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Conceito de Direito do Trabalho, Fontes do direito do trabalho e divisão do direito do trabalho

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DIREITO DO TRABALHO I	
05/02/2018
É o conjunto de normas, princípios e regras, que disciplina uma relação de trabalho. Ou seja, uma relação que envolve o trabalho humano prestado por uma pessoa física em favor de uma pessoa jurídica ou natural de FORMA PESSSOAL, ONEROSA, NÃO EVENTUAL E SUBORDINADA. Com efeito, sua FINALIDADE é tutelar e promover a dignidade humana daqueles que sobrevivem da alienação da sua força de trabalho, e ainda contribuir para a realização da JUSTIÇA SOCIAL, CIDADANIA E DEMOCRACIA.
Neste conceito estamos definindo o objeto: “... o direito do Trabalho disciplina uma relação de trabalho...” e incluo a finalidade: “... promover e tutelar a dignidade daqueles que dependem do seu trabalho para garantirem a sobrevivência própria e familiar...”.
Obs.: O direito do trabalho tem uma finalidade. Caso não tivesse estaríamos “lidando” com um mero exercício de poder.
Quais são os fundamentos da nossa República Federativa Brasileira?
	Encontra-se no art.1º da CRFB:
		“... I – soberania;
	 	 II – Cidadania;
		 III -	 A dignidade da pessoa Humana;
		 IV – Os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
		 V – O pluralismo político; ...”
Obs.: A constituição diz expressamente valores sociais, e não individuais, pois são direitos que vêm para proteger os trabalhadores.
Criar limites é estabelecer direitos: salário mínimo, jornada máxima, entre outros. Caso isso não ocorra teremos uma exploração daquele que compra a mão de obra. E necessário proteger o trabalhador, pois eu estou lidando com uma pessoa que se encontra em um estado de carência. Ou seja, está vulnerável.
Razões da Proteção do trabalhador:
“Por qual motivo o direito do trabalho faz essa proteção ao direito do trabalhador?”
1º Dependência: o trabalhador depende do seu trabalho para garantir o sustento próprio e de seus dependentes. E, em consequência disso, este pode acabar aceitando situações de trabalho que agridem a sua dignidade humana, pois o empregador pode obrigá-lo a fazer determinadas situações que fere a sua dignidade humana. Portanto, ele pode ser objeto de abuso de direito.
*dependência a celebração do contrato de trabalho e da manutenção do contrato de trabalho. 
2º Subordinação: o trabalhador é protegido, porque durante a prestação de serviço está subordinado ao seu empregador. Ou seja, sujeito ao seu poder diretivo.
Obs.: é necessário criar limites ao poder do empregador, pois quem tem o poder pode abusa-lo.
3º Essencialidade dos direitos
Porque o trabalhador é protegido?
O trabalhador é protegido, pois os direitos que lhe são assegurados pela ordem jurídica estão diretamente relacionados com a dignidade humana, a justiça social, a cidadania e a democracia.
Art.186 a função social é cumprida quando a propriedade rural atende, simultaneamente, segundo critérios e graus de exigências estabelecidas em lei, aos seguintes requisitos:
	III – A observância das disposições que regulam as leis do trabalho 
	Obs.: os direitos trabalhistas devem ser observados.
	IV – A exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores. 
Obs.: eu não posso explorar a atividade econômica pensando apenas no meu bem-estar eu preciso pensar nos trabalhadores, pois o trabalho tem um valor social”.
Obs.: O direito do trabalho é vem impor limites e todo limite, quando chega um determinado tempo não é bem visto, tendo que ser desconstruído...
2º Distinções do Direito do Trabalho e Direito Civil
	As distinções existentes em Direito civil e trabalhista e que:
	
 Eles possuem FONTES diferenciadas. Ou seja, enquanto civil suas fontes são: jurisprudência, costumes, leis, princípios, tratados e convenções, entre outros. No Direito de trabalho temos três funções especificas que são: a CONVENÇÃO COLETIVA DO TRABALHO, ACORDO COLETIVO DE TRABALHO E SENTENÇA NORMATIVA.
Obs.: a doutrina ela não cria um direito, e sim o revê-la. Ou seja, o doutrinador mostra os motivos daquela lei, suas consequências e etc.
