liberdade individual etc); b) normalmente é realizado em duas fases, a primeira, comissiva, e a segunda, omissiva (sequestra-se a pessoa através de uma ação, mantendo-a no cativeiro por omissão). Essas regras não são absolutas, comportam exceções.”. Insta dizer que no caso do delito permanente não é contada a prescrição até que chegue ao fim a permanência. Já no crime instantâneo a prescrição é computada no dia em que o delito se consumou. Por fim, existem crimes instantâneos de efeitos permanentes e crimes instantâneos de continuidade habitual. O primeiro, por causa do seu método de execução com aparência de permanente (caso do loteamento clandestino, da bigamia, etc). Já o segundo, requer uma reiteração das condutas de forma habitual (caso do favorecimento a prostituição, rufianismo, tráfico internacional de pessoa a fim de exploração sexual).
c)    Crimes comissivos, omissivos, comissivos por omissão e omissivos por comissão –Para que alguém seja responsabilizado por um crime, esse alguém deve praticar uma conduta (ação ou omissão). A maioria dos crimes a conduta é praticada mediante uma ação, por exemplo, estupro, homicídio, etc. Portanto, estes crimes são chamados de comissivos. Outros crimes são realizados por omissão, logo são chamados de omissivos. Nesse sentido, a omissão se caracteriza pela conduta do agente de deixar de fazer alguma coisa. Por exemplo, crime de prevaricação (funcionário deixa de fazer algo que ele tinha obrigação de fazer), omissão de socorro, etc.
O crime comissivo por omissão é aquele que o agente pratica uma conduta comissiva, porém, excepcionalmente, o resultado ocorre pela omissão. Por exemplo, a mãe que deixa, propositalmente, de alimentar o filho até que ele morra. Embora o homicídio seja considerado um crime comissivo, nesta hipótese, será tratado como crime comissivo por omissão, pois a morte do filho ocorreu pela falta de alimentação que era um dever da mãe.
O crime omissivo por comissão é aquele que ocorre através de uma abstenção proporcionada praticada pela ação de outrem. Por exemplo, “é o caso do agente que impede outrem, pelo emprego da força física, de socorrer pessoa ferida” (Código Penal Comentado, Guilherme Nucci, 11° Edição).
d)    Crimes materiais, formais e de mera conduta – Os crimes materiais são aqueles que se concretizam por atingirem o resultado naturalístico, ou seja, causam uma modificação essencial no mundo exterior, por exemplo: homicídio, sequestro, roubo, etc. Nos crimes formais, a lei prevê um resultado, mas não exige que ele ocorra para que haja a consumação do crime, ou seja, o resultado naturalístico não é relevante, pois o crime se consuma antes. Ex: Extorsão mediante sequestro, uma vez que o resultado é a obtenção de uma vantagem econômica, no entanto, a consumação do crime ocorreu no momento em que houve o sequestro. Por fim o crime de mera conduta o resultado naturalístico não ocorre.Ex: violação de domicílio, crime de desobediência. Mais detalhes, clique aqui.
e)    Crimes unissubjetivos e plurissubjetivos – O crime unissubjetivo é aquele que pode ser praticado por uma pessoa. Por exemplo: aborto, homicídio, roubo, etc. Já o crime plurissubjetivose caracteriza por ser praticado, obrigatoriamente, por mais de uma pessoa. Por exemplo: crime que envolve associação criminosa, bigamia, rixa, etc. Embora o crime plurissubjetivo necessite de mais de uma pessoa não significa que todas elas serão penalmente punidas pelo crime, como é o caso da bigamia em que um dos contraentes não sabe que o outro é casado. Vai daí que aquele não pode responder penalmente por isso.