 A segunda distinção está relacionada com a desigualdade. Ou seja, na medida em que, salvo em raras exceções o Direito Civil parte da premissa da igualdade das partes, ao passo que o direito trabalho adota como premissa a desigualdade das partes.
Obs.: A ideia é que no direito civil as partes estão no mesmo nível ou patamar, tendo liberdade de negociação. Entretanto, no Direito do Trabalho, as partes estão em patamares distintos, por questões de dependência, subordinação, entre outros motivos. Nesse caso podemos perceber que as partes não têm liberdade de negociação, exemplificando: imagine o trabalho chegar para Fiat e definir o seu salário. Seria estranho, né?
 A terceira distinção diz respeito ao princípio dos efeitos relativos dos contratos. Portanto, no Direito Civil o contrato torna-se lei leis entre as partes. Ou seja, só obriga as partes. Entretanto, no Direito Trabalho o contrato vincula as partes e os terceiros em determinadas situações.
Podemos tomar como exemplo, o grupo de empresas, situação na qual todas as empresas que compõe o grupo respondem, solidariamente, pelos créditos trabalhistas dos empregados de qualquer uma delas.
“eu sou empregado da Fiat. Mas, todas as outras empresas que compõe o grupo respondem pelos créditos trabalhistas. Outro exemplo é a PUC, os porteiros são contratados por outra empresa- terceirizada, caso ela não cumpra os direitos trabalhista daquele indivíduo que foi ‘mandado embora’ a PUC será responsabilizada, solidariamente, pelos créditos trabalhistas”.
 A ideia é que todo aquele que beneficia do trabalho, logo deve responder solidariamente pelos créditos trabalhistas. Por exemplo, quando eu dou aula na PUC, o patrimônio desta cresce e do grupo também. Portanto, todas as outras empresas “ligadas” a ela estão sendo beneficiada pelo meu trabalho. 
 A quarta distinção está na interpretação das normas: no Direito Civil se existir qualquer dúvida na interpretação de uma clausula, devemos “escolher” a que irá beneficiar o devedor, e não o credor, pois aquele está mais vulnerável a este. Já no Direito Trabalhista, se houver dúvida na interpretação, esta deverá ser feita em benefício do trabalhador que é o credor.
DIREITO DO TRABALHO I	
06/02/2018
liberdade
A quinta diferença é que as partes têm liberdade para contratar e para definir os termos da contratação. Ou seja, as partes definem quais são os direitos e obrigações. No entanto, existem alguns casos em que o Estado intervém, com a finalidade de proteger o vulnerável na relação. Já no Direito do trabalho a presença do Estado limitando as partes é mais marcante, pois estamos perante partes desiguais. Portanto, teremos o Direito do Trabalho estabelecendo regras obrigatórias (Por exemplo, a estipulação de salário mínimo, adicional noturno, jornada máxima, entre outras medidas.), com a finalidade de proteger o vulnerável, porque existe entre as pastes uma diferença na capacidade negocial. 
Obs.: os limites são para as duas partes, com a finalidade de proteger o vulnerável da relação de trabalho.
Art. 9º - Serão nulos de pleno direito os atos praticados com o objetivo de desvirtuar, impedir ou fraudar a aplicação dos preceitos contidos na presente Consolidação.
Obs.: portanto você é livre para contratar. No entanto, qualquer condição que seja estabelecida fora dos parâmetros definidos pela ordem jurídica será nula. 
Art. 468 - Nos contratos individuais de trabalho só é lícita a alteração das respectivas condições por mútuo consentimento, e ainda assim desde que não resultem, direta ou indiretamente, prejuízos ao empregado, sob pena de nulidade da cláusula infringente desta garantia.
Obs.: Ainda que o trabalhador concorde com a situação que lhe foi estabelecida, se esta causar-lhe um prejuízo, ela não terá validade, pois há uma limitação da liberdade entre as partes. 
Obs.: o legislador estabelece um patamar mínimo de direito e qualquer alteração feita nela, mesmo que o trabalhador esteja de acordo, será nula. Ex. eu quero assinar a carteirade uma empregada doméstica. No entanto, esta não aceita com o argumento de que irei “sujar a sua carteira”. Portanto, ela não pode renunciar os seus direitos, pois assim estaria “abrindo mão” de direitos mínimos garantidos pela lei.