    No caso de crime praticado por duas pessoas, por exemplo:  homicídio ou roubo, eles são tratados como crimes unissubjetivos, pois, estes crimes podem ser praticados por uma única pessoa. Portanto, é importante ter em mente que embora o crime tenha sido praticado por 2 pessoas, é necessário se perguntar se este crime poderia ser cometido por uma única pessoa. Caso a resposta seja positiva, trata-se de crime unissubjetivo.
f)     Crime unissubsistente e plurissubsistente – O crime unissubsistente admite a prática através de um único ato para a concretização do crime. Por exemplo: Desacato, Injúria, Violação de Segredo Profissional, etc. Enquanto que o crime plurissubsistente é praticado por mais de um ato. Exemplo 1: o crime de roubo é formado pela pela subtração de coisa alheia + grave ameaça ou lesão, logo deve haver mais de um ato para caracterizar o referido crime. Exemplo 2: estelionato é formado pela obtenção da vantagem + induzimento ao erro + emprego de meio fraudulento, logo, há um conjunto de atos a serem praticados para que o crime seja iniciado.
g)    Crime progressivo – Guilherme Nucci ensina que “trata-se da evolução na vontade do agente, fazendo-o passar, embora num mesmo contexto, de um crime a outro, normalmente voltado contra o mesmo bem jurídico protegido”.  É o caso do homicídio em que, obrigatoriamente, antes de atingir o resultado morte, primeiramente o ocorre lesão corporal. Não confundir crime progressivo com progressão criminosa. Este último, progressão criminosa, a intenção inicial do malfeitor é um crime, mas evolui para outro. Por exemplo, inicialmente o agente realiza o roubo, mas devido a vítima ter tentado se defender, o agente, por fim, acaba atirando e matando-a vítima.
h)    Crime habitual – Ocorre quando o agente pratica a mesma conduta (ação ou omissão) de forma reiterada e contínua, tornando-a como um estilo de vida. Por exemplo, exercício ilegal da medicina.
i)     Crime de forma livre ou de forma vinculada – O crime de forma livre é aquele em que não há vínculo entre a forma praticada e o tipo descrito. Por exemplo, o homicídio pode ser realizado de várias formas, através de um tiro, uma facada, um estrangulamento, etc.Já o crime de forma vinculada, o modo deve estar descrito na redação do tipo penal. Por exemplo, o artigo 284 Código Penal tipifica o curandeirismo “exercer curandeirismo prescrevendo, ministrando ou aplicando, habitualmente, qualquer substância”.
j)     Crimes vagos – Guilherme Nucci conceitua “são aqueles que não possuem sujeito passivo determinado, sendo este a coletividade, sem personalidade jurídica”. Por exemplo, crime de violação de sepultura.
k)    Crimes remetidos – Se caracteriza por fazer menção à outra norma. Por exemplo, uso de documento falso previsto no artigo 304 do Código Penal.
l)     Crimes condicionados - são aqueles que dependem de uma condição para que o crime se configure. Por exemplo: os crimes tipificados na lei de falência, os crimes contra brasileiros praticados no exterior por estrangeiros, etc.
m)  Crimes de atentado ou empreendimento – São aqueles em que a forma tentada é punida com a mesma intensidade da forma consumada. Por exemplo: Evasão mediante violência contra a pessoa, prevista no artigo 352 do Código Penal.
ERRO DO TIPO
Antes de entrar no mérito deste instituto, é necessário entender o significado das palavras ERRO e TIPO, a saber:
ERRO – é um falso ou equivocado sentimento acerca da realidade. Exemplo: Se você vai à feira e compra um tomate pensando que está comprando um caqui, você cometeu um erro, pois você teve um sentimento equivocado da realidade.
TIPO – no âmbito penal, são os elementos que compõem o fato incriminador de modo que a ausência destes elementos implicaria na inexistência do crime. Exemplo: art. 121. CP. “Matar alguém”. Os elementos do tipo são ‘matar’ e ‘alguém’. O ‘alguém’ refere-se à pessoa humana, logo, se eu matar um animal, eu não pratico o crime previsto neste artigo.
ERRO DE TIPO ESSENCIAL INCRIMINADOR
Quer dizer que a pessoa, por um equivocado sentimento acerca da realidade, pratica os fatos descritos no tipo penal, entretanto, se soubesse que estava executando um ato ilícito, jamais realizaria determinada conduta.
Percebe-se nesta conceituação que a pessoa não tinha a intenção de praticar o tipo penal, apenas o fez em função da falsa percepção da realidade. Nesse sentido, o erro de tipo sempre excluirá o dolo, pois o agente não tem a intenção de praticar o crime (falta animus necandi), contudo, tal situação permite a punição por crime culposo, se previsto em lei.
Exemplo 1 – Fulano pega correspondências que estão em sua caixa de correio. Abre uma a uma. Após, ao ler o conteúdo de uma delas, nota que a carta não foi endereçadoa à Fulano, mas na pessoa de seu vizinho, Cicrano. Tal fato ocorreu porque o carteiro, indevidamente, depositou a correspondência na caixa de correio de Fulano que somente percebeu o erro após ter lido o conteúdo. Nesta hipótese, Fulano praticou o crime de violação de correspondência, previsto no artigo 151 do CP. No entanto, se Fulano soubesse que se tratava de carta endereçada a outrem, jamais abriria a correspondência de modo que o agente somente praticou o fato criminoso em função de um sentimento equivocado da realidade, o que fez incidir em erro nas elementares (Devassar indevidamente correspondência alheia). Nesse contexto, sabemos que o erro de tipo exclui o dolo e pune pela culpa (se houver previsão legal). Portanto, nesse exemplo , o agente não será punido, uma vez que o artigo 151 do CP não admite crime culposo.
Como visto acima, na conceituação de erro de tipo, toda vez que o agente praticar os elementos do tipo penal em função de uma falsa percepção da realidade, o dolo será excluído, entretanto, haverá punição pela culpa se houver previsão legal. Nesse sentido, para facilitar a analise da conduta praticada pelo agente nos crimes que admitem a modalidade culposa, o erro de tipo essencial foi dividido em evitável e inevitável.
Vai daí que para punir o agente na modalidade culposa é necessário analisar se a execução dos elementos do tipo penal poderia ser evitável ou inevitável. Assim, se os ato práticado pelo agente for inevitável significa que qualquer pessoa no lugar dele faria o mesmo, logo, chegamos a conclusão de que não houve descuido do agente em praticar os elementos do tipo penal, portanto, se não houve descuido, podemos afirmar que não há culpa e, por isso, o agente terá afastado a modalidade culposa de modo a não ser punido pela conduta praticada.
Por outro lado, se sua conduta for evitável quer dizer que uma pessoa de inteligência mediana não praticaria os elementos do tipo incriminador, assim, concluímos que houve descuido do agente em praticar os elementos do tipo penal e, por isso, ele será punido pela prática do delito na modalidade culposa.
ERRO DE TIPO ESSENCIAL DESCRIMINANTE
De início, insta dizer que descriminante significa excludente de antijuridicidade, ou seja, são aquelas hipóteses previstas no artigo 23 do CP: 1) legitima defesa; 2) estado de necessidade; 3) estrito cumprimento do dever legal e; 4) exercício regular do direito. Por exemplo, se Fulano desfere um soco no rosto de Cicrano, que por sua vez, para se defender da agressão revida o soco e imobiliza Fulano até a chegada da polícia, Cicrano estará amparado pela descriminante da legítima defesa. Outro exemplo, Fulano e Cicrano estão em alto mar e o barco está afundando. Há apenas uma boia. Fulano se salva utilizando a boia enquanto Cicrano morre afogado. Neste caso, embora tenha havido uma omissão de socorro que resultou em morte, Cicrano estaria amparado pela excludente de antijuridicidade (descriminante) estado de necessidade.