Conflito de normas
 A sexta diferença é a resolução de conflitos de norma: no Direito Civil o conflito de normas que abordam a mesma situação será resolvido por meio da Hierarquia (a norma de hierarquia superior prevalece sobre aquela de hierarquia inferior), Cronologia (a norma posterior derroga a anterior) e Especialidade (a norma especial derroga a norma geral). Entretanto, no Direito do Trabalho prevalece a norma mais favorável ao trabalhador. Por exemplo, a Constituição da República Federativa do Brasil estabelece que o trabalhador tem direito a hora extra com 50% e a Convenção Coletiva de Trabalho relata que os trabalhadores irão receber 100%. Portanto, neste caso o que irá prevalecer é a norma mais favorável ao trabalhador, independente da hierarquia, resultando em um critério de resolução de conflitos mais flexível.
...Alteralidade
 A sétima diferença é que no Direito Civil as partes quando celebram um contrato dividem os riscos. Ou seja, ambas são responsáveis pelos riscos do negócio jurídico. No Direito do Trabalho os riscos são atribuídos ao empregador. Ou seja, aquele que explora uma atividade econômica assume os seus respectivos riscos. Por exemplo, PUC contrata um professor para dar aula para 60 alunos. Entretanto, por causa da crise matricularam apenas 30. Neste caso a PUC não pode diminuir o salário do professor por causa da diminuição de alunos em sala de aula. Portanto, o empregador (PUC) não pode transferir os riscos desse negócio para o funcionário.
Art. 2º - Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviço.
Obs.: Por motivos de crise ou qualquer outro a empresa não pode transferir os riscos da atividade econômica ao trabalhador. Ex. empresa de automóveis diminuiu a sua produção, por causa da crise econômica, e, em consequência disso decidi diminuir os salario dos montadores. No entanto, ela não pode fazer isso, pois só ela pode assumir os riscos da atividade econômica. 
O que o empregador pode fazer é uma “compensação”. Ou seja, ele diminui a carga horaria do trabalhador e o salário dele. Nesse caso ele não está transferindo os riscos da atividade econômica, e sim diminuindo a sua produção. 
DIVISÃO DO DIREITO DE TRABALHO
	O Direito de Trabalho possui algumas divisões que são: Direito Individual do Trabalho, Direito Coletivo do Trabalho, Direito Constitucional do Trabalho e internacional.
 O Direito Individual do Trabalho: são aquelas normas que irão disciplinar a relação entre o trabalhador e empregador determinado. Ex. são normas que vão dizer quais são os meus direitos, enquanto empregado da PUC. Quais são os direitos que esta terá sobre aquele.
 O Direito Coletivo do Trabalho: conjunto de normas que disciplina a relação entre sindicatos e empresas, sindicatos e sindicatos, assim como da criação e funcionamento das entidades sindicais. A diferença que existe entre o Direito Individual do Trabalho e o Direito Coletivo do Trabalho é que aquele trata de contrato de trabalho e este trata sobre de relações coletivas e de como cria e funciona um sindicato
 Direito Constitucional do Trabalho: é composto pelo conjunto de normas inscritas na Constituição da República Federativa do Brasil de incidência direta ou indireta nas relações individuais e coletivas de trabalho.
Obs.: Existe na CRFB normas que regulamenta o Direito do Trabalho de maneira específica (arts.7º e 11 da CRFB), existem também regras que não dizem respeito ao “mundo do trabalho”. No entanto, tem incidência sobre ele. Por exemplo, direito à intimidade, previsto na CRFB, podemos perceber que não é uma regra específica do direito do trabalho. Mas, incide sobre este.
 Direito Internacional do Trabalho: é o conjunto de normas de Direito Internacional, em especial de Direito Internacional de Direitos Humanos de incidência direta ou indireta nas relações individuais e coletivas de trabalho
Obs.: podemos perceber que a Declaração Universal de Direitos Humanos tem uma serie de normas que falam sobre o Direito de Trabalho.
Existem tratados, convenções, entre outros que são obrigatórias no nosso ordenamento jurídico e que devem ser respeitadas. Ex. o Pacto de São José da Costa Rica proíbe a prisão do depositário infiel e as nossas leis já permite a pena privativa de liberdade. Entretanto, mesmo com a permissão de leis brasileiras, será observado o pacto, pois deve ser obedecido! 