Pois bem. As descriminantes tratadas no erro de tipo essencial são conhecidas por descriminantes putativas. Isso quer dizer que o agente, por uma falsa percepção da realidade, pratica os elementos do tipo incriminador com intenção (dolo), pois acredita piamente que está amparado por uma das excludentes de antijuricidades prevista no artigo 23 do CP. Assim, se as circunstâncias fossem reais, tal conduta estaria acobertada pela descriminante, entretanto, pelo fato do agente estar em erro, elas não o protegem. Vale dizer que as consequências são as mesmas do erro de tipo elementar (visto acima), ou seja, exclui o dolo, mas pune a culpa se houver previsão legal e o erro for evitável, contudo se o erro for inevitável, exclui a culpa e não pune o agente.
Exemplo 2 – Fulano discute com Cicrano que o ameaça de morte. No outro dia, Cicrano se aproxima de Fulano e coloca a mão dentro da jaqueta. Fulano pensa que Cicrano tem uma arma e, neste momento, Fulano saca seu revolver e desfere um tiro fatal na cabeça de Cicrano. Após, descobre-se que Cicrano estava retirando uma carta de seu bolso com pedido de desculpa. Neste caso Fulano teve uma falsa percepção da realidade, pois imaginou que Cicrano iria matá-lo, razão pela qual praticou os elementos do tipo penal do artigo 121 do Código Penal (matar alguém), uma vez que pensou estar amparado pela descriminante Legitima Defesa. Nesse sentido, aprendemos que as descriminantes putativas não amparam o agente, logo as consequências são as mesmas do erro de tipo, quais sejam: exclui o dolo, mas pune a culpa se houver previsão legal. No caso em tela, há a modalidade culposa do homicídio (art. 121, §3 do CP), resta saber se sua conduta seria evitável (será punido por culpa) ou inevitável (o fato será atípico).
No caso presente, parece-nos que Fulano, antes de efetuar o disparo, poderia ter se acautelado aguardando o que Cicrano estava tirando do bolso de sua jaqueta. Nesta esteira, Fulano embora tenha tido uma falsa percepção da realidade, ele acreditava que tal conduta estaria amparada pela descriminante legitima defesa, por outro lado, analisando as circunstâncias apresentadas, força é convir que qualquer pessoa de inteligência mediana, antes de efetuar os disparos, teria sido mais cautelosa, assim, conclui-se que houve descuido de Fulano ao praticar os elementos do tipo pois pensava piamente estava amparado pela descriminante. Vai daí que embora ele não seja punido por homicídio doloso, vez que estamos diantedo instituto erro de tipo que exclui o dolo, Fulano será punido por homicídio culposo, pois, sua conduta seria evitável.
ERRO DE TIPO ACIDENTAL SOBRE O OBJETO
Erro de Tipo Acidental sobre o Objeto quer dizer que o agente, com dolo, pratica o tipo penal, entretanto, por erro, sua conduta recai sobre coisa diversa da pretendida. Neste caso, o erro é irrelevante para a imputação do delito cometido de modo que o agente responde pelo crime como se não houvesse o erro.
Exemplo 3 – Fulano furtou um quadro, pesando que fosse original, cujo retrato estampava a famosa pintura de Leonardo Da Vinci, Mona Lisa. Todavia, este quadro era uma réplica cujo valor de mercado não ultrapassava R$ 50,00.
De início, poderíamos pensar no furto de bagatela, de modo a aplicar o artigo 155, §2° do CP “Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa.”, entretanto, estamos diante de um erro de tipo acidental sobre o objeto, pois, o agente, por uma falsa percepção da realidade, acabou furtando coisa diversa da pretendida de modo a tornar o erro irrelevante para aplicação do tipo penal supra. No caso presente, aplicar-se-á o caput do artigo 155 do CP, qual seja: furto simples (Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel.).
ERRO DE TIPO ACIDENTAL SOBRE A PESSOA
Erro de Tipo Acidental sobre a Pessoa quer dizer que o agente, com dolo, pratica o tipo penal em pessoa diversa da que pretendia.
Exemplo 4 – Fulano vê uma menina, que supostamente seria sua noiva, beijando outro rapaz. Nesse ínterim, ele vai em direção dos dois e desfere uma bofetada em face da moçoila, todavia, naquele momento ele percebe que a garota é a irmã gêmea de sua noiva. Neste caso, Fulano queria praticar o crime em face da noiva e não em face da irmã. Nesta esteira, para efeito de tipificação do crime, leva-se em conta a intenção do agente, qual seja: praticar o crime em face da noiva. Nesse sentido, invés de aplicar o caput do crime de lesão corporal do artigo 129 do CP, com pena de detenção de 3 meses a um ano, aplica-se o parágrafo §9° do artigo supra, qual seja: lesão praticada contra companheira, assim, figurará a previsão da pena de detenção de 3 meses a 3 anos.
ERRO DE TIPO ACIDENTAL NA EXECUÇÃO (ABERRATIO ICTUS)
Aberratio Ictus é muito parecido com o Erro de Tipo Acidental Sobre a Pessoa porque enquanto aquele ocorre com a prática do tipo penal em pessoa diversa da pretendida, este o agente não confunde a pessoa que quer atingir, mas por erro na execução, acaba acertando pessoa diversa.
Exemplo 5 – Fulano desfere um soco em face de seu irmão, Cicrano, porém ele acaba acertando, por erro na execução, um amigo que estava ao lado de Cicrano.
Neste caso, Fulano queria praticar a lesão contra o irmão, porém, por erro, acertou o amigo do irmão. Nesta esteira, para efeito de tipificação do crime, leva-se em conta a intenção do agente, qual seja: praticar o crime em face do irmão. Nesse sentido, invés de aplicar o caput do crime de lesão corporal do artigo 129 do CP, com pena de detenção de 3 meses a um ano, aplica-se o parágrafo §9° do artigo supra, qual seja: lesão praticada contra o irmão, assim, figurará a previsão da pena de detenção de 3 meses a 3 anos.
Oportuno anotar que se Fulano, ao desferir o golpe, também acertasse o irmão, Fulano responderia pela regra do concurso formal de crime. Importante observar neste caso que Fulano agiu com dolo ao lesionar o irmão e culpa ao lesionar o amigo. Se ficasse configurado dolo eventual, ou seja, a intenção de lesionar o irmão e assumindo o risco de também ferir o amigo, não seria aplicado este instituto, pois não houve erro na execução.
ERRO DE TIPO ACIDENTAL DIVERSO DO PRETENDIDO (ABERRATIO CRIMINIS)
Aberratio Criminis quer dizer que o agente, por erro na execução, comete crime diverso daquele pretendido.
Exemplo 6 [1] – Alguém movido pelo ciúme e embriagado, o que lhe retira o dolo mesmo eventual da ação, provoca incêndio em colchão que guarnece a cama do amante, propagando-se o fogo, contra sua expressa vontade e apesar de seus esforcos, pela residência.
No caso em tela, invés do agente, movido pelo dolo, provocar apenas o dano no colchão, por erro na execução e contra sua vontade, acaba incendiando a residência inteira. Neste exemplo, aplica-se o concurso formal de crime, uma vez que a intenção do agente era praticar o dano, no entanto, acabou praticando também o crime de incêndio.
ERRO DE TIPO ACIDENTAL POR DOLO GERAL (ERRO SUCESSIVO OU ABERRATIO CAUSAE)
Na lição de Fernando Capez, aberratio causae "ocorre quando o agente, na suposição de já ter consumado o crime, realiza nova conduta, pensando tratar-se de mero exaurimento, atingindo, nesse momento, a consumação". [2]
Exemplo 7 – Fulano estrangula Cicrano e, pensando que a vítima morrera em função do estrangulamento, realiza nova conduta, esquartejando o corpo do então cadáver. No entanto, fica comprovado que Cicrano morreu em função do esquartejamento invés do estrangulamento.
No caso em tela, embora o agente estivesse em erro quanto à forma de consumação do crime, é certo que houve dolo na prática do delito de modo a tornar o erro irrelevante para a imputação do crime cometido, concluindo que o agente responderá pelo crime, na forma dolosa, como se não houvesse o erro

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