Parágrafo 2º do art.5º da CRFB: Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte.
Obs.: Portanto, além de normas internas eu tenho a normas externas que devem ser obedecidas no âmbito nacional.
 
Inciso II do art. 4º da CRFB quer nos mostrar o respeito das normas sobre os direitos humanos, por isso prevalência dos direitos humanos.
 Controle de Convencionalidade: é a verificação de se um ato praticado no brasil está de acordo com as normas de Direito Internacional, as que o brasil se comprometeu a respeitar. Portanto, além do controle de constitucionalidade as normas estão sujeitas ao controle de convencionalidade no Direito do Trabalho. 
FONTES DO DIREITO DO TRABALHO 
 Obs. Quando falamos em fontes queremos dizer origem, causa, princípio...
As fontes do Direito do Trabalho são:
 Constituição (arts.7º a 11): é a fonte por excelência do Direito do trabalho. Portanto, nela teremos varias normas que dizem respeito as relações individuais e coletivas de trabalho. 
Obs.: A constituição é uma fonte. Mas, estabelece outras fontes como tratados, entre outros meios.
 Princípios Constitucionais (art.5, §2º da CRFB):
 Normas do Direito Internacional (art.5º, §§ 2º e 4º): 
 Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) e Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) – art.7º, XXVI da CRFB:
Obs.: Conceito previsto no art.611 da CLT.
	
“...Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social:
	XXVI - reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho...”
Outra fonte estabelecida pela constituição.
Quando existe um acordo entre sindicatos com empresas e outros sindicatos temos elaboração de um documento.
Obs.: Quando temos um acordo entre o sindicado dos trabalhadores com os sindicatos que representa as empresas temos uma Convenção Coletiva de Trabalho (ACT).
“...Art. 611 - Convenção Coletiva de Trabalho é o acordo de caráter normativo, pelo qual dois ou mais Sindicatos representativos de categorias econômicas e profissionais estipulam condições de trabalho aplicáveis, no âmbito das respectivas representações, às relações individuais de trabalho...”
Obs.: Quando temos um acordo com os sindicatos dos trabalhadores e com uma ou mais empresa (aqui o acordo é feito com a empresa, e não com o sindicato dela.) temos um Acordo Coletivo de Trabalho.
“...§ 1º É facultado aos Sindicatos representativos de categorias profissionais celebrar Acordos Coletivos com uma ou mais empresas da correspondente categoria econômica, que estipulem condições de trabalho, aplicáveis no âmbito da empresa ou das acordantes respectivas relações de trabalho...”
Obs.: a constituição nos diz que esses acordos e convenções tem caráter normativo, e, em razão disso, tem caráter obrigatório e faz parte do Direito do Trabalho. Ou seja, os sindicatos podem criar normas. Portanto, a maioria dos direitos dos trabalhadores não estão lei, e sim nos acordos e convenções, pois a Constituição da República Federativa do Brasil autoriza este tipo de acordo com natureza normativa
Obs.: Correção na fala: não se fala busca a solução na CLT, e sim no Direito do Trabalho,pois aquela é apenas uma das fontes deste.
 Sentença normativa (art. 114, §§ 1º e 3º CRFB): quando não acontece um acordo entre os sindicatos com outros ou empresa, teremos o que chamamos de Dissídio Coletivo. Ou seja, o sindicato vai suscitar o dissídio, em outras palavras o sindicato vai “entrar” na justiça para um tribunal trabalhista fazer aquilo que os sindicatos não fizeram que é estabelecer normas sobre condições de trabalho. Resultando, na sentença normativa. Portanto, esta pode ser definida como a decisão dos tribunais de justiça que fixa condições de trabalho quando for instaurado o Dissídio Coletivo em razão de não ter sido celebrado Acordo ou Convenção Coletiva e Trabalho.
Obs.: A sentença normativa também terá natureza normativa. Ou seja, está impondo condições de trabalho.
Obs.: Não é a jurisprudência que é fonte do Direito do Trabalho, e sim a Sentença Normativa. (esta afirmação ainda será explicada e trabalhada pelo professor na próxima aula.)

